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INDICADORES DE SAÚDE: obtenção e análise da situação de saúde Zenira Martins Silva Kelsen Dantas Eulálio Lis Cardoso Marinho Medeiros Francisca Miriane de Araújo Batista TERESINA-PI 2020 INDICADORES DE SAÚDE: obtenção e análise da situação de saúde TERESINA-PI 2020 INDICADORES DE SAÚDE: obtenção e análise da situação de saúde AUTORES Zenira Martins Silva Kelsen Dantas Eulálio Lis Cardoso Marinho Medeiros Francisca Miriane de Araújo Batista TERESINA-PI 2020 INDICADORES DE SAÚDE: obtenção e análise da situação de saúde AUTORES Zenira Martins Silva Kelsen Dantas Eulálio Lis Cardoso Marinho Medeiros Francisca Miriane de Araújo Batista TERESINA-PI 2020 INDICADORES DE SAÚDE: obtenção e análise da situação de saúde COAUTORES Salete Maria da Rocha Cipriano Brito Lídia Araújo dos Martírios Moura Fé Lorena Citó Lopes Resende Santana Ione Maria Ribeiro Soares Lopes Rosimeire Ferreira dos Santos Teresinha de Jesus A. S. Andrade Zulmira Lúcia Oliveira Monte TERESINA-PI 2020 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ Reitor: Prof. Dr. Gildásio Guedes Vice-Reitor: Prof. Dr. Viriato Campelo Superintendente de Comunicação Social: Prof. Dr. Fenelon Martins da Rocha Neto UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS - UNA-SUS / UFPI Coordenadora Executiva: Prof.ª Dr.ª Lis Cardoso Marinho Medeiros Coordenadora Adjunta: Prof.ª Dr.ª Salete Maria da Rocha Cipriano Brito Editora da Universidade Federal do Piauí - EDUFPI Campus Universitário Ministro Petrônio Portella CEP: 64049-550 - Bairro Ininga - Teresina - PI - Brasil Todos os direitos reservados Capa e projeto gráfico: Lídia Araújo dos M. Moura Fé FICHA CATALOGRÁFICA Universidade Federal do Piauí Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco Serviço de Processamento Técnico 1 I39 Indicadores de saúde : obtenção e análise da situação de saúde / autores, Zenira Martins Silva ... [et al.] ; coautores, Salete Maria da Rocha Cipriano Brito ... [et al.]. – Teresina : EDUFPI, 2020. 72 p. Modo de acesso: <https://ares.unasus.gov.br/acervo/> ISBN : 978-65-5904-028-5 1. Epidemiologia. 2. Indicadores de Saúde. 3. Sistemas de Informações em Saúde. I. Silva, Zenira Martins. II. Brito, Salete Maria da Rocha Cipriano. CDD 614.4 Copyright © 2020 UNA-SUS/Editora da UFPI. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução sem fins lucrativos desta obra, parcial ou total, desde que citada a fonte ou sítio da internet onde pode ser encontrada (https://ares.unasus.gov.br/acervo/). https://ares.unasus.gov.br/acervo/ PREFÁCIO É com grande alegria que falo nesse prefácio sobre o livro “INDICADORES DE SAÚDE: obtenção e análise da situação de saúde”, escrito pela Profa. Zenira Martins Silva e o Prof. Kelsen Dantas Eulálio com a colaboração de outros autores. Produzir um livro com a temática de indicadores é bastante relevante e necessária para o mundo dos trabalhadores da saúde. Parabéns a todos pela iniciativa. Os indicadores de saúde, apesar de estarem à disposição dos gestores e de trabalhadores da saúde através dos sistemas nacionais de dados, são pouco utilizados na prática cotidiana do planejamento das ações. No entanto, os indicadores deveriam ser o ponto de partida para a avaliação, monitoramento e planejamento das ações municipais. O grande problema para isso ser efetivamente implantado é, muitas vezes, o desconhecimento e o manejo das informações. Os capítulos apresentam de forma prática, a epidemiologia com informações básicas, mas proporcionando um mergulho teórico e uma aproximação com a prática pelos exemplos aqui apresentados. Será possível o leitor se aproximar da epidemiologia com conceitos e aspectos históricos, definições epidemiológicas primordiais para a boa compreensão do tema. São também apresentados textos e dados sobre alguns indicadores, encaminhando o leitor a uma reflexão teórico-prática sobre indicadores importantes no cotidiano do trabalho. No capítulo 3, está apresentada a distribuição do estado por território. O estado do Piauí fez uma distribuição geográfica por territórios, com o objetivo de auxiliar no planejamento do desenvolvimento, mas a saúde usou a distribuição, também, para a suas ações. Atualmente, é adequada a distribuição territorial para melhor atender a população na área da saúde. É muito importante essa apresentação pois o leitor situa a rede de atenção à saúde na distribuição geográfica do estado. Ao final, o livro apresenta todos os sistemas de saúde disponíveis para obtenção de dados, bem como, um tutorial para o acesso dos respectivos sistemas. Assim, é possível compreender a empregabilidade dos indicadores de saúde auxiliando a todos, para a avaliação, monitoramento e planejamento de todas as ações de saúde dos municípios. Será com certeza uma obra de grandes contribuições teórico-prática para gestores e trabalhadores da saúde. Profa. Dra. Lis Cardoso Marinho Medeiros Figura 1. Taxa Bruta de Mortalidade (por 1000 habitantes). Piauí, 2000, 2010 e 2019(*) ........................................................................28 Figura 2. Taxa de Mortalidade Infantil, Piauí 2000, 2010 e 2019. .. .............................................................................................................31 Figura 3. Distribuição Proporcional das Principais Causas de Morte. Piauí, 2019 .............................................................................33 Figura 4. Mortalidade Proporcional, segundo Sexo e Faixa Etária. Piauí, 2019(*) .....................................................................................34 Figura 5. Taxa de Incidência da Aids (por 100 mil habitantes). Piauí e Brasil, 2014 a 2018 ...............................................................35 Figura 6. Taxa de detecção de casos novos de Hanseníase (por 100 mil habitantes). Brasil e Piauí, 2015 a 2019 ............................36 Figura 7: Taxa de Incidência da Leishmaniose Visceral (por 100 mil habitantes). Brasil e Piauí, 2015 a 2019 ...................................36 Figura 8. Territórios de Desenvolvimento Sustentável do Piauí 39 Figura 9. Divisão das Macrorregiões de Saúde ...........................43 Figura 10. Rede de atenção à saúde do Piauí ..............................44 Figura 11. Painel Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM ......................................................................................................48 Figura 12. Modelo da Declaração de Óbito ................................50 Figura 13. Painel Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos ... .............................................................................................................52 LISTA DE FIGURAS Figura 14. Modelo da Declaração de Nascido Vivo ....................54 Figura 15. Versões do SINAN vigentes em Nível Nacional ........56 Figura 16. Painel Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH/ SUS) ....................................................................................................58 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Indicador de Incidência e Prevalência ..........................23 Tabela 2. População segundo Sexo. Piauí, 2020 .........................27 Tabela 3. Taxa Bruta de Natalidade (por 1.000 habitantes). Piauí, 2000, 2010 e 2019(*) ........................................................................29 Tabela 4. Óbitos segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID – 10a revisão) mortalidade proporcional e taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes), por Sexo. Piauí, 2019 .....33 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Taxa de Mortalidade Infantil e seus componentes do Estado do Piauí referentes ao ano de 2019 ..................................30 Quadro 2. Mortalidade Materna por Causa Direta nas Regiões do Brasil (por 100 mil/nascidos vivos) .................................................64 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.......................................... 13 CAPÍTULO 1 .................................................15 Noções Básicas de Epidemiologia 1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS .......................................................16 1.2. APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA .....................................17 CAPÍTULO 2 ................................................. 21 Apresentando os Indicadores 2.1 INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA ..............................................21 2.2 INDICADORES DE SAÚDE ....................................................24 2.2.1 Indicadores Demográficos ....................................................26 2.2.2 Indicadores de Mortalidade .................................................29 2.2.3 Indicadores de Morbidade ...................................................34 CAPÍTULO 3 ................................................. 38 Os territórios de desenvolvimento e o fluxo da Rede de Atenção em Saúde no Estado do Piauí CAPÍTULO 4 ................................................. 46 Os grandes Sistemas de Informações em Saúde do Sistema Único de Saúde 4.1 SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE MORTALIDADE – SIM . ..................................................................................................48 4.2 SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS VIVOS (SINASC) ..................................................................................52 4.3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO (SINAN) ........................................................55 4.4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR DO SUS – SIH/ SUS ...........................................................................................57 4.5 SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA ATENÇÃO BÁSICA - SISAB .......................................................................................59 CAPÍTULO 5 ................................................. 63 Análise de Situação de Saúde – ASIS 5.1 CONCEITO, OBJETIVO E FINALIDADE DA ASIS ...............63 ANEXO ........................................................ 67 Universidade Federal do Piauí - UFPI 13 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E APRESENTAÇÃO O conteúdo apresentado nesse livro tem como objetivo estudar os seguintes temas: conceitos e ferramentas da epidemiologia, medidas de frequência, entender os tipos e cálculos de indicadores de saúde, a análise de dados, os grandes sistemas de informações em saúde, bem como compreender o que é uma análise de situação de saúde, além de instrumentalizar você a utilizar esses conhecimentos na prática diária para o planejamento e desenvolvimento das ações de saúde junto à sua Unidade de Saúde ou local de trabalho. O livro seguiu uma distribuição de conteúdo, de forma que o leitor sinta-se confortável para entender a prática do uso de indicadores, demonstrando exemplos bastante aplicáveis no dia a dia dos trabalhadores da saúde e demais interessados pelo tema. Os conteúdos se iniciam com conceitos e compreensão da epidemiologia, apresentando Medidas de Frequência de doenças, Indicadores de Saúde: Conceito, tipos e aplicações, Indicadores demográficos, Indicadores socioeconômicos, Indicadores de mortalidade e Indicadores de morbidade. Em sequência, serão apresentados os Sistemas de Informação. Há também um tutorial sobre o sistema de monitoramento, explicando o passo a passo do acesso aos sistemas. Dessa forma, serão apresentados os grandes Sistemas de Informações em Saúde do Sistema Único de Saúde: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH/SUS) e Sistema de Informação para Atenção Básica (SISAB). O fechamento dos conteúdos acontece com a apresentação de um excelente instrumento de gestão Análise de Situação de Saúde – ASIS. 14 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES O livro “Indicadores de Saúde: obtenção e análise da situação de Saúde” apresenta um grande diferencial formativo, pois apresenta de maneira prática, um conteúdo de fundamental importância para gestão e para trabalhadores da saúde, possibilitando um instrumento de trabalho que impactará na melhoria dos indicadores de saúde da população. Boa leitura a todos! Profa. Dra. Lis Cardoso Marinho Medeiros Universidade Federal do Piauí - UFPI 15 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E CAPÍTULO 1 Noções Básicas de Epidemiologia Kelsen Dantas Eulálio Epidemiologia é uma palavra de origem grega que etimologicamente significa “estudo sobre as populações” (epi: sobre; demo: povo ou população e logos: estudo). Área do conhecimento abrangente e complexa, a epidemiologia tem múltiplas definições e áreas de atuação (DRUMOND Jr, 2007). A epidemiologia é a “ciência que estuda a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde” (ROUQUAYROL; GOLDBAUM, 2003). A epidemiologia congrega e se utiliza de três grandes áreas do saber humano: a estatística, as ciências da saúde e as ciências sociais. Tem amplo campo de atuação, o qual compreende diversas áreas: vigilância epidemiológica de agravos a saúde, diagnóstico da situação sanitária das populações, avaliação de serviços de saúde e ensino e pesquisa (BOING; REIBINITZ Jr., 2016; MEDRONHO, 2009). A epidemiologia possui como fundamento básico a compreensão de que os eventos relacionados à saúde, como as 16 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES doenças, seus determinantes e também o uso dos serviços de saúde não se distribuem de forma casual entre os indivíduos. Essas diferenças existem porque os fatores que influenciam ou determinam o estado de saúde das pessoas não se distribuem de forma semelhante na população, acometendo mais alguns grupos de indivíduos do que outros (PEREIRA, 1995). 1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS Diversos autores atribuem o nascimento da epidemiologia a Hipócrates, na Grécia antiga. Considerado o pai da medicina, o médico grego difundiu o conceito de que os hábitos de vida das pessoas, o local onde habitavam, de que se alimentavam e o que bebiam ou faziam eram os responsáveis pela ocorrência das doenças. Foi uma visão revolucionária de se entender o processo saúde-adoecimento numa época em que se atribuía a causa das doenças e o prognóstico dos doentes - a morte ou a sobrevivência - a fatores imateriais ou sobrenaturais, dependentes da vontade de deuses ou demônios (ROSEN, 2006). A maioria dos pesquisadores, entretanto, considera o médico britânico John Snow como o pai da epidemiologia moderna. A teoria miasmática era, até meados do século XIX, a principal forma de explicação das doenças que se acreditava terem origem a partir da má qualidade do ar, oriunda da putrefação de corpos humanos e de animais e da decomposição de plantas, além dos miasmas (¨maus ares”) que emanavam dos dejetos de doentes, pântanos e lodos (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003). Quando uma epidemia de cólera atingiu Londres, em 1854, John Snow lançou mão de rigoroso método científico e, pelo emprego de ferramentas da epidemiologia, fez uma inovadora e criteriosa pesquisa que, ao final, identificou que a causa da doença não poderia ser atribuída a miasmas. Nas suas palavras, concluiu que “o veneno da cólera entra no canal alimentar pela boca, e esse veneno seria um ser vivo, específico, oriundo das excreções de um paciente com cólera”. E foi além,atribuindo Universidade Federal do Piauí - UFPI 17 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E a doença à contaminação da água utilizada pela população londrina em razão do precário esgotamento sanitário existente naquela época, permitindo que as fezes dos pacientes com cólera se infiltrassem no solo e poluíssem os poços de abastecimento de água (ROSEN, 2006). Importante ressaltar que o genial John Snow relatou a transmissão hídrica de microorganismos sem emprego do microscópio e trinta anos antes de Robert Koch isolar e cultivar o Vibrio cholerae (BOING; REIBINITZ Jr., 2016). 1.2. APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA Existem três grandes aplicações da epidemiologia. A primeira é descrever as condições de saúde das populações. No final do século passado, cerca de uma década após a implementação do SUS, o Ministério da Saúde investigou as estatísticas oficiais do Brasil e descreveu o perfil de morbimortalidade da população. O conhecimento das diferentes realidades epidemiológicas mostradas por esse trabalho foi fundamental para que os diversos entes federativos pudessem, nessa época, planejar e implementar, com maior possibilidade de êxito, as ações estratégicas e programáticas necessárias para efetivamente modificar e melhorar a situação de saúde da população brasileira (BRASIL, 2002). A segunda aplicação da epidemiologia é identificar quais são os fatores determinantes da situação de saúde das populações. No período que se seguiu à Segunda Grande Guerra, chamou a atenção de profissionais de saúde o elevado número de pessoas com neoplasias e, particularmente, a alta frequência de câncer de pulmão. Tais ocorrências, na época, eram atribuídas a exposição a armas químicas, deficiências alimentares ou poluentes atmosféricos (BOING; REIBINITZ Jr., 2016). Nesse contexto, pesquisadores ingleses perceberam, ao visitarem pacientes hospitalizados com neoplasia de pulmão, que a grande maioria relatava o hábito de fumar. Subsequentemente, 18 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES ao acompanharem uma coorte composta por mais de 40.000 médicos britânicos, perceberam uma frequência significativamente maior de casos do referido câncer no grupo de fumantes em comparação ao de não fumantes (DOLL; HILL, 1999). Após esses trabalhos pioneiros, diversos estudos epidemiológicos, com sofisticadas análises estatísticas e investigações laboratoriais comprovaram, sem sombra de dúvidas, a forte associação entre tabagismo e câncer de pulmão e de diversas localizações. O conhecimento gerado por esses estudos epidemiológicos e de outros que identificaram diversas associações entre fatores de risco e condições patológicas permitiram que milhares de vidas humanas fossem salvas. Como exemplos, pode-se citar: teores elevados de colesterol sanguíneo com isquemia cardíaca, fluoretação da água de abastecimento público e redução da frequência de cáries dentárias e amamentação materna com redução mortalidade infantil (BOING; REIBINITZ Jr., 2016). Outra aplicação da epidemiologia é avaliar o impacto das ações e políticas de saúde. Pneumonia e gripe estão entre as principais causas de internação hospitalar entre idosos. Em razão disso, o Ministério da Saúde oferece, há mais de uma década, na rede SUS, vacinas contra influenza e antipneumocócica para pessoas com 60 anos de idade ou mais (BRASIL, 2002). A custo efetividade dessa ação foi avaliada através de estudo que mostrou a evolução da hospitalização de idosos por doenças respiratórias no estado de São Paulo entre 1995 e 2002. Francisco, Donalísio e Latorre (2004) observaram que “houve diminuição dos picos sazonais da proporção de internações e das taxas por mil habitantes após a intervenção vacinal em ambos os sexos, sugerindo possível impacto das vacinas ofertadas pelo Programa Nacional de Imunização. Segundo Boing e Reibinitz Jr. (2016), a “capacidade de aplicar o método epidemiológico é uma habilidade fundamental para todos os trabalhadores de saúde que tenham como objetivo reduzir doenças, promover saúde e melhorar os níveis de saúde da Universidade Federal do Piauí - UFPI 19 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E população, especialmente aqueles que trabalham na Estratégia Saúde da Família, que necessariamente precisam compreender o todo e as especificidades de uma área do conhecimento tão abrangente“. REFERÊNCIAS BOING, A.F.; REIBINITZ Jr, C. Conceitos de Epidemiologia. 2016. In : Universidade Federal de Santa Catarina. Especialização Multiprofissional na Atenção Básica Epidemiologia. Organizadores: Antônio Fernando Boing; Eleonora D’Orsi; Calvino Reibnitz. - Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. A saúde no Brasil: estatísticas essenciais 1990-2000. 2ª ed. Brasília, 2002. DOLL, R.; HILL, A. B. Smoking and carcinoma of the lung: preliminary report 1950. British Medical Journal, v. 77, n. 1, p. 84-93, 1999. DRUMOND Jr, M. Epidemiologia em serviços de saúde: conceitos, instrumentos e modos de fazer. 2007. In: Campos, G. W. S. et al (Orgs.). Tratado de saúde coletiva. Rio de Janeiro: Hucitec, 2007. p. 419-456. (Saúde em debate, 170). FRANCISCO, P. M. S. B.; DONALÍSIO, M. R.; LATORRE, M. do R. D. de O. Internações por doenças respiratórias em idosos e a intervenção vacinal contra influenza no Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 7, n. 2, p. 220-227, 2004. MEDRONHO, R. A. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2009. PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. RICHMOND, C. Sir Richard Doll. British Medical Journal, v. 331, n. 7511, p. 295, 2005. ROSEN, G. Uma História da Saúde Pública. 3 ed. Rio de Janeiro: Hucitec, 2006. 20 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES ROUQUAYROL, M. Z.; GOLDBAUM, M. Epidemiologia: história natural e prevenção de doenças. 2003. In: ROUQUAYROL, M. Z; ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia & saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003. ROUQUAYROL, M. Z; ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia & saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003. Universidade Federal do Piauí - UFPI 21 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E CAPÍTULO 2 Apresentando os Indicadores Zenira Martins Silva Francisca Miriane de Araújo Batista As medidas de frequências de doenças permitem mensurar a ocorrência de agravos em uma determinada população. São definidas com base em dois conceitos fundamentais utilizados na epidemiologia: a incidência e a prevalência (MEDRONHO, 2006; PEREIRA, 2006). 2.1 INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA A Incidência indica o número de casos novos de uma determinada doença ou problema de saúde ocorridos em uma população especifica em certo período de tempo, enquanto a prevalência é a frequência de casos existentes de uma determinada doença, em uma determinada população e em um tempo determinado (BONITA, 2010; MEDRONHO, 2006). A incidência é caracterizada como uma medida dinâmica, pois expressa mudanças no estado de saúde de uma população. Permite medir a força da morbidade por alguma doença (MEDRONHO, 2006; PEREIRA, 2006). 22 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES A prevalência é uma medida estática que representa a aferição do número de casos existentes em uma população em um dado instante ou em dado período. Ressalta-se quea prevalência é uma medida mais adequada para doenças crônicas ou de longa duração. É uma medida de fundamental importância para planejamento de ações e a administração dos serviços de saúde (MEDRONHO, 2006; PEREIRA, 2006). As taxas de Incidência e Prevalência são as duas medidas mais usadas para descrever a situação das doenças na saúde pública, medindo assim diferentes aspectos da morbidade, são expressas por meio da relação entre casos e população (PEREIRA, 2006). Como calcular a Incidência e Prevalência? Incidência: Número de novos casos de uma determinada doença em um período específico ____ x constante* População Prevalência: Número de casos existentes (novos e velhos) de doença em um ponto do tempo x constante* População (*) A constante é uma potência com base de 10 (100, 1000 ou 100.000) pelo qual se multiplica o resultado para ser apresentado um número inteiro. Segundo Bonita (2010), alguns pontos podem diferenciar incidência de prevalência, são eles demonstrados na tabela 1: Universidade Federal do Piauí - UFPI 23 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E Tabela 1. Indicador de Incidência e Prevalência. Fonte: BONITA, 2010. NA PRÁTICA: Exemplo 1: No estado do Piauí, no ano de 2019, foram notificados 1.911 casos de dengue. População do Estado em 2019: 3.273. 227 habitantes. Qual a incidência de dengue no PI, nesse ano? Resposta: A incidência foi de 58,38 casos para cada 100mil habitantes, conforme cálculo abaixo: Incidência: 1.911 x 100.000 3.273.227 Exemplo 2: No estado do Piauí de 2009 a 2019 foram notificados 7.719 casos de tuberculose de todas as formas. Qual a prevalência desse agravo no estado? Resposta: A prevalência foi de 235,82 para cada 100mil habitantes, conforme cálculo abaixo: Prevalência: 7.719 x 100.000 3.273.227 24 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES 2.2 INDICADORES DE SAÚDE Indicador de saúde pode ser definido como um dado que representa uma situação de saúde; em outras palavras, trata-se de um instrumento de mensuração utilizado para avaliar situações de saúde, além de ser utilizado como base para o planejamento, execução, gerenciamento e avaliação de ações e serviços de saúde (GOMES,2015). São medidas utilizadas em nível internacional para avaliar as condições sanitárias de uma população, sendo permitido fazer o acompanhamento de comportamentos e tendências históricas de diferentes populações consideradas à mesma época ou da mesma população, em diversos períodos de tempo (MEDRONHO, 2006). Em termos gerais, são medidas-síntese e são expressos sob a forma de proporções, taxas ou coeficientes e razões, que contêm informação relevante sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como sobre o desempenho do sistema de saúde (RIPSA, 2008; MEDRONHO, 2006). A qualidade de um indicador está diretamente relacionada às propriedades dos componentes utilizados – número de casos e tamanho da população em risco – e da cobertura e qualidade dos dados dos sistemas de informações que serão utilizados. Alguns critérios devem ser considerados para seleção de indicadores, tais como: validade, confiabilidade, mensurabilidade, representatividade, relevância e custo efetividade (RIPSA, 2008; PEREIRA, 2006). • Validade – capaz de medir o que se pretende, ou seja, discriminar corretamente um dado evento de outros e também identificar as mudanças ocorridas ao longo do tempo. A validade de um indicador está diretamente relacionada a sua sensibilidade e a sua especificidade. Sensibilidade diz respeito à capacidade de o indicador detectar o fenômeno analisado e a especificidade à capacidade de detectar somente o fenômeno analisado. • Confiabilidade – deve reproduzir os mesmos resultados quando aplicado em condições similares, isto é a obtenção de resultados semelhantes quando a mensuração for repetida. Universidade Federal do Piauí - UFPI 25 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E • Mensurabilidade – dados disponíveis e de fácil acesso. • Relevância – devem ser capazes de responder as prioridades em saúde pública. • Custo-efetividade – devem apresentar resultados capazes de justificar os investimentos relacionados ao tempo e recursos. Os indicadores servem para avaliar/analisar a situação de saúde de uma população, fazer comparações, avaliar as mudanças ao longo do tempo, avaliar a execução das ações de saúde e a caracterização de uma população. Podem ser classificados em: indicadores demográficos, socioeconômicos, de mortalidade, morbidade e fatores de risco, relacionados à nutrição, desenvolvimento e crescimento, e relacionados à saúde ambiental e relacionados aos serviços de saúde – cobertura e recursos (RIPSA, 2008; PEREIRA, 2006). Nesta Unidade, vamos destacar alguns indicadores demográficos e de mortalidade e morbidade. Os indicadores podem ser expressos sob a forma de: números absolutos e número relativos. • Os números absolutos devem ser utilizados em população pequena, eventos raros; e servem para gerenciar os serviços de saúde. • Os números relativos são as proporções, razões simples e taxas ou coeficientes; e devem ser utilizados em populações maiores. A Proporção: os dados do numerador estão sempre contidos no denominador, ou seja, é a relação entre duas frequências da mesma unidade. Pode ser calculada para indicadores operacionais e epidemiológicos O resultado é dado em percentual. A Taxa ou Coeficiente: é a relação ou quociente entre dois valores numéricos, que expressa à velocidade ou a intensidade em que se observou um evento e a população que teoricamente esteve sujeita a sofrer este evento. As taxas ou coeficientes são utilizados, frequentemente, para se estimar o risco de ocorrer 26 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES um problema de saúde, como o adoecimento, ou a morte, em relação a uma determinada população suscetível, por unidade de tempo. Como por exemplo: Taxa de mortalidade geral: número de óbitos/população x 1000 (estima o risco de um indivíduo na população morrer). Taxa de Mortalidade Especifica por causa: número de óbitos por determinada causa ou grupo de causa/população total na mesma área X 100.000. A Razão simples: o numerador e denominador não tem a mesma natureza, porém existe uma relação lógica entre ambos. Como por exemplo: Indicadores Epidemiológicos: Casos de Diabetes em Homens/ Casos de Diabetes em Mulheres e Razão de sexo: Masculino/ feminino 2.2.1 Indicadores Demográficos Os indicadores demográficos permitem medir os fatores determinantes da situação de saúde com relação à população e ao espaço geográfico. Os principais indicadores utilizados nas análises de situação de saúde são: população segundo faixa etária e sexo, Índice de envelhecimento, taxa bruta de natalidade, taxa bruta de mortalidade, Esperança de vida ao nascer, Esperança de vida aos 60 anos. A seguir alguns exemplos de indicadores demográficos do Estado do Piauí: A população estimada do Piauí do ano 2020 é de 3.281.480 habitantes, a população feminina responde por 51,6% e a masculina por 48,4% do total. A Região do Entre Rios concentra 37,7% da população total do Estado e a Região dos Tabuleiros do Alto Parnaíba a menor concentração, de apenas 1,5%(Tabela 2). A população de idosos representa 13% da população total do Estado. Universidade Federal do Piauí - UFPI 27 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E Tabela 2. População segundo Sexo. Piauí, 2020. Fonte: DATASUS/IBGE. A taxa bruta de mortalidade é definida como o número total de óbitos, por mil habitantes, na população residente, em determinado espaço geográfico no ano selecionado. Expressa a intensidade com a qual a mortalidade atua em determinada população e é influenciada pela estrutura da população quanto à idade e ao sexo. A figura 1 mostra que, no Piauí, a taxa bruta de mortalidade passou de 4,0 óbitos por mil habitantes no ano 2000 para 6,2 óbitos em 2019, apresentando um aumento de 55%. Taxa com valores inferiores a 4,4/1000 habitantes indicam deficiência no sistema de informações sobre mortalidade (SIM). Observa-se ainda que no ano 2019, as maiores taxas brutas de mortalidade foram identificadas nas Regiões do Vale do Sambito (7,2/1000habitantes) e do Vale dos Rios Piauí e Itaueiras (7,1/1000habitantes) ocupando assim posições superiores à taxa do Estado com 6,2/1000habitantes. Entre os anos de 2010 e 2019, observou-se tendência de crescimento em todas as Regiões de Saúde. 28 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES Taxa Bruta de Mortalidade Número total de óbitos de residentes x 1.000 População total residente Figura 1. Taxa Bruta de Mortalidade (por 1000 habitantes). Piauí, 2000, 2010 e 2019(*). Fonte: SIM/DATASUS/IBGE. O indicador de taxa bruta de natalidade relaciona o número de nascidos vivos com a população residente, em determinado espaço geográfico e ano selecionado. A tabela 3 apresenta a taxa bruta de natalidade do Piauí, segundo as Regiões de Saúde em anos selecionados. Entre os anos 2000 e 2019 verificou-se uma queda acentuada de 27,4% na taxa bruta de natalidade, enquanto que entre os anos de 2010 e 2019 uma leve queda no valor de 5,8%. Em relação às regiões de saúde há predominância de queda da taxa quando comparado os anos 2010 e 2019 com o ano 2000. Chama a atenção a Região da Serra da Capivara, onde isso não foi observado. Universidade Federal do Piauí - UFPI 29 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E Taxa Bruta de Natalidade Número total de nascidos vivos de residentes x 1.000 População total residente Tabela 3. Taxa Bruta de Natalidade (por 1.000 habitantes). Piauí, 2000, 2010 e 2019(*). Fonte: SINASC/DATASUS/IBGE. 2.2.2 Indicadores de Mortalidade Os Indicadores de mortalidade baseiam-se na enumeração total de sua ocorrência e na distribuição pelas características demográficas e epidemiológicas de uma população em determinado espaço geográfico. Por exemplo: taxa bruta de mortalidade, taxa de mortalidade infantil, taxa de mortalidade neonatal, taxa de mortalidade na infância, mortalidade proporcional por grupos de causa, taxa de mortalidade especifica por causas, etc. A seguir serão descritos exemplos e cálculos de indicadores de mortalidade do Piauí. Veja exemplos de indicadores de mortalidade com dados do Estado do Piauí, relativos ao ano 2019, a partir dos dados do 30 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) (Quadro 1). A mortalidade infantil refere-se aos óbitos ocorridos ao longo do primeiro ano de vida, com idade máxima de 11 meses e 29 dias. É medida pelo coeficiente ou taxa de mortalidade infantil. Estima o risco de morte a que está exposta uma população de nascidos vivos, em uma determinada área e período, antes de completar o primeiro ano de vida. A taxa de mortalidade infantil é subdividida em dois componentes denominados neonatal e pós-neonatal (RIPSA, 2008; MEDRONHO, 2006). Quadro 1. Taxa de Mortalidade Infantil e seus componentes do Estado do Piauí, referentes ao ano de 2019. Universidade Federal do Piauí - UFPI 31 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E A figura 2 mostra a taxa de mortalidade infantil do Piauí nos anos 2000, 2010 e 2019. Os dados apontam queda acentuada de 26,2% quando comparado o ano 2010 em relação a 2000 e de 13,6% do ano 2019 em relação ao ano de 2010. Figura 2. Taxa de Mortalidade Infantil, Piauí 2000, 2010 e 2019. Fonte: SIM/SINASC/DATASUS. Outro indicador que tem como fonte de dados o SIM e o SINASC é a razão de morte materna. A morte materna é definida como “a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, devido a qualquer outra causa relacionada ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais” (CID 10, 2010). Razão de Morte Materna Nº de óbitos de mulheres residentes por causas e condições consideradas de morte materna Número de nascidos vivos de mães residentes x 100.000 NV 32 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES Razão de Morte Materna 39 47.876 Por fim, outro indicador extraído do SIM é a mortalidade proporcional segundo causas, é expressa em percentual e permite medir a proporção de óbitos por uma determinada causa, ou grupo de causas, em relação ao total de óbitos, de uma determinada área e períodos definidos. A tabela 4 apresenta as dez primeiras causas de mortalidade proporcional e taxa bruta especifica de mortalidade, segundo sexo, no Piauí em 2019. Os dados apontam que a primeira causa de morte em ambos os sexos são as doenças do aparelho circulatório, 29,9% para o sexo masculino e 32,9% para o sexo feminino. Enquanto que a segunda causa em homens são causas externas (16,2%) e nas mulheres são as neoplasias (16,3%). No entanto, a taxa especifica de mortalidade mostra que o risco de morte é maior no sexo masculino: nas doenças do aparelho circulatório (215,1 óbitos/100mil habitantes) e no sexo feminino (175,5 óbitos/100mil habitantes). O risco aumenta ainda mais no sexo masculino nas causas externas (116,4/ óbitos/100mil habitantes) enquanto que no feminino é apenas de 23,6/óbitos/100mil habitantes. Ressalte-se ainda que nessas taxas específicas de mortalidade, o sexo feminino apresenta taxa superior em relação ao masculino somente nas doenças endócrinas nutricionais e metabólicas. Mortalidade Proporcional por Causas e Sexo Número de óbitos de residentes por determinada causa e sexo no período Total de óbitos no período Taxa de Mortalidade Específica por Causas e sexo Número de óbitos de residentes por determinada causa no período População total por sexo no período = 81,46 óbitos/100.000NV Universidade Federal do Piauí - UFPI 33 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E Tabela 4. Óbitos segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID – 10a revisão) mortalidade proporcional e taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes), por Sexo. Piauí, 2019. Fonte: SIM/DATASUS/IBGE. Na figura 3, encontram-se distribuídas as dez primeiras causas de mortalidade em ambos os sexos no Piauí em 2019. Deste total, o maior peso são asdoenças do aparelho circulatório, com 31,2%, seguida das neoplasias (14,3%) e aparelho respiratório (11,6%). As causas externas passam a ocupar a quarta posição (11,0%). Figura 3. Distribuição Proporcional das Principais Causas de Morte. Piauí, 2019. Fonte: SIM/DATASUS. 34 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES Quanto ao sexo e faixa etária, a Figura 4 aponta crescimento acentuado no sexo feminino a partir dos 70 anos. No sexo masculino a mortalidade proporcional na faixa etária a partir dos 10 anos até 69 anos é discretamente mais elevada em relação ao feminino. Figura 4. Mortalidade Proporcional, segundo Sexo e Faixa Etária. Piauí, 2019(*). Fonte: SIM/DATASUS. 2.2.3 Indicadores de Morbidade Os indicadores de morbidade apresentam o comportamento da ocorrência das doenças e agravos ocorridos em uma população de determinado espaço geográfico. Incidência da Sífilis congênita, taxa de incidência da Aids, taxa de incidência da dengue, taxa de incidência da leishmaniose visceral, taxa de incidência das doenças relacionadas ao trabalho, etc. A seguir serão apresentados dados de incidência de alguns agravos do Piauí e Brasil: A figura 5 apresenta taxa de incidência de Aids no Piauí e no Brasil, de 2014 a 2018. Pode-se verificar uma tendência de redução dessa taxa tanto no Piauí como no Brasil, ao longo do período estudado. Universidade Federal do Piauí - UFPI 35 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E Figura 5. Taxa de Incidência da Aids (por 100 mil habitantes). Piauí e Brasil, 2014 a 2018. Fonte: SAGE/MS. A taxa de detecção da hanseníase estima o risco de ocorrência de casos novos de hanseníase, em qualquer de suas formas clínicas, indicando exposição ao bacilo Mycobacterium leprae. Vale ressaltar que a detecção de casos está associada à capacidade operacional do sistema de vigilância da hanseníase. A taxa de detecção do Piauí mostra, em todo período, um valor superior ao do Brasil (Figura 6). No entanto, verifica-se uma queda de 28,3% no Estado do Piauí quando se compara o ano de 2015 em relação a 2019. No Brasil, a queda foi de 20,5%. A figura 7 mostra a taxa de incidência de leishmaniose visceral no Piauí e no Brasil. Os dados apontam que o Piauí apresenta uma taxa mais elevada em todo período analisado; chama atenção o ano de 2017, com a maior taxa de incidência da doença (7,1/100.000 hab.). No entanto, o Estado apresentou queda de 30,6%, quando se compara a taxa de 2019 em relação a do ano 2105. 36 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES Figura 6. Taxa de detecção de casos novos de Hanseníase (por 100 mil habitantes). Brasil e Piauí, 2015 a 2019. Fonte: SAGE/MS. Figura 7. Taxa de Incidência da Leishmaniose Visceral (por 100 mil habitantes). Brasil e Piauí, 2015 a 2019. Fonte: SAGE/MS. Universidade Federal do Piauí - UFPI 37 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E REFERÊNCIAS BONITA, R.; BEAGLEHOLE, R.; KJELLSTRÕM, T. Epidemiologia básica. 2ª ed. São Paulo: Santos Editora; 2010. CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS (CID 10). CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10ª ed. São Paulo: Organização Mundial de Saúde; 2008. GOMES E.C.S. Conceitos e ferramentas da epidemiologia. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2015. MEDRONHO, R. A. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2009. PEREIRA, M.G. Epidemiologia Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Editora Guanabara; 2006. 38 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES CAPÍTULO 3 Os territórios de desenvolvimento e o fluxo da Rede de Atenção em Saúde no Estado do Piauí Lis Cardoso Marinho Medeiros O estado Piauí, através da Secretaria de Planejamento elaborou um Planejamento Participativo, onde foi consolidada a Lei Complementar nº 87, de 22 de agosto de 2007. Dividiu o estado em 11 territórios de desenvolvimento e vinte oito aglomerados de municípios (Figura 8). Essa estratégia teve como objetivo o desenvolvimento do estado favorecendo assim mais condições de transformar as regiões administrativas em territórios de desenvolvimento sustentável para reduzir as desigualdades e melhorar a qualidade de vida da população. Para a saúde, a criação dos territórios de desenvolvimento no estado veio contribuir com o processo de regionalização da saúde, sempre pretendida pela gestão. A Regionalização da Saúde do estado do Piauí, proposta presente na Constituição de 1988 e estabelecida na Lei 8.080 de 1990, iniciou-se desde o ano de 2004, quando, à luz das diretrizes técnicas das NOAS 2001 e 2002, a Secretaria de estado da Saúde do Piauí (SESAPI) construiu o Plano Diretor de Regionalização Universidade Federal do Piauí - UFPI 39 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E do Estado do Piauí – PDR/2004. Assim, no PDR/2004 os municípios foram agrupados em 06 Macrorregiões de Saúde, 11 Microrregiões e 44 Módulos Assistenciais. O desenho proposto atendia às diretrizes preconizadas nos instrumentos normativos vigentes à época (ALVES, 2020). Em 2017 houve uma reestruturação dos territórios e o estado do Piauí ficou organizado em 12 Territórios de Desenvolvimento (TDs), que são unidades de planejamento da ação governamental, considerando as peculiaridades locais e regionais. Então houve um diálogo entre a Secretaria de Planejamento do Estado (SEPLAN) e os demais órgãos públicos, a Fundação CEPRO acerca de uma proposta da Compatibilização dos Territórios de Desenvolvimento e as Diretorias, Gerências e Coordenações Regionais da Administração Estadual. Figura 8. Territórios de Desenvolvimento Sustentável do Piauí. Fonte: ALVES (2020). 40 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES Para realização deste estudo, foram consultados os seguintes órgãos governamentais: Secretaria de Saúde do Piauí (SESAPI), Secretaria de Educação (SEDUC), Secretaria de Fazenda (SEFAZ), Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN), Secretaria de Segurança Pública (SSP), Polícia Militar (PM), Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Piauí (EMATER) e Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (ADAPI). Não foi possível apresentar os dados relacionados ao Instituto da Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Estado do Piauí, considerando o momento da reestruturação. A regionalização como instância político-administrativa consiste numa estratégia de desenvolvimento que se fundamenta em características ambientais, vocações produtivas e dinamismo das regiões, cujas relações socioeconômicas e culturais se estabelecem entre as cidades. O Piauí está divido em quatro (04) macrorregiões (Litoral, Meio-norte, Semiárido e Cerrado) onde os limites se definem pelas suas características socioambientais MAPA 2. Tais regiões estão subdivididas em doze (12) Territórios de Desenvolvimento (TDs) e 28 Aglomerados, segundo a Lei atualizada de nº 6.967/2017. Conforme o Art.1º, § 2º, da Lei Complementar nº 87/2007, os TDs são: Espaços socialmente organizados, compostos por um conjunto de municípios, caracterizados por uma identidade histórica e cultural, patrimônio natural, dinâmica e relações econômicas e organização, constituindo as principais unidadesde planejamento da ação governamental (PEREIRA, 2017). Já os Aglomerados formam um conjunto de municípios de um mesmo TD que apresentam características semelhantes e são agregados a partir de critérios socioeconômicos, considerando: a proximidade geográfica, as relações estabelecidas entre eles, o desenvolvimento de atividades produtivas comuns, a potencialidade de convergência para eixos econômicos e sociais A regionalização como instância político-administrativa consiste numa estratégia de desenvolvimento que se fundamenta em características ambientais, vocações produtivas e dinamismo das regiões, cujas relações socioeconômicas e culturais se estabelecem entre as cidades. Universidade Federal do Piauí - UFPI 41 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E O Piauí está dividido em quatro (04) macrorregiões (Litoral, Meio-norte, semiárido e Cerrado) onde os limites se definem pelas suas características socioambientais. Tais regiões estão subdivididas em doze (12) TDs e 28 Aglomerados, segundo a Lei atualizada de nº 6.967/2017. Conforme o Art.1º, § 2º, da Lei Complementar nº 87/2007, os TDs são: Espaços socialmente organizados, compostos por um conjunto de municípios, caracterizados por uma identidade histórica e cultural, patrimônio natural, dinâmica e relações econômicas e organização, constituindo as principais unidades de planejamento da ação governamental. A Regionalização da Saúde do estado do Piauí, proposta presente na Constituição de 1988 e estabelecida na Lei 8.080 de 1990, iniciou-se desde o ano de 2004, quando, à luz das diretrizes técnicas das NOAS 2001 e 2002, a Secretaria de estado da Saúde do Piauí (SESAPI) construiu o Plano Diretor de Regionalização do Estado do Piauí – PDR/2004. Assim, no PDR/2004 os municípios foram agrupados em 06 Macrorregiões de Saúde, 11 Microrregiões e 44 Módulos Assistenciais. O desenho proposto atendia às diretrizes preconizadas nos instrumentos normativos vigentes à época (ALVES, 2020). Assim, a Secretaria de Saúde do Estado em acordo com essa divisão e com a publicação do Pacto pela Saúde em 2006, portanto, atuou como importante indutor para o processo de atualização do PDR aprovado em 2004. Cabe ressaltar, no entanto, que além das inovações decorrentes do disposto na portaria do Pacto pela Saúde/2006, a incorporação das diretrizes do processo de Territorialização do Governo do Estado do Piauí, conforme definidas pela Secretaria de Planejamento do Estado do Piauí e normatizadas por meio da Lei Complementar GE nº 87/2007 instituindo os 11 TDs, tornou-se condição imprescindível para a modelagem de um novo Plano Diretor de Regionalização da Saúde do Estado, formal e legalmente atualizado em 2009 (ALVES, 2020). O advento do Decreto 7.508/2011, ao regulamentar alguns dos dispositivos da Lei 8.080/90 dentre os quais, aqueles concernentes às relações interfederativas e às responsabilidades 42 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES legais requeridas das instâncias gestoras do SUS, visando a garantia do atendimento às necessidades de saúde cidadão enquanto Direito, instituiu como instrumento balizador e regulador das obrigações e responsabilidades legais dos entes envolvidos, à época, o Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde-COAP. Atualmente a proposição de desenvolvimento do PRI-Planejamento Regional Integrado fortalece o a necessidade de reposicionamento, de revisão e substituição do COAP, por outra estratégia/mecanismo de pactuação formal entre os Gestores do SUS (ALVES, 2020). Em 2016 foi publicado Plano Estadual de Saúde do Piauí (PES)2016 – 2019 e o Decreto Governamental de Nomeação dos Conselheiros de nº 16.435 de 24 de fevereiro de 2018 publicado no DOE 25.02.2016. O Plano teve como foco na promoção do acesso com qualidade às ações e serviços de saúde e no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse Plano contribuirá para o planejamento da Secretaria Estadual de Saúde ao contemplar ampla discussão técnica e política sobre as prioridades e desafios do Estado a participação social, com assegurado o diálogo com os municípios por meio da apresentação posterior a ser feita junto à Comissão Intergestores Bipartite (CIB). Resultado do acúmulo de debates, este Plano é estruturado em duas partes. A primeira destaca o resumo das condições de saúde da população piauiense, o acesso às ações e serviços e questões estratégicas para a gestão do SUS. A segunda aponta as diretrizes e metas a serem alcançadas que contribuirão para o atingimento do objetivo de aprimoramento do SUS, visando o acesso universal, de qualidade, em tempo oportuno contribuindo, ainda, para a melhoria das condições de saúde, para a redução das iniquidades e para a promoção da qualidade de vida dos piauienses (SESAPI, 2016). Portanto, a proposição de nova modelagem de agregação inter-regional no desenho geográfico de PDR-PI, em especial para o campo da Saúde, urge ser consolidada enquanto norteadora de novas relações, pactos e compromissos a serem firmados pelo Estado com os Municípios. Universidade Federal do Piauí - UFPI 43 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E Essa Plano Estadual de Saúde do Piauí 2016– 2019 28 lógicas também se aplicam aos municípios sede de Região de Saúde – 11 no total - no que tange ao seu papel como referência regional. Esses Municípios devem continuar a oferecer serviços e ações de média complexidade ambulatorial e hospitalar, historicamente já ofertados, devendo atuar na nova proposta de agregação regional PDR/2015 como municípios de referência nas Mesorregiões de Saúde. Considerados, além de Teresina, como municípios de Referência Macrorregional para a Média Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, Parnaíba, Picos e Floriano (Figura 9), passam a acrescer ao elenco de responsabilidade que já possuem, também, aquelas responsabilidades relacionadas a oferta de Serviços e Ações de Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar. Figura 9. Divisão das Macrorregiões de Saúde. Fonte: ALVES (2020). 44 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES Dessa forma, passam a atuar como referência Macrorregional, uma vez efetivados os investimentos financeiros por parte do Estado, necessários a essa atuação. Os demais municípios dispondo dos Serviços atualmente implantados e em operacionalização, devem atuar como retaguarda e suporte à capacidade instalada nos municípios de referência macrorregional, visando garantir suficiência do território na oferta e realização dos procedimentos de média e alta complexidade para ali referenciados e, demandados pela população adscrita na figura 10. Figura 10. Rede de atenção à saúde do Piauí. Fonte: SIM/SINASC (2019). Estudos mostram que, no Brasil, a referência e a contra referência regional entre Atenção Básica e rede hospitalar são problemáticas. Por exemplo, algumas gestantes não recebem atendimento na rede hospitalar, apesar do encaminhamento formal pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Existem, também, desvios no fluxo de referência e contra referência estabelecidos, já que algumas mulheres buscam por locais de atendimento que lhes transmitem maior segurança (BRASIL, 2020). Universidade Federal do Piauí - UFPI 45 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E Apesar da ausência de estudos focados em referência e contra referência na rede de saúde do Piauí, pelos dados de pré-natal e mortalidade materna, vemos que o estado segue a tendência nacional e ainda apresenta uma rede deatenção fragmentada, sistemas de referência e contra referência pouco estruturados e rede pouco resolutiva. A figura 10 apresenta o mapa com o componente hospitalar da rede assistencial à saúde da mulher por território de saúde e tipo de parto no estado do Piauí. Pode-se observar que 10 das 11 regiões de saúde têm apenas estrutura de nível de complexidade média (BRASIL, 2020). REFERÊNCIAS ALVES, J.M.O.R.; MEDEIROS, L.C.M. Desenvolvimento de um software de autocuidado e monitoramento da Gestação de Alto Risco: uma estratégia para redução da Mortalidade materna no Piauí. Dissertação (Mestrado em Saúde da Mulher)- Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2020. BRASIL. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde Departamento de Ciência e Tecnologia. Estratégias para redução da mortalidade materna no estado do Piauí. Brasília: Ministério da Saúde; 2020. PEREIRA, S.L.B.; NASCIMENTO, M.S.R.; SOUSA, J.V. Compatibilização entre territórios de desenvolvimento e Instâncias de Gestão Regionais. Teresina: Fundação Cepro Biblioteca Pádua Ramos, 2017. SECRETARIA DE SAÚDE DO PIAUÍ (SESAPI). Plano Estadual de Saúde do Piauí 2016 – 2019 Plano Estadual de Saúde do Piauí 2016 – 2019. Teresina: SESAPI, 2016. 46 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES CAPÍTULO 4 Os grandes Sistemas de Informações em Saúde do Sistema Único de Saúde Francisca Miriane de Araújo Batista Zenira Martins Silva A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Sistema de Informação em Saúde (SIS) como um mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão da informação necessária para planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de saúde. Conceitualmente, o SIS pode ser entendido como um instrumento para adquirir, organizar e analisar dados necessários à definição de problemas e de riscos para a saúde, avaliar a eficácia, a eficiência e a influência sobre a qual os serviços prestados possam ter no estado de saúde da população, além de contribuir para a produção de conhecimento acerca da saúde e dos assuntos a ela ligados. Então, quais os SIS existente atualmente no Brasil? Antes de responder propriamente a essa pergunta, precisamos saber que os SIS no Brasil são administrados pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e tem como competências: Universidade Federal do Piauí - UFPI 47 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E I. Fomentar, regulamentar e avaliar as ações de informatização do SUS, direcionadas para a manutenção e o desenvolvimento do sistema de informações em saúde e dos sistemas internos de gestão do Ministério; II. Desenvolver, pesquisar e incorporar tecnologias de informática que possibilitem a implementação de sistemas e a disseminação de informações necessárias às ações de saúde, em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Saúde; III. Manter o acervo das bases de dados necessárias ao sistema de informações em saúde e aos sistemas internos de gestão institucional; IV. Assegurar aos gestores do SUS e órgãos congêneres o acesso aos serviços de informática e bases de dados, mantidos pelo Ministério; V. Definir programas de cooperação técnica com entidades de pesquisa e ensino para prospecção e transferência de tecnologia e metodologia de informática em saúde, sob a coordenação do Secretário-Executivo; VI. Apoiar estados, municípios e o Distrito Federal na informatização das atividades do SUS (DATASUS, 2010). Esse departamento mantém a disposição todos os SIS em uso no Brasil, manuais, programas para download, de domínio público, devendo ser acessados pelos profissionais da saúde, dada a relevância desse conhecimento para o planejamento das equipes, quer sejam locais ou não. Nesse ambiente é possível obter informações como: Indicadores de Saúde; Assistência à Saúde (internação hospitalar, produção ambulatorial, imunização, saúde da família, vigilância alimentar e nutricional); Epidemiológica e Morbidade (morbidade hospitalar do SUS, doenças de notificação, estado nutricional e outros agravos); Rede Assistencial (informações do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde- CNES); Estatísticas Vitais (natalidade, mortalidade, câncer); Demográficas e Socioeconômicas (população, educação e saneamento); Inquéritos e Pesquisas; Saúde Suplementar. QUER SABER MAIS SOBRE DATASUS, SE LIGA NO LINK!! https://datasus.saude.gov.br https://datasus.saude.gov.br 48 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES Abaixo serão apresentados alguns SIS, tendo em vista a maior relevância no campo da Vigilância Epidemiológica. 4.1 SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE MORTALIDADE – SIM O Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM), é produto desenvolvido em 1975 pelo Ministério da Saúde para coletar dados sobre mortalidade no país (Figura 11). Possui variáveis que permitem, a partir da causa mortis atestada pelo médico, construir indicadores e processar análises epidemiológicas que contribuam para a eficiência da gestão em saúde. É um sistema descentralizado à Estados e Municípios sob responsabilidade das suas respectivas Secretarias de Saúde, além disso é considerado uma importante ferramenta de gestão na área da saúde que subsidiam a tomada de decisão em diversas áreas da assistência à saúde. No nível federal, sua gestão está afeta à Secretaria de Vigilância à Saúde. Figura 11. Painel Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM. Fonte: SIM/MS. Como são coletados os dados que alimentam o SIM? O documento básico e essencial à coleta de dados da mortalidade no Brasil é a Declaração de Óbito (DO) que, consequentemente, alimenta o SIM. A responsabilidade na emissão da DO é do médico, conforme prevê o artigo 115 do Código de Ética Médica, Artigo Universidade Federal do Piauí - UFPI 49 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E 1º da Resolução nº 1779/2005 do Conselho Federal de Medicina e a Portaria SVS nº 116/2009. A DO deve ser enviada aos Cartórios de Registro Civil para liberação do sepultamento, bem como para a tomada de todas as medidas legais em relação à morte. A DO é impressa e preenchida em três vias pré-numeradas sequencialmente. Sua emissão e distribuição para os estados são de competência exclusiva do Ministério da Saúde. A distribuição para os municípios fica a cargo das Secretarias Estaduais de Saúde. Às Secretarias Municipais de Saúde cabe o controle na distribuição das DO entre os estabelecimentos de saúde, Institutos de Medicina Legal, Serviços de Verificação de Óbitos, Cartórios do Registro Civil, profissionais médicos e outras instituições que dela façam uso legal e permitido. Compete às Secretarias de Saúde (Estado e Municípios) o recolhimento das primeiras vias da Declaração de Óbito, junto aos Estabelecimentos de Saúde e aos cartórios (Figura 12). Qual a importância dos dados do SIM para gestão em Saúde? O SIM funciona como fonte de dados e de informação que subsidiam a tomada de decisão em diversas áreas da assistência à saúde. Isoladamente ou associado a outras fontes, como por exemplo, ao Sistema de Informação Hospitalar, possui um bom grau de confiabilidade e permite a formulação de indicadores sobre mortalidade geral e específica usados, inclusive, pelo IDB (Indicadores e Dados Básicos de Saúde) definidos pela Rede Interagencial para a informação em Saúde (RIPSA). Em relação à Mortalidade Infantil: 1. Taxa de mortalidade infantil; 2. Taxa de mortalidade neonatal precoce; 3. Taxa de mortalidade neonatal tardia; 4. Taxa de mortalidade pós-neonatal; 5. Taxa de mortalidade perinatal.50 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES Figura 12. Modelo da Declaração de Óbito. Fonte: SIM/MS. Universidade Federal do Piauí - UFPI 51 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E A título de exemplo, lista-se, a seguir, alguns dos indicadores específicos de mortalidade que podem ser construídos a partir do SIM: Em relação à Mortalidade Específica: 1. Taxa de mortalidade materna; 2. Taxa de mortalidade proporcional por grupo de causas; 3. Taxa de mortalidade proporcional por causas mal definidas; 4. Taxa de mortalidade proporcional por doenças diarreicas agudas em menores de 5 anos; 5. Taxa de mortalidade proporcional por doenças do aparelho circulatório; 6. Taxa de mortalidade proporcional por causas externas; 7. Taxa de mortalidade proporcional por neoplasias malignas; 8. Taxa de mortalidade proporcional por acidente de trabalho; 9. Taxa de mortalidade proporcional por diabetes mellitus; 10. Taxa de mortalidade proporcional por cirrose hepática; 11. Taxa de mortalidade proporcional por AIDS; 12. Taxa de mortalidade proporcional por afecções originadas do período perinatal. Na prática: Veja agora como a análise dos dados do SIM pode nos dar informações preciosas. Inicialmente, leia a Síntese de Evidência da EVIPNet/ MS: “Síntese de evidências para políticas de saúde : estratégias para redução da mortalidade materna no estado do Piauí”; artigo dos Cadernos de Saúde Pública, disponível no link: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/06/1096583/ sintesemortalidadematernapiauifinal20maio2020.pdf . Viu quanta informação para a Saúde Pública o grupo de pesquisadoras da Universidade Federal do Piauí obteve com os dados do SIM? QUER SABER MAIS INFORMAÇÕES SOBRE DADOS DE MORTALIDADE ACESSA OS LINK’S: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/06/1096583/sintesemortalidadematernapiauifinal20maio2020.pdf https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/06/1096583/sintesemortalidadematernapiauifinal20maio2020.pdf 52 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES 1. Para tabulação On-Line: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ deftohtm.exe?sim/cnv/obt10uf.def - Permite aos usuários tabular os dados por meio de aplicativo de fácil manejo chamado Tabnet; 2. Para Download dos Micro Dados: os micro dados estão disponível para Download no endereço: h t t p : / / w w w 2 . d a t a s u s . g o v . b r / D ATA S U S / i n d e x . php?area=0901&item=1&acao=26&pad=31655 ; 3. Para tabulação de dados: para realização de tabulações é disponibilizado pelo DATASUS a ferramenta TabWin, para download da ferramenta acesse: http://www2.datasus.gov. br/DATASUS/index.php?area=060805&item=3 ; 4. Painéis: para acesso aos painéis de mortalidade acesse o link: http://svs.aids.gov.br/dantps/centrais-de-conteudos/ paineis-de-monitoramento/mortalidade/ . 4.2 SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS VIVOS (SINASC) O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), foi implantado oficialmente a partir de 1990, com o objetivo de coletar dados sobre os nascimentos informados em todo território nacional e fornecer dados sobre natalidade para todos os níveis do Sistema de Saúde. O Sistema possibilita a construção de indicadores úteis para o planejamento de gestão dos serviços de saúde (Figura 13). Figura 13. Painel Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos. Fonte: SINASC/MS. http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10uf.def http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10uf.def http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0901&item=1&acao=26&pad=31655 http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0901&item=1&acao=26&pad=31655 http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060805&item=3 http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060805&item=3 http://svs.aids.gov.br/dantps/centrais-de-conteudos/paineis-de-monitoramento/mortalidade/ http://svs.aids.gov.br/dantps/centrais-de-conteudos/paineis-de-monitoramento/mortalidade/ Universidade Federal do Piauí - UFPI 53 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E Nas Secretarias Municipais de Saúde (SMS), as Declarações de Nascido Vivo - DNV são digitadas, processadas, criticadas e consolidadas no SINASC local (Figura 14). Em seguida, os dados informados pelos municípios sobre os nascimentos no nível local são transferidos à base de dados do nível estadual que os agrega e envia-os ao nível federal. O nível federal é responsável pelo tratamento da análise dos dados, avaliação e distribuição das informações sobre o SINASC, agregando-as por Estado, e elaborando relatórios analíticos, painéis de indicadores e outros instrumentos estatísticos de informações sobre natalidade que são disseminados para todo o país. Qual a importância dos dados do SINASC para gestão em Saúde? O potencial de dados contidos no SINASC serve para a formulação de indicadores epidemiológicos como instrumentos estratégicos de suporte ao planejamento das ações, atividades e programas voltados à gestão em saúde. O nascimento é um dos eventos vitais e seu monitoramento pode contribuir para o conhecimento da situação de saúde de uma população e a avaliação de políticas e ações de vigilância e atenção à saúde na área da saúde materno-infantil. Na prática: Veja agora como a análise dos dados do SINASC pode nos dar informações preciosas. Inicialmente, leia o Boletim Informações em Saúde – BIS – “Nascer no Piauí – 2008 a 2015”, elaborado pela Secretária de Saúde do Estado, disponível no link: http://www.saude.pi.gov.br/ uploads/document/file/580/BIS-PIAUI-NASCER-PIAUI.pdf . Viu quanta informação para a Saúde Pública a Secretária de Saúde do Estado obteve com os dados do SINSC? http://www.saude.pi.gov.br/uploads/document/file/580/BIS-PIAUI-NASCER-PIAUI.pdf http://www.saude.pi.gov.br/uploads/document/file/580/BIS-PIAUI-NASCER-PIAUI.pdf 54 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES Figura 14. Modelo da Declaração de Nascido Vivo. Fonte: SINASC/MS. Universidade Federal do Piauí - UFPI 55 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E QUER SABER MAIS INFORMAÇÕES SOBRE DADOS DE NASCIDOS VIVOS ACESSA OS LINK: 1. Para tabulação On-Line: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def - Permite aos usuários tabular os dados por meio de aplicativo de fácil manejo chamado Tabnet. 2. Para Download dos Micro Dados: os micro dados estão disponível no endereço: h t t p : / / w w w 2 . d a t a s u s . g o v . b r / D ATA S U S / i n d e x . php?area=0901&item=1&acao=28&pad=31655 . 3. Para tabulação de dados: para realização de tabulações é disponibilizada pelo DATASUS a ferramenta TabWin. Para download da ferramenta acesse: http://www2.datasus.gov. br/DATASUS/index.php?area=060805&item=3 . 4. Painéis: para acesso aos painéis de natalidade acesse o link: http://svs.aids.gov.br/dantps/centrais-de-conteudos/ paineis-de-monitoramento/natalidade/ . 4.3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO (SINAN) O SINAN foi implantado no país de forma a gradual, a partir de 1993. Atualmente, o sistema está implantado em todo o território nacional. No nível nacional, a Secretaria de Vigilância à Saúde processa e consolida os dados enviados pelas secretarias estaduais de saúde. O sistema tem como objetivo coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo sistema de vigilância epidemiológica, nas três esferasde governo, para apoiar processos de investigação e de análise das informações sobre doenças de notificação compulsória (Figura 15). Os profissionais da saúde e os responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde são obrigados a comunicar aos gestores do SUS a ocorrência de casos suspeitos ou confirmados de determinadas doenças e agravos. A lista desses agravos/doenças de notificação compulsória no país é atualizada e publicada pelo Ministério http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0901&item=1&acao=28&pad=31655 http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0901&item=1&acao=28&pad=31655 http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060805&item=3 http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=060805&item=3 http://svs.aids.gov.br/dantps/centrais-de-conteudos/paineis-de-monitoramento/natalidade/ http://svs.aids.gov.br/dantps/centrais-de-conteudos/paineis-de-monitoramento/natalidade/ 56 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES da Saúde, mas os estados e municípios podem incluir outros problemas de saúde relevantes para as suas regiões. Figura 15. Versões do SINAN vigentes em Nível Nacional. Fonte: SINAN/MS. Como são coletados os dados que alimentam o SINAN? Há dois documentos básicos, que complementam entre si as informações sobre cada caso notificado. O primeiro é a ficha individual de notificação (FIN), preenchida pelas unidades assistenciais a partir da suspeita clínica da ocorrência de algum agravo de notificação compulsória ou outro agravo sob vigilância. Em seguida, tem-se a Ficha Individual de Investigação que é um roteiro de investigação para que se identifique a fonte de infecção e como se deu a transmissão da doença. Periodicamente os municípios devem enviar os dados aos estados e estes devem repassar ao Ministério. Com essa rotina, é possível que o país, a unidade federativa, o município, ou até mesmo um bairro, possam conhecer os riscos a que estão expostos. As secretarias estaduais ou municipais de saúde são responsáveis pela impressão, numeração e distribuição dos formulários. As limitações deste sistema residem, sobretudo, na subnotificação de casos por parte dos profissionais e estabelecimentos de Saúde, porém a confiabilidade em seus dados aumentou muito nos últimos anos. Universidade Federal do Piauí - UFPI 57 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E Qual a importância dos dados do SINAN para gestão em Saúde? O potencial de dados contidos no SINAN serve conhecer os riscos a agravos que estão expostos a população. Por meio desses dados, pode-se calcular as taxas de incidência de todas as doenças que são de notificação compulsória, e assim servir de suporte ao planejamento das ações e de tomada de decisão à gestão de saúde. Na prática: Veja agora a Portaria Nº 264, de 17 de fevereiro de 2020 que traz a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional. Link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ gm/2020/prt0264_19_02_2020.html QUER SABER MAIS INFORMAÇÕES SOBRE DADOS DO SINAN ACESSA OS LINK: 1. Para tabulação On-Line: http://www2.datasus.gov.br/ DATASUS/index.php?area=0203&id=29878153 - Permite aos usuários tabular os dados por meio de aplicativo de fácil manejo chamado Tabnet; 2. Para acessar os modelos das fichas de notificação e investigação: http://portalsinan.saude.gov.br/notificacoes 4.4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR DO SUS – SIH/ SUS O Sistema de Informação Hospitalar do SUS(SIH/SUS) foi criado em 1991 e estendido a todos os hospitais financiados pelo Sistema Único de Saúde (hospitais públicos ou privados conveniados) com o objetivo de ordenar os pagamentos das internações hospitalares e para permitir controle e auditoria destas no âmbito do SUS (Figura 16). https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2020/prt0264_19_02_2020.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2020/prt0264_19_02_2020.html http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0203&id=29878153 http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0203&id=29878153 http://portalsinan.saude.gov.br/notificacoes 58 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES O SIH tem como vantagem o fato de abranger um extenso número de Unidades de Saúde pertencentes ou credenciadas ao SUS. Estima-se que o SIH/SUS reúna informações sobre 60 a 70% das internações hospitalares realizadas no país, variando de acordo com a região. Suas limitações estão, sobretudo, relacionadas ao mal preenchimento de algumas fichas e ao fato de mudanças na forma de pagamento e financiamento do SUS poderem alterar a quantidade e a qualidade das Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs) preenchidas. Figura 16. Painel Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH/ SUS). Fonte: SIH/MS. Como são coletados os dados que alimentam o SIS/SUS? O documento básico do SIH/SUS é a AIH, que habilita a internação do paciente e gera valores para pagamento. A AIH é preenchida pelo estabelecimento hospitalar e enviada mensalmente. O MS disponibiliza dados individualizados (mas não identificados) sobre o paciente e a internação, como o diagnóstico de internação, os procedimentos realizados e os valores pagos para análise e tabulação dos entes. Qual a importância dos dados do SIS/SUS para gestão em Saúde? Os dados gerados pelo Sistema de Informação Hospitalar do SUS possibilitará as análises epidemiológicas sobre morbidade Universidade Federal do Piauí - UFPI 59 IN D ICA D O RES D E SA Ú D E: O BTEN ÇÃ O E A N Á LISE D A SITU A ÇÃ O D E SA Ú D E hospitalar. As informações coletadas pela AIH são relativas ao paciente (sexo, data de nascimento e endereço residencial) e à internação (hospital, data de internação, diagnóstico principal e secundário e procedimento solicitado) e assim servir de suporte ao planejamento das ações e de tomada de decisão à gestão de saúde. Na prática: Veja agora como a análise dos dados do SIH/SUS pode nos dar informações preciosas. Inicialmente, leia o artigo sobre - “Estratégia Saúde da Família e internações hospitalares em menores de 5 anos no Piauí, Brasil”, elaborado por pesquisadores do Piauí disponível no link: https://www.scielo.br/pdf/csp/v28n3/12.pdf Viu quanta informação para a Saúde Pública obteve com os dados do SIH/SUS? QUER SABER MAIS INFORMAÇÕES SOBRE DADOS DO SIH/SUS ACESSA OS LINK: 1. Para tabulação On-Line: http://www2.datasus.gov.br/ DATASUS/index.php?area=0202&id=11633 - Permite aos usuários tabular os dados por meio de aplicativo de fácil manejo chamado Tabnet. 4.5. SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA ATENÇÃO BÁSICA - SISAB O Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) foi instituído pela Portaria GM/MS nº 1.412, de 10 de julho de 2013, passando a ser o sistema de informação da Atenção Básica vigente para fins de financiamento e de adesão aos programas e estratégias da Política Nacional de Atenção Básica, substituindo o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB). https://www.scielo.br/pdf/csp/v28n3/12.pdf http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0202&id=11633 http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0202&id=11633 60 IN D IC A D O R E S D E S A Ú D E : O B TE N Ç Ã O E A N Á LI SE D A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente para o SUS - NUEPES O SISAB integra a estratégia
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