Buscar

Esquistossomose: Doença Parasitária Crônica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Esquistossomose
 
- É uma doença parasitária crônica 
- Também conhecida como “barriga d’ água”, “doença dos 
caramujos” 
 
AGENTE ETIOLÓGICO 
- Schistosoma mansoni, helminto que pertence à classe dos 
Trematoda, família Schitossomatidae e gênero 
Schitotosoma. 
- São vermes de sexo separados, a fêmea adulta mais 
alongada encontra-se alojada em uma fenda do corpo do 
macho, denominada canal ginecóforo. 
- O homem é o principal hospedeiro definitivo 
 
 
HOSPEDEIRO DEFINITIVO 
- No homem reproduz-se de forma sexuada e possibilita a 
eliminação dos ovos no ambiente pelas fezes contaminando 
coleções hídricas. 
- Os primatas, marsupiais, ruminantes, lebres, coelhos são 
considerados reservatórios porém não está clara a 
participação desses animais na transmissão e na 
epidemiologia da doença, apesar de que todos tem 
capacidade de eliminar ovos nas fezes. 
 
HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO 
- O ciclo biológico do S. mansoni depende da presença do 
hospedeiro intermediário no ambiente. Os caramujos 
gastrópodes aquáticos pertencem a família Planorbidae e 
gênero Biomphalaria, são organismos que possibilitam a 
reprodução assexuada do helminto. Os caramujos são 
pulmonados e hermafroditas, habitam coleções de água 
doce com pouca correnteza ou parada como riachos e 
córregos. 
- No Brasil, as espécies Biomphalaria glabrata, 
Biomphalaria straminea e Biomphalaria tenagophila estão 
envolvidas na disseminação da esquistossomose. Há 
registros da distribuição geográfica das principais espécies 
em 24 estados, localizados, principalmente, nas regiões 
Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste 
MODO DE TRANSMISSÃO 
- O homem adquire a esquistossomose por meio da 
penetração ativa da cercaria na pele. 
- Após a infecção, as cercarias se desenvolvem para uma 
forma parasitária primária denominada esquistossômulo, 
que inicia o processo de migração, via circulação sanguínea 
 
 
e linfática, até atingir o fígado, coração e em seguida os 
pulmões. 
- Os esquistossômulos chegam aos vasos sanguíneos e 
alcançam o fígado, onde evoluem para as formas adultas. 
- Nos vasos portais mesentéricos, ocorre a sobreposição da 
fêmea no canal ginecóforo do macho e consequentemente 
a cúpula, seguida de oviposição. 
- No ambiente aquático, acontece a eclosão dos ovos e 
liberação do miracídio, que é a forma ativa infectante do 
hospedeiro intermediário. Essa forma apresenta grande 
capacidade de locomoção e afinidade quimiotática com os 
moluscos, a sua garantia de sobrevivência está diretamente 
relacionada ao encontro com o hospedeiro intermediário. 
- Algumas horas após a penetração dos miracídios no 
caramujo, inicia-se um complexo processo de alterações 
morfológicas que darão origem as cercarias. 
- O contato com águas contaminadas por cercarias 
utilizadas para atividades profissionais ou de lazer, como 
banhos, pescas, lavagem de roupas, plantio de culturas 
irrigadas, com presença de caramujos infectados constitui 
risco para adquirir esquistossomose. 
 
PERÍODO DE INCUBAÇÃO 
- Em média, 1 a 2 meses após a infecção que corresponde à 
fase de penetração das cercarias, seu desenvolvimento, até 
a instalação dos vermes adultos no interior do hospedeiro 
definitivo. 
 
PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE 
- O homem infectado pode eliminar ovos viáveis de 
S.mansoni a partir de 5 semanas após a infecção e por um 
período de 6 a 10 anos, podendo chegar até mais de 20 
anos. Os hospedeiros intermediários começam a eliminar 
cercarias após 4 a 7 semanas da infecção pelos miracídios. 
- Os caramujos infectados eliminam cercarias por toda a 
vida, que é aproximadamente de 1 ano. 
 
SUSCETIBILIDADE 
- Qualquer pessoa é suscetível, embora existam variações 
individuais. 
- Há evidências de que certo grau de resistência à 
esquistossomose se faz presente na maioria dos indivíduos 
expostos em áreas hiperendêmicas, mas esse mecanismo 
não está perfeitamente esclarecido. 
- Essa resistência, em grau variável, faz com que grande 
parte das pessoas continuamente expostas não desenvolva 
infecções com grandes cargas parasitárias. Por isso, o 
número de pessoas com manifestações clínicas severas é 
reduzido, em relação ao total de portadores. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
- As manifestações clínicas correspondem ao estágio de 
desenvolvimento do parasito no hospedeiro. A maioria das 
pessoas infectadas pode permanecer assintomática , 
dependendo da intensidade da infecção. Clinicamente, a 
esquistossomose pode ser classificada em fase inicial e fase 
tardia. 
- Fase inicial: 
• Penetração das cercarias através da pele. 
• Predominam as manifestações alérgicas, sendo 
mais intensas nos indivíduos hipersensíveis e nas 
reinfecções. Além das alterações dermatológicas, 
ocorrem também manifestações gerais devido ao 
comprometimento em outros órgãos e tecidos. 
- Formas agudas 
• Assintomática – a maioria dos portadores não 
apresenta sintomas da doença e pode ser 
confundida com outras doenças da infância, 
quando ocorre, em geral, o primeiro contato com 
os hospedeiros intermediários da 
esquistossomose. Às vezes, é diagnosticada nas 
alterações laboratoriais de rotina (eosinofilia e 
ovos viáveis de S.mansoni na fezes) 
• Sintomática - após a infecção, ocorrem 
manifestações pruriginosas na pele, semelhantes a 
picadas de inseto e eczema de contato, que 
podem durar até 5 dias após a infecção, 
conhecidas como dermatite cercariana. 
• A febre de Katayama pode ocorrer após 3 a 7 
semanas de exposição. É caracterizada por 
alterações gerais que compreendem 
linfadenopatia, febre, cefaleia, anorexia, dor 
abdominal e, com menor frequência, o paciente 
pode referir diarréia, náuseas, vômitos e tosse 
seca. Ao exame físico, pode ser encontrada 
hepatoesplenomegalia. O achado laboratorial de 
eosinofilia elevada é bastante sugestivo, quando 
associado a dados epidemiológicos 
- Fase tardia 
• Formas crônicas: iniciam-se a partir dos 6 meses 
após a infecção e podem durar vários anos. Podem 
surgir os sinais de progressão da doença para 
diversos órgãos, chegando a atingir graus 
extremos de severidade, como hipertensão 
pulmonar e portal, ascite, ruptura de varizes de 
esôfago. As manifestações clínicas variam de 
acordo com a localização e intensidade do 
parasitismo, da capacidade de resposta do 
indivíduo ou do tratamento instituído. 
• Apresentam-se nas seguintes formas: 
▪ Hepatointestinal: caracteriza-se pela 
presença de diarreia e epigastralgia. Ao 
exame físico o paciente apresenta fígado 
palpável, com nodulações, nas fases mais 
avançadas dessa forma clínica, 
correspondem a áreas de fibrose 
decorrentes de granulomatose periportal 
ou fibrose de Symmers. 
▪ Hepática: a apresentação clínica dos 
pacientes pode ser assintomática ou com 
sintomas da forma hepatointestinal. 
▪ Hepatoesplênica compensada: presença 
de hipertensão portal, levando à 
esplenomegalia e ao aparecimento de 
varizes de esôfago. Sinais e sintomas 
inespecíficos. Às vezes o primeiro sinal de 
descompensação é a hemorragia 
digestiva. Ao exame físico o fígado 
encontra-se aumentado, com predomínio 
do lobo esquerdo, enquanto o baço 
aumentado mostra-se endurecido e 
indolor. Essa forma predomina nos 
adolescentes e adultos jovens. 
▪ Hepatoesplênica descompensada: inclui 
as formas mais graves de 
esquistossomose, diminuição acentuada 
do estado funcional do fígado. Surtos de 
hemorragia digestiva e isquemia 
hepática podem ocorrer. A 
esquistossomose pode provocar tumores 
que parecem neoplasias e, ainda, 
apresentar doença linfoproliferativa. 
 
DIAGNÓSTICO 
- Exame de fezes: o método mais utilizado é o Kato-Katz 
(visualização e contagem dos ovos por grama de fezes), 
fornecendo um indicador quantitativo que permite avaliar a 
intensidade da infecção e a eficácia do tratamento. 
- Sorologia IgG e IgM 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
- Dermatite cercariana: pode ser confundida com doençasexantemáticas como dermatite por larvas de helmintos, por 
produtos químicos. 
- Esquistossomose aguda: malária, hepatites virais, 
ancilostomíase aguda, mononucleose. 
- Esquistossomose crônica: parasitoses intestinais, calazar, 
linfomas. 
 
TRATAMENTO 
- Praziquantel 
 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
- Definição de casos 
• Suspeito: indivíduo residente em área endêmica 
com quadro clínico sugestivo das formas aguda, 
crônica ou assintomática, com história de contato 
com coleções de águas onde existam caramujos. 
• Critério clínico laboratorial: indivíduo que 
apresenta S. mansoni em amostra de fezes, tecidos 
ou outros materiais orgânicos. 
 
SANEAMENTO AMBIENTAL 
- Aterro, drenagem ou retificação de coleções hídricas, 
revestimento e canalização de cursos d’agua. 
- Esgotamento sanitário. 
- Correção de sistemas de irrigação. 
- Melhoria da infraestrutura sanitária 
- Instalações hídricas e sanitárias domiciliares

Outros materiais