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SISTEMAS EMBARCADOS AULA 5 Prof. Rafael Vilas Boas Wiecheteck CONVERSA INICIAL Atualmente, os sistemas de comunicação sem fio possuem lugar de destaque nos dispositivos e equipamentos, pois, com essa tecnologia, não há mais a necessidade de ficarmos presos a um local específico para nos conectarmos a uma rede enviando e recebendo dados. No mercado, há uma grande variedade de tecnologias disponíveis, cada uma buscando solucionar um problema ou um conjunto de problemas específicos. Existem tecnologias que buscam fornecer soluções para grandes distâncias, outras estão disponíveis para conectar dispositivos distantes entre si a poucos metros, e também há soluções para identificar e monitorar produtos diversos. Nesta aula, apresentaremos algumas tecnologias que podem ser utilizadas em aplicações com sistemas embarcados. TEMA 1 – RFID (RADIO FREQUENCY IDENTIFICATION) O RFID (Radio Frequency Identification – Sistema de Identificação por Radiofrequência) é uma tecnologia de comunicação sem fio utilizada para identificar, por exemplo, itens, objetos, pessoas, transações em sistemas de pagamento, e movimentação em sistemas de transporte nos mais diversos segmentos de mercado existentes. A grosso modo, o RFID realiza as mesmas tarefas que um sistema de código de barras, porém, oferece várias vantagens a mais. Segundo o site EBVElektronik (2010), algumas de suas vantagens são: Não há a necessidade de direcionar o objeto diretamente à linha de visão de leitura. Apresenta funcionalidades de leitura e escrita. Possui diversas tecnologias e tamanhos de memória diferentes para atender a variadas necessidades. É seguro em relação às informações transmitidas. Várias tags podem ser lidas simultaneamente. Permite o funcionamento em ambientes severos. A figura 1 apresenta uma tag RFID passiva. 3 Figura 1 – Apresentação de uma tag RFID Fonte: Saveway. 1.1 Funcionamento A tecnologia RFID é baseada na transferência de dados por meio de campo eletromagnético, ou seja, via rádio. As informações são armazenadas em um transponder ou tag, que é incorporada ao objeto a ser identificado. Basicamente, esse transponder consiste em uma antena e um chip responsáveis por armazenar as informações específicas do objeto em questão, por exemplo, um número de série. Para que essa informação possa ser lida, é necessária a utilização de outro equipamento que tenha a função de ler/escrever na tag. Para que o sistema funcione, o equipamento leitor emite um campo eletromagnético que alimenta a tag por meio da indução de sua bobina, fazendo com que os dados armazenados no chip sejam enviados ao leitor. A figura 2 mostra o funcionamento simplificado de um sistema RFID. Figura 2 – Funcionamento simplificado do RFID Fonte: EBVElektronik, 2010. 4 1.2 Tipos de RFID – Transponders passivo e ativo O transponder, ou tag, pode ser caracterizado de duas formas principais: passivo e ativo. Transponder ativo: possui fonte de alimentação própria, normalmente mantida por uma bateria. Deste modo, pode transmitir utilizando níveis mais altos de energia e, portanto, alcançar distâncias maiores. Por isso, esses equipamentos são maiores e mais caros que os transponders passivos. Transponder passivo: não contém bateria interna, portanto, necessita obter energia do campo eletromagnético emitido pelo dispositivo de leitura. Essa característica permite que tais dispositivos tenham tamanho reduzido e sejam mais econômicos, porém, sua área de atuação é de poucos centímetros. 1.3 Frequências de operação Os sistemas de RFID podem ser classificados também em função da faixa de frequência de operação. O funcionamento pode ser em baixas frequências, altas frequências e em UHF (Ultra High Frequency – Ultra Alta Frequência), sendo definido pelas necessidades de cada aplicação. 1.3.1 Sistemas de baixa frequência Estes sistemas são aplicados principalmente em uso industrial. As tags consistem em bobinas feitas somente com fios que são inseridas em vidros ou caixas plásticas. Como exemplo de uso fora do ambiente industrial, pode-se citar as etiquetas passivas utilizadas na identificação de animais, na forma de brincos ou implantes subcutâneos. Principais características: Campo magnético bem definido. Bom funcionamento perto de metal. Pode ser lido por meio de outros materiais. Não é afetado pela água. Baixas taxas de transmissão de dados. As tags são mais caras do que as de maior frequência. 5 1.3.2 Sistemas de alta frequência Estes sistemas têm como característica uma faixa maior de transmissão e maior velocidade de leitura. Além disso, maior capacidade de armazenamento e funções de segurança podem ser aplicadas. Esses transponders são relativamente simples e baratos de serem produzidos. Como exemplo de uso, pode-se citar a identificação de objetos individuais em lojas e sistemas antifurto. Principais características: Campo magnético bem definido. O sinal passa através da maioria dos materiais, com exceção de metais onde ocorre atenuação. Capacidade de leitura simultânea de várias tags. As tags possuem, na maioria das vezes, o formato de uma etiqueta. 1.3.3 Sistemas UHF Os sistemas UHF são utilizados em armazenagem e rastreamento de mercadorias, pois apresentam altas taxas de transmissão de dados e alcançam distâncias maiores. Esta tecnologia pode, por exemplo, ser adicionada diretamente em uma placa de circuito impresso. Como exemplo de utilização, pode-se citar rastreamento de ativos, controle de estoque e identificação veicular (pedágios eletrônicos). Principais características: Leitura pode ser feitas a distâncias maiores. Alta taxa de transmissão. Sinal não passa através de materiais tão bem quanto sinal de baixa frequência. A reflexão pode ampliar a região de leitura, porém, essa região torna-se menos definida. Os limites de frequência e potência são diferentes ao redor do mundo. A figura 3 apresenta uma tabela com um resumo das características de cada uma das faixas de frequência. 6 Figura 3 – Tabela comparativa das faixas de frequência dos sistemas RFID Frequência Baixa frequência (120 – 134 kHz) Alta frequência (13,56MHz) UHF (850 – 960MHz) Distância de leitura 0,5 – 1m < 1m > 3m Custo Alto Médio Baixo Penetração de materiais Excelente Pobre Sinal afetado pela água? Não Até certo ponto Sim Antena Bobina Bobina Dipolo Taxa de transmissão Baixa Alta Leitura de múltiplas tags Pobre Boa Muito boa Fonte: EBVElektronik, 2010. Segundo Puhlmann (2015), os transponders de RFID podem ser divididos em algumas classes: Classe 0: apenas leitura e programação em fábrica. É o tipo mais simples de transponder. Geralmente, contém apenas um número de série e não tem memória no chip. É o tipo utilizado em sistemas antifurto de supermercados, lojas de conveniências e livrarias. Classe 1: apenas leitura, mas permite uma única gravação de dados. Deste modo, pode vir programada de fábrica ou o usuário pode programá- la. Também pode conter uma memória que armazene dados referentes ao produto onde será anexada, tornando as informações mais completas, como a configuração de um computador, por exemplo. Classe 2: leitura e escrita, permitindo a gravação de dados a qualquer momento. É o tipo mais flexível de transponder, uma vez que pode ser regravado várias vezes e, por exemplo, acompanhar as ações feitas num produto. Um exemplo de aplicação é em uma linha de produção de equipamentos, em que, a cada etapa, mais peças são agregadas até se formar o produto final. Em cada uma das etapas, as etiquetasrecebem 7 informações sobre o que foi feito e podem levantar um histórico sobre tudo que ocorreu durante a montagem. Classe 3: Leitura e escrita, com bateria e sensores. Além de conter informações sobre o produto, pode interagir com ele, coletando dados como temperatura, pressão, tensão elétrica etc. Estes dados são gravados na memória da etiqueta e enviados toda vez que solicitado. Classe 4: Leitura e escrita com transmissores integrados. Acabam funcionando como minirrádios, podendo se comunicar não apenas com os leitores, mas também com outras etiquetas. Formam redes inteligentes de logística. Cada uma das faixas de frequência tem vantagens e desvantagens para esse tipo de operação. Classe 5: Leitura e escrita com transmissores integrados, todas as funcionalidades da classe 4 somadas à capacidade de se comunicar com transponders passivos. Conceitualmente, são leitoras. TEMA 2 – BLUETOOTH O bluetooth é um sistema de comunicação sem fio muito utilizado para comunicação nos equipamentos atuais, como celulares, tablets, computadores e acessórios diversos, como fones de ouvido, mouses, teclados etc. Esta tecnologia foi desenvolvida com o objetivo de permitir conexões rápidas, em pequenas distâncias, e com baixo consumo de energia. A transmissão é realizada por radiofrequência e projetada para identificar qualquer outro dispositivo, necessitando apenas que ambos estejam dentro do limite de proximidade especificado. Devido à grande variedade de dispositivos e aplicações, o bluetooth pode ser dividido em 3 classes: Classe 1: potência máxima de 100mW e alcance de até 100m. Classe 2: potência máxima de 2,5mW e alcance de até 10m (mais utilizada). Classe 3: potência máxima de 1mW e alcance de até 1m. 2.1 Funcionamento O bluetooth se utiliza de frequência aberta de rádio, mais especificamente da faixa ISM (Industrial, Scientific, Medical - Instdustrial, Científica e Médica), 8 que opera na frequência de 2,45GHz. Como essa frequência é utilizada por diversos sistemas de comunicação, é necessário garantir que o sinal não sofra e também não gere interferência. Para isso, o sinal de bluetooth divide a frequência em vários canais, utilizando o esquema de comunicação FH-CDMA (Frequency Hopping – Code-Division Multiple Access). O dispositivo que faz a conexão muda de canal rapidamente (salto de frequência), fazendo com que a largura de banda seja pequena e, portanto, diminuindo a possibilidade de interferência. O bluetooth pode utilizar até 79 frequências na faixa ISM. A comunicação bluetooth funciona em modo full-duplex, ou seja, permite que um dispositivo transmita e receba dados. Para isso, a transmissão é alternada entre slots de transmissão e recepção. Esse esquema de funcionamento é o FH/TDD (Frequency Hopping/ Time Division Duplex). A conexão entre emissor e receptor (enlace) utiliza dois padrões: SCO (Synchronous Connection-Oriented) e ACL (Asynchronous Connection-Less). O SCO realiza um link sincronizado entre os dispositivos, e cada um recebe um slot diferente. Este tipo de link é utilizado em aplicações como transmissão de voz, em que há o envio contínuo de dados. Neste caso, não há retransmissão de dados perdidos. Por outro lado, o link estabelecido pelo padrão ACL é iniciado por um dispositivo que gerencia a comunicação com os demais dispositivos da rede. Esse modo de comunicação permite o reenvio de pacotes de dados perdidos. O mesmo padrão é utilizado em aplicações que realizam a transferência de arquivos. 2.2 Rede bluetooth Uma rede bluetooth é caracterizada pela comunicação de dois ou mais dispositivos que, juntos, formam uma rede chamada piconet. O dispositivo que inicia a conexão fica encarregado de ser o mestre (master), e os demais se conectam como escravos (slave) A função do mestre é realizar o sincronismo dos dispositivos e a transmissão das informações. Uma rede piconet comporta até oito dispositivos, podendo ter somente um mestre. As redes piconet também podem se conectar entre si, sendo essa conexão chamada de scatternet. Entretanto, um dispositivo não pode ser mestre 9 de mais de uma piconet ao mesmo tempo. A figura 4 apresenta uma representação gráfica das duas redes. Figura 4 – Exemplo de redes piconet e scatternet Fonte: Adaptado de Alecrim, 2017. Para que um dispositivo possa se conectar à rede piconet, é necessário o envio de um sinal Inquiry. Quando os outros dispositivos da rede o recebem, enviam o pacote FHS (Frequency Hopping Synchronization) com informações de identificação e sincronização. Com essas informações, o dispositivo que entrou na rede envia o sinal Page para estabelecer a conexão com o dispositivo desejado. Um dos objetivos da tecnologia bluetooth é a economia de energia e, para isso, há um sinal chamado Scan, que faz com que dispositivos ociosos entrem em stand-by. Entretanto, os dispositivos precisam despertar periodicamente para verificar se não há tentativa de conexão por outro aparelho. 2.3 Versões implementadas Desde a sua criação, a comunicação bluetooth vem acompanhando o desenvolvimento tecnológico dos dispositivos. Atualmente, está disponível a quinta versão desta tecnologia. Segundo Alecrim (2017), é possível descrever as seguintes características de cada versão: Bluetooth 1.0: representa as primeiras especificações do Bluetooth. Tecnologia em estágio inicial. A velocidade padrão do Bluetooth 1.0 é de 721 Kb/s. 10 Bluetooth 1.1: lançamento em fevereiro de 2001. Estabelecido como padrão IEEE 802.15. Suporte ao RSSI (Received Signal Strength Indication), sistema para medir a potência de recepção de sinal. A velocidade padrão foi mantida em 721 Kb/s. Bluetooth 1.2: lançamento em novembro de 2003. Implementou conexões mais rápidas, melhor proteção contra interferências, suporte aperfeiçoado a scatternets e processamento de voz mais avançado. Bluetooth 2.0 + EDR: lançamento em novembro de 2004. Novos aperfeiçoamentos à tecnologia: diminuição do consumo de energia, aumento na velocidade de transmissão de dados para até 3 Mb/s (2.1 Mb/s efetivos), correção das falhas existentes na versão 1.2 e melhor comunicação entre os dispositivos. Bluetooth 2.1 + EDR: lançamento em agosto de 2007. Os principais destaques são o acréscimo de mais informações nos sinais Inquiry (permitindo um processo de seleção apurado dos dispositivos antes de estabelecer uma conexão), melhorias nos procedimentos de segurança (inclusive nos recursos de criptografia) e melhor gerenciamento do consumo de energia. Bluetooth 3.0 + HS: lançamento em abril de 2009. Os principais destaques são altas taxas de velocidade de transferência de dados, dispositivos compatíveis podem atingir a marca de 24 Mb/s de transferência e o controle mais inteligente do gasto de energia exigido para as conexões. Bluetooth 3.0 é compatível com as versões anteriores da tecnologia. Bluetooth 4.0: lançamento em dezembro de 2009. O diferencial é em relação à economia de energia, pois o padrão é capaz de exigir muito menos energia quando o dispositivo está ocioso. Bluetooth 4.1: lançamento no final de 2013. Incorporou recursos que tornam a tecnologia ainda mais receptiva a dispositivos móveis, especialmente àqueles que se enquadram na chamada internet das coisas. Nesta versão, a economia no consumo de energia ganhou mais importância. Possui características que o tornam menos exigente em relação ao uso de recursos, como um modo de trabalho que mantém o módulo de Bluetooth quase inativo quando o dispositivo é afastado de 11 uma conexão, voltando ao estado normal somente quando a conexão é reestabelecida. Bluetooth 4.2: apresentado no final de 2014. A versão tem pleno suporte ao IPv6 para tornar a tecnologia ainda mais relevante para a internet das coisas: câmerasde segurança, lâmpadas inteligentes, termostatos e outros dispositivos domésticos podem usar a tecnologia de modo otimizado para comunicação no mesmo ambiente ou para acesso à internet. Utiliza criptografia do tipo FIPS (mais avançado) nas conexões e tem controle mais rigoroso da segurança, assegurando que apenas dispositivos devidamente autorizados se conectem a outros. Bluetooth 5: apresentado no final de 2016. Permite que dispositivos se comuniquem em distâncias de até 40 metros. A velocidade passou de 24 Mb/s para 50 Mb/s. Inclui o uso de técnicas que diminuem o risco de interferências em redes Wi-Fi ou LTE, suporte a mais dispositivos conectados ao mesmo tempo, funções para facilitar a geolocalização dos equipamentos conectados e mais controle sobre o consumo de energia. TEMA 3 – WIFI WiFi é uma tecnologia de transmissão de dados que usa ondas de rádio para fornecer conectividade. A grande vantagem deste tipo de comunicação sem fio é a compatibilidade com a maioria dos sistemas operacionais existentes, pois não foi desenvolvido um protocolo específico para este tipo de comunicação, e sim a utilização do protocolo ethernet, que já é mundialmente difundido e aceito. A diferença está nas especificações do meio que está sendo utilizado para a transmissão dos dados, que, neste caso, é a radiofrequência. Isto permitiu que a interconexão com as redes locais e com a internet pudesse ser realizada sem dificuldades. O Wifi se baseia no padrão internacional IEEE 802.11. A grande maioria de dispositivos móveis, tais como telefones celulares, tablets, impressoras e kits de desenvolvimento, como o Raspberry Pi 3, possuem Wifi em suas implementações. Além dos ambientes residenciais e comerciais, onde já estamos acostumados a encontrar redes WiFi disponíveis, essa tecnologia está presente em ambientes industriais, que utilizam esse tipo de rede para comunicar os diversos equipamentos espalhados pelo chão de fábrica com o sistema de 12 automação. A figura 5 apresenta uma rede industrial utilizando uma rede WiFi para a comunicação entre equipamentos e sistema de controle. Figura 5 – Comunicação industrial utilizando uma rede WiFi Fonte: Moxa. Esta tecnologia de transmissão utiliza as faixas de frequência que não necessitam de aprovação de entidades reguladoras, ou seja, as faixas ISM (Industrial, Scientific and Medical) que possuem os seguintes intervalos: 902 MHz - 928 MHz; 2,4 GHz - 2,485 GHz e 5,15 GHz - 5,825 GHz. 3.1 SSID (Service Set Identifier) Basicamente, uma rede WiFi dispõe de um equipamento chamado de Access Point (AP), que libera o acesso aos dispositivos que desejam se conectar à rede. Essa rede também é conhecida como Basic Service Set (BSS). Atualmente, é natural encontrar diversas redes em um mesmo local. Para que essas redes possam ser identificadas, utiliza-se o Service Set Identifier (SSID), que nada mais é que um nome dado à rede e que é inserido no cabeçalho de cada pacote transmitido por ela. 13 3.2 Versões implementadas Com o desenvolvimento das novas tecnologias, este padrão de comunicação recebeu novas versões com melhorias implementas, sendo elas: Padrão 802.11: primeira versão lançada em 1997. Padronizou a operação na faixa de frequências entre 2,4 GHz e 2,48GHz. Esta versão definiu a taxa de transmissão em 1 Mb/s. As técnicas de transmissão utilizas são Direct Sequence Spread Spectrum (DSSS) e Frequency Hopping Spread Spectrum (FHSS). Padrão 802.11b: lançado em 1999. Principal diferença para a versão anterior são as velocidades de transmissão de 1 Mb/s, 2 Mb/s, 5,5 Mb/s e 11 Mb/s. Devido às velocidades mais altas, utiliza somente a técnica de transmissão DSSS. A área de cobertura em ambientes fechados fica em torno de 50m (em áreas abertas pode passar de 100m). A velocidade de transmissão varia em função da distância entre o dispositivo e o Access Point, ou seja, quanto mais longe, menor será a velocidade, e quanto mais próximo, maior será a velocidade. Esta variação de velocidade permite que a rede se mantenha funcional. Padrão 802.11a: lançado no final de 1999. Tem como características principais as velocidades de transmissão de 6 Mb/s, 9 Mb/s, 12 Mb/s, 18 Mb/s, 24 Mb/s, 36 Mb/s, 48 Mb/s e 54 Mb/s. O alcance desta versão fica em torno de 50m e opera na frequência de 5GHz com canais de 20MHz. Pode ocorrer alguma dificuldade de comunicação com as versões anteriores que operam em outra faixa de frequência. A técnica de transmissão utilizada é a Orthogonal Frequency Division Multiplexing (OFDM), em que os dados são divididos em pequenos conjuntos transmitidos de forma simultânea em frequências diferentes. Padrão 802.11g: lançado em 2013. Trabalha com taxas de transmissão de até 54 Mb/s, porém, na faixa de frequência de 2,4 GHz com canais de 20MHz. Utiliza a técnica de transmissão OFDM, no entanto, quando há a necessidade de se comunicar com um dispositivo que utiliza a versão 802.11b, a técnica utilizada é a DSSS. Padrão 802.11n: nesta versão foi implementado o MIMO (Multiple-Input Multiple-Output), técnica utilizada para aumentar as taxas de transferência de dados com a utilização de várias antenas. Para isso, 14 tanto o Access Point quanto os dispositivos precisam ter a mesma quantidade de antenas. Com este padrão, é possível alcançar taxas de transmissão em torno de 300Mb/s. A faixa de frequência de operação pode ser tanto a de 2,4 GHz quanto a de 5 GHz, tornando este padrão totalmente compatível com as versões anteriores. A técnica de transmissão combina o padrão OFDM com alterações para utilizar o MIMO. Estudos indicam que a cobertura do sinal pode ultrapassar 400m. Padrão 802.11ac: taxa de transmissão em torno de 433 Mb/s em modo simples e em torno de 1,3 Gb/s com várias antenas. Opera na faixa de frequência de 5GHz com canais de 80MHz de largura de banda. Utiliza a técnica de modulação MU-MIMO (Multi-User MIMO) e o método de transmissão Beamforming, ou TxBF, onde o roteador (Access Point) consegue avaliar a comunicação com um equipamento cliente e otimizar a sua transmissão. TEMA 4 – ZIGBEE Zigbee é uma rede de comunicação sem fio que funciona por radiofrequência e tem como objetivo atender à comunicação e à transferência de dados de sensores e dispositivos de controle. Esta tecnologia possui baixo custo e baixo consumo de energia, sendo ideal para aplicações que necessitam de sistemas embarcados, como controle industrial e automação residencial. Esse sistema de comunicação se baseia no padrão IEEE 802.15.4 e define as camadas física e de controle de acesso ao meio para lidar com vários dispositivos com baixa taxa de transferência de dados (em torno de 250kbps), sendo o mais indicado para transmissões periódicas entre sensores, atuadores e controladores. A rede Zigbee utiliza a topologia em estrela, árvore e malha (mesh) e pode alcançar até 100 metros. Além disso, ela é mais barata e mais simples que outras redes de curto alcance, como bluetooth e WiFi. 4.1 Arquitetura A estrutura de uma rede Zigbee é composta por três tipos de dispositivos, sendo eles: coordenador da rede, roteador e dispositivo final. A rede deve apresentar pelo menos um coordenador, que terá a função de raiz (root) da rede, 15 responsável por gerenciar e armazenar as informações transmitidas e recebidas. O roteador, por sua vez, age como um dispositivo intermediário que realiza a comunicação entre os diversos dispositivos. Por fim, o dispositivo final tem suas funções limitadas a se comunicar com o nó pai para garantir a economia de energia. A quantidade de coordenadores, roteadores e dispositivos dependerá do tipo de rede utilizado. A figura 6 apresenta os três tipos principais de dispositivos em uma rede Zigbee. Figura 6 – Rede ZigBee e seus principais dispositivos Fonte: El procus.4.2 Aplicações da tecnologia Automação industrial: na indústria, um link de comunicação monitora continuamente vários parâmetros e equipamentos críticos. A utilização de uma rede Zigbee reduz de forma significante este custo de comunicação e otimiza o processo de controle com maior confiabilidade. Automação residencial: em automação residencial, esta tecnologia pode ser utilizada no controle de eletrodomésticos, sistema de iluminação, controle de aparelhos eletrônicos e equipamentos de sistema de segurança, por exemplo. Medição inteligente: utilização em sistemas remotos de medição inteligente, como consumo de energia elétrica. Monitoramento Smart Grid: pode ser utilizada nas redes inteligentes que envolvam monitoramento remoto de temperatura, localização de falhas, gerenciamento de energia reativa etc. 16 TEMA 5 – WIMAX O WiMAX (Worldwide Interoperability for Microwave Access) é uma tecnologia de comunicação sem fio de longo alcance. Esta rede foi desenvolvida com a intenção de substituir as conexões por cabo entre a operadora de telecomunicações e o cliente no final da infraestrutura de banda larga. Esta tecnologia utiliza o padrão IEEE 802.16, que especifica uma interface de rede sem fio para redes metropolitanas. É importante ressaltar que a tecnologia WiMAX não faz concorrência direta com as redes WiFi, pois, enquanto esta última possui alcance de poucos metros, a primeira tem alcance de quilômetros. Basicamente, os equipamentos WiMAX são divididos em dois grupos, sendo o primeiro as estações base instaladas nos provedores de serviço, que possuem certa área de cobertura, e o segundo grupo são os receptores instalados no cliente final. A figura 7 apresenta graficamente o funcionamento da rede WiMAX. Figura 7 – Funcionamento de uma rede WiMAX Fonte: Zia, 2012. 5.1 Principais características Como principais características dessa tecnologia, podemos citar: Pode alcançar área de cobertura em um raio de 50km e velocidade de até 70Mps. 17 Uma única antena pode oferecer banda larga a até 60 usuários domésticos e, para uma região com obstáculos (prédios), o alcance diminui para cerca de 15km. Possui duas versões: a 802.16d, para acesso de equipamentos parados (residência e escritórios), e o 802.16e, para ser utilizado em equipamentos e dispositivos móveis. Pode ser utilizada na faixa não licenciada de 5,8GHz para conexão interna entre filiais, para as operadoras de telecomunicações a utilização pode ser feita na faixa licenciada de 3,5GHz e 10,5GHz. Utiliza o protocolo IP. Utiliza a tecnologia MIMO (Multiple Input Multiple Output), que permite aos dispositivos de comunicação ter várias antenas para transmitir e receber informação de forma simultânea. Trabalha com modulação OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplexing), que opera com vários sinais portadores de forma simultânea. Esta tecnologia concorre diretamente com a tecnologia LTE, pois ambas operam as redes que conhecemos como 4G. FINALIZANDO Como pudemos ver nesta aula, há diversas tecnologias de comunicação sem fio disponíveis no mercado que podem ser utilizadas. A escolha da melhor tecnologia dependerá da aplicação desenvolvida e do hardware que está sendo utilizado. Se utilizarmos como exemplo um kit de desenvolvimento como o Raspberry Pi 3, este possui em seu conjunto de funcionalidades as comunicações sem fio, bluetooth e WiFi. Porém, por meio dos pinos de GPIO e de módulos adicionais, pode-se integrar uma solução RFID, por exemplo. Portanto, é muito importante que, ao projetar uma nova aplicação, as formas de comunicação sejam bem pensadas durante as fases iniciais de projeto. 18 REFERÊNCIAS ALECRIM, E. O que é Wi-Fi (IEEE 802.11)? 2013. Disponível em: <https://www.infowester.com/wifi.php>. Acesso em: 1 dez. 2017. ______. Tecnologia bluetooth: o que é e como funciona? 2017. Disponível em: <https://www.infowester.com/bluetooth.php>. Acesso em: 1 dez. 2017. AGARWAL, T. ZigBee Wireless Technology Architecture and Applications. Disponível em: <https://www.elprocus.com/what-is-zigbee-technology- architecture-and-its-applications/>. Acesso em: 1 dez. 2017. EBVElektronik. RFID Selection Guide, 2010. Disponível em: <https://cdn- shop.adafruit.com/datasheets/rfid+guide.pdf>. Acesso em: 1 dez. 2017. ELPROCUS. ZigBee Network. Disponível em: <https://www.elprocus.com/wp- content/uploads/2014/05/43.jpg>. Acesso em>: 1 dez. 2017. MITCHELL, B. O que significa WiMax Internet? Lifewire. Disponível em: <https://www.lifewire.com/wimax-wireless-networking-818321>. Acesso em: 1 dez. 2017. MOXA. Produtos e soluções. Disponível em: <https://www.moxa.com/product/product.aspx>. Acesso em: 1 dez. 2017. PUHLMANN, H. Introdução à tecnologia de identificação RFID. 2015. Disponível em: <https://www.embarcados.com.br/introducao-a-tecnologia-de- identificacao-rfid/>. Acesso em: 1 dez. 2017. SAVEWAY. Tecnologia RFID. Disponível em: <http://www.saveway.com.br/rfid.html#infco>. Acesso em: 1 dez. 2017. WiMAX ou LTE? Mybq, 22 jan. 2015. Disponível em: <http://www.mibqyyo.com/pt-artigos/2015/01/22/wimax-ou- lte/#/vanilla/discussion/embed/?vanilla_discussion_id=0>. Acesso em: 1 dez. 2017. ZIA, S. A. Wi-Max: technology and architecture. SlideShare, 30 mar. 2012. Disponível em: <https://www.slideshare.net/sashar86/wimax-technology-amp- architecture>. Acesso em: 1 dez. 2017.
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