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: → Ansiolíticos: são fármacos utilizados no tratamento da ansiedade, a fim de reduzir sintomas ou intensidade das crises. → Hipnóticos: são fármacos que causam sonolência e facilitam o início e manutenção do sono. Em pequenas doses, causa sedação. Em doses maiores, hipnose e em doses ainda maiores, anestesia cirúrgica. Ambos atuam no receptor GABA A, que é ionotrópico (canal iônico), hiperpolarizando a membrana (deixando mais calma). : É um medicamento que atua no receptor de GABA A, tendo seu sítio ativo em uma região diferente de onde o GABA se localiza, portanto, o local de ligação é diferente entre eles. É importante fazer a ligação dos benzodiazepínicos com o GABA (endógeno) para haver uma abertura do canal de Cl- por mais tempo. Sendo assim, os benzodiazepínicos são dependentes de GABA. O receptor vazio é inativo e o canal de cloreto acoplado está fechado. A ligação do GABA causa abertura do canal de Cl-, levando à hiperpolarização da célula. Essa ligação é potencializada pelo benzodiazepínico, resultando em maior entrada de íons cloreto. Com isso, torna-se mais difícil a despolarização das células, resultando em uma redução da excitabilidade neuronal. São utilizados, principalmente, para ansiedade, depressão e sedação. Por possuírem uma ação muito rápida, é usado para determinadas situações em um determinado período de tempo. São classificados de acordo com seu tempo de meia vida: • Medicamento de ação longa: utilizados para o tratamento agudo de uma doença; • Medicamento de ação intermediária; e • Medicamento de ação curta. O tempo de ação deles vão variar de acordo com o fármaco, pois alguns deles precisam sofrer várias biotransformações para chegarem em seus metabólitos ativos. → Reações adversas: sonolência excessiva diurna (ressaca), pior da coordenação motora, piora da memória (amnésia anterógrada), tontura e zumbidos, quedas e fraturas, risco de dependência 50% dos que usaram por mais de um ano que chegaram a usar por 5 a 10 anos. Visto isso, é necessário fazer a retirada gradual, pois ele apresenta uma síndrome de abstinência. : São responsáveis por aumentarem o tempo de abertura dos canais de Cl-, portanto, não dependem da ligação do GABA. Além disso, possuem uma segunda ação, que resulta na diminuição da excitação neuronal, através da ligação em outros receptores metabotrópicos (AMPA e Cainato) de glutamato. Portanto, além de atuarem no GABA (deixando o canal aberto por mais tempo), atuam no glutamato (diminuindo a excitação neuronal). Não são muito utilizados para o tratamento de depressão, pois possuem uma ação muito rápida. Portanto, são utilizados como anticonvulsivantes (tratamento de epilepsia) e hipnóticos (para compor anestesia em cirurgias), pelo fato de conseguirem controlar muito melhor estados convulsionais do que atuação na ação antidepressiva. Também são classificados de acordo com o tempo de meia vida em ação longa, intermediária e curta. São eles: Amobarbital, Fenobarbital, Pentobarbital, Secobarbital e Tiopental. → Reações adversas: potencial de abuso, sonolência, vertigem, tremores, náusea e indução enzimática. Ambos os medicamentos podem causar toxicidade, por conta de sua atividade depressora sobre SNC, eles possuem pequena sedação e hipnose, até morte por depressão respiratória e cardiovascular em grandes doses. e : → Convulsão: alteração transitória do comportamento decorrente disparo rítmico, ou descarga anormal, sincrônico e desordenado de populações de neurônios cerebrais. → Epilepsia: distúrbio da função cerebral caracterizado pela ocorrência periódica e imprevisível de convulsões. Na convulsão, ocorre entrada de Ca+ de maneira prolongada e síntese de óxido nítrico, resultando um stress oxidativo e uma hiperexcitação, que caracteriza a epilepsia. Ou seja, há uma alta excitação do sistema glutamatérgico, inibindo o GABA (que acalma). Portanto, o mecanismo de ação desses medicamentos decorre da: • Potencialização de neurotransmissores do GABAérgica (inibitório); • Inibição dos canais iônicos (sódio e cálcio); ou • Inibição os neurotransmissores excitatórios (Glutamato). ➢ Fenobarbital: utilizado para o tratamento de crises tônico-clônicas generalizadas e parciais, através do aumento da inibição sináptica através de ação no receptor GABA. Portanto, esse fármaco liga-se ao receptor GABA, prolongando a abertura dos canais de Cl-, e bloqueia as respostas excitatórias induzidas pelo glutamato. Reações adversas: sedação (pode desaparecer), nistagmo, ataxia (desordem do movimento), depressão e porfiria. ➢ Inibição de Canais de Sódio: os canais de Na+, após sua abertura, ficam por um tempo desativado (fisiológico), sendo que esse período de inativação serve como proteção contra uma despolarização sustentada. Portanto, o mecanismo de ação desses fármacos aumenta o tempo de inativação. São classificados em: Hidantoína, Dibenzazepinas e Triazínicos, sendo o que diferente entre eles é o sítio que vão se ligar. - Hidantoína: a Fenitoína é um dos principais fármacos dessa classe, que tem como efeito adverso típico a hiperplasia gengival nos 3 primeiros meses de uso, além de vertigem, ataxia, cefaleia e nistagmo. - Dibenzazepinas: a Carbamazepina é um dos principais fármacos dessa classe, tendo mais efeitos adversos que os triazínicos, como sonolência, tontura, ataxia, raramente acontece uma leucopenia (redução dos leucócitos) e insuficiência hepática. - Triazínicos: a Lamotrigina é um dos principais fármacos dessa classe, tendo como reação adversa a hipersensibilidade. ➢ Inibição de Canais de Cálcio: os canais de Ca+ são importantes para liberação de neurotransmissores. Nas crises convulsivas, ocorre uma liberação exagerada de neurotransmissores. Portanto, o mecanismo de ação desses fármacos dá-se pela ação em canais de Ca, diminuindo a quantidade de neurotransmissores. São classificados em: Succinimidas. - Succinimidas: a Etossuximida é um dos principais fármacos dessa classe, tendo como efeitos adversos náusea, anorexia, alterações do humor, se não for em dose correta, aumenta as convulsões tônico- clônicas. ➢ Derivados do GABA: elevam os níveis de GABA, alterando a síntese ou revertendo o transportador de GABA, inibindo os canais de Ca+ ativados por correntes de alta voltagem, alterando: • O metabolismo do GABA; • Sua liberação não-sináptica; ou • Sua recaptação por transportadores de GABA. Os efeitos colaterais são praticamente isentos e o principal fármaco dessa classe é a Gabapentina. ➢ Outros Mecanismos: - Vigabatrina: inibe GABA transaminases, que são responsáveis pela degradação de GABA, para aumentar a liberação de GABA nas fendas sinápticas, aumentando seus efeitos inibitórios. É indicado para pacientes que não respondem aos fármacos convencionais. Tem como principais efeitos colaterais: sonolência, alterações comportamentais e alterações no humor. - Ácido Valpróico (Depakene): bloqueia os disparos repetitivos de sódio, além de bloquearem receptores NMDA de glutamato (bloqueia a excitação); facilitam a síntese de GABA, estimulando a GAD (Gaba desidrogenase); e, em altas concentrações, inibe a degradação do GABA. Tem como efeitos adversos alopecia, ganho de peso, sedação, anorexia, náuseas. - Topiramato (Topamax): bloqueia os disparos repetitivos de sódio; potencializam o efeito inibitório de GABA; e antagoniza o glutamato. É muito utilizado para tratamento de compulsões (compulsão alimentar) e é menos utilizado para epilepsia. : A causa da doença de Parkinson é desconhecida para a maioria dos pacientes. A doença está relacionada com a degeneração de neurônios dopaminérgicos na substância negra com consequente redução das ações da dopamina no corpo estriado – parte do sistema de gânglios basais que estão envolvidos no controle motor. As principais vias dopaminérgicassão: a) Via nigroestriatal: projeta-se da substância negra, no mesencéfalo, para o estriado dorsal, no diencéfalo; está envolvida na regulação de movimentos. b) Via mesolímbica: acredita-se que esteja envolvida na euforia, recompensa e vício. c) Via mesocortical: partindo da área tegmental ventral e inervando o córtex pré-frontal; regula funções cognitivas e emocionais. d) Via tuberoinfundibular: do hipotálamo para a adenoipófise, inibe secreção de prolactina. e) Via talâmica: parte de várias áreas do cérebro para o tálamo; não se sabe ainda a função dessa via. Se tratando de Parkinson os principais receptores para modular são D2 (inibitório) e D1 (excitatório) A concentração normalmente alta de dopamina nos núcleos da base do cérebro encontra-se reduzida no parkinsonismo, e as tentativas farmacológicas de restaurar a atividade dopaminérgica com agonistas da levodopa e da dopamina aliviam muitas das manifestações motoras do distúrbio. Uma abordagem alternativa, porém, complementar, tem sido restaurar o equilíbrio normal das influências colinérgica e dopaminérgica nos núcleos da base com fármacos antimuscarínicos. A base fisiopatológica dessas terapias no parkinsonismo idiopático consiste na perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra, que normalmente inibem o débito das células GABAérgicas no corpo estriado. Os fármacos que induzem síndromes parkinsonianas são antagonistas dos receptores de dopamina ou levam à destruição dos neurônios nigroestriatais dopaminérgicos. ➢ Via Nigroestrial: o estriado é a estrutura aferente principal dos gânglios da base e recebe estímulos glutamatérgicos excitatórias provenientes de muitas áreas do córtex cerebral. O estriado contém neurônios de projeção, que expressam predominantemente receptores dopaminérgicos D1 ou D2, assim como interneurônios que utilizam a ACh como neurotransmissor. Os estímulos eferentes originados do estriado seguem por duas vias. A via direta entre o estriado e a parte reticulada da substância negra (SNpr) e a parte interna do globo pálido (GPi) utiliza o transmissor inibitório GABA. A via indireta do estriado passando pela parte externa do globo pálido (GP e) e o núcleo subtalâmica (NST) e chegando à SNpr e à GPi consiste em duas conexões GABAérgicas inibitórias e uma projeção glutamatérgica excitatória (Glu). A parte compacta da substância negra (SNpc) fornece inervação dopaminérgica aos neurônios estriatais, que dá origem às vias direta e indireta, além de regular a atividade relativa destas duas vias. A SNpr e a Gpi são as estruturas eferentes dos gânglios basais e fornecem retroalimentação ao córtex cerebral por meio dos núcleos ventroanteriores e v entro laterais do tálamo (V ANL). Via Direta: o corpo estriado receberá estímulo glutamatérgicos (principal neurotransmissor excitatório) vindo do córtex, dessa forma, haverá a liberação de GABA (principal neurotransmissor inibitório), que atuará no GPi, hiperpolarizando-o e inibindo-o. Como consequência, haverá a inibição da inibição e, assim, o tálamo será estimulado a liberar glutamato, que irá agir no córtex cerebral. O córtex cerebral libera glutamato que atuará na parte cortical da substância negra (SNpc), liberando dopamina, que estimulará a ACh a causar a inibição, reiniciando o processo. Via Indireta: o corpo estriado receberá estímulo glutamatérgicos (principal neurotransmissor excitatório) vindo do córtex, assim, D2 (receptor inibitório) liberará GABA que vai inibir o GPe. Dessa forma, ocorrerá a inibição da inibição. O núcleo subtalâmico, liberará glutamato, que estimulará o GPi a liberar GABA, inibindo o tálamo. ➢ A Via na Doença de Parkinson: a anormalidade primária é a destruição dos neurônios dopaminérgicos da SNpc. Os neurônios estriatais que formam a via direta entre o estriado e a SNpr e a GPi expressam predominantemente o receptor D1 excitatório da DA, enquanto os neurônios estriatais que se projetam à GPe e formam a via indireta expressam o receptor D2 inibitório. Desse modo, a perda da estimulação dopaminérgica do estriado produz efeitos diferentes nas duas vias eferentes; a via direta que se dirige à SNpr e à GPi é menos ativa (estruturas em roxo), enquanto a atividade indireta é aumentada (estruturas em vermelho). O efeito final é que os neurônios da SNpr e da GPi se tornam mais ativos. Isso acentua a inibição do tálamo V AlVL e diminui os estímulos excitatórias do córtex. As linhas em azul-claro indicam as vias primárias com atividade reduzida. Os principais fármacos antiparkinsonianos são: → Drogas que substituem a dopamina; → Drogas que imitam a ação da dopamina; → Inibidores de MAO e COMT; → Drogas que liberam dopamina; → Antagonistas da ACh ➢ Levodopa: é o metabólito precursor da dopamina, por si só inerte, atuando através da sua descarboxilação a dopamina. Na metabolização da Levodopa ocorre a formação do metabólito 3-O- metildopa (3-OMD). No cérebro ela é rapidamente descarboxilada a dopamina. A DA liberada pode ser recaptada e armazenada (antes de sofrer ação da MAO e COMT). Transportadores de aminoácidos na BHE e vasos sanguíneos pode haver competição a este nível. A biotransformação periférica pela dopa descarboxilase e pela COMT podem diminuir a taxa de levodopa q penetra no SNC. Grande parte da levo é descarboxilada na mucosa intestinal e em outras regiões ricas em MAO, de maneira que uma quantidade relativamente pequena da droga inalterada atinge o SNC cerca de 1%. Apenas 1-3% aproximadamente da Levodopa administrada chega inalterada no cérebro, sendo que grande parte administrada é descarboxilada pela MAO presente na mucosa intestinal e em outros locais periféricos. Seus efeitos adversos são anorexia, náusea, taquicardia e hipotensão. ➢ Inibidores da MAO: são eles Selegilina (Niar®) e Rasagilina (Azilect ®). Inibem seletivamente a MAO-B retarda a degradação da dopamina no estriado; não inibe o metabolismo periférico das calecolaminas (associação com levodopa). ➢ Inibidores da COMT: são eles o Tolcapone (Tasmar®) e o Entacapone (Comtan ®). Fazem o bloqueio da conversão periférica e/ou central da L-DOPA em 3-O-metil-DOPA, o que aumenta a fração que atinge o SNC, aumenta do T ½ plasmática da levodopa (menor frequência das doses), prolongam a resposta e diminuem flutuações da L-DOPA. ➢ Agonistas Dopaminérgicos: são agonistas diretos dos receptores dopamina no estriado. São eles Bromocriptina (Parlodel® - agonista D2 e antagonista parcial D1) e Pergolida (Celance® - +potente - agonista D2 e D1 - T1/2 longo). Podem causar efeitos adversos como náuseas e vômitos, hipotensão ortostática, discinesias, alucinações, psicoses e confusão mental. Suas vantagens são que não necessitam de conversão enzimática para ação, apresentam seletividade relativa aos receptores dopaminérgicos, não sofrem competição no transporte e apresentam tempo de meia vida mais longa. ➢ Facilitadores de liberação de dopamina: são eles Amantadina (Mantidan®) e Memantina (Akatinol), atuam alterando a liberação e recaptação da dopamina, retardam a recaptação de dopamina e são agonistas parciais glutamatérgicos (NMDA). : A psicose é o estado no qual o indivíduo perde contato com a realidade, alguns dos sintomas são a presença de alucinações, ilusões, delírios, transtornos do pensamento formal. Os agentes antipsicóticos têm a capacidade de reduzir os sintomas psicóticos em uma variedade de condições, inclusive esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão psicótica, psicoses senis, várias psicoses orgânicas e psicoses induzidas por substâncias. Além disso, são capazes de melhorar o humor e de reduzir a ansiedade e os distúrbios do sono, porém não constituem o tratamento de escolha quando esses sintomas representam o transtorno primário em pacientes não psicóticos. A esquizofrenia é o distúrbio da percepção eintegração da realidade, em casos severos pode levar ao prejuízo da cognição e motivação. → Sintomas Positivos: delírios e alucinações, fala e comportamento desorganizados, afeto incongruente, insônia, transtorno de pensamento. → Sintomas Negativos: isolamento social, redução da produção e fluência do pensamento (alogia) e da produção da fala, anedonia, avolição, embotamento afetivo – facilmente confundido com depressão. De forma anatômica, a esquizofrenia é causada pelo aumento do tamanho ventricular (perda de tecido neuronal); diminuição do córtex pré-frontal e hipocampo - diminuição do tamanho do neurônio; e crca de 30 - 50% de diminuição na expressão de mielina no córtex pré- frontal e hipocampo. ➢ Teoria Serotoninérgica da Esquizofrenia: a descoberta de que alucinógenos indólicos, como o LSD (dietilamida do ácido lisérgico) e a mescalina, são agonistas da serotonina (5-HT) levou à pesquisa de alucinógenos endógenos na urina, no sangue e no cérebro de pacientes com esquizofrenia. Essa tentativa foi infrutífera, porém a identificação de muitos subtipos do receptor de 5-HT propiciou a descoberta fundamental de que a estimulação dos receptores 5-HT2A e, possivelmente, 5-HT2C constitui a base dos efeitos alucinatórios desses agentes. Foi constatado que o bloqueio dos receptores 5-HT2A representa um fator-chave no mecanismo de ação da principal classe de agentes antipsicóticos atípicos, dos quais a clozapina é o protótipo, e que incluem, por ordem de introdução na prática médica mundial, a melperona, risperidona, zotepina, blonanseína, olanzapina, quetiapina, ziprasidona, aripiprazol, sertindol, paliperidona, iloperidona, asenapina e lurasidona. Esses fármacos são agonistas inversos do receptor 5-HT2A, isto é, bloqueiam a atividade constitutiva desses receptores. Esses receptores modulam a liberação de dopamina, norepinefrina, glutamato, GABA e acetilcolina, entre outros neurotransmissores, no córtex, na região límbica e no estriado. A estimulação dos receptores 5-HT2A leva à despolarização dos neurônios glutamatérgicos, mas também à estabilização dos receptores N-metil-d-aspartato (NMDA) nos neurônios pós- sinápticos. Recentemente, foi constatado que os alucinógenos são capazes de modular a estabilidade de um complexo constituído por receptores 5-HT2A e NMDA. A estimulação dos receptores 5-HT2C proporciona um meio adicional de modular a atividade dopaminérgica cortical e límbica. A estimulação dos receptores 5-HT2C leva à inibição da liberação cortical e límbica de dopamina. Muitos agentes antipsicóticos atípicos, por exemplo, a clozapina, a asenapina e a olanzapina, são agonistas inversos do 5-HT2C. Os agonistas do 5- HT2C estão sendo estudados como agentes antipsicóticos. ➢ Teoria Glutamatérgica da Esquizofrenia: o glutamato é o principal neurotransmissor excitatório no cérebro. A fenciclidina (PCP) e a cetamina são inibidores não competitivos do receptor NMDA, que exacerbam tanto o comprometimento cognitivo como a psicose em pacientes com esquizofrenia. A PCP e uma substância relacionada, MK-801, aumentam a atividade locomotora e, de forma aguda ou crônica, uma variedade de prejuízos cognitivos em roedores e primatas. Esses efeitos foram amplamente utilizados como meio para desenvolver novos fármacos antipsicóticos capazes de aumentar a atividade cognitiva. Os antagonistas seletivos de 5-HT2A, bem como os fármacos antipsicóticos atípicos, são muito mais potentes do que os antagonistas D2 no bloqueio desses efeitos da PCP e MK-801. Esse foi o ponto inicial para a hipótese de que a hipofunção dos receptores NMDA, localizados nos interneurônios GABAérgicos, resultando em diminuição das influências inibitórias na função neuronal, contribui para a esquizofrenia. A diminuição da atividade GABAérgica pode induzir uma desinibição da atividade glutamatérgica distal, podendo levar a uma hiperestimulação dos neurônios corticais por meio de receptores não NMDA. As evidências preliminares sugerem que o LY2140023, um fármaco que atua como agonista do receptor de glutamato metabotrópico 2/3 (mGLuR2/3), pode ser efetivo na esquizofrenia. O receptor NMDA, um canal iônico, necessita da glicina para a sua atividade integral. Foi sugerido que, em pacientes com esquizofrenia, o sítio de glicina do receptor NMDA não está totalmente saturado. Foram efetuados vários ensaios clínicos com altas doses de glicina para promover a atividade glutamatérgica, porém os resultados estão longe de serem convincentes. Na atualidade, inibidores do transporte da glicina estão em fase de desenvolvimento como possíveis agentes antipsicóticos. As ampaquinas são fármacos que potencializam as correntes mediadas pelos receptores de glutamato do tipo AMPA. Em testes comportamentais, as ampaquinas mostram-se efetivas na correção de comportamentos em vários modelos animais de esquizofrenia e depressão. Eles protegem os neurônios de agressões neurotóxicas, em parte ao mobilizarem fatores de crescimento, como o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). ➢ Teoria Dopaminérgica da Esquizofrenia: a hipótese dopaminérgica da esquizofrenia foi o segundo conceito formulado baseado em neurotransmissores, porém deixou de ser considerada adequada como explicação para todos os aspectos da esquizofrenia, em particular o prejuízo cognitivo. Entretanto, continua muito relevante para a compreensão das principais dimensões da esquizofrenia, como sintomas positivos e negativos (embotamento emocional, isolamento social, falta de motivação), comprometimento cognitivo e, possivelmente, depressão. É também essencial para entender os mecanismos de ação da maioria e, provavelmente, de todos os fármacos antipsicóticos. Várias evidências sugerem que a atividade dopaminérgica límbica excessiva desempenha uma função na psicose: (1) muitos fármacos antipsicóticos bloqueiam acentuadamente os receptores D2 pós-sinápticos no sistema nervoso central (SNC), sobretudo no sistema mesolímbico e no estriatal-frontal, o que inclui agonistas parciais da dopamina, como o aripiprazol e o bifeprunox; (2) os fármacos que aumentam a atividade dopaminérgica, como a levodopa, as anfetaminas e a bromocriptina e apomorfina, agravam a esquizofrenia ou produzem psicose de novo em alguns pacientes; (3) foi constatado que a densidade de receptores de dopamina post mortem está aumentada nos cérebros de esquizofrênicos que não foram tratados com fármacos antipsicóticos; (4) alguns estudos post mortem de indivíduos esquizofrênicos, mas nem todos, relataram um aumento dos níveis de dopamina e da densidade de receptores D2 no nucleus accumbens, caudado e putame; (5) os exames de imagem demonstraram uma liberação aumentada de dopamina estriatal induzida por anfetaminas, aumento da ocupação basal dos receptores D2 estriatais pela dopamina extracelular e outras medidas compatíveis com aumento da síntese e liberação de dopamina estriatal. Entretanto, a hipótese dopaminérgica está muito longe de fornecer uma explicação completa de todos os aspectos da esquizofrenia. Foi sugerido que a diminuição da atividade dopaminérgica cortical ou hipocampal está subjacente ao prejuízo cognitivo e sintomas negativos da esquizofrenia. Exames de imagem post mortem e in vivo da neurotransmissão dopaminérgica cortical, límbica, nigral e estriatal em indivíduos esquizofrênicos forneceram achados compatíveis com uma atividade dopaminérgica diminuída nessas regiões. Em estudos post mortem, foi relatada uma diminuição da inervação dopaminérgica no córtex temporal medial, córtex pré-frontal dorsolateral e hipocampo, bem como níveis diminuídos de DOPAC, um metabólito da dopamina, no cingulado anterior. Os exames de imagem realizados revelaram níveis aumentados de receptor D1 pré- frontal, correlacionados com prejuízo da memória de trabalho. O fato de que vários dos fármacos antipsicóticosatípicos exercem muito menos efeito sobre os receptores D2, embora ainda sejam efetivos na esquizofrenia, redirecionou a atenção para a atuação dos demais receptores de dopamina e de outros receptores. Os receptores de serotonina – em particular o subtipo de receptor 5-HT2A – podem mediar os efeitos sinérgicos ou proteger contra as consequências extrapiramidais do antagonismo de D2. Como resultado dessas considerações, a pesquisa passou a focar compostos passíveis de atuação sobre vários sistemas de transmissores-receptores, como a serotonina e o glutamato. Os fármacos antipsicóticos atípicos compartilham a propriedade de antagonismo fraco dos receptores D2 e bloqueio mais potente dos receptores 5-HT2A. : • KATZUNG, B. G. Farmacologia básica e clínica. 13ªed. Porto Alegre: Artmed, 2015. • RANG, H. P. Farmacologia. 7ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. • BRUNTON, L. L. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman e Gilman. 12ªed. Porto Alegre: Artmed, 2012. • Resumos da Med: https://www.passeidireto.com/arquivo/95811200/farmacos-do-snc https://www.passeidireto.com/arquivo/95811200/farmacos-do-snc
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