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enfermagem da familia I

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Juliana Gimenez Amaral
Colaboradoras: Profa. Raquel Machado Coutinho 
 Profa. Renata Guzzo Souza Belinelo
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Enfermagem da Família
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Professora conteudista: Juliana Gimenez Amaral
Enfermeira, especialista em oncologia pela EE-USP. Mestre em Enfermagem com ênfase em saúde do idoso 
pela UNG e doutora em Patologia pela UNIP. Professora titular da UNIP nas áreas de saúde do adulto e do idoso. 
Coordenadora do curso de Enfermagem no campus Alphaville.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
A485e Amaral, Juliana Gimenez.
Enfermagem da Família / Juliana Gimenez Amaral. - São Paulo: 
Editora Sol, 2018.
 136 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-011/18, ISSN 1517-9230.
1. Enfermagem da família. 2. Atenção domiciliar. 3. Acolhimento. 
I. Título
CDU 616-083-0053.8
W500.60 – 19
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Fabricia Carpinelli
 Giovanna Oliveira
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Sumário
Enfermagem da Família
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CONCEITO DE FAMÍLIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES NO DECORRER DA HISTÓRIA .................9
1.1 A família como um sistema ............................................................................................................. 12
1.2 Enfermagem da família ..................................................................................................................... 15
1.3 Avaliação da família ............................................................................................................................ 18
1.4 Intervenção na família ....................................................................................................................... 24
1.5 Ciclos de vida familiar ........................................................................................................................ 25
1.5.1 Infância ....................................................................................................................................................... 28
1.5.2 Adolescência ............................................................................................................................................. 33
1.5.3 Fase adulta ................................................................................................................................................. 41
1.5.4 Envelhecimento ....................................................................................................................................... 61
2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA........................................................................................... 63
3 ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) ............................................................................................. 67
3.1 Outras equipes de atuação da atenção básica ......................................................................... 72
3.1.1 Equipes de atenção básica a populações específicas ............................................................... 72
3.2 Territorialização em estratégia de saúde da família .............................................................. 75
4 ATENÇÃO DOMICILIAR .................................................................................................................................. 76
Unidade II
5 ACOLHIMENTO .................................................................................................................................................. 86
6 ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM EMERGÊNCIAS ................................................ 94
Unidade III
7 VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR ......................................................................................................................105
8 CUIDADOS PALIATIVOS ...............................................................................................................................114
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APRESENTAÇÃO
Quem nunca ficou triste ou sem saber o que fazer perante um membro da família doente? Quem 
nunca foi chamado para auxiliar no cuidado direto ou transporte de uma pessoa enferma?
Sim, a família é um sistema que envolve uma estrutura interna e outras pessoas ao redor, isto é, no 
trabalho, igreja, escolas, cursos, unidades de saúde etc.
Este material introduz os conceitos de família e as suas transformações no decorrer dos tempos, além 
das implicações causadas por essas modificações. Serão abordados os ciclos de vida como nascimento, 
infância, adolescência, o ser idoso e a finitude, evidenciando as maiores necessidades do indivíduo e da 
família em cada fase e o papel do enfermeiro ante cada ciclo.
Serão apresentadas formas de avaliação da família, visando identificar as necessidades individuais e 
comunitárias de cada região, para, assim, respeitar e traçar estratégias específicas para as necessidades, 
as quais variam muito de um local para outro.
Assuntos como cuidados paliativos e violência intrafamiliar também farão parte da nossa leitura, 
pois demandam alguns cuidados especiais, e o enfermeiro tem papel essencial como educador em saúde 
e mediador de cuidados e atenção.
Ao término da leitura deste material, espera-se que você consiga entender a importância do 
enfermeiro na saúde da família e da comunidade de forma efetiva e educacional.
Bom estudo!
INTRODUÇÃO
A saúde da família é uma especialidade que vem apresentando grande demanda nos últimos tempos. 
A família é vista como um sistema que interfere diretamente de forma positiva ou negativa na saúde de 
seus membros, além de ser considerada a maior rede de apoio de uma pessoa.
No Brasil, o governo federal vem buscando atender às demandas apresentadas pela família por meio 
da Estratégia de Saúde da Família e outras práticas integradas na Política de Humanização, nas quais o 
enfermeiro é fundamental no desenvolvimento de ações diretamente ligadas a essa população.
A saúde da família aborda o cuidado individual e coletivo dos membros da família, avaliando riscos, 
identificando problemas e auxiliando no contexto do processo de promoção da saúde, adaptação a 
algum problema de saúde que aconteça e no processo de reabilitação.
O enfermeiro visa avaliara família como um todo, em seus contextos sociais, psicológicos, culturais, 
econômicos entre outros, e não somente no contexto saúde e doença. Para tanto, é importante que o futuro 
profissional de Enfermagem entenda todo o contexto que envolve o processo saúde e doença da família, os 
programas e políticas existentes acerca da família, suas formas de atenção e as fases do ciclo de vida.
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O trabalho do profissional de Enfermagem poderá atingir a família no domicílio ou no ambiente 
hospitalar em diversas vertentes, como, por exemplo, no apoio ao cuidado de um membro com doença 
crônica, em cuidados paliativos, no nascimento, entre outros.
Iniciaremos o material falando um pouco do conceito de família, comunidade, sujeito visando iniciar 
nosso estudo com conceitos bem definidos. Esse material é de grande importância e permitirá que o 
futuro enfermeiro tenha o contexto teórico das maiores necessidades da família e de que forma poderá 
implementar a melhor assistência possível.
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
Unidade I
1 CONCEITO DE FAMÍLIA E SUAS TRANSFORMAÇÕES NO DECORRER DA HISTÓRIA
O conceito tradicional da família como centro de estabilidade e garantia social tem mudado nos 
últimos tempos. Em um mundo em grande transformação, influenciado pela globalização e aumento 
das mulheres no mercado de trabalho, a família vem passando por diversas alterações, porém, sem 
perder o seu valor. É preciso identificar e reconhecer essas mudanças para que ações ilimitadas e efetivas 
sejam realizadas na construção de um conjunto de estruturas sociais que auxiliem as pessoas a se 
adaptarem e lidarem com tantas mudanças. É preciso adequar as necessidades atuais das famílias de 
forma mais dinâmica e adaptada a nossa sociedade.
Hoje, com todas essas transformações ocorrendo no contexto da família, fica difícil encontrar um 
conceito que se encaixe perfeitamente na sociedade atual. Uma concepção mais tradicional seria a 
que traz Durham (1968, p. 31): “As famílias são grupos sociais, estruturados por meio de relações de 
afinidade, descendência e consanguidade que se constituem como unidades de reprodução humana”.
Antigamente, na Era Romana, por exemplo, a família era constituída pela autoridade do pai, que 
tinha o poder de vida e morte dos filhos, por castigos e até vendê-los, caso quisesse; já a mulher, esposa, 
era submissa ao marido, realizava os serviços domésticos e cuidava dos filhos. Nessa época, a instituição 
familiar era uma unidade econômica, religiosa, política e jurisdicional.
No Brasil, a Lei Civil de 1916 (BRASIL, 1916) traz que a família, por meio do matrimônio, realizava 
várias funções, como a econômica, pois era responsável pela sua sobrevivência, sendo composta 
por tios, tias, primos e avós, que acabavam residindo no mesmo local e, juntos, trabalhavam para a 
subsistência. A família limitava-se exclusivamente aos componentes originados do casamento e sua 
dissolução era proibida.
A Constituição de 1988 (BRASIL, 1988) trouxe a não obrigatoriedade do casamento para a proteção 
da família e, em seu artigo 226, possibilitou o divórcio, desde que houvesse separação conjugal por mais 
de três anos, permitindo a formação da família monoparental, constituída por um dos pais e sua prole. 
Essa Constituição passou a priorizar a família como base da sociedade, admitindo suas novas formas e 
privilegiando o cuidado à criança e ao adolescente baseados na dignidade humana.
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Unidade I
Figura 1 – Família nuclear tradicional
Figura 2 – Família monoparental
Figura 3 – Família homoafetiva
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
Analisando tal contexto, vemos que a família precisou se adequar às novas exigências que 
foram surgindo, as quais trouxeram mudanças na cultura, nos costumes, hábitos e tipos de 
relacionamentos. Não é mais uma celebração de casamento, nem a diferença de sexo do par ou 
envolvimento sexual. É preciso a presença de um vínculo afetivo a unir as pessoas com objetivos 
e propósitos em comum, gerando um comprometimento mútuo. Essa visão afasta cada vez mais 
a ideia de família associada ao casamento. O conceito de família vem se adaptando, buscando ser 
uma união constituída por carinho, amor, afeto e respeito, sem regras impostas pela sociedade e 
necessidade de existir somente para procriação.
Outra transformação importante é a luta e o reconhecimento da união homoafetiva, isto é, pessoas 
do mesmo sexo ligadas por elo afetivo que desejam formar uma família. Isso deixa claro o quanto a 
constituição da família, atualmente, é muito baseada no afeto, fugindo do modelo patriarcal que era 
focado no poder, hierarquia e autoritarismo. Também não se pode deixar de comentar o conceito de 
família nuclear, encontrada em muitos lares, que é assentado na presença do pai, da mãe e dos filhos, 
trazendo o conceito da união pelo casamento e do parentesco como base da família.
A família é a base da formação do indivíduo, além de ser responsável por promover educação, saúde, 
proteção e lazer de seus entes, influenciando o comportamento do indivíduo perante sociedade. Em 
nossa realidade, podemos dizer que os pais ou responsáveis são o modelo de boas ou más ações para 
os filhos, impactando diretamente na postura deles em relação ao contexto da educação e da saúde. 
Por exemplo, estudos mostram que pais que fumam tendem a influenciar os filhos a desenvolverem o 
mesmo hábito. Pais violentos tendem a ter filhos violentos, que vão reproduzir aquilo que viveram em 
sua infância (TRINDADE; ALBINO, [s.d.]).
Vale resumir algumas conquistas relacionadas à família na Constituição Brasileira após a carta 
Magna, como a Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990 (BRASIL, 1990), que aumentou o amparo do bem 
familiar; a Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992 (BRASIL, 1992), que versou sobre características da 
investigação de paternidade e da certidão de nascimento dos filhos consagrados fora do matrimônio; e 
as Leis nros 8.971, de 29 de dezembro de 1994 (BRASIL, 1994), e 9.278, de 10 de maio de 1996 (BRASIL, 
1996), que estabeleceram os direitos e obrigações dos companheiros, ambas leis dando amparo às 
mulheres que eram discriminadas após o divórcio.
Hoje em dia também existem famílias que são formadas por outras, que foram dissociadas, como, 
por exemplo, a união de um casal que já foi casado anteriormente e traz filhos de outras relações. É uma 
estrutura importante de se conhecer, visto que algumas questões mudam, como a não responsabilidade 
do padrasto ante demandas vivenciadas pelo enteado.
Outro fato que ocorre em algumas regiões do nosso país é o aumento da migração de pessoas devido 
ao desenvolvimento do capitalismo. Como resultado, temos a dissolução de vínculos matrimoniais e de 
uniões de origem, a criação de novos relacionamentos conjugais, o aumento do número de famílias sem 
pai e a dispersão da mulher e dos filhos para casa de parentes, avolumando o número de famílias mais 
amplas, como, por exemplo, avós que criam netos.
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Unidade I
É notório o aumento da gravidez na adolescência, com o registro do incremento de 25% do número 
de adolescentes grávidas no país nos últimos tempos. Tal valor traz a possibilidade do crescimento 
de mães solteiras e pais desertores, causando uma série de conflitos para a adolescente e a criança 
(MARTINS et al., 2011).
O idoso tem perdido seu lugar na família. Devido à necessidade de todos os entes, na maioria da 
vezes, trabalharem, ele tem ficado deslocado dentro do contexto familiar pela sua potencial falta de 
atividade. Em outros casos, porém, possui um papel fundamental na economia e naresponsabilidade da 
família. Em ambos os cenários, existem conflitos que precisam ser identificados e mediados.
 Lembrete
A família é a base da formação do indivíduo, além de ser responsável por 
promover educação, saúde, proteção e lazer de seus entes, influenciando o 
comportamento do indivíduo ante a sociedade.
Atualmente, lidar com a família é trabalhar com a diversidade, e ela pode ter várias classificações: 
famílias intactas (que ainda não sofreram processo de separação); em processo de separação; 
monoparentais; reconstruídas; constituídas por casais homossexuais; com filhos adotivos; e formadas 
por meio de novas técnicas de reprodução. Esses diversos tipos de família impactam diretamente na 
forma do cuidado e nas demandas de saúde em que o enfermeiro atua.
 Saiba mais
A fim de saber mais sobre as transições que ocorreram na família, leia:
DESSEN, M. A. Estudando a família em desenvolvimento: desafios 
conceituais e teóricos. Psicologia Ciência e Profissão, v. 30, núm. esp., dez. 
p. 202-219, 2010.
Levando em consideração que a família é influenciada pelos seus membros e por outras redes sociais 
e de apoio, a seguir detalharemos essa temática.
1.1 A família como um sistema
Inicialmente, discutimos a evolução das famílias e seus principais conceitos. Assim, podemos 
relembrar que família é mais que uma ligação de parentesco, é uma união de afeto entre os membros. 
A família é considerada um sistema.
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) foi desenvolvida pelo biólogo húngaro Ludwig von Bertalanffy em 
1936. Mas o que é um sistema? Ele pode ser definido como um complexo de elementos em interação 
mútua. Tal conceito pode ser aplicado ao indivíduo, à família ou mesmo à sociedade. Cada sistema pode 
se constituir de subsistemas e estar inserido em outros sistemas maiores.
A família é composta de vários subsistemas: conjugal, filial, paternal e parental. O conjugal ocorre 
quando duas pessoas adultas se unem em uma relação interdependente e complementar, formando um 
casal que identifica uma relação entre os cônjuges. Um fato que poderia afetá-lo seria o divórcio.
O filial acontece quando nasce o primeiro filho e os seguintes. O nascimento do bebê pode ser 
um fato que afete a família positiva ou negativamente, dependendo de alguns contextos, tais como o 
desejo real da chegada desse filho, preparo para a nova rotina e a probabilidade de doenças congênitas.
Já o parental é responsável por questões consideradas básicas, porém fundamentais em uma família, 
como a educação, a socialização e a proteção. Nesse contexto, um ato de violência em um dos seus 
membros afeta diretamente a todos os integrantes.
Por fim, o fraternal diz respeito à relação entre os irmãos, a qual deveria ser estreita e de 
companheirismo. A mudança de um irmão para estudar, se casar ou até o adoecimento de um deles 
pode ser um fato que sensibiliza a família.
Os exemplos citados anteriormente nos subsistemas servem para que você, como enfermeiro, tenha a 
visão crítica da necessidade de intervenção da sua prática com a família e inicie o processo de raciocínio 
crítico e clínico visando à melhor prática, dependendo da influência externa ou interna que essa família 
poderá sofrer.
Existem também os suprassistemas, os quais estão relacionados com o trabalho, a igreja, os vizinhos 
e instituições de saúde. Um suprassistema pode atingir positivamente uma família, como na situação 
de pessoas que possuem a espiritualidade fortalecida e conseguem lidar melhor com as adversidades 
do processo saúde e doença, assim como um ambiente de moradia com tráfico de drogas e violência ao 
redor da família poderá comprometer a questão da segurança desta, além de oferecer maus exemplos 
às crianças e adolescentes.
O indivíduo também é considerado um sistema, cuja estrutura é formada por sua rotina e pelas 
pessoas ao seu redor. É dinâmico e as mudanças ocorrem de acordo com as interações que vivencia. Sua 
realidade é uma reformulação de experiências vividas. O comportamento de uma pessoa ou do seu meio 
influencia diretamente o comportamento da outra de forma recíproca.
 Lembrete
Toda e qualquer parte de um sistema está relacionada de tal modo 
com as demais partes que qualquer mudança em uma delas provocará 
alterações no sistema total.
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Unidade I
Na teoria geral dos sistemas, nada acontece isoladamente, e qualquer episódio que afete um dos 
componentes atinge todos os outros.
A família é vista como um todo e este é muito mais do que a soma das partes, e o enfermeiro precisa 
ter a dimensão disso. Um exemplo do todo seria o brinquedo móbile, que é um conjunto de peças unidas 
em interação, em que cada uma interfere no movimento das outras. O móbile, porém, não se esgota 
nelas, mas enriquece à custa delas.
Figura 4 – Modelo de móbile
Um dos desafios do enfermeiro é querer atender a família como um todo, relatando que nunca 
consegue reunir todos, porém, a partir do momento em que atua diante de um membro, indiretamente 
todos serão afetados.
Fazendo uma transposição para a abordagem do cuidado da família como um sistema, um todo 
único é maior que a soma das partes, pois, no cuidado com essa família, o enfermeiro precisa visar à 
relação entre os membros, alguém de dentro do sistema que tenha influência sobre o subsistema e 
estabelecer uma postura de empatia com os membros para uma melhor compreensão do todo.
Nessa teoria dos sistemas, o enfermeiro poderá atender a família como um todo e também os 
indivíduos que fazem parte dela. Ele deve ter flexibilidade conforme o processo for acontecendo e 
trazendo resultados. É preciso traçar um plano de cuidados e reavaliar cada ação, ou seja, se esta atinge 
o objetivo individual e/ou grupal.
É importante que o enfermeiro saiba o limite de cada sistema. Existem os sistemas considerados 
abertos, aqueles que têm entrada e saída de influência, estão abertos para o meio; e aqueles que estão 
fechados para o meio. No que tange aos limites, podemos dizer que cada sistema tem seus valores, 
regras e normas que determinam até que ponto ocorrem as interações com o ambiente e com o grupo, 
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
incluindo o enfermeiro. Precisamos entender que o ambiente é um instrumento de troca importante 
para que a família possa se manter saudável. Por isso, quando falamos do sistema aberto, entende-se 
que ele precisa ter um equilíbrio fundamentado em regras internas de comportamento. A família precisa 
ter objetivos grupais e individuais. Aquelas com muitos membros e objetivos individuais geralmente 
entram em conflito e não conseguem viver em sociedade na construção de um bem comum.
Pensando nessa abertura, ou não, do sistema, alguns conceitos foram inseridos, os quais são: a 
família emaranhada e a desmembrada ou desagregada. Nas emaranhadas, os vários elementos 
inter-relacionam-se de modo indiferenciado, não se reconhecendo quem é quem, enquanto desmembrada 
ou desagregada não se verificam trocas efetivas entre os subsistemas, com cada elemento vivendo 
desgarrado face a outro. O ideal seria um meio-termo entre esses dois conceitos, visto como um possível 
funcionamento saudável com contato entre os subsistemas e respeito à individualidade.
Identificar esses meios e o que está em desequilíbrio é papel do enfermeiro no cuidado à família, 
porém, ele precisa estar ciente de que nem sempre uma ação de educação em saúde terá o mesmo 
resultado para todas elas. Isso depende de essa família vir ou não de um sistema aberto ou fechado 
e o quanto a ação influenciou ou não a dinâmica dela. Podemos dizer que estímulos iguais resultam 
em respostas diferentes, podendo haver imprevisibilidade das respostas e necessidade de mudança na 
forma de intervenção profissionalperante essa família.
Entender que cada família tem sua estrutura própria e única é importante para que o enfermeiro 
entenda que as necessidades são específicas de cada uma, assim como as ações deverão ser sistematizadas 
e direcionadas para cada indivíduo e família de forma única.
Dentro de um mesmo sistema, os membros podem absorver a informação de formas variadas, porém, 
possuem uma maneira individual de organização através da qual, ao final, todos chegam ao objetivo comum.
A perspectiva sistêmica da família pressupõe que cada indivíduo/família é um sistema vivo que 
se gera e desenvolve numa interação dinâmica com os sistemas que vive, no qual os enfermeiros que 
trabalham com famílias naturalmente estão envolvidos, resultando no cuidado de enfermagem.
1.2 Enfermagem da família
A enfermagem, enquanto profissional, é reconhecida como uma prática social que se relaciona e 
complementa outros trabalhos na saúde em resposta às demandas sociais e de saúde.
O cuidado tem perdido o foco do coletivo no decorrer das transformações da sociedade e 
epidemiologias, mirando-se somente no indivíduo. A saúde da família traz a oportunidade e tem sido a 
forma de retomarmos o cuidado do coletivo e olhar para o todo.
Em qualquer contexto em que os enfermeiros desenvolvam a sua prática profissional, a família surge 
como uma área de atenção relevante para a sua intervenção. O cuidar é um dos primordiais interesses 
da enfermagem. Cuidar da família no contexto da promoção, recuperação e reabilitação da saúde traz a 
questão de tratar da sobrevivência da nossa sociedade, do bem-estar das pessoas, incluindo a saúde; o 
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Unidade I
cuidar de um todo, não somente do indivíduo e de que o cuidado de enfermagem em conjunto com a 
família traz resultados positivos para todos envolvidos.
Um dos resultados que o cuidado de enfermagem traz na família deve ser voltado não só para o 
indivíduo, mas também focado no ambiente em que ele vive. Um dos conceitos de enfermagem na 
família é: “Uma filosofia é um modo de interação com os clientes, que diz respeito ao modo como os 
enfermeiros colhem informação, intervêm com pacientes, advogam os pacientes e abordam o cuidado 
espiritual com as famílias” (SANTOS, 2012, p.12).
Figura 5 – Visita de enfermeira indiana à uma família no século passado
No decorrer dos anos 1960, o cuidado na família ganhou maior ênfase e foi inserido nos currículos 
dos cursos de enfermagem, incluindo a forma de avaliação da família por meio dos profissionais 
enfermeiros. Foi preciso adaptar algumas teorias e práticas que eram voltadas exclusivamente aos 
indivíduos. Um exemplo é a Teoria de Enfermagem de Callista Roy, criada em 1976 e baseada na Teoria 
dos Sistemas. Em 1981, ela sofreu uma modificação e introduziu a família como um sistema adaptativo, 
e o enfermeiro a assiste no processo de adaptação. Ainda nesse contexto, o ambiente e coping surgem 
como elementos importantes na enfermagem de família. A teorista Imogene King, igualmente, incluiu a 
interação com a família (também como cliente) e o sujeito como parte de sua teoria.
 Lembrete
A teoria de enfermagem é uma conceituação articulada e comunicada 
da realidade inventada ou descoberta na enfermagem com a finalidade de 
descrever, explicar, prever ou prescrever o cuidado de enfermagem.
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
Hoje, a família é reconhecida como uma unidade importante de cuidados não só da enfermagem, mas 
também de outros profissionais de saúde, que podem intervir de forma positiva no contexto deste cliente.
O cuidado de enfermagem à família pode ser descrito como o processo de prover as necessidades de 
saúde que estejam no âmbito da prática de enfermagem, podendo ser aplicado diretamente à família, 
ao indivíduo, à sociedade e ainda como um todo, dando visão da abordagem social complexa que 
desafia os enfermeiros ao uso de tratamentos sistemáticos da família como cliente.
Para outros autores, o enfermeiro pode cuidar da família em três contextos: indivíduo, família ou 
o todo. No caso do indivíduo, o enfermeiro foca o zelo no indivíduo e preocupa-se com o bem-estar 
individual, podendo a família participar através de informações complementares e auxiliar nos cuidados, 
sem, contudo, sofrer avaliação ou intervenção. Quando a doença está relacionada com a família do 
indivíduo, o enfermeiro avalia e presta os cuidados diretos à família dele, no modo como os entes veem 
e agem diante de um problema, como, por exemplo, um idoso acamado. Na ocasião em que o foco 
é o todo, o enfermeiro cuida da família e do sujeito integralmente. Podemos citar como exemplo o 
nascimento de uma criança, em que há uma adaptação de todos os membros.
A ênfase do enfermeiro é integrar a família nos cuidados e a sua forma de interagir com eles. Essas 
ações são peças-chaves para um bom resultado na assistência a essa população.
 Saiba mais
Para entender um pouco mais sobre comunicação nas práticas de saúde, 
faça a leitura complementar do texto:
CORIOLANO-MARINUS M. W. L. et al. Comunicação nas práticas de 
saúde: uma revisão integrativa. Saúde Sociedade, São Paulo, v. 23, n. 4, 
p. 1356-1369, 2014.
A comunicação pode ser entendida como prática social que advém da interação entre seres humanos, 
expressa por meio da fala, escrita, comportamentos gestuais, distância entre os participantes e toque. No sistema 
de saúde, o encontro em profissionais e usuários é feito por meio da comunicação. Nem sempre ela consegue 
ser efetiva, ocorrendo ruídos por meio de ambos envolvidos, muitas vezes pela diferença de linguagem e saberes 
diferentes, limitações orgânicas de uma das partes e valores diferentes. O diálogo é um eterno exercício de 
estabelecer uma relação que exige treino, reflexão, aprendizagem e prática. É o instrumento básico do cuidado.
Com o passar do tempo, o paciente deixou de ser visto como doença, mas sim como um todo, 
favorecendo a humanização do cuidado. Por meio da interlocução, o enfermeiro passou a conseguir 
mais informações, as quais o auxiliam na avaliação do paciente e família, para melhor entender suas 
necessidades e agir de forma efetiva, beneficiando a todos. Quando a confiança entre ambas as partes 
ocorre, as mensagens são mais claras, e o acamado é convidado a uma ação mais ativa no seu cuidado, 
em uma interação que permite estratégias para atingir a saúde ideal.
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Unidade I
Porém, o enfermeiro precisa estar atento para que esse tipo de relação não seja mecânica, como 
vivenciamos em vários serviços de saúde e diferentes profissionais. É preciso entender que a comunicação 
não se resume a falar e ouvir, uma troca de mensagens, mas sim a uma ação que integre bem o ouvir e 
seja individualizada, levando em consideração as características daquele indivíduo e família.
A partir da comunicação desenvolvida com o paciente, o enfermeiro identifica suas necessidades, 
informa sobre procedimentos ou situações, promove o relacionamento entre pacientes, com a 
equipe multiprofissional ou com familiares, viabiliza a educação em saúde, troca de experiências e 
mudança de comportamentos, entre outras ações visando ao melhor resultado possível no cuidado 
à saúde do paciente.
1.3 Avaliação da família
A avaliação e intervenção em saúde exigem a utilização de modelos que permitam a concepção de 
cuidados orientados tanto para a coleta de dados como para o planejamento das intervenções.
Analisar a família como um sistema é apreciá-la na sua dinâmica e estrutura, num processo de 
interação com outros sistemas. O alcance dessa apreciação depende da habilidade do enfermeiro 
de identificar os elementos e as interações que definem família, a sua força e a sua necessidade.
Wright e Leahey, pesquisadoras da Universidade de Calgary, propuseram um modelode avaliação 
da família que a analisa como um sistema por meio de identificação dos seus problemas de saúde, seus 
mecanismos de apoio e recursos potenciais para resolução de problemas.
O modelo Calgary contempla uma estrutura multidimensional, com categorias referentes aos 
aspectos estrutural, de desenvolvimento e funcional, com a possibilidade de obter uma visão ampliada 
das relações significativas, das redes de apoio familiar, dos laços, dos conflitos e da comunicação. Esse 
modelo sugere prudência em sua aplicação e atenção a alguns detalhes:
• O enfermeiro determina os tipos de informações de que precisa. Todos os membros da família 
necessitam ser avaliados, porém nem com todos conseguiremos ter contato.
• Após a coleta dos dados, tentar discutir com base nas informações que possui e não se deixar 
levar por dados inferenciais ou sugestivos de alguns membros.
• Ter a consciência de que as informações obtidas são o que a família quer falar naquele momento; 
porém, elas podem mudar em um outro momento de contato.
• Enfermeiros precisam estar atentos às várias verdades que podem ocorrer dentro de uma mesma 
família, não se deixando levar por emoções e sendo imparciais no julgamento.
• O foco é menor nas pessoas e maior na interação entre os meios.
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
Para a avaliação dos familiares, são usados o genograma (desenho da família) e o ecomapa 
(representação das relações internas e externas da família) que avaliam quem é o grupo social dela, suas 
influências diretas e indiretas, os tipos de relação de vínculo entre os meios e indivíduos e o contexto 
em que estão inseridos.
Conhecer a estrutura da família, sua composição, como os membros se organizam e interagem entre 
si e com o ambiente, os problemas de saúde, as situações de risco, os padrões de vulnerabilidade, é vital 
para o planejamento do cuidado à saúde familiar.
À medida que vai colhendo dados, o enfermeiro deverá mentalmente rever a informação e validar 
com a família a interpretação que faz dela, reformulando e levando os parentes a tecer narrativas 
compreensivas da situação apresentada.
Iniciaremos nossa avaliação pelo genograma, que é o desenho da árvore da família. É uma prática 
antiga, também chamada de árvore genealógica, por alguns autores, que detalha a história e, a estrutura 
das famílias, fornece informações sobre os seus membros e suas diferentes gerações, e por meio de 
entrevista, dá informações significativas para análise e discussão da situação. A entrevista precisa ser 
estruturada e a comunicação entre o profissional e a família é essencial para que haja recuperação 
das memórias importantes, informações demográficas, de posição social e funcional, recursos e 
acontecimentos presentes e passados que atingem e atingiram a dinâmica familiar.
A aplicação do genograma em saúde da família permite uma visualização do processo de adoecer, 
facilitando o plano terapêutico e, à família, uma melhor compreensão sobre o desenvolvimento de suas 
doenças. Esse instrumento oferece uma visão histórica de como os entes familiares enfrentam situações 
críticas, inclusive em mudanças do ciclo de vida.
No geral, as informações mínimas que o enfermeiro precisa ter para a elaboração do genograma são: 
identificação das pessoas e sua hierarquia; idade e ano de nascimento; doenças que tiveram ou têm; pessoas 
ou locais envolvidos na rotina dessa família; datas de casamentos e divórcios. Deve-se também indicar os 
membros que vivem juntos na mesma casa (família nuclear), os familiares de origem (pai e mãe), estressores, 
relacionamentos intergerações, interpessoais e os papéis de cada um no seio familiar. Sempre que possível, o 
genograma deve ser iniciado na primeira consulta, pois é uma boa estratégia para ter acesso ao conhecimento 
da estrutura da família. Ele precisar ser principiado com o registro da pessoa que suscitou a sua construção.
O uso do genograma possibilita ao profissional da saúde uma revisão rápida da estrutura da família, 
identificando, por exemplo, divórcios ou um novo casamento; sua avaliação e compreensão, visto que 
olhar a estrutura como um todo em forma de desenho facilita; promove elaboração de um vínculo mais 
estreito com os familiares; reconhecimento de pacientes de alto risco; e a promoção de mudanças de 
hábitos positivos. Tais ações mostram que a família é de interesse dos profissionais da saúde.
Quais as vantagens do genograma?
• observar e analisar barreiras e padrões de comunicação entre as pessoas;
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Unidade I
• explorar aspectos emocionais e comportamentais em um contexto de várias gerações;
• auxiliar os membros da família a identificar aspectos comuns e únicos de cada um deles;
• discutir e evidenciar opções de mudanças na família;
• prevenir o isolamento de um membro dos membros familiares.
Existem alguns símbolos que são padrão e devem ser seguidos para a elaboração do genograma.
Homem
Dois homens normais
Ano de nascimento
Ano de nascimento e morte
Nome
Idade (ou ano) da morte
Causa da morte
Casamento e ano
Divórcio e ano
Separação e ano
Não casado, ano em que 
começaram a viver juntos
Linha contínua ou 
tracejada indica indivíduos 
que vivem juntos
Relação conflituosa
Três mulheres normais
Abortamento espontâneo
Abortamento induzido
Gêmeos dizigóticos
Gêmeos monozigóticos
Adotado
1982
1975
1977
1964
CA
48
David
30-'48
'55
A
Gravidez - criança in útero
Quatro nascimentos, 
sexo não específicado 
ou desconhecido
Mulher
ou Morte
ou Paciente-índice 
ou probando
Figura 6 – Símbolos padrão do genograma
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
'76 '80
Casal casado, cada um com vários cônjuges
'84 '82 '76
Problemas matrimoniais Relacionamento fraco
Relacionamento próximo
Relacionamento extremamente próximo
Relacionamento dominante
Problemas matrimoniais e 
namorada
Divórcio - a mãe tem a 
custódia das duas filhas
Figura 7 – Símbolos padrão do genograma e ecomapa
Vamos a um exemplo de genograma. Atente-se à história clínica a seguir:
 
João, 68 anos, casado com Maria, 66 anos, há 42 anos. Possuem dois filhos, Laura, de 
40 anos, e Mauro, de 35 anos. Laura é separada e mora com os pais com a filha Julia, de 21 
anos. Laura é atendente de caixa de supermercado e trabalha oito horas por dia, de segunda 
a sábado. Julia faz faculdade de Letras no período da manhã e auxilia os avós nos outros 
períodos nos afazeres de casa e idas a médicos etc. Mauro é solteiro, mas mora em outra 
cidade, pois foi onde arrumou um emprego em sua profissão. João e Maria são aposentados 
e vivem de uma renda de três salários mínimos. João é hipertenso e cardiopata, fazendo 
uso de medicamentos contínuos, porém desordenadamente. Vai à igreja com a esposa às 
quartas e domingos. É ele quem faz compras, paga contas e resolve problemas diários da 
casa. Fora isso, seu maior lazer é ouvir noticiário. Maria é diabética e possui osteoartrose, 
o que, às vezes, a impossibilita de realizar os afazeres de casa e ir à igreja às quartas e 
domingos, como tem costume. Ela lava e passa as roupas em casa e arruma o restante com 
a ajuda da neta. Maria não tem um bom relacionamento com a filha Laura, pois esta não a 
ajuda, reclama o tempo todo, nunca cuidou direito da filha e, às vezes, chega alcoolizada em 
casa, conforme relatou. Fala que sua maior dificuldade é controlar a diabetes, pois se sente 
mal com os remédios e acaba tomando-os de vez em quando. João e Laura pouco se falam, 
mas porque João é mais reservado. Laura e sua filha se dão bem e costumam sair juntas. 
Mauro visita a família a cada três meses aproximadamente.
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Unidade I
Diante desta história, o genograma seria da seguinteforma:
42 anos
Igreja
Supermercado
Trabalho
Escola
Unidade de saúde
Unidade 
de saúde
João, 68 anos
aposentado
hipertenso e cardiopata
Mauro, 35 anos
mora em outra cidade?
Maria, 65 anos
aposentada
DM + osteorartrose
Laura, 40 anos
cx. de supermercado
Alcoolismo?
Julia, 21 anos
estudante
Figura 8 – Modelo de genograma
Perceba que João e Maria estão em destaque. Inicialmente, eles são o foco da nossa história. Porém, 
no decorrer da entrevista e das visitas a esta família, pode ser que eles não sejam o enfoque da nossa 
intervenção, isso é possível de acontecer. Percebam também que esta é a estrutura da família. Como 
não tínhamos informações sobre o ex-companheiro de Laura, incluímos o ponto de interrogação em 
seu símbolo. O alcoolismo de Laura ficou interrogado, pois temos somente as informações fornecidas 
pela mãe dela, o que poderemos confirmar, ou não, durante uma avaliação mais detalhada. Ainda não 
falamos das relações que serão expressas a seguir, após a explicação do ecomapa.
O ecomapa é uma avaliação mais ampla, relacionada ao tipo de relação que os membros da família 
têm entre si e com o ambiente em que vivem. Ele é complementar ao genograma e é considerado 
dinâmico, pois está ligado ao externo e por isso pode apresentar mudanças. É uma representação do 
suprassistema, além de um diagrama das relações entre a família e a comunidade, o que ajuda a avaliar 
os apoios e suportes disponíveis e sua utilização pela família.
Devem-se incluir no ecomapa:
• serviços da comunidade (creche, escolas, unidade de saúde etc.);
• grupos sociais (igrejas, associação de moradores do bairro etc.).
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
• relações significativas (amigos, vizinhos, família etc.);
• trabalho – outros (lazer etc.).
A partir da avaliação das relações dessa família, pode-se dizer ela possui poucas conexões com a 
comunidade, necessitando de maior atenção e intervenção da enfermagem.
Relendo a história clínica que demos no exemplo do genograma, veremos a seguir como seria o 
ecomapa, complementando a avaliação.
42 anos
Igreja
Supermercado
Trabalho
Escola
Unidade de saúde
Unidade 
de saúde
João, 68 anos
aposentado
hipertenso e cardiopata
?
Julia, 21 anos
estudante
Mauro, 35 anos
mora em outra cidade
Maria, 65 anos
aposentada
DM + osteorartrose
Laura, 40 anos
cx. de supermercado
Alcoolismo?
Figura 9 – Modelo de ecomapa
Percebe-se que o casal tem uma ótima relação (três traços), enquanto Maria e Laura possuem uma 
relação conflituosa, demostrada na linha irregular. A ligação do casal e da neta é próxima, demonstrada 
com dois traços, segundo o padrão de símbolos, e o vínculo de todos com o filho Mauro, que mora fora, 
é um relacionamento distante, porém ainda não podemos dizer que é um relacionamento fraco.
Seguindo na linha da avaliação, é fundamental identificar a maneira como a família enfrenta e 
supera as adversidades físicas, culturais e espirituais, pois é esse enfrentamento que auxiliará no seu 
crescimento e desenvolvimento. Conhecer a história de vida da família auxiliará a entender também 
como ela manteve a estabilidade em face do que já ocorreu.
De acordo com Cecílio (2014); Figueiredo (2010) e Souza et al. (2017), o Modelo Calgary não utiliza 
os diagnósticos de enfermagem em sua avaliação, pois as autoras relatam que esses são pouco flexíveis 
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Unidade I
e não abrangem diretamente o problema apresentado. Nesse modelo é importante que o enfermeiro 
consiga identificar, ao final da avaliação, as forças e as fragilidades do contexto familiar, que seria a 
última categoria do Modelo Calgary, a funcional, a qual se refere à maneira como as pessoas da família 
interagem, seus modos de comunicação, solução de problemas, crenças, papéis, regras e alianças.
Na atuação junto às famílias, a conclusão da fase da avaliação representa o momento em que o 
enfermeiro coelabora com os membros familiares um possível diagnóstico e determina com eles se a 
intervenção é ou não necessária.
O Modelo Calgary pode ser utilizado em vários contextos: para analisar a família em face de um 
momento novo, como o nascimento de uma criança, ou a adaptação a uma cirurgia de mastectomia 
de um de seus membros. Vale a pena conhecer esse instrumento e utilizá-lo na prática da enfermagem.
1.4 Intervenção na família
As intervenções de enfermagem devem centrar-se em dar segurança, aumentar a proximidade do 
doente e da família/pessoa significativa, tratar de informação, facilitar o conforto e reforçar o apoio.
Para que ocorra a efetividade de uma intervenção, todas as etapas discutidas anteriormente precisam 
ter ocorrido com empatia, criando um vínculo de confiança entre o enfermeiro e a família.
Profissionais de enfermagem que não acreditam que a família é núcleo importante no processo de 
cuidar são os que mais apresentam conflitos com ela. Uma postura positiva com a família possibilita 
melhores resultados a todos os envolvidos.
Por mais que tenhamos dito a todo momento que o enfermeiro precisa atuar junto aos familiares, 
existe ainda uma dicotomia em relação a sua prática, a qual, por diversas vezes, é voltada para o 
indivíduo. Ela nem sempre favorece esse cuidado realmente voltado para a família.
A intervenção de enfermagem é a ação do enfermeiro perante o modo como a própria família o 
estimulou a pensar e agir. A resposta dessa interposição será uma resposta da família, eficaz ou não, 
determinada também pelo seu funcionamento usual e/ou adaptável.
A atitude dos profissionais é determinante na qualidade das relações que se estabelecem entre o 
enfermeiro e os familiares, sendo reconhecido que uma atitude de suporte favorece o desenvolvimento 
de um trabalho de parceria, de partilha e de corresponsabilização entre os intervenientes.
O tratamento de enfermagem eficaz será aquele mais útil à mudança na estrutura biopsicossocial e 
espiritual dos membros da família, sendo esse o maior desafio de enfermeiros.
O Modelo Calgary de intervenções na família possibilita uma estrutura organizadora de intercepção 
entre um determinado domínio do funcionamento familiar e uma intervenção específica de enfermagem, 
a qual tem por finalidade a mudança do sistema. A figura a seguir demonstra os elementos do Modelo 
Calgary de intervenção da família.
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
Intervenções 
propostas pelo 
enfermeiro
Cognitivo afetivo 
comportamental
Domínios do 
funcionamento 
familiar
“Ajuste” ou eficácia
Figura 10 – Elementos do Modelo Calgary de intervenção familiar
Para a intercessão da enfermagem, a teoria da mudança oferece atributos importantes para essa 
prática. Nem sempre ela ocorre. Muitas vezes, é preciso que algum desconforto aconteça para que se 
perceba a sua necessidade e ela efetivamente ocorra. Em geral, toda alteração gera desconforto.
Sabe-se, contudo, que a mudança mais profunda e contínua é aquela que ocorre sobre as crenças 
da família. Ela depende da percepção do problema. Assim, enfermeiro e família podem achar a melhor 
solução para o problema encontrado.
Existem situações em que a proposta do enfermeiro não atende às necessidades ou expectativas 
da família, a qual pode querer suspender o cuidado ou procurar outro profissional. Alguns exemplos 
de foco de atenção do enfermeiro com as famílias são: planejamento familiar, adaptação à gravidez, 
satisfação conjugal, entre outros.
1.5 Ciclos de vida familiar
O ciclo de vida familiar tem várias etapas pelas quais as famílias passam desde a sua constituição 
em uma geração até a morte dos indivíduos que a iniciaram. Elas podem ter impactos sociais, culturais, 
biológicos ou econômicos. Nessas etapas, algumas mudanças são esperadas enquanto outras não, e o 
comportamento da família diante disso precisa ser conhecido,demandando avaliação e intervenção 
quando não são vistas como algo bom.
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Unidade I
Figura 11 – Ciclo natural de vida familiar
Algumas das modificações que podem ocorrer no ciclo de vida são: casamento, nascimento de um 
filho, separação, adolescência ou morte, dentre outros. Na literatura, são apontadas seis fases do ciclo 
de vida, descritas em oito etapas:
1 – Começo da família (casamento).
2 – Família com filhos com até 30 meses.
3 – Família com filhos pré-escolares (entre 30 meses e anos anos de idade).
4 – Família com filhos escolares (entre seis e 13 anos de idade).
5 – Família com adolescentes (entre 13 e 20 anos).
6 – Família em fase de lançar os filhos (filhos saem de casa para estudar, trabalhar, casar etc.).
7 – Famílias maduras (do ninho vazio até a aposentadoria).
8 – Famílias anciãs (aposentadoria até o falecimento de ambos os cônjuges).
Quadro 1 – Ciclos de vida, tarefas e problemas que cada ciclo de vida pode apresentar
Etapa Tarefa e mudanças familiares necessárias Problemas que podem se apresentar
Formar o casal
• Compromisso com um sistema familiar novo.
• Pactuação de papéis e metas.
• Negociação da intimidade.
• Reordenação das relações (família ampliada e amigos).
• Estabelecimento de relações mutuamente satisfatórias.
• Disfunções sexuais.
• Infertilidade.
• Sintomas inespecíficos (cefaleia, lombalgia, 
cansaço).
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
Tornar-se pai e 
mãe
• Integrar um novo membro.
• Ajustar o par ao trio.
• Negociar papéis parentais.
• Restringir a vida social.
• Reordenar as relações com a geração dos avós.
• Choro dos filhos.
• Problemas de alimentação.
• Tensão, infidelidade.
• Sintomas variados, sobretudo nas mães.
Crescimento 
dos filhos
• Obter um equilíbrio entre o lar e o mundo exterior 
(escola, amigos).
• Ensaiar a separação/promover a diferença do subsistema 
familiar.
• Lidar com os irmãos.
• Filhos fora de controle.
• Enuresis e encopresis.
• Sintomas vários (cefaleia, dores).
Filhos 
adolescentes
• Alterar a flexibilidade dos limites.
• Obter um equilíbrio entre o controle e a independência.
• Permitir ao adolescentes entrar e sair da família.
• Saídas noturnas e do lugar.
• Recusa à escola e faltas não autorizadas.
• Violência familiar, transtornos alimentares, 
problemas sexuais.
• Sintomas dos pais.
Filhos que se 
emancipam
• Ir e deixar ir.
• Reestruturar a relação entre os pais e os filhos.
• Pais: começar a construir uma nova relação com o 
ninho vazio.
• Filhos: irem-se do lar e tornarem-se independentes.
• Desavenças matrimoniais.
• Crise da meia-idade.
• Divórcio.
Família na vida 
tardia
• Aceitar a mudança geracional dos papéis.
• Enfrentar a enfermidade e a morte dos pais e avós.
• Aprender a ser avós.
• Adaptar-se com o papel de aposentado ou pensionista.
• Restabelecer-se da morte do cônjuge.
• Dores patológicas.
• Depressão.
• Demência.
• Falta de adesão às orientações médicas.
Em famílias de classe social vulnerável, alguns fenômenos contribuem para encurtar as fases do 
ciclo de vida: em primeiro lugar, a gravidez que ocorre precocemente, geralmente em adolescentes e, 
assim, as fases do casamento e nascimento do primeiro filho dão lugar a famílias com filhos pequenos. 
A estrutura, geralmente monoparental, e a aglomeração de gerações sob um mesmo teto faz com que 
famílias populares tenham ciclos de vida abreviados, de até três fases:
Quadro 2 – Os ciclos de vida das famílias vulneráveis
Fase do ciclo Características
Família composta por jovem 
adulto.
Adolescentes são levados a buscar formas de subsistência fora de casa ou são 
fonte muito explorada de ajuda, tornando-se um adulto sozinho, que cresce por 
conta própria, sem que outro adulto se responsabilize por ele. Começa muito 
precocemente, por volta dos dez anos de idade.
Família com filhos pequenos.
Ocupa grande parte do ciclo, incluindo dentro da mesma casa três ou quatro 
gerações. As tarefas dessa fase se misturam: formar um sistema conjugal, assumir 
papéis paternos e reorganizar os papéis com as famílias de origem.
Família no estágio tardio.
É mais raro ocorrer um ninho vazio de fato, uma vez que os idosos costumam 
ser membros ativos da família, com papel de sustentar e educar as gerações mais 
novas. As mulheres tornam-se avós precocemente, mesmo que ainda estejam 
consolidando sua fase reprodutiva e reconstruindo sua vida afetiva. Essa é a fase 
que mais vem crescendo ao longo dos anos.
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Unidade I
A seguir será abordada a assistência de enfermagem nos diferentes ciclos de vida.
1.5.1 Infância
Avaliar o crescimento e desenvolvimento infantil é uma das atribuições do enfermeiro na estratégia 
saúde da família e parte integrante da consulta de enfermagem à criança. É importante que o profissional 
conheça detalhes sobre condições de nascimento e de vida da criança. Investigar as condições em que 
a mãe realizou o pré-natal e possível interferências que possam ter ocorrido, como hipertensão arterial, 
diabetes, infecções, fumantes etc. é tarefa importante.
Figura 12 – Criança após nascimento
Nessa fase do ciclo vital, avaliar o crescimento e desenvolvimento infantil é papel fundamental do 
enfermeiro, devendo ser realizado durante a consulta de enfermagem. Medidas antropométricas, assim 
como os perímetros cefálicos, torácicos e abdominais, fazem parte dessa avaliação para elaborar o 
gráfico que qualificará o crescimento da criança.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a saúde da criança, leia:
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança: crescimento e 
desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2012c. (Cadernos de 
Atenção Básica, n. 33).
Dentre outros problemas que podemos encontrar, vale atentar para:
• Avaliação do peso: pode ser alterado se a criança sofreu algum agravo de saúde ou se a família 
tem dificuldades para lidar com as recomendações feitas para determinada faixa etária ou se 
possui condições socioeconômicas desfavoráveis.
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• Avaliação da altura: pode revelar algum problema crônico e, tardiamente, por desnutrição.
• Perímetro cefálico: sua avaliação é útil até que a criança complete dois anos e pode sinalizar 
algum problema de Sistema Nervoso Central.
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2012c) sugere que até o primeiro ano de vida a criança passe, pelo 
menos, por sete consultas médicas; no segundo ano de vida, por duas consultas, e do terceiro ao quinto 
ano, uma consulta por ano. Essa sequência é para uma criança com crescimento e desenvolvimento 
dentro do esperado e que não tenha anormalidades identificadas em seu estado de saúde.
O enfermeiro deve acompanhar a família desde o pré-natal e identificar quais são as angústias, 
dúvidas e dificuldades diante da situação de um novo ente familiar, visando auxiliar na melhor forma 
de adaptação possível. Os laços afetivos formados, em especial entre pais e filhos, influenciam no 
desenvolvimento saudável do bebê e determinam modos de interação positivos, que possibilitam o 
ajustamento do indivíduo aos diferentes ambientes de que ele irá participar.
É de suma importância incluir o pai nessa avaliação e nas orientações para que ele participe do 
crescimento e desenvolvimento da criança e assessore nos cuidados.
Algumas dificuldades são comuns da fase do nascimento, e o enfermeiro precisa estar atento. A 
depressão pós-parto é um dos agravos com os quais podemos nos deparar, afetando entre 12% e 19% 
das puérperas e envolvendo diretamente o bebê e o pai da criança. Um dos problemas ocasionados pela 
depressão pós-parto é o desmame precoce (primeiros dois meses). O profissional enfermeiro deverá 
verificar sinais compatíveisde depressão na puérpera, tais como tristeza, irritabilidade, choro frequente, 
transtornos alimentares e de sono, além de queixas psicossomáticas.
O nascimento do segundo filho também merece atenção do enfermeiro. Ele pode causar ciúmes no 
primogênito e alterações emocionais que levam a diarreia, febre e outros sintomas, além de retrocessos, 
como voltar a querer mamadeira, fazer xixi na calça etc. É importante que o enfermeiro note as mudanças 
decorrentes desse acontecimentos, tranquilizando, apoiando e orientando a família para que ela consiga 
se adaptar e superar esse momento de ambivalência entre a felicidade pelo nascimento de um segundo 
filho e a ansiedade que pode advir do evento.
É importante que o enfermeiro incentive e auxilie os pais a criarem redes de apoio complementares 
para ajudar nessa fase, passando por ela da melhor forma possível, evitando conflitos. O enfermeiro pode, 
por meio da avaliação de Calgary, identificar quais são as possíveis redes de apoio disponíveis, como 
membros da família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e profissionais de saúde como psicólogos, 
médicos, entre outros.
Percebe-se que o fenômeno de distribuição de papéis, que na família tradicional era fortemente 
delimitado, hoje se encontra flexibilizado, principalmente nas classes mais populares, sendo, muitas 
vezes, os avós os detentores de maior parte do cuidado da criança.
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Com a presença mais frequente do enfermeiro no contexto domiciliar da família, algumas ações se 
tornam possíveis e os resultados positivos são visíveis. Durante a visita à casa da paciente, o enfermeiro 
consegue identificar sinais e sintomas de depressão pós-parto, dificuldades no processo de amamentação 
e cuidados de higiene da mãe e da criança, orientar sobre possíveis dificuldades na nova rotina e no 
desenvolvimento da paternidade.
Em relação à criança, o enfermeiro pode apontar problemas como: dificuldade de alimentação, 
vômito, apneia, letargia, taquipneia, atividade reduzida, febre, batimento de asas do nariz, icterícia, 
cianose, problemas de pele entre outros.
Para bebês maiores de dois meses, é importante observar se a criança consegue mamar no peito, se 
vomita tudo o que ingere, se apresenta convulsões ou se está letárgica ou inconsciente.
Com frequência, as crianças são acometidas por problemas respiratórios e gastrointestinais. Sendo 
assim, o enfermeiro deve conseguir distinguir sinais de maior gravidade dessas doenças por meio do 
conhecimento sobre a fisiopatologia delas.
Orientações sobre imunização e alimentação são essenciais para a família.
O acompanhamento do desenvolvimento da criança na atenção básica objetiva sua promoção, 
proteção e a detecção precoce de alterações passíveis de modificação que possam repercutir em sua 
vida futura. Dentro do que é esperado para um desenvolvimento normal, a família da criança pode 
interferir e inserir crenças e valores que deixam os pais sem saberem o que é realmente esperado para 
aquela determinada idade da criança, como, por exemplo, a comparação com outros.
A identificação de problemas tais como: atraso no desenvolvimento da fala, alterações relacionais, 
tendência ao isolamento social, dificuldade no aprendizado, agressividade, entre outros é fundamental 
para o desenvolvimento e a intervenção precoce para o prognóstico dessas crianças.
Para a avaliação do desenvolvimento da criança, podemos obter informações dos pais, da rede de 
apoio, como pessoas que auxiliam no cuidado, e da escola que a criança frequenta. Um instrumento 
muito utilizado para tal ação em nosso país é o teste de Denver. Ele foi criado na tentativa de acompanhar 
objetivamente o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças de zero a seis anos. Criado por 
Frankenburg em 1967, avalia quatro áreas do desenvolvimento infantil: motor-grosseiro e motor fino 
adaptativo (controle de aquisições motoras), linguagem (percepções de sons, imagens e suas respostas) 
e pessoal-social (avaliação do comportamento perante estímulos culturais).
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
 Saiba mais
Para se aprofundar no assunto, leia:
ZAGO, J. T. C. et al. Associação entre o desenvolvimento neuropsicomotor 
e fatores de risco biológico e ambientais em crianças na primeira infância. 
Cefac, v. 19, n. 3, p. 320-329, maio-jun. 2017.
É importante que o enfermeiro saiba que alterações significativas no crescimento também 
podem afetar o desenvolvimento da criança, cujo tratamento poderá ser individualizado ou em 
grupo, dependendo muito de sua complexidade. O manejo adequado poderá ser feito mediante 
orientações aos pais sobre a importância da relação entre o desenvolvimento da criança e a maneira 
como eles lidam com ele.
A obesidade infantil é outro problema que deve ser visto pelo enfermeiro da família. Hoje, é 
considerado um problema de saúde pública, pois a prevalência de sobrepeso e obesidade infantil está 
aumentando em todo o mundo, com incidência entre 10,8% e 33,8% em diferentes regiões e reflexos 
em curto e longo prazos na saúde pública (BRASIL, 2012c). Intervir precocemente, visando prevenir 
a obesidade na infância, significa diminuir, de uma forma racional e menos onerosa, a incidência de 
doenças crônico-degenerativas na fase adulta.
Algumas informações que o enfermeiro deve verificar nesse contexto são:
• se a criança realizou aleitamento materno;
• se há sobrepeso ou obesidade dos pais;
• se os pais e a criança realizam alguma atividade física;
• avaliar os hábitos alimentares da família, incluindo o horário das refeições.
Essas indicações auxiliarão muito na avaliação da família e na elaboração das intervenções.
Outro motivo de interferência na família relacionado à criança é a violência. Ela interpõe-se como 
uma poderosa ameaça ao direito à vida e à saúde da criança e de sua família. A exposição dela a 
qualquer forma de violência, assim como a negligência e o abandono, principalmente na fase inicial da 
sua vida, pode comprometer seu crescimento e desenvolvimento físico e mental.
Nesse sentido, desde 1996, há uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que 
as violências sejam encaradas como importantes problemas de saúde pública. No Brasil, a violência já 
atingiu o quinto lugar nos motivos de mortes de crianças até um ano de idade (MAGALHÃES, 2017).
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Unidade I
O enfermeiro precisa entender a violência, seus fatores de risco e avaliar algumas questões:
• identificar casos suspeitos de violência;
• conhecer e reconhecer sinais de violência;
• identificar redes de apoio e proteção social no território;
• realizar acompanhamento contínuo da criança e da família em situação de violência;
• desempenhar atividades de prevenção da violência com a população.
A suspeita de violência, também conhecida como maus-tratos, surge, em geral, no momento em 
que se procede à anamnese ou ao exame físico da criança. Distúrbios de sono, desnutrição, dificuldade 
de aprendizado ou fobias são alguns dos muitos sintomas que podemos identificar na criança durante 
a consulta de enfermagem. Hematomas, queimaduras e fraturas podem ser sugestivos de possível 
violência física.
É importante que o enfermeiro desenvolva ações de prevenção da violência e identificação de sinais 
e sintomas nas escolas e creches, pois também são ambientes que auxiliam na identificação de possíveis 
problemas e ajudam no processo de apoio à família e à criança.
A atenção básica assume um papel importante para a atenção integral à saúde das crianças e de 
suas famílias em situações de violência por ser o serviço responsável pela coordenação das ações de 
cuidado antiviolência.
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009b), existe uma linha de cuidado que precisa ser seguida 
na atenção básica à saúde, conformefigura a seguir:
Acolhimento
Atendimento
Notificação
Seguimento na rede
Figura 13 – Linha de cuidado para a criança e família vítimas de violência
Ainda em relação à violência à criança, é importante que o enfermeiro conheça os fatores de 
vulnerabilidade:
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• pais muito jovens;
• pais solteiros;
• pais de nível socioeconômico baixo;
• ambiente familiar instável (uso de drogas e álcool);
• pais com baixa autoestima;
• fatores que aumentam o nível de conflito, como o desemprego;
• crianças com distúrbios psíquicos e mentais, entre outros.
Para que o enfermeiro consiga atingir de forma efetiva o cuidado nessa etapa do ciclo vital, 
é preciso conhecer todas as vulnerabilidades possíveis que a criança vivencia, como as citadas 
anteriormente.
1.5.2 Adolescência
A adolescência é uma das fases mais importantes e peculiares do desenvolvimento humano que chega 
de uma forma intensa, manifestada por meio de crescimento físico acelerado, além da evolução psicológica.
Por mais que tenhamos políticas públicas bem-estruturadas, quando falamos da adolescência, 
essa não é a realidade. Ainda há muita dificuldade em se assegurar a atenção integral à saúde dessa 
população, levando em consideração as peculiaridades existentes nessa fase do ciclo vital.
O Programa de Saúde do Adolescente (Prosad) criado em 1989, e o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, de 1990, são as políticas brasileiras que apresentam diretrizes voltadas para a atenção 
à saúde e proteção social dos adolescentes, porém, ainda se mostram insuficientes para atingir a 
integralidade dessa população.
A compreensão das demandas e necessidades de saúde dos adolescentes pode subsidiar estratégias 
de melhoria do cuidado a esse grupo. E a gravidez na adolescência é uma das principais exigências de 
saúde que merecem atenção.
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Figura 14 – Gravidez na adolescência
Geralmente, as mulheres descrevem a experiência de ser mãe como maravilhosa e muitas, inclusive, 
têm a maternidade como um sonho de mulher. Na adolescência, esse contexto passa a ser problema de 
saúde pública por não ser planejado, e não pela gestação propriamente dita. A adolescente passa por 
intensas transformações que já impactam diretamente na sua rotina, e uma gravidez não planejada 
pode ser um problema ainda maior do que se ocorresse na vida adulta.
O estilo de vida atual, de mais liberdade de expressão e independência da mulher e da adolescência, 
associado à grande explosão emocional da fase, são os principais motivos do aumento da incidência de 
gravidez na gestação.
O segundo aspecto é um pouco mais subjetivo e parece não ter relação, mas impacta, sim. Nas 
populações de classes econômicas mais baixas, que geralmente não têm acesso à saúde, cultura, lazer 
e emprego, uma gravidez pode representar instantânea elevação de benefícios, como, por exemplo, ter 
preferência em filas de estabelecimentos comerciais.
A adolescente, muitas vezes, apresenta complicações na gestação, pois, em sua maioria, não entende 
a importância do pré-natal, tem vergonha da barriga, não possui acesso às consultas e não o realiza da 
forma indicada.
Como enfermeiros, precisamos orientar a adolescente sobre as complicações mais comuns na 
gestação precoce, como:
• mortalidade neonatal;
• baixo peso ao nascer;
• anemia ferropriva;
• mortalidade materna;
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• aborto espontâneo;
• doença hipertensiva exclusiva da gestação;
• prematuridade, entre outros.
Figura 15 – Recém-nascido prematuro. Consequência possível na gravidez na adolescência
Ainda sobre as consequências, a interrupção dos estudos é uma delas. Infelizmente, escolas 
e universidades não possuem alguma forma de apoio a essas alunas, ocasionando alto número 
de evasões escolares, tendo como consequência a falta de preparo para o mercado de trabalho, 
desemprego e pobreza.
 Saiba mais
Sobre o impacto causado pela gravidez na adolescência, leia:
BICA, I. et al. Situação de risco com impacto em toda família: gravidez 
na adolescência. Millenium, v. 2, n. 1, p. 65-75, 2016.
A atuação do profissional enfermeiro é imprescindível por criar oportunidades de diálogo e 
apoio, os quais a adolescente não possui em sua família e podem ser supridos por uma atenção 
multiprofissional qualificada.
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Outra problemática ainda dentro da gravidez na adolescência não planejada é o aborto. Várias são as 
opções clandestinas e ilegais oferecidas e sugeridas geralmente pelo companheiro ou amigos. Segundo 
estimativas da Organização Mundial da Saúde (GENIOLE, 2011), cerca de metade das gestações são 
indesejadas e uma em cada nove mulheres recorre ao aborto.
A Agência Nacional dos Direitos da Infância (ANDI, 2003) relata que mais da metade das adolescentes 
grávidas de classe média alta recorrem ao aborto quando não podem ou não querem a gestação. Os 
abortos malsucedidos, realizados de forma precária e que apresentam complicações, obrigam as mulheres 
a procurar assistência médica na rede pública de saúde, entrando para as estatísticas nacionais.
Exemplo de aplicação
Por meio da escuta e do acolhimento, os profissionais de saúde têm a possibilidade de considerar 
as crenças, os valores e o modo como representa e age a família perante a situação e também suas 
potencialidades e limitações. Reflita sobre o papel do enfermeiro nesse contexto.
Outro problema que pode ocorrer nessa fase do ciclo vital é a violência urbana. Ela inclui acidentes 
de trânsito, óbitos por arma de fogo, arma branca, afogamento, suicídio entre outros. Este problema 
acomete principalmente jovens entre 20 e 24 anos e vem aumentando cada vez mais nas estatísticas 
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2001). Recentemente, a violência urbana, 
representada também pelos assaltos, sequestros, estupros, dentre outros tipos, vem sendo executada 
basicamente por jovens e adolescentes.
Figura 16 – Violência urbana na adolescência
A violência traz sempre um cunho de poder, de domínio de um sobre o outro; assim, os indivíduos 
considerados mais frágeis ou pertencentes a classes minoritárias, como as mulheres, idosos, crianças e 
adolescentes, são sempre os mais atingidos.
A promoção da saúde por meio de ações educativas contra qualquer tipo de violência ainda é a 
melhor forma de conscientizar jovens e adolescentes sobre os riscos diante dessa demanda. Por conta 
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desse tipo de problemática, devido aos óbitos precoces, a família sofre uma mudança radical na estrutura 
e precisa de apoio para lidar com esse tipo de adaptação que poderia ser evitado.
O bullying é uma temática nova e atual, que vem tomando dimensões inclusive judiciais e que 
impacta diretamente na vida do adolescente, podendo ocasionar violência, depressão e isolamento 
social. É preciso que o enfermeiro auxilie a família e o jovem a lidar com esse tipo de contexto.
A prática do bullying não se restringe ao ambiente escolar, podendo estar presente também nas 
famílias, nos locais de trabalho, nos condomínios residenciais, enfim, onde existam relações interpessoais.
Figura 17 – Bullying na adolescência
As causas são diversas, tais como: carência afetiva, ausência de limites e modo de afirmação de 
poder e de autoridade dos pais sobre os filhos, por meio de práticas educativas que incluem maus-tratos 
físicos e explosões emocionais violentas. Cabe ao enfermeiro estar atento a sinais de bullying durante a 
avaliação da família e no decorrer do acompanhamento.
Assim, como comentamos no ciclo vital da infância, a violênciaintrafamiliar também pode ocorrer 
na adolescência. Essa prática é constantemente encoberta pelos membros da família, inclusive pela 
própria vítima, seja por vergonha, medo ou pela situação de dependência da vítima com relação ao 
agressor. A violência pode ser física, emocional, sexual ou ainda negligência.
O enfermeiro que estiver acompanhando uma vítima de violência intrafamiliar deve considerar seus 
relatos, ainda que se trate de uma criança, não se precipitando na conclusão de que se trata de fantasia. 
Portanto, deve ficar atento a sinais sugestivos de violência em crianças e adolescentes, como lesões 
repetidas, isolamento, depressão, exibicionismo, interesse sexual impróprio para a idade, manipulação 
da genitália, DSTs.
O comportamento dos pais também pode ser suspeito, como a criança ser levada com frequência 
à unidade de saúde e os pais demonstrarem cuidado excessivo, não permitindo que ela fique nem um 
momento longe de sua presença. Esse tipo de comportamento pode demonstrar insegurança e receio de 
que a criança relate a realidade. A atuação multiprofissional nesta situação é essencial.
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 Saiba mais
Para saber mais sobre a violência infrafamiliar, leia:
MAGALHÃES, J. R. F. et al. Violência intrafamiliar: vivências e percepções 
de adolescentes. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, v. 21, n. 1, 
p. 1-7, 2017.
O uso e abuso de drogas e álcool na adolescência também é uma problemática possível dentro 
das famílias e que muitos pais apresentam dificuldade de identificar ou de lidar com essa situação, 
necessitando de auxílio multiprofissional.
Figura 18 – Uso de drogas e álcool entre os adolescentes
As características emocionais típicas da adolescência impulsionam o adolescente a experimentar 
novas sensações e a buscar o prazer imediato, atitudes decorrentes de dois importantes fatores que 
integram esse processo, a curiosidade e a pressão do grupo.
Em nossa cultura e contando com o auxílio da mídia, o álcool tem sido a primeira droga utilizada 
pelos jovens, muitas vezes até estimulados pelos pais. Acreditava-se que a função de atuar como porta 
de entrada para o uso de outras drogas era atribuída à maconha; porém, hoje, considera-se principal 
marcador de risco para a utilização de outras drogas o uso regular de bebidas destiladas.
Um dos primeiros sinais de que um jovem está utilizando algum tipo de droga, principalmente no 
caso da maconha, é a queda do rendimento escolar. O estado apático decorrente do uso dessa droga 
com frequência compromete os estudos.
De uma forma geral, as drogas alteram as funções cognitivas, responsáveis pela noção de tempo 
e espaço e pelos reflexos de autopreservação. O uso, ainda que em pequenas doses, pode resultar em 
graves acidentes de trânsito e de trabalho que podem levar a mutilações e óbitos.
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
Durante a abordagem à família com essa problemática, deve-se considerar na avaliação o tipo de 
droga utilizada e o tempo de uso.
 Saiba mais
Veja mais sobre o assunto noa rtigo:
CANAVEZ, M. F.; ALVES, A. R.; CANAVEZ, L. S. Fatores predisponentes 
para o uso precoce de drogas por adolescentes. Cadernos Uni FOA, ed. 14, 
p. 57-63, 2010.
É preciso que o enfermeiro esteja preparado para atuar com essa clientela, pois o cuidado deve 
estar voltado à necessidade de diagnosticar o abuso de drogas e os prejuízos causados por ela à vida do 
adolescente de forma precoce, minimizando os problemas.
A família deve fazer parte desse atendimento, dado o significado do contexto familiar nessas 
situações. Ela atuará na responsabilização do adolescente perante seu tratamento e ainda necessitará 
de apoio para lidar de forma compreensível com a situação. O profissional deverá participar da busca de 
estratégias e parcerias envolvendo uma sensibilização para as causas e consequências do problema; num 
entendimento biopsicossocial, oferecendo informações sobre as substâncias psicoativas e os problemas 
relacionados ao seu uso; proporcionando oportunidades para explorar as perdas e ganhos ocorridos no 
plano pessoal e social quando se escolhe ou se abdica do uso de drogas.
Os transtornos alimentares são uma realidade muito presente na adolescência. O capitalismo 
e o mundo da moda determinam biótipos muitas vezes não saudáveis e que levam adolescentes a 
desenvolver desordens alimentares com sérias consequências em sua saúde.
Figura 19 – Transtornos alimentares na adolescência: anorexia na adolescência
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Figura 20 – Transtornos alimentares na adolescência: bulimia na adolescência
A anorexia nervosa e a bulimia são os distúrbios alimentares mais comuns entre os adolescentes. Na 
família, os pais podem não conseguir identificar facilmente esses problemas e precisarão de ajuda do 
enfermeiro para identificação e tratamento desses distúrbios junto ao adolescente.
 Saiba mais
Obtenha mais informações lendo:
MORGAN, C. M.; VECCHIATTI, I. R.; NEGRÃO, A. B. Etiologia dos transtornos 
alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Revista 
Brasiliera de Psiquiatria, v. 24, supl. III, p. 18-23, 2002.
Alterações de saúde graves como alterações cardiológicas (arritmias), endócrinas (hipotireoidismo), 
anemia, dificuldade de coagulação, depressão, alteração do sono, pele descorada, queda de cabelo entre 
outras podem ocorrer caso o distúrbio não seja identificado.
 Observação
A anorexia é visivelmente fatal. Pode levar a óbito por falência múltipla 
dos órgãos.
Algumas intervenções de enfermagem numa família vivenciando um adolescente com transtornos 
alimentares são sugeridas, tais como:
• avaliar e explorar o grau de dependência e envolvimento entre os membros da família;
• identificar as regras de alimentação dentro da família;
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ENFERMAGEM DA FAMÍLIA
• distinguir limites adequados para alimentação;
• incentivar meio de comunicação entre os familiares sobre o problema;
• ajudar o paciente a desenvolver habilidades na resolução de problemas e incentivar a iniciativa;
• incentivar a participação em grupos de terapia de família.
Como já visto anteriormente com as crianças, é preciso incentivar práticas saudáveis que alcancem 
cada vez mais o adolescente, que é responsável pela sociedade futura, por meio de informações, 
acolhimento e escuta de suas necessidades. Esses costumes poderão favorecer um suporte social e 
emocional ao adolescente, contribuindo para o fortalecimento de ações individuais de enfrentamento 
frente as demandas dessa fase do ciclo vital.
1.5.3 Fase adulta
A fase adulta apresenta várias condições que merecem atenção do enfermeiro. Iniciaremos esse 
tema falando um pouco das demandas exclusivas das mulheres.
Até a década de 1970, a mulher era designada única e exclusivamente para os cuidados domésticos e 
maternos, e assim também eram as políticas voltadas a sua saúde e para a maternidade (gravidez e parto).
A ativação da participação feminina na sociedade e a mudança de papéis foram essenciais para que 
essa visão exclusiva de mãe e dona do lar ocorresse e outras necessidades recebessem atenção, como a 
contracepção, as doenças sexualmente transmissíveis, entre outras.
Em 1983, o Ministério da Saúde elabora o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher 
(PAISM) com objetivo de promover ações educativas, de prevenção, diagnóstico, tratamento e 
reabilitação relacionados ao pré-natal, parto e puerpério, climatério, planejamento familiar, DST, 
câncer de colo de útero e mama.
 Lembrete
Por mais que tenha evoluído a discussão sobre a saúde da mulher, a 
prioridade das ações ainda é voltada para a saúde materno-infantil.
Durante a consulta de enfermagem, seja no domicílio

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