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Hoje, com todas as transformações ocorrendo no contexto da família, fica difícil encontrar um conceito que se encaixe perfeitamente na sociedade atual. Uma concepção mais tradicional seria a que traz Durham (1968, p. 31): “As famílias são grupos sociais, estruturados por meio de relações de afinidade, descendência e consanguidade que se constituem como unidades de reprodução humana”. LEMBRETE : A família é a base da formação do indivíduo, além de ser responsável por promover educação, saúde, proteção e lazer de seus entes, influenciando o comportamento do indivíduo ante a sociedade. Fazendo uma transposição para a abordagem do cuidado da família como um sistema, um todo único é maior que a soma das partes, pois, no cuidado com essa família, o enfermeiro precisa visar à relação entre os membros, alguém de dentro do sistema que tenha influência sobre o subsistema e estabelecer uma postura de empatia com os membros para uma melhor compreensão do todo. Dentro de um mesmo sistema, os membros podem absorver a informação de formas variadas, porém, possuem uma maneira individual de organização através da qual, ao final, todos chegam ao objetivo comum. Um dos conceitos de enfermagem na família é: “Uma filosofia é um modo de interação com os clientes, que diz respeito ao modo como os enfermeiros colhem informação, intervêm com pacientes, advogam os pacientes e abordam o cuidado espiritual com as famílias” (SANTOS, 2012, p.12). No decorrer dos anos 1960, o cuidado na família ganhou maior ênfase e foi inserido nos currículos dos cursos de enfermagem, incluindo a forma de avaliação da família por meio dos profissionais enfermeiros. Foi preciso adaptar algumas teorias e práticas que eram voltadas exclusivamente aos indivíduos. A TEORIA DA ADAPTAÇÃO DE ROY: De acordo com Roy, a pessoa, como um sistema, tem a capacidade de se adaptar e criar mudanças no meio ambiente. Sendo um sistema, a pessoa recebe estímulos, dentre eles o focal, que é o estímulo interno ou externo que constitui o maior grau de mudança, gerando um forte impacto. LEMBRETE: A teoria de enfermagem é uma conceituação articulada e comunicada da realidade inventada ou descoberta na enfermagem com a finalidade de descrever, explicar, prever ou prescrever o cuidado de enfermagem. A FAMÍLIA COMO UM SISTEMA: É composta de vários subsistemas: conjugal, filial, paternal e parental. CONJUGAL: Ocorre quando duas adultas se unem em uma relação interdependente e complementar, formando um casal que identifica uma relação entre os cônjuges. FILIAL: Acontece quando nasce o primeiro filhos e os seguintes. PARENTAL: É responsável por questões consideradas básicas, porém fundamentais em uma família, com a educação, a socialização e a proteção. FRATERNAL: Diz respeito à relação entre os irmãos, a qual deveria ser estreita e de companheirismo. AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA O enfermeiro determina os tipos de informações de que precisa. Todos os membros da família necessitam ser avaliados, porém nem com todos conseguiremos ter contato. Após a coleta dos dados, tentar discutir com base nas informações que possui e não se deixar levar por dados inferenciais ou sugestivos de alguns membros. Ter a consciência de que as informações obtidas são o que a família quer falar naquele momento; porém, elas podem mudar em um outro momento de contato. Enfermeiros precisam estar atentos às várias verdades que podem ocorrer dentro de uma mesma família, não se deixando levar por emoções e sendo imparciais no julgamento. O foco é menor nas pessoas e maior na interação entre os meios. Para a avaliação dos familiares, são usados o genograma (desenho da família) e o ecomapa (representação das relações internas e externas da família) que avaliam quem é o grupo social dela, suas influências diretas e indiretas, os tipos de relação de vínculo entre os meios e indivíduos e o contexto em que estão inseridos. À medida que vai colhendo dados, o enfermeiro deverá mentalmente rever a informação e validar com a família a interpretação que faz dela, reformulando e levando os parentes a tecer narrativas compreensivas da situação apresentada ENFERMAGEM DA FAMÍLIA GENOGRAMA: Desenho de árvore da família, também chamada de árvore genealógica. No geral, as informações mínimas que o enfermeiro precisa ter para a elaboração do genograma são: identificação das pessoas e sua hierarquia; idade e ano de nascimento; doenças que tiveram ou têm; pessoas ou locais envolvidos na rotina dessa família; datas de casamentos e divórcios. Deve-se também indicar os membros que vivem juntos na mesma casa (família nuclear), os familiares de origem (pai e mãe), estressores, relacionamentos intergerações, interpessoais e os papéis de cada um no seio familiar. Sempre que possível, o genograma deve ser iniciado na primeira consulta, pois é uma boa estratégia para ter acesso ao conhecimento da estrutura da família. ECOMAPA: é uma avaliação mais ampla, relacionada ao tipo de relação que os membros da família têm entre si e com o ambiente em que vivem. Ele é complementar ao genograma e é considerado dinâmico, pois está ligado ao externo e por isso pode apresentar mudanças. É uma representação do suprassistema, além de um diagrama das relações entre a família e a comunidade, o que ajuda a avaliar os apoios e suportes disponíveis e sua utilização pela família. Devem-se incluir no ecomapa: serviços da comunidade (creche, escolas, unidade de saúde etc.); grupos sociais (igrejas, associação de moradores do bairro etc.). relações significativas (amigos, vizinhos, família etc.); trabalho – outros (lazer etc.). Intervenção na família As intervenções de enfermagem devem centrar-se em dar segurança, aumentar a proximidade do doente e da família/pessoa significativa, tratar de informação, facilitar o conforto e reforçar o apoio. Para que ocorra a efetividade de uma intervenção, todas as etapas discutidas anteriormente precisam ter ocorrido com empatia, criando um vínculo de confiança entre o enfermeiro e a família. Para a intercessão da enfermagem, a teoria da mudança oferece atributos importantes para essa prática. Nem sempre ela ocorre. Muitas vezes, é preciso que algum desconforto aconteça para que se perceba a sua necessidade e ela efetivamente ocorra. Em geral, toda alteração gera desconforto. Muitas vezes o profissional não vai ser vem aceito devido à não adaptação da família, causando até a necessidade da família buscar outro enfermeiro. Ciclos de vida familiar: O ciclo de vida familiar tem várias etapas pelas quais as famílias passam desde a sua constituição em uma geração até a morte dos indivíduos que a iniciaram. Elas podem ter impactos sociais, culturais, biológicos ou econômicos. Nessas etapas, algumas mudanças são esperadas enquanto outras não, e o comportamento da família diante disso precisa ser conhecido, demandando avaliação e intervenção quando não são vistas como algo bom. Algumas das modificações que podem ocorrer no ciclo de vida são: casamento, nascimento de um filho, separação, adolescência ou morte, dentre outros. Na literatura, são apontadas seis fases do ciclo de vida, descritas em oito etapas: 1 – Começo da família (casamento). 2 – Família com filhos com até 30 meses. 3 – Família com filhos pré-escolares (entre 30 meses e anos anos de idade). 4 – Família com filhos escolares (entre seis e 13 anos de idade). 5 – Família com adolescentes (entre 13 e 20 anos). 6 – Família em fase de lançar os filhos (filhos saem de casa para estudar, trabalhar, casar etc.). 7 – Famílias maduras (do ninho vazio até a aposentadoria). 8 – Famílias anciãs (aposentadoria até o falecimento de ambos os cônjuges) Em famílias de classe social vulnerável, alguns fenômenos contribuem para encurtar as fases do ciclo de vida: em primeiro lugar, a gravidez que ocorre precocemente, geralmente em adolescentes e, assim, as fases do casamento e nascimento do primeiro filho dão lugar afamílias com filhos pequenos. A estrutura, geralmente monoparental, e a aglomeração de gerações sob um mesmo teto faz com que famílias populares tenham ciclos de vida abreviados, de até três fases: O modelo de Calgary de intervenções na família possibilita uma estrutura organizadora de intercepção entre um determinado domínio do funcionamento familiar e uma intervenção específica de enfermagem, a qual tem por finalidade a mudança do sistema. A figura lado demostra a intervenção da família.
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