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Base Nacional Comum Curricular como política educacional APRESENTAÇÃO A Base Nacional Comum Curricular, conhecida pela sigla BNCC, é um documento que orienta um currículo mínimo comum para toda a educação básica brasileira e inclui os ensinos fundamental e médio. Nela estão contidas as aprendizagens mínimas por competências e habilidades, por série, a que todos os alunos precisam ter acesso. Nesse documento também há o reconhecimento do Ensino Religioso não somente como componente curricular, mas também como uma das cinco áreas do conhecimento. E, com isso, nele estão contidas as aprendizagens mínimas por competências e habilidades, também por série, do Ensino Religioso. Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá a identificar o papel da BNCC na política educacional brasileira, bem como as propostas curriculares do Ensino Religioso. Aprenderá, também, a descrever os impactos da BNCC na escola pública com o compromisso com a educação integral e com o reconhecimento do Ensino Religioso: tendo a religião como parte importante da multidimensionalidade do ser humano, ela contribui, também, à educação integral. Por fim, você saberá definir a relação da BNCC com a elaboração do currículo de cada escola e com sistemas e redes de ensino que têm autonomia para criar seus currículos e projetos políticos-pedagógicos, levando em consideração as competências gerais da BNCC e as competências específicas do componente curricular Ensino Religioso. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar o papel da BNCC na política educacional brasileira.• Descrever os impactos da BNCC na escola pública.• Definir a relação da BNCC com a elaboração do currículo de cada escola.• DESAFIO Para implementação dos currículos mínimos visando ao bom funcionamento da BNCC, é necessário o regime de colaboração com os Estados, Distrito Federal e Municípios em conformidade com a Lei no 13.005/2014 que promulgou o PNE. O grande desafio, após a homologação da BNCC, é a construção dos currículos por parte dos entes federados, embora muitos deles já estejam com esses processos bem adiantados ou até mesmo concluídos. Imagine a situação a seguir: INFOGRÁFICO Na BNCC, tanto as competências gerais quanto as competências específicas são definidas como a mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que fornecem ao aluno condições para solucionar as várias e complexas dificuldades que se apresentam no cotidiano e no trabalho. O desenvolvimento das habilidades do componente curricular Ensino Religioso garante ao aluno o desenvolvimento das competências específicas da área, que, ao serem articuladas com as competências gerais da educação básica, promovem uma educação integral ao discente. Acompanhe no Infográfico a articulação entre algumas das competências gerais para a educação básica e algumas competências específicas da área do Ensino Religioso. CONTEÚDO DO LIVRO O Ensino Religioso na educação básica nas escolas do Brasil foi instituído pela Constituição Federal de 1988 e pela LDB, no artigo 33, que prevê os princípios e fundamentos para abalizar suas epistemologias e pedagogias. Reconhecido como uma das cinco áreas do conhecimento e como componente curricular da educação básica, o Ensino Religioso tem suas competências e habilidades definidas pela BNCC, que, articuladas com as competências gerais, demonstram sua contribuição na formação do discente pautada na Educação Integral em suas multidimensionalidades. No capítulo Base Nacional Comum Curricular como política educacional, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá o papel da BNCC na política educacional brasileira, os impactos na escola pública e a elaboração do currículo de cada escola, bem como as competências, habilidades e contribuições do Ensino Religioso na educação básica. Boa leitura. POLÍTICAS EDUCACIONAIS E BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR DE ENSINO RELIGIOSO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Identificar o papel da BNCC na política educacional brasileira. > Descrever os impactos da BNCC na escola pública. > Definir a relação da BNCC com a elaboração do currículo de cada escola. Introdução O documento que define as orientações curriculares básicas comuns que devem ser ofertadas a todos os estudantes no Brasil é a Base Nacional Comum Curri- cular (BNCC), que estabelece as competências gerais e específicas, bem como as habilidades para cada componente curricular da educação básica. Nesse documento, também encontramos as competências específicas do ensino religioso, que, articuladas com as competências gerais, proporcionam uma educação integral que permite ao aluno uma educação voltada para a multidi- mensionalidade da condição humana, preparando-o para a socialização e para a ação autônoma em um mundo pós-moderno que exige competências gerais e aprofundamentos específicos na solução de problemas sociais e profissionais. Base Nacional Comum Curricular como política educacional Valter Borges dos Santos Neste capítulo, portanto, você vai conhecer o papel da BNCC na política educa- cional brasileira, as competências gerais e os marcos legais que a fundamentam, além de seus impactos na escola pública. Você também vai ver o espaço do conhe- cimento religioso e do ensino religioso no documento, a relação com a elaboração do currículo de cada escola, a colaboração para implementação e funcionamento da BNCC e as unidades temáticas do ensino religioso. Uma educação comum para todos As inúmeras dificuldades de acesso aos currículos mínimos necessários para o desenvolvimento educacional da criança e do adolescente no Brasil têm como consequência as profundas desigualdades educacionais, que nada contribuem para o desenvolvimento da pessoa humana e do próprio país como nação. Com a finalidade de superar essas dificuldades e promover uma educação mais qualitativa e igualitária entre os estudantes das inúmeras regiões do Brasil, cujo território tem dimensões continentais, criou-se uma base comum nas quais todos os alunos em todas regiões teriam acesso a formação educa- cional por um currículo mínimo que permita o desenvolvimento da cidadania, preparando-os, também, para a carreira profissional. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que normatiza o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais, assegurando, assim, o direito à educação plena e o desenvolvimento ao longo da educação básica nas suas respectivas etapas e modalidades. Esses direitos estão previstos no Plano Nacional de Educação (PNE) e são orientados “[...] pelos princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva, como fundamento nas Diretrizes Curriculares Nacionais” (BRASIL, 2017, p. 7). A BNCC é a referência nacional mínima para a elaboração de currículos de todos os sistemas e redes escolares do país, nas esfera municipal, estadual e federal, integrando a Política Nacional de Educação Básica. O alinhamento nacional de currículos mínimos oferecidos pelos entes federativos às crianças e adolescentes no país exigirá, também, outras políticas ligadas à educação para melhoria de sua qualidade de ensino, como aquelas “[...] referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacio- nais e aos critérios para a oferta de infraestrurura adequada para o pleno desenvolvimento da educação” (BRASIL, 2017, p. 8). Base Nacional Comum Curricular como política educacional2 Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituiçõespróprias (BRASIL, 1996, documento on-line). Competências gerais previstas na BNCC para a educação básica As aprendizagens que a BNCC normatiza como prioritárias e essenciais devem ser ensinadas ao estudante em conformidade com o desenvolvimento das competências gerais elencadas no documento: Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2017, p. 8). De forma suscinta, as 10 competências gerais da base nacional comum curricular são: conhecimento; pensamento científico, crítico e criativo; re- pertório cultural; comunicação; cultura digital; trabalho e projeto de vida; argumentação; autoconhecimento e autocuidado; empatia e cooperação; e responsabilidade e cidadania. Essas competências gerais se inter-relacionam e são desdobradas didaticamente em etapas — educação infantil, educação fundamental e ensino médio — e se articulam no processo de “[...] construção do conhecimento, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, nos termos das LDB” (BRASIL, 2017, p. 9). Marcos legais que fundamentam a BNCC A carta magna do país, promulgada em 1988, em seu artigo 205, trata do reconhecimento da educação como um direito fundamental dos brasileiros e que é de responsabilidade do Estado, da família e da sociedade como um todo (BRASIL, [2016]). Além disso, determina que “[...] a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, [2016], documento on-line). Base Nacional Comum Curricular como política educacional 3 Para a concretização do atendimento desse direito, a Constituição brasi- leira reconhece a necessidade de fixar “[...] conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, [2016], documento on-line), e é da União (Governo Federal) a responsabilidade de, conforme o inciso IV, artigo 9º, da Lei n. 9394/96: “[...] estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum” (BRASIL, 1996, documento on-line). Há dois conceitos que merecem consideração na LDB: a distinção entre a base-comum e a diversificada do currículo; e o foco do currículo. A LDB, ao tratar da distinção entre a base-comum e a diversificada, determina que as competências e diretrizes são comuns e os currículos são diversificados. Quanto ao foco do currículo, a LDB enfatiza que os conteúdos curriculares estão a serviço do desenvolvimento adequado das competências. Como você pode observar, o Artigo 26 da LDB retoma a relação entre base-comum e a diversificada: Os currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio de- vem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (BRASIL, 1996, documento on-line). Em outras palavras, a BNCC fornece parâmetros para uma aprendizagem mínima a todo o país e alarga as fronteiras, possibilitando a inclusão de mais competências, que, por sua vez, são diversificadas. Entretanto, não são desvinculadas das dez competêncais gerais e nem das específicas de cada componente curricular contidas na BNCC, consideradas e respeitadas as diversidades regionais e, ainda, de modo complementar. Permite, assim, um currículo contextualizado pela realidade local, social e individual da escola e seu alunado. Essa orientação foi gestada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que elaborou as diretrizes curriculares nas décadas de 1990 e 2000. Em 2010, uma orientação nova e importante foi incorporada às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) pelo CNE, aperfeiçoando a possibilidade de con- textualização: “[...] a inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural resgatando e respeitando as várias manifestações de cada comunidade” (BRASIL, 2010a, documento on-line). Base Nacional Comum Curricular como política educacional4 O PNE, em 2014, por meio da Lei n. 13.005/2014, reiterou a necessidade de: Estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa [União, Estados, Distrito Federal e Municípios], diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada ano do Ensino Fundamental e Médio, respeitadas as diversidades regional, estadual e local” (BRASIL, 2014, documento on-line). Com esses marcos legais, o Brasil confirma, por suas leis, a importância e a necessidade da BNCC para fornecer uma aprendizagem comum ao país todo, a fim de aumentar a qualidade educacional da nação, e em todas as etapas e modalidades. Desse modo, em 2017, os Artigos 35-A e 36 em seu § 1º, da LDB, alterada pela Lei 13.415/2017, passaram a conter a seguinte redação: Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de apren- dizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento [...]. Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas competências e habilidades será feita de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino (BRASIL, 2017, p. 12). As possibilidades de os sistemas e redes de ensino criarem critérios para organizar suas competências e suas habilidades norteiam a acessibilidade e devolvem sentido à escola pública uma vez conectadas com a realidade de cada região. O ensino religioso na Base Nacional Comum Curricular Segundo o documento, o ensino religioso tem sua história ligada às dife- rentes perspectivas com víeis confessional ou interconfessional. Na década de 1980, entretanto, as mudanças paradigmáticas ocorridas na educação proporcionaram, também, mudanças no ensino do fenômeno religioso: “Em função dos promulgados ideais de democracia, inclusão social e educação integral, vários setores da sociedade civil passaram a reivindicar a abordagem do conhecimento religioso e o reconhecimento da diversidade religiosa no âmbito dos currículos escolares” (BRASIL, 2017, p. 435). Com essas reivindicações, foram necessárias bases legais para que o ensino religioso nas escolas públicas pudesse, de fato, funcionar. Nesse sentido, o artigo 210 da Constituição de 1988, bem como o artigo 33 (alterado pela Lei n. 9.475/1997) da LDB n. 9.394/1996: Base Nacional Comum Curricular como política educacional 5 [...] estabeleceram os princípios e os fundamentos que devem alicerçar epistemo- logias e pedagogias do Ensino Religioso, cuja função educacional, enquanto parte integrante da formação básica do cidadão, é assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa, sem proselitismos (BRASIL, 2017, p. 435). Em 2010, o ensino religioso nas escolas públicas foi reconhecido, final- mente, como uma das cinco áreas de conhecimento do ensino fundamental por meio da Resolução CNE/CEB n. 04/2010 (BRASIL, 2010a) e da Resolução CNE/CEB n. 07/2010 (BRASIL, 2010b). O ensino religioso, uma vez caracterizado como componente curricular, deve ser ofertado obrigatoriamente nas escolas públicas, embora a matrícula seja facultativa em todo país. Esse componente passou a ter uma proposta curricular que se contextualiza nas várias regiões Brasil afora. Segundo o documento, “[...] foram elaborados propostascurriculares, cursos de formação inicial e continuada e materiais didático-pedagógicos que contribuíram para a construção da área do Ensino Religioso, cujas natureza e finalidades pedagógicas são distintas da confessionalidade” (BRASIL, 2017, p. 435). A Base Nacional Comum Curricular e seu impacto na escola pública A BNCC provocou impactos significativos na escola pública no país, dentre os quais destacamos o foco no desenvolvimento de competências e o compro- misso com a educação integral. Na sequência, abordaremos cada um deles. Os fundamentos pedagógicos da BNCC A BNCC inovou produzindo mudanças impactantes na escola pública ao mo- bilizar os conteúdos para o desenvolvimento de competências. As discussões e os debates realizados em torno do conceito de competências tiveram como resultado sua inserção no texto da LDB (artigos 32 e 35) (BRASIL, 2017). A construção dos currículos de muitos estados e municípios do Brasil e de outros países focam no desenvolvimento de competências desde o final do século passado e início do século XXI. Com isso, o Brasil entra em sintonia com o desenvolvimento educacional no mundo e com a finalidade de qualificar a educação nacional, cujos índices são medidos por instituições internacionais. Esses organismos multilaterais também têm como enfoque as competências nas avaliações internacionais, Base Nacional Comum Curricular como política educacional6 como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (ODCE), que coordena o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), e a Or- ganização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que instituiu o Laboratório Latino-americano de Avaliação da Qualidade da Educação (LLECE). A BNCC, adotando esse enfoque, indica que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento do aluno nessas competências em todo o país. A partir da explicitação das competências que estão na BNCC, os sistemas e redes de ensino poderão construir seus currículos referenciados no documento, que auxilia no fortalecimento de ações que, de fato, assegurem as aprendizagens essenciais comuns a todos os alunos do país. Os estudantes, considerando a constituição de conhecimentos e habili- dades, atitudes e valores, devem desenvolver o saber, mas não só: devem saber fazer também, isto é, a prática tão necessária para a vida cotidiana social e profissional. O saber fazer leva em conta a mobilização de conheci- mentos, habilidades, atitudes e valores para resolver situações e demandas complexas do cotidiano, de forma que o estudante possa exercer plenamente sua cidadania e, no mundo profissional, a atividade de trabalho escolhida. A BNCC e a educação integral Outro forte impacto que a BNCC produziu foi o compromisso com a educação integral. Esse é um acontecimento de grande importância, dada a tendência anterior de exclusividade na aprendizagem cognitiva, conforme se constata historicamente no país. Na sociedade do conhecimento e da informação, característica do mundo pós-moderno, exige-se, ainda mais, que as pessoas desenvolvam competên- cias para resolver questões ligadas ao cotidiano de maneira ágil e acertada. Algumas questões centrais no processo educativo vem merecendo atenção da sociedade contemporânea e exigindo inovação da educação, bem como a inclusão dessas questões no processo educativo. Algumas dessas questões são “[...] o que aprender, para que aprender, como ensinar, como promover redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o aprendizado” (BRASIL, 2017, p. 14). Para o estudante, viver a realidade no novo cenário mundial lhe exige uma formação que, nos moldes em que a educação estava estruturada, não lhe permitia a socialização e sua inclusão na trama social. A dinâmica atual da realidade exige conhecimentos de si e compreensão do mundo, além de “[...] reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, Base Nacional Comum Curricular como política educacional 7 ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações” (BRASIL, 2017, p. 14). Nesse cenário de exigências, é imperativo, ao estudante, desenvolver-se no sentido de aprender a aprender para saber lidar, por exemplo, com a informação que está disponível por meio das múltiplas plataformas digitais, cuja velocidade é capaz de confundir as pessoas e exige uma atuação com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas virtuais. Além disso, ao estudante, não basta o acúmulo de informação, mas, também, transformá-la em conhecimento para a solução de problemas. Para isso, portanto, urge o desenvolvimento de aptidões que permitam a tomada de decisões de forma autônoma. Essa capacidade permitirá sua proatividade para “[...] identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades” (BRASIL, 2017, p. 14). A BNCC, nesse sentido, é um instrumento importante, pois o enfoque nas competências, considerando a multidimensionalidade da pessoa humana, estabeleceu um compromisso na integralidade na formação do indivíduo para além do aspecto cognitivo. Essa necessidade já era debatida na história educacional do Brasil desde a década de 1930, quando houve as primeiras referências à educação integral, que foram incorporadas a várias correntes políticas da época, bem como ao movimento dos “Pioneiros da Educação Nova”, ainda que sem o mesmo significado e entendimento que se tem atualmente. Nesse sentido, a BNCC é revolucionária e não deve ser olhada apenas pela sua amplitude, ao fornecer uma base comum a todos estudantes no Brasil, mas, também, pela sua construção pedagógica, que acompanha o desenvolvimento de uma sociedade que exige cada vez mais um ser humano capacitado para melhor lidar com a realidade que se lhe apresenta e que se transforma continuamente. “Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o seu compromisso com a educação integral” (BRASIL, 2017, p. 14). A BNCC, em consonância com o compromisso de uma educação integral, ao reconhecer a possibilidade de um desenvolvimento humano global, orienta e direciona a educação básica a proporcionar essa formação ao estudante em todo o território nacional. Essa formação implica “[...] compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva” (BRASIL, 2017, p. 14). Para atendar as demandas atuais, a educação básica se volta, agora, a uma visão plural, singular e integral da criança, passando pelas fases de adolescência, de sua juventude até atingir a fase adulta. Nesse processo, a Base Nacional Comum Curricular como política educacional8 educação deve formar o estudante para o protagonismo, considerando-o como sujeito de aprendizagem. Além disso, a educação integral também propõe a promoção de uma educação que acolha, reconheça e desenvolva plenamente os estudantes nas suas necessidades e singularidades. Portanto, a escola deve ser vista e reconhecida como um espaço de aprendizagem, ou seja, um local privilegiado no qual o ser humano está em processo de desenvolvimento e que lhe permite errar e acertar. Além disso, deve ser um espaço para a democracia inclusiva, pois o aperfeiçoamento da sociedade perpassa a inclusão de todos na compreensão, nas atividades e nos processos democráticos. A escola, como espaço próprio para a formação integral do indivíduo, deve fortalecer-se robustamente na prática coercitiva de não discriminação, não preconceito, que destroem as relações sociais e esfacelam a sociedade, promovendo, com muita força e coercitivamente, o respeito às diferenças e diversidades. Todos esses elementos citados, tanto a visão quanto o espaço da educação integral, não podem acontecer de modo acidental, esporádico, aleatório; para uma educação integral, devehaver intencionalidade, que é preciso incorpoar na prática da escola inteira, incluindo gestores, funcionários, docentes e comunidade escolar. Vale destacar, nesse contexto, que o conceito de educação integral não está associado ao conceito de uma escola de tempo integral — são termos completamente diferentes, embora possam ser complementares. A escola de tempo integral diz respeito ao maior tempo que o estudante passa na escola. Já a educação integral é compreendida no fornecimento uma educação que atenda à integralidade das necessidades da multidimensionalidade humana. Por isso: Independentemente da duração da jornada escolar, o conceito de educação in- tegral com o qual a BNCC está comprometida se refere à construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as ne- cessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes (BRASIL, 2017, p. 14). Além disso, devem estar sempre sintonizadas com os desafios que a realidade apresenta, e “[...] isso supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as diversas culturas juvenis e seu potencial de criar novas formas de existir” (BRASIL, 2017, p. 14). A educação integral exige um currículo integrado, e a BNCC “[...] propõe a superação da fragmentação radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendi- zagem e na construção de seu projeto de vida” (BRASIL, 2017, p. 15). Base Nacional Comum Curricular como política educacional 9 O conhecimento religioso e o ensino religioso na BNCC Atender o aluno em sua multidimensionalidade na educação básica inclui, também, o aspecto religioso. O ensino religioso tem como objeto o estudo o fenômeno religioso em sua multiplicidade; porém, tem, também, uma das mais salutares formas — embora não a única — de desenvolver a consolidação do caráter das crianças, adolescentes e jovens, principalmente no que tange à tolerância e ao respeito ao outro e suas escolhas. Esse tipo de ensino propor- ciona fortalecimento de valores, independentemente da opção religiosa do aluno, que tem sempre o poder de ensinar valores culturais para os discentes. O artigo 33 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, alterado pela Lei n. 9.475, de 22 de julho de 1997, passou a ter a seguinte redação: O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo (BRASIL, 1997, documento on-line). O ensino religioso, embora seja opcional ao estudante, deve ser oferta dos sistemas e redes de ensino e é parte integrante da formação básica do aluno, contribuindo para sua educação integral. O segmento da educação básica para a sua oferta é o ensino fundamental. O artigo enfatiza a importância do respeito à diversidade religiosa no Brasil, que permite a educação para a tolerância religiosa, evitando-se conflitos e estremecimentos na relação intersubjetiva e entre grupos, que, historicamente, desembocam em violência e estreitamento democrático. Por isso, o ensino religioso não pode, em hipótese alguma, ser proselitista, justamente para que se evite o uso do espaço público do educar para propósitos diferentes daqueles que não sejam para a educação integral do aluno, na construção de sua cidadania. Nesse mesmo artigo, no §1º, a lei determina que “Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do en- sino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores” (BRASIL, 1997, documento on-line). A formação dos professores, embora seja atribuição dos sistemas de ensino, não está dissociada da for- mação voltada para o ensino que leve em conta o currículo mínimo comum previsto na BNCC. No caso do componente curricular ensino religioso, para evitar desvirtuamento, a Resolução n. 5, de 28 de dezembro de 2018 (BRASIL, 2018), do CNE, instituiu as DCNs para o curso de licenciatura em ciências da religião no Brasil. Base Nacional Comum Curricular como política educacional10 Considerando os marcos normativos, a BNCC, em conformidade com as dez competências gerais, estabelece os seguintes objetivos para o ensino religioso: a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das manifestações religiosas percebidas na realidade dos educandos; b) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de cren- ça, no constante propósito de promoção dos direitos humanos; c) Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de ideias, de acordo com a Constituição Federal; d) Contribuir para que os educandos construam seus sentidos pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos e da cidadania (BRASIL, 2017, p. 436). O objetivo do ensino religioso na educação básica é proporcionar a apren- dizagem de conhecimentos a partir das manifestações religiosas e o conheci- mento dos direitos à liberdade religiosa a fim de desenvolver competências para o diálogo interreligioso, no sentido de respeitar as liberdades alheias de consciência e crenças, contribuindo, assim, para a formação de sentidos pessoais, a partir de valores, princípios éticos e da cidadania. Para tanto, é muito importante compreender o que é o conhecimento reli- gioso. Na BNCC, o conhecimento religioso é objeto da área do ensino religioso. Esse tipo de conhecimento “[...] é produzido no âmbito das diferentes áreas do conhecimento científico das Ciências Humanas e Sociais, notadamente da(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões)” (BRASIL, 2017, p. 436). As ciências da religião investigam as múltiplas manifestações dos fenô- menos religiosos que aparecem em diferentes sociedades e culturas. Esse conhecimento é resultado da busca humana por respostas aos enigmas do mundo, da vida e da morte, que se traduzem em bens simbólicos das religio- sidades plurais no mundo todo. Esses fenômenos se manifestam de modo único, com complexidades e diversidades específicas, e possuem sentidos próprios e significados diferentes relacionados à vida e as múltiplas ideias de divindade(s). É em relação aos fenômenos religiosos que se alicerça a formatação das religiões, sejam formais ou informais, “[...] em torno das quais se organizaram cosmovisões, linguagens, saberes, crenças, mitologias, narrativas, textos, símbolos, ritos, doutrinas, tradições, movimentos, práticas e princípios éticos e morais” (BRASIL, 2017, p. 436). Os fenômenos religiosos, em suas múltiplas manifestações, por sua natu- reza, fazem parte da cultura humana e, por isso, impactam na construção das sociedades e das relações entre elas, influenciando posturas etnocêntricas, mas que podem ser transmutadas evolutivamente para posturas pautadas no relativismo cultural — posturas que refletem a tolerância, o respeito e Base Nacional Comum Curricular como política educacional 11 as aproximações com religiosidades diferentes, contribuindo, desse modo, com a construção de um cotidiano de paz nos espaços privados e públicos. Segundo a BNCC, cabe ao ensino religioso abordar os conhecimentos religiosos em uma perspectiva imparcial quanto a crenças e convicções, com pressupostos éticos e científicos, sem privilegiar nenhuma expressão religiosa ou filosofia de vida. Assim, são necessários cuidados éticos na abordagem dos conhecimentos religiosos, de modo que se possa “[...] abordar esses conhecimentos com base nas diversas culturas e tradições religiosas, sem desconsiderar a existência de filosofias seculares de vida” (BRASIL, 2017, p. 436). A Lei n. 9.475, que mudou a redação do artigo 33 da Lei n. 9.394, determina queo ensino religioso “[...] constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental” (BRASIL, 1997, documento on-line). Portanto, é especificamente no ensino fundamental que deve ser oferecido o ensino religioso, que “[...] adota a pesquisa e o diálogo como princípios mediadores e articulares dos processos de observação, identificação, análise, apropriação e ressignificação de saberes, visando o desenvolvimento de competências e habilidades específicas” (BRASIL, 2017, p. 436). Uma característica importante apresentada na BNCC quanto ao ensino religioso é a problematização de “[...] representações sociais preconceituosas sobre o outro, com o intuito de combater a intolerância, a discriminação e a exclusão” (BRASIL, 2017, p. 436). Nesse sentido, o ensino religioso contribui com um dos quatro pilares da educação da UNESCO: aprender a viver juntos (WERTHEIN; CUNHA, 2005). Fundamentado na dialética do sujeito, esse pilar é um dos mais desafiado- res, uma vez que a história demonstra que as relações humanas sempre foram conflituosas e que, com o avanço tecnológico, esses conflitos se acentuam ainda mais, criando possibilidades de autodestruição humana. A tendência na hipervalorização própria e de seu grupo traz consequências preconceituosas desfavoráveis aos demais grupos e pessoas. Enfatiza-se, assim, que “[...] a interculturalidade e a ética da alteridade constituem fundamentos teóricos e pedagógicos do ensino religioso, porque favorecem o reconhecimento e respeito às histórias, memórias, crenças, convicções e valores de diferentes culturas, tradições religiosas e filosofias de vida” (BRASIL, 2017, p. 437). A partir do diálogo, do acolhimento e do respeito, o ensino religioso articula elementos para preparar o estudante na busca de bem-estar na sociedade. Base Nacional Comum Curricular como política educacional12 O ensino religioso busca construir, por meio do estudo dos conhecimentos religio- sos e das filosofias de vida, atitudes de reconhecimento e respeito às alteridades. Trata-se de um espaço de aprendizagens, experiências pedagógicas, intercâmbios e diálogos permanentes, que visam o acolhimento das identidades culturais, religiosas ou não, na perspectiva da interculturalidade, direitos humanos e cultura da paz. Tais finalidades se articulam aos elementos da formação integral dos estudantes, na medida em que fomentam a aprendizagem da convivência democrática e cidadã, princípio básico à vida em sociedade (BRASIL, 2017, p. 437). Esses pressupostos fazem do ensino religioso uma disciplina importante da educação básica; em articulação com as dez competências gerais da BNCC, o componente curricular do ensino religioso permite uma sociedade mais tolerante quanto ao outro ao garantir o desenvolvimento de compe- tências específicas em sintonia com a educação integral do estudante em sua multidimensionalidade. Competências gerais e específicas articuladas para uma educação integral As competências específicas no ensino religioso em consonância com as competências gerais contribuem para uma educação integral do estudante. Tomemos como exemplo a competência geral 9, cujo texto diz o seguinte: Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo- -se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza (BRASIL, 2017, p. 10). Essa competência geral enfatiza o diálogo para o respeito ao outro di- ferente de si. Nesse sentido, o componente curricular ensino religioso, em consonância com as competências gerais, contribui com a sua competência específica 2, que forma o estudante para “[...] compreender, valorizar e res- peitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios” (BRASIL, 2017, p. 437). Essa articulação entre competências gerais e específicas do ensino religioso demonstra a importância de uma cultura de tolerância entre as multifacetadas expressões e experiências religiosas. Para o desenvolvimento dessas competências que se articulam, é neces- sário o desenvolvimento de habilidades em cada componente curricular. No caso específico do ensino religioso, para alcançar as competências, a BNCC sugere o seu desenvolvimento nas várias etapas do ensino fundamental, Base Nacional Comum Curricular como política educacional 13 cujas habilidades são associadas a conteúdos que facilitam a compreensão e o desenvolvimento das competências. No exemplo mencionado, como vimos, o ensino religioso contribui para uma educação integral na medida em que o aluno compreende, valoriza e respeita as manifestações religiosas e exerce empatia e diálogo para supera- ção da intolerância religiosa que existe no Brasil, de forma cooperativa, com acolhimento e valorização da diversidade sem preconceitos. Para alcançar tais competências, a BNCC propõe o desenvolvimento de habilidades no 2º ano do ensino fundamental que incluem “[...] (EF02ER02) identificar costumes, crenças e formas diversas de viver em variados ambientes de convivência” (BRASIL, 2017, p. 445) e “[...] (EF02ER05) identificar, distinguir e respeitar símbolos reli- giosos de distintas manifestações, tradições e instituições religiosas” (BRASIL, 2017, p. 445). Para o 7º ano, a BNCC aponta a habilidade de “[...] (EF07ER08) reconhecer o direito à liberdade de consciência, crença ou convicção, ques- tionando concepções e práticas sociais que a violam” (BRASIL, 2017, p. 455). Esse exemplo permite compreender como o ensino religioso pode con- tribuir com a formação integral do estudante ao proporcionar conhecimento para reconhecer a diversidade e produzir, no aluno, atitudes de tolerância e respeito às manifestações religiosas diferentes da sua, o que, consequente- mente, promove uma sociedade mais igualitária e humana. Competências específicas do ensino religioso para o ensino funda- mental (BRASIL, 2017, p. 437): � Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir de pressupostos científicos, filosó- ficos, estéticos e éticos. � Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios. � Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida. � Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver. � Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente. � Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e práticas de in- tolerância, discriminação e violência de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no constante exercício da cidadania e da cultura de paz. Base Nacional Comum Curricular como política educacional14 A BNCC e a elaboração do currículo Na implantação da BNCC no Brasil, devido às características autônomas dos estados, há a exigência de um pacto interfederativo, pautado na igualdade, na diversidade e na equidade. O documento aponta que, no Brasil, há um enorme diversidade cultural, bem como profundas desigualdades sociais, e que, para superá-las, é imprescindível que os sistemas e redes de ensino construam currículos e que orientem suas escolas na elaboração de propostas pedagógicas que levem isso em conta. Ou seja, para a superação das desi- gualdades, urge considerar as necessidades, possibilidades e os interesses dos estudantes, bem como suas identidades linguísticas, étnicas e culturais. Nesse sentido, a BNCC é muito importante e inclui orientações explíci- tas das aprendizagens essenciais que os alunos devem desenvolver. Desse modo, cresce a possibilidade de, na prática,promover igualdade educacional, considerando suas singularidades e peculiaridades. Entretanto, para tal empreitada, o acesso e a permanência são importantes: “Essa igualdade deve valer também para as oportunidades de ingresso e permanência em uma escola de Educação Básica, sem o que o direito de aprender não se concretiza” (BRASIL, 2017, p. 15). A naturalização das desigualdades educacionais no país cerceou o acesso dos estudantes à escola e sua respectiva permanência, comprometendo ainda mais sua aprendizagem ao longo da vida. A desigualdade, no Brasil, tem etnia, gênero e condição socioeconômica. Grupos sociais são preteridos e seu direito a educação básica é restritivo. Diante dessa realidade social, é imprescindí- vel que as decisões curriculares e didático-pedagógicas das Secretarias de Educação dos estados e municípios de todo país expressem a necessidade de superação dessas desigualdades, realizando um adequado planejamento nas instituições escolares, bem como de suas rotinas e eventos. Isso só é possível com um claro foco na equidade, “[...] que pressupõe reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes” (BRASIL, 2017, p. 15). Esse planejamento não pode permitir a exclusividade no atendimento educacional somente para um agrupamento humano. De forma particular, um planejamento com foco na equidade também exige um claro compromisso de reverter a situação de exclusão histórica que marginaliza grupos – como os povos indígenas originários e as populações das comunidades remanescentes de quilombos e demais afrodescendentes – e as pessoas que não puderam estudar ou completar sua escolaridade na idade própria. Igualmente, requer o compromisso com os alunos com deficiência, reconhecendo a necessidade de práticas pedagógicas inclusivas e de diferenciação curricular, conforme estabe- lecido na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) (BRASIL, 2017, p. 15-16). Base Nacional Comum Curricular como política educacional 15 Fundamentada na LDB e nas DCNs, a BNCC e os currículos se identifi- cam nos seus pressupostos, princípios e valores, que buscam reconhecer o compromisso com a formação e o desenvolvimento integral e pleno em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. Os currículos e a BNCC se complementam com a finalidade de assegurar as aprendizagens estabelecidas na educação básica, respeitando suas respec- tivas etapas, materializadas no currículo em ação. Esses currículos têm em seu bojo decisões que propõem a adequação das propostas da BNCC à realidade local, “[...] considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de ensino e das instituições escolares, como também o contexto e as características dos alunos” (BRASIL, 2017, p. 16). O documento apresenta algumas decisões que envolvem a comunidade escolar, tais como: contextualizar e significar os conteúdos; definir formas de organização interdisciplinar; promover metodologias e estratégias de didáticas e pedagogias diversificadas, entre tantas outras decisões. Essas decisões devem considerar as diferentes modalidades de ensino, tendo como base as orientações das DCNs. As modalidades de ensino da educação básica, segundo a BNCC, são: educação especial, educação de jovens e adultos, educação do campo, educação escolar indígena, educação escolar quilombola e educação a distância. Para exemplificar essa importância, vejamos o caso relatado no documento sobre a educação escolar indígena: No caso da Educação Escolar Indígena, por exemplo, isso significa assegurar competências específicas com base nos princípios da coletividade, reciprocidade, integralidade, espiritualidade e alteridade indígena, a serem desenvolvidas a partir de suas culturas tradicionais reconhecidas nos currículos dos sistemas de ensino e propostas pedagógicas das instituições escolares. Significa também, em uma perspectiva intercultural, considerar seus projetos educativos, suas cosmologias, suas lógicas, seus valores e princípios pedagógicos próprios (em consonância com a Constituição Federal, com as Diretrizes Internacionais da OIT – Convenção 169 e com documentos da ONU e Unesco sobre os direitos indígenas) e suas referências específicas, tais como: construir currículos interculturais, diferenciados e bilíngues, seus sistemas próprios de ensino e aprendizagem, tanto dos conteúdos universais quanto dos conhecimentos indígenas, bem como o ensino da língua indígena como primeira língua (BRASIL, 2017, p. 17-18). Na implementação da BNCC, os estados e municípios não podem menos- prezar a sua experiência no desenvolvimento das elaborações curriculares. Base Nacional Comum Curricular como política educacional16 Ao elaborar os currículos estaduais ou municipais, devem considerar as suas especificidades locais nas diferentes modalidades. Elencar e avaliar as próprias experiências elaborativas curriculares auxilia na superação de equívocos e na incorporação de resultados positivos. O documento também orienta que é preciso “[...] incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora” (BRASIL, 2017, p. 19). Essas temáticas já são contempladas na BNCC em forma de habilidades dos componentes curriculares, mas cabe aos sistemas de ensinos e escolas, em conformidade com suas especificidades, contextualizá-las às suas realidades. Temas contemporâneos que afetam a vida humana: � Direitos da criança e do adolescente (Lei n. 8.069/199016); � Educação para o trânsito (Lei n. 9.503/199717); � Educação ambiental (Lei n. 9.795/1999, Parecer CNE/CP n. 14/2012 e Resolução CNE/CP n. 2/201218); � Educação alimentar e nutricional (Lei n. 11.947/200919); � Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso (Lei n. 10.741/200320); � Educação em direitos humanos (Decreto n. 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº 8/2012 e Resolução CNE/CP n. 1/201221); � Educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro- -brasileira, africana e indígena (Leis n. 10.639/2003 e 11.645/2008, Parecer (2017:19) CNE/CP n. 3/2004 e Resolução CNE/CP n. 1/200422); � Saúde, vida familiar e social, educação para o consumo, educação financeira e fiscal, trabalho, ciência e tecnologia e diversidade cultural (Parecer CNE/ CEB n. 11/2010 e Resolução CNE/CEB n. 7/201023). A colaboração para a implementação e para o funcionamento da BNCC Para a implementação e o bom funcionamento da BNCC, é necessário um regime de colaboração com os estados, com o Distrito Federal e municípios em conformidade com a Lei n. 13.005/2014 (BRASIL, 2014), que promulgou o PNE. Essa colaboração já se realizou na fase de elaboração da BNCC, sob a coordenação do MEC. Base Nacional Comum Curricular como política educacional 17 O grande desafio, após a homologação da BNCC, é a construção dos cur- rículos por parte dos entes federados, embora muitos deles já estejam com esses processos bem adiantados ou até mesmo concluídos. Esses currículos, que devem ser baseados nas aprendizagens essenciais conforme a BNCC, passarão para o plano de ação e gestão e são definidores no currículo e em sua dinâmica (BRASIL, 2017). Mesmo na implementação, após coordenar a elaboração da BNCC, não cabe tão somente aos estados e municípios, mas, sim, ao Governo Federal, diante da enorme dimensão e complexidade, somar esforços colaborativos para o efetivo funcionamento do sistema educacional sob as bases da BNCC. Nessa colaboração, a União exercerá o papel de coordenação e correção das desigualdades, e o fará revisando a formação inicial e continuada dos docentes para um alinhamento com a BNCC. Essa ação perpassará a regulação do ensino superior, uma ação considerada fundamental. O Governo Federal também precisa promover e coordenar ações políticas nas várias esferas do Estado (municipal, estadual e federal) referentes a avaliaçãoe elaboração de materiais pedagógicos e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação integral em todo país. A colaboração do MEC com organismos nacionais e seu monitoramento se reveste de uma importância essencial para que o Brasil, um país com dimensões continentais e com uma descomunal desigualdade, consiga que a permanência e a sustentabilidade de um projeto como a BNCC sejam possíveis a partir “[...] da criação e do fortalecimento de instâncias técnico-pedagógicas nas redes de ensino, priorizando aqueles com menores recursos, tanto técnicos quanto financeiros” (BRASIL, 2017, p. 21). Unidades temáticas do ensino religioso na BNCC A BNCC prevê a especificidade do ensino religioso a partir de unidades te- máticas, que são agrupadas em: identidades e alteridade; manifestações religiosas; e crenças religiosas e filosofias de vida. Identidades e alteridade A construção de si — característica do ser humano — se faz a partir de contex- tos histórico-sociais, de apropriação e produção de cultura. Ao se constituir como ser imanente com dimensão concreta e biológica, também transcende, ou seja, realiza-se na dimensão subjetiva e simbólica da vida. Essa multidimen- Base Nacional Comum Curricular como política educacional18 sionalidade cria possibilidades de comunicações com o outro, com a natureza e com as divindades, e nesse processo são percebidas as semelhanças e diferenças. Na percepção das diferenças, emergem distinções entre os seres, de forma que o diálogo seja mediado por referenciais simbólicos diversos — e nisso está a construção de identidades. Essa temática é abordada nos anos iniciais do ensino fundamental, quando se espera que “[...] os estudantes reconheçam, valorizem e acolham o caráter singular e diverso do ser humano, por meio da identificação e do respeito às semelhanças e diferenças entre o eu (subjetividade) e os outros (alteridades)” (BRASIL, 2017, p. 438). Manifestações religiosas Os rituais, cultos, ritos, símbolos e espaços religiosos são práticas locais e usos coletivos que caracterizam a religião e suas manifestações. Nos locais de culto, ocorre a “[...] difusão das crenças e doutrinas, organização dos ritos, interpretação de textos e narrativas, transmissão de práticas, princípios e valores, etc.” (BRASIL, 2017, p. 439). Toda essa manifestação religiosa faz parte da dessa unidade temática, “[...] em que se pretende proporcionar o conhecimento, a valorização e o respeito às distintas experiências e manifestações religiosas, e a compreensão das relações estabelecidas entre as lideranças e denominações religiosas e as distintas esferas sociais” (BRASIL, 2017, p. 439). Crenças religiosas e filosofias de vida Aqui são tratados os elementos que estruturam as diferentes tradições e movimentos religiosos, bem como filosofias de vida. Os mitos, as divindades, crenças e doutrinas de caráter religioso, bem como suas tradições – sejam orais e escritas —, as ideias sobre a vida pós-morte, princípios e valores éti- cos são estudados nessa unidade temática. Como elementos estruturantes, temos: os mitos, explicações sobre a natureza, vida e morte, histórias sobre deuses ou mesmo sobre os heróis considerados divinos, seus contextos entre a existência concreta (imanência) e o caráter simbólico dos eventos (transcendência), além de elementos imaginários e enredos míticos. Todos esses elementos, além de cosmovisões, crenças, divindades, histó- rias, narrativas e mitos sagrados, constituíram tradições específicas, princípios éticos e morais, bem como as filosofias de vida. Os sem religião têm em comum princípios coincidentes pautados nos valores de bem, como “[...] o Base Nacional Comum Curricular como política educacional 19 respeito à vida e à dignidade humana, o tratamento igualitário das pessoas, a liberdade de consciência, crença e convicções, e os direitos individuais e coletivos” (BRASIL, 2017, p. 441). Vale ressaltar que os critérios de organização das habilidades como se apresentam na BNCC não precisam, necessariamente, ser reproduzidos nas elaborações curriculares dos estados e municípios na mesma ordem em que se apresentam, sendo um arranjo possível, mas apenas sugestivo. Assim, não devem ser vistos com um olhar de agrupamento obrigatório, cabendo aos sistemas e redes de ensinos estaduais e municipais verificar seus respectivos desenhos e sequências didáticas. Referências BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 4 jan. 2021. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 4 jan. 2021. BRASIL. Lei n. 9.475, de 22 de julho de 1997. Dá nova redação ao art. 33 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Presidência da República, 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l9475.htm. Acesso em: 4 jan. 2021. BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em: 4 jan. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, DF: MEC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/ BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 4 jan. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Resolução n. 4, de 13 de julho de 2010. Define Dire- trizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Brasília, DF, 2010a. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf. Acesso em: 4 jan. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Resolução n. 5, de 28 de dezembro de 2018. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de licenciatura em Ciências da Religião e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 64, 31 dez. 2018. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/con- tent/id/57493489/do1-2018-12-31-resolucao-n-5-de-28-de-dezembro-de-2018-57493286. Acesso em: 4 jan. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Resolução n. 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Brasília, DF, 2010b. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index. php?option=com_docman&view=download&alias=7246-rceb007-10&category_ slug=dezembro-2010-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 4 jan. 2021. Base Nacional Comum Curricular como política educacional20 WERTHEIN, J.; CUNHA, C. Fundamentos da nova educação. Brasília: UNESCO, 2005. (Cadernos UNESCO. Série Educação, n. 5). Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ ark:/48223/pf0000129766. Acesso em: 4 jan. 2021. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Base Nacional Comum Curricular como política educacional 21 DICA DO PROFESSOR A liberdade na elaboração dos currículos é uma das características da BNCC. Isso permite aos sistemas e redes de ensino, bem como às escolas, uma flexibilização na construção dos currículos e projetos político-pedagógicos em consonância com as demandas cotidianas de suas realidades locais. Essa construção, entretanto, precisa estar articulada com as competências gerais, as específicas do Ensino Religioso, as unidadestemáticas e as habilidades; não necessariamente na mesma ordem apresentada na BNCC, mas de maneira que faça sentido aos alunos e permita a construção integral dos conhecimentos. Na Dica do Professor, você verá um exemplo de como podem ser articulados todos esses elementos na construção do conhecimento para um currículo vivo na educação básica. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Sendo um documento que normatiza as aprendizagens essenciais ao estudante, a BNCC assegura o direito a uma educação integral em um processo de desenvolvimento das competências, durante a educação básica, nas suas diferentes etapas e modalidades. Assinale a alternativa que contém a lei que estabelece as competências e diretrizes norteadoras dos currículos e conteúdos mínimos. A) Resolução CNE 5/2018. B) Lei no 14.113/20. C) Lei no 9.394/96. D) Deliberação CEE 169/2019. E) Lei Complementar no 836/97. 2) A BNCC, em sua constituição, a partir dos marcos normativos, determinou, em consonância com as competências gerais da educação básica, os objetivos para a área de Ensino Religioso. Assinale a alternativa que identifica corretamente um dos objetivos do Ensino Religioso na educação básica: A) Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. B) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das manifestações religiosas percebidas na realidade dos educandos. C) Aprender a viver juntos. Trata-se de um dos maiores desafios da educação para o século XXI, que é uma educação para a solidariedade. D) Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente. E) Reconhecer o direito à liberdade de consciência, crença ou convicção, questionando concepções e práticas sociais que a violam. A Base Nacional Comum Curricular estabeleceu compromisso com um tipo de educação que reconhece a possibilidade de um desenvolvimento humano global e que forma o aluno para os desafios da contemporaneidade, cuja dinâmica exige conhecimento de si, compreensão do mundo, comunicar-se, criar, analisar, participar, colaborar, produzir e decidir com independência, permitindo ao aluno buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e diversidades. 3) Assinale a alternativa que contém o tipo de ensino com o qual a BNCC firmou compromisso para a formação dos estudantes na educação básica em todo o país: A) Educação afetiva. B) Educação cognitiva. C) Educação integral. D) Educação socioemocional. E) Educação em tempo integral. 4) A BNCC estabelece o conhecimento religioso como objeto da área do Ensino Religioso, e as Ciências da Religião formam os professores para esse componente curricular que investiga as múltiplas manifestações dos fenômenos religiosos nas diferentes sociedades e culturas. Preencha as lacunas do texto abaixo. “As Ciências da Religião investigam as múltiplas manifestações dos __________________ que aparecem em diferentes sociedades e culturas. Esse conhecimento é resultado da busca humana por respostas aos _________________ do mundo, da vida e da morte, que se traduzem em bens simbólicos das religiosidades plurais no mundo todo. Esses fenômenos se manifestam de modo único, com complexidades e diversidades específicas e possuem ________________ próprios e significados diferentes relacionados à vida e às múltiplas ideias de divindade(s). É em torno dos fenômenos religiosos que se alicerçam a formatação das religiões, sejam formais ou informais, “em torno dos quais se organizaram cosmovisões, linguagens, saberes, crenças, mitologias, narrativas, textos, símbolos, ritos, doutrinas, tradições, movimentos, práticas e princípios éticos e morais” (BRASIL, 2017, p. 441). Assinale a alternativa que identifica corretamente o objeto da área de Ensino Religioso no texto acima: A) Fenômenos religiosos – enigmas – sentidos. B) Enigmas – fenômenos religiosos – sentidos. C) Fenômenos religiosos – sentidos – enigmas. D) Sentidos – fenômenos religiosos – enigmas. E) Enigmas – sentidos – fenômenos religiosos. 5) Leia o texto abaixo e responda a pergunta a seguir. Todos esses elementos, além das cosmovisões, crenças, divindades, histórias, narrativas e mitos sagrados, constituíram tradições específicas, princípios éticos e morais, bem como as filosofias de vida. Os Sem Religião têm em comum princípios coincidentes pautados nos valores de bem, como: “o respeito à vida e à dignidade humana, o tratamento igualitário das pessoas, a liberdade de consciência, crença e convicções, e os direitos individuais e coletivos” (BRASIL, 2017, p. 439). Qual unidade temática do Ensino Religioso corresponde ao texto acima? Assinale a alternativa correta. A) Identidades e alteridade. B) Crenças religiosas e filosofias de vida. C) O sujeito e seu lugar no mundo. D) Manifestações religiosas. E) Povos e culturas: meu lugar no mundo e meu grupo social. NA PRÁTICA Segundo a BNCC, o Ensino Religioso tem sua história ligada às diferentes perspectivas teórico- metodológicas confessionais ou interconfessionais. Porém, na década de 1980, as mudanças paradigmáticas ocorridas na educação mudaram, também, o Ensino Religioso. “Em função dos promulgados ideais de democracia, inclusão social e educação integral, vários setores da sociedade civil passaram a reivindicar a abordagem do conhecimento religioso e o reconhecimento da diversidade religiosa no âmbito dos currículos escolares” (BRASIL, 2017, p. 435). Desse modo, o Ensino Religioso nas escolas públicas, como parte integrante da formação básica do cidadão, assegura o respeito à diversidade cultural religiosa sem proselitismos (BRASIL, 2017). Veja, Na Prática, como o professor Bruno, em uma escola pública de Londrina, esteve diante da incompreensão de seus colegas de trabalho que entendiam o Ensino Religioso com caráter não confessional e, portanto, não proselitista. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O currículo e o Ensino Religioso na BNCC: reflexões e perspectivas Neste artigo, você conhecerá os desafios e as perspectivas do Ensino Religioso como área de conhecimento na Base Nacional Comum Curricular. Terá a oportunidade de discutir como essa disciplina pode ser uma ação pedagógica dialógica, reflexiva, crítica e emancipadora. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Ensino religioso e escola pública laica Neste artigo, você conhecerá uma pesquisa bibliográfica cujo objetivo principal é debater a laicidade do Estado brasileiro, discutindo suas vertentes a partir da Base Nacional Comum Curricular referente ao Ensino Religioso. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O Ensino Religioso e a BNCC: possibilidades de se educar para a paz Neste artigo, você entrará em contato com uma reflexão sobre a necessidade de proposições pedagógicas para implementação dos pressupostos de uma cultura da paz e para a paz, previstos na BNCC para o Ensino Religioso. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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