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Ética profissional para Biologia - 2016.2 Aluna: Tatiane Nunes Fichamento do livro “Rio + 20: reflexões sobre a sustentabilidade socioambiental” escrito pelo Josafá Siqueira. Apresentação : O livro foi escrito antes da Conferencia das Nações Unidas, a Rio + 20,que foi realizada em 2012. Aproveitando a oportunidade que o evento deu para a discussão de problemáticas socioambientais, Siqueira fez 20 reflexões sobre a relação do homem com a natureza, a crise planetária e ambiental e sobre novos modelos de vida mais sustentáveis que a humanidade pode adotar. Ética ambiental e crise planetária: nesse capitulo o autor fala da importância da ética ambiental como ferramenta de mudança de hábitos socialmente e ecologicamente injustos,.Dessa forma promovendo uma relação homem-natureza mais saudável e sustentável. “A ética ambiental não constitui apenas um saber acadêmico voltado para a formação de uma consciência crítica em busca da sustentabilidade socioambiental, mas é também uma atividade prática que está relacionada com as mudanças de posturas das pessoas, transformando o modo de ser e agir da relação do ser humano com Deus, com a natureza e com a sociedade.” A crise ambiental , aparentemente ocorre de forma lenta e não é percebida pela grande massa da população. Siqueira destaca três preocupantes motivos da crise ambiental: a crise envolve diferentes áreas do saber, e podem ter dimensões locais ou globais,; o segundo é o modelo politoco e econômico , que tomaram suas decisões “sem contar com os limites das estruturas básicas de sobrevivência planetária como os recursos não renováveis e a capacidade de suporte da natureza.”; e o terceiro motivo é o “(...)fascínio pelo racionalidade técnica e instrumental” que como consequência vem gerando lixos e sucatas tecnológicas que o ambiente não pode absorver na mesma rapidez que são gerados, levando muito tempo para se decomporem. “(...)A ética ambiental nos oferece vários parâmetros que orientam o nosso modo de ser, pensar e agir na sociedade” Distanciação da natureza, o egoísmo e a perda da postura do saber cuidar são alguns dos problemas éticos da crise ambiental. Ética ambiental no contexto da globalização: o autor chama a atenção para o fato de que apesar de chamarmos a crise de ambiental, na realidade a crise se aplica à pessoa humana. Se trata, então, de uma crise antropológica, “(..)da incapacidade do ser humano em manter um equilíbrio entre as relações harmônicas e conflitivas com a natureza circundante.” Essa crise acaba sendo agravada por conta da priorização dos valores econômicos e produtivos, deixando de lado valores humanísticos e éticos. O autor cita a obra “Ética Del médio ambiente”(1997) do escritor Goméz Heras. Nessa obra, Heras fala sobre o surgimento de dois tipos de interpretação da natureza, um está ligada ao ideal galileano-cartesiano da ciência – a que acabou se expandindo historicamente o segundo está relacionado com a dimensão quantitativa e valorativa da natureza. Essa dicotomia surgiu a partir do Renascimento. É possível uma ética ambiental num contexto de desequilíbrio de racionalidades? Sim, pois a ética ambiental tem o papel de mudar hábitos e costumes, de forma a torna-los ecologicamente e socialmente mais equilibrados. Não é preciso abandonar costumes e hábitos que melhoraram nossa qualidade de vida mas sim procurar meios de reutilizar e/ou descartar de forma correta o lixo que essas tecnologias geram. A ética ambiental também tem o papel de mudar a racionalidade, modificando as relações do home com a natureza e do home com o Transcendente Mudanças climáticas: um desafio intercultural e inter-religioso O planeta, ao longo da sua história geológica, já passou por diversos ciclos e mudanças climática. Alguns desses eventos passados acabaram influenciando no surgimento da megabiodiversidade dos trópicos. Atualmente o globo vem sofrendo, novamente, com mudanças climáticas que muito provavelmente estão sendo aceleradas e maximizadas pelas ações humanas, como o autor coloca no seguinte trecho: “(...) estamos vivendo um novo processo de mudanças climáticas, percebido nos danos ambientais causados pelos desequilíbrios entre a racionalidade produtivista e desenvolvimentista e a incapacidade do planeta em assimilar e integrar as sucatas e lixos dos modelos insustentáveis”. No passado as catástrofes ocorridas devido as mudanças no clima da terra, eram interpretadas pela sociedade como sendo um castigo do Divino, por comportamentos imorais e não adequados aos desígnios do Criador. Hoje, através da ciência, é sabido a real causa desses fenômenos e, que, ações inadequadas locais podem interferir no globo como um todo. Desta forma “(...)uma ação local contribui positivamente ou negativamente para os problemas globais e vice-versa. Esta inter-relação ajuda a superar a abstração teórica de um pensar puramente solidário e nos reporta à concretude de um agir inter-solidário, em que as pequenas ações passam a ser valorizadas e profundamente necessárias para a superação dos desequilíbrios na relação do ser humano com a natureza. ” A partir dessa percepção o modo individualista de pensar e agir vem sendo deixado de lado, estreitando as relações homem-natureza e homem- transcendente. A cultura moderna, como o texto coloca, se caracteriza pelas múltiplas manifestações de valores, podendo ser instrumento disseminação de informações e de diálogo sobre os problemas gerados pelas mudanças climáticas e os modelos insustentáveis. “Para que ocorra mudanças, éticas, e todo o processo de adaptação da sociedade a essa nova realidade, condicionada pelas mudanças climáticas, é necessário, além do papel do estado no estabelecimento de politas publicas, o das Universidades na construção dos saberes científicos e da colaboração solidaria do potencial ético e moral das religiões.” Por tanto, segundo o autor, a religião também tem o importante papel de levar esses valores e princípios éticos ao seus seguidores promovendo mudanças nos hábitos e costumes, levando informação e discutindo sobre os problemas ambientais ( aspectos ético-educativo)Além disso, as diversas religiões aproximam as pessoas do Sagrado e da natureza resgatando a visão cosmo Centrica (aspectos ético-religioso). Siqueira ressalta ainda, a importância do próprio templo religioso da o bom exemplo aos seus seguidores. Desde simples gestos como plantar uma arvore que sequestra carbono, economizando água e energia, ou evitando poluição sonora. Com base nesses princípios éticos, as religiões podem orientar ações concretas, voltadas para a sustentabilidade planetária. O autor expõe cinco ações, dentre elas atividades de educação ambiental com crianças e outras de cunho mais religioso que incentivam a aproximação das pessoas com o Criador e com a natureza. As consequências sociais dos desequilíbrios ambientais Siqueira começa este capítulo nos lembrando da tragédia que ocorre na região serrana do estado do Rio de Janeiro em 2011. “Foi algo que nos chocou profundamente, pois assistimos impotentes às consequências sociais dos pequenos e médios desequilíbrios ambientais que se acumularam nas ultimas décadas.”Já na década de 1980, Siqueira em seus trabalhos ecológicos realizados em Nova Friburgo,notou diversas alterações ambientais e perda de biodiversidade decorrentes de queimadas, desmatamento e monoculturas. E o crescimento progressivo do processo de ocupação habitacional nas áreas de encostas já o chamava atenção. “Não resta dúvidas de que os impactos dos desmatamentos progressivos contribuíram para o aumento do escoamento hídrico superficial e da temperatura local, assim como a redução da infiltração da água no solo e da fauna e da flora, entre outros fatores.” O que ocorreu em 2011 é um exemplo das consequências das praticas e hábitos insustentáveis desse modelo socioeconômico utilitaristacom base na racionalidade ligada ao ideal galileano-cartesiano. “Os fatos nos mostram que é preciso tomar conhecimento dos dados que as ciências nos fornecem sobre a importância de mantermos um equilíbrio ecossistêmico em áreas de encostas, levando em consideração as recomendações sábias de nossas leis ambientais”. Ao final, o autor destaca ainda dois aspectos importantes que esse triste acontecimento revelou: o espírito de solidariedade do povo brasileiro e o segundo foi o alerta de que devemos cuidar para mantermos o equilíbrio dos ecossistemas das encostas e que medidas mitigadoras são importantes para evitar futuros acidentes Fraternidade e vida no planeta . “ Nas últimas décadas, a Igreja Católica no Brasil, através da Conferencia Nacional dos bispos do Brasil(CNBB), tem procurado mostrar socialmente a sua missão profética e solidária, com o objetivo de denunciar, propor e mobilizar a sociedade em torno de temáticas atuais e relevantes.” Para tal, diversas campanhas da Fraternidade com a temática socioambiental foram realizadas pela igreja.. Além das conferencias da igreja Católica , assuntos ligados às mudanças climáticas vêm sendo discutidos em outras Conferencias como a Eco 92, e a mais recente, a Rio + 20. “Por outro lado, as ciências têm nos oferecido subsídios importantes que mostram os feitos dessas mudanças climáticas na sociedade e na natureza. (...) Pesquisas recentes na área biológica e climática revelam que o aumento de temperatura vem provocando o aumento de vírus patogênicos, a dessincronizarão da relação entre plantas e animais, a diminuição da taxa de crescimento das arvores etc.” Preocupada com as diversas mudanças climáticas, a Campanha da Fraternidade de 2011, apresentou subsídios éticos para a reflexão afim de contribuir para a mudança de postura.Muitos do conteúdos éticos abordados pela Campanha da Fraternidade foram discutido em capítulos anteriores desse livro como, o alerta de que a crise ambiental é na verdade uma crise antropológica e o rompimento dos olhares e posturas mecanicistas e utilitaristas. Outro conteúdo ético relevante está ligado negativamente com a chamada “ética da iniquidade”,em outras palavras,” o perigo em acostumarmos com os erros, insistindo nos modelos planetariamente insustentáveis, sem a preocupação em buscar soluções ecologicamente corretas e socialmente justas” “A Criação geme em dores de parto”: subsídios para uma reflexão ecológica inspirada na Carta aos Romanos 8,18-25 Alem do objetivo ético-religioso, a Campanha da Fraternidade também tem “o objetivo de propor ações e soluções locais e globais para minimizar os impactos negativos sobre o planeta e a busca de valores socialmente justos e ecologicamente sustentáveis.” O lema da campanha de 2011, “A Criação geme em dores de parto”, foi retirado da carta do apostolo São Paulo aos Romanos,” cuja leitura atual tem significado bastante expressivo no contexto de mundo em que vivemos” A Campanha da Fraternidade utilizou os versículos retirados dessa passagem da bíblia como objeto de reflexão e discussão sobre as mudanças climáticas .
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