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ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 1 Como melhorar a eficácia nos processos decisórios? Robbins (2005, p. 124) propõe as seguintes ações para a redução de erros e vieses: ➢ Foco nas metas: sem metas, você não consegue ser racional, não sabe de que informações necessita, quais entre elas são relevantes ou irrelevantes, encontra dificuldades para escolher entre as alternativas e tem maior probabilidade de se arrepender depois da decisão tomada. ➢ Busque informações que contrariem suas opiniões: uma das maneiras mais eficazes de evitar os vieses de excesso de confiança, de confirmação e de compreensão tardia é sempre buscar informações que confrontem as suas atuais crenças e opiniões. ➢ Não tente procurar sentido em eventos aleatórios: a mente educada foi treinada para encontrar sempre relações de causa e efeito. Quando alguma coisa acontece, nossa primeira pergunta é: por quê? E quando não conseguimos encontrar razões, inventamos uma. ➢ Aumente suas opções: não importa quantas opções você tenha identificado, sua escolha final não será melhor do que a melhor entre as alternativas encontradas. Já Sobral (2008, p. 121-122) propõe os seguintes princípios para a melhoria da eficácia das decisões organizacionais: ➢ Certas decisões contam mais que outras: os administradores devem priorizar decisões. ➢ A ação é a meta, não a decisão em si: um processo decisório eficaz não termina com a decisão, e sim com sua implementação. ➢ Ambiguidade é o inimigo: atribuir responsabilidades é o essencial. ➢ Agilidade e capacidade de adaptação são cruciais: uma empresa que toma boas decisões com rapidez [...] consegue agarrar oportunidades e superar obstáculos. ➢ Papéis de decisão valem mais que organograma: nenhuma estrutura decisória será perfeita para toda decisão. O segredo é envolver as pessoas certas, no escalão certo e no momento certo. ➢ Uma decisão alinhada reforça papéis: papéis claros de decisão são críticos, mas não bastam. Se uma organização não reforça a abordagem certa à tomada de decisão por meio de gestos, incentivos, fluxo de informação e cultura, o novo comportamento não se integrará à rotina. ➢ Prática é melhor que sermão: na hora de formular novos papéis de decisão é importante envolver aqueles que terão que assumi-los. ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 2 A HIERARQUIA E SUA TOMADA DE DECISÃO São muitos os tipos de decisões que podem ser tomadas. Podem variar de acordo com o ambiente em que o problema está inserido, variando em tempo para solução, a condição da pressão, sua complexidade e importância, entre outros. Podemos classificar as decisões pelo contexto no qual ocorrem, segundo os diferentes níveis administrativos. Níveis hierárquicos de decisão Existem três níveis de hierarquia que, por sua vez, obedecem à hierarquia-padrão existente na maioria das organizações: nível estratégico, nível tático e nível operacional. Essa classificação de níveis terá diferentes tipos de responsabilidade na tomada de decisão e cada um desses níveis necessitará de diferentes tipos de informação para esse processo. Tal classificação também é chamada de pirâmide organizacional, cujos níveis são conhecidos como estratégico, tático ou gerencial e operacional. Essa pirâmide mostra também a importância das decisões tomadas dentro das organizações, ou seja, à medida que os níveis hierárquicos aumentam a partir do operacional, mais estratégicas serão as decisões a serem tomadas. Para cada nível, haverá diferentes funções de planejamento, que levarão a distintos níveis de tomada de decisão. Vamos dar uma olhada na pirâmide organizacional: Fonte: OLIVEIRA (2020) ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 3 Apesar de serem distintas as decisões que cada um desses níveis deve tomar, eles devem atuar de maneira integrada. São as estratégias que irão orientar e determinar as demais decisões. Quando tratamos de decisões estratégicas, podemos relacioná-las com objetivos de longo prazo, com decisões que podem mudar os rumos, as maneiras e ações que afetam toda a organização. Nós nos referimos a decisões táticas como sendo aquelas relacionadas a objetivos de mais curto prazo, com atitudes, com maneiras e ações que geralmente afetam somente parte da empresa. Classificamos como decisões operacionais aquelas que se relacionam com as rotinas operacionais da empresa e afetam somente as unidades setoriais. O planejamento serve para nortear decisões. Vamos entender o que significa o planejamento em cada nível hierárquico. O planejamento estratégico são decisões e ações que a alta administração da organização (presidente, diretores e/ou executivos) toma para desenvolver e direcionar a empresa, sempre vislumbrando o futuro. Esse tipo de decisão engloba definição de objetivos, de políticas e critérios gerais para estabelecer as diretrizes e assim desenvolver um planejamento dos rumos da organização. O objetivo é estabelecer estratégias para que a organização seja capaz de atingir seus objetivos maiores. As decisões tomadas nesse nível hierárquico não possuem um ciclo uniforme, podem acontecer em momentos diversos e às vezes inesperados, ainda que algum planejamento estratégico seja feito dentro de planos anuais estabelecidos ou em situações preestabelecidas. Exemplo de decisões tomadas em nível estratégico: ➢ Lançamento de algum novo produto. ➢ Ampliação da organização. ➢ Estabelecimento de direcionamento estratégico de marketing. ➢ Ampliação do mix de produtos. ➢ Entrada no mercado de exportação. ➢ Parcerias empresariais. ➢ Atuação no mercado de comércio eletrônico (internet). ➢ Redução do tamanho da empresa. ➢ Alteração do nome da empresa. ➢ Fusão com outras organizações etc. O planejamento tático são decisões e ações que visam a atender as decisões oriundas do planejamento estratégico. Irão impactar o controle de ações administrativas e/ou operacionais, procurando obter sempre a eficiência (ou seja, fazer bem aquilo que se dispôs a fazer). ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 4 Essas decisões estão concentradas mais na área administrativa e são tomadas para decidir sobre operações de controle, estabelecimento de novos padrões de decisão a serem aplicados pelo pessoal operacional, além da alocação de recursos. Exemplos de decisões tomadas em nível tático: ➢ Estabelecimento de planos de produção: estabelecer quais serão os métodos e as tecnologias empregadas para auxiliar na operacionalização dos processos, quais devem ser os arranjos físicos do trabalho e equipamentos, de maneira a serem suportes eficazes para as atividades e tarefas. ➢ Estabelecimento de planos financeiros: como deverá ser feita a captação e aplicação dos recursos financeiros necessários para viabilizar as várias operações da organização. ➢ Estabelecimento de planos de marketing: estabelecer quais são as ações necessárias para a área de vendas e distribuição de bens e serviços e qual a melhor forma de atendimento ao cliente. ➢ Estabelecimento de planos para a área de recursos humanos: envolve recrutamento, seleção e treinamento das pessoas nas várias atividades dentro da organização. O planejamento operacional são decisões que irão reger as ações necessárias para a realização das atividades operacionais, para que sejam corretamente desenvolvidas a partir de procedimentos e regras de decisões estabelecidas. São caracterizadas por serem principalmente decisões programadas e seus procedimentos a serem seguidos são geralmente os mesmos. As decisões operacionais e suas ações comumente resultam em uma resposta imediata. Quando nos referimos ao planejamento operacional, estamos nos referindoa decisões rotineiras, entre elas: ➢ Quais devem ser os recursos necessários para desenvolvimento e implantação? ➢ Quais devem ser os procedimentos a serem adotados? ➢ Quais devem ser os produtos ou resultados finais esperados? ➢ Quais serão os prazos a serem estabelecidos? ➢ Quem serão os responsáveis pela sua execução e implantação? Para cada nível hierárquico, haverá diferentes tipos de informação. Podemos dizer que, no nível estratégico, as decisões são de cunho estratégico, ocorrendo na alta administração da organização. Os desdobramentos de tais decisões irão impactar a empresa como um todo e são efeitos duradouros e difíceis de serem revertidos. Essas decisões não são feitas de um dia para o outro, são geralmente feitas no planejamento estratégico das organizações, que é um planejamento em longo prazo. Elas são decisões que, após serem tomadas, podem alterar o rumo a ser seguido pela organização de maneira a otimizar sua relação com o ambiente em que está inserida. Vamos exemplificar a partir da construção de uma nova planta de uma fábrica de determinada organização. Serão muitas as decisões a serem tomadas, por exemplo, como deverá ser uma nova linha de produção, quais serão e como explorar os novos mercados em que estará ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 5 inserida a organização com essa nova fábrica, o portfólio de produtos será o mesmo ou deve- se adequar a uma nova realidade etc. Essas decisões de nível estratégico exigem que seus gestores tenham em mãos informações internas e externas à organização e que forneçam suporte necessário para uma análise que os auxilie nas decisões a serem tomadas em longo prazo. Nesse caso, o nível da informação necessária para tomada de decisão é macro, englobando toda a organização, ou seja, relacionando-se de maneira sistêmica com o meio ambiente, seja interno ou externo. Como competência básica, a alta gerência, que é o nível hierárquico que toma decisões de nível estratégico, necessita traduzir as incertezas de um mercado altamente dinâmico e globalizado para uma visão estratégica, de forma que a organização aumente seu nível de competitividade no mercado. As decisões de nível tático ou gerencial ocorrem nos escalões intermediários, de gerência média, proporcionando ações que terão efeitos de menor prazo e que trarão um impacto menor no funcionamento estratégico da organização. O nível tático, cujos tomadores de decisão serão a média gerência, traduz as decisões estratégicas em planos de ação e projetos que serão realizados pelo nível operacional. O nível tático de decisão tem por objetivo dar subsídios ou providenciar os meios que a organização disponha para que os planos estratégicos da empresa sejam executados a contento, ou seja, utilizar e alocar, otimizando os recursos que sejam disponíveis da organização para atender com eficácia os objetivos estratégicos estabelecidos. A informação requerida no nível tático é do tipo em grupos (agrupada ou sintetizada), visualizando e agrupando determinadas informações de uma unidade departamental, negócio ou atividade da organização. Quando nos referimos ao nível operacional de decisão, são decisões que estão ligadas ao controle e às atividades operacionais da organização. Essas decisões visam a alcançar padrões de funcionamento estabelecidos previamente, com controles do detalhe ou do planejamento operacional. Criam condições para que a realização de trabalhos diários da organização seja feita de maneira adequada. O nível da informação requerido é detalhado (informação analítica, singular), mostrando pormenores específicos de um dado, de uma tarefa ou atividade da organização. O nível operacional executa os projetos e não está acostumado a lidar com incertezas. Portanto, a tomada de decisão que ocorre no nível operacional é aquela que viabilizará a execução e o alcance, de maneira efetiva, dos planos tático e estratégico que foram previamente elaborados. As decisões estratégicas são tomadas sempre em condições nas quais há alta dinâmica ambiental, são decisões feitas em condições de incerteza. Já as decisões tática e operacional lidam com elementos conhecidos e previsíveis, uma vez que serão oriundas da decisão estratégica e se valerão de recursos existentes da organização, com os objetivos determinados pela estratégia. Por fim, vale salientar que o planejamento auxilia como ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 6 poderosa ferramenta para que os três níveis de decisão apresentados possam se implementar e se integrar. Os níveis de decisão de uma empresa possuem uma característica básica: a partir dos níveis hierárquicos mais elevados, o grau de incerteza vai se reduzindo de maneira drástica à medida que caminha do nível estratégico até chegar ao nível operacional. Centralização e descentralização Nas organizações, quanto mais alto o nível hierárquico, mais alto o cargo, mais autoridade o indivíduo possui. Autoridade, de maneira geral, é o direito de conduzir pessoas e recursos e de tomar decisões nas tarefas a serem executadas. Quanto maior o nível de autoridade de determinado cargo ou pessoa, também maiores são as responsabilidades desse indivíduo. Autoridade e responsabilidade precisam estar equilibradas em cada nível hierárquico. Um gestor, mesmo tendo a responsabilidade sobre um determinado projeto e que necessita que tarefas sejam executadas para cumpri-lo, terá problemas como time que coordena caso sua autoridade seja pequena, pois, há a possibilidade de que prazos não sejam cumpridos, caso seus subordinados questionem suas decisões. O termo delegar refere-se à transferência de tarefa ou autoridade de um chefe para seu subordinado. Transferindo-se essa autoridade, cria-se também uma responsabilidade ao indivíduo para a execução do que foi delegado, porém o gestor continua tendo responsabilidade sobre o que delegou e a quem delegou a tarefa e seus consequentes resultados, pois tal responsabilidade é indelegável. Escolher corretamente a pessoa para a execução da tarefa, ou seja, que ela esteja apta a realizar o que lhe foi delegado, e levar em conta a delegação na medida certa para alcançar os resultados esperados são itens fundamentais quando se delega autoridade a alguém. Também se deve levar em consideração que a autoridade delegada seja proporcional ao nível de responsabilidade e competência alocada no cargo e/ou funcionário. A clara comunicação é fundamental no momento da delegação com respeito ao que está sendo delegado, com designação precisa e clara, tendo-se a certeza do entendimento e aceitação por parte do subordinado. Importância da delegação Com a delegação, a equipe passa a ser mais produtiva em decorrência do aumento considerável de motivação, além de se reduzir a burocracia, tão prejudicial em processos de tomada de decisão, pois há diminuição do tempo total do processo, melhora do desempenho e desenvolvimento do time. Ainda permite ao gestor coordenar projetos mais complexos e de abrangência maior. A amplitude de controle torna-se maior. Por esses fatores, o gestor terá seu tempo mais otimizado, podendo fazer um melhor planejamento e programação de atividades de seus projetos, engajando-se em decisões que sejam especificamente para seu cargo. Planejando-se de maneira mais assertiva, haverá maior aproveitamento de recursos e, por consequência, será proporcionada maior segurança para a organização. Além de tudo, praticando-se a delegação, novas lideranças estarão sendo treinadas e desenvolvidas. ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 7 Regras básicas para a delegação eficaz ➢ Antes de delegar certa tarefa a um indivíduo, deve-se ter certeza de que ele seja comprometido e competente paratal. ➢ O nível de autoridade dado ao subordinado deve ser compatível com as atividades exercidas por ele. ➢ A comunicação deve ser clara e precisa, não deixando dúvidas sobre as atividades e os resultados esperados para aquela tarefa. ➢ A motivação da equipe, por meio de recompensas a partir dos resultados apresentados, é importante. ➢ Manter a equipe motivada. ➢ Estabelecimento de controles eficazes para monitorar adequadamente os resultados. Esses controles devem estar claros e ser divulgados e aceitos. ➢ Treinamento e desenvolvimento dos seus subordinados, bem como auxiliá-los de maneira adequada (sem mostrar algum tipo de necessidade de centralização) em suas atividades. ➢ No momento da delegação, deve-se evitar perda excessiva de poder, porém é preciso estar disposto a “abrir mão” de determinadas atividades estratégicas que possam promover uma situação adequada de motivação nos subordinados. ➢ Ter canais de comunicação adequados. ➢ Aceitar os erros das outras pessoas. ➢ Encontrar maneiras de aumentar o nível de participação dos subordinados. ➢ Perceber que os subordinados têm muito a contribuir no processo decisório na área de sua especialização. ➢ Criar condições para incentivar os subordinados a tomarem decisões, dando-lhes o apoio necessário. ➢ Evitar críticas desnecessárias e excessivas quando os subordinados cometerem erros. ➢ Deixar claro aos subordinados o que deve ser feito e quais os resultados esperados, incluindo o nível de qualidade e prazo de realização. ➢ Promover incentivos adequados para que os subordinados se sintam seguros, dispostos e capazes de aceitar maior delegação. Centralização Quando falamos em centralização, referimo-nos ao poder de decisão concentrado predominantemente na alta administração. São muitos os motivos que influenciam um gestor ou uma cultura organizacional para um estilo de tomada de decisão mais centralizado. Podemos citar: ➢ condições internas; ➢ fatores do ambiente da empresa; ➢ maneira de ser do executivo/dono. Esse estilo de tomada de decisão muitas vezes é utilizado por causa dos seguintes fatores: ➢ manter um nível de maior integração na empresa; ➢ manter a uniformidade de ações e decisões; ➢ administrar com mais eficiência as urgências; ➢ evitar que um funcionário possa lhe fazer sombra; ➢ a estrutura organizacional da empresa não possibilitar a descentralização; ➢ aumentar o nível de controle das atividades da empresa. ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 8 Vantagens da centralização ➢ Menor número de níveis hierárquicos. ➢ Melhor uso dos recursos humanos, materiais, equipamentos e recursos financeiros. ➢ Maior possibilidade de interação no processo de planejamento, controle e avaliação. ➢ Maior uniformidade em termos de processos técnicos e administrativos. ➢ Mais rapidez nas decisões estratégicas. ➢ Mais segurança nas informações. Descentralização Ela acontece quando a organização diminui a concentração da tomada de decisão na alta administração da empresa, havendo então a delegação a seus diversos níveis hierárquicos. Isso é necessário quando: ➢ a carga de trabalho da alta gestão está volumosa e/ou complexa; ➢ existe demora no processo de decisão; ➢ há aumento da necessidade de desenvolvimento do nível gerencial dos executivos da média/baixa administração; ➢ existe a necessidade de elevar a participação e motivação do time. Vantagens ➢ Possibilidade de gerar maior especialização nas diversas unidades organizacionais. ➢ Menor exigência de tempo nas informações e decisões por causa da autonomia. ➢ Aumento do efeito competitivo. ➢ Melhora na definição de objetivos e metas para as unidades e pessoas. ➢ Ocorrência de maior desenvolvimento das pessoas nos aspectos administrativo e gerencial. ➢ Melhoria na motivação da equipe. ➢ Aumento na participação por parte do funcionário. ➢ Maior rapidez no atendimento das necessidades da empresa e das unidades organizacionais. ➢ Desenvolvimento da capacitação gerencial e profissional. ➢ Menor tempo de tomada de decisão, pois o responsável por ela passa a estar mais próximo da ocorrência dos fatos. ➢ Redução nos conflitos entre os níveis organizacionais. ➢ Geração de ideias inovadoras. Desvantagens ➢ Aumento da necessidade de controle e coordenação. ➢ Risco de duplicar esforços para executar determinadas atividades. ➢ Maior dificuldade de normalização e de padronização. ➢ Maior ineficiência na utilização de recursos da empresa (humanos, financeiros, materiais e ➢ equipamentos). ➢ Maior dificuldade de coordenação de atividades que envolvem alto nível de interdependência. ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 9 A questão do empowerment: conceito De acordo com Lima (2011), o termo empowerment, cada vez mais aplicado nas organizações, diz respeito a uma situação de descentralização de poderes nos vários níveis hierárquicos de uma organização. O empowerment trabalha o aumento de autoridade e, consequentemente, de responsabilidade por parte do subordinado ou grupo de subordinados, porém o acompanhamento e apoio de seus superiores continuam a ser necessários. Com isso, o indivíduo passa a ter maior controle sobre suas próprias tarefas, podendo controlar seu próprio trabalho, aumentando sua motivação e possibilitando que melhore sua criatividade e iniciativas próprias. A partir disso, todos ganham: indivíduo e empresa. No meio empresarial, o conceito de empowerment apresenta-se como um fator crítico de sucesso para aumentar a competitividade das organizações. Desta forma, empowerment é o processo em que os gestores transferem aos membros de seus times responsabilidades e autoridade. Por meio do empowerment o administrador, e consequentemente a empresa, poderá aumentar a produtividade em sua área de negócio pela liberação do potencial criativo de seus colaboradores. Em muitas empresas, é comum o desperdício de energia e talentos por seus colaboradores não entenderem ao certo seu verdadeiro papel dentro da organização. Ocorre, então, o desperdício de recursos e tempo. A energia necessária para se atingirem resultados é perdida pela ansiedade e pela dúvida das reais obrigações dos colaboradores. Nos últimos tempos, percebe-se no mercado que essa recomendação está sendo cada vez mais levada a sério. Por meio do empowerment, motiva-se o colaborador até o ponto de ele, muitas vezes, agir como o dono da organização, liberando conhecimento, habilidades e energia, criando condições de assumir responsabilidade pelo trabalho executado. A partir do empowerment, uma empresa passa a ter um modelo de gestão empreendedora, facilitando o clima rumo à excelência. Pessoas liberam-se para que atuem com mais autonomia, autoridade e responsabilidade. Um dos efeitos claros proporcionado pelo empowerment é própria forma pela qual o indivíduo relaciona-se com o trabalho. Podemos considerar como objetivos básicos do empowerment, segundo Lima (2011): ➢ Facilitar o atingimento das estratégias do negócio. ➢ Desenvolver novos líderes que possam tomar decisões adequadas e assertivas. ➢ Contribuir para a descentralização do poder, o que possibilita ao gestor se empenhar em outras responsabilidades que são importantes em sua função. ➢ Permitir que o número de decisões para os níveis mais baixos da organização aumente. ➢ Liberar o espírito empreendedor e a criatividade dos colaboradores. ➢ Aumentar a velocidade de resposta para os clientes. ➢ Criar um ambiente proativo. ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 10 ➢ Comprometer mais as pessoas. ➢ Auxiliar na motivação dos indivíduos, que passariam a se sentir mais valorizados e comprometidos com a organização. Para a implantação do empowerment é necessário,ainda de acordo com Lima (2011): ➢ analisar as causas da centralização e dependência; ➢ modificar o estilo de gestão; ➢ migrar do modelo de dependência para o empreendedor; ➢ ter atenção às metas e prazos; ➢ que as equipes tenham capacidade de autogerenciamento, focando-se nas metas estratégicas estabelecidas pela alta direção da organização; ➢ treinar os líderes de equipes para atuarem com liderança; ➢ treinar e desenvolver os gestores da organização nas competências de: educador, facilitador, integrador e articulador. Também de acordo com Lima (2011), estas são algumas das vantagens do empowerment: ➢ Foco no cliente e redução de custos. ➢ Maior direcionamento alinhado às metas e aos objetivos estratégicos da organização. ➢ Maior comprometimento com valores, crenças e resultados da organização por parte dos colaboradores. ➢ Redução do tempo para tomada de decisão. ➢ Alívio do “peso” do líder sobrecarregado e mudança da situação dos empregados ociosos. ➢ Maior quantidade de ações implantadas, além de rapidez nessa implementação e eficácia quanto à qualidade e à produtividade. ➢ Concretização das estratégias de negócios da empresa. ➢ Aumento da autoestima e da motivação dos colaboradores. ➢ Maior sinergia entre seus membros, resultando em melhor ambiente de trabalho. Requisitos do empowerment de acordo com Quinn Mills: nova versão No livro Empowerment: um imperativo, publicado no Brasil em 1996, Mills apresenta uma versão ampliada e melhorada dos passos necessários para a prática do empowerment. São eles (MILLS, 1996): 1. O primeiro passo: tolerância a erros. 2. O segundo passo: desenvolvendo a confiança. 3. O terceiro passo: visão. 4. O quarto passo: fixação de metas. 5. O quinto passo: avaliação. 6. O sexto passo: motivação. ADM - Processos Decisórios Profa. Elisângela A. Kvint Material de Apoio 2 11 Obstáculos ao empowerment na versão de Morris e Haigh Como o empowerment envolve a transferência do poder de tomar decisões da gerência para os funcionários, há uma relutância daquela em delegar poder e uma resistência igualmente forte destes em aceitar imposições. No que diz respeito à gerência, essa relutância advém de uma série de fatores: ➢ Insegurança: os gerentes são responsáveis pelas ações dos subordinados e isso pode deixá-los relutantes em delegar tarefas. ➢ Falta de capacidade gerencial: os gerentes podem ser muito desorganizados ou inflexíveis para planejar com antecedência e decidir que tarefas podem ser delegadas a quem e/ou para estabelecer um sistema de monitoramento dos resultados das ações dos subordinados. ➢ Falta de confiança nos subordinados: isso pode ser justificado, em curto prazo, pela falta de qualificações e conhecimento apropriado por parte dos subordinados, mas, em longo prazo, a gerência não tem desculpa para não treinar os subordinados. ➢ Falsa racionalização: frequentemente expressa na forma de declarações como “eu faço melhor”, “não posso confiar nos meus subordinados” e “eu gasto muito do meu valioso tempo para explicar aos outros o que precisa ser feito”. Analogamente, há inúmeras barreiras que impedem a aceitação voluntária pela força de trabalho da responsabilidade de tomar decisões: ➢ Insegurança: os subordinados desejam evitar a responsabilidade e o risco que vêm com o poder de tomar decisões; eles temem críticas ou demissões devido a erros. ➢ Falta de incentivos: os subordinados sentem que maior responsabilidade significa trabalhar mais sob maior pressão, sem perspectiva de uma recompensa compatível com sua “carga” extra (MORRIS e HAIGH, 1997, p 64). Referências: LIMA, F. U. Processos decisórios. Apostila 1, 2011. Disponível em: http://www.scribd.com/ doc/89216579/1/A-importancia-dos-processos-decisorios. Acesso em: 08 fev. 2022. MORRIS, D. S.; HAIGH, R. H. Quem manda em quem. Revista HSM Management, ano 1, n. 5, pp. 62-68, nov./dez. 1997. OLIVEIRA, M. E. D. de. Processos decisórios. Unidade I. São Paulo: Editora Sol, 2020.
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