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Prof. Márcio Dourado. 
1 
 
Prof. Márcio Dourado Rocha 
 
 
 
Texto – Aula Presencial 
 
: A CIÊNCIA "ECONOMIA" 
 
 
1. DEFINIÇÕES: 
 
Nesta aula serão apresentadas definições de ECONOMIA, propondo destacar seu conteúdo 
enquanto ciência, sua relação com as demais ciências (política, história, geografia, matemática 
e estatística); seu objeto; métodos de investigação e a identificação dos problemas 
econômicos básicos. 
 
1.1. PRIMEIRAS DEFINIÇÕES: 
 
A primeira definição de economia foi utilizada por ARISTÓTOLES (384 a.C.), considerado o 
primeiro analista econômico. A Economia era a Ciência da administração da comunidade 
doméstica, a ciência do abastecimento, que trata da arte da aquisição. Sua própria etimologia 
nos oferece uma reflexão: OIKONOMIA, de OIKOS = CASA e NOMOS = LEI. 
 
Com as mudanças no curso da história, as questões econômicas vão paulatinamente 
assumindo importância, principalmente no período pós-renascentista e com o 
desenvolvimento de novos Estados-Nações (França, Alemanha, Inglaterra, Portugal e 
posteriormente a descoberta da América). Dois fatores podem ser destacados desta nova fase: 
o alargamento das dimensões do mundo econômico e à consolidação da figura política do 
Estado-Nação. Neste sentido a ECONOMIA passa a ter nova definição: "seria um ramo do 
conhecimento essencialmente voltado para melhorar a administração do Estado, sob o 
objetivo central de promover seu fortalecimento. Portanto, atendia aos objetivos políticos do 
Estado. 
 
 
1.2. DEFINIÇÕES CLÁSSICAS 
 
 
A partir do século XVII, a ECONOMIA passa a ingressar em sua fase científica, os princípios 
fundamentais da economia foram reformulados por pensadores econômicos. As principais 
obras publicadas foram 
 
 
 
Prof. Márcio Dourado. 
2 
a) 1758 - FRANÇOIS QUESNAY (Francês), o Tableau Economique (Quadro Econômico), 
tendo como fundamento que toda riqueza se extraía da natureza e a agricultura seria a 
única atividade geradora de excedentes. A vida econômica obedecia a leis naturais que 
deveriam ser respeitadas pelos governantes, como o direito à propriedade e a liberdade de 
ação segundo os interesses individuais de cada pessoa. 
b) 1776 - ADAM SMITH (escocês), A Riqueza das Nações: Investigação sobre sua Natureza 
e suas Causas, que segundo o autor haveria uma "mão - invisível" responsável pela 
regulação da economia. 
Essas duas obras representaram o passo inicial para que os pensadores econômicos 
dedicassem suas atenções aos estudos sobre a descoberta, análise dos princípios, teorias e leis 
que pudessem ser estabelecidas para os três compartimentos da atividade econômica: 
FORMAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E CONSUMO das riquezas. As definições da ECONOMIA 
fundamentaram-se nessa chamada trilogia teórica (formação, distribuição e consumo), os 
principais representantes foram: MALTHUS, LAW, STUART MILL, QUESNAY, 
CANTILLON, DAVID RICARDO E JEAN BAPTISTE SAY. 
 
 
1.3. DEFINIÇÕES CONTEMPORÂNEAS: 
 
As definições baseadas na trilogia teórica prevaleceram até as últimas décadas do 
século XIX, quando o teórico ALFREDO MARSHAL, em seu livro publicado em 1890 
"Princípios de Economia", propôs uma nova definição: a ECONOMIA é a ciência que 
examina a parte da atividade individual e social essencialmente consagrada a atingir e 
utilizar as condições da escassez das nações, produzindo bens e serviços a fim de atender as 
ilimitadas necessidades das pessoas". 
A definição de Marshall constitui uma divisória entre as definições clássicas e 
contemporâneas; os clássicos não se ocupavam com as causas e conseqüências das 
depressões, escassez e atraso econômico, já os contemporâneos atribuíam à ECONOMIA a 
análise das causas das prosperidades e recessão, examinando os problemas decorrentes da 
escassez em face às ilimitadas necessidades humanas e a investigação das condições 
necessárias para universalização do bem-estar dos povos. 
O autor LIONEL ROBBINS, em sua obra em 1932, "Ensaios, Natureza e Significado 
da Ciência Econômica", incorporou definitivamente à nova definição da ECONOMIA o 
problema da e escassez, uma vez considerada as necessidades ilimitadas das pessoas. Definiu 
ECONOMIA: "como sendo a ciência que estuda as formas do comportamento humano, 
resultante da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos 
que, embora escassos, se prestam a usos alternativos". 
O autor PAUL SAMUELSON, definiu assim ECONOMIA: "é a ciência que se 
preocupa com o estudo das leis econômicas indicadoras do caminho que deve ser seguido 
para que seja mantida em nível elevado a produtividade, melhorando o padrão de vida das 
populações e empregados corretamente os recursos escassos". 
A ECONOMIA passa a ser considerada a "Ciência da Escassez, e os teóricos 
contemporâneos observaram que, o atendimento a quaisquer objetivos de bem-estar e 
universalização do desenvolvimento econômico, dependeria, essencialmente, da melhor 
administração dos recursos escassos. Portanto, é o estudo da escassez e dos problemas dela 
decorrentes. 
Na evolução das definições pode-se observar que a trilogia clássica (formação, 
distribuição e consumo das riquezas) foi contemporaneamente substituída pela dicotomia: 
recursos escassos e necessidades ilimitadas. 
 
 
 
Prof. Márcio Dourado. 
3 
1.4. CONCEPÇÕES E DEFINIÇÕES SOBRE CIÊNCIA ECONÔMICA 
 
O marco inicial da etapa científica da Teoria Econômica coincidiu com os grandes 
avanços da técnica e das ciências físicas e biológicas, nos séculos XVIII e XIX. Nesse notável 
período da evolução do conhecimento humano, a Economia construiu seu núcleo científico, 
estabeleceu sua área de ação e delimitou suas fronteiras com outras ciências sociais. A 
construção de seu núcleo científico fundamentou-se no enunciado de um apreciável volume 
leis econômicas, desenvolvidas a partir das concepções mecanicistas, organicistas e 
posteriormente humanas, através das quais os economistas procuraram interpretar os 
principais fenômenos da atividade econômica. 
Os economistas do grupo Organicista pretendiam que o organismo econômico se 
comportasse como um órgão vivo. Os problemas de natureza econômica eram expostos numa 
terminologia retirada da Biologia, tais como "órgão", "função", circulação, "fluxos", 
"fisiologia", etc. A concepção Organicista da Economia se faz presente em vários textos 
históricos, por exemplo: "as partes principais da Economia Social são relacionadas com os 
órgãos dos quais a sociedade se serve para a criação, a distribuição e o consumo dos bens, 
do mesmo modo como as partes principais da fisiologia do homem são os órgãos que se 
relacionam com a nutrição, o crescimento e o desenvolvimento do corpo humano".
1
 
Já os mecanicistas pretendiam que as leis da economia se comportassem como 
determinadas leis da Física e a terminologia usada era: "estática", "dinâmica", "aceleração", 
rotação", "fluidez", "força", etc. Os textos referentes são: "A Economia deveria se ocupar 
dos resultados produzidos por uma combinação de forças e esses resultados deveriam ser 
descobertos com o auxilio da natureza mecânica das atividades individuais."
22
 
Todavia, as concepções Organicista e mecanicista, hoje, foram ultrapassadas pela 
concepção humana da Economia, a qual coloca no plano superior os móveis psicológicos da 
atividade humana. A Economia repousa sobre os atos humanos e é por excelência uma ciência 
social. Apesar da tendência atual ser a de se obter resultados cada vez mais precisos para os 
fenômenos econômicos, é quase que impossível se fazer análises puramente frias e numéricas, 
isolando as complexas reações do homem no contexto das atividades econômicas. 
Felizmente, porém, o economista não precisa dar respostas com aproximação de muitas 
casas decimais, pelo contrário, se apenas conseguir determinar o sentido geral de causas e 
efeitos já terá dado um formidável passo avante. 
Após todos esses enfoques a respeito da concepção daeconomia sua melhor definição foi 
dada pelo economista americano Paul Samuelson: "Economia é uma ciência social que 
estuda a administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos." 
Para complementar pode-se lembrar das palavras do Professor Antônio Delfim Netto: 
"Economia é a arte de pensar". Apesar de especificado seu objeto, a Economia relaciona-se 
com as demais áreas do conhecimento humano. A seguir discutiremos a inter-relação da 
Economia com as demais ciências. Veremos que a Economia é uma ciência social, ou seja, 
poderemos afirmar que ela não tem como agir sozinha, depende das outras ciências sociais 
como, a Geografia, História, Direito, Política, Sociologia matemática, Estatística, para a 
solução dos problemas. 
 
 
 
2. OBJETO DA ECONOMIA: 
 
1
 Texto de Jean B. Say - Século XVIII. 
2 Texto de Hermann H. Gossen - século XIX: 
 
 
 
 
Prof. Márcio Dourado. 
4 
 
Seguindo o curso das definições, o OBJETO DA ECONOMIA, também evoluiu 
historicamente, desde as primeiras escolas econômicas do século XVIII até os dias atuais, 
analisaremos a seguir essa evolução: 
 
 
 Para ADAM SMITH, em seu livro "A Riqueza das Nações", esclarece que o OBJETO da 
economia era o de empreender pesquisa sobre a natureza e as origens das riquezas das 
nações, dizia respeito à formação das riquezas; 
 Para DAVID RICARDO, o OBJETO da economia dizia respeito ao terreno das 
investigações sobre a repartição da riqueza, ou seja, sua distribuição; 
 Para KEYNES, em seu livro "A Teoria Geral" de 1936, o OBJETO da economia deveria 
centralizar na pesquisa das forças que governam o volume da produção e do emprego em 
seu conjunto , estava analisando o plano da produção, através da análise das flutuações da 
atividade econômica, por isso a economia deveria primordialmente preocupar-se em 
corrigir os desajustes e desequilíbrios. 
 O OBJETO central da Economia Contemporânea mantém-se ligado à dicotomia entre 
recursos escassos e necessidades ilimitadas. 
 
Após a 2ª Guerra Mundial o OBJETO da economia passa a ser estabelecido pelo exame das 
condições necessárias à promoção do desenvolvimento econômico das nações. Na 
ECONOMIA MODERNA o objetivo é promover simultaneamente o progresso e a satisfação 
de produção de seus frutos, ou seja, desenvolvimento e repartição. 
 
EVOLUÇÃO DO SIGNIFICADO DO OBJETO DA ECONOMIA 
TEÓRICOS SÉCULO 
XVIII 
TEÓRICOS SÉCULO XIX MODERNOS 
ECONOMISTAS 
Formação da Riqueza Repartição da Riqueza Objeto Duplo: 
 Estudo das flutuações da 
atividade econômica e da 
promoção do 
desenvolvimento; 
 Investigação sobre a 
repartição da riqueza 
 
 
2.1 . OBJETO DA CIÊNCIA ECONÔMICA. A LEI DA ESCASSEZ 
 
"Os recursos são limitados e as necessidades humanas são ilimitadas." 
Em Economia tudo se resume a uma restrição quase que física - a lei da escassez, isto é, 
produzir o máximo de bens e serviços a partir dos recursos disponíveis a cada sociedade. 
Se uma quantidade infinita de cada bem pudesse ser produzida, se os desejos humanos 
pudessem ser completamente satisfeitos, não importaria que uma quantidade excessiva de 
certo bem fosse de fato produzida. Nem importaria que os recursos disponíveis, trabalho, terra 
e capital (este deve ser entendido como máquinas, edifícios, matérias-primas, etc.), fossem 
combinados irracionalmente para a produção de bens. Não havendo o problema da escassez, 
não faz sentido se falar em desperdício ou em uso irracional dos recursos e na realidade só 
existiriam os "bens livres". Bastaria fazer um perdido e, pronto, um carro apareceria de 
graça. 
 
 
Prof. Márcio Dourado. 
5 
Na realidade, ocorre que a escassez de recursos disponíveis acaba por gerar a escassez dos 
bens - chamados "bens econômicos". Por exemplo: as jazidas de minério de ferro são 
abundantes, porém, o minério pré-usinável, as chapas de aço e finalmente o automóvel são 
bens econômicos escassos. Logo, o conceito de escassez econômica deve ser entendido como 
a situação gerada pela razão de se produzir bens com recursos limitados, a fim de satisfazer as 
ilimitadas necessidades humanas. Todavia, somente existirá escassez se houver uma procura 
para a aquisição do bem. Por exemplo: o hino nacional na cabeça de um alfinete é um bem 
raro, mas não é escasso porque não existe uma procura para aquisição. 
Poder-se-ia perguntar: porque são os bens procurados (desejados)? A resposta é 
relativamente simples: um bem é procurado porque é útil. Por UTILIDADE entende-se "a 
capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana.". 
Desta última definição resta-nos conceituar o que são bem e necessidade humana. 
BEM é tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana. Eles podem ser: 
MATERIAIS - pois se pode atribuir-lhes características física de peso, forma, dimensão, etc. 
Por exemplo: automóvel, moeda, borracha, relógio, etc.; IMATERIAIS - são os de caráter 
abstrato, tais como: a aula ministrada, a hospedagem prestada, a vigilância do guarda-noturno, 
etc. (em geral todos os serviços prestados são bens imateriais, ou seja, se acabam quase que 
simultaneamente à sua produção). 
O conceito de necessidade humana é concreto, neutro e subjetivo, porém, para não se 
omitir da questão, definir-se á "NECESSIDADE HUMANA" como qualquer manifestação de 
desejo que envolva a escolha de um bem econômico capaz de contribuir para a sobrevivência 
ou para a realização social do indivíduo. Assim sendo, ao economista interessa a existência 
das necessidades humanas a serem satisfeitas com bens econômicos, e não a validade 
filosófica das necessidades. 
Para se perceber a dificuldade da questão, é melhor exemplificar: para os muitos pobres, a 
carne seca pode ser uma necessidade e não o ser para os mais ricos; para os pobres um carro 
pode não ser uma necessidade, porém, para os da classe média já o é; para os ricos a 
construção de uma mansão pode ser uma necessidade, ao passo que pode não o ser para os de 
renda média. 
O fato concreto é que no mundo de hoje todos pensam que desejam e "necessitam" de 
geladeiras, esgotos, carros, televisão, rádios, educação, cinemas, livros, roupas, cigarros, 
relógio, etc. As ilimitadas necessidades já se expandem para fora da esfera biológica da 
sobrevivência. Poder-se-ia pensar que o suprimento dos bens destinados a atender às 
necessidades biológicas das sociedades modernas seja um problema solucionado com ele 
também o problema da escassez. Todavia, numa contra-argumentação dois problemas 
surgem: o primeiro é que essas necessidades renovam-se dia a dia e exigem contínuo 
suprimento dos bens a atendê-las; segundo é a constante criação de novos desejos, e 
necessidades, motivadas pela perspectiva que se abre a todos os povos, de sempre 
aumentarem o padrão de vida. Da noção biológica, devemos evidentemente passar à noção 
psicológica da necessidade, observando que a saturação das necessidades, e, sobretudo dos 
desejos humanos, está muito longe de ser alcançada, mesmo nas economias altamente 
desenvolvida de nossa época. Consequentemente, também o problema de escassez se renova. 
Uma vez explicado o sentido econômico de escassez e necessidade, torna-se fácil entender 
que "ECONOMIA é a ciência social que ocupa da administração dos recursos escassos 
entre usos alternativos e fins competitivos", ou "ECOPNOMIA é o estudo da organização 
social, através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços 
escassos". As definições trazem de forma explícita que o objeto da Ciência Econômica é o 
estudo da escassez e que ela se classifica entre as Ciências Sociais. 
 
 
 
 
Prof. Márcio Dourado. 
6 
3. PROBLEMAS ECONÔMICOS BÁSICOS 
 
 
Nas bases de qualquer comunidade se encontra sempre a seguinte tríade de problemas 
econômicos básicos: 
 
O QUE e QUANTO produzir? - Isto significa quais os produtos deverão ser produzidos 
(carros, cigarros,café, roupa, etc.) e em que quantidades deverão ser colocadas à disposição 
dos consumidores. 
 
COMO produzir? - Isto é, por quem serão os bens e serviços produzidos, com que recursos e 
de que maneira ou processo técnico. 
 
PARA QUEM produzir? - Ou seja, para quem se destina a produção, fatalmente para os que 
têm renda. 
 
É muito fácil entender que: QUAIS, QUANTO, COMO e PARA QUEM produzir não 
seriam problemas se os recursos utilizáveis fossem ilimitados. Todavia, na realidade existem 
ilimitadas necessidades e limitados recursos disponíveis e técnicas de fabricação. Baseada 
nessas restrições, a Economia deve optar dentre os bens a serem produzidos e os processos 
técnicos capazes de transformar os recursos em produção. 
 
3.1. A TRÍADE DOS PROBLEMAS CENTRAIS: O QUE E QUANTO, 
COMO E PARA QUEM PRODUZIR 
 
Dentro desta linha de análise, observamos então que todas as sociedades sempre se 
defrontaram, além dos dilemas básicos, com uma tríade de problemas fundamentais, que se 
inter-relacionam nos níveis econômico, tecnológico e social. 
 
A questão econômica só será plenamente solucionada se houver eficiência tecnológica 
convenientemente dosada, completando-se através de eficiente sistema distributivo. A 
solução da questão tecnológica somente alcançará sua plenitude se as opções econômicas e 
sociais se revelarem lógicas e pertinentes. Como registra Shackle, a eficiência técnica 
pressupõe a eficiência econômica; nenhum método de produção pode atingir seu mais alto 
grau de eficiência econômica se não alcançar, para determinada combinação de quantidades 
de produção, seu mais elevado grau de eficiência técnica. De igual forma, a questão social, 
intimamente ligada aos problemas do bem-estar, só será também satisfatoriamente 
solucionada quando integrada à solução das questões econômicas e tecnológicas. 
 
Na Tabela 7.1 resumimos, a partir de seus níveis de referência, os esquemas básicos de 
solução aplicáveis à tríade dos problemas econômicos fundamentais. Como aí se observa, a 
solução do problema o que e quanto produzir (ECONÔMICO) implica a adoção de lógicas 
opções, situadas necessariamente sobre as fronteiras de produção econômica. As unidades de 
produção instaladas no sistema somente deverão dedicar-se à produção de chá, amendoim, 
revistas, lã, medicamentos, eletrodomésticos (ou quem por ela esteja decidindo) julgar que 
esses bens, nas quantidades que estão sendo produzidos, são os que atendem mais 
adequadamente às necessidades e desejos existentes. Caso contrário, como a finalidade 
essencial do aparelho produtivo da economia é atender, em escala ótima, as prioridades 
sociais manifestadas, se esses bens não satisfizerem plenamente às aspirações coletivas, outras 
 
 
Prof. Márcio Dourado. 
7 
opções deverão ser adotadas, até que as unidades de produção realmente se ajustem às escalas 
ideais de preferência. 
 
De outro lado, a solução da questão como produzir (TECNOLÓGICO) implica a 
obtenção de máxima eficiência na combinação e na alocação dos recursos disponíveis. Como 
os recursos são escassos e as necessidades ilimitadas, os estoques de fatores produtivos devem 
ser combinados com vistas à realização de níveis ótimos de produção. As técnicas de 
produção empregadas devem conduzir à máxima relação entre a produção total obtida e a 
quantidade empregada de recursos. Se a combinação e a alocação dos recursos mobilizados 
não conduzem aos máximos níveis possíveis, então novos métodos de produção deverão ser 
praticados, para que não se desperdicem as potencialidades existentes. 
 
Por fim, a solução da questão para quem produzir (SOCIAL) implica a obtenção de 
eficiência distributiva. Aqui não se trata de alcançar as fronteiras de produção, mas sim as do 
bem-estar social e individual. Maximizar o produto é, sem dúvida, uma importante meta, mas 
distribuí-lo satisfatoriamente entre os que participam do processo produtivo é também um 
objeto de importância fundamental. Defrontam-se, assim, os sistemas econômicos 
constituídos não apenas com os problemas relacionados à otimização das opções de produção 
e de emprego dos recursos, mas ainda com os decorrentes da atribuição, aos proprietários dos 
recursos mobilizados, de parcelas justas e compatíveis com as contribuições individuais. 
 
 
TABELA 6.1 
NÍVEIS DE REFERÊNCIA E ESQUEMA DE SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS 
ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS 
1. O QUE E QUANTO PRODUZIR ECONÔMICO Adoção de opções lógicas, que 
satisfaçam plenamente às 
necessidades e aos desejos da 
coletividade. Pressupõe que as 
fronteiras de produção sejam 
atingidas. 
2. COMO PRODUZIR TECNOLÓGICO Obtenção de eficiência produtiva. 
Pressupõe eficiente combinação, 
ótima alocação dos recursos e 
maximização dos níveis de 
produção pela plena mobilização 
dos fatores disponíveis. 
3. PARA QUEM SOCIAL Obtenção da eficiência distributiva. 
Pressupõe que as fronteiras do bem-
estar individual e social sejam 
alcançadas. 
 
 
 
Essas considerações indicam que a constituição de um Sistema Econômico Ideal, 
capaz de harmonizar a solução dos três problemas econômicos centrais, talvez represente o 
objeto-síntese da organização econômica das nações. Como indicamos na Figura 7.1, os três 
problemas econômicos fundamentais encontram-se fortemente inter-relacionados, de tal sorte 
que - conseguindo compatibilizar as soluções envolvidas - um sistema ideal deveria obter 
elevada eficiência produtiva, combinada com apreciável eficiência distributiva. A primeira 
seria alcançada através de corretas opções econômicas e tecnológicas; a Segunda, através de 
correta repartição da produção elaborada. 
 
 
Prof. Márcio Dourado. 
8 
 
Em tal sentido, a solução integrada dos problemas envolvidos deverá ser conduzida ao 
seu ponto máximo, de tal forma que se eleve à mais alta expressão possível a área 
representada pelo intercruzamento dos três círculos da figura em referência. Numa situação 
extrema, se houvesse perfeita harmonização e compatibilização no encaminhamento dos três 
problemas fundamentais, os três círculos ficariam justapostos e a área de intercruzamento 
alcançaria sua mais alta expressão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 6.1 
INTER-RELAÇIONAMENTO DA TRÍADE DOS PROBLEMAS 
ECONÔMICOS CENTRAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Numa outra situação extrema - naturalmente desaconselhável sob todos os aspectos - 
se não houvesse qualquer harmonização no encaminhamento e na solução dos três problemas 
fundamentais, cada um dos três círculos estaria afastados dos outros dois. A total falta de 
intercruzamento evidenciaria, nesse caso, um sistema incapaz de harmonizar a solução dos 
três problemas econômicos fundamentais - em seus níveis econômicos, tecnológicos e sociais. 
 
Essa esquematização sugere que, se fosse possível medir o grau de perfeição de um 
sistema econômico, certamente a medição seria feita através de elementos que possibilitassem 
O QUE E 
QUANTO 
PRODUZIR 
Adoção de opções que 
satisfaçam plenamente 
às necessidades 
coletivas. 
 
 
COMO 
PRODUZIR 
Combinação 
eficiente e 
ótima locação 
dos recursos 
 
 
 
 
PARA QUEM 
PRODUZIR 
Correta repartição da 
produção obtida com 
vista à justiça 
distributiva 
A constituição de um 
sistema econômico ideal 
implica a gradativa 
ampliação desta área do 
cruzamento. 
 
 
Prof. Márcio Dourado. 
9 
a correta delimitação da área de intercruzamento dos três círculos - quanto maior ela se 
apresentar, maior o grau de perfeição do sistema. Inversamente, quanto mais os círculos 
estiverem afastados entre si, menor a área de inter-cruzamento e menor o grau de perfeição 
correspondente. 
 
Evidentemente, a harmonização dos três problemas fundamentais não é fácil de ser 
alcançada. Ela constitui a própria razão de ser da Análise Econômica. Cada um dos três 
problemas básicos é de difícil solução, uma vez que resumem objetivos econômicos, 
tecnológicose sociais nem sempre plenamente alcançados, mesmo isoladamente. Há sistemas 
que talvez tenham conseguido, sobretudo em períodos de plena mobilização,, elevadíssimos 
graus de eficiência econômica e tecnológica. Outros talvez se tenham aproximado da 
execução de programas distributivos aparentemente justos. Mas, certamente serão menos 
comuns os exemplos de sistemas que tenham conseguido no passado ou que consigam nos 
dias atuais uma satisfatória combinação da necessidade eficiência tecnico-produtiva com a 
reclamada justiça distributiva. 
 
 
4. 2. AS OPÇÕES TECNOLÓGICAS. CONCEITOS DE CURVA DE 
TRANSFORMAÇÃO E CUSTO DE OPORTUNIDADE 
 
A análise conjunta da escassez dos recursos e das ilimitadas necessidades humanas conduz à 
conclusão de que a Economia é uma ciência ligada a problemas de escolha. Com a limitação 
do total de recursos capazes de produzir diferentes mercadorias impõe-se uma escolha para a 
produção entre mercadorias relativamente escassas. 
 
Ao decidir "o que" deverá ser produzido e "como", o sistema econômico terá realmente 
decidido como alocar ou distribuir os recursos disponíveis entre os milhares de diferentes 
possíveis linhas de produção. Quanta terra destinar-se-á ao cultivo do café? Quanto à 
pastagem? Quantas fábricas para a produção de camisas? Quantas ao automóvel? Analisar 
todos esses problemas simultaneamente é por demais complicado. Para simplificar, suponha-
se que somente dois bens econômicos deverão ser produzidos: camisas e carros. Haverá 
sempre uma quantidade máxima de carros (camisas) produzida anualmente, quando todos os 
recursos forem destinados à sua produção e nada à produção de camisas (carros). A 
quantidade exata depende da quantidade e da qualidade dos recursos produtivos existentes na 
Economia e do nível tecnológico com que sejam combinados. Evidentemente, fora das 
quantidades máximas existem infinitas possibilidades de combinações intermediárias entre 
carros e camisas a serem produzidos. 
Analisaremos a tabela abaixo: 
 
 
 
 
TABELA 6.2 
BENS QUANTIDA
DE 
MÁXIMA 
DE CARROS 
Possibilidades Intermediárias Quantidade 
Máxima de 
camisas 
A B C D E F 
Carros(milha
res) 
150 140 120 90 70 0 
 0 10 20 30 40 50 
 
 
Prof. Márcio Dourado. 
10 
Pode-se representar tal tabela conforme gráfico abaixo: 
 
 
 
 F 
50 - 
 
40 - 
 
30 - 
 
20 - 
 
10 - 
 
 0 
 50 100 150 computadores (milhares) 
 
Unindo-se os pontos tem-se a chamada "curva das possibilidades de produção" ou curva 
de transformação, na medida em que se passa do ponto A para B, de B para C e assim por 
diante, até F, em que se estará transformando carros em camisas. È óbvio que a transformação 
não é física, mas sim transferindo-se recursos de um processo de produção para outro. 
 
A curva de transformação representa um importante fato: "Uma economia em pleno 
emprego precisa sempre, ao produzir um bem, desistir de produzir um tanto de outro bem". 
 
Aparece aqui a chance de se definir um dos conceitos mais importantes da Economia: "O 
Custo Oportunidade". 
 
Tome-se o exemplo das camisas e dos carros. Devido à limitação de recursos, os pontos 
de maior produção aparecem sobre a curva de transformação (A;B;:::F). Assim sendo, para a 
fabricação de carros - A - estar-se-ia sacrificando toda a produção de camisas. Logo, o custo 
de oportunidade corresponde exatamente ao sacrifício do que se deixou de produzir, ou, em 
outras palavras, o custo ou a perda do que não foi escolhido e não o ganho do que foi 
escolhido. 
 
Da mesma forma, se estivesse em B (carros = 140, camisas = 10) e passasse a C (carros = 
120, camisas = 20), o custo de oportunidade seria o sacrifício de se deixar de produzir 20 mil 
carros. De uma forma geral ele "é o sacrifício de se transferir os recursos de uma atividade 
para outra." 
Todo aluno tem seu custo de oportunidade, que é o sacrifício de se estar estudando no 
curso de Administração, Economia, Processamento de Dados, etc. em vez de estar 
trabalhando e recebendo um salário. 
 
Sumarizando: as condições básicas para a existência do custo de oportunidade são: 
 recursos limitados; 
 pleno emprego dos recursos. 
 
O Que acontecerá se houver desemprego geral de fatores: homens desocupados, terras 
inativas, fábricas ociosas? Para esse caso, os pontos de possibilidade de produção não se 
encontrarão sobre a curva de transformação, mas sim em algum lugar dentro da área limitada 
pela curva e pelos eixos coordenados. 
Camisas 
(milhões) 
E 
D 
C 
B 
A 
Curva da Transformação 
 da Produção 
 
 
Prof. Márcio Dourado. 
11 
 
Por exemplo, poderá ser o ponto dentro da área, conforme o gráfico abaixo: 
 
 
 
 50 
 
 40 
 
 30 
 
 20 
 15 
 10 
 
 0 
 50 100 150 
 
 
 
A produção em P significa 100mil carros e 15 milhões de camisas. Poder-se-ia mover para o 
ponto C apenas pondo os recursos ociosos a trabalhar, aumentando a produção de carros e 
camisas a um só tempo. O custo oportunidade para o ponto P é zero, porque não há sacrifício 
algum para se produzir mais ambos os bens. 
 
 
 Razão da curva de transformação ser decrescente se deve ao fato de os recursos 
disponíveis serem limitados. O formato da curva mostra que se decresce a taxas crescentes, 
isto significa que a substituição entre quantidade dos dois bens se torna cada vez mais difícil. 
 
Isto quer dizer que, na medida em que está consumindo (produzindo) pouco de um bem, o 
sacrifício de se consumir (produzir) menos ainda é muito grande. Por exemplo, passando de B 
para C, ganham-se 10 milhões de camisas e sacrificam-se 20 mil carros. Agora, se passar de D 
para E, ganham-se 10 milhões de camisas, porém, sacrificam-se 40 mil carros. 
 
Este fenômeno dos custos crescentes surge na medida em que se transferem recursos 
adequados e eficientes de uma atividade para outra, onde eles se apresentam ineficientes e 
inadequados. Assim, se insistir somente na produção de camisas, tem-se que recorrer aos 
soldadores de chapas de aço para passarem a pregar mangas de camisas, ainda que muitos 
poucos consigam fazê-lo. 
 
Essa é a razão de se esperar a vigência da lei dos custos crescentes, ou dos rendimentos 
decrescentes.

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