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TJ-BA_APL_03627494520128050001_dc118

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Processo nº 0362749-45.2012.8.05.0001 
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Segunda Câmara Cível
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MK4/E Páginas 1 de16 
Processo : Apelação nº 0362749-45.2012.8.05.0001
Foro de Origem: Comarca de Salvador
Órgão Julgador : Segunda Câmara Cível
Apelante : Banco Pan S.A. ( Atual denominação de Banco Panamericano S/A) 
Advogado : Cristiane Belinati Garcia Lopes (OAB: 25579/BA) 
Advogado : Flaviano Bellinati Garcia Perez (OAB: 24102BP/R) 
Advogado : Virginia Neusa Costa Mazzucco (OAB: 42595/BA) 
Apelante : Raul Gonçalves de Almeida Costa 
Advogado : Luis Renato Leite de Carvalho (OAB: 7730/BA) 
Apelado : Banco Pan S.A. ( Atual denominação de Banco Panamericano S/A) 
Apelado : Raul Gonçalves de Almeida Costa 
Relator : Mauricio Kertzman Szporer
 
 ACÓRDÃO 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. APELAÇÕES 
SIMULTÂNEAS. DESERÇÃO CONFIGURADA NO 
RECURSO DO RÉU. ART. 511 DO CPC. 
INADMISSIBILIDADE. Na forma das disposições contidas no 
art. 511 do CPC, o recorrente comprovará, no ato de 
interposição do recurso, assim quando exigido pela legislação 
pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de 
retorno, sob pena de deserção. Desse modo, em havendo 
previsão de custas para o oferecimento do recurso, configura-se 
deserto o apelo quando protocolado sem os comprovantes 
originais de efetuação do preparo. RECURSO DO AUTOR 
CONHECIDO PARCIALMENTE. COMISSÃO DE 
PERMANÊNCIA. FALTA DE INTERESSE RECURSAL. Não 
poderá a parte recorrer daquilo em que aproveita totalmente da 
decisão de primeiro grau. JUROS REMUNERATÓRIOS. 
ABUSIVIDADE NÃO CONFIGURADA. Tendo os juros 
remuneratórios valor não superior a taxa média de mercado à 
época do contrato, não restará configurada a abusividade da 
cláusula. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. POSSIBILIDADE. A 
capitalização de juros é permitida quando expressamente 
pactuada em contrato. HONORÁRIOS DE ADVOGADO. 
FIXADOS EM 15% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO. 
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA 
PARCIALMENTE REFORMADA. 
Vistos, relatados e discutidos os autos do Apelação nº 0362749-45.2012.8.05.0001, da 
Comarca de Salvador em que é recorrente Banco Pan S.A. ( Atual denominação de 
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Banco Panamericano S/A) e Raul Gonçalves de Almeida Costa e recorrido Banco Pan 
S.A. ( Atual denominação de Banco Panamericano S/A) e Raul Gonçalves de Almeida 
Costa.
ACORDAM, os Desembargadores integrantes da Segunda Câmara Cível do Egrégio 
Tribunal de Justiça da Bahia, à unanimidade NEGAR SEGUIMENTO ao recurso do 
réu, CONHECER PARCIALMENTE e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao 
recurso do autor, nos termos do voto do relator. 
Salvador/BA, __ de _______________ de 2015.
Presidente
Mauricio Kertzman Szporer
Relator
Procurador(a) de Justiça
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Processo : Apelação nº 0362749-45.2012.8.05.0001
Foro de Origem: Comarca de Salvador
Órgão Julgador : Segunda Câmara Cível
Apelante : Banco Pan S.A. ( Atual denominação de Banco Panamericano S/A) 
Advogado : Cristiane Belinati Garcia Lopes (OAB: 25579/BA) 
Advogado : Flaviano Bellinati Garcia Perez (OAB: 24102BP/R) 
Advogado : Virginia Neusa Costa Mazzucco (OAB: 42595/BA) 
Apelante : Raul Gonçalves de Almeida Costa 
Advogado : Luis Renato Leite de Carvalho (OAB: 7730/BA) 
Apelado : Banco Pan S.A. ( Atual denominação de Banco Panamericano S/A) 
Apelado : Raul Gonçalves de Almeida Costa 
Relator : Mauricio Kertzman Szporer
 
 RELATÓRIO 
Adoto o relatório da sentença (fls. 176/180) proferida pelo juízo da 27ª Vara dos Feitos 
de Relações de Consumo, Cíveis e Comercias da Comarca de Salvador que, nos autos 
da Ação Revisional, julgou parcialmente procedente a demanda, determinando o 
afastamento de taxas de abertura de crédito e emissão de boleto, restituindo-se o valor 
pago indevidamente e limitando a exigência de comissão de permanência à não 
cumulação com os juros, correção monetária e multa, podendo ser exigida isoladamente.
Da sentença, interpôs recurso de apelação o réu, às fls. 182/208, sustentando, em 
síntese, a legalidade da cobrança da TAC; a legitimidade da cobrança da tarifa de 
emissão de carnê e da comissão de permanência; pugna pela inexistência de cobrança 
indevida e acréscimo de taxas ilegais ou cumulação de comissão de permanência com 
juros remuneratórios ou índices de correção monetária; afirma obedecer a lei quanto à 
fixação da multa e juros moratórios; conclui entendendo não haver valores pagos a 
maior pelo consumidor, o que resultaria na inexistência de indébito a ser repetido.
Do mesmo decisum, apelou o autor, RAUL GONÇALVES DE ALMEIDA COSTA, 
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visando a reforma da sentença no que concerne ao afastamento da comissão de 
permanência cumulada a outros encargos, assim como o da capitalização de juros; que 
sejam considerados abusivos os juros remuneratórios aplicados, concluindo pela 
repetição dos valores pagos a maior. 
Embora tenham sido devidamente intimados, ambas as partes não apresentaram 
contrarrazões ao recursos dos seus respectivos adversários processuais.
Este é o relatório, que encaminho ao crivo do eminente Desembargador Revisor.
Salvador/BA, __ de _______________ de 2015.
Mauricio Kertzman Szporer
Relator
 
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Processo : Apelação nº 0362749-45.2012.8.05.0001
Foro de Origem: Comarca de Salvador
Órgão Julgador : Segunda Câmara Cível
Apelante : Banco Pan S.A. ( Atual denominação de Banco Panamericano S/A) 
Advogado : Cristiane Belinati Garcia Lopes (OAB: 25579/BA) 
Advogado : Flaviano Bellinati Garcia Perez (OAB: 24102BP/R) 
Advogado : Virginia Neusa Costa Mazzucco (OAB: 42595/BA) 
Apelante : Raul Gonçalves de Almeida Costa 
Advogado : Luis Renato Leite de Carvalho (OAB: 7730/BA) 
Apelado : Banco Pan S.A. ( Atual denominação de Banco Panamericano S/A) 
Apelado : Raul Gonçalves de Almeida Costa 
Relator : Mauricio Kertzman Szporer
 
 VOTO 
1. Do Recurso do Réu.
Deixo de dar seguimento ao recurso, pois ausente pressuposto de admissibilidade.
A irresignação não merece seguimento e comporta julgamento monocrático, a teor do 
quanto disposto no caput do art. 557, do Código de Processo Civil.
A propósito, confira-se:
"Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente 
inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com 
súmula ou com jurisprudência dominante do respectivotribunal, do 
Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior".
Nas lições de Barbosa Moreira, in "O juízo de admissibilidade no sistema dos recursos 
cíveis", Revista de Direito da Procuradoria Geral do Estado da Guanabara, vol. 19, pág. 
195: "Ao proferi-lo, o que faz o órgão judicial é verificar se estão ou não satisfeitos os 
requisitos indispensáveis à legítima apreciação do mérito do recurso", pelo que 
justificada a aplicação do art. 557 do CPC. 
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Isso porque, o presente apelo fora apresentado sem a regular comprovação de 
recolhimento das custas recursais e porte de remessa e retorno. Veja.
Compulsando os autos do apelo verifica-se que o apelante foi intimado, nos termos do 
despacho de fl. 258, para apresentar no prazo de 05 (cinco) dias, o comprovante original 
do recolhimento das custas recursais, sob pena de negativa de seguimento em razão da 
sua deserção.
Consta, da petição de fl. 260, que o apelante, apesar de regularmente intimado, quedou-
se inerte, deixando de atender o comando acima exarado, não apresentando os 
comprovantes originais de recolhimento das custas recursais, em vez disso, juntou 
petição informando a impossibilidade de fazê-lo, justificando-se no lapso temporal entre 
a interposição do recurso e o despacho e requerendo o Tribunal para que, em caso de 
dúvida acerca dos pagamentos, oficiasse o sacado da guia para que fosse informada a 
autenticidade dos mesmos.
Dispõe o caput do artigo 511 do Código de Processo Civil que “o recorrente 
comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive 
porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.” 
A propósito, leciona a professora TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER, em sua 
obra: "Os Agravos no CPC Brasileiro, 4ª edição revista ampliada e atualizada, Ed. RT, 
ano 2006, pág. 283", verbis:
"[...] O preparo, como se sabe é um dos pressupostos do exame do 
mérito dos recursos em geral. É um requisito extrínseco de 
admissibilidade dos recursos, que consiste no pagamento antecipado, 
com que tem de arcar a parte, das custas do recurso, que serão pagas, 
a final, pelo vencido. Esta quantia deve abranger as custas do juízo a 
quo, do juízo ad quem e do porte de retorno. A Lei 8.950/94 
modificou o sistema anterior, passando a exigir que o preparo do 
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recurso (quando determinado pela legislação pertinente) fosse feito 
anteriormente à sua interposição e que este pagamento fosse 
comprovado no momento em que o recurso fosse interposto”. 
 
De outro lado, o não cumprimento daquele item obrigatório implica, como implicado 
está, em deserção da apelação, como se depreende dos julgados do colendo Superior 
Tribunal de Justiça trazidos à ilustração:
"RECURSO EXTRAORDINÁRIO – DESERÇÃO. Constatando-se a 
inexistência do preparo, descabe observar a intimação prevista no 
artigo 511, § 2º, do Código de Processo Civil, impondo-se a 
conclusão sobre a deserção do recurso. AGRAVO – ARTIGO 557, § 
2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – MULTA. Se o agravo é 
manifestamente infundado, impõe-se a aplicação da multa prevista no 
§ 2º do artigo 557 do Código de Processo Civil, arcando a parte com 
o ônus decorrente da litigância de má-fé". (STF - ARE: 731230 RJ , 
Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 20/08/2013, 
Primeira Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO 
DJe-184 DIVULG 18-09-2013 PUBLIC 19-09-2013)
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. DESERÇÃO 
CONFIGURADA. ART. 511 DO CPC.
I - Na forma das disposições contidas no art. 511 do CPC, o 
recorrente comprovará, no ato de interposição do recurso, assim 
quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, 
inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
II - Desse modo, em havendo previsão de custas para o oferecimento 
do recurso, configura-se deserto o apelo quando protocolado sem os 
comprovantes de efetuação do preparo, nomeadamente por violar a 
regra do preparo imediato.
III - Agravo regimental desprovido.” (AgRg no Ag 996.558/RS, Rel. 
Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 
03/02/2009, DJe 02/03/2009) 
Injustificável seria a adoção de nova medida que ensejasse a flexibilização da norma 
inserta no caput do artigo 511 do Código de Ritos, oportunizando-se, agora, ao apelante 
a justificação da ausência da apresentação do comprovante original de pagamento do 
Processo nº 0362749-45.2012.8.05.0001 
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aludido DAJE e a apresentação da respectiva guia. 
Certo é que não se trata de obstar o acesso à justiça, mas de proporcionar tratamento 
igualitário às partes, pois a falha de uma corresponde ao direito da outra no sistema de 
preclusão dos atos processuais.
Ademais, como resta fundamentado, não é de responsabilidade do Poder Judiciário 
comprovar a autenticidade das custas pagas pela parte suplicante através de ofício ao 
sacado, cabendo a ela mesma fazê-lo.
Sobre o tema, colaciono os seguintes julgados:
"CIVIL E PROCESSO CIVIL. AÇÃO REVISIONAL. APELAÇÃO. 
CÓPIA DO RECURSO DE APELAÇÃO SEM O COMPROVANTE 
DO PAGAMENTO DO PREPARO RECURSAL. DESERÇÃO. 
ART. 511 DO CPC. O preparo é um dos requisitos extrínsecos de 
admissibilidade dos recursos e consiste no prévio pagamento das 
custas relativas ao processamento do recurso. A ausência ou 
irregularidade ocasiona o fenômeno da preclusão, fazendo com que 
seja aplicada a pena de deserção, que impede o conhecimento do 
recurso. Tal regra é mitigada nos casos de preparo insuficiente ou 
apresentação de justo impedimento, quando então, o magistrado 
deverá abrir novo prazo para suprir o referido preparo, o que não 
ocorreu, na hipótese. Considerando que o apelante foi devidamente 
intimado a apresentar o recurso de apelação original protocolado com 
o número do processo equivocado, e mesmo assim quedou-se inerte, 
limitando-se a juntar a cópia do referido recurso (fls. 120/133), sem 
contudo, apresentar o comprovante da guia de recolhimento do 
preparo recursal, tem-se por deserto o recurso de apelação interposto, 
ensejando o seu conhecimento. Recurso não conhecido". (TJ-BA - 
APL: 01543716020078050001 BA 0154371-60.2007.8.05.0001, 
Relator: Rosita Falcão de Almeida Maia, Data de Julgamento: 
08/10/2013, Terceira Câmara Cível, Data de Publicação: 15/10/2013)
"AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. 
PREPARO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO SIMULTÂNEA 
COM A PROTOCOLIZAÇÃO DO RECURSO. DESERÇÃO 
CARACTERIZADA. ART. 511 DO CPC. “A jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que, nos termos 
Processo nº 0362749-45.2012.8.05.0001 
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do art. 511 do Código de Processo Civil, a comprovação do preparo 
há que ser feita antes ou concomitantemente com a protocolização do 
recurso, sob pena de caracterizar-se a sua deserção...” (STJ, AgRg no 
REsp 1248160/PB, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, j. 
em 16.06.2011, DJe de 24.06.2011). “A comprovação do preparodeve ser feita no ato de interposição do recurso, conforme determina 
o art. 511 do Código de Processo Civil - CPC, sob pena de preclusão, 
não se afigurando possível a comprovação posterior...” (STJ, Segunda 
Turma, REsp 655418/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 30.05.2005, 
p. 308). Conforme ressaltado pela decisão hostilizada, apesar de 
devidamente intimado o agravante não colacionou aos autos o 
comprovante de pagamento ou de autenticação bancária originais, o 
que impossibilita concluir que o recolhimento do preparo foi 
devidamente efetivado. O agravante regimental não trouxe à balha 
fatos e circunstâncias capazes de alterar o convencimento firmado 
pelo prolatora da decisão. Agravo Regimental improvido". (TJ-BA - 
AGR: 01522381120088050001 BA 0152238-11.2008.8.05.0001, 
Relator: Gardenia Pereira Duarte, Data de Julgamento: 26/06/2012, 
Quarta Câmara Cível, Data de Publicação: 16/11/2012)
Desta forma, considero deserto o recurso do réu, ante à ausência de devida comprovação 
do pagamento do preparo.
2. Do Recurso do Autor.
2.1. Dos Juros Remuneratórios.
Acerca dos juros remuneratórios, é legal a cláusula contratual que estipula taxa acima 
12% ao ano, consoante disposto na Súmula 382 do STJ. Todavia, acolher tal 
posicionamento não significa admitir que as instituições financeiras possam aplicar as 
taxas de juros que lhes aprouver, pois nos casos em que houver abusividade cabe ao 
Poder Judiciário promover a devida revisão. Nesse particular, o art. 39, V, do CDC, 
disciplina que é vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas, exigir do consumidor vantagem manifestamente abusiva.
Ademais, são nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que estabeleçam obrigações 
Processo nº 0362749-45.2012.8.05.0001 
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consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem 
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade, conforme disposto no 
art. 51, IV, do CDC. O exagero é presumido nos casos em que a vantagem se mostra 
excessivamente onerosa para o consumidor, considerando a natureza e conteúdo do 
contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso, conforme art. 
51, §1°, III, do CDC.
Com efeito, incumbe ao Poder Judiciário perquirir se a cláusula contratual concernente 
aos juros remuneratórios é excessivamente exagerada para o consumidor. A dificuldade 
reside em saber qual o parâmetro, ou quais são os parâmetros, que melhor municiam o 
Magistrado para, no caso concreto, verificar se os juros remuneratórios contratados são 
exorbitantes ou não.
Durante muitos anos, a doutrina e a jurisprudência se debruçaram sobre o tema, na 
tentativa de chegar a um consenso. O STJ, recentemente, deu resolução ao assunto ao 
apreciar o RESP N. 1.061.530 - RS (2008/0119992-4) e submetê-lo ao rito dos recursos 
repetitivos, previsto no art. 543-C. No aludido Recurso Especial ficou sedimentado que 
a taxa média de mercado é um valioso referencial para aferir se os juros contratados são 
abusivos, ou não. Em outras palavras, para constatar se a taxa entabulada no contrato é 
excessivamente onerosa basta confrontá-la com a taxa média de mercado.
A taxa média de mercado não é um parâmetro estanque que deve ser aplicado em todos 
os contratos. Esse é apenas um importante critério para verificar se a taxa aplicada é 
excessiva, de modo que nada obsta que o magistrado se valha de outros critérios que 
melhor atenda às peculiaridades do caso concreto.
Neste sentido:
“APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C 
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - TAXA DE JUROS 
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REMUNERATÓRIOS SUPERIOR A 12% AO ANO - 
POSSIBILIDADE, DESDE QUE LIMITADA A TAXA MÉDIA DE 
MERCADO - COMISSÃO DE PERMANÊNCIA - POSSIBILIDADE 
- CAPITALIZAÇÃO DE JUROS - IMPOSSIBILIDADE - 
RESTITUIÇÃO DE VALORES - RECURSOS IMPROVIDOS. A 
fixação de juros remuneratórios em patamar superior a 12% ao ano 
não implica, por si só, na abusividade de sua cobrança. No caso em 
tela, foram eles pactuados em patamar inferior à taxa média apurada 
pelo Banco Central do Brasil, o que não demonstra sua excessividade. 
É reconhecida a legalidade da cobrança da capitalização de juros em 
periodicidade inferior a um ano, desde que os contratos tenham sido 
celebrados após 31 de março de 2000 e que ela tenha sido 
expressamente pactuada. É legal a cobrança da comissão de 
permanência nos contratos bancários, desde que incidente após o 
vencimento do débito e à taxa média de mercado, apurada pelo Banco 
Central do Brasil, e não cumulada com juros remuneratórios, correção 
monetária, juros moratórios ou multa contratual. Configurada a 
cobrança de encargos ilegais é reconhecido o direito à restituição dos 
valores.” (TJ-MS - APL: 08090286320118120001 MS 
0809028-63.2011.8.12.0001, Relator: Des. Divoncir Schreiner Maran, 
Data de Julgamento: 24/09/2013, 1ª Câmara Cível, Data de 
Publicação: 15/05/2014)
“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 
AGRAVO REGIMENTAL.CAPÍTULOS AUTÔNOMOS. 
IMPUGNAÇÃO PARCIAL. CABIMENTO. 
INAPLICABILIDADEDA SÚMULA 182/STJ. JUROS 
REMUNERATÓRIOS. TAXA SUPERIOR A 12% AO 
ANO.POSSIBILIDADE. CAPITALIZAÇÃO MENSAL. 
CABIMENTO. INEXISTÊNCIA DECONTRATO ESCRITO. 
ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ. DESCARACTERIZAÇÃO DA 
MORA.INVIABILIDADE. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. 
CABIMENTO. 1. Inaplicabilidade da Súmula 182/STJ ao agravo 
regimental queimpugna capítulos autônomos da decisão monocrática. 
Preclusão quantoaos capítulos não impugnados. 2. "A estipulação de 
juros remuneratórios superiores a 12% ao ano,por si só, não indica 
abusividade" (Súmula 382/STJ). 3. "É permitida a capitalização de 
juros com periodicidade inferiora um ano em contratos celebrados 
após 31.3.2000, data da publicaçãoda Medida Provisória n. 
1.963-17/2000 (em vigor como MP2.170-36/2001), desde que 
expressamente pactuada" (REsp n.º 973.827,submetido ao art. 543-C 
do CPC). 4. Inviabilidade de acolher a alegação de inexistência de 
contratoescrito, quando este é expressamente referido no acórdão 
recorrido,circunstância incontrastável nesta instância especial, a teor 
daSumula 7/STJ. 5. "Não descaracteriza a mora o ajuizamento isolado 
de açãorevisional, nem mesmo quando o reconhecimento de 
Processo nº 0362749-45.2012.8.05.0001 
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abusividade incidirsobre os encargos inerentes ao período de 
inadimplência contratual"(REsp n.º 1.061.530, submetido ao art. 543-
C do CPC). 6. "Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a 
comissão depermanência, calculada pela taxa média de mercado 
apurada pelo BancoCentral do Brasil, limitada à taxa do contrato" 
(Súmula 294/STJ). 7. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
ACOLHIDOS PARA CONHECER DO AGRAVOREGIMENTAL E 
NEGAR-LHE PROVIMENTO.(STJ - EDcl no AgRg no Ag: 864272 
RS 2007/0024470-9, Relator: Ministro PAULO DE TARSO 
SANSEVERINO, Data de Julgamento: 27/11/2012, T3 - TERCEIRA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 04/12/2012)
Registre-se, que o Banco Central do Brasil publica periodicamente taxa média aplicada 
em diversos contratos. Segundo consta no sítio do Banco Central do Brasil, a 
divulgação das taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras nas operações de 
crédito realizadas com recursos livres são segregadas deacordo com tipo de encargo 
(prefixado, pós-fixado, taxas flutuantes e índices de preços) e com a categoria do 
tomador (pessoas físicas e jurídicas).
Como se vê, no caso dos autos foi firmado entre as partes um contrato de financiamento 
de veículo, inexistindo onerosidade ou abusividade na cobrança da taxa de juros 
aplicada (vide fls. 126), estando dentro dos parâmetros acima mencionados. 
Dessa forma, determino que a aplicação da taxa de juros deva ser pactuada. Mantenho a 
sentença neste ponto.
2.2. Da Capitalização de Juros.
Sob esta prisma, outra questão a ser analisada consiste no questionamento quanto a 
capitalização de juros, que, no entendimento do autor/recorrente, somente é admitida a 
anual e incabível a mensal, em face dos dispositivo do Decreto nº 22.626/33 e da 
Súmula 121 do STF. E ainda, de que independe de prova para sua caracterização, 
devendo, pois, coibir sua incidência em sentença de natureza declaratória, pois se há 
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tabela Price, resta impor o seu afastamento, independentemente de perícia contábil, 
sendo que esta só devera ocorrer em fase de liquidação de sentença.
Nesta seara, razão não assiste ao autor, ora apelante, uma vez que restou demonstrada a 
expressa previsão contratual (fls. 126), na qual percebe-se que a taxa anual de juros 
supera o valor do duodécuplo da mensal.
Sabe-se que desde a edição originária da medida provisória nº. 1.963-17, em 
31/03/2000, atualmente vigente sob o número 2.170-36, a capitalização de juros em 
periodicidade inferior à anual é admitida nos contratos celebrados no âmbito do sistema 
financeiro, restando assente que tal admissão, em relações consumeristas, se condiciona 
à expressa previsão contratual. Esse é o entendimento já assentado no âmbito do 
Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO REGIMENTAL - AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO 
BANCÁRIO - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU 
SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL. 1- O Superior Tribunal 
de Justiça, no julgamento do REsp nº 973.827/RS, Relª para acórdão 
Minª Maria Isabel Gallotti, submetido ao procedimento dos recursos 
repetitivos (art. 543-C do CPC), assentou entendimento de que é 
permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um 
ano em contratos celebrados após 31/3/2000, data da publicação da 
Medida Provisória nº 1.963-17/2000, em vigor como MP nº 2.170-01, 
desde que expressamente pactuada. 2 - A previsão no contrato 
bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é 
suficiente para caracterizar a expressa pactuação e permitir a 
cobrança da taxa efetiva anual contratada. 3- Agravo regimental 
provido. (AgRg no AREsp 63.478/SC, Rel. Ministro MARCO 
BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 06/11/2012, DJe 
14/11/2012).
PROCESSUAL CIVIL. BANCÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO 
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CAPITALIZAÇÃO 
MENSAL DOS JUROS. AUSÊNCIA DE PACTUAÇÃO 
EXPRESSA. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS N. 5 E 
7 DO STJ.PRECEDENTE SUBMETIDO AO RITO DO ART. 543-C 
DO CPC. RECURSO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. 
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IMPOSIÇÃO DE MULTA. ART. 557, § 2º, DO CPC. 1. A Segunda 
Seção desta Corte, no julgamento do REsp n. 973.827/RS (Relatora 
para o acórdão Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, julgado em 
8/8/2012, DJe 24/9/2012), submetido ao rito dos recursos especiais 
repetitivos (art. 543-C do CPC), firmou as seguintes orientações sobre 
a capitalização de juros: "É permitida a capitalização de juros com 
periodicidade inferior a um ano em contratos celebrados após 
31.3.2000, data da publicação da Medida Provisória n.1.963-17/2000 
(em vigor como MP 2.170-36/2001), desde que expressamente 
pactuada". "A capitalização dos juros em periodicidade inferior à 
anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. A previsão no 
contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da 
mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual 
contratada". 3. No caso, o Tribunal de origem consignou 
expressamente que não foi pactuada a capitalização dos juros em 
periodicidade inferior à anual. Afastar tal conclusão demandaria o 
reexame da matéria fática e do contrato, o que é vedado pelas 
Súmulas n. 5 e 7 do STJ.4. A interposição de recurso manifestamente 
inadmissível ou infundado autoriza a imposição de multa, com 
fundamento no art. 557, § 2º, do CPC. [...]. (AgRg no AREsp 
158.855/PR, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, 
QUARTA TURMA, julgado em 06/11/2012, DJe 13/11/2012) .
Portanto, no esteio dos entendimentos exemplificados nos arestos aqui transcritos, não 
merece reforma a sentença neste capítulo, admitindo-se a legalidade da capitalização de 
juros, tendo em vista que o autor, ora apelante, não conseguiu se desvencilhar do seu 
ônus probatório nesse sentido, nos termos do art. 333 do CPC.
Recurso improvido nesta parte.
2.3. Da Comissão de Permanência.
Verifico que em relação à comissão de permanência o juízo a quo julgou pela a 
impossibilidade da sua cumulação com outros encargos contratuais, como consoante na 
decisão de fls. 176/180.
Não obstante, o autor apelou deste capítulo da sentença em que obteve total proveito.
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Desta forma, observo a impossibilidade de fazê-lo, devido a ausência de interesse 
recursal. Verifique-se: "Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo 
terceiro prejudicado e pelo Ministério Público."
 Logo, não merece seguimento o pedido de reforma da sentença em relação ao capítulo 
concernente à comissão de permanência. 
2.4. Da Assistência Judiciária Gratuita.
No tocante ao pedido de deferimento dos benefícios da justiça gratuita, verifico que a 
apelante já se encontra coberto pelo manto da gratuidade, nos termos da decisão 
terminativa de fls. 176/180, não havendo nada a ser modificado nesse sentido.
2.5. Dos Honorários de Advogado.
Por fim, em relação aos honorários sucumbenciais, verifico que o resultado do recurso 
afeta a proporcionalidade de decaimento das partes, o que por si só autoriza o 
redimensionamento das verbas de sucumbência, pelo que determino o ônus 
sucumbencial para condenar o banco-réu no pagamento das custas e honorários, estes na 
razão de 15% sobre o valor da causa.
Dou provimento parcial ao pedido.
Conclusão:
Ante o exposto, com fulcro no art. 557, do CPC, NEGO SEGUIMENTO à apelação do 
banco-réu, por sua manifesta inadmissibilidade, nos termos lançados acima e, em 
relação ao recurso do autor, NÃO CONHEÇO do pedido concernente à comissão de 
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permanência e DOU PROVIMENTO PARCIAL ao pedido pertinente aos honorários 
de advogado, determino o pagamento, por parte do banco-réu, a importância de 15% 
(quinze por cento) sobre o valor da condenação, mantendo a sentença em todos os 
demais capítulos, pelos seus próprios fundamentos.
Publique-se. Intimem-se.
Salvador/BA, __ de _______________ de 2015.
Mauricio Kertzman SzporerRelator
		2015-03-31T17:35:55+0000
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