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Raízes históricas da Epidemiologia

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MÓDULO – FUNDAMENTOS DE SAÚDE DISCIPLINA - Epidemiologia e processos de saúde doença
 AULA 01 –A Epidemiologia no Mundo
 As raízes históricas da epidemiologia são atribuídas a Hipócrates (470 a 370 aC-Grécia), descendente de uma família de sacerdotes de Asclépios. A estrutura e o conteúdo dos textos hipocráticos sobre as epidemias e sobre o meio ambiente, deram início ao raciocínio epidemiológico, mostrando uma tradição de promover a saúde com ações preventivas (Deusa Higeia), pelo equilíbrio entre os elementos da natureza: terra, fogo, ar e água. Os primeiros médicos de Roma eram em geral escravos gregos sendo muito valorizados nesta época. Um dos mais importantes foi Claudius Galenus (130-200 dC Roma), que desde cedo foi incentivado pela família no aprendizado da medicina. Iniciou como atendente no templo de Asclépios. Em Roma, Galenus tornou-se médico das celebridades pelo seu conhecimento e arroujo. Além da medicina galênica, o império romano contribuiu para epidemiologia coletiva com sua infraestrutura sanitária, seus aquedutos e esgotos, bem como na realização de registro periódico de nascimento e óbitos, como também censos populacionais periódicos. Devemos destacar, os avanços tecnológicos e o caráter coletivo da medicina no mundo árabe. Avicena (980-1037 dC Irã), médico, matemático e filósofo persa, reintroduziu Hipócrates e Galeno na medicina ocidental. Os médicos muçulmanos, baseados na escola hipocrática, adotaram uma prática precursora da saúde pública, com grandes avanços nos registros de informações demográficas e sanitárias, bem como os sistemas de vigilância epidemiológica. Na Idade Média é fundada a London Epidemiological Society (Sociedade de Epidemiologia de Londres), com a participação de jovens com idéias de médicos sociais, com oficiais da saúde pública e membros da Real Sociedade Médica, tendo como objetivo promover o intercâmbio de conhecimento sobre o pensamento de epidemiologia. No século XIX devemos destacar Florence Nightingale (1820 – 1910 Italia), fundadora da enfermagem, que realizou pesquisas pioneiras sobre a mortalidade por infecção pós-cirúrgica nos hospitais militares na Guerra da Criméia. Outro membro importante foi John Snow (1813 – 1858, Inglaterra) realizou a mais notável investigação da epidemia cólera de 1854. John Snow é considerado por muitos autores o fundador da Epidemiologia, filho mais velho de um trabalhador de York, aos 14 anos começou a ser aprendiz e ter conhecimentos cirúrgicos transmitidos pelo sistema mestre-discípulo com um cirurgião da época. Estudou medicina em Londres pelo Royal Collegeo Physicians graduando-se em 1844 e começou a clinicar na capital britânica. Snow foi um proeminente anestesiologista e pioneiro no uso de éter e clorofórmio, escreveu um livro sobre o assunto em 1858, ficando famoso por anestesiar a Rainha Victória no parto das Princesas Leopoldina e Beatrice. Vamos conhecer melhor o estudo de John Snow sobre a cólera em Londres! Seu primeiro contato com os doentes de cólera aconteceu no surto de 1831/32 quando era aprendiz, acompanhou também um novo surto da cólera 1848/49, porém ambos surtos se mantiveram estáveis. Desde 1832 Snow já questionava a teoria do miasma para explicar a epidemia da cólera, em suas observações havia notado que mineiros trabalhando no interior da terra, longe das regiões miasmáticas também haviam adoecido. Assim, em agosto de 1849 publicou um panfleto defendendo a transmissão da cólera pela água. Evitando confrontar com a teoria do miasma não falava em germes e sim afirmava que um veneno contaminava a água com capacidade de se multiplicar no intestino. Em 1854 a cólera reapareceu com características de uma grave epidemia, registrando mais de 616 casos fatais. Nesta época Snow era ministro da saúde de Londres. Uma das teorias apontadas na época foi de que os miasmas haviam escapado por causa de uma nova construção na região, visto que no local que aconteceram o maior número de mortes tinha sido enterrado vários corpos na época da peste bubônica. Outra teoria falava nas más condições de higiene das casas, porém as casas foram verificadas e esta teoria não conseguiu explicar a epidemia. O mapa com a distribuição espacial das 616 mortes indicava a possível fonte da contaminação mostrando a posição da Bomba de água da Broad Street. Assim, Snow começou analisando esses casos: fez entrevistas, verificou todos os estabelecimentos comerciais e hospitais que estavam neste distrito. Analisou que estabelecimentos próximos que não faziam uso desta bomba tinham poucos casos de óbitos, inclusive um hospício bem perto da bomba tinha 535 internos somente 5 haviam adoecido. Todas as pessoas que usavam a bomba de água da Broad Street morriam, o caso mais curioso foi de uma senhora que morava em outro distrito e gostava de tomar água desta bomba, ela e sua sobrinha morreram de cólera. Snow colheu uma amostra da água para análise microscópica, viu que havia muita matéria orgânica na água, porém não conseguiu provar a contaminação da água. Desta maneira começou análise estatística da doença para provar sua teoria: a contaminação dava-se pelo uso da água que vinha da bomba de Broad Street. Com este estudo epidemiológico Snow conseguiu convencer as autoridades a fecharem a bomba, e os casos de cólera começaram a diminuir. Publicou novamente sua teoria de contaminação HÍDRICA da cólera, agora com suas observações sobre a bomba de Broad Street. Snow foi capaz de usar os métodos epidemiológicos para identificar a origem do germe da cólera. No final do século XIX houve muitos avanços várias ciências como: a fisiologia, a patologia e a bacteriologia, fazendo a medicina clínica superar o enfoque coletivo. Esta medicina individual aparecia como a nova "panaceia" e que finalmente superava o enfoque coletivo “higiênico”. Mesmo neste contexto a medicina social evoluiu intensamente dentro da estrutura do Estado, como Saúde Pública, fundamentada na aplicação de tecnologia e atividades profiláticas (saneamento, imunização e controle de vetores) destinada principalmente aos pobres e setores excluídos da população. No final do século XX com introdução dos computadores provocou a mate matização da epidemiologia promovendo sua expansão na capacidade de investigação e impondo-se no estudo do complexo saúde-doença-cuidado por meio da quantificação. Na década de 1980 duas tendências despontaram: uma epidemiologia Clínica com uso pragmático da metodologia epidemiológica com ênfase na identificação de caso e avaliação da eficácia terapêutica, aonde foi difundida a medicina baseada em evidências. Outro fator histórico importante foi o reaparecimento de doenças (cólera, dengue) e principalmente de novas doenças (AIDS) levaram a epidemiologia buscar seu desenvolvimento tentando superar estes novos desafios. O uso dos métodos epidemiológicos foi fundamental para descoberta da AIDS, vamos conhecer um pouco desta história! A síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) foi reconhecida em meados de 1981, nos EUA, quando epidemiologistas começaram a observar um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores da cidade de São Francisco (EUA), que apresentaram um conjunto de doenças iguais entre os doentes, destacando um tipo de câncer. A imprensa ficou muito interessada nestas informações, e no jornal americano The New York Times virou uma grande notícia. Esta notícia trazia informações alarmantes de médicos de Nova York e da Califórnia, haviam diagnosticado 41 casos deste câncer, com oito óbitos em menos de 24 meses após o diagnóstico. A causa era desconhecida, sem qualquer evidência sobre a causa e o contágio. Os médicos que fizeram estes primeiros diagnósticos, principalmente em Nova York e na área de São Francisco, alertaram outros médicos para o problema, num esforço para ajudar a identificar mais casos e reduzir o atraso do tratamento de quimioterapia, e assim por meio da investigação epidemiológica puderam detectar os fatores de risco, e a definição de grupos de risco (homossexuais, hemofílicos e haitianos).O vírus da Aids foi identificado em dois anos e meio após os primeiros diagnósticos. Jamais uma doença infecciosa teve sua causa esclarecida em período tão curto, e a principal estratégia foi o método epidemiológico. A autoria da descoberta, no entanto, foi cercada de controvérsias entre dois grupos: o de Luc Montagnier, do Instituto Pasteur, na França, e o de Robert Gallo, do National Cancer Institute nos EUA.
 A Epidemiologia no Brasil 
A epidemiologia brasileira tem suas raízes nos estudos sobre as doenças tropicais. As condições sanitárias das cidades portuárias eram marcadas pela febre amarela, peste bubônica e varíola, isto espantava as transações comerciais porque as grandes companhias não queriam expor seus marinheiros. Em 1903 foi nomeado o médico Oswaldo Cruz (1872 -1917, São Luiz do Paraitinga –SP) como Diretor-Geral de Saúde Pública, com a tarefa de sanear a cidade do Rio de Janeiro. A campanha contra febre amarela foi estruturada nos moldes militares, com medidas rigorosas, multas e demolições de imóveis insalubres. Em seguida Oswaldo Cruz implantou a notificação compulsória dos casos de peste bubônica e combate aos ratos. Conseguiu controlar essas epidemias, porém a sociedade não aceitava essas imposições. Em 1904 na grave epidemia de varíola Oswaldo Cruz conseguiu aprovar no Congresso a obrigatoriedade da vacinação contra varíola. A forma autoritária como essa vacinação foi imposta provocou uma ampla oposição da população que resultou na Revolta das Vacinas. Outro grande avanço foi realizado por Carlos Chagas (1879-1934,Oliveira-MG) em 1905, ele conseguiu controlar o surto de malária no interior de São Paulo, e descobriu o protozoário causador da doença que nominou Plamodium sp, em homenagem a Oswaldo Cruz. A Fundação Rockefeller (Norte Americana) com papel importante no avanço da epidemiologia no mundo, e no Brasil, promovendo a formação do pensamento sanitário, diminuindo a influência europeia até então hegemônica. A Organização Pan Americana (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) impulsionadas pelo governo norte-americano empreenderam diversas ações no controle e erradicação de várias doenças. No Brasil destaca-se a malária e a dengue, esta última com pleno êxito, porém não foi permanente. As campanhas de erradicação da varíola na década de 1960 e da poliomielite na década de 1970, aliadas a grave epidemia da doença meningocócica contribuíram para consolidar o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica no Brasil (MEDRONHO, 2009). A epidemiologia no Brasil é marcada pela preocupação com as desigualdades sociais ajudando na luta pelo Sistema Único de Saúde, público e gratuito com foco na atenção coletiva. 
CURIOSIDADE 1 - Na mitologia da Grécia Antiga o deus da saúde, Asclépios (em grego) ou Esculápio (em latim), possuía duas filhas, Higéia e Panacéia. Uma deusa da medicina individual e outra da medicina coletiva, já mostram a disputa entre a medicina individual e coletiva. Panacéia, filha mais velha, padroeira da medicina individual curativa, realizada por meio de intervenções sobre os indivíduos, manobras físicas, preces e uso de fármacos. Higéia, era adorada por aqueles que acreditavam que a saúde era resultado da harmonia entre os homens e os ambientes, dando início aos conceitos de higiene e higiênico, sentido de promoção de saúde no âmbito coletivo. 
CURIOSIDADE 2 - A Fundação Oswaldo Cruz é um importante espaço de ensino, pesquisa e desenvolvimento da epidemiologia brasileira, vamos saber como foi sua história e sua importância para epidemiologia brasileira, fundada em 1900, como Instituto Soroterápico Federal. Em 1902 Oswaldo Cruz assume a direção geral do Instituto Soroterápico Federal. Assim, com os trabalhos de Oswaldo Cruz, Manguinhos tornou-se referência em saúde pública, traçou um grande plano de modernização e saneamento aos portos brasileiros. Primeira vez que houve um levantamento sobre as condições de saúde do Brasil. Em 1909 é implementado, no Instituto Oswaldo Cruz, um sistema de disseminação de informação entre os cientistas que se baseava na leitura e resumo, realizados semanalmente, de artigos de periódicos científicos nacionais e internacionais recém-chegados à instituição. Esse sistema é denominado “Mesa das quartas-feiras”. Em 1970 efetivamente é chamada de Fundação Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, cujo objetivo de realizar pesquisas científicas no campo da medicina experimental, biologia e patologia, formar e aperfeiçoar pesquisadores, além de elaborar e fabricar remédios e vacinas para atividades da própria Fundação e do Ministério da Saúde. Agora, a Fiocruz tem 17 unidades técnico-científicas, sendo 11 localizadas no Rio de Janeiro, 5 localizadas em outros estados brasileiros e uma unidade em Maputo capital de Moçambique. Todas as unidades técnico-científicas da Fiocruz desenvolvem programas de pós-graduação stricto sensu, com cursos de doutorado, mestrado acadêmico ou profissional. São 32 programas, inseridos em dez áreas de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e ainda diversos cursos de pós-graduação lato sensu (especialização, aperfeiçoamento, atualização e residência); e de educação profissional, por meio da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). A Fundação possui 19 diferentes cursos com foco a epidemiologia Ciências estruturantes da epidemiologia A Clínica, a Estatística e Medicina Social compõem os elementos conceituais, metodológicos e ideológicos, da epidemiologia, a articulação desses elementos resultou na evolução da ciência epidemiológica. A epidemiologia tem revelado uma forte vocação de ciência aplicada, na solução de problemas de saúde. Conceito de epidemiologia Almeida Filho e Rouquayrol (2013) fazem a seguinte conceituação da epidemiologia - ciência que estuda o processo saúde-enfermidade na sociedade, analisando a distribuição populacional e fatores determinantes do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, administração e avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde. Podemos conceituar a epidemiologia de forma resumida como : Estudo da distribuição e dos determinantes de estudos ou eventos relacionados à saúde em populações específicas e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde. 
Partindo de dois pressupostos:
 1 – As doenças, condições de saúde e seus determinantes não se distribuem ao acaso na população; 
2 – o conhecimento desses fatores tem na aplicação prática no controle e na prevenção das doenças e agravos à saúde. 
- Qual o conceito de epidemiologia?
AULA 02 – Processo Saúde Doença 
Contextualizando: Diversos modelos explicativos são estabelecidos para elucidar a complexidade do processo saúde-doença ao longo da história da humanidade. Vamos destacar alguns modelos explicativos da ocorrência de doenças em populações humanas. O primeiro modelo foi o mágico-religioso que se caracterizava por acreditar que a saúde vinha dos elementos naturais, e as doenças eram causadas por espíritos sobrenaturais, sendo que o adoecer era resultante das transgressões natureza individual e coletiva. Em outras partes do mundo, como, a medicina hindu e chinesa, o modelo holístico explicava a doença por meio do equilíbrio entre os elementos e humores que compõem o organismo humano individual. Com a observação da evolução das doenças o modelo Empírico-racional, baseado nos conceitos hipocráticos, aponta que as doenças são consequência do desequilíbrio dos elementos água, terra, fogo e ar, a Teoria dos Humores estavam subjacentes à explicação sobre a saúde e a doença. Com o desenvolvimento da microbiologia, e o conhecimento dos antibióticos estes modelos passaram a não explicar mais o processo saúde-doença. O Modelo Biomédico, destaca a explicação os fenômenosde saúde e doença com base na biologia, e na concepção mecanicista da vida, este modelo dominou as atitudes dos médicos em relação à saúde e à doença. Ao longo do tempo, o modelo biomédico foi assimilado pelo senso comum, tendo como foco principal a doença infecciosa causada por um agente. Nessa abordagem, a doença é definida como desajuste ou falta de mecanismos de adaptação do organismo ao meio, ou ainda como uma presença de perturbações da estrutura viva, causadoras de desarranjos na função de um órgão, sistema ou organismo, numa lógica uni causal (uma única causa – agente), sempre buscando identificar uma causa a qual, por determinação mecânica, explicaria o fenômeno do adoecer, direcionando a explicação a se tornar universal. Contudo, as organizações, Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial da Saúde (OMS), revisam o conceito de saúde ganhando nova configuração e devendo ser considerado na explicação do processo saúde-doença e na organização do cuidado. “Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não mera ausência de moléstia ou enfermidade”. Havendo necessidade de novos modelos explicativos que contemplem esta definição de saúde. O Modelo Sistêmico foi proposto na década de 70, quando o conceito de sistema começou a ganhar força, trazendo uma compreensão mais abrangente do processo saúde-doença. O sistema, neste caso, é entendido como “um conjunto de elementos, de tal forma relacionados, que uma mudança no estado de qualquer elemento provoca mudança no estado dos demais elementos”. Ou seja, essa noção de sistema incorpora a ideia de todo, de contribuição de diferentes elementos do ecossistema no processo saúde-doença, fazendo assim um contraponto à visão unidimensional e fragmentária do modelo biomédico. Segundo essa concepção, a estrutura geral de um problema de saúde é entendida como uma função sistêmica, na qual um sistema epidemiológico se constitui num equilíbrio dinâmico. Ou seja, cada vez que um dos seus componentes sofre alguma alteração, esta repercute e atinge as demais partes, num processo em que o sistema busca novo equilíbrio. O Modelo da História Natural das Doenças representa um grande avanço em relação ao modelo biomédico, quando reconhece que saúde-doença implica um processo de múltiplas e complexas determinações. Nessa lógica causal, o restabelecimento da saúde tem fundamentação na visão positiva da saúde, que valoriza a prevenção sobre as doenças, bem como as ações promotoras de saúde. O conceito de saúde ganha estruturação explicativa proporcionada pelo esquema da tríade ecológica (agente, hospedeiro e meio ambiente). Modelo multicausal:
 Enquanto no modelo biomédico 
(unicausal) o conceito de saúde prevalece a lógica exclusivamente em razão da ausência da doença (primordialmente sobre a doença infecciosa),
 no modelo multicausal, privilegia-se o conhecimento da história natural da doença. Neste modelo os fatores externos atuam e contribuem para o adoecimento e estão caracterizados pela natureza física, biológica, sociopolítica e cultural, e fatores hereditário-congênitos, aumento/diminuição das defesas e alterações orgânicas, próprias de cada indivíduo. 
O Modelo da Determinação Social da Doença vem como um novo conceito epidemiológico, foi elaborado a partir da crítica ao raciocínio epidemiológico tradicional do processo saúde-doença, que foca nas características individuais, sem preocupação de avaliar o que pertence ao âmbito biológico e o que pertence ao social. A medicina social ganha força trazendo novos saberes e conhecimentos o que contrapõe ao modelo biomédico Classe social passa a ser uma categoria que representa uma condição a ser utilizada na exploração epidemiológica de uma coletividade. Isso significa dizer que a condição social é um pressuposto primordial para o conhecimento epidemiológico. A epidemiologia deve sistematizar e estudar os variados processos que resultam em condições de vida e saúde numa dada coletividade. Esse conjunto de processos sociais e quais as doenças que mais ocorrem numa classe social é denominado de perfil epidemiológico. A pesquisa epidemiológica utiliza estratégias metodológicas para a identificação de associação entre supostas causas - os fatores de risco - e seus efeitos sobre a saúde. Uma associação ocorre quando a probabilidade da ocorrência de um evento ou característica varia em função da ocorrência ou não de um ou mais eventos, ou da presença ou não de uma ou mais características. A associação pode ser positiva se os dois eventos têm o mesmo sentido (aumentam ou diminuem juntos), ou pode ser negativa, indicando sentidos opostos entre os eventos. Causa em epidemiologia é o evento, condição ou característica que precede a doença ou condição de saúde e sem o qual ela não teria ocorrido ou teria ocorrido tardiamente. 
Exposição é a quantidade ou intensidade de um fator ao qual o indivíduo ou grupo está ou esteve sujeito. 
A discussão de causa na epidemiologia é realizada por meio de "modelos". Modelos são maneiras de pensar a realidade e expressam nossa imaginação sobre como o mundo deve funcionar. Foram diversos os modelos de causalidade já descritos. Inicialmente vieram os postulados de Henle (1809-1885-Alemanha), em 1840, que foi expandido por Koch (1843-1910 – Alemanha) na década de 1880, denominados Postulados de Koch, estes visavam confirmar que um determinado microrganismo é agente causal de uma determinada doença, este modelo foi fruto da revolução microbiana, é baseado em três pontos: 
 O agente deve estar presente em todos os casos da doença em questão (causa necessária); 
 O agente não deve ocorrer de forma causal em outra doença (especificidade do efeito); 
 Isolado do corpo e crescido em cultura, se o agente for inoculado em suscetíveis pode causar a doença (causa suficiente). 
Com a importância crescente das doenças não-infecciosas, no século XX, evidenciou-se que as associações causais não eram explicadas por meio do modelo, Postulados de Koch, havendo necessidade de encontrar outras formas para preencher estas explicações. 
Em 1965, Austin Hill (1897-1991, Inglaterra) propôs um novo modelo que avalia as associações causais das não-causais, chamados de Critérios de Causalidade de Hill, preenchido os critérios, afirma-se que um fator é causa da ocorrência de uma doença, agravo ou eventos em saúde. Vamos conhecê-los: 
1 - Força da associação: quanto mais forte uma associação, maior será a possibilidade de se tratar de uma relação causal; 
2 - Consistência ou replicação: se o mesmo resultado é obtido em diferentes circunstâncias, a hipótese causal seria fortalecida; 
3 - Especificidade: uma causa leva a um efeito em particular. Este critério é bastante questionado, porque foi estabelecido quando acreditava-se na teoria unicausal de determinação de doença; 
4 –Temporalidade: é necessário que a causa preceda o efeito; 
5 – Gradiente biológico: existência de uma curva de dose-resposta, ou seja ao aumentar a exposição, aumenta o efeito; 
6 – Plausibilidade biológica: associações encontradas devem ser plausíveis de explicação em termos dos conhecimentos disponíveis; 
7 – Coerência: ausência de conflitos entre os achados e o conhecimento sobre a história natural da doença; 
8 – Evidência experimental: a associação foi estabelecida por meio de ensaios clínicos randômicos e controlados. Estudos experimentais são de difícil realização em populações humanas; 
9 – Analogia: responder a questão, a associação é semelhante a outras já conhecidas?
 Rothman (EUA) em 1986 propôs um outro modelo de causalidade no qual um certo fenômeno (doença, por exemplo) não seria explicado por um único fator (causa única), mas sim por uma constelação de fatores (causas componentes) que agiriam em conjunto para a produção de um determinado efeito. Causa "suficiente" seria uma constelação mínima de causas componentes que inevitavelmente produziria a doença. O modelo de causalidade de Rothman parece o mais adequado para correlacionar causas e efeito. Considera a multicausalidade em que cada mecanismo causalenvolve a ação conjunta de várias causas componentes. A Força da associação vai depender da ocorrência das causas componentes e o período de indução para ocorrência da doença/ agravo /evento depende de cada causa componente e não é específico. Para realizar o controle de doenças deve-se atuar em causas componentes de forma isolada. Observação e registro de pessoas e populações. Podemos apresentar diversas características das pessoas ou atributos individuais que são de interesse para epidemiologia visando o conhecimento das pessoas individualmente ou de grupos populacionais. Mostraremos algumas características que se destacam para epidemiologia. A classe social condiciona o acesso aos recursos produtivos e molda as experiências de vida na esfera da produção e do consumo. As variáveis socioeconômicas, isoladas ou combinadas em indicadores classificam as pessoas ou grupos populacionais em posição socioeconômica, as variáveis utilizadas geralmente são: renda, ocupação, escolaridade, acesso a eletrodomésticos entre outros. Ambas, classe social e posição socioeconômica, apresentam associação com o nível de saúde e são de interesse epidemiológico. Outra importante estratificação de pessoas são o gênero e o sexo. Gênero é um construto social que determina como homens e mulheres se diferenciam na sociedade na dimensão social, e o sexo é um marcador biológico de aspectos anatômicos e fisiológicos, masculino e feminino, na dimensão biológica. A etnia ou raça, é característica importante para estratificação social que mostra profunda implicação na saúde. A idade é um dos principais determinantes do estado de saúde e do perfil de morbimortalidade em uma população, qualquer que seja o evento de saúde há variação de acordo com a idade dos indivíduos. A migração é um dos processos demográficos e sociais que mais implicações trazem para o estado de saúde de indivíduos e populações. Estudos de migrantes tem como objetivo determinar se o risco de adoecer entre migrantes oriundos de uma região com alto (ou baixo) risco muda após a migração para uma região de baixo (ou alto) risco. A compreensão de que os comportamentos individuais e o estilo de vida são fundamentais para o estudo do processo saúde-doença e para formulação de políticas de promoção da saúde, alguns destes comportamentos são bastante estudados como: consumo de álcool, drogas, hábito de fumar, alimentação saudável e a atividade física. Distribuição das doenças no espaço e no tempo A avaliação da distribuição das doenças no espaço tem como objetivos: a formulação de hipóteses etiológicas por meio da análise conjunta das variações nos fatores ambientais; a avaliação da distribuição espacial de uma determinada doença em diferentes períodos de tempo; podendo ser utilizado na gestão da saúde. Para o conceito de espaço deve-se considerar além das características geográficas, naturais e sociais de um lugar, importante também a sua sociedade em movimento, construída nos processos históricos. A análise espacial em saúde é o estudo quantitativo da distribuição das doenças ou serviços de saúde, e deve ser usado para identificar padrões espaciais de morbidade, mortalidade e os fatores associados a esses padrões, ressalta-se que a análise espacial em saúde pode ser usada para descrever processos de difusão de doenças e gerar conhecimento sobre sua etiologia visando sua predição e controle, e também como instrumento importante na avaliação do impacto de processos e estruturas sociais na determinação de eventos. Uma ferramenta importante na análise da distribuição das doenças no espaço e no tempo é o uso do geoprocessamento. 
Geoprocessamento é um conjunto de técnicas computacionais de coleta, tratamento, manipulação e apresentação de dados espaciais, visando organizar informações espacialmente referidas. 
Critérios de Causalidade
1 - Força da associação: quanto mais forte uma associação, maior será a possibilidade de se tratar de uma relação causal; 
2 - Consistência ou replicação: se o mesmo resultado é obtido em diferentes circunstâncias, a hipótese causal seria fortalecida; 
3 - Especificidade: uma causa leva a um efeito em particular. Este critério é bastante questionado, porque foi estabelecido quando acreditava-se na teoria unicausal de determinação de doença; 
4 –Temporalidade: é necessário que a causa preceda o efeito; 
5 – Gradiente biológico: existência de uma curva de dose-resposta, ou seja ao aumentar a exposição, aumenta o efeito; 
6 – Plausibilidade biológica: associações encontradas devem ser plausíveis de explicação em termos dos conhecimentos disponíveis; 
7 – Coerência: ausência de conflitos entre os achados e o conhecimento sobre a história natural da doença; 
8 – Evidência experimental: a associação foi estabelecida por meio de ensaios clínicos randômicos e controlados. Estudos experimentais são de difícil realização em populações humanas; 
. “Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não mera ausência de moléstia ou enfermidade”. 
Epidemiológia é o
Estudo da distribuição e dos determinantes de estudos ou eventos relacionados à saúde em populações específicas e a aplicação desses estudos no controle dos problemas de saúde. 
Causa em epidemiologia é o evento, condição ou característica que precede a doença ou condição de saúde e sem o qual ela não teria ocorrido ou teria ocorrido tardiamente. 
Exposição é a quantidade ou intensidade de um fator ao qual o indivíduo ou grupo está ou esteve sujeito. 
Notificação Compulsória?
Pode ser classificada como uma lista que aponta doenças, agravos e eventos de importância para a saúde pública de abrangência nacional em toda a rede de saúde. 
Geoprocessamento é um conjunto de técnicas computacionais de coleta, tratamento, manipulação e apresentação de dados espaciais, visando organizar informações espacialmente referidas. O geoprocessamento aplicado à epidemiologia permite o mapeamento de doenças, a avaliação de riscos, o planejamento de ações de saúde e a avaliação de redes de atenção. Tem a participação de diversas disciplinas, como a Cartografia, Computação, Geografia e Estatística. Integra por meio de programas computacionais diversas tecnologias de tratamento e manipulação de dados geográficos, como o sensoriamento remoto, a digitalização de dados, a automação das tarefas cartográficas, a utilização de Sistemas de Posicionamento Global (GPS) e os Sistemas de Informação Geográfica (SIG ou GIS de Geographi formation System). A distribuição das doenças no tempo pode fornecer várias informações para compreensão, previsão, busca etiológica, prevenção de doenças e avaliação do impacto de intervenções em saúde. As informações temporais são apresentadas por três diferentes períodos temporais ou tempo calendário. 
O primeiro tipo é caracterizado por períodos relativamente curtos como horas, dias, meses e anos como observados nas situações epidêmicas. 
O segundo tipo é descrito por longos períodos de tempo chamado de tendência secular ou histórica, mostra as variações nas frequências de uma doença (incidência, mortalidade etc.) por um longo período de tempo, em geral anos ou décadas. 
O terceiro tipo são apontadas pelas variações cíclicas e variações sazonais. As variações cíclicas são caracterizadas por flutuações na incidência de uma doença ocorrida em um período maior que um ano. Enquanto a variação sazonal mostra a variação na incidência de uma doença coincidindo com as estações do ano. 
AULA 03 – Indicadores de Saúde 
Contextualizando: As medidas de associação mostram a quantificação da diferença encontrada entre dois grupos populacionais, um exposto e outro não à um tipo de risco: doença, agravo ou evento da saúde. Conforme Almeida Filho e Rouquayrol (2013) a definição de risco é a probabilidade da ocorrência de uma doença, agravo, óbito ou condição relacionada à saúde (incluindo cura, recuperação ou melhora), em uma população ou grupo, durante um período de tempo determinado, esta probabilidade se refere a modelos abstratos de distribuição populacional. Risco é probabilísticoe não determinista.
 A escolha da medida de associação dependera do que queremos conhecer (população, tipo de risco) e do tipo de medida que utilizaremos. As medidas de associação podem ser do tipo absoluta e relativa. A associação absoluta apresenta a diferença das frequências de risco entre grupos quando necessitamos avaliar o quanto a frequência de um risco no grupo dos expostos excede (é maior) em relação ao grupo de não-expostos. A medida relativa é a razão (divisão) dessas diferenças e baseiam-se na força da associação, ou seja quantas vezes o risco é maior em expostos quando comparado ao risco nos não-expostos. O risco é estimado sob forma de uma proporção. Matematicamente é uma razão (divisão) entre duas grandezas da qual o numerador está necessariamente contido dentro do denominador. Na definição epidemiológica de risco deve-se observar a ocorrência de casos de óbito-doença-saúde (numerador), a base de referência populacional (denominador) e a base de referência temporal (período). Risco = doentes_ população ATENÇÃO – População é o número total de pessoas residentes e sua estrutura relativa, em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Exemplo: numa população de 20 mil habitantes há ocorrência de 1500 casos de dengue calcule o risco. Risco = 1500 / 20000 = 0,075 O fator de risco é o atributo de um grupo da população que apresenta maior ocorrência de uma doença ou agravo à saúde, em comparação com outros grupos definidos pela ausência ou menor exposição a tal característica. A epidemiologia tem grande interesse em saber identificar atributos, propriedades ou fatores que permitam reconhecer grupos menos vulneráveis (ou mais protegidos) em relação a um certo problema de saúde, que podemos chamar de fator de proteção, na medida que este conhecimento é importante para implementação de medidas de prevenção do risco e promoção da saúde. IMPORTANTE – Fator de risco é a probabilidade de que o dano ocorra no futuro. Não devemos confundir risco com fator de risco. 
Estas medidas são importantes para o entendimento da epidemiologia, guarde bem estes conceitos. Medidas de Frequência de Doenças, Agravos ou Eventos de Saúde. 
As informações sobre o comportamento das epidemias, como elas estão evoluindo, avaliar como as atividades de prevenção vêm surtindo efeito, o quanto os tratamentos disponíveis curam, ou aumentam a sobrevida do paciente, e outros questionamentos interessam tanto para os profissionais de saúde como para população em geral. A epidemiologia contribui para obtenção das respostas que envolvem o conhecimento das doenças nas populações, e essas respostas baseiam-se em algum tipo de medida de frequência. Há necessidade de alguns critérios para seleção de indicadores de saúde: 
 A validade - ser capaz de discriminar corretamente um dado evento de outros, assim como detectar as mudanças ocorridas com o passar do tempo; 
 A reprodutibilidade - obtenção de resultados semelhantes, quanto à mensuração é repetida; a representatividade (cobertura) - um indicador será tanto mais apropriado quanto maior cobertura populacional alcançar; 
 A obediência a preceitos éticos - a coleta dos dados não acarrete malefícios ou prejuízos as pessoas investigadas e sigilo dos dados; 
 A oportunidade, simplicidade, facilidade de obtenção e custo compatível não deve causar perturbações ou inconvenientes, sob pena de limitar a colaboração dos profissionais de saúde, o que pode resultar em baixa cobertura e confiabilidade dos dados obtidos.
 Morbidade 
As medidas de frequência para morbidade são definidas a partir de dois conceitos epidemiológicos fundamentais: prevalência e incidência. Além da frequência de doenças ou agravos, essas medidas de frequência podem ser aplicadas à mensuração de quaisquer eventos relacionados à saúde, incluindo fatores determinantes. A prevalência expressa um número de casos acumulados (casos antigos e novos) até um dado momento e a incidência representa a frequência com que novos casos ocorrem num determinado período de tempo. As medidas de frequência devem obrigatoriamente referir as dimensões: tempo, espaço e população. A prevalência é definida como frequência de casos existentes de uma determinada situação, numa população específica e em um dado momento. Casos existentes são aqueles que aconteceram em algum momento do passado (casos antigos) somado com os casos novos, excluindo os casos que deixaram de existir por qualquer motivo: cura, morte ou erro do diagnóstico. Os indivíduos são observados uma única vez. Mostra como uma doença subsiste na população. Podemos comparar com uma fotografia, portanto mostra que naquele momento a fração de casos existentes. A prevalência pontual é utilizada por grande parte dos estudos chamada também de instantânea ou estimada. A quantidade de casos existentes dos problemas de saúde de uma população é um dos fatores determinantes da demanda por assistência à saúde, desta forma a prevalência é uma medida relevante para o planejamento de ações e para administração de serviços de saúde. Usada em estudos em que não se tem precisão do seu início, como doenças crônico-degenerativas não letais ou em doenças com longos períodos de incubação. O cálculo da prevalência: Prevalência = Nº de casos conhecidos de uma dada doença X 10 n População 10n 102 = 100 – por cento 103= 1000 – por mil 104= 10000 – por dez mil A frequência com que determinado evento ocorre numa população que, no momento inicial do período de observação, estava “livre” do evento e exposta ao risco de ocorrência do mesmo, é denominada incidência. Medida dinâmica porque expressa mudança no estado de saúde dos sujeitos que são avaliados no mínimo duas ocasiões, num determinado período de tempo, para conseguir detectar os casos novos (mudança do estado). A incidência de um evento pode ser medida de diferentes formas, a mais simples é o número absoluto de casos incidentes (novos). O risco de ocorrência de um evento pode ser medido e interpretado da mesma forma que uma probabilidade. No nível individual (risco), representa, portanto, a probabilidade de um indivíduo vir a adoecer ou acidentar-se; num grupo de indivíduos (proporção de incidência), calculando a proporção dos que adoecem teremos o risco médio de adoecimento nesse grupo. O risco médio ou proporção de incidência é também denominada incidência acumulada. Fórmula da Incidência Acumulada Incidência acumulada = casos novos num período de tempo X 10n grupo de indivíduos sob observação A taxa de incidência é definida como a razão entre o número de casos novos de uma doença que ocorrem num intervalo de tempo determinado, e numa população delimitada que está exposta ao risco de adquirir a referida doença no mesmo período (pessoa-tempo). Pessoa-tempo significa o período durante o qual um indivíduo esteve exposto ao risco de adoecimento e, caso viesse a adoecer, seria considerado um caso novo ou incidente. Somadas as experiências individuais tem-se o total de pessoa tempo gerado por uma determinada população, ao longo do período em que se desenvolve um determinado estudo. Cálculo da taxa de Incidência Taxa de Incidência = número de casos novos num período de tempo / total de pessoa tempo expostas ao risco de adquirir a doença no referido período. Vimos que os indicadores de prevalência e incidência são utilizados para avaliar a morbidade de doenças e agravos, agora vamos aprender um pouco mais. Vamos calcular a Prevalência e Incidência num exemplo hipotético que descrevemos abaixo. Em 01/01/2001 existiam 2300 casos de pneumonia em tratamento (antigos), no município Delta, ao longo de 2001 foram notificados 250 casos (novos), 1010 pacientes tiveram alta por cura, 10 pacientes morreram. Ressaltamos que todos pacientes foram tratados com os mesmos medicamentos. A população do município delata em 2001 era de 1 milhão e 200 mil habitantes. Agora, vamos calcular a prevalência inicial e final do tratamento: Prevalência no início de 2001 = 2300 (antigos) /1200000 hab X 1000 =1,9 Prevalência e final de 2001 = 2300 (antigos) + 250 (novos) – 1010 (cura)– 25 (óbitos)/1200000 hab X 1000 = 1,3 Podemos concluir que no município Delta a prevalência inicial de pneumonia era de 1,9 casos por mil habitantes e terminou com 1,3 casos por mil habitantes, esta diminuição de prevalência pode ter ocorrido pelo tratamento, observa-se que o número de casos curados (1010) é maior que os casos novos (250). Mais é importante calcular a incidência acumulada. Incidência acumulada = 250/ 1200000 hab X 1000 = 0,21 A incidência acumulada no ano de 2001 foi de 0,21 casos por mil habitantes, neste caso. Agora vamos calcular a incidência com a investigação de um surto de intoxicação alimentar por meio de outro exemplo. Um grande número de casos de gastroenterite - GEA foi atendido no hospital, 105 pessoas foram atendidas por GEA numa mesma noite e todos participaram de uma festa de aniversário naquele mesmo dia e algumas horas antes do início dos sintomas, lembrando que 150 pessoas estiveram presentes na festa. Vamos calcular a incidência com nossos dados, primeiro calcularemos a Incidência acumulada = 105/150 X 100 = 70% Foram realizadas entrevistas quanto à ingestão dos alimentos servidos para investigar a provável fonte de infecção nas 105 pessoas que apresentaram GEA e porque 45 pessoas não apresentaram qualquer sintoma Total de pessoas participantes da festa por ingestão de alimento segundo adoecimento por GEA Alimento Ingestão GEA sim GEA Não Total Maionese Sim 58 34 92 Não 34 24 58 Bolo de Chocolate Sim 86 22 108 Não 6 36 42 Carne assada Sim 32 44 76 Não 40 14 54 Vamos calcular a incidência acumulada para cada alimento Calculo da incidência acumulada por ingestão de alimento Ingestão sim Ingestão não Razão Maionese 58/92 X100 = 63,04 34/58 X100 = 58,62 63,04/58,62 =1,08 Bolo de Chocolate 86/108 X100 =79,63 6/42 X100 =14,28 79,63/14,28 = 5,57 Carne assada 32/76 X100 = 42,10 40/54 X100 = 74,07 42,10/74,07 = 0,57 Agora com estes dados podemos concluir que o bolo de chocolate provavelmente foi a fonte de infecção, esta afirmação pode ser feita quando avaliamos a razão de incidência acumulada entre os indivíduos que comeram (expostos) e não comeram (não expostos), o bolo possui razão de incidência de 5,57 vezes e a maionese com razão de incidência de 1,08, e a carne assada com razão de incidência de 0,57. Vamos conhecer como calcular a taxa de incidência estudando dois hospitais A e B vamos analisar os casos de infecção hospitalar que aconteceram nas Unidades de Terapia Intensiva para adultos relativos a um período de 60 dias. Estiveram internados um total de 150 pessoas em cada hospital neste período. Vejam o quadro: Tempo de internação Pacientes com infecção hospitalar Hospital A Pessoa – tempo Hospital A Pacientes com infecção hospitalar Hospital - B Pessoa – tempo Hospital - B 60 dias 3 3 X 60 = 180 5 5 X 60 = 300 45 dias 2 2 X 45 = 90 8 8 X 45 = 360 30 dias 4 4 X 30 = 120 3 3 X 30 = 90 15 dias 3 3 X15 = 45 0 0 X15 = 0 Total 12 435 16 750 Qual o risco estimado de contrair a infecção? Primeiro vamos calcular a incidência acumulada: Incidência Acumulada do H-A = 12/150 X 100 = 8% e Incidência Acumulada do H-B = 16/150 X 100 = 10,6%. Agora em segundo lugar podemos observar como calcular a pessoa-tempo de cada hospital em cada período como vemos no quadro.Neste momento já podemos calcular a taxa de incidência: Taxa de incidência de infecção hospitalar no Hospital A = 12/435 = 0,027 X 100 = 2,7 pacientes a cada 100. Taxa de incidência de infecção hospitalar no Hospital B = 16/750 = 0,021 X 100 = 2,1 pacientes a cada 100. Podemos concluir que a taxa de incidência do Hospital A foi de 2,7% pacientes sendo maior que a taxa do Hospital B, que foi de 2,1%. Lembramos que a Incidência acumulada Hospital A foi de 8% e Hospital B foi de 10,6%. Porem se comparamos a Taxa de Incidência vemos que o risco de contrair infecção hospitalar no Hospital A (2,7%) do que no Hospital B (2,1%), mesmo o Hospital B tendo mais casos (16) de infecção no mesmo período que o Hospital A (12). Como vimos os cálculos são simples usando matemática básica e são essenciais no trabalho dos profissionais de saúde. Mortalidade A mortalidade é analisada por meio de vários indicadores epidemiológicos, neste momento procuraremos mostrar o conceito destes indicadores por meio da taxa bruta de mortalidade ou mortalidade geral. A Mortalidade Geral corresponde ao número total de óbitos, por mil habitantes, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Expressa a intensidade com a qual a mortalidade atua sobre uma determinada população. As taxas brutas de mortalidade padronizadas permitem a comparação temporal e entre regiões. Método do cálculo = Número total de óbitos de residentes/ População total residente x 1.000 Nesta parte da aula vamos exercitar o cálculo de calculando a mortalidade geral de cinco municípios do estado Maravilhoso do Norte, veja o quadro abaixo: População 2015 Alvorada – 196795 Anoitecer – 441850 Novo Dia – 239426 Alegrete – 1414779 Tardio – 81907 Óbitos Gerais de 2015 Alvorada – 1475 Anoitecer – 2497 Novo Dia – 1601 Alegrete - 11410 Tardio – 684 Fonte: Secretária de Estado da Saúde de Maravilhoso do Norte – Departamento de VE Mortalidade Geral Método do cálculo = Número total de óbitos de residentes/ População total residente x 1.000 Alvorada – 1475/196795 X 1000 = 7,49 Anoitecer – 2497/441850 X 1000 = 5,65 Novo Dia – 1601/239426 X 1000 = 6,68 Alegrete – 11410/1414779 X1000 = 8,06 Tardio – 684/81907 X 1000 = 8,35 Avaliando estes municípios percebemos que a menor taxa de mortalidade é de Anoitecer e a maior de Tardio. Outros indicadores de mortalidade estudaremos nas aulas subsequentes. Como vimos os métodos de cálculo exigem conhecimento de matemática básica, o importante é ter acesso aos dados. 
MÓDULO – FUNDAMENTOS DE SAÚDE DISCIPLINA - Epidemiologia e processos de saúde doença AULA 04 – Epidemiologia Aplicada Professora Ivana Maria Saes Busato Introdução: Nessa aula, vamos estudar a epidemiologia por meio de diferentes planos. Veremos a importância na intervenção de situações de saúde iniciando pela epidemiologia aplicada por níveis de determinação, considerando que a saúde é um conjunto complexo de eventos que se organizam em diferentes níveis, do molecular ao social. Em outro plano estudaremos a epidemiologia aplicada por problemas de saúde, e finalizaremos discutindo a transição demográfica e epidemiológica, e os movimentos transicionais. Contextualizando: Epidemiologia Molecular e Genética Recentes avanços na biologia molecular permitiram uma grande evolução nos delineamentos epidemiológicos. A identificação de moléculas com capacidade de acumular informação sobre eventos de saúde que ocorrem no organismo, genericamente chamados de biomarcadores, impulsionaram o desenvolvimento da epidemiologia molecular. O monitoramento de biomarcadores, permite uma compreensão mais detalhada dos eventos biológicos envolvidos na etiopatogênese das doenças, reforçam a importância na identificação precoce de eventos associados à história natural da doença e na determinação mais precisa de indivíduos ou grupos de risco. Como exemplo da aplicabilidade da epidemiologia molecular vamos conhecer um estudo sobre a tuberculose por meio da epidemiologia molecular de SANTOS et AL. (2007). Neste estudo são detalhadas as principais características epidemiológicas do ponto de vista molecular para tuberculose, esta avaliação permite conhecer a determinação da origem de uma infecção em um paciente (familiar ou comunitária); disseminação e detecção precoce de organismos que adquiriram resistência a antibióticos; discriminação entre doença endógena e exógena, além de casos de contaminação cruzada em laboratório, importantes para o monitoramento da transmissão da tuberculose. A epidemiologia genética é o estudo da etiologia, distribuição e controle de uma doença em grupos de familiares e dos determinantes genéticos de uma doença nas populações. As principais finalidades da epidemiologia genética estão na identificação de fatores genéticos de risco envolvidos na patologia em estudoe a quantificação do seu impacto na ocorrência da população em geral. Os avanços tecnológicos permitiram examinar o genoma humano em detalhes de forma econômica e de grande escala. A análise genética moderna necessita integração com o conhecimento sobre outros aspectos relacionados com os riscos individuais e populacionais. Neste sentido o mapeamento do genoma humano e os avanços das tecnologias moleculares tornam ainda mais importantes as aplicações da epidemiologia genética. Grandes avanços acontecem na epidemiologia molecular e genética apontando que há possibilidades de ampliar a compreensão dos mecanismos do câncer, na avaliação da exposição, quanto para a detecção de indivíduos suscetíveis, e possuem imenso potencial do melhor conhecimento dos efeitos de fatores de risco no câncer. Epidemiologia Clínica Desde a década de 1960 percebeu-se a necessidade no desenvolvimento de técnicas avaliativas das inovações tecnológicas que ocorrem no diagnóstico, na prevenção e no tratamento, foi neste contexto que a pesquisa clínica se apropriando dos conhecimentos metodológico da epidemiologia cunhou a epidemiologia clínica. A epidemiologia clínica deve ser entendida como um ramo da epidemiologia voltada para o estudo dos determinantes e efeitos das decisões clínicas, estuda como o estado de saúde e a ocorrência de processos patológicos se expressam em nível individual. As evidências clínicas geradas pelas pesquisas clínico-epidemiológicas e o aumento das opções de diagnóstico, tratamento e prevenção geradas por estas pesquisas, tem necessitado uma análise criteriosa do clínico, para realizar as melhores escolhas, como também promover maior envolvimento do paciente e de seus familiares na escolha do melhor tratamento. Esta dificuldade em escolher as melhores evidências para prática clínica fez surgir um novo modo para o ensino em medicina, a Medicina Baseada em Evidência – MBE, tradução do inglês Evidence-Based Medicine. MBE é definida como o elo entre a boa pesquisa científica e a prática clínica. Em outras palavras, a MBE utiliza provas científicas existentes e disponíveis no momento, para a aplicação de seus resultados na prática clínica. Quando abordamos o tratamento e falamos em evidências, temos que lembrar de efetividade, eficiência, eficácia e segurança. A efetividade diz respeito ao tratamento que funciona em condições do mundo real. A eficiência diz respeito ao tratamento barato e acessível para que os pacientes possam dele usufruir. E para eficácia buscar o tratamento quando funciona em condições de mundo ideal, com segurança para meio ambiente, para paciente e coletividade. Neste sentido devemos destacar a Colaboração Cochrane, possui uma homepage (www.bireme.br/cochrane), que fornece informação precisa sobre os efeitos do cuidado a saúde prontamente disponível por todo o mundo, produz e dissemina revisões sistemáticas de intervenções aos cuidados a saúde, e promove a busca por evidências na forma de ensaios clínicos e outros estudos de intervenção. O Ministério da saúde, na busca das melhores práticas possui o Portal Saúde Baseada em Evidências em parceria com a CAPES/MEC- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, para fornecer acesso rápido ao conhecimento científico por meio de publicações atuais e sistematicamente revisadas. As informações, providas de evidências científicas, são utilizadas para apoiar a prática clínica, como também a tomada de decisão para a gestão em saúde e qualificação do cuidado, auxiliando assim os profissionais da saúde. 
Epidemiologia Ambiental 
A destruição de ecossistemas, contaminação crescente da atmosfera, solo e água, bem como no aquecimento global são alguns dos impactos ao meio ambiente provocados pela humanidade. Esses problemas são mais graves em situações locais, e podem atingir grupos mais vulneráveis, na concentração de fontes de risco como poluição, resíduos industriais, a contaminação de mananciais de água e as más condições de trabalho e moradia. São inúmeras as disciplinas envolvidas nas discussões sobre o monitoramento das situações de risco e dos efeitos à saúde relacionados com o ambiente, a contribuição da epidemiologia vem na exploração do processo de articulação da produção-ambiente-saúde, bem como no estudo da distribuição e os determinantes do estado de saúde. Assim a epidemiologia ambiental tem estuda a relação entre o ambiente e a saúde e oferece instrumentos metodológicos à orientação do processo da vigilância ambiental em saúde. Temos que considerar também a preocupação com a finitude dos recursos naturais e o papel central do processo produtivo como fonte de riscos para o ambiente e, consequentemente, para a saúde humana, daí decorre a importância da contribuição da epidemiologia para tornar evidente a relação entre ambiente e agravos à saúde. A epidemiologia oferece não só a possibilidade de calcular riscos pela exposição a determinados poluentes ambientais, como também de implantar programas de intervenção e redução de riscos, por meio de sistemas de vigilância e monitoramento ambiental. A Epidemiologia Social multicausalidade do processo saúde-doença incluiu aspectos relativos à organização da sociedade e à cultura entre fatores que contribuem para a produção das doenças. Assim os fatores sociais, econômicos, culturais, demográficos, são compreendidos como parte de um conjunto mais amplo de causas que abrangem fatores do meio-ambiente (ambiente físico e biológico). A epidemiologia social se distingue por investigar os determinantes sociais do processo saúde-doença. Diferencia-se das outras abordagens epidemiológicas não pela importância aos aspectos sociais, pois, todas reconhecem o valor desses aspectos, mas de sua explicação essencial no processo saúde-doença. (BARATA, 2005) Na epidemiologia social há diversas abordagens que podem ser estudadas em BARATA (2005), destamos epidemiologia social pela ótica do conceito de capital social. A utilização do conceito de capital social em estudos epidemiológicos objetivou inicialmente a compreensão de mecanismos pelos quais as desigualdades de renda agem sobre a saúde dos indivíduos. A relação entre privação material e nível de saúde é demonstrada e facilmente aceita, mas o mesmo não ocorre com a desigualdade relativa. A partir da indagação sobre os possíveis mecanismos mediadores entre as desigualdades de renda e o estado de saúde das populações residentes nos países desenvolvidos, vários autores identificaram na falta de investimentos em capital humano e nos efeitos danosos do stress, componentes importantes da cadeia de causalidade. O conceito de capital social deriva da sociologia funcionalista que concebe a organização social como um sistema composto por partes articuladas e em cooperação para a obtenção de um objetivo. Estas partes correspondem aos estratos sociais que, em sociedades sadias, têm na solidariedade sua forma predominante de relação, e nas sociedades doentes têm suas relações marcadas pela anomia, isto é, por um funcionamento no qual predominam os conflitos e onde emergem as desigualdades. Capital social é um conceito útil para a pesquisa e o debate acadêmico, pois fornece pistas sobre como tornar os “menos poderosos” em “mais poderosos”, os “desorganizados” em “mais organizados”, os “menos favorecidos” em “mais capazes” e confiantes em suas capacidades para exercerem controle sobre suas próprias vidas e consequentemente sobre a sua própria saúde. Neste sentido, capital social oferece oportunidades para melhor entender porque as desigualdades em saúde se manifestam e como elas podem ser enfrentadas, com justiça social e solidariedade (PATUSSI et al. 2006). Etnoepidemiologia A etnoepidemiologia busca construção de novas abordagens para o estudo da relação saúde-doença, aplicando métodos epidemiológicos para o conhecimento de abordagens que integrem a investigação étnica da morbidade e seus determinantes, bem como na identificação dos elementos necessários ao entendimento destas formas de adoecer ou se sentir doente, podem resultar em uma maior contribuiçãopara o conhecimento acerca de novas possibilidades de prevenção e promoção da saúde. Epidemiologia Aplicada a Problemas de Saúde Vamos conhecer a epidemiologia voltada para avaliação das condições de saúde por meio de problemas de saúde. Esta abordagem epidemiológica é fundamental para identificar tendências, grupos mais afetados, mecanismos de transmissão envolvidos, novas doenças, além de caracterizar o comportamento das doenças evidenciando suas alterações ao longo do tempo e indicando novas estratégias de controle. A epidemiologia aplicada a problemas de saúde é a ferramenta fundamental para a vigilância epidemiológica. A vigilância epidemiológica é o conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. Vamos conhecer esses problemas de saúde agrupando as doenças por especificidades comuns: em doenças transmissíveis, emergentes/reemergentes, e crônicas não transmissíveis.
 Doenças transmissíveis 
As doenças transmissíveis (infecciosas e parasitárias) representam uma carga importante no padrão epidemiológico brasileiro, embora se observe sua redução na morbidade e na mortalidade, por exemplo: malária, varicela. As doenças transmissíveis foram a principal causa de mortalidade no Brasil nas décadas de 30 a 50, e tiveram seu declínio com as melhorias sanitárias; o acesso aos serviços de saneamento básico; o desenvolvimento de novas tecnologias (como as vacinas e os antibióticos); a ampliação do acesso aos serviços de saúde e as medidas de controle. Mais ainda, essas doenças representam importante problema de saúde brasileira. Por isto é necessário manter o sistema de informação e o monitoramento da situação epidemiológica para o planejamento das medidas de controle ajustadas as necessidades de cada localidade. Doenças transmissíveis são causadas por um agente infeccioso específico ou seus produtos tóxicos. A transmissão deste agente ou de seus produtos, pode ocorrer de uma pessoa para outra ou de um animal infectado. A transmissão ocorre de reservatório a um hospedeiro suscetível, direta ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou do meio ambiente. Algumas doenças transmissíveis apresentam quadro de constância, por isto são chamadas de Doenças persistentes, mesmo com diversas medidas de prevenção e controle executadas no Brasil, ainda representam importantes problemas de saúde pública. Nesse grupo, destacam-se a tuberculose, a malária e as hepatites virais, em função das altas prevalências, e do potencial evolutivo para formas graves que podem levar a óbito. Além destas temos também a leptospirose com grande número de casos nos meses chuvosos, as meningites se inserem nesse grupo de doenças, as leishmanioses e a esquistossomose, que tem ocorrido, em geral associada às modificações ambientais provocadas pelo homem e à insuficiente infraestrutura na rede de água e esgoto. Doença emergente e reemergentes Doenças emergentes são doenças causadas por bactérias ou vírus nunca antes descritos Ex: Antrax. Ou por novas formas infectantes geradas a partir de mutações em um microrganismo já conhecido. 
Exemplo: H1N1 influenza. Ou causadas por um agente que já parasitava animais e depois começou a infectar também o homem. 
Exemplo: HIV, vírus causador da Aids. Além disso, uma enfermidade pode ser considerada emergente quando passa a ter novas distribuições, como uma moléstia que só atingia as crianças e começa a acometer também os idosos ou uma doença, antes restrita a um único país, que se espalha por todo o mundo exemplo: ebola. 
Mas existem doenças que aparecem, são controladas e, passado um tempo, voltam a ameaçar a população, chamadas de doenças reemergentes, que são conhecidas de longa data e, de repente, têm sua incidência aumentada por causa de uma série de fatores, como urbanização desordenada, degradação do meio ambiente e desigualdade social, entre outros, exemplo: dengue, cólera. A epidemiologia torna-se estratégia primordial no acompanhamento das doenças emergentes e reermergentes. E a vigilância epidemiológica, por meio de sua permeabilidade, organização e metodologia, detecção precoce, prevenção, a análise das principais características epidemiológicas e a resposta coordenada a esses eventos são etapas fundamentais para prevenir a propagação nacional/internacional das doenças emergentes e reemergentes, de modo a evitar, reduzir ou eliminar a disseminação na população. Doenças crônicas não transmissíveis. Hoje em dia, as doenças crônicas não transmissíveis - DCNT têm um efeito devastador nas pessoas e nas economias das populações mais pobres, maior que as doenças transmissíveis. As duas principais DCNT com maior impacto no perfil epidemiológico brasileiro são a hipertensão e diabetes mellitus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) inclui como doenças crônicas não transmissíveis as doenças cardiovasculares (cerebrovasculares, isquêmicas), as neoplasias, as doenças respiratórias crônicas e diabetes mellitus. A vigilância epidemiológica nas doenças crônicos não transmissíveis desenvolve diversas ações que possibilitam o conhecimento da distribuição, da magnitude e da tendência dessas doenças na população. Esta ação da vigilância deve ser utilizada para o planejamento, a execução, o monitoramento e a avaliação das ações de cuidado integral das pessoas. As diretrizes nacionais para abordagem das doenças crônicas não transmissíveis – DCNT são (BRASIL, 2008 b): a) Fortalecimento dos Sistemas de Vigilância em Saúde - o sistema de vigilância em saúde é composto pelas vigilâncias sanitária, epidemiológica, ambiental e a saúde do trabalhador, o seu fortalecimento irá melhorar a análise da situação de saúde, assim como os determinantes da ocorrência das doenças, sejam estes de competência do setor saúde ou de outros setores. b) Fortalecimento das Ações de Promoção da Saúde - ações da promoção da saúde são fundamentais para a construção de intervenções que atuem nos fatores de risco e proteção das DCNT. No cuidado integral a atuação da promoção da saúde exige aumentar a participação comunitária e a ação coletiva local na construção de modos de viver saudáveis. c) Fortalecimento e Reorientação do Sistema de Saúde– fazer o sistema de saúde mudar seus modelos de atenção à saúde voltados a prevenção e promoção da saúde, conforme a realidade de saúde, visando à qualidade de vida das pessoas e de suas famílias. d) Monitoramento e Avaliação - O monitoramento e a avaliação são etapas fundamentais para a gestão dos serviços de saúde. A avaliação e o monitoramento consistem em processos sistemáticos para identificar o sucesso ou não das atividades planejadas. O monitoramento é uma atividade contínua que objetiva medir se as atividades estão sendo desenvolvidas conforme o planejamento e a avaliação sistemática. Transição Demográfica A teoria da Transição Demográfica surgiu no início do século XX, com as observações realizadas nos países europeus desde o século XVIII, da qual relacionaram as transformações demográficas por meio da natalidade e mortalidade influenciadas pelo processo de industrialização. Assim foram identificados três períodos principais, processo de transição clássico: 
 fase pré-industrial com crescimento populacional lento, 
 fase de industrialização caracterizada pelo crescimento populacional intenso, e 
 fase pós-industrial com tendência populacional estável ou regressiva. Esta teoria consolidou-se como um modelo explicativo abrangente para as mudanças demográficas verificadas no decorrer da história das sociedades e seus determinantes históricos, sociais e econômico. A palavra transição vem do latim transitione e significa atos, efeitos, ou modos de passar lentamente de um lugar, estado ou assunto para outro, no dicionário remete a noção de passagem, trajeto ou trajetória Transição demográfica é a passagem de um contexto populacionalonde prevalece valores elevados nos indicadores de mortalidade e natalidade, para outro, onde esses indicadores alcançam valores muito reduzidos. Em termos demográficos uma sociedade possui quatro fases distintas de transição demográfica 
 Primeira Fase ou fase 1: caracterizada por sociedades com altas natalidades e mortalidades, principalmente mortalidade infantil, com crescimento populacional lento. Abrange a história da humanidade desde suas origens até a Revolução Industrial, meados do século XVIII. 
 Segunda fase ou fase 2: chamada de fase intermediária, própria dos países em processo de industrialização, apresenta redução da mortalidade, com a natalidade ainda elevada, provocando um grande crescimento populacional, países ricos estiveram nesta fase a partir do século XVIII, Há países que iniciaram esta fase somente no século XX 
 Terceira fase ou fase 3: a natalidade inicia importante redução associada a uma decrescente mortalidade, provocando ainda um crescimento demográfico alto. O efeito importante desta fase é o envelhecimento populacional. Os países ricos completaram o processo de passagem da fase 2 para 3 no século XX 
 Quarta fase ou fase 4: é típica das sociedades pós-industriais apresentam indicadores de mortalidade e natalidade reduzidos, crescimento populacional em equilibrio. Conhecida também pela fase da modernidade. Caracteriza-se por apresentar aumento da expectativa de vida, envelhecimento da população de uma forma geral, principalmente à custa da participação das mulheres. As pirâmides populacionais mostram em que estágio ou fase de transição demográfica um determinado espaço geográfico (pais, estado, município, região) O Brasil vem mudando de fase de transição demográfica em 1970/1980 encontrava-se no Estágio I, com taxa de natalidade e mortalidade altos; em 1991/ 2000 já apresentava a transição no Estágio II, representada por alta taxa de natalidade e queda na taxa de mortalidade, em 2007 atingiu o Estágio III caracterizada por queda na taxa de natalidade e manutenção da taxa de mortalidade. Em 2010, permanece no Estágio III, ainda não atingimos o estágio IV de transição demográfica. A transição demográfica no Brasil tem sido acelerada, como em outros países em desenvolvimento, com um declínio rápido dos níveis de fecundidade e do ritmo de crescimento demográfico. Entretanto, apesar de ter reduzido o ímpeto do crescimento populacional, ele ainda é expressivo. Transição Epidemiológica 
A transição epidemiológica mostra o resultado das mudanças ocorridas no tempo nos padrões de mortalidade, morbidade e invalidez que caracterizam uma população especifica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. O processo engloba três mudanças básicas: 
 Substituição das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas externas; 
 Deslocamento da carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos; e 
 Transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante. No Brasil, a transição epidemiológica não tem ocorrido de acordo com o modelo experimentado pela maioria dos países industrializados, porque ocorre superposição entre as etapas. Há predomínio das doenças transmissíveis e crônicodegenerativas; com reintrodução de doenças como dengue e cólera ou a continuidade de outras como a malária, hanseníase e leishmanioses. Caracterizando uma transição prolongada promovendo contrates entre as três regiões brasileiras. A transição epidemiológica brasileira caracteriza-se pela dificuldade do Estado em estabelecer controle sobre as doenças transmissíveis e a redução da mortalidade infantil, contudo o envelhecimento da população tem ocorrido, dificultando o desenvolvimento de estratégias para a prevenção e tratamento das doenças crônico degenerativas. Ao analisarmos a transição epidemiológica mostrada neste gráfico podemos perceber a redução da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e o aumento das causas crônico-degenerativas e agravos relacionados aos acidentes e violência
AULA 05 – Vigilância Epidemiológica 
Introdução: Nessa aula, vamos entender a Vigilância Epdemiológica como informação para ação, neste sentido, pretende-se que a epidemiologia aplicada possa instrumentalizar profissionais de saúde na interpretação do diagnóstico da situação de saúde, analisar as condições de vida e saúde, identificar os problemas que exijam maior atenção, além de apontar alternativas na organização dos serviços, e do planejamento na gestão dos serviços. Estudando o conceito, as funções, e os tipos de dados coletados na vigilância epidemiológica. Contextualizando: No Sistema Único de Saúde a vigilância epidemiológica integra a Vigilância em Saúde. A vigilância em saúde tem por objetivo a observação e análise permanente da situação de saúde da população, articulando-se em um conjunto de ações destinadas a controlar determinantes, riscos e danos à saúde de populações que vivem em determinados territórios, garantindo-se a integralidade da atenção, o que inclui tanto a abordagem individual como coletiva dos problemas de saúde. O conceito de vigilância em saúde inclui: a vigilância epidemiológica (controle das doenças transmissíveis; a vigilância das doenças e agravos não transmissíveis), a vigilância da situação de saúde, vigilância ambiental em saúde, vigilância da saúde do trabalhador e a vigilância sanitária. A vigilância epidemiológica permite o conhecimento da situação de saúde das pessoas e da população, importante para o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, e tem como finalidade recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. (BRASIL, 2006 a) O Sistema Único de Saúde na Lei Federal n° 8.080/90 define a vigilância epidemiológica como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. Além de ampliar o conceito, as ações de vigilância epidemiológica passaram a ser operacionalizadas num contexto de profunda reorganização do sistema de saúde brasileiro, caracterizada pela descentralização de responsabilidades, pela universalidade, integralidade e equidade na prestação de serviços. As funções da vigilância epidemiológica são: coleta de dados; processamento de dados coletados; análise e interpretação dos dados processados; recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas; promoção das ações de prevenção e controle indicadas; avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; divulgação de informações. As atividades da vigilância epidemiológica dependem da disponibilidade de dados que sirvam para alimentar o sistema de informação, sua qualidade e confiabilidade dependem diretamente da coleta de dados gerados no local onde ocorre o evento sanitário (doença ou agravo). Essas funções da vigilância epidemiológica devem ser desempenhadas em cada um dos níveis do sistema de saúde (municipal, estadual e federal) de forma organizada e com grau de especialidade diferente em cada nível:
 a) Nível municipal – exerce a maioria das ações, em especial a coleta e processamento de dados 
b) Nível estadual – ações estratégicas e de coordenação 
c) Nível nacional - ações estratégicas e de coordenação, atua apenas de modo complementar, quando os problemas de saúde sob vigilância epidemiológica ultrapassam a capacidade de resolução de estados e municípios. 
A articulação entre estes três níveis de atuação em conjunto com de instituições do setor público e privado do Sistema Único de Saúde, compreendem o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica. O Ministério da Saúde instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica - SNVE, recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1975, por meio de legislaçãoespecífica, a Lei n° 6.259/75 e o Decreto n° 78.231/76. O SNVE tem a participação de todos os seus componentes que, direta ou indiretamente, notificam doenças, agravos e eventos, prestam serviços a grupos populacionais ou orientam a conduta a ser tomada para a prevenção e controle de doenças e agravos (BRASIL, 2008 a). A vigilância epidemiológica fornece orientação técnica permanente para os profissionais de saúde, que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de doenças e agravos, disponibiliza informações atualizadas sobre a ocorrência de doenças e agravos, bem como dos fatores que condicionam a saúde de uma área geográfica ou população definida. O sistema de vigilância deve abranger o maior número possível de fontes geradoras, com regularidade e oportunidade da transmissão dos dados. Temos alguns tipos de dados e informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, são: dados demográficos, ambientais, socioeconômicos, morbidade e de mortalidade (BRASIL, 2005 a): 
a) dados demográficos, ambientais e socioeconômicos - os dados demográficos permitem saber a quantidade de pessoas, famílias existentes numa área geográfica. O número de habitantes, nascimentos e óbitos devem ser mostrados segundo características de sua distribuição: sexo, idade, situação do domicílio, escolaridade, ocupação, condições de saneamento, etc.
 Dados ambientais (ex: acesso ao saneamento básico) e socioeconômicos (ex: escolaridade, renda) complementam informações sobre as condições gerais de vida de uma população. 
b) Dados de morbidade – mostram o número de casos e sua distribuição de portadores de doenças ou agravos, como também de sequelas, são os dados mais utilizados em vigilância epidemiológica, por permitirem análise e conhecimento imediato e precoce de problemas sanitários. 
c) Dados de mortalidade - são dados referentes ao número ou quantidade de pessoas que morrem num determinado período por determinada doença ou agravo. São de fundamental importância para avaliar a gravidade de alguma doença ou agravo. Sua obtenção provém de declarações de óbitos, padronizadas e processadas nacionalmente. 
A vigilância epidemiológica depende da disponibilidade de dados que sirvam para subsidiar o processo de produção de informação para ação. A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. O valor da informação depende da precisão com que o dado é gerado. Portanto, os responsáveis pela coleta devem ser preparados para aferir a qualidade do dado obtido. A partir de fontes selecionadas e confiáveis, pode-se acompanhar as tendências da doença ou agravo, com o auxílio de estimativas de casos, sem necessariamente conhecer a totalidade dos casos. A fonte de coleta de dados acontece por meio de diversas estratégias: investigação epidemiológica, informações de laboratórios e hospitais, imprensa e população, estudos epidemiológicos, sistema de notificação. 
Investigação Epidemiológica 
Os achados de investigações epidemiológicas de casos e de emergências de saúde pública, surtos ou epidemias complementam as informações da notificação, no que se referem a fontes de infecção e mecanismos de transmissão, dentre outras variáveis. Também podem possibilitar a descoberta de novos casos que não foram notificados. Laboratórios e Hospitais os resultados laboratoriais vinculados à rotina da vigilância epidemiológica complementam o diagnóstico de confirmação de casos e, muitas vezes, servem como fonte de conhecimento de casos ou de eventos que não foram notificados. Também devem ser incorporados os dados decorrentes de estudos epidemiológicos especiais, realizados pelos laboratórios de saúde pública em apoio às ações de vigilância. Hospitais podem possibilitar a descoberta precoce de casos de doenças ou epidemias que não foram notificados. Imprensa e população Informações oriundas da imprensa e da própria comunidade são fontes importantes de dados, devendo ser sempre consideradas para a realização da investigação pertinente. Podem ser o primeiro alerta sobre a ocorrência de uma epidemia ou agravo inusitado, principalmente quando a vigilância em determinada área é insuficientemente ativa. 
Estudos Epidemiológicos 
Além das fontes regulares de coleta de dados e informações para analisar, do ponto de vista epidemiológico, a ocorrência de eventos sanitários, pode ser necessário, em determinado momento ou período, recorrer diretamente à população ou aos serviços, para obter dados adicionais ou mais representativos. Esses dados podem ser coletados por inquérito, investigação ou levantamento epidemiológico. 
Notificação 
Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes. Historicamente, a notificação compulsória tem sido a principal fonte da vigilância epidemiológica, a partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-decisão-ação. A listagem das doenças de notificação nacional é estabelecida pelo Ministério da Saúde entre as consideradas de maior relevância sanitária para o país. A atual Portaria nº 1271 de 06/2014 especifica as doenças de notificação obrigatória (suspeita ou confirmada), além das doenças ou eventos de “notificação imediata” (informação rápida – ou seja, deve ser comunicada por e-mail, telefone, fax ou Web). A escolha dessas doenças obedece a alguns critérios, razão pela qual essa lista é periodicamente revisada, tanto em função da situação epidemiológica da doença, como pela emergência de novos agentes, por alterações no Regulamento Sanitário Internacional, e também devido a acordos multilaterais entre países. IMPORTANTE Epidemia – elevação do número de casos de uma doença ou agravo, em um determinado lugar e período de tempo, caracterizando, de forma clara, um excesso em relação à frequência esperada. Surto – tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas, etc.). O sistema de vigilância epidemiológica mantém-se eficiente quando seu funcionamento é aferido regularmente, para seu aprimoramento. A avaliação do sistema presta-se, ainda, para demonstrar os resultados obtidos com a ação desenvolvida. As medidas quantitativas de avaliação de um sistema de vigilância epidemiológica incluem: 
 Sensibilidade é a capacidade do sistema detectar casos; 
 Especificidadeexpressa a capacidade de excluir os “não-casos”. 
 Representatividadediz respeito à possibilidade de o sistema identificar todos os subgrupos da população onde ocorrem os casos. 
 Oportunidaderefere-se à agilidade do fluxo do sistema de informação. 
 Simplicidadedeve ser utilizada como um princípio orientador dos sistemas de vigilância, tendo em vista facilitar a operacionalização e reduzir os custos. 
 Utilidade expressa se o sistema está alcançando seus objetivos. 
 Flexibilidadese traduz pela capacidade de adaptação do sistema a novas situações epidemiológicas ou operacionais com pequeno custo adicional. 
 Aceitabilidadese refere à disposição de indivíduos, profissionais ou organizações de participarem e utilizarem o sistema. 
 A pressão demográfica, mudanças no comportamento social e alterações ambientais, a globalização que integrou os países, refletindo no aumento da circulação de pessoas e mercadorias, são fatores que contribuem na ocorrência de epidemias e pandemias por doenças emergentes ou reemergentes, havendo necessidade de aprimorar os serviços de vigilância em saúde. Neste sentido foi instituído o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) são estruturas técnico-operacionais que implantadas nos diferentes níveis do sistema de saúde (nacional, estadual e municipal). Essas estruturas, voltadas para a detecção e resposta às emergências de Saúde Pública, vieram aprimorar continuamente o processo de estruturação e aperfeiçoamento do serviço de recebimento, processamento e resposta

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