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O movimento Anarquista e os trabalhadores na primeira república (1889 - 1930) ● O que é o Anarquismo? Há uma tendência em chamar alguém que se identifica com o movimento anarquista de terrorista, agitadores, desordeiros etc; mas o que realmente é o Anarquismo? Após a leitura de alguns artigos e trechos de alguns livros eu encontrei uma definição geral e simples do que seja, definição essa feita pelo Autor Sebastien Faure, que é francês e foi um ativista libertário, pedagogo, jornalista, entre outras coisas. Ele disse a seguinte frase sobre o Anarquismo; “todo aquele que contesta a autoridade e luta contra ela é um anarquista”. Já de um ponto de vista histórico, podemos falar que o Anarquismo é uma doutrina que propõe uma crítica à sociedade vigente (atual); é uma visão da sociedade ideal do futuro e os meios de passar de uma pra outra sociedade melhor. Utilizando do pensamento do autor George Woodcock, que foi um escritor canadense e que inclusive escreveu alguns livros sobre o Anarquismo, entre eles a coleção “História Das Ideias e Movimentos Anarquista” que se eu não me engano teve 2 volumes; o mesmo cita a seguinte frase para definir o movimento: “Sob o aspecto histórico, o anarquismo preocupa-se, basicamente, com o homem e sua relação com a sociedade. Seu objetivo final é sempre a transformação da sociedade; sua atitude no presente é sempre de condenação a essa sociedade, mesmo que essa condenação tenha origem numa visão individualista sobre a natureza do homem; seu método é sempre de revolta social, seja ela violenta ou não.” Como disse anteriormente, o Anarquismo por diversas vezes é comparado ao Niilismo e ao terrorismo; Até mesmo o dicionário nos dá pelo menos duas definições do que é o Anarquismo. A primeira descreve o mesmo como um homem que acredita ser preciso que o governo morra para que a liberdade possa viver. E a outra vê nele um mero promotor da desordem, que não oferece nada para colocar no lugar da ordem que destruiu. Sendo que essa última concepção, é considerada a mais aceita pela opinião pública. Só pra finalizar a questão sobre o que é o anarquismo, gostaria de citar as palavras do autor Edgar Rodrigues, “O movimento anarquista não é exclusivamente uma organização de operários para operários, é ação de indivíduos que se opõem e dão combate ao capitalismo, almejando a derrocada do Estado e a reconstrução de uma Nova Ordem Social, descentralizada horizontalmente, autogestionária. Não é a revolta dos estômagos, é a revolução das consciências! O Movimento Anarquista não se firma na luta de classes ou pretende instalar os governados no lugar dos governantes, seus fins são de acabar com as classes, tornar o homem irmão do homem, independente de cor, idade ou sexo. Não visualiza a igualdade metafísica ou de tamanho, força, necessidades, quer a igualdade de possibilidades, de direito e deveres para todos.” ● A chegada das idéias Anarquistas no Brasil; Com a independência política do Brasil em 1822, o fim do tráfico de escravos em 1850 e a abolição da escravatura em 1888, em conjunto com a acumulação de capital gerado pela cafeicultura, fizeram com que houvesse uma singela modernização da sociedade brasileira, que acabou transformando a sociedade rural e escravocrata em uma sociedade urbana e industrial. Inserindo fábricas, de textil e etc; E no fim do século XIX (19), houve uma onda forte de imigração europeia no brasil, com o objetivo de ajudar como mão de obra da produção cafeeira, que estava em grande expansão. E a política imigrantista se tornou, com o tempo, um dos instrumentos para derrubada do poder monárquico em 1889, que era considerado arcaico em relação com o resto da América Latina. Vieram pra cá vários imigrantes de diversos lugares como, Italianos, russos, alemães e espanhóis, e além do desejo de se integrarem socialmente os mesmo trouxeram novas idéias para a organização da sociedade, estando entre elas o Anarquismo. Entre os indivíduos anarquistas que chegaram da Europa, alguns foram considerados destaques no movimento, como Artur Campagnoli, o engenheiro agrônomo Giovani Rossi, o alemão Frederico Kniestedt, o russo Elias Iltchenco, Ossep Stefanpvetch entre outros; E durante esse período de 1889 a 1930, houveram diversas greves, paralisações etc, e a Julia vai estar falando sobre as principais agora… Principais greves da primeira república (1889 a 1930): ● Em 1905, os trabalhadores dos portos de Santos e do Rio de Janeiro paralisaram suas atividades; e no ano de 1906 foi a vez dos ferroviários decretarem greve. Todas essas greves tinham o apoio de trabalhadores de outros setores produtivos. ● No ano de 1907, o governo brasileiro aprovou uma lei que expulsaria do país todo imigrante estrangeiro que aderisse às greves – uma forma de retaliar e evitar a ocorrência de outras greves. Porém, a lei não surtiu efeito prático, pois no ano de 1907 ocorreu a primeira greve geral de trabalhadores. ● Em junho de 1917, décadas antes da consolidação das leis trabalhistas no Brasil, cerca de 400 operários - em sua maioria mulheres - da fábrica têxtil Cotonifício Crespi na Mooca, em São Paulo, paralisaram suas atividades. A greve durou 30 dias (greve geral). No ano de 1907, o governo brasileiro aprovou uma lei que expulsaria do país todo imigrante estrangeiro que aderisse às greves – uma forma de retaliar e evitar a ocorrência de outras greves. Porém, a lei não surtiu efeito prático, pois no ano de 1907 ocorreu a primeira greve geral de trabalhadores. 1- Anarco-Sindicalismo: corrente sindicalista, assim chamada a partir da cisão provocada no 5º Congresso da AIT (Primeira Internacional dos Trabalhadores), em Haia, no ano de 1872, adotada pela maioria dos operários do Brasil até a implantação dos sindicatos fascistas pelo Estado Novo de Vargas, em 1930. O anarco-sindicalismo é ao mesmo tempo uma doutrina e um método de luta. Como doutrina, parte do trabalhador, célula componente da sociedade que pretende aperfeiçoar e desenvolver. Como método de luta, pretende a anulação do sistema capitalista pela ação direta, pela greve geral revolucionária e a substituição por uma sociedade gerida por trabalhadores em autogestão. Sua força reside no conjunto de organizações operárias (sindicatos, uniões e federações) voluntárias, livremente associadas. WOODCOCK, George. História das idéias e movimentos anarquistas. Vol. 1. A idéia. Porto Alegre: L&PM, 2002. WOODCOCK, George. História das idéias e movimentos anarquistas. Vol. 2. O movimento. Porto Alegre: L&PM, 2002. RODRIGUES, Edgar. História do Movimento Anarquista no Brasil. In: Universo Ácrata. Florianópolis: Editora Insular, 1999
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