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Estática dos Fluidos Prof. Dr. Osvaldo Nogueira ANGICOS - RN, 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO – UFERSA CAMPUS: ANGICOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DISCIPLINA(S)/ÁREA: HIDRÁULICA ❑ Conceitos Básicos de Hidráulica; ❑ Propriedades Físicas dos Fluidos; ❑ Hidrostática; ❑ Hidrodinâmica; ❑ Condutos Forçados; ❑ Instalações de recalque; ❑ Escoamento Através de Orifício; ❑ Vertedores; ❑ Escoamento em Canais; e, ❑ Hidrometria. Programa da Disciplina ❑ Estática de Fluidos; ❑ Pressão e Empuxo; ❑ Lei de Pascal; ❑ Lei de Stevin; ❑ Manometria: - Experiência de Torricelli; - Escalas de Pressão; - Medidores de Pressão. ❑ Empuxo: - Princípio de Arquimedes; - Módulo do empuxo (horizontais e inclinadas); - Centro de Pressão. Tópicos da Aula É a parte da Hidráulica que estuda os líquidos em repouso, bem como as forças que podem ser aplicadas em corpos neles submersos. Um fluido em equilíbrio não pode estar sob a ação de forças tangenciais ou cisalhantes. Portanto, todas as forças atuantes em um fluido em repouso fazem-no perpendicularmente a sua superfície livre. Estática de Fluidos Pressão e Empuxo Empuxo (E): É a força resultante originada quando se considera o somatório das pressões elementares atuantes. Também denominada de pressão total, matematicamente pode ser obtida pela integral abaixo: Se a pressão for a mesma em toda área (exemplo: superfícies horizontais) Pressão (p): É a força que um líquido exerce sobre a unidade de área de uma superfície. p – pressão, kgf m-2, atm, PSI, m.c.a ; e, dF – elemento infinitesimal de força, L2; dA – elemento infinitesimal de área, MLT-2; Lei de Pascal “Em qualquer ponto no interior de um líquido em repouso, a pressão é a mesma em todas as direções” Enuncia-se: Para a demonstração dessa lei isola-se um prisma com altura dy, largura dx e comprimento unitário. Como as forças atuantes estão em equilíbrio, tem-se que: Figura 1. Forças atuantes em um prisma no interior de um líquido em repouso. AZEVEDO NETTO et al. (1998). Após dedução matemática obtem-se: Lei de Pascal “Qualquer alteração na pressão aplicada em um pequeno volume de um fluido confinado e incompressível é transmitida integralmente a todos os pontos do fluido, bem como às paredes do recipiente que o mantém confinado” Uma leitura mais abrangente do princípio de Pascal é a seguinte (PERES, 2006): Aplicações: os freios, os elevadores, e as prensas hidráulicas são fundamentados nessa lei. Lei de Pascal Lei de Pascal No caso da prensa hidráulica (ou macaco hidráulico) tem-se que: CARVALHO (2012). Outro princípio creditado a Pascal estabelece que: “Um fluido confinado em um recipiente de paredes sólidas, a pressão exercida pelo fluido no recipiente atua perpendicularmente as suas paredes” PERES. (2006). Lei de Pascal Exemplo 1: Calcular a força P que deve ser aplicada no êmbolo menor da prensa hidráulica da Figura 9, para equilibrar a carga de 4.400 kgf colocada no êmbolo maior. Os cilindros estão cheios de um óleo com densidade 0,75 e as seções dos êmbolos são, respectivamente, 40 e 4000 cm2 1. Determinar o peso específico do óleo: 2. Determinar a força P: Lei de Pascal Exemplo 2: O freio hidráulico de um automóvel tem o pistão em contato com o pedal de área igual a 1 cm2. Cada um dos pistões que acionam as lonas do freio tem área de 10 cm2. Quando o motorista aciona o freio com uma força de 20 N, que força cada lona exerce sobre as rodas do automóvel? Aplicando-se a lei de Pascal, tem-se: Lei de Stevin “A diferença de pressão entre dois pontos da massa de um líquido em equilíbrio é igual à diferença de profundidade multiplicada pelo peso específico do fluido” Enuncia-se: Considerando-se que atuam nesse prisma na direção vertical, tem-se que: Cancelando a área na expressão acima, Maior profundidade = maior pressão Lei de Stevin Exemplo 3: A pressão da água na da torneira A, quando a mesma encontra- se fechada, é de 0,28 kgf cm-2. Sabe-se que a diferença entre a saída da torneira e o fundo da caixa d’água é de 2 m. Pede-se: a) a altura do nível de água na caixa d’água? b) Qual a pressão na torneira B, fechada, situada a três metros abaixo da torneira A? 1. Dados: hTOTAL a) b) Manometria a) Experiência de Torricelli (1642) Patm Patm Para determinar o valor da pressão atmosférica, Torricelli utilizou um tubo de vidro com um metro de comprimento, fechado em uma das extremidades e cheio de mercúrio (Hg). Ao colocar a extremidade livre do tubo num recipiente contendo o mesmo líquido, ao nível do mar (g = 9,81 m s-2), e temperatura de 0 °C, ele verificou que a coluna de Hg no tubo alcançou 76 cm. Manometria b) Escalas de pressão: pressão absoluta e pressão relativa A pressão pode ser expressa utilizando-se dois referenciais: o vácuo absoluto e a pressão atmosférica local. Assim: ✓ Quando a pressão é expressa como sendo a diferença entre seu valor medido e o vácuo absoluto denomina-se pressão absoluta; ✓ Quando a pressão é expressa como sendo a diferença entre seu valor medido e a pressão atmosférica local denomina-se pressão relativa. A pressão relativa também é chamada de pressão manométrica e pressão efetiva; Matematicamente são relacionadas por: Manometria b) Escalas de pressão: pressão absoluta e pressão relativa (1) (2) (3) (4) Manometria ❑ Controlar a vazão que escoa em uma tubulação; ❑ Conhecer as condições de operação de um conjunto moto-bomba; ❑ Determinar a vazão e o raio de alcance emitido por um emissor; ❑ Calcular o esforço necessário para abrir comportas e o esforço exercido sobre as paredes de um reservatório; ❑ Determinar o potencial matricial de água no solo. A determinação da pressão tem as seguintes finalidades: Manometria c) Medidores de Pressão ❑ Os equipamentos que medem a pressão nos fluidos são denominados manômetros, e indicam as pressões relativas, manométricas ou efetivas; ❑ Os manômetros que medem somente pressões relativas negativas são chamados de vacuômetros. Os que possuem escala positiva e negativa são conhecidos como manovacuômetros. Os principais tipos de manômetros serão descritos a seguir: Manômetro de líquido ou de coluna líquida São aqueles que indicam a pressão atuante por meio da altura formada pela coluna de líquido no interior de tubos transparentes. A seguir serão apresentados os diversos tipos que se agrupam nessa categoria. Manometria - Qualquer posição em torno do perímetro da tubulação indicará o mesmo valor de pressão; - Mede pressões positivas; e, - Não é apropriado para medir pressões elevadas (1 atm equivale a 10,33 m.c.a.). Manômetro de líquido ou de coluna líquida Consiste em um tudo transparente inserido no local onde se pretende medir a pressão. O líquido circulante se elevará a uma altura h, que corrigida do efeito da capilaridade, dá diretamente a pressão em altura de coluna líquida. 1. Piezômetro pA – pressão em A, kgf m -2 ou N m-2; γ – peso específico do líquido, N m-3 ou kg m-3; h – altura da coluna líquida acima de A, m; CARVALHO (2012). Manometria Exemplo 1: Qual a pressão máxima que pode ser medida com um piezômetro de 3 m de altura, instalado em uma tubulação conduzindo: a) água (ρ = 1000 kg m-3); b) óleo (ρ = 850 kg m-3)? Manometria Manômetro de líquido ou de coluna líquida ❑ É utilizado quando a pressão a ser medida tem um valor grande ou muito pequeno, para tanto é necessário o uso de líquidos manométricos que permitem reduzir ou ampliar as alturas da coluna líquida; ❑ Pode ser utilizado para medir a pressão em líquidos ou gases. Medem pressões relativas positivas e negativas. ❑ O líquido manométrico deve atender aos requisitos: 2. Manômetro de tudo em U - Não ser miscível com o fluido escoante; - Formar meniscos bem definidos; e, - Possuir densidade bem definida. Manometria Manômetro de líquido ou de coluna líquida ❑ Para pequenas pressões os líquidos manométricos mais comuns são: água, cloreto decarbono, tetracloreto de carbono, tetrabrometo de acetileno e benzina; ❑ Para grandes pressões o líquidos manométrico mais adotado é o mercúrio. 2. Manômetro de tudo em U AZEVEDO NETTO et al (2006). Para se determinar a pressão em D, tem-se que: Sabendo que PA = Patm, e substituindo (2) e (3) em (1) (1) (2) (3) Manometria Manômetro de líquido ou de coluna líquida 2. Manômetro de tudo em U Para se obter a pressão em função da densidade dos fluidos envolvidos, basta dividir todos os termos da equação geral para manômetros de tubo em U pelo peso específico da água. Assim: AZEVEDO NETTO et al (1998). Manometria Manômetro de líquido ou de coluna líquida 3. Manômetro diferencial É o aparelho utilizado para medir a diferença de pressão entre dois pontos. CARVALHO (2012). Substituindo (2) e (3) em (1) (1) (2) (3) Ou, fazendo-se o Σ p, tem-se: Manometria Exemplo 2: Um manômetro diferencial de mercúrio (d = 13,6) é utilizado como indicador do nível de uma caixa d’água, conforme ilustra a figura ao lado. Qual o nível da água na caixa (h1) sabendo-se que h2 = 15 m e h3 = 1,3 m? h 1 h 2 h 3 Patm Patm Manometria Manômetro de líquido ou de coluna líquida 3. Manômetro diferencial (caso especial) Pode-se utilizar um manômetro diferencial para medir a diferença de pressão correspondente a perda de energia (perda de carga) entre dois pontos de uma mesma tubulação. Nesse caso, tem-se: PERES (2006). h3 h1 Manometria Manômetro de líquido ou de coluna líquida 4. Manômetro inclinado ou micromanômetro Utilizado para medir pressão ou diferenças de pressões pequenas. A inclinação do tubo tem por finalidade ampliar a escala de leitura. CARVALHO (2012). PERES (2006). Manometria Exemplo 3: Considerando o esquema abaixo e o líquido manométrico com γ = 800 kgf m-3, qual deve ser o ângulo θ para que se tenha um deslocamento de 5 cm quando a diferença de pressão for 0,001 atm (usar o sistema técnico - MKS*)? Manometria Manômetro metálico tipo Bourdon São os medidores de pressão mais utilizados. Permitem a leitura direta da pressão e um mostrador. São utilizados para medir grandes pressões. As pressões são determinadas pela deformação de uma haste metálica oca, provocada pela pressão do líquido na mesma. A deformação movimenta um ponteiro que se desloca em uma escala. Manometria Manômetro metálico tipo Bourdon É constituído de um tubo metálico transversal (seção reta) elíptica que tende a se deformar quando a pressão P aumenta. A calibração é realizada com um manômetro de peso morto. A pressão é obtida pela colocação de massas conhecidas e padronizadas sobre um êmbolo com área também conhecida. Para uma determinada força-peso sobre o êmbolo pode- se calcular a pressão exercida. Manometria Manômetros digitais (eletrônico) Manômetro metálico tipo Bourdon Ocasionalmente pode ser instalado a uma distância (acima ou abaixo) do ponto em que se interesse conhecer a pressão. Se o manômetro for instalado abaixo do ponto de medição, indicará uma pressão maior do que a vigente. Caso seja instalado acima do ponto de interesse indicará uma pressão menor do que a vigente. A pressão ou diferença de pressão provoca a deformação de uma resistência especial (strain gage). Tais deformações alteram a resistência elétrica atuante, a qual é relacionada a pressão por uma equação de empírica. Manometria Exemplo 4: Um manômetro metálico posicionado a 2,5 m acima do centro de uma tubulação conduzindo água indica uma pressão de 14 kgf cm-2. Qual a pressão reinante no centro da tubulação? Manometria Caso especial: Tensiômetro São equipamentos de campo utilizados para determinar diretamente o potencial matricial de água no solo. Esse potencial é relacionado a umidade do solo por meio de equação. Consiste em uma cápsula porosa conectada a um tubo de PVC rígido, e a um manômetro de mercúrio, ou, a um vacuômetro. A z hc h x A B m P= (m) (m) (m) (m) A z hc h x A B m P= (m) (m) (m) (m) Superfície do solo B 21 Empuxo a) Princípio de Arquimedes “Um corpo, total ou parcialmente imerso em um fluido, recebe dele um empuxo igual e de sentido contrário ao peso do líquido deslocado pelo corpo e que se aplica no seu centróide” Enuncia-se: A resultante das forças exercidas pelo fluido sobre o corpo submerso é uma força vertical, dirigida de baixo para cima, denominada de empuxo (E). Matematicamente tem-se que: (1) Substituindo (1) na (2): (2) Corresponde ao peso do volume de líquido deslocado pelo corpo imerso. Empuxo E < P E = P E > P E < P: corpo afunda; E = P: corpo permanece onde foi colocado; e, E > P: corpo flutua. Situação de corpos submersos ou parcialmente submersos: Empuxo a) Princípio de Arquimedes Determinação do empuxo e densidade de corpos submersos: Pa – peso aparente do corpo; Pr – peso real do corpo; E – força de empuxo em líquido de γ conhecida. Empuxo b) Módulo do empuxo para superfícies planas horizontais A pressão sobre uma superfície plana horizontal imersa em um líquido em repouso será a mesma em todos os seus elementos de área dA e agirá sempre perpendicular a ela. p A A força resultante (E) atuará verticalmente no centro de pressão da superfície, que no caso de uma superfície horizontal coincide com o seu centro de gravidade. Empuxo c) Módulo do empuxo para superfícies planas inclinadas A figura abaixo ilustra uma superfície plana irregular de área A imersa em um líquido de massa específica ρ, em um plano que faz um ângulo θ com a superfície livre do líquido. PERES (2006). Empuxo d) Centro de pressão (cp) A força resultante F atuará normal à superfície submersa em um ponto denominado de centro de pressão situado na mesma vertical, porém abaixo, do seu centro de gravidade (Figura abaixo). PERES (2006). dedução Empuxo AZEVEDO NETTO et al (1998). Manometria Exemplo 5: Uma barragem esboçada na figura a seguir, tem 20 m de comprimento e retêm uma lâmina de água de 7 m. Determinar a força resultante (E) sobre o talude de montante da barragem e localizar o seu centro de aplicação (yCP, hCP)? PERES (2006). “Eu tentei 99 vezes e falhei. Mas na centésima tentativa eu consegui. Nunca desista dos seus objetivos mesmo que eles pareçam impossíveis. A próxima tentativa pode ser vitoriosa” Albert Einstein
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