Buscar

CLASSES E MOVIMENTOS SOCIAIS - aula 1 unp

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CLASSES E MOVIMENTOS SOCIAIS
MODOS DE PRODUÇÃO, TRABALHO, CLASSES SOCIAIS E LUTAS DE CLASSES
Claudilene Pereira de Souza
1.1 O processo de trabalho
O trabalho enquanto atividade criadora do ser humano sobre a natureza é tão antigo quanto a raça humana e ele representa um papel fundamental em qualquer modo de produção existente na sociedade. O trabalho realizado pelo homem é o meio indispensável para assegurar a base econômica e social de qualquer sociedade. Neste sentido, o ser humano é o elemento essencial das forças produtivas, uma vez que somente ele é capaz de fazer a “ligação entre a natureza e a técnica e os instrumentos” (COSTA, 2005, p. 121) necessários para a construção de qualquer objeto. A combinação desses elementos em um único processo é chamado de forças produtivas, ou seja, “a cada forma de organização das forças produtivas corresponde a uma determinada forma de relação de produção” (COSTA, 2005, p. 121).
Você sabia? Relação de produção é a maneira pela qual os seres humanos se organizam para realizar determinada atividade produtiva. Essas relações dizem respeito às várias formas “pelas quais são apropriados e distribuídos os elementos envolvidos no processo de trabalho: as matérias-primas, os instrumentos e a técnica, os próprios trabalhadores e o produto final.” Desse modo, as relações de produção podem ser comunais, escravistas, servis ou capitalistas (COSTA, 2005, p. 121).
As forças produtivas e as relações de produção são as condições sócio-históricas de qualquer atividade produtiva na sociedade. A maneira pela qual elas existem e como são reproduzidas em uma determinada sociedade é o que Karl Marx denominou de “modo de produção” (COSTA, 2005, p. 121). Assim, a partir deste momento, estudaremos os principais Modos de Produção do mundo Ocidental.
1.1.1 Modos de produção
A análise dos modos de produção é essencial para compreender o funcionamento econômico, social e político de uma determinada sociedade. Cada um destes modos de produção representa, para Marx, diferentes formas de organização da propriedade, seja ela comunal ou privada e da exploração do ser humano pelo ser humano (COSTA, 2005, p. 122).
· Comunidades Primitivas: também denominadas de comunismo primitivo, foi o primeiro modo de produção existente na história da humanidade. Eram formadas pelos primeiros grupos humanos, que produziam o suficiente para sobreviver. Nessas comunidades, não existia propriedade privada tampouco as relações de exploração, a propriedade era comunal (coletiva), pertencente a toda comunidade, e os resultados do trabalho eram repartidos igualmente entre todos, praticando as relações de colaboração e cooperação entre seus membros. Ao longo do tempo, através do desenvolvimento do processo de trabalho, essas comunidades começaram a conhecer e dominar cada vez mais a natureza, produzindo o excedente econômico, ou seja, quando se produz mais do que se necessita para sobreviver.  A produção de excedente começa a gerar a acumulação de bens, dando início à exploração do trabalho humano, dividindo a sociedade entre os que produzem mercadorias e aqueles que se apropriam do trabalho alheio, ocasionando, assim, o fim das comunidades primitivas, sendo substituída pelo modo de produção escravista.
· Modo de produção Escravista ou Escravismo: o Escravismo se desenvolveu no mundo Ocidental por volta de 3.000 a.C. e perdurou até a queda do Império Romano no ano de 476 d.C. Neste modo de produção, em função das guerras e da produção do excedente, se inicia o processo de escravização de seres humanos. Nesse período nasce a propriedade privada, dando início à divisão da sociedade em classes sociais. A queda do Império Romano significou o fim do Escravismo, dando origem a um novo modo de produção, o Feudal.
· Modo de Produção Feudal ou Feudalismo: o Feudalismo se desenvolveu na Europa, na Idade Média, por volta do século XI e sua estrutura econômica era baseada nos feudos e na agricultura. A partir do século XIV se desenvolvem de novas relações econômicas, a agricultura deixa de ser a principal atividade econômica dando lugar às relações mercantis. Com o desenvolvimento do mercantilismo, o modo de produção feudal entra em declínio e o marco de sua derrocada é a Revolução Francesa, em 1789, dando a origem de um novo modo de produção: o capitalismo.  
· Modo de Produção Capitalista ou Capitalismo: no final do século XVIII e início do século XIX, inicia-se a Revolução Industrial, que é o marco da consolidação do capitalismo. Mesmo com transformações que o capitalismo vem sofrendo nas suas estruturas políticas, econômicas e sociais com o passar dos séculos, este é o modo de produção que vigora até a atualidade.
1.2 A origem da política e da propriedade privada
A política pode ser compreendida como “manifestação dos conflitos sociais e dos interesses das classes sociais que lutam entre si, dentro de uma determinada sociedade nem sempre existiu” (BUZETTO, 2004, p. 80), resultado do nascimento das desigualdades econômicas e sociais. De fato, são essas desigualdades que irão causar a luta política entre as classes sociais, isto é, entre ricos e pobres. Portanto, a política enquanto conflito entre as classes sociais têm sua origem com o surgimento da propriedade privada. Com o nascimento da propriedade privada surgem os primeiros “conflitos sociais, que tem uma origem econômica”, pois a partir do momento que “um grupo de pessoas se apropria da terra e faz dela propriedade particular, surge uma divisão na sociedade entre proprietários e não-proprietários dos meios de produção” (BUZETTO, 2004, p. 80). Os indivíduos que não possuem propriedade são obrigados a trabalhar para aqueles que as detêm, gerando a concentração de riquezas nas mãos de uma minoria da população. Na atualidade, a política é apresentada como uma suposta igualdade, em que todos os cidadãos são iguais, todos têm os mesmos direitos e deveres, todos têm liberdade para decidir sobre seu próprio destino. Porém, analisando a realidade, podemos afirmar que a política é “sinônimo de conflito, disputa e luta entre as classes sociais” (BUZETTO, 2004, p. 81).
Assim, a seguir, veremos sobre o surgimento, o desenvolvimento e as principais correntes teóricas que analisaram a questão do Estado.
1.2.1 Origem e desenvolvimento do Estado
Na Antiguidade, com o surgimento da propriedade privada, além da luta política entre as classes sociais, se origina também um instrumento jurídico, que receberá o nome de Estado, instrumento esse que tem como finalidade “criar leis para defender os interesses dos proprietários de terra, ou seja, do setor ou da classe que tem o poder econômico concentrado em suas mãos” (BUZETTO, 2004, p. 82). O Estado irá se desenvolver na história da humanidade juntamente com a propriedade privada e as inúmeras formas de escravidão (BUZETTO, 2004, p. 82). Desde a Grécia Antiga, filósofos como Platão (Atenas, 429-347 a.C.) e Aristóteles (Atenas, 384-322 a.C.) já se preocupavam em compreender o Estado. Na Idade Média, no Renascimento, outro importante pensador que se debruçou em analisar esse assunto foi Nicolau Maquiavel (Florença, 1469-1527), autor de “O Príncipe” (1532).No período mais atual, as principais teorias que abordam o Estado moderno foram elaboradas pelos chamados contratualistas, entre o início do século XVII e final do século XVIII. Dentre os principais contratualistas destacamos: Thomas Hobbes (Inglaterra 1588-1679), John Locke (Inglaterra, 1632-1704) e Jean Jacques Rousseau (Suíça, 1712-1778). Apesar de suas diferenças nas análises sobre a formação do Estado moderno, eles apresentam uma teoria de Estado de caráter liberal, tendo como tema principal um consenso expresso através de um pacto ou contrato social, “estabelecido entre os homens, sobre a autoridade e normas de convivência social” (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 22). Estas normas de convivência social seriam expressas por meios de leis, aos quais todos os seres humanos teriam que “se submeter, renunciando à sua liberdade individual e natural” (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 22) e é pormeio deste contrato social, isto é, deste pacto/acordo, entre os homens que se constituiria o Estado moderno.
As duas principais correntes de pensamento que se preocuparam em elaborar suas concepções de Estado moderno no pensamento político são: a liberal e a marxista. 
· Concepção liberal: o pensamento liberal de Estado desconsidera o desenvolvimento econômico e os interesses conflitantes entre as classes sociais, desconsiderando também, as lutas de classes como elementos principais e determinantes em uma sociedade dividida em classes, como é o caso da sociedade capitalista. Para os liberais, o Estado é visto como uma instituição neutra e imparcial, que está “acima das classes sociais”, cuja principal função é representar o bem-estar comum da maioria da população independente da classe social à qual o cidadão pertença. Nesta concepção, o Estado é compreendido como instituição autônoma e seu desenvolvimento ocorre como algo natural (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 139-140).
· Concepção marxista: para o pensamento marxista, o Estado difunde uma concepção de suposta igualdade jurídica, mas, na verdade, está suposta igualdade jurídica não elimina em nenhum momento as desigualdades econômicas e sociais. De acordo com a teoria marxista, o Estado não é neutro e nem imparcial, ele representa os interesses da classe dominante com o objetivo de conservar e proteger a propriedade privada dos meios de produção, um instrumento de dominação de uma classe sobre a outra, que vai se manifestar através da coerção, da força e do cooptação. Neste contexto, o Estado é uma instituição que está a serviço do capital e da classe dominante, isto é, da classe burguesa.
De fato, não podemos compreender o Estado apenas como um instrumento de dominação de uma determinada classe sobre a outra, uma vez que é necessário considerar que, no processo de lutas entre as classes sociais, existem muitas contradições, por isso, o Estado também deve ser entendido como uma esfera de desenvolvimento e ampliação de direitos sociais e políticos conquistados historicamente pelo processo de lutas da classe trabalhadora (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 143).
Após o término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Estado continua cumprindo a sua função de contribuir para a acumulação de capital, mas amplia suas características como um “Estado benfeitor” por meio de sua “intervenção via serviços e políticas sociais – direitos políticos e sociais, a democracia, a legislação trabalhista, as políticas e serviços sociais e assistenciais, entre outros” (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 145).
Quando se fala da atuação do Estado como “benfeitor”, isto não significa que ele atua somente para atender aos interesses do capital e da classe dominante, essas ações estatais são fruto da luta de classes, na qual a classe trabalhadora pressiona a classe burguesa e o Estado para responder suas reivindicações e da sociedade em geral. 
Neste processo, repleto de contradições, em alguns momentos, o Estado se vê pressionado a incorporar determinadas reivindicações dos trabalhadores com o objetivo de acabar com uma luta que tenha condições de desestabilizar o sistema. Em outros momentos, o Estado se antecipa respondendo a determinadas demandas da classe trabalhadora para evitar um possível conflito social, a exemplo da luta pela redução da jornada de trabalho (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 145). Deste modo, acabamos de estudar a origem, o desenvolvimento e as principais correntes teóricas que se debruçaram em compreender a questão do Estado. Para compreender os movimentos sociais na atualidade, além das categorias de análise estudadas até o momento, é necessário compreender a origem e desenvolvimento das classes sociais e das lutas de classes. 
1.2.2 Classes sociais
Em toda e qualquer sociedade em que as relações de produção estejam baseadas na propriedade privada, tais como escravismo, feudalismo e capitalismo, existem uma exacerbada divisão social do trabalho, promovidas pelas relações de produção, que dividem os seres humanos em proprietários e não-proprietários dos meios de produção. São estas relações que geram as desigualdades econômicas, políticas e sociais, por isso, estas relações de produção é que constituem a para a formação das classes sociais.
Em toda sociedade na qual exista a propriedade privada, a classe explorada, dominada e subjugada, sempre será formada, quantitativamente, pela maioria da população e a classe dominante, ou seja, a classe que explora, sempre será, quantitativamente, formada pela minoria da população.
Na história da humanidade, cuja estrutura esteja baseada na propriedade privada, sempre haverá duas classes sociais fundamentais antagônicas, isto é, duas classes opostas, que se contrapõem.  
· No Escravismo, as duas classes fundamentais eram: os amos (proprietários de terras e escravos) e os escravos (não proprietários), submetidos as mais diferentes formas de violência e exploração da força de trabalho. 
· No Feudalismo, as duas classes principais eram: os senhores feudais (proprietários dos feudos, ou seja, das terras) e os servos (não proprietários), que também eram super explorados dos pelos senhores feudais.
· No Capitalismo, as duas classes fundamentais são: a burguesia (proprietária dos meios de produção, como: bancos, comércios, terras e indústrias), que explora a força de trabalho com o objetivo de obter o lucro e o proletariado/classe trabalhadora (não proprietário) que, por não possuir os meios de produção, é obrigado a vender sua força de trabalho em troca de um salário. No capitalismo, a força de trabalho também se constitui em uma mercadoria (MARX; ENGELS, 2012, p. 38).
As relações entre os indivíduos que possuem e os que não possuem os meios de produção provocam o antagonismo, a oposição entre as classes sociais, originando a luta de classes.
De acordo com Marx, estas classes são inconciliáveis porque têm interesses opostos. A burguesia tem como objetivo preservar a propriedade privada dos meios de produção para obter o lucro, para isso, vai explorar o trabalhador ao máximo. O trabalhador, por outro lado, irá lutar para que esta exploração diminua por meio de melhores salários e condições de trabalho. Não temos como falar das lutas que ocorrem entre as classes sociais antagônicas, no caso da sociedade capitalista, entre burguesia e proletariado, sem abordamos o processo denominado de formação da consciência, uma vez que classes sociais, consciência de classe e lutas de classe são “dimensões de um mesmo processo”, por isso, não podem ser analisadas separadamente (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 98). 
A partir de agora veremos as três fases da formação da consciência, a saber: consciência social ou senso comum; consciência reivindicatória ou sindical e consciência de classe.
1.3 Processo de formação da consciência
A consciência é “determinada pela objetividade (a realidade) e a subjetividade (dos sujeitos que dela fazem parte)” que se unem “em um único processo” (MONTAÑO e DURIGUETTO, 2011, p. 98), pois “a mera vivência das pessoas sobre a(s) realidade(s) sociais determina um tipo de consciência, mas esta última pode se desenvolver de diversas formas e níveis, em função do tipo de inserção e apreensão na/da realidade, individual, grupal ou humano-genérica” (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 98). É a vida cotidiana que irá caracterizar a primeira forma de consciência, denominada de consciência social ou senso comum.
1.3.1 A primeira fase da consciência: consciência social ou senso comum
A consciência individual é formada no dia a dia do indivíduo e, nesta primeira fase, o ser humano passa a ver e a compreender o mundo a partir de suas necessidades particulares e imediatas (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 99). 
Segundo Montaño e Duriguetto (2011, p. 101), Antonio Gramsci denomina esta primeira fase de senso comum, que é “uma forma acrítica e rudimentar de conhecer o mundo”, ou seja, o indivíduo irá pensar a realidade como algo já pronto e acabado, não vendo possibilidades de mudanças na realidade concreta, já que, para ele, o mundo “semprefoi assim e sempre será”, não há como transformá-lo.
1.3.2 Segunda fase de formação da consciência: consciência reivindicatória ou sindical
A consciência sindical atinge, no máximo, um nível reivindicatório e, geralmente, se desenvolve nos trabalhadores organizados em sindicatos, que ainda não adquiriram um conhecimento científico e crítico da realidade. Nesse processo, irá se formar no trabalhador a consciência-em-si, o que antes era vivenciado individualmente, passa a ser vivenciado coletivamente. A realidade passa a ser vista como algo comum e não apenas como questões individuais (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 103). Há outros movimentos sociais que realizam a luta reivindicatória, tais como feminista, ambiental, associações de moradores de bairros etc. Essas lutas são importantes, uma vez que, na prática, melhoram as condições de vida das pessoas, porém, não têm como objetivo transformar a ordem capitalista vigente (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 103-104). 
Entretanto, enquanto esses trabalhadores permanecerem no processo de consciência reivindicatória sem conseguir analisar em sua totalidade o processo de exploração que a sociedade capitalista lhes impõe, não irão conseguir transformar o sistema de exploração vigente (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 104). 
De fato, a transição da “consciência reivindicatória para a consciência da totalidade da realidade social”, é o que Marx irá chamar de “transição da ‘classe em si’ a ‘classe para si’” (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 103-104).
1.3.3 Terceira fase da formação da consciência: consciência de classe
A consciência de classe desenvolve-se no processo de superação da visão imediatista, limitada e alienada da vida cotidiana. É nesse processo que ocorrerá a transformação da consciência-em-si para uma consciência-para-si, formando, assim, uma consciência de classe (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 110). 
A consciência de classe, diferentemente do senso comum e da consciência sindical, procura entender a realidade em sua totalidade, pois “os interesses imediatos e individuais, ou até de grupos” (MONTAÑO; DURIGUETTO, 2011, p. 110), produzem espaços para os interesses políticos e sociais mais amplos, para os interesses da classe trabalhadora como um todo. Assim, “a consciência de classe é inseparável da luta de classes”, uma vez que ela é fundamental para se fazer a luta revolucionária, que caminhe para além das reivindicações econômicas (MONTAÑO e DURIGUETTO, 2011, p. 110). 
1.4 Organização política das classes e as configurações das lutas sociais no capitalismo
O processo de desenvolvimento do capital e do capitalismo pelo mundo é profundamente desigual e contraditório. O modo de produção capitalista se desenvolve com uma intensidade e velocidade diferentes em cada região, país e em diferentes momentos históricos. Sendo assim, as classes sociais também sofrem transformações, pois seu desenvolvimento em nível internacional também é desigual.
Em relação à classe trabalhadora existem muitas diferenças no que se refere às condições de vida, de trabalho e de exploração da força de trabalho, por exemplo, existem trabalhadores com distintos padrões salariais, níveis diferentes direitos trabalhistas assegurados, com diversos níveis de organização sindical.
A situação sócio-histórica e econômica de cada trabalhador é diferente, variando de região para região, de uma categoria profissional para outra, de um setor da economia para outro, de um país para outro. Por exemplo, o salário de um operador de máquinas, no Brasil, não é igual ao salário de um operador de máquinas na França, assim como o salário de um engenheiro não é igual a de um trabalhador que atua comércio. 
Em relação à classe burguesa, ela se divide em frações ou setores de classe, a saber, grande, média e pequena burguesia, e atua também nas mais variadas atividades econômicas, tais como: burguesia industrial (proprietária de indústrias); burguesia financeira (proprietária de bancos); burguesia comercial (proprietária de comércio) e burguesia agrária (proprietária de terras). Independentemente da fração de classe à qual pertença, elas formam uma única classe, a burguesia, que tem como objetivo explorar a força de trabalho para obter cada vez mais lucros.
Contudo, no processo da luta de classes, nem todo indivíduo irá defender os interesses da classe a qual pertence, neste sentido, temos que compreender o que significa situação de classe e posição de classe.
1.4.1 Situação de classe
Situação de classe é a situação que o indivíduo ocupa no processo de produção. É uma situação concreta, que está relacionada à condição do indivíduo na sociedade e na economia, ou seja, se o indivíduo detém os meios de produção, sua situação de classe é burguesa, porém, se o indivíduo não detém os meios de produção e vende a sua força de trabalho em troca de um salário, sua situação de classe é proletária (BUZETTO, 2004, p. 83).
1.4.2 Posição de Classe
Posição de classe é a posição política assumida pelo indivíduo no processo da luta de classes, ou seja, é quando este indivíduo, direta ou indiretamente, defende os interesses da outra classe e não da qual ele pertence. Por exemplo, o indivíduo pode ter sua origem econômica na classe trabalhadora, porém pode defender os interesses da classe burguesa, ou ao contrário, o indivíduo pode ter sua origem econômica na classe burguesa e defender os interesses do proletariado (BUZETTO, 2004, p. 83).
Assim, você poderá perceber que esses dois elementos, situação de classe e posição de classe, estão diretamente ligados às lutas de classes e ao processo de formação da consciência, que são fundamentais para compreendermos as relações econômicas, políticas e sociais que envolvem o Estado Moderno e suas relações com o modo de produção capitalista.

Outros materiais