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1 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Exantemas de origem viral: Sarampo, Rubéola e Eritema Infeccioso. Essas doenças são infectocontagiosas, acabam acompanhando um quadro cutâneo (Rash-cutâneo) determinado pela ação de um vírus. Os exantemas podem ser: Eritematosos: as lesões são maculopapulares, não infecciosas, vírus não está presente na manifestação da pele, a transmissão é de outra maneira. • Sarampo; • Rubéola; • Eritema infeccioso. Bolhosos: a lesão é infecciosa, é o sítio de ação do vírus. • Varicela; • Herpes. Sarampo É uma doença que tinha sido erradicada no Brasil, no entanto, ela tem se espalhado novamente (mais de 3.000 casos em 2019). Agente causador: Morbilivirus, vírus com RNA envelopado. Ele tem RNA, capsídeo e, cobrindo este, o envelope de lipídios. No envelope, estão suas espículas (ou glicoproteínas), as quais são sua parte infectiva. Suas glicoproteínas são: F (induz fusão célula-célula, formando o Sincício, células gigantes e multinucleadas, que auxiliam a tornar o sarampo muito contagioso), HN, H e G (reconhecem, tropismo celular, vão se ligar nos receptores das nossas células, nos ácidos ciálicos das nossas células). O Sarampo é uma doença de notificação compulsória, ou seja, se algum médico encontrar um paciente com ela, ele necessariamente precisa notificar; Sincício: células gigantes, multinucleadas, com inclusões intranucleares que ocorrem nos tecidos linfoides do corpo. Formação do Sincício permite que o vírus acabe se disseminando e escape da detecção de anticorpos (pois no momento que ele está dentro de muitas células ao mesmo tempo não consegue ser identificado), culminando em grande replicação viral (por isso Sarampo é altamente contagioso); Patogenia: transmissão é pela inalação pelo trato respiratório de gotículas de pessoas contaminadas Vai ocorrer a replicação nas células epiteliais do trato respiratório (cerca de 3 dias) Depois o vírus infecta monócitos e linfócitos, se disseminando para lugares distantes (pulmões, sistema linfoide, amigdalas, trato gastrointestinal) e levando a uma viremia primária (que ainda não são os sintomas característicos da doença) Disseminação extensa, desenvolvendo viremia secundária, quantidade maiores de vírus, levando então 1 semana (período de incubação) Vírus acaba se propagando para outros locais como conjuntiva, trato respiratório e indo para células epiteliais. O Exantema Maculopapular é causado pela infecção das células T, que acabam se direcionando para células epiteliais e infectando-as (elas que revestem capilares sanguíneos) A recuperação pode levar até 15 dias, grande maioria se recupera, tendo imunidade vitalícia. Entretanto, alguns podem ter complicações, podendo chegar ao óbito, pneumonia e encefalites. Uma outra complicação possível, porém mais rara, é a Panencefalite esclerosante subaguda, causada por variante defeituosa pelo sarampo gerada na fase aguda da doença. Essa variante mutante permanece no corpo e anos depois acabam provocando efeitos citopatológicos em neurônios. Transmissão: inalação de gotículas do trato respiratório de pessoas infectadas pelo vírus. Pico da transmissão ocorre durante o período de 2-3 dias que antecede o exantema (antes de sair o exantema vai estar no período prodrômico); Período de incubação: 8-12 dias; Período prodrômico: 2 a 4 dias, sintomas: • Febre alta (no pico); • Espirros, rinorreia e tosse (infecções no trato respiratório); • Conjuntivite associada a fotofobia; • Enantema de Koplik (2 dias antes do exantema). Manchas de Koplik: ficam na altura dos pré-molares, são pequenas placas avermelhadas com pontos brancos 2 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 centrais na mucosa oral, no lado oposto aos molares inferiores. Os exantemas, manchas na pele, começam atrás da orelha e se espalham pelo corpo de 12 a 24h depois das manchas de Koplik. Exantemas: surgem pelo 14º dia do início da infecção, quando os anticorpos se tornam detectáveis, viremia vai desaparecendo e febre regredindo. Podem levar de 2 a 8 dias e suas lesões têm aspecto morbiliforme, são confluentes, aglomeradas. Exantemas aparecem nas palmas das mãos também (maculopapulares); Complicações: são raras, ocorrência da febre for por mais de 3 dias depois do aparecimento do exantema é um alerta para complicações. (sistema imune não está detendo o vírus): • Otite média aguda (mais comum) • Pneumonias intersticiais • Meningoencefalite (sequelas) • Panencefalite esclerosante subaguda, que pode levar a neurodegeneração (PEES ou SSPE). Pacientes de risco: • Desnutridos; • Indivíduos com higiene precária; • Gestantes. Diagnóstico: é basicamente clínico, na anamnese é possível desconfiar do sarampo pelo Enantema de Koplik, os exantemas... geralmente não se faz confirmação laboratorial, mas é possível (lesões não são tão características em pacientes imunodeprimidos). A confirmação pelo exame laboratorial é feita com coleta na nasofaringe, conjuntiva, coleta de sangue, etc. Após enviado par análise, pode procurar a IgM específica, isolamento do vírus geralmente não é feito, e detecção molecular pelo PCR. Prevenção: Já que não existe antiviral, é importante prevenir com a vacina viva e atenuada. Primeira dose é nos 12 meses de idade (é uma tríplice para caxumba, sarampo e rubéola). Aos 15 meses, segunda dose (tetra- viral, caxumba, sarampo, rubéola e varicela). A cada 10 anos a tríplice viral novamente. Rubéola Também conhecida como Sarampo Alemão (pois antigamente era difícil fazer a distinção entre as doenças e ela foi diferenciada por médicos alemães). É muito mais discreta do que o sarampo (a pele não descama). É menos contagiosa porque não forma o Sincício. Agente causador: Rubivírus, também é de RNA e envelopado, apresentando informação genética de RNA, capsídeo e envelope com as espículas. Transmissão: inalação de gotículas, perdigotos, do trato respiratório de pessoas infectadas pelo vírus e através da placenta. Pico da transmissão é no período prodrômico, período que antecede o exantema; Período de incubação: 12- 21 dias; Patogenia: Ocorre replicação inicial na nasofaringe e nos linfonodos locais, podendo levar a uma linfadenopatia. Em seguida, vírus se dissemina pela corrente sanguínea e órgãos internos como baço, outros linfonodos e para pele. Origem do exantema é incerta, é decorrente de uma vasculite mediada pela ligação antígeno-anticorpo (que leva a lesões). Impacto principal é sobre o feto. Uma semana após a infecção, ocorre nova multiplicação nos tecidos, leva a uma nova viremia e localização do vírus no trato respiratório, pele, placenta, rins. Depois da doença, o paciente fica com imunidade permanente, anticorpos atravessam placenta e protegem o recém- nascido. Período prodrômico: 1 a 3 dias, sintomas: • Febre baixa; • Coriza sem importância clínica; • Conjuntivite mínima/ ausente; • Linfadenopatias; • Enantema palatal. 3 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Enantema palatal: Também conhecido como manchas de Forcheimer, é caracterizado por lesões puntiformes, rosadas nas amigdalas e pilares do céu-da-boca. Exantema: Aspecto morbiliforme, confluentes, aglomerados, porém mais leves do que no Sarampo. Após seu aparecimento, vírus permanece detectável apenas na nasofaringe (onde pode permanecer por semanas). Pacientes apresentam artralgia e artrite (dor nas articulações em adultos). Complicações: são raras nos adultos, geralmente é muito leve. • Dores nas articulações; • Encefalite; Pacientes de risco: • Gestantes. A maior complicação ocorre se a mãe não tiver anticorpos durante a gestação, pois vírus pode se replicar na placenta e acaba se disseminando para o suprimento sanguíneo fetal. No feto,ele pode se replicar na maioria dos tecidos, afetando o desenvolvimento do feto, seu tamanho, alterações na dentição ou ainda aborto ou rubéola congênita. Pode levar à catarata, anormalidades cardíacas e surdez. 8 primeiras semanas de gestação são as mais críticas, as que mais podem provocar alterações no feto. Diagnóstico: o diagnóstico clínico não é confiável, pode confundir com diversas outras doenças que possuem sintomas semelhantes. Médico vai solicitar exames sorológicos, sangue de 2 semanas após o exantema é importante pois é ali que ocorre a segunda viremia, podendo encontrar os anticorpos IgM específicos para Rubéola. Antes do período da soro conversão, se pode fazer a detecção do RNA viral via PCR. Prevenção: Já que não existe antiviral, é importante prevenir com a vacina viva e atenuada. Primeira dose é nos 12 meses de idade (é uma tríplice para caxumba, sarampo e rubéola). Aos 15 meses, segunda dose (tetra- viral, caxumba, sarampo, rubéola e varicela). A cada 10 anos a tríplice viral novamente. Mulheres grávidas não podem fazer essa vacina pois ela é viva e atenuada. Eritema Infeccioso A erupção é eritematosa e localizada sobre as eminências malares bilateralmente. A erupção é macular, não há pápulas, vesículas ou pústulas. Esse vírus também faz o Sincício na medula óssea. Agente: Parvovírus humano (pois homem é o único reservatório) B19- vírus de DNA não envelopado e muito resistente (a radiações, solventes, ph). Transmissão: Geralmente durante os sintomas gripais no estágio febril inicial do período prodrômico. Período de incubação: 1 a 2 semanas. Período Prodrômico: Geralmente é assintomático. Porém, pode haver: • Febre baixa; • Mialgia; • Cefaleia; • Linfadenopatia. Patogenia: Tem preferência por células de origem eritróide, destruindo-as e levando a uma resposta imunológica, causando os sintomas de erupção cutânea e artralgia. Estudos sugerem que ele replica no trato respiratório, dando primeiros sintomas e logo se dissemina para corrente sanguínea, levando a viremia. Nessa viremia, vai para medula óssea, parando a produção de eritrócitos pois o vírus acaba destruindo seus precursores. Em seguida, os anticorpos acabam sendo produzidos, acabam soroconvertendo, e eles vão interromper a viremia, permitindo a recuperação do paciente. Entretanto, eles podem agravar os sintomas da 4 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 doença, vindo seu secundo estágio com sintomas mediados pelo sistema imune (erupção cutânea e artralgia). Exantema cutâneo macular: parece uma bofetada nos 2 lados do rosto. Exantema: 3 etapas. 1ª parte: começa se espalhando nas bochechas e boca com palidez perioral; 2ª parte se dissemina para os membros, com erupção maculopapular, aspecto rendilhado 3ª parte: recuperação do paciente. Entretanto, exantema pode reincidir por algum estímulo Pacientes de risco: • Gestantes. A maior complicação ocorre se a mãe não tiver anticorpos durante a gestação, pois vírus pode se replicar na placenta e acaba se disseminando para o suprimento sanguíneo fetal. No feto, ele pode afetar os precursores dos eritrócitos, causando anemia grave e insuficiência cardíaca congestiva, levando a hidropsia fetal e ao aborto. Ocorre antes das 20 semanas de gravidez; • Pacientes com anemia crônica/falciformes: por serem imunocomprometidos tem falência na produção de anticorpos, resultando em viremia persistente, não vão eliminar vírus, levando a uma aplasia eritroide pura (medula vai produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas insuficientes). Diagnóstico: o laboratorial se baseia no quadro clínico, raramente exame é solicitado pelo médico. Para diferenciar da rubéola as vezes pesquisa da IgM específica é solicitada ou detecção viral por PCR. Tratamento: não existe antiviral específico nem vacina para fazer a prevenção. Quando doença ocorre em imunodeprimidos, pode tratar com imunoglobulina humana por meio intravenoso. Quando ocorre a infecção fetal, se pode tentar fazer transfusão sanguínea intraútero. Herpes É um exantema vesicular, logo o vírus está presente na lesão. Os herpes vírus são envelopados e são de DNA, apresentam características em comum, como a morfologia do vírion, modo de replicação, capacidade de estabelecer infecções latentes e recorrentes, etc. Geralmente agrupados em 3 famílias (alfa, beta e gamaherpesvírus). Variam em célula-alvo primária, sítio de latência e modo de disseminação. Estrutura: são grandes e envelopados com DNA, apresentam capsídeo em formato de icosadeltaédrico (subunidades de proteínas, capsômeros). Seu envelope é formado por glicoproteínas que vão servir para adesão e fusão (leva Sincício para escapar do sistema imune). Herpes Simples São causadas por 2 tipos de vírus: HSV-1 e HSV-2. São endêmicos em todo o mundo, cerca de 1/3 da população mundial tem infecções causadas por esses vírus e 2/3 carrega ele consigo sem manifestar sintomas. Ele tem em seu envelope proteínas (gB-gN) com a função de adesão, tropismo celular das nossas células. A proteína gB também tem a função de fusão. O núcleo capsídeo tem aproximadamente 162 capsômeros e é envolto por uma proteína de preenchimento, o tegumento. Transmissão: O primeiro contato com o HSV normalmente acontece com o tipo 1 (predominantemente labial) na infância antes dos 5 anos (só 10% manifestam sintomas) ou por contato direto na adolescência. São lesões orofaciais e labiais, também pode aumentar as chances de desenvolver o tipo 2. A doença causada pelo tipo 2 acomete majoritariamente adultos e adolescentes sexualmente ativos (é predominantemente genital, 90%). Estudos mostram que a maioria dos casos são assintomáticos (de 70-90%). 5 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Essencialmente se transmite por contato direto com vesículas ou fluido vesicular contendo o vírus (vírus está presente na lesão). Entretanto, as lesões podem não estar aparentes, podendo ocasionar a transmissão do vírus sem manifestação da lesão, já que ele pode já ter feito o movimento retrógrado (só não transmite com o vírus em estado latente). O tipo 1 pode ser transmitido principalmente por saliva, beijo, contato direto com a lesão (exemplo: profissionais ao tratar a lesão). O tipo 2, essencialmente via contato sexual, por parto de mãe com lesões ativas. Período de incubação: 2 a 12 dias. Patogenia: Tanto o HSV-1 quanto o HSV-2 inicialmente infectam e se replicam em células muco-epiteliais e podem causar doenças no ciclo de infecção (infecção primária), estabelecendo infecção latente no neurônio que enerva a área. Tendo infecção primária ou não, vírus vai fazer movimento retrógrado, vai se transportar até o gânglio próximo da região, no caso na face são os gânglios trigeminais (HSV oral) e sacrais (HSV genital), e ali fica latente. As células do sistema imune (geralmente TCD-8 e gama interferon) são importantes para mantê- lo nesse estado de latência. Com a reativação por algum estímulo por estresse, trauma, febre, excesso de sol, o vírus faz movimento anti-retrógrado e retorna ao local do sítio de infecção inicial, podendo produzir uma infecção inaparente ou as lesões vesiculares. Quando finaliza a lesão, o tecido geralmente se regenera, logo quando ele volta, ele sempre causa lesão na mesma região (em função da resposta imune de memória geralmente a infecção recorrente é mais leve do que a primária). O problema maior ocorre quando o paciente é imunossuprimido, tem ausência de anticorpos, os quais são dirigidos contra as glicoproteínas do vírus e limitam sua disseminação. Na ausência de imunidade celular, imunossupressão, a recorrência da infecção pelo vírus é bem mais grave e pode se espalhar para órgãos vitais e cérebro. Exantema: Vesícula clara sobre base eritematosa, começa vermelho macular e emcima da lesão progride para lesões pustulares, úlceras e depois seca virando lesão crostosa. Vírus que causa lesões oculares pode levar a ceratoconjuntivite, podendo lesionar córnea, cicatriz e até causar cegueira. Geralmente lesões estão ao redor da boca (podendo estar dentro da boca na língua, gengiva, palato...). Na lesão primária em algumas crianças, por não ter células de memória, anticorpos para combater o vírus, ele pode se disseminar e levar a uma gengivoestomatite (pegando boca, estômago e esôfago). Outro tipo de lesão é a paroníquia herpética se estabelece nos nervos dos dedos através de cortes na pele (ocorre majoritariamente em médicos, enfermeiras, crianças que chupam o dedo, etc). Pacientes de risco: • Recém-nascidos; • Imunossuprimidos. Complicações: Pode ocasionar diversas complicações, tais como: • Encefalite (destruindo lobo temporal, podendo levar a convulsões. Pode ser fatal para neonatos); • Ceratoconjuntivite; • Gengivoestomatite; • Faringite; • Estomatite; • Traqueobronquite. Diagnóstico: Pode ser basicamente clínico, médico pode visualizar as lesões ou pode solicitar raspagem da lesão/líquor das vesículas e mandar para o laboratório para análise. No laboratório, é possível visualizar a porção Citopatologia, o Sincício (gigante e multinucleado), a presença do antígeno por imunofluorescência ou ainda através de PCR procurar o DNA viral. A sorologia é útil apenas para o diagnóstico de infecção primária, já que dificilmente se vai encontrar anticorpos suficientes na infecção recorrente. Tratamento: Antivirais anti-herpéticos que vão inibir a DNA-polimerase viral (aciclovir, penciciclovir são 6 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 exemplos). O problema desses antivirais é que eles só param a replicação do vírus, não podem eliminar a infecção latente no neurônio. Prevenção: Evitar contato direto ajuda (mas vírus pode estar inaparente), profissionais da saúde devem ter cuidado ao tratar pacientes, lavar mãos com água e sabão (vírus é envelopado, mais sensível), não compartilhar objetos com indivíduo contaminado, mulher grávida com infecção genital ativa deve fazer cesariana. Não existe vacina contra o herpes. O papel das defesas do hospedeiro nas infecções é prevenir infecção primária e manter o vírus em latência para evitar que ele se dissemine, logo paciente imunossuprimido precisa tomar muito cuidado. Varicela Zoster O vírus é causado pelo herpesvírus humanos tipo 3 (alfaherpesvírus). Na infecção primária, é chamada de catapora. Ele tem estrutura morfológica igual ao HSV e esse vírus também se replica de maneira semelhante; se replicam nas células T, células epiteliais e epidérmicas. Também estabelecem infecções latentes em neurônios. Transmissão: Através da inalação de gotículas de secreções respiratórias, perdigotos, saliva ou contato direto com a lesão. A replicação primária é nas amigdalas e mucosas do trato respiratório. Período de incubação: 14 dias Período prodrômico: Se torna contagioso 2 dias antes do aparecimento do exantema. Patogenia: Transmissão ocorre por gotículas que acabam entrando pelo trato respiratório e replicam em suas células. Depois, migram para os vasos linfáticos e replicam nos linfonodos. Após esse período, acabam indo para o fígado, baço, sistema reticuloendotelial e células T, causando a viremia primária (sem sintomas). Viremia secundária ocorre de 11-13 dias após a infecção, se disseminando para todo o corpo e causando sintomas como febre, mal- estar e cefaleia. Vírus vai infectando células T, as quais vão migrar para pele e transferir vírus para células epiteliais cutâneas e gerar lesão característica. Vírus também vai para o pulmão e se replica lá, principal fonte de contágio. Vírus causa exantema vesiculopapular e também torna- se latente em raízes dorsais ou nervos cranianos após infecção primária. Exantemas: Se disseminam por todo corpo, principalmente no tronco e na cabeça. Também vai para o couro cabeludo e em geral é muito mais branda na infância. Pode ser grave nos adultos, gerando pneumonia viral intersticial. Cada lesão é maculopapular, eritematosa, vermelha e elevada, em cima da base forma vesícula característica que pode possuir o vírus. Após 12h, a vesícula se torna pustular e começa a formar uma crosta. Lesões são pruriginosas, logo causa coceira, podendo causar infecções bacterianas secundárias ou cicatrizes no local. Complicações: • Impetigo secundário (doenças bacterianas que infectam epiderme); • Pneumonia intersticial; • Meningite ou meningoencefalite; • Herpes Zoster (durante imunossupressão). Diagnóstico: Majoritariamente clínico, mas pode ser examinado via laboratório em função do Sincício. Imunofluorescência e PCCR também podem ser utilizados. Tratamento: Nas crianças, se trata os sintomas (coceira, febre) com anti-histamínico, higiene e banho (antisséptico para não levar a infecção secundária), analgésicos, antibiótico (se for infectado secundariamente por bactérias), antivirais para infecções graves. Prevenção: Vacina tetraviral atenuada nos 15 meses. Herpes zoster Pacientes que tiveram catapora na infância, ela pode ser reativada durante imunossupressão. Vírus estava latente em algum gânglio e se manifesta por comprometimento como Herpes Zoster (Cobreiro), o 7 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 qual não se dissemina como a catapora, fica na região como se fosse um cinturão. Transmissão: Paciente que tem Herpes Zoster pode transmitir para outras pessoas via contato direto com a lesão, levando ao trato respiratório (se indivíduo que for infectado não teve infecção primária, vai se manifestar como catapora). Manifestações clínicas: Lesões maculopapulares vesiculares que não se disseminam pois anticorpos já tinham sido produzidos na infecção primária, limitando sua ação. Cinturão se forma pois há comprometimento do sistema imune, ele vai se replicar e vai ser liberado em toda via neural, infectando a pele. Complicações: • Hipersensibilidade (neuralgia, dor); • Conjuntivite; • Pneumonia; • Encefalite. 8 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Meios de cultivo Para cultivar bactérias em laboratório, precisamos de meios de cultura, os quais são constituídos de nutrientes para dar suporte, água, ph ajustado na medida em que tem claro que tipo de microrganismo se quer cultivar. Após confecção do meio, se distribui, seja em tubo de ensaio ou placa de petry, o meio no material apropriado. Depois se faz a esterilização para cultivarmos apenas o que desejamos; Ágar (ex: nutriente) = meio de cultivo que são acrescidos de ágar em uma concentração de 1,5%, são os meios sólidos. Podem ser distribuídos em placas de petry ou tubos de ensaio. Caldo = estado liquido, distribuído em tubo de ensaio; Semi sólido = tem ágar em concentração inferior como 0,5 – 0,8%, usado em situações específicas como para ver o movimento bacteriano; Classificação • Quimicamente definido: conheço com exatidão sua composição; • Complexo: não tenho conhecimento exato, sei quais são componentes, mas sem exatidão. Exemplo, sei que tenho estrato de carne, mas não exatamente o que o compõe; • Seletivo: tem inibidores em sua composição, tenho como objetivo inibir outros grupos de microrganismos para isolar grupo que tenho interesse. Resumidamente, é um meio que favorece o crescimento de algumas bactérias e inibe o crescimento de outras. • Diferencial/Indicador: adiciono a composição do meio algum componente que me favoreca na identificação das colônias. Resumidamente, é um meio que evidencia uma característica bioquímica ou fisiológica do microrganismo de interesse. Meio seletivo e diferencial:É um meio que favorece o crescimento de algumas bactérias inibindo o crescimento de outras E ao mesmo tempo apresentam substâncias que irão evidenciar uma característica bioquímica do microrganismo de interesse. • Enriquecimento: empregado quando tenho amostra em que se procura microrganismo em pequenas quantidades nessa amostra, se adiciona substancia que o microrganismo que estou visando consegue degradar com facilidade e outros organismos não, para conseguir diferenciar ele. Resumidamente, este meio estimula o crescimento de microrganismos de interesse quando presente em pequeno número em relação a microbiota acompanhante. • Redutor: componentes que se ligam ao oxigênio, tornando-o indisponível para o microrganismo (usado em cultivos de seres anaeróbios). Resumidamente, são meios que empregam substâncias oxi-redutoras. Permite o crescimento de bactérias anaeróbias, por capturar o oxigênio livre. Exemplo: Ágar MaConkey, é chamado de meio complexo, podendo ser composto por Peptona de carne, a qual tem sua composição variada. Também é meio seletivo porque tem sais biliares e cristais violeta, que inibem bactérias gram-positiva, apenas negativas crescem. Também é diferencial porque tem lactose e indicador de ph vermelho neutro, quando bactéria degrada lactose, ela libera ácido e o ph vai indicar cor rosa. Se bactéria não fermenta lactose, fica bege, ph não acusa. Condições de cultivo Temperatura, ajustada em estufa, se coloca em temperatura ótima do microrganismo que eu quero cultivar; Atmosfera gasosa, preciso conhecer qual a atmosfera gasosa que o microrganismo precisa para conseguir se multiplicar. Jarra de anaerobiose remove oxigênio e adiciona gases necessários para determinado microrganismo, por exemplo. 9 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Semeadura por esgotamento Seu objetivo é isolar colônias, que podem ser de diferentes microrganismos. Para isso, eu tenho placa onde se faz a semeadura, o material desconhecido e a minha alça bacteriológica que vou usar para fazer a semeadura. Na primeira etapa, vou homogeneizar meu material. Depois vou flambar minha alça, do cabo em direção a ponta, flambo boca do tubo, introduzo a alça, fecho e largo o tubo. Depois pego a placa e passo a semeadura em forma paralela, em zigue-zague, aproveitando toda a superfície do ágar. Depois esterilizo alça novamente e coloco placa na estufa 10 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Infecções bacterianas da pele A classificação delas vai depender das camadas da pele e tecidos moles envolvidos. Parte mais externa da pele é a epiderme, onde está o extrato córneo, fileiras de células mortas e queratina. A derme contém os folículos pilosos, ductos de glândulas que podem proporcionar vias de passagem para os microrganismos entrarem. A hipoderme é a camada subcutânea onde temos os vasos sanguíneos, e, abaixo, temos a camada muscular cobrindo a fáscia Infecção dos tecidos moles A introdução direta da bactéria/fungo é a via mais comum de infecção cutânea, elas variam de brandas até infecções agudas potencialmente letais. Poucas espécies estão envolvidas nas infecções comuns. Divisões das infecções: • Formação de abcesso = Foliculite, Furúnculo, Carbúnculo; • Infecções disseminadas = Impetigo, Erisipela, Celulite; • Infecções necrosantes = Fasciite necrotizante, Gangrena Gasosa. Agentes causadores: • Staphylococcus aureus = relacionado a pequenas infecções cutâneas ou serias infecções/feridas pós operatórias. A infecção pode ser adquirida a partir de uma alta inoculação, a partir de um sítio colonizado, podemos colonizar ela no nariz, portar essa bactéria sem apresentar sintomas. Ou por uma fonte exógena. Indivíduos colonizados no nariz podem sofrer de furúnculos recorrentes, mas é necessário a inoculação de MUITOS organismos para ocorrer ferida. Além disso as infecções cutâneas do tecido mole causadas por cepas multirresistentes são de incidência crescente e vem gerando preocupações nos últimos anos.; • Streptococcus pyogenes = produz diversos fatores de virulência, como toxinas, enzimas, cápsula formada de ácido hialurônico, proteína heme associada com glomérulo nefrite aguda, etc. A origem dessa bactéria pode vir do trato respiratório ou pelo contato de infecções de pele; • Clostridium perfringens = são bacilos que esporulam, bactérias anaeróbicas, são os mais comuns nas lesões, seus esporos são encontrados no solo e nas fezes. Chegam no tecido a partir da contaminação com essas fontes. Se desenvolve em áreas do corpo com baixo aporte sanguíneo e os organismos se multiplicam nos tecidos subcutâneos produzindo gás, eles invadem músculo e causam necrose (formam bolhas de gás). A infecção causa dor aguda e procede de forma muito rápida. A maioria dos danos é causados pela produção de enzimas e toxinas que hidrolisam lipídios das membranas celulares. A presença de tecido morto no caso da necrose compromete ainda mais o suprimento sanguíneo, originando maior multiplicação dos organismos. Foliculite É a infecção do folículo piloso. A base do folículo é elevada e avermelhada, contendo pequena quantidade de pus abaixo da superfície da epiderme. Se for na pálpebra, é chamada de Tersol. Agente causador: Staphylococcus aureus. Diagnóstico: basicamente clinico, se visualiza a foliculite/furúnculo/carbúnculo. Diagnóstico laboratorial: é possível coletar amostras da drenagem, fazer coloração de Gram e Teste da 11 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Coagulase (pode ser feito em lâmina ou em tubo, pega fibrinogênio, degradando-o em fibrina). Tratamento: drenagem por compressa ou drenagem do pus no pronto atendimento. Geralmente antibiótico não é necessário (+frequente em imunossuprimidos) Furúnculo É uma extensão da foliculite, surge depois de 2 a 4 dias da inoculação. Surge dentro e ao redor do folículo piloso, onde organismos ficam protegidos das defesas porque, quando se multiplicam, acabam degradando fibrinogênio produzindo fibrina, a qual isola o local da infecção, podendo se disseminar pelo corpo. Proliferação provoca intensa reação inflamatória, com migração de neutrófilos. Sintomas: caracteriza-se por nódulos elevados, dolorosos e cheios de pus. Abcessos vão se expandindo lentamente, formam uma bolsa onde os microrganismos ficam aprisionados. Agente causador: Staphylococcus aureus. Diagnóstico: basicamente clinico, se visualiza a foliculite/furúnculo/carbúnculo. Diagnóstico laboratorial: é possível coletar amostras da drenagem, fazer coloração de Gram e Teste da Coagulase (pode ser feito em lâmina ou em tubo, pega fibrinogênio, degradando-o em fibrina). Tratamento: drenagem por compressa ou drenagem do pus no pronto atendimento. Geralmente antibiótico não é necessário (+frequente em imunossuprimidos) Carbúnculo União de furúnculos, é uma extensão para o tecido subcutâneo. Se paciente não drenar o furúnculo, ele pode invadir o tecido subcutâneo, estabelecendo uma doença sistêmica, gerando febre, calafrios. Agente causador: Staphylococcus aureus. Diagnóstico: basicamente clinico, se visualiza a foliculite/furúnculo/carbúnculo. Diagnóstico laboratorial: é possível coletar amostras da drenagem, fazer coloração de Gram e Teste da Coagulase (pode ser feito em lâmina ou em tubo, pega fibrinogênio, degradando-o em fibrina). Impetigo É uma infecção superficial da pele, envolve apenas a epiderme, o microrganismo vai ser adquirido através do contato direto. O inóculo é pelo epitélio e existem 2 tipos de impetigo, o Bolhoso e o não – bolhoso. Bolhoso: ocorre formação de vesículas com fluido claro, lesões são causadas pela toxina produzidapelo Staphylococcus aureus. Inicialmente, observa-se pequena mácula onde se desenvolve uma pústula sobre base eritematosa. Quando vesícula se rompe, ocorre formação de uma crosta. Não tem sintomas sistêmicos. Ocorre em climas quentes, principalmente em crianças pequenas, e lesões ocorrem mais na face, nádegas, tronco e membros. Não – bolhoso: causado pelo Streptococcus pyogenes. Não tem sintomas sistêmicos. Formam crosta de coloração clara na região. O epitélio se torna intacto depois dos anticorpos, não tem formação de cicatriz. Tratamento: regressão do impetigo é espontânea, logo dificilmente é necessário o uso de antibiótico Diagnóstico: basicamente clínico, a cultura é difícil pois laboratorial pode confundir, pode não diferenciar a infecção de colonização. Erisipela Envolve bloqueio dos vasos linfáticos da derme, mas lesão é visualizada na epiderme. Vai se apresentar em forma de inflamação eritematosa bem definida, margens bem delimitadas. Geralmente ocorre na face, pernas ou nos pés, podendo ser acompanhada por dor e febre. Começa 12 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 macular, vira papular. Há inflamação local, aumento dos linfonodos, destruição da derme e epiderme, podendo levar aos sinais sistêmicos. Região fica mais elevada e é comum em crianças pequenas e idosos. Se não for tratada, pode causar uma bacteremia Contágio: através da introdução de machucado, queimadura, corte cirúrgico ou ferida. Precedida por infecção respiratória ou de pele. Agente causador: Streptococcus pyogenes. Diagnóstico:. Basicamente clinico, ou coleta injetando soro na borda da lesão na epiderme, depois se aspira ele e manda para o laboratório Tratamento: antibiótico (Penincilina geralmente ou Eritromicina). Geralmente não precisa de hospitalização. Celulite Acomete região mais profunda, o tecido adiposo subcutâneo. É grave e rapidamente progressiva pois ali estão os vasos sanguíneos. Observa-se inflamação local e sinais sistêmicos devido a bacteremia. Quase sempre é originada de lesões cutâneas superficiais (como furúnculo não tratado), caracteriza-se pelo endurecimento da lesão, edema, calor, sensibilidade, limites imprecisos (bordas pouco limitadas). Médico precisa fazer ressonância magnética para conferir se paciente não está com Fasciite. Agente causador: Staphylococcus aureus e pelo Streptococcus pyogenes. Diagnóstico: médico faz hemocultura (nem sempre ajuda em função da bacteremia), pode se fazer punção, biópsia, ressonância magnética. Tratamento: iniciado com base no diagnóstico cínico, geralmente antibiótico para não se desenvolver em doença grave. Fasciite necrotizante Corresponde a resposta inflamatória a infecção dos tecidos moles abaixo da derme, progride com rapidez alarmante ao longo dos planos faciais, interrompendo o suprimento sanguíneo. Ocorre no tecido subcutâneo com necrose disseminada dos músculos e tecido adiposo. É aguda e tóxica, causando necrose e colapso dos tecidos circundantes. Ela pode ser causada por diversos organismos, mas o mais conhecido é o Streptococcus pyogenes (bactéria carnívora, produz muitos fatores de virulência que auxiliam na invasão das células e evitar fagocitose). Acontece mais em membros, abdome e região perineal. Grupos de risco: imunodeprimidos, após trauma/procedimento cirúrgico. Tratamento: não vai ser tratada com antibiótico, médico precisa fazer procedimento cirúrgico agressivo para retirada do tecido necrótico. Gangrena gasosa Vai ter período de incubação de 1 a 4 dias, tendo sintomas de dor intensa, sensação de pressão, edema, palidez local e dor. Pode surgir gás na palpação dos tecidos moles, coloração da pele pode ser pálida ou bronzeada/carmim, bolhas hemorrágicas podem aparecer, corrimento tem odor fétido, marrom e turvo, sanguinolento e com cheiro adocicado pútrido pelo metabolismo da bactéria anaeróbica, podendo levar a insuficiência renal. Agente causador: Clostridium perfringens (produz diversas toxinas, enzimas). Diagnóstico: é por inspeção por cirurgia para remover necrose, essencial que seja precoce. É possível fazer coleta para investigar o patógeno, mas não é suficiente. Complicações: pela rápida progressão e resultado fatal, áreas gangrenosas precisam de cirurgia imediata para remoção do tecido necrótico, sendo a amputação as vezes necessária. 13 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Tratamento: incisão radical de toda área necrótica, juntamente com o uso de antibióticos, cama de oxigênio hiperbárica. Prevenção: feridas devem ser limpas e debridadas precocemente. Profilaxia com antibiótico deve ser usada em pré-operatórios. 14 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Investigação da atividade metabólica de bactérias O máximo que se observa na microscopia, é a forma da bactéria (qual o arranjo, se é Gram – ou Gram +). Todo microrganismo produz alterações nos meios em que se desenvolve decorrente das atividades metabólicas. Na grande maioria, estas transformações são devidas à ação de enzimas que os microrganismos elaboram. Cada microrganismo possui um sistema enzimático específico, resultando em propriedades bioquímicas diversas utilizáveis na sua caracterização. Em microbiologia, as provas bioquímicas consistem na verificação das transformações químicas que ocorrem num substrato pela ação de um determinado microrganismo. Elas são utilizadas como recurso auxiliar valioso na identificação de microrganismos. A identificação microbiana pode ser feita através de testes moleculares ou investigação da atividade metabólica das bactérias por provas bioquímicas, as quais podem ser feitas tradicionalmente (testes isolados em tubos de ensaio) ou as provas semi- automatizadas/automatizadas. Teste do citrato No teste de citrato de sódio, temos um tubo inicialmente não inoculado de cor verde, em que se utiliza agulha e se faz estria única central na parte inclinada do meio. Nesse caso, se quer observar se a bactéria é capaz de degradar o citrato de sódio como sua única fonte de carbono. Se não for capaz, meio não vai se alterar, continua verde; se ela for capaz, o meio vai se tornar azul, qualquer traço de modificação é considerado como teste positivo. Bases bioquímicas: citrato → oxaloacetato piruvato + CO2 carbonato de sódio pH alcalino Indicador de pH → azul de bromotimol meio ácido (pH 6,0) → amarelo meio alcalino (pH 8,4) → azul meio neutro (pH 6,9) → verde Teste da lactose Se usa tubo de ensaio contendo um caldo contendo lactose, no qual também se pode adicionar tubo pequeno invertido (tubo de Duran) para verificar se a partir da fermentação da lactose, se a bactéria produz gás. Se observa produção de gás quando se vê a bolha de gás na parte superior desse tubo. O tubo não inoculado e negativa, tem cor clara e não tem bolha. Se ocorreu a fermentação, o tubo vai se tornar rosa mais intenso e produção de uma bolha de ar na parte superior do tubo de Duran. Bases bioquímicas: lactose → glicose + galactose → ácidos. Indicador de pH → indicador de Andrade ou vermelho de fenol meio ácido (pH 5,5) → rosa intenso meio alcalino → amarelo pálido Teste da glicose Se usa tubo de ensaio contendo um caldo contendo glicose, no qual também se pode adicionar tubo pequeno invertido (tubo de Duran) para verificar se a partir da fermentação da glicose, se a bactéria produz gás. Se observa produção de gás quando se vê a bolha de gás na parte superior desse tubo. O tubo não inoculado e negativa, tem cor clara e não tem bolha. Se ocorreu a fermentação, o tubo vai se tornar rosa mais intenso e15 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 produção de uma bolha de ar na parte superior do tubo de Duran. Bases bioquímicas: ácido fórmico → H2O + CO2 Teste do s.i.m A avaliação de 3 características: produção de H2S, produção de Indol e a motilidade. Esses 3 são feitos utilizando o meio S.I.M, que é uma sigla. Se inocula a bactéria com uma picada central com uma agulha, atingindo até 2/3 de profundidade do meio. O “S”, representa o H2S, quando ela não produz H2S, o meio tem uma coloração amarelada, se produz, tem cor preta, dando indicativo de teste positivo (preto tem várias intensidades). O “I”, representa a produção de Indol, o qual é um dos restos a partir da degradação do aminoácido Triptofano (volátil). Para que se observe sua produção, acrescento um reativo e observo a cor rosada. Quando não ocorre isso, se observa a mesma cor do reativo, o qual é amarelado. O “M”, representa a motilidade da bactéria. Para isso, se introduz a agulha até 2/3 do meio e se coloca ele na estufa por 24h. Após esse período, observa-se. Se ele tem crescimento apenas no local onde eu inoculei, só na picada, sabe-se que a bactéria não se move. Se observo que além da picada, restante do meio está turvo, posso dizer que bactéria se move . Teste da produção de uréase Testa a capacidade da bactéria produzir a enzima uréase. Para isso, se oferece para ela o caldo ureia. Se ela for capaz de produzir a enzima uréase, ela vai degradar a ureia, produzir um composto final alcalino e a partir do indicador de ph do meio, ocorre a modificação da cor do caldo de uma cor mais pálida para um rosa mais intenso. Se o caldo permanece com a cor original do não inoculado, a bactéria não foi capaz de produzir a enzima uréase e o resultado do teste é negativo Bases bioquímicas: (NH2)2CO + 2 H2O → CO2 + H2O + 2 NH3. Indicador de PH: meio ácido (pH 6,8) → amarelo (salmão) ou rosa claro meio alcalino (pH 8,4) → rosa intenso meio neutro (pH 7,4) → laranja ou rosa claro Teste da produção de fenilalanina Para tanto, se oferece para bactéria meio de cultivo contendo o aminoácido fenilalanina. Se faz a inoculação da bactéria utilizando uma alça e após se incuba por 24h numa estufa a 37º. Depois desse período, se adiciona ao tubo um reativo chamado Cloreto férrico, se a bactéria degradou a fenilalanina, ela vai produzir como resto do seu metabolismo o ácido fenil-pirúvico, o qual se combina com o cloreto férrico, dando coloração esverdeada (logo bactéria é capaz de degradar a fenilalanina, tendo um teste positivo). Se a bactéria não é capaz de produzir o ácido fenil-pirúvico, se observa a cor dourada do próprio cloreto férrico. 16 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Bases bioquímicas: Fenilalanina + ½ O2 → amônia + ácido fenilpirúvico + cloreto férrico → composto de coloração verde. Chegar na conclusão Para chegar na conclusão de qual bactéria é, eu preciso comparar os resultados em uma tabela de interpretação. Nesse caso, a bactéria que eu estava investigando é a Kleibsiella. 17 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Hanseníase Hanseníase Foi descrita em 600 a.C, se utilizava palavra Lepra para essa doença, implicando uma impureza moral. Chegou há Europa no século 6. Sua prevalência global caiu quando surgiram alternativas de tratamento. Também conhecida como Doença de Hansen (em homenagem ao médico). É uma doença infecto – contagiosa, de evolução lenta (crônica), com manifestações dermatoneurológicas, podendo levar a incapacidades físicas e deformidades, quase sempre irreversíveis, atinge pessoas de qualquer faixa etária e sexo (embora alguns pesquisadores apontam uma maior frequência em homens). Ela faz parte da lista de doenças de notificação obrigatória no Brasil. Prevalência global: Hemisfério Sul é onde predominam os casos de Hanseníase; Angola, Brasil, índia, Moçambique, etc. • 1985: 5 milhões casos novos; • 2005: 300 mil casos novos; • 2010: 228.474 casos novos; • 2011 - 192.246 casos novos; • 2014 – 175.554 casos novos; • 2016 – 214.783 casos novos; • 2018 – 208.619 casos novos. (sendo 28.660 casos no Brasil) Agente causador: Microbacterium leprae (bacilo de Hansen). É intracelular, tem preferência pelas células de Schwann e histiócitos. São imóveis e tem crescimento muito lento (pode levar até 8 semanas para crescer); Coloração de Gram: não se cora pela coloração de Gram (não é nem + nem -). Se usa coloração de Ziehl – Neelsen para classifica-la (ela tem parede diferenciada). Parede celular diferenciada: oferece resistência para bactéria (desinfetantes), tem 60% de Ácido Micólico, que fica como se fosse cera encobrindo a bactéria, protegendo-a (corantes de Gram não conseguem penetrá-la). Possui proteínas, antígenos importantes, que vão estimular a resposta imune no paciente a infecção. Também é chamada de BAAR = Bacilo Álcool – Ácido Residentes. Transmissão: disseminada pelo contato íntimo; rota mais importante é desconhecida, mas acredita-se que o agente seja transmitido pela inalação de aerossóis ou pelo contato da pele com secreções respiratórias e feridas. A bactéria, ao penetrar no organismo, desencadeia luta com sistema de defesa, e, após período de incubação prolongado, o indivíduo poderá desenvolver a doença. A Hanseníase tem diversas formas clínicas, mas não é muito contagiosa, depende muito da resposta do indivíduo invadido pela bactéria. Período de incubação: sintomas podem se desenvolver em até 20 anos. Formas clínicas: Classificação de Madrid (1953); • HI - Hanseníase Indeterminada; • HT – Hanseníase Tuberculoide; • HD – Hanseníase Dimorfa (intermediária); • HV – Hanseníase Virchowiana (lepromatosa). Essa classificação adotou os critérios de polaridade baseado nas características clinicas da doença, aspecto da lesão que varia em número, extensão, margem, simetria; o bacteriológico (presença do Microbacterium leprae no local e seus aspectos morfológicos, quantos } Formas Paucibacilares (não contagiosas) } Formas Multibacilares (contagiosas) 18 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 bacilos presentes no local). Leva em consideração também os aspectos imunológicos do paciente, a reatividade a lepromina, proteína na parede do agente causador. Aspecto histológicos (granulomas bem definidos, etc) Classificação Operacional para o Tratamento (OMS,1982). • Paucibacilar = Carga bacilar reduzida (baciloscopia negativa, sistema imune do paciente está reagindo), poucas lesões – (Teste de Mitsuda +, significa que corpo está eliminando o bacilo do local). Tem muitos linfócitos e granulomas na lesão; • Multibacilares – Carga bacilar elevada (baciloscopia positiva) – (Mitsuda -, sistema imune do paciente não está reagindo). Tem defeito na resposta celular aos antígenos, tem elevado número de macrófagos, mas eles não conseguem eliminar o Microbacterium leprae; OMS modificou a classificação operacional internacional para a simples contagem de número de lesões cutâneas: Paciente Paucibacilar: até 5 lesões de pele; Paciente Multibacilar: + de 5 lesões de pele. Exame dermatológico: manchas, nódulos, quantidade de lesões, suas simetrias, ulcerações e calosidadade que podem estar presentes nas diferentes formas da Hanseníase; Exame neurológico: para verificar perda de sensibilidade nas lesões e áreas suspeitas, já que pode acontecer perda de sensibilidade, principalmente nos olhos, mãos e pés, perda de sensibilidade para frio e quente (fazer teste com tubo de ensaio gelado e outro com água quente). Pode fazer palpação do nervo radial e do nervo ulnar, se ocorrer perda de força dos músculos inervados por esses, dá para evidenciar uma hanseníase. Ainda, é possívelverificar a integridade anatômica e motilidade das mãos e pés. Teste de Mitsuda: feito em pacientes com suspeita de Hanseníase. É necessário saber se paciente vai reagir ou não a doença. É um teste imunológico, imunoreatividade a proteína lepromina da parede do Microbacterium leprae. Para isso, se injeta 0,1 mL de Lepromina, e, após 21 a 28 dias, se faz a análise • 0: não reator; • 1 a 4 mm: reator fraco (reator negativo, risco de desenvolver a forma mais grave); • a 5 mm: reator forte (positivo = indivíduo vai dificilmente desenvolver as formas mais graves). Diagnóstico laboratorial: coleta de material, LINFA, raspado da pele (na lesão, ou na orelha e cotovelos = mais frios) ou mucosas para baciloscopia. Em pacientes com lesões cutâneas visíveis ou áreas com alteração de sensibilidade, a coleta deverá ser feita em lóbulo auricular direito (LD), lóbulo auricular esquerdo (LE), cotovelo direito (CD) e lesão (L). Em pacientes que não apresentam lesões ativas visíveis, colher material do lóbulo auricular direito (LD), lóbulo auricular esquerdo (LE), cotovelo direito (CD) e cotovelo esquerdo (CE). Coloração de Ziehl – Nelsen: 19 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Diagnóstico laboratorial: Índice baciloscópico (Ridley, 1962). • Contar o número de bacilos em cada esfregaço, em zig e zag; • Examinar de 25 a 100 campos microscópicos, fazer média dos bacilos; • Nas globias, contar por estimativa (30 a 100 bacilos). Quantidade de bacilos é muito importante para o médico acompanhar progressão da doença; • Somar o número de bacilos encontrados em cada local e dividir pelo nº de locais coletados. Escala Logarítmica de Ridley Os números de 0 a 6 representam o número de cada esfregaço • 0 = Não há bacilos em 100 campos examinados; • 1 = 1 a 10 bacilos em 100 campos examinados; • 2 = 1 a 10 bacilos em 10 campos examinados; • 3 = 1 a 10 bacilos em cada campo examinado; • 4= 10 a 100 bacilos em cada campo examinado; • 5= 100 a 1000 bacilos em cada campo examinado; • 6 = mais de 1000 bacilos em cada campo. Como cálculo é feito: • Lóbulo Direito: 3; • Lóbulo Esquerdo: 2; • Cotovelo Direito: 1; • Cotovelo Esquerdo: 3; • Lesão: 3 Soma é 12. 12 5 = 2,4 - Índice Baciloscópico = 2,4 Bacilos íntegros = vivos, totalmente corados; Bacilos fragmentados = pequenas falhas na parede celular pela síntese dos seus componentes, são mortos, realmente observados após o término do tratamento; Bacilos granulados = Inviáveis ou mortos, também em pacientes que finalizaram o tratamento. Tratamento: feito por médicos especializados, realizado em ambulatórios do Sistema Único de Saúde. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor o prognóstico. Se paciente não for tratado adequadamente, pode levar a morte. • Forma tuberculóide (paucibacilar): rifampicina e dapsona: 6meses; • Forma lepromatosa (multibacilar): clofazimina e dapsona: 12-24 meses. Prevenção e controle: • Identificação dos pacientes; • Dapsona para contato. • Imunoprofilaxia, vacina para bacilo da Calmette – Guérin (BCG) para TB. Vacina só é usada em países que a incidência é alta. Faz proteção parcial contra Microbacterium leprae. Hanseníase indeterminada - paucibacilar É a forma inicial da doença, bactéria gosta de partes frias do corpo, como lóbulo da orelha, joelho, cotovelos (mas também nervos periféricos e pele). Nesse período, está tendo a batalha com organismo. É caracterizada por: • Manchas hipocrômicas (geralmente pardas), com limites imprecisos; • Perda da sensibilidade térmica; • Perda de pelos na região; • Ausência de transpiração (alteração nas glândulas sudoríparas). Hanseníase tuberculoide (neural) - paucibacilar • Lesões avermelhadas, geralmente únicas, eritematosa, assimétricas e circunscritas, mas afeta pouco a pele; • Nervos afetados mais intensamente; • Bordas bem definidas; • Placas hipopigmentadas com perda sensorial; • Comprometimento neurológico, alteração de motricidade (mão – polegar e indicador); 20 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Sistema imune está reagindo, macrófago fagocita bacilo; • É benigna e tem bom prognóstico, teste de Mitsuda é negativo. HANSENÍASE DIMORFA/BODERLINE OU INTERMEDIÁRIA Entre pauci e multibacilar • Lesões eritematosas violáceas, brilhantes, escamosas, hipocrômicas em pele escura = lesões da Paucibacilar e Multibacilar no paciente; • Presença de nódulos, infiltrações em face e pavilhões auriculares; • Superfície seca; • Acometimento dos nervos periféricos; • Orelha lepromatosa; • A perda de sensibilidade não é tão intensa (polo Virschowiano). HANSENÍASE LEPROMATOSA – Multibacilar Também conhecida como Virschowiana. • Extremamente contagiosa, muitos bacilos nas lesões; • Infiltração difusa na pele, aumento da espessura e consistência da pele; • Lesões múltiplas e de aspecto variado, pode ser deformante; • Regiões mais quentes do corpo (axila, virilha, períneo) geralmente são poupadas; • Sistema imune não está sendo eficaz para fagocitar bactéria – muitos bacilos nos tecidos afetados; • Perda definitiva dos pelos, dos cílios e supercílios, “facies leonina”; • Trato respiratório geralmente envolvido, pode ocorrer desabamento nasal nas formas graves; • Pavilhões auriculares com tubérculos e nódulos; • Deformações da mão em forma de garra e necrose tecidual. 21 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Doenças transmitidas por alimentos (DTAs). Infecção = ocorre quando um patógeno entra no trato gastrointestinal e se multiplica. Os microrganismos podem entrar na mucosa intestinal e crescer nesse local ou passar para outros órgãos sistêmicos. Exemplos de patologias são a Salmonela e a Escherichia coli. Intoxicações = patógenos que causam a doença pela liberação da doença (são as toxinas que levam aos sintomas). Causada pela ingestão de uma toxina pré- formada no alimento (caracterizada pelo aparecimento súbito de sintomas, 30 minutos – 1 hora). Exemplo é o Botuilismo. Toxi-infecção = resultam da ingestão de alimentos contaminados com os microrganismos vivos, dentro do corpo essa bactéria vai produzir a toxina. Exemplo é a Cólera. Sintomas = serão o indicativo do microrganismo infeccioso. • Diarreia: resultado da perda aumentada de líquidos para dentro do lúmen intestina, induzindo fezes líquidas. É um mecanismo de defesa para livrar o corpo de algum material que está ali; • Disenteria = diarreia grave acompanhada da presença de sangue pus.; • Gastroenterite = são doenças que causam inflamação da mucosa gástrica e intestinal, dá náusea, vomito, diarreia e dor abdominal; • Enterocolite = inflamação do intestino, paciente tem diarreia e dor abdominal; Período de incubação = diferença do tempo entre a infecção do ser humano e o início da manifestação dos sintomas, é o período de adaptação do microrganismo. Dose infectante = número mínimo de partículas infecciosas necessárias para produzir uma infecção, pode variar muito dependendo da bactéria (não é um limiar muito preciso). Em muitas circunstâncias, apenas uma pequena quantidade de pessoas procura ajuda médica, cerca de 90 – 99% dos casos não são notificados. Surtos ocorridos no RS: os principais alimentos envolvidos nos surtos: produtos cárneos (36%), pratos preparados (20%) e saladas (15%). Bactéria causadora: Salmonella spp. (37%), Estafilococos coagulase positiva (28%), Escherichia coli (22%), Bacillus cereus (10%) e Clostrídios sulfito redutores a 46 ºC (3%) Salmonella É a causa mais comum de diarreia associada a alimentos. São bacilos Gram -, anaeróbios facultativos e não formadores de endósporos. Estão amplamente distribuídas na natureza, mas são encontradas principalmenteno trato intestinal de animais (majoritariamente aves), que contaminam o ambiente com suas fezes. Sua classificação inclui 2 espécies: • Salmonella entérica, mais comumente isolada do homem e animais de sangue quente. É dividida em 6 subespécies (e mais de 2600 sorotipos); • Salmonella bongori, geralmente isolada de animais de sangue frio.; A Salmonela pode causar a Febre Tifóide, a qual é muito grave e incomum em países desenvolvidos. Ocorreu um caso famoso = Mary Mallon, que teve a bactéria, foi assintomática, mas podia contaminar o ambiente. Ela trabalhou como cozinheira entre 1900 – 1907 e contaminou diversos indivíduos. Febre tifóide: S. Typhi S. Paratyphi. Multiplicação após ingestão ocorre dentro dos macrófagos (penetração tecidual no interior dessas células, se espalhando para diversos órgãos). É disseminado somente nas fezes dos seres humanos (não é encontrado em animais). Dose infecção: 103 - 104 . Período de incubação: 7 - 21 dias.. 22 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Sintomas: febre, cefaleia, sepse: fígado, bexiga, vesícula biliar, demais órgãos- endotoxina. Tem duração de 2 meses. Gastroenterite: Sorovares (>2600): sendo os mais envolvidos a Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium. Baixa mortalidade. Esses sorotipos são muito comuns em animais. As salmonelas invadem o sistema gastrointestinal e lá se multiplicam. Dose infecção: 105 - 108 . Período de incubação: 8 – 48H. Sintomas: diarreia, vômitos, dores abdominais, febre, desidratação, calafrios e dores de cabeça. Tem duração de 72H. Principais alimentos envolvidos: geralmente carnes e produtos lácteos, ovos, maionese, produtos de origem animal, tomates fatiados, melancias fatiadas, melões, suco de maçã e de laranja. Profilaxia: higiene dos alimentos. Escherichia coli É o principal representante das enterobacteriácea. É muito versátil, algumas cepas são componentes da microbiota do intestino humano e animal, é um indicador da qualidade higiênico-sanitária; enquanto outras possuem fatores de virulência que as permitem causar infecções (sendo adquiridos pela ingestão de alimentos contamiados e contato direto com animais). É uma bactéria anaeróbia facultativa. Cepas patogênicas, divididas pelos sintomas e mecanismos de patogenicidade: 1. E. coli enteroagregativa (EAEC); 2. E. coli enteropatogênica (EPEC); 3. E. coli enteroinvasiva (EIEC) 4. E. coli enterotoxigênica (ETEC); 5. E. coli enterohemorrágica (EHEC). ETEC: encontrada principalmente em países desenvolvidos, é chamada de diarreia dos viajantes (que vão para áreas infectadas), diarreia infantil, diarreia aquosa e cólica abdominal. Infecção é adquirida com alimentos e água contaminada (dose infectante é alta) e pode ser fatal para crianças menores de 5 anos. A toxina STA é associada a doença em humanos, levando a um aumento de monofosfato de guanosina cíclica. Patogênese: toxinas estimulam a hipersecreção de fluidos e eletrólitos. EPEC: diarreia infantil países subdesenvolvidos (principal causa de diarreia), diarreia aquosa, pode vômitos e febre. Pode ser fatal para lactentes. Infecção de é de pessoa para pessoa, dose infectante é baixa. Patogênese: destruição das microvilosidades, gerando perda de fluidos. EAEC: diarreia infantil países subdesenvolvidos, diarreia aquosa persistente com vômito, desidratação e febre baixa. Diarreia crônica e retardo do crescimento. É agregativa devido sua característica de crescimento, formam uma configuração de tijolos empilhados, mediado por fimbrias, levando a formação de biofilme espesso. Patogênese: aderência tipo “empilhamento” devido fimbrias específicas. EHEC: diarreia aquosa inicial seguida de diarreia sanguinolenta (colite hemorrágica, 6% dos casos), cólicas abdominais, pouca ou nenhuma febre. Progressão para SUH. 23 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 (sangue na urina, levando a insuficiência renal, rins são afetados pela toxina). Dose infecção: < 102, bem pequena. Período de incubação: 24 – 48H. Patogênese: destruição das microvilosidades intestinais, diminuição da absorção. EIEC: países em desenvolvimento, diarreia aquosa, pode ocorrer disenteria, inflamação, febre, dores abdominais. Patogênese: invadem células do intestino. Se multiplicam e invadem células adjacentes. Principais alimentos envolvidos: geralmente hamburguer, maionese, leite, carne cozida e carne defumada. Transmissão: ingestão de carne crua ou mal cozida, leite não pasteurizado, verduras e legumes frescos – EHEC; • Verduras e legumes frescos, água – ETEC; • Água - EPEC, EIEC e EAEC. Prevenção: cocção dos alimentos, hábitos de higiene e saneamento básico. Shigella Espécies: S. dysenteriae, S. flexneri, S. boydii e S. sonnei. São imóveis (ajuda na detecção laboratorial), residentes de trato gastrointestinal de humanos e macacos. S. dysenteriae: • Disenteria bacilar ou shigelose (diarreia intensa); • Exotoxina - toxina shiga, surpreendentemente virulenta. Dose infectante 10-200 células, bem pequena (PH do estômago não consegue eliminá-las). Se fixam nas células intestinais. Se multiplicam no interior das células heme. Período de incubação: 12h – 15 dias. Sintomas: até 20 evacuações em um dia, dores abdominais e febre. Transmissão = por via fecal-oral, água e alimentos contaminados. Alimentos envolvidos: vegetais crus, leite, queijo, manteiga, arroz, frutos do mar, e água. Cólera Vibrio cholerae = agente causador da cólera. É um bacilo Gram-negativo em forma de vírgula, não esporulado, móvel por flagelo polar (permite movimentação até o intestino delgado). Suas fibras com adesina auxiliam na adesão das células. Agente de epidemias e pandemias, é um microrganismo marinho que se adaptou a ecossistemas de água doce. Fatores de virulência: Toxina colérica e Mucigenase (hidrólise de muco intestinal para alcançar o epitélio). Ela cresce no intestino delgado e produz a toxina colérica, que se fixa nos receptores do intestino e induz células do hospedeiro a secretarem água e eletrólitos, resultando em uma hipersecreção. Transmissão: transmitido por água e alimentos contaminados (associados a frutos do mar crus ou mal cozidos, pescados de água doce e salgada). Formam biofilmes e colonizam algas e crustáceos, que auxiliam sua sobrevivência nesses ambientes. Manifestações clínicas: • Diarreia aquosa profusa (1 litro/hora), náusea, vômito violento, cólica abdominal; • Desidratação e perda severa de eletrólitos; • Evacuações tipo “água de arroz” com odor de peixe. Com o passar do tempo, feses vão se tornando incolores e inodoros (sem proteínas e com muco); • Mortalidade 40-60% (em casos não tratados). Dose infectiva: 108 - 109 . 24 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Helicobacter pylori Bactéria espiralada e microaerófila. Responsável pela maioria dos casos de úlcera péptica (úlceras gástricas e duodenais). 15% infectados desenvolvem úlcera (indivíduos do tipo sanguíneo O são mais propensos a desenvolverem). Indicada como uma bactéria carcinogênica (3% dos infectados desenvolvem câncer gástrico). Características: • Bacilo Gram-negativo, curvos (espiralados), mas seu lipídio A tem pouca atividade; • Microaerófilo; • Dose infectante baixa; • Flagelos polares, tornam ela bastante móvel. Transmissão fecal-oral Fatores de Virulência: Urease e Mucinase (auxiliam na sobrevivência de ambiente gástrico). Patogenia: pode crescer no ambiente altamente ácido do estômago por funções adaptativas. Para isso, produz grandes quantidades de uréase, responsável por converter a ureia no composto amônia, resultando em PH local elevado na área de crescimento (neutraliza HCL). Sua enzima Mucinase vai degradar o muco gástrico para facilitar sua entrada nas células. Por seus flagelos, atravessam omuco gástrico e se aderem as células epiteliais. A liberação de proteases e moléculas de oxigênio ativas pelos neutrófilos contribui para gastrite e úlcera gástrica. Diagnóstico: biópsia → coloração e cultura (para visualizar as características da bactéria). Teste da uréia-C14 (ingestão de capsula de ureia marcada com C14. Ela se dissolve no estômago e entra em contato com a bactéria, quebrando ureia imediatamente em CO2, vai para o pulmão, e amônia. Amostra de ar é expelido e vai detectar a presença do C14) e teste uréase (teste da atividade ureática). Tratamento: antimicrobianos, antibióticos e omeprazol. 25 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Viroses de origem alimentar: Norovírus, Rotavírus e Hepatites Características dos vírus • São responsáveis por número considerável de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA); • Não podem se replicar nos alimentos, pois vírus são intracelulares obrigatórios, só se multiplicam dentro do hospedeiro (alimento é só veículo de infecção); • A dose infectante não é conhecida, mas presume-se que seja baixa (de 1 a 100 partículas); • Grandes quantidades de partículas virais são excretadas nas fezes das pessoas infectadas (transmissão é fetal-oral); • Contágio é de pessoa para pessoa ou ingestão de alimentos contaminados; • A estocagem em baixa temperaturas não controla sua presença; • Sua detecção em alimentos ainda não faz parte da rotina. Agentes importantes: Norovírus, Rotavírus e Vírus da Hepatite A e E.. Norovírus É um vírus de RNA, não envelopado (o que dá mais resistência). Apresenta persistência no ambiente - resiste cloração, pH 2,7; 60°C/30min. Rotas de transmissão: água e alimentos contaminados (moluscos e saladas). Contaminação: transmissão via fecal-oral (excreção: 108 part/g fezes). Dose infectante: 10 partículas virais; Período de incubação: 12-48h. Após ingestão, ele causa dano no intestino, vilosidades ficam ásperas, ocorre infiltração em células mononucleares (impedindo absorção de água e nutrientes = diarreia aquosa). Sintomas: • Febre baixa; • Vômitos (por esvaziamento gástrico retardatário); • Diarreia; • Dores de cabeça; • Ainda: calafrios, dores musculares e fraqueza. Duração: 48-72h (vômitos até 6 dias). Prevenção: sol 1000-5000ppm hipoclorito (1:10 ou 1:50 de cloro). Sepsia adequada das mãos e dos alimentos. Rotavírus É de RNA, não envelopado. Cerca de 95% das crianças são infectadas dos 3 aos 5 anos (ele sobrevive nos brinquedos). São divididos em 7 grupos (do A ao G). Abaixo os grupos mais comuns em humanos: Grupo A: são a causa mais comum de diarreia grave em crianças; Grupo B: diarreia grave em adultos. Grupo C: casos raros e esporádicos em crianças. Excreção: 108 - 1010 part./g de fezes. Transmissão: fecal-oral, pessoa-pessoa. Manipuladores contaminados: contato com mãos, objetos e utensílios contaminados. Água contaminada em verduras, legumes e frutas, moluscos, carnes de animais doentes. Dose infectiva: 10 a 100 partículas virais. Vírus se replica nas vilosidades intestinais (causando encurtamento e achatamento das mesmas e infiltração de células mononucleares na lâmina própria. Infecção aumenta absorção de água, resultando em diarreia aquosa). Período de incubação: 1-3 dias (~48h). 26 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Sintomas mais frequentes: • Febre baixa; • Vômito; • Diarreia aquosa intensa; • Desidratação. Duração dos sintomas: 4-8 dias. Tratamento: reidratação oral ou venosa de suporte; Prevenção: prevenir a contaminação de alimentos por água poluída ou por manipuladores infectados, higiene adequada. Também é importante fazer a vacina oral pentavalente, dada em 3 doses. A monovalente são duas doses (nos dois e quatro meses de idade). Hepatite É um distúrbio inflamatório do fígado, responsável por infecção por vírus, toxicidade química e fármacos. As virais, incluem vírus de (A até E-G, mas são bem diferentes), alvo é o fígado e sintomas básicos são similares (como icterícia). Os da Hepatite A e B são os clássicos. Hepatite A - HAV Incidência alta está relacionada com condições precárias de higiene e aglomerações (frequente em crianças). Nos países mais desenvolvidos, a faixa etária atingida é mais alta. É de RNA – HAV – é não envelopado. Rotas de transmissão: fezes do homem e água contaminada com fezes. Contaminação: transmissão via fecal-oral, contato pessoal (excreção 109 partículas/g fezes é interrompida antes do desaparecimento dos sintomas). Alimentos: água, mariscos, sucos, frutas e verduras cruas, leite. Dose infectiva: desconhecida, acredita-se que seja de 10 a 100 partículas virais. Período de Incubação: 10 a 50 dias. Ele provavelmente vai penetrar pelo revestimento epitelial da orofaringe ou intestino, para atingir as células do fígado (se replica lentamente em hepatócitos, sendo posteriormente liberado na bile e nas fezes). Quadro clínico: febre, mal estar, perda de apetite, náusea, dor abdominal, icterícia (acúmulo de bilirrubina dos danos causados no fígado, ocorre quando a resposta imune começa a acontecer. É o principal sintoma) e escurecimento da urina, fezes com cor clara. Produz apenas doença aguda (não cronifica). Urina escura causada pela bilirrubinúria. Histologicamente indistinguível da Hepatite B. Tratamento: autolimitada (paciente vai produzir anticorpos). Recuperação completa ocorre em 99% dos casos, dentro de 2 a 4 semanas. Prevenção: higiene adequada e vacinação (2 doses). Cozimento dos alimentos e cloração dos alimentos. Hepatite e Mais problemático em países emergentes (Índia, Paquistão, México). É um vírus de RNA – HEV - Não envelopado. Fonte: água contaminada, consumo de carne de porco mal passada. Contaminação: transmissão via oral-fecal – A transmissão interpessoal não é comum. Período de Incubação: 15-60 dias. 27 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Características: • Predomina em adultos; • Alta letalidade em gestantes (20%); • Países com saneamento básico deficiente; • Baixa prevalência no Brasil; • Taxa de mortalidade é de 1 a 2%; • Não cronifica. Quadro clínico: febre, mal estar, perda de apetite, náusea, dor abdominal, icterícia e escurecimento da urina, fezes com cor clara. Produz apenas doença aguda (não cronifica). Prevenção: melhoria das condições de saneamento básico e medidas educacionais de higiene. Não existe vacinas. Tratamento: a maioria dos casos evolui para a cura (autolimitada). Hepatite B É um vírus de DNA – HBV. Também é conhecido por Partícula Dane. Codifica transcriptase reversa = se replica por meio intermediário de RNA (conferindo mais resistência no ambiente). Seu capsídeo é icosaédrico, com proteína HBcAg. No seu envelope, tem os antígenos de superfície, os HBSAG (cujas partículas são liberadas no soro dos indivíduos infectados). As suas glicoproteínas de superfície, contém determinantes grupo-específicos (marcadores epidemiológicos importantes para identificação do vírus no corpo). O vírion apresenta estabilidade incomum, resiste a tratamento com éter, PH baixo, congelamento... dificultando a desinfecção. Brasil: 233.027 casos confirmados (1999-2018). Resistência do vírus: • Estável a -20°C por vários anos; • Estável a 37°C por 60 minutos; • Estável a 25°C por 1 semana; • Inativados pela autoclave ou estufa. Transmissão: sexual (sêmen, parto e saliva), vertical e parenteral (contato com sangue: tatuagens, piercing, acupuntura). Período de incubação: 50 a 180 dias. Proporciona ambiente apropriado para o vírus defectivo da hepatite delta (o da Hepatite D). Ele infecta o fígado, rins e pâncreas (somente seres humanos e chimpanzés), se replica nos hepatócitos (ficaperíodo muito longo sem causar danos). Sua ligação nos hepatócitos é mediada pelo HBSAG (contribui para reações de hipersensibilidade, podendo levar a glomerulonefrite). Pode causar doença água ou crônica, a determinação depende da resposta imune do indivíduo a infecção. Pacientes crônicos são a principal fonte de contaminação por não saberem que tem a doença. Tratamento: imunoglobulina da Heptatite B, inibidor da Tanscriptase reversa – Lamivudina. Análogos de nucleosídeos: Adefovir, fanciclovir. Prevenção e controle: vacina (3 doses). Imunização da mãe é muito importante. Profissionais da área da saúde devem ter cuidado com manuseio de sangue. 28 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Hepatite c HCV (RNA) envelopado. Genero Hepacivirus da familina Flaviviridae. Cerca de 71 milhões de pessoas estão infectadas (e 400.000 podem ir a óbito por complicações dessa doença). A alta incidência de infecções assintomáticas promove sua disseminação. Transmissão: parenteral, vertical e sexual, doação de órgãos, transfusão, uso drogas injetáveis, tatuagens, piercing. Período de incubação: 20 a 90 dias. Proteínas do HCV vão inibir ação do sistema imune, evitam a morte da célula do hospedeiro e promovem a infecção persistente (posterior doença hepática). • Fase aguda em geral assintomática; • Não apresenta forma fulminante, portador é crônico (descobre anos depois ou por outra doença pela lesão hepática); • Alta taxa de progressão para doença crônica e cirrose (85%). Tratamento: Alfainterferon isolado ou combinado com Ribavirina. Pode ser suplementado com inibidores de proteases Boceprevir e Telaprevir. Hepatite D Vírus de RNA singular (usa vírus da hepatite B e proteínas da célula alvo para se replicar). Vírus defectível (não é infectante sozinho) que exige a presença obrigatória do HBV. Seu genoma é cercado pelo capsídeo, para causar infecção, ele é revestido pelo envelope do vírus da Hepatite B, que tem o HBSAG. Causa 40% dos casos de hepatite fulminante. Transmissão semelhante ao HBV: parenteral, sexual e vertical. No Brasil: surtos epidêmicos na bacia amazônica. Padrões de infecção: – Co-infecção – Superinfecção. Piora o prognóstico da Hepatite B. infectado com HDV e HBV ao mesmo tempo. O indivíduo ainda não tinha tido a infecção causada pelo HBV (tem que acontecer primeiro antes do HDV agir). Tem grandes chances de recuperação, mas os dois juntos pioram o prognóstico da Hepatite B. Indivíduo já porta HBV. Dessa forma, leva a uma progressão mais rápida e mais intensa, pois, como paciente já teve Hepatite B, isso permite que o agente delta se replique imediatamente assim que ele entra. Tem maior probabilidade de ocorrência de Hepatite Fulminante. Nos indivíduos que tem Hepatite crônica por HBV, pode levar a uma Cirrose. Tratamento e Prevenção: Não existe tratamento específico A imunização com a vacina HBV protege contra a infecção subsequente com o HDV. 29 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 Doenças transmitidas por alimentos (DTAs) – Gram positivas Staphylococcus aureus Causa intoxicação alimentar, é bactéria anaeróbia facultativa. Pode ser observada na forma de cocos Gram positivos. Tem diversos fatores de virulência, são catalase e coagulase (provoca coagulação do plasma) positivos. Produzem toxinas (SEA), sendo a mais famosa a enterotoxina estafilocócica tipo A (produzida na fase estacionária do crescimento). Essas toxinas são termoestáveis, ou seja, resistentes ao tratamento térmico, sendo a bactéria também resistente ao sal e resistente a algumas enzimas. Onde encontramos? Seres humanos (vias nasais, garganta e na pele) e animais. Cerca de 40% da população são portadores assintomáticos (microbiota temporariamente residente, nos coloniza). Indivíduos assintomáticos também podem transmitir a bactéria. Intoxicação: Alimentos são cozidos (bactérias são mortas, mas depende da temperatura). O alimento acaba contaminado por portadores de S. aureus, que transferem a bactéria para ele durante a manipulação (bactérias competidoras foram mortas por aquecimento). Daí, o alimento foi deixado à temperatura ambiente, 106 células., fato que estimula formação de toxinas (aquecimento eliminará a bactéria, mas não a toxina) Alimento contendo toxina é ingerido, dentro de uma a seis horas, a intoxicação estafilocócica ocorre. A toxina ativa o centro reflexo do vômito no cérebro, paciente também tem episódio de diarreia. Recuperação: 24h. Sintomas da intoxicação: • Vômitos grave; • Diarreia e dores abdominais ou náuseas - não há febre Tempo de incubação: 1 a 6 horas após ingestão. Recuperação em 24 horas, doença é autolimitada. Tratamento: reposição fluidos. Alimentos envolvidos: carnes processadas, salada de batata, leite e queijos. Alimentos e que os competidores foram inibidos durante o cozimento. Prevenção: refrigeração e higiene no preparo dos alimentos (toxinas são termoresistentes). Toxina: aquecer a mais de >100°C /30 min; bactéria: ou <10º ou >60°C. Análise laboratorial: o diagnóstico da intoxicação alimentar é realizado pela pesquisa das enterotoxinas nos alimentos ingeridos e no vômito do paciente. • Coloração; • Testes bioquímicos (da catalase, coagulase); Agar Sal Manitol tem muito sal, eliminando a maioria das bactérias que não o suportam e carboidrato (Manitol) que esse tipo de bactérias consegue fermentar, formando as colônias amarelas. No Agar Baird-Parker, tem teorito e gema de ovo, que também são seletivos para essa bactéria. Listeria monocytogenes A Listeria monocytogenes é a única espécie patogênica transmitida por alimentos (existem 6 espécies) Amplamente distribuída no solo e na água. Características: • Bacilos Gram +, em pares ou cadeias curtas; • São móveis; • Ácido tolerante (pH 4,1 - 9,6), toleram sais biliares, estômago e enzimas proteolíticas. É um risco para indivíduos com mais de 50 anos; • Psicrotolerante, pode multiplicar-se vagarosamente na temperatura de refrigeração (1 - 45ºC); 30 Anna Luiza Ferreira – ATM 25 • Halotolerante, toleram altas concentrações de sal. Dose infectiva: 100 a 1000 células. Período de incubação: 1 – 90 dias (varia com sistema imune do indivíduo). Fator de virulência: Listeriolisina Infecção: 1. Ingestão de alimento contaminado; 2. Colonização do epitélio intestinal, adesão da mucosa intestinal (principalmente delgado); 3. Invasão tecidual (onde vão ser absorvidas por fagocitose induzida, formando vacúolos); 4. Multiplicação dentro de macrófagos; 5. Lise (perfura membrana) dos fagossomos por listeriolisina (LLO). Ela escapa para o citoplasma e lá se multiplica, invadindo células adjacentes pela polimeração de actina, formando longas caudas e possibilitando sua locomoção entre as células; 6. Penetração dos capilares sanguíneos; 7. Sepse, por se disseminar na corrente sanguínea; 8. Infecção da placenta e Sistema Nervoso Central (SNC). Sintomas: • Em crianças, a listeriose se manifesta principalmente através da meningite; • Em adultos imunocomprometidos: sepse, comprometimento do SNC, formação de abscessos, febre, fadiga e sintomas entéricos; • Na mulher grávida os sintomas são semelhantes de um resfriado – podendo causar aborto por transmissão via placentária (bebê também pode ter meningite do recém-nascido). Alimentos envolvidos (processados e prontos para consumo): queijos com alta umidade, leite cru, pescado, vegetais, frutas, vegetais, produtos cárneos, salsicha. Legislação brasileira (RDC12/2001) = ausência em 25g de alimento. Prevenção: pasteurização do leite, evitar consumo de alimentos envolvidos da parte de indivíduos considerados do grupo de risco. Diagnóstico: coleta de sangue do paciente - Isolamento do patógeno e análise laboratorial.
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