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Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 1 PROVA DE 3 PONTOS O que é o Direito Constitucional? É o ramo do Direito Público onde estão as regras de estruturação e organização do Estado (nação). É aplicado não somente ao Estado, mas também ao cidadão, pois este faz parte do Estado. Começa de forma vertical, pois quem mais violava as regras era o Estado, até chegar num ponto onde o Estado respeitava o cidadão, mas o cidadão não respeitava o Estado – aí surge o controle horizontal, destinado aos cidadãos (ex – foi necessário crias regras de assentos preferenciais pois o cidadão não respeitava isso se não por meio de imposição). O que é Constituição? É o instrumento normativo onde estão as regras da sociedade, as regras de estruturação do estado (organização). Objeto da Constituição: direitos e garantias fundamentais; estrutura e organização do Estado e de seus órgãos; modo de aquisição e a forma de exercício do Poder; defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas; e os fins socioeconômicos do Estado. Sentido político – Constituição como algo que emana de um ato de poder soberano, que determina a estrutura mínima do Estado, ou seja, as regras que definem a titularidade do poder, a forma de seu exercício os direitos individuais, entre outros. Constituição como decisão política fundamental. Sentido sociológico – Constituição como fato social, e não propriamente como norma. O texto positivo da Constituição seria resultado da realidade social do país, das forças sociais que imperam na sociedade em determinado período histórico. Caberia à Constituição escrita, tão somente, reunir e sistematizar esses valores sociais num documento formal – que apenas teria eficácia se correspondesse aos valores presentes na sociedade. Duas concepções sociológicas merecem destaque: Lassalle: aponta a necessidade da Constituição ser o reflexo das forças sociais que estruturam o poder, sob pena de encontrar-se apenas uma folha de papel ; Luhmann: Constituição como uma espécie de acoplamento estrutural dos sistemas jurídico e político. Sentido formal – Constituição como um conjunto de normas que se situa num plano hierarquicamente superior a outras normas. Diz respeito aos procedimentos legislativos. A relevância é a forma pela qual ela foi introduzida no ordenamento jurídico. Sentido material – Constituição como conjunto de normas, escritas ou não escritas, cujo conteúdo seja considerado propriamente constitucional, isto é, essencial à estruturação do Estado, à regulação do exercício do poder e ao reconhecimento de direitos fundamentais aos indivíduos. A relevância é o conteúdo. Sentido jurídico – Constituição como pura norma jurídica, como norma fundamental do Estado e da vida jurídica de um país, paradigma de validade de todo o ordenamento Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 2 jurídico e instituidora da estrutura primacial desse Estado. A Constituição consiste, pois, num sistema de normas jurídicas. Elementos do Estado: 1. Soberania (Poder Soberano) 2. Território 3. Povo (Diferente de população). 4.*Finalidade Poder Soberano – Poder para o Estado criar suas próprias leis, ser independente e não sofrer interferência externa. Território – Base geográfica onde é exercido o poder soberano. Povo – Indivíduo que possui vínculo com o país, que pertence à nação, tem origem no país ou adquire a nacionalidade – assim, povo possui direitos e deveres. População são todos os que habitam no local, incluindo estrangeiros. Finalidade – cada Estado tem um objetivo, existe por um objetivo – Ex: Estado do Vaticano – propagar a religião católica, a paz, a solidariedade. Obs: elemento acrescentado pelo autor José Afonso. Finalidade do Estado Brasileiro – art 3º CF: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Estado só com território e soberania: Vaticano Estado só com povo e soberania: Palestina Estado só com território e povo: Nova Zelândia, Austrália (a soberania é da Grã- Betanha), entre outros. Observação: A ausência de mais de dois elementos descaracteriza o Estado (não é reconhecido como Estado). Ex: país Basco – não é um Estado, todos são espanhóis e assim possuem direitos e deveres assim como os Espanhóis. Podem até se intitularem bascos, mas são espanhóis. No Brasil, há divisão dos poderes: Chefe do executivo: presidente da República, Chefe do legislativo: presidente da câmara e presidente do Senado, Chefe do Judiciário: presidente do STF. Já no Vaticano, por exemplo, não há divisão de poderes – o chefe de todos os poderes é o Papa, sumo pontífice de todos os poderes. Isso prova que as Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 3 regras de estruturação de Estruturação de Estado variam de nação pra nação, devido ao poder soberano de cada um. Tudo o que está na Constituição é de Direito Constitucional? Não, na constituição existem leis além das que estruturam o Estado. Nossa constituição se preocupou em tratar de todo tipo de assunto, incluindo Direito Constitucional. Essas normas que não são de estruturação do Estado estão na CF pois alguém teve a ideia de colocar lá – porém, essa decisão teve consequências. Exemplo: artigo 242 parágrafo 2º: Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às instituições educacionais oficiais criadas por lei estadual ou municipal e existentes na data da promulgação desta Constituição, que não sejam total ou preponderantemente mantidas com recursos públicos. § 1º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro. § 2º O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. Retirando o parágrafo 2º, alguma consequência seria gerada ao andamento do país? Não, assim prova-se a inutilidade de introduzir esse artigo no projeto constitucional. Essa norma só é justificada ao se verificar o parágrafo único do artigo 1º: Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Esse artigo prova que aquela norma existe pois alguém pediu para seu representante colocá-la lá. O lugar mais correto para essa norma seria a parte administrativa. Outro exemplo: Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. § 3º Compete à lei federal: I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada; II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente CentroUniversitário Sofia Blazquez Barberio Página 4 disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente. § 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso. § 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio. § 6º A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade. O parágrafo 4º fala sobre restrições legais, e não constitucionais. O lugar mais correto para essa norma seria o Código Comercial. Porém, assim como essa norma alguém pediu para seu representante colocar essa norma na CF. Essas normas geram questionamentos sobre o que é constitucional. Tudo o que está na Constituição é constitucional? Sim. O problema é o que essa resposta gera na prática. O instrumento jurídico capaz de alterar a Constituição é a Emenda Constitucional. Assim, ao colocar normas que não deveriam ser constitucionais na CF, gera-se uma proteção sobre aqueles assuntos, pois só podem ser alterados por emendas – o instrumento mais rígido. Isso prova um dos motivos para essas normas estarem lá – os empresários que pediram para colocá-las lá conseguiram essa proteção para os assuntos nos quais atuam. Todos os dispositivos que nasceram com a CF em 1988 são normas originárias e não admitem controle constitucional (impossibilidade de pedido de controle de constitucionalidade – o ministro nem olha o caso quando percebe que é norma originária). Diferentemente acontece na Alemanha, onde são permitidos o controle das normas originárias – mecanismo criado para evitar que qualquer dispositivo na norma alemã, mesmo que dentro da Lei Fundamental Alemã (nome dado à Constituição alemã), viole os direitos fundamentais – isso em decorrência do ocorrido nas Guerras Mundiais. O problema gerado na CF brasileira por estar tudo na constituição é que as normas acabam ficando em um mesmo patamar – assim, seja para discutir algo do Direito de Família ou algo do tabagismo é o mesmo procedimento – emenda constitucional. Exemplo: Artigo 29 - XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. De maneira alguma o assunto marca e patente deveria estar nos direitos fundamentais, porém o parágrafo 4º do artigo 60 proíbe que seja deliberado sobre o capítulo dos direitos fundamentais. Assim, além de estar na CF, esse tema está no capítulo dos Direitos Fundamentais (que nunca podem sofrer alteração para restringir, Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 5 apenas para ampliar). Além disso, o problema de uma CF extensa é uma corte sobrecarregada. Ex – Se a CF é pequena, o único trabalho da Corte é verificar se as normas infraconstitucionais estão de acordo com a Cf (ex. Cf do Vaticano). Agora, no Brasil, a corte é extremamente sobrecarregada – e no cenário atual, nunca a corte vai parar pra discutir sobre o Colégio Dom Pedro II. Classificação das Constituições 1) Quanto ao conteúdo Material: Constituições que trazem apenas assuntos de estruturação do Estado – assuntos de Direito Constitucional (assuntos essenciais à organização do Estado e os que estabelecem direitos fundamentais). Formal: Constituições que tratam de todo tipo de assunto, seja de Direito Constitucional não – exemplo: CF brasileira: a mesma CF que trata de Direitos fundamentais, Direito de família trata de tabagismo e terapia. Aqui leva-se em conta o processo de elaboração da norma – todas as normas integrantes de uma Constituição escrita, solenemente elaborada, serão constitucionais. Não importa, em absoluto, o conteúdo da norma. 2) Quanto ao modo de elaboração Dogmáticas: Feita de acordo com os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito então imperantes – como que a sociedade vive naquele determinado período. Segue o momento da sociedade, a situação atual do país (monarquia, ditadura, república etc. Não é possível uma constituição monárquica em um país republicano etc). O Brasil é um clássico caso, a CF se alterou diversas vezes, acompanhando assim a evolução da sociedade: -Monarquia (1824) – obs: durante 1 ano, 6 meses e 24 dias (pois a independência foi em 1822 e a constituição só surgiu em 1824) o Brasil não possuía leis de estruturação do Estado, sendo regido por meio de Decretos Imperiais (e um desses decretos dizia que seriam utilizadas as leis portuguesas); -República (1891) – obs: O Brasil se torna independente em 1889, porém só 2 anos depois surge a Constituição – assim durante esse tempo o Brasil foi regido pelo Decreto Presidencial (que alterou o Decreto Imperial (hoje em dia é por emendas constitucionais que essa alteração ocorre)); -1934 - Revolução Constitucionalista de 9 de julho de 1932. -Constituição Polaca (1937) – Baseada na CF Polonesa – uma CF nazista/fascista. O problema é que o Brasil lutava do lado democrático/capitalista na Guerra de 1945, assim os EUA obrigam a ocorrência de mudança na nossa CF, e assim em 1946 ela se altera (por pouco o Brasil não luta do lado do Eixo – e por não entrarem sofreram vários ataques dos alemães, pois esses tinham feitos vários investimentos no país). Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 6 -1946 – redemocratização pós 2ª Guerra Mundial e fim do Estado Novo. -1967 – outorgada, inspirada na Carta de 1937, pós golpe militar; -1969 – Ato institucional que dá ao presidente da república o direito de tirar a imunidade dos parlamentares, cassando o mandato de várias pessoas e o presidente recebe poder para criar uma nova emenda constitucional por decreto, alterando 80% da CF (e assim impondo uma nova CF sob a alegação de que era uma emenda (a de 1969). O STF decidiu que a emenda de 1969 é uma nova constituição (poder constituinte originário (cf) e não somente derivado (emenda)), e não somente uma emenda – os militares achavam que impondo regras mais rígidas seu poder seria maior. Porém não foi bem assim que aconteceu. -República nova (1988) – redemocratização do país. Históricas: Resultam da lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sociopolíticos, representando uma síntese histórica dos valores consolidados pela própria sociedade. Constituições onde quase nada se alterou. Ex: Estados Unidos – desde 4 julho de 1976 é um sistema presidencialista/ republicano e o sistema de eleição continua o mesmo. Ex 2: Inglaterra: Desde sempre é monárquico. Ex 3: Vaticano, desde sempre o papa que governa. 3) Quanto à origem Promulgadas (também chamadas de democráticas ou populares): Constituições que possuem participação direta do povo (através de seus representantes), o povo é ouvido – Todo poder emana do povo . Exemplo: CF brasileira 1891, 1934, 1946, 1988. Outorgadas: Constituições impostas pelo governante, não há participação popular. Resultam de ato unilateral de uma vontade política soberana. Ex: CF brasileira 1824, 1937, 1967 e 1969. Ditatoriais: Nas CFs outorgadas o governante não deixa nenhuma dúvida de que está impondo a constituição. Já na CF ditatorial, o ditador busca justificativas para o que ele fez, e muitas vezes essas justificativas possuem o aval da população (que na verdade concorda por medo). Na ditadura há uma máscara escondendo a imposição de nova constituição, enganando a sociedade. Ex.CF chilena. 4) Quanto à mutabilidade Rígidas: Procedimento único/exclusivo/especial para alteração do texto constitucional. Ex: todas as CFs brasileiras exceto a de 1824. Semi-rígidas: Mescla entre rígida e semi-rígida (2 sistemas para alteração – 1 rígido e 1 flexível, e não apenas 1 como nas rígidas ou flexíveis). Seria o mais correto para CFs formais, pois acabaria com a regra de colocar tudo num saco só , e separaria os assuntos constitucionais dos não-constitucionais. Assim as regras rígidas serviriam para Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 7 os assuntos constitucionais (direitos dos cidadãos e regras de organização do Estado), e as regras flexíveis para os assuntos infra-constitucionais. Ex: CF brasileira 1824 (única brasileira semi-rígida). Flexíveis: Procedimento único para tudo, e não só pra emenda. O mesmo procedimento utilizado para emendas é o mesmo utilizado para leis ordinárias por exemplo. É aquela que permite sua modificação pelo mesmo processo legislativo de elaboração e alteração das demais leis do ordenamento, como ocorre na Inglaterra, em que as partes escritas de sua Constituição podem ser juridicamente alteradas pelo Parlamento com a mesma facilidade com que se altera a lei ordinária. Assim, uma lei ordinária poderia revogar uma lei constitucional (se ambas conflitassem) – pois lei nova revoga lei anterior. Ex atual: CF venezuelana, ex antigo: Constituição de Weimar. Imutáveis* (Alexandre de Morais): O autor defende que a CF brasileira seria mista (rígida + imutável). Constituição imutável é aquela que não admite modificação do seu texto. Essa espécie de Constituição está em pleno desuso, em razão da impossibilidade de sua atualização diante da evolução política e social do Estado. Alteração significa: redução, mudança ou ampliação. Assim, todas as leis brasileiras podem ser alteradas, inclusive as cláusulas pétreas – pois é possível ampliar os direitos (só não é possível reduzir). Nenhuma lei constitucional brasileira é imutável. -Imutabilidade absoluta: Nunca há alteração – Nem pra reduzir nem pra aumentar. Isso é uma inverdade, não existe essa imutabilidade na constituição. -Imutabilidade relativa: Pode haver alteração – pode alterar para ampliar os direitos, mas nunca para diminuir. Assim, a cf possui imutabilidade relativa. Esse tipo de alteração segue o procedimento comum de alteração do texto constitucional (mutabilidade rígida) – não há um procedimento especial. Observação: 4 pontos na CF que são absolutos - tortura, sigilo de fonte do jornalista, escravidão, princípio da legalidade e da anterioridade (nunca se retroage um fato para punir alguém). 5) Quanto à forma Escritas: Texto positivado. Não-escritas: Não estão positivadas, não possui materialidade (não confundir materialidade com material). Não ter como exemplo a Inglaterra, pois até lá isso já está ultrapassado, já existindo dispositivos, compêndios positivados. Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 8 Obs: Caso a doutrina sofresse uma atualização, existiria a classificação híbrida , onde não é nem tudo escrito e nem tudo não-escrito. Constituição Força normativa da Constituição (Normatividade da CF) Tudo o que está na CF tem força de lei? Não – o preâmbulo não tem O preâmbulo brasileiro definiu que todos os estados teriam sua própria constituição. Todos os estados fizeram e ao final do preâmbulo colocaram sob a proteção de Deus – exceto o Acre. Assim, o PSL (partido social-liberal) entrou com uma ADI (ação direta de inconstitucionalidade) – ADI 2076/AC, dizendo que aquilo era inconstitucional por não estar de acordo com o preâmbulo. O relator – ministro Carlos Veloso, votou como improcedente a ação, e os outros ministros seguiram seu voto. A ação foi julgada improcedente, pois foi definida a ausência de normatividade do preâmbulo, sendo definida como instrumento de caráter filosófico/sociológico. Mesmo não tendo força normativa, o preâmbulo faz parte da constituição, e assim só pode ser alterado por meio de emenda constitucional – o Acre através de uma EC adicionou o sob a proteção de Deus em sua constituição (EC n° 19/2000). Por qual motivo foi colocado o termo sob a proteção de Deus ? Para fazer uma alusão aos outros Estados de que o brasileiro é um povo crente – no sentido de que possui uma crença, seja católica, batista, espírita etc – O provo crê em um deus, mas o Estado não adota nenhum. Isso quer dizer que os ateus não são protegidos pelo Estado? Não, isso feriria o artigo 5° que diz que todos são iguais. Essa discussão sobre a questão religiosa não recebe muita importância, pois não atrapalha em nada ter escrito Deus seja louvado nas notas, ter crucifixo nas repartições públicas e etc – seria perda de tempo mexer com questões assim – falta razoabilidade em ações com esse teor (pra que mandar a casa da moeda reimprimir todas as notas do país só pra tirar a frase que não interfere em nada). APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS (OU EFICÁCIA) 1. Plenas – São aquelas que desde o primeiro instante em que a CF adentrou ao ordenamento jurídico possui aplicabilidade imediata, qual seja o cidadão ou agente pode fazer ou até mesmo exigir que aquele direito seja imediatamente cumprido – desde a entrada em vigor da Constituição produzem ou têm possibilidade de produzir todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações que o legislador constituinte, direta e normativamente quis regular. Possuem aplicabilidade direta, imediata e integral. Referido dispositivo sequer depende ou exige da criação de um dispositivo infraconstitucional para regulamentá-lo. Seu conteúdo é claro, leigos entendem facilmente. Ex: art 5° I – Homens e mulheres são iguais: quer dizer exatamente isso e todos entendem – não é preciso nenhuma lei complementar para entender. Obs: nesse inciso, além de homem e mulher ser igual, também Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 9 contempla que mulheres devem ser tratadas igualmente a outras mulheres e homens devem ser tratados iguais aos outros homens. Outro ex: art 5° III. Porém, caso venha a ocorrer violação de direitos relacionados às normas plenas, o legislador poderá (facultativo) criar dispositivo infraconstitucional (lei) para reforçar a ideia já existente, impondo sanções (ou cumpre por bem, ou por mal). Há de observar todavia, que o dispositivo infraconstitucional que regulamenta ou trata de normas plenas nunca poderá contrariá-lo, caso contrário será inconstitucional. Só pode haver distinções se a constituição prever – ex: é obrigatório ao homem o serviço militar, às mulheres não. Outro ex: mulheres se aposentam antes, pois mulher tem dois empregos, homem não (além do trabalho tem o serviço doméstico – dupla-jornada ). Ex leis: 9029/95, 9455/97, 8078/90 – normas plenas mas que com o passar do tempo continuaram a ser violadas acabaram recebendo complementação para reforçar sua obrigatoriedade – não é preciso ter essas leis para regular a lei plena, mas surgiram para reforçar. 2. Contidas – São aquelas que desde o primeiro momento em que a CF entrou no ordenamento jurídico possui aplicabilidade imediata – assim como a plena. Todavia, as normas de caráter contido dependem e até pedem um dispositivo infraconstitucional para regulamentá-la ( pediu lei não é plena ). Todavia, a ausência da norma infraconstitucional (lei) exigida, por omissão do legislador, não impedirá que o cidadão ou agente possa fazer valer o seu direito, inclusive podendo acionar o poder judiciário. Possuem aplicabilidade direta, imediata mas não integral. Ex: art 5° XIII – as pessoas podem exercer qualquerprofissão (menos as ilícitas e as ilegais) – desde que esteja regulamentada por lei: ex: advogado – OAB, engenheiro – CREA, médico – CRM, etc. Exemplos atuais sem regulamentação: motoboy – quando surgiu essa profissão os taxistas não concordaram, porém não havia ilegalidade na profissão – o cidadão não poderia ser privado de exercer sua função devido à falta de lei por omissão do legislador. Uber é outro exemplo – não há irregularidade no exercício da função, então não é possível impedir esse trabalho por falta de regulamentação (pelo Estado ser omissivo). Porém, com o surgimento da lei infraconstitucional regulamentando a norma contida, esta lei poderá impor obrigações e deveres (dentro da razoabilidade e proporcionalidade), devendo o cidadão ou agente cumprir os termos da lei, sob pena de ser impedido de exercer o direito, inclusive perdendo o direito ao amparo judicial, que também poderá proibi-lo de exercer o direito – se não se adequar à norma regulamentadora, perde o direito do exercício e nem pode recorrer judicialmente, pois descumpriu as exigências. OBS: Isso é um exemplo de que norma contida pode sim limitar direitos fundamentais – a pessoa pode trabalhar sim (direito fundamental), mas se não seguir as regras dica impedido (limitação). Os artigos 9º, 37 - VII, 142 - parágrafo 3º - IV falam sobre greve. No 9º sobre setor privado, os demais sobre o setor público – ainda subdividido em civis (37) e militares (142). Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 10 Art 37 - VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica Norma contida, precisa de regulamentação ( nos termos definidos pela lei ). Obs: esse é um exemplo de omissão do Poder Legislativo, pois não houve regulamentação ainda. Art 142 -§ 3º- IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve Norma plena, não exige nenhuma outra lei regulamentando (não há as expressões nos termos da lei , a lei disporá , a lei regulamentará ). 3. Limitadas: São aquelas que desde o momento em que a Constituição Federal entrou em vigor dependem/exigem expressamente um dispositivo infraconstitucional para regulamentá-lo. A ausência do dispositivo infraconstitucional impede (essa é a diferença entre limitada e contida – na contida não impede) que o agente/cidadão possa fazer valer o direito lá descrito, inclusive sem amparo judicial. Ou seja, o que na realidade existe é uma mera expectativa de direito. Possuem aplicabilidade indireta, mediata e reduzida. Exemplo: Art 7º, XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei Norma limitada. Enquanto não surgiu a regulamentação, existiu apenas uma expectativa de direitos – até 2000 (quando surgiu a regulamentação) não existia essa remuneração, pois não havia lei regulamentando como devia se dar essa remuneração. Exemplo 2: ADCT – Art 8º - § 3º Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional específica, em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica nº S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e nº S-285-GM5 será concedida reparação de natureza econômica, na forma que dispuser lei de iniciativa do Congresso Nacional e a entrar em vigor no prazo de doze meses a contar da promulgação da Constituição Foi regulamentado pela medida provisória 2151/01 e foi convertida em lei: 10559/02 – ou seja, deveria ter sido criada até outubro/89 (1 ano depois da outorga da CF), porém só regulamentou em 2001. Como diferenciar limitada de contida – se for possível utilizar um instrumento jurídico para solucionar o problema, é contida. Se não há como exercer o direito pela falta de regulamentação, é limitada (mãos atadas). Ex (limitada): art 102 (lei 9882/99 – regulamentou, põem foi só em 1999, de 1988 até 99 não seria possível exercer esse artigo). a. Programáticas – São aquelas que visam criar programas. Normalmente são as utilizadas pelos políticos nas propagandas políticas – e utilizam isso como desculpa, já que as normas limitadas são de mãos atadas , não é possível fazer nada e coloca-se a Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 11 culpa na falta de lei. São aquelas em que o constituinte, em vez de regular, direta e indiretamente, determinados interesses, limitou-se a lhes traçar os princípios e diretrizes, para serem cumpridos pelos órgãos integrantes dos poderes constituídos (legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins sociais cio Estado. Constituem programas a serem realizados pelo Poder Público, disciplinando interesses econômico- sociais, tais como: realização da justiça social: valorização do trabalho; amparo à família; combate ao analfabetismo etc. b. Constitutivas – São aquelas que visam criar alguma coisa. São aquelas pelas quais o legislador constituinte traça esquemas gerais de estruturação e atribuições de órgãos, entidades ou institutos, para que, em um momento posterior, sejam estruturados em definitivo, mediante lei. Ex: Art 18 - § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996) Para criação de municípios há um degrau a mais , exigindo mais requisitos. A viabilidade é sinônimo de dinheiro, a criação de uma cidade depende dessa viabilidade. 4. *Exauridas – São aquelas que desde o primeiro momento em que a Constituição Federal entrou em vigor estabeleciam ou previam determinada situação jurídica que veio a ocorrer e que consequentemente fez com que referida norma perdesse completamente a sua aplicabilidade. É possível a alteração de norma exaurida por meio de emenda constitucional. Ex: ADCT - Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. (Vide emenda Constitucional nº 2, de 1992) Quando um dispositivo concede direitos, possui cunho positivo. Já se um dispositivo não concede (ou nega) direitos, é de caráter negativo. Exemplo: uma lei de 1970 que dizia que o empregado não tem direitos na participação dos lucros da empresa (negativo). Até dia 5/10/1988 essa lei valia. A partir do dia 5/10/1988 essa lei perde a sua vigência, pois é promulgada a nova constituição e a lei anterior confronta com a nova legislação, especialmente o artigo 7º, XI (que por possuir eficácia, mata a lei anterior). Eficácia: gera efeitos jurídicos, mas não possui aplicabilidade. Pode matar as normas anteriores que a contraponham – Lei nova revoga lei anterior . http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc15.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc15.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc02.htm Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 12 Qualquer dispositivo constitucional, desde o momento em que a CF entrou em vigor, possui eficácia – para o passado e para o futuro (se uma norma tentar entrar no ordenamento dizendo que o trabalhador não terá mais direito de participar do lucro da empresa, será inconstitucional, pois a norma anterior já garantia esses direitos, não sendo permitido retirá-los (ou seja, a eficáciada norma existente tem alcance no futuro). Aplicabilidade: capacidade da norma em gerar efeitos. Toda norma constitucional tem eficácia, mas nem toda tem aplicabilidade. Para gerar efeitos, é preciso impor sanções, pois ninguém cumpre algo se do contrário não existir nenhum contra. PODER CONSTITUINTE O que é? É o poder de constituir, de criar algo – e nesse caso específico, o poder de criar uma constituição. Quando uma constituição é criada, seu intuito deve ser o Estado a serviço do povo, oferecer e proteger direitos. Para isso são escolhidos representantes do povo (governantes) – pois aqueles que possuem a titularidade desse poder são o povo, representado por seus representantes parlamentares. Antigamente, principalmente na França, tudo era o povo em prol do governante – impostos para que o governante tivesse dinheiro, produção de alimentos para que o governante e sua família comessem e etc. o abade Emmanuel Sieyés (esboçou inicialmente a teoria do poder constituinte) defendia que existia uma sociedade dividida em castas/estados – 1º Estado: Nobreza (rei), 2º Estado: governantes escolhidos pelo rei para tomar conta de suas terras (pois não conseguia cuidar de tudo sozinho), 3º Estado: povo. Esse regime era absolutista. O manifesto desse abade, que falava sobre o 3º Estado, incentivou o fim do absolutismo, influenciando até a Revolução Francesa. O ponto fundamental dessa teoria (do poder constituinte) - que explica a afirmação de que ela somente se aplica a Estados que adotam Constituição escrita e rígida, e faz com que ela alicerce o princípio da supremacia constitucional - é a distinção entre poder constituinte e poderes constituídos. O poder constituinte é poder que cria a Constituição. Os poderes constituídos são o resultado dessa criação, isto é, são os poderes estabelecidos pela Constituição. Para que a cada mudança não fosse necessário criar uma nova constituição, criam-se formas de alterar esta (e também de recriá-la) – e aí entra o poder constituinte. O titular do poder constituinte é o povo, que exerce seu direito por meio de seus representantes legais (parlamento), eleitos especificamente para essa função (eleitos para tal). Espécies de Poder Constituinte: Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 13 1. Originário (Primário) – Poder para criar uma nova constituição (dar origem a uma nova). Isso não pode ocorrer a qualquer tempo. O parlamento atual, por exemplo, não foi eleito para tal fim (não foram eleitos deputados/senadores para criar uma nova constituição – no máximo podem alterá-la, exercendo o poder secundário). Se o intuito fosse criar uma nova constituição, haveria eleição para um parlamento que seria eleito para tal fim – dar origem a uma nova constituição. O mecanismo jurídico para criar uma nova Constituição (em um estado democrático, cuja titularidade é do povo e o exercício é do parlamento – se fosse ditatorial/golpista seria outorgada/imposta) é a emenda constitucional - ainda não existe na Constituição um mecanismo para criar uma nova CF, assim é preciso criá-lo por meio de emenda constitucional, que acrescentaria um novo artigo na CF, dizendo que o próximo parlamento eleito seria convocatório de assembléia nacional constituinte (com o fim de criar nova CF) e prevendo o fim da CF vigente. Assim, o poder constituinte originário surge pela vontade e aprovação do povo, instituindo uma nova assembleia constituinte (eleita com esse fim). A partir do momento que uma constituição passa a ser vigente possui três características/poderes: a)Poder Inicial – Deve ser um poder inicial, pois um novo Estado é criado. Tudo é novo, podendo ser alterado até o nome do país Atravessou a ponte . b)Poder Soberano – Deve ser um poder acima de qualquer outro poder, pois é o poder do povo. Pode impor a quantidade de regras que entender necessário, não existindo direito adquirido – não é possível pleitear direito adquirido sob alegação que tinha o direito na CF anterior. Não é cabível nem controle de constitucionalidade ao poder originário. c)Poder Ilimitado (I)limitabilidade: 2 posições: -Positivista: Fato (sociedade, Estado faliu, não teve sucesso nas regras); Esqueceu o anterior (porque o anterior faliu, se é necessário fazer uma mudança total significa que o Estado falhou e é necessário esquecer o que tinha e mudar tudo); muda-se tudo (pode instituir prisão perpétua, pena de morte etc, tudo novo). -Jusnaturalista: Direito (é um direito do cidadão a criação novas regras, através de seus representantes legais); Não esquecer o anterior (o anterior vai servir de base e exemplo para que os mesmos erros não sejam cometidos, por isso não é para esquecer o anterior, e sim tê-lo como base); Não mudar tudo (pois o respeito aos direitos fundamentais deve ser mantido, as conquistas da sociedade quanto a direitos precisa ser respeitada, não se pode retroagir os direitos). Esse (i) se deve ao fato de ser ilimitado até o ponto de não poder retroagir os direitos conquistados, ou seja, não é totalmente ilimitado, tem uma limitação. -Internacionalistas: Discorrem sobre contrato feito entre entes internacionais. Existindo um pacto/contrato possível, lícito entre as partes, a menos que esteja Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 14 presente a teoria da imprevisão, uma das partes não podem simplesmente deixar de cumprir o combinado. O estado não pode arguir em sua justificativa para não cumprir algo o fato de que quando assinou o contrato estava sob outra constituição – isso não seria possível, seria obrigado a continuar cumprindo sob o manto da nova constituição - isso para manter a segurança jurídica. Assim, verifica-se que os internacionalistas reforçam a ideia dos jusnaturalista – essa seria a teoria ideal (a jusnaturalista). Consequências jurídicas da entrada de uma nova Constituição 1. Desconstitucionalização: Fenômeno horizontal (antiga-cf - nova). Há a manutenção da norma no ordenamento jurídico, porém ela é rebaixada a lei ordinária, não mais constitucional – a norma é mantida porém rebaixada. É o ato jurídico pelo qual com a entrada em vigor de uma nova constituição, esta mantém algum(ns) dispositivo (s) da constituição anterior, porém rebaixando-o(s) à categoria de dispositivo infraconstitucional – Por exemplo, passar a ser tratada como dispositivo de lei complementar ou ordinária. Isso deve ser feito de forma expressa (pois se a nova não falar nada sobre manter algo da anterior, tudo será esquecido – forma tácita). 2. Recepção: Fenômeno vertical (cf- leis infra (cima pra baixo ao passado (ao futuro é controle de constitucionalidade))) É o instrumento jurídico pelo qual, com a entrada em vigor de uma nova constituição, esta manterá no ordenamento jurídico os dispositivos infraconstitucionais que com ela se compatibilizarem (e também tira aqueles que não se compatibilizam). É feita de forma tácita (pode ser feita de forma expressa, mas é perda de tempo). Na recepção é avaliada a matéria, a forma (formalismo) não – exemplo disso é o código comercial, de 1850 – que ainda está em vigor, e foi feito sobre o procedimento formal da constituição de 1822 (CF do Império) – Não cabe ao poder vigente avaliar a forma como a norma foi feita há tantos anos, apenas o que ela está dizendo (matéria). Obs: quando a palavra LEI vier escrita sozinha, é ordinária. Se for complementar virá escrito. Código penal foi recebido, e decreto-lei tem força de lei ordinária agora. Lei ordinária passou a ter força de complementar – código tributário Ex: o atual código tributário (lei 5172/66) foi criado durante a vigência da CF de 1946 que previa naquela época que as matérias tributárias seriam criadas observando o procedimento e o rito das leis ordinárias. Ocorre que pelaatual CF brasileira, referidas matérias tributárias devem ser criadas como lei complementar (artigo 146) - com isto, o atual CTN (código tributário nacional) mesmo sendo uma lei ordinária, formalmente foi recepcionado pela CF de 88, porém com status de lei complementar, o mesmo se aplicando ao código penal, com uma diferença: o código penal foi criado como decreto lei, segundo a Cf de 1937, decreto- lei que não existe mais na CF de 88 (artigo 59) – portando o código penal foi recepcionado com status de lei ordinária. 3. Repristinação: É o ato jurídico pelo qual uma lei que fora revogada retorna ao ordenamento jurídico pelo fato da lei revogadora (que a revogou) ter sido revogada. Esse instrumento envolve segurança jurídica, pois seria possível a existência de duas Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 15 normas tratando do mesmo assunto. É tratado em leis infraconstitucionais: Decreto-lei 4657/42, art 2º, parágrafo 3°: § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Obs: o fenômeno da repristinação é tácito, pois expressamente é permitido, como forma de ressuscitar normas ( salvo em disposição ). Ex: a lei C surgir no ordenamento dizendo que está trazendo de volta a lei A – não há conflito, pois o conteúdo da C é restabelecer a A, não há nova matéria para conflitar com a matéria de A – obs: Não é a lei A que volta, e sim sua matéria (assim, isso não recebe o nome de repristinação, e nem possui um nome). Isso ocorre quando a nova lei não foi mais benéfica que a anterior, precisando assim retornar como era antes – ruim com ele, pior sem ele . A (lei) B (lei) C (lei) Poderia tranquilamente uma norma revogar o art 2º, parágrafo 3º do decreto-lei 4657/42. Porém, isso não traria a repristinação ao ordenamento jurídico, pois embora o instituto que a proíba seja protegido infraconstitucionalmente, seu fundamento é na constituição. Normas plenas não precisam de norma regulamentadora, porém podem existir normas para reforçá-las (é o caso desse decreto-lei, que reforça a ideia da proibição do instituto da repristinação (norma de reforço) – e que não será permitida pois ela ameaça a segurança jurídica). Obs: há situações que podem levar a uma situação parecida com a repristinação. Hipóteses: 1) Efeito repristinatório no controle de constitucionalidade: É o ato jurídico pelo qual uma lei que foi revogada retorna ao ordenamento jurídico pelo fato da lei revogadora ter sido declarada inconstitucional. A revogação faz a lei perder a aplicabilidade e a eficácia. A (lei/constitucional) B (lei) C (ato jurisdicional/inconstitucional) 2) A (lei) B (medida provisória) A lei A perde apenas a aplicabilidade, ficando suspensa durante o período de existência da medida provisória. A medida provisória pode ser convertida em lei ou ser rejeitada. Caso haja a conversão, A é revogada. Caso seja rejeitada, A retorna ao ordenamento, retomando sua aplicabilidade. Isso não é repristinação pois A nunca foi revogada. 2. Poder constituinte derivado (ou secundário/reformador) – É o poder para se modificar a constituição – e também, elaborar as constituições estaduais. Características: Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 16 1)Poder derivado – se origina pelo poder originário (foi previsto pelo originário, na criação da CF foi previsto um mecanismo para sua alteração). 2)Poder vinculado – vinculado ao poder originário (que está acima dos demais poderes), está abaixo dos demais poderes. Sua atuação deve observar fielmente as regras predeterminadas pelo texto constitucional. Pode inclusive ser revisto pelo Poder Judiciário (ex: declaração de inconstitucionalidadade a um projeto de emenda constitucional). 3)Poder limitado – é limitado pelo poder originário, expressas e implícitas: Limitações ao poder constituinte derivado: a)Limitação material – Há restrições para determinadas matérias, assuntos. Alguns não podem nem ser discutidos. A1- Explícita – São claras - não há margem de dúvida/divergência. Não há nem a possibilidade de deliberação ( nem tenta , vai ser declarado inconstitucional). Ex: art 60, parágrafo 4º: Art 60 - § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. A2- Implícita – Implicitamente, continuando no exemplo acima, há mais proteções - não constam explicitamente, porém existem, por meio de uma avaliação/interpretação. Exemplo – o inciso IV do artigo anterior fala sobre garantias e direitos fundamentais – não estão todos explicitamente escritos, porém é vasta a lista deles – estão protegidos mesmo sem estarem descritos. Exemplo: diminuição da maioridade penal: implicitamente fere um direito fundamental conquistado. Assim, caso chegue uma emenda sobre isso ao senado, imediatamente o senador pede uma liminar, para que ninguém menor seja preso, sendo que não seria se a emenda não fosse aprovada – (art 228). b)Limitação formal - O formalismo só será discutido se não houver limitação material, pois não há lógica em analisar o procedimento formal para discutir algo que não pode ser discutido. Há um rito diferente para cada assunto tratado, de acordo com a hierarquia das normas (quanto mais próximo do topo, maior a rigidez. Quanto mais próximo da base, menor a rigidez). B1- Subjetiva – Quem possui legitimidade para legislar sobre determinada matéria. Ex: o prefeito de Presidente Prudente não pode impor uma norma que exija o uso de cinto de segurança com 4 pontos, pois essa regra deve ser uniforme para todo o país Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 17 (caso contrário, ao vir de Martinópolis para Prudente o motorista seria autuado por não estar com cinto de 4 pontos. Um deputado federal não pode propor uma norma de isenção tributária aos municípios, pois a competência para legislar sobre isso é no município. Propostas de emenda só podem ser propostas por 1/3 dos deputados federais ou 1/3 dos senadores, presidente (única pessoa física no Brasil que pode assinar uma proposta de emenda sozinho), mais da metade das assembléias legislativas do Brasil (são 27 (26+DF) no total, sendo necessárias 14 para a proposta). Não cabe iniciativa popular para emenda constitucional. Há ainda a legitimidade exclusiva, onde apenas os chefes do executivo (prefeito, governador ou prefeito) podem legislar (qualquer projeto de lei que cause aumento de despesas ao dinheiro público ou ao orçamento). Exemplo: projeto de lei para aumentar o salário dos funcionários públicos federais (presidente), estaduais (governador) e municipais (prefeito) – inclusive não sendo suprida nem por sancionamento (alguém faz e o chefe do executivo assina). Obs: a jurisprudência tem admitido a possibilidade do parlamento apresentar propostas de lei com iniciativa do parlamentar sobre matéria tributária mesmo que interfira no orçamento. Mutação constitucional: quando um tribunal muda seu entendimento sobre determinado assunto. É o ato jurídico pelo qual o tribunal modifica a interpretação dada a determinado assunto ou questão sem, todavia, ter ocorrido qualquer alteração, ainda que gramatical, de referida lei. B2- Objetiva – Ritualística para a criação/ alteração de leis – regra geral. Obs: apenas âmbito federal. 1ª regra: Projetos de lei, emenda, MP, etc (todo projeto) possuem tramitação inicial na câmara dos deputados (casa iniciadora), sendo o senado a casa revisora. As casas serão ao contrário quando o senador for o idealizador do projeto (aí o senadoserá a casa iniciadora e a câmara a revisora). Obs: até nos projetos mistos, em regra, a discussão se iniciará na câmara, a não ser que o senado consiga primeiro a quantidade de assinaturas mínimas. 2ª regra: quando houver dúvida sobre trâmite de projeto, seguir o rito da lei ordinária (é o rito regra). Rito Emenda Constitucional 1) Iniciativa 2) PEC protocolada na casa iniciadora 3) Encaminhada a PEC ao presidente da respectiva casa 4) Leitura da PEC no Plenário da casa (para levar todo a plenário a ter ciência do projeto, além do povo em geral (além disso, é encaminhado via email) 5) Encaminhamento para ser emitido um parecer na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça – é a mais importante pois tudo passa pelo seu parecer (embora não seja vinculativo e não tome decisão nenhuma – mas dificilmente um projeto declarado inconstitucional pela CCJ será aceito (esse parecer normalmente é seguido)) Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 18 6) Encaminhamento da PEC à(s) comissão (ões) temática para receber outro parecer (agora em comissões com temas específicos) 7) Recebimento de emendas parlamentares (ideias para alterar o projeto inicial de Emenda – é a chamada sanfona , estica ou diminui a lei) – Obs 1: não são possíveis emendas que descaracterizem o projeto inicial. Obs 2: quando se tratar de proposta de Emenda feita pelo presidente, não cabem emendas do parlamento que crie ou aumente despesas orçamentárias (porque o presidente já estabeleceu o quanto será gasto 8) 1ª votação no Plenário 9) A – PEC rejeitada (obteve menos de 3/5 dos votos) – projeto arquivado OU B – PEC aprovada (Cabe lembrar que primeiro é votada a PEC inicial, posteriormente as emendas feitas pelos parlamentares) 10) 2ª votação da PEC em Plenário (intervalo de 5 sessões (há três sessões por semana: terça, quarta e quinta) entre a primeira e a segunda votação) – A) PEC rejeitada – arquiva OU B) PEC aprovada 11) PEC encaminhada para a casa revisora (aí volta-se para o 2° passo, pois será feito todo o processo novamente) 12) PEC aprovada na casa revisora em 2ª votação 13) A – PEC aprovada sem emendas parlamentares* (as casas chegaram a um denominador comum em todos os pontos do projeto (espelho) - encerra-se o processo, PEC aprovada) B – PEC aprovada com emenda(s) parlamentar(es) 14) Retorno da PEC à casa iniciadora para apreciar apenas a(s) emenda(s) 15) A – Emenda(s) mantida(s) (aprovada(s)) – PEC aprovada* (chegou ao denominador comum) OU B – emenda(s) rejeitada(s) – prevalece a vontade da casa iniciadora – PEC aprovada com emendas da casa iniciadora*. * = Promulgação (não se fala mais de projeto, já é Emenda – as casas levam ao conhecimento de seus membros que existe no ordenamento jurídico uma nova emenda 16) Publicação da Emenda Constitucional no DOU (diário oficial da União) – traz ao conhecimento da população a existência de nova EC: Lei de introdução às normas do Direito brasileiro (DECRETO-LEI Nº 4.657) - Art 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Somente a partir da publicação da emenda do DOU é que essa poderá se objeto de ataque ou contra ela se propor ADI (ação direta de inconstitucionalidade). Não se aplica sanção e veto para proposta de Emenda (nunca). O único momento em que o presidente pode participar do rito da PEC é propondo um projeto. Rito lei ordinária 1) Iniciativa – por qualquer deputado, senador ou pelo presidente da república 2) Apresentar na casa iniciadora 3) Encaminha o projeto ao presidente da casa 4) Encaminha o projeto ao plenário 5) Encaminha o projeto à CCJ para parecer 6) http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%204.657-1942?OpenDocument Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 19 Encaminhado à(s) comissão (ões) temática (s), que pode nos termos do artigo 58, parágrafo 2º, inciso I, decidir e votar o projeto (voto de bancada – a liderança do partido comunica o que foi decidido pelo partido, e assim serão contabilizados os votos, contando como se todos os membros tivessem votado. Ex: se o partido possuir 80 pessoas e a maioria votar sim, serão contabilizados 80 votos favoráveis, comunicados por meio do líder do partido. Há a possibilidade de derrubar o voto de bancada por meio da coleta da assinatura de 10% dos deputados/senadores (arredondando para o número mais próximo: 52 deputados/ 9 senadores)) 7) Voto de bancada aprovado – encaminhamento direto à casa revisora OU Voto de bancada derrubado (houve 10% de recurso) 8) Recebimento de emenda parlamentar (não serão admitidas as que criem/ aumentem despesas ou as que descaracterizem o projeto inicial) 9) Votação do projeto em plenário – 2 possibilidades: a) Projeto rejeitado pois não obteve maioria simples/relativa de votos – 50%+1 dos votos dos presentes na sessão. Obs: o número mínimo para realizar uma sessão é metade dos deputados/senadores, sob pena de ser inconstitucional ou nem ser possível a abertura da sessão – Senado: mínimo para abrir sessão – 41, mínimo para aprovar: 21; Câmara: mínimo para abrir sessão: 257, mínimo para aprovar: 129. (É obrigatoriamente necessário quórum mínimo para abrir sessão e quórum mínimo para votação (projeto arquivado); b) Projeto aprovado Encaminhar para a casa revisora – Volta ao passo número 2. 10) Aprovação na casa revisora: A) SEM emenda parlamentar Encaminhar ao executivo para sanção ou veto. B) COM emenda parlamentar Retorno do projeto para a casa iniciadora apreciar a(s) emenda(s) da casa revisora I) Mantém a(s) emenda(s); II) Rejeita a(s) emenda(s) e as retira Encaminhar para sanção ou veto (I e II). 11) A – Sanção – Concordância com o projeto Expressa (sem necessidade de justificar, basta assinar) ou Tácita (quando não há manifestação, no prazo de até 15 dias). A sanção é um ato irretratável, seja expressa ou tácita, não tem como voltar atrás Promulgação Publicação. B – Discordância com o projeto, devendo ser expresso (pois se não falar nada, sanciona) e justificado em político (falta de interesse da coletividade ou falta de dinheiro) ou jurídico (inconstitucionalidade). Pode ser parcial (e obrigatoriamente Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 20 também terá uma sanção parcial) ou total. Uma vez vetado, o executivo deve comunicar ao Congresso Nacional em até 48 horas – caso não haja essa comunicação, o veto transforma-se em sanção (sendo assim o veto é retratável tacitamente, pois muda para sanção). O Congresso Nacional deverá analisar o veto em até 30 dias – sob pena de travar a pauta e assim obrigatoriamente a próxima pauta tratada deverá ser a daquele veto. Há duas possibilidades: a) manter o veto – arquivado; b) rejeitar e derrubar o veto por maioria absoluta, em ambas as casa separadamente (a votação é unicameral, porém os votos são contabilizados isoladamente, pois é preciso quórum mínimo para cada casa) Promulgação e publicação. Há três hipóteses para a pergunta: Em que momento o projeto de lei se transforma em lei: Sanção do executivo, ausência de comunicação do executivo ao legislativo em até 48h ou com a derrubada do veto do executivo pelo legislativo. Exemplos: Inclusão de homicídio como crime hediondo, lei da ficha limpa. Seção VII DAS COMISSÕES Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. § 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares queparticipam da respectiva Casa. § 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa; II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 21 em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. § 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da representação partidária. RITO PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR 1. Quórum para aprovação: maioria absoluta 2. Demais atos semelhantes ao projeto de lei ordinária. É igual ao rito de lei ordinária, apenas com a diferença do item 1. Existe hierarquia entre lei complementar e lei ordinária? Não. Segundo o STF, não há. Lei Ordinária: Senado: 81 41 21(50% + 1 dos 41 presentes) 81 74 38 Lei Complementar: Senado: 81 41 41 (50% + 1 do total de senadores) 81 74 41 Observa-se no exemplo acima que a diferença entre ambas pode ser muito pequena, o que não torna viável defender que uma é mais importante que a outra. O simples fator de que a lei complementar exige votos a mais não é suficiente para classificar esse instituto como mais importante (a análise de votos não é suficiente para tal afirmação). Teoria ou princípio da especialidade da Lei Complementar - Quando o constituinte quiser alguma coisa por lei complementar ele dirá – se não disser, é ordinário. Questões importantes a serem observadas a respeito da segurança jurídica das normas: Lei complementar pode tratar de matéria de lei ordinária? Sim. Aqui há de se observar a análise de votos – ao apresentar um projeto de lei ordinária, seria necessário um mínimo de 21 votos (no Senado). Caso fosse apresentado como lei complementar, seriam necessários 41 votos – precisava de um número menor, mas alcançou uma aprovação acima do que se esperava – ou seja, é um erro bom , pois a única diferença é que a votação foi maior. É um caso interessante no ordenamento jurídico de um erro que não leva a uma inconstitucionalidade. Lei complementar pode revogar uma lei ordinária? Sim. Uma lei ordinária pode ser revogada por outra ordinária – quorum igual (maioria simples). O quorum da lei Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 22 complementar é maior (maioria absoluta) – assim, se por quorum igual pode ser revogada, por quorum maior também poderá. Obs: Não confundir quorum com quantidade de votos. Pode uma lei ordinária tratada de matéria de lei complementar? Não. O quorum de maioria absoluta não poderá ser trocado pelo quórum de maioria simples (mesmo que o número de votos seja grande devido à presença de muitos senadores/ deputados). Se fosse possível, haveria uma indução para votação com quorum menor que o exigido. Caso isso ocorra, haverá inconstitucionalidade. Pode uma lei ordinária revogar uma lei complementar? Depende. Lei complementar: Formalmente – seguiu o rito da lei complementar (maioria absoluta) e Materialmente – deve estar expresso na Constituição Federal. Assim como há direitos fundamentais que escaparam do artigo 5º, há matérias tributárias que escaparam do artigo 146 – e essas devem ser tratadas por lei ordinária, pois não estão expressas na CF (e se não fala que é complementar, é ordinária). Assim, se houver uma lei formalmente complementar, porém materialmente ordinária será possível a revogação da lei complementar por lei ordinária. Só porque uma lei foi formalmente aprovada com um quorum maior, não quer dizer que sua matéria também seja alterada para lei complementar – continua sendo ordinária, apenas obteve maior quorum na sua votação (o que é um erro bom ). Assim, a resposta para a pergunta é depende: se for formal e materialmente complementar não pode. Agora, caso seja formalmente complementar, porém materialmente ordinária, pode. Pode uma Medida Provisória suspender uma lei complementar? Não pode haver medida provisória tratando de matéria complementar. Porém, se for apenas formalmente complementar e materialmente ordinária – pode. E quando é transformada em lei, a MP se torna lei ordinária, e como já visto, se for formalmente complementar e materialmente ordinária, poderá revogar. Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 23 c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) I - será opcional para o contribuinte; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei,estabelecer normas de igual objetivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003). Medida provisória Não houve nada parecido anteriormente – o que mais se assemelhava era o decreto- lei , vindo da Itália. No Brasil, surgiu com Ulisses Guimarães. De 1988 a 2017 foram editadas mais medidas provisórias do que leis até 1988. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 24 b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) III – reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 25 § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) Relevânciae urgência são pressupostos para a criação e manutenção de uma medida provisória – quem decide o que é relevante/urgente é o presidente da república. MP nº 105 de 1989 diziam que Tiradentes e marechal Deodoro são heróis nacionais – isso pois o Sarney (então presidente) definiu. As casas legislativas não só podem como devem analisar os requisitos fixados pelo presidente, podendo afastar as MPs. Ex: MP 168/04 – proibia a existência de bingos. O senado questionou se realmente era caso de relevância e urgência fechar os bingos (ainda que houvesse uma investigação e envolvimento com crime organizado, não era certo – e muitos funcionários perderam seu emprego da noite para o dia). Assim, essa MP foi rejeitada pela falta de relevância e urgência. O Poder Judiciário também pode fazer esse controle, podendo inclusive argumentar que é inconstitucional. Há o entendimento de que se o STF profere uma liminar para suspender a MP, isso não impede a continuidade da análise de mérito da MP pelas casas, pois o processo no STF poderia durar anos, e por ser provisória já estar extinta, assim nas casas o processo seria mais rápido. Eventualmente, sendo aceita a MP nas casas, o autor da ação deve-se atentar para que a decisão da corte se estenda à lei (MP agora convertida em lei, devido à aprovação), assim a lei continuará suspensa assim como a MP tinha sido. Pela CF, quem propõe a MP é o presidente. A doutrina veio e questionou – e governadores e prefeitos? Posicionamento do STF e das doutrinas quanto aos governadores: podem, desde que haja expressa autorização na constituição de seu estado – como acontece em Santa Catarina, Tocantins, Paraíba. Já o governador de São Paulo não pode, pois não está previsto na Constituição do estado de São Paulo. Para instituir esse poder, deve ser feita emenda à constituição estadual. Nos casos do prefeitos, é possível, porém há duas condicionantes: desde que haja expressa autorização na lei orgânica do município (isso pode ser instituído por meio de emenda http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art1 Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 26 à lei orgânica do município) e desde que haja previsão na Constituição do Estado – não é possível dar mais poderes ao prefeito do que ao governador do Estado. Assim, é preciso a autorização ao governador para atribuir a autorização ao prefeito. Ex: no caso da Paraíba, é possível instituir esse poder aos prefeitos (pois o governador pode), já em São Paulo isso não é possível. Força de lei Não é lei, assim a MP não pode revogar a lei. Se há conflito entre lei e MP, prevalece a lei. MP apenas suspende outra MP ou lei ordinária (ou complementar, desde que formalmente completar e materialmente ordinária). Tramitação normal da MP: Com a publicação, a MP é encaminhada ao Congresso Nacional (parágrafo 9º). No Congresso Nacional, caberá a uma comissão mista (deputados + senadores) emitir parecer (parágrafo 5º) sobre o pressuposto constitucional (relevância/urgência) e após isso sobre o mérito – antes de serem apreciados separadamente entre as casas – inicialmente na câmara (é encaminhada para análise (do pressuposto constitucional e do mérito), discussão e votação nas casas, inicialmente na câmara dos deputados) (parágrafo 8°). A MP pode ser rejeitada (e assim arquivada) ou aprovada – coro de maioria simples (aprovada como lei ordinária). Aprovada a MP na câmara dos deputados, será encaminhada ao Senado Federal (aqui sempre a câmara será a casa iniciadora e o senado a casa revisora – não há exceção), que deverá observar o parágrafo 5º do artigo 62 (analisar o pressuposto e mérito) e discutir e votar a MP, que poderá ser rejeitada (e consequentemente arquivada) ou aprovada. Obs: os parágrafos não estão organizados corretamente- a ordem cronológica é: caput, 9º, 5º, 8º Observação: Durante a tramitação da MP nas casas do Congresso (câm/sem) ela poderá receber emendas parlamentares. Tais emendas recebem o nome de Projeto de Conversão . Tempo de validade de uma Medida Provisória: Até 60 dias (art 62, parágrafo). Chegando ao 59º dia, verificando o presidente que a MP não vai se converter a lei, publicará nota no Diário Oficial da União que prorrogará a duração da MP. A publicação será feita no 60º dia (ou no máximo a publicação pode ser feita nesse dia, pois no 61º ela já estará extinta). A prorrogação será, em regra, de até 60 dias. A prorrogação terá o mesmo período de criação (se a MP durou 30, sua prorrogação será de até 30). Não correrá a vigência do prazo durante o período do recesso parlamentar, que ocorre em dois períodos – 23/12 a 01/02 (41 dias) e 18/07 a 31/07 (14 dias) – artigo 57: Direito Constitucional I - 2017 Toledo Prudente Centro Universitário Sofia Blazquez Barberio Página 27 Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados. § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. § 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para: I - inaugurar a sessão legislativa; II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas; III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República; IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar. § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República; II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. § 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. § 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação. Obs: o prazo não corre, porem a MP continua produzindo efeitos durante o período de recesso. Uma MP, considerando-se as exceções, durará no máximo 161 dias: caso seja prorrogada dia 22/12, quando seria publicada no DOU no dia 23/12 – porém, como já está
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