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P r e f á c i o
7
SAÚDE
6
A primeira edição deste manual - O Trabalho do Agente Comunitário de Saúde -
foi elaborada em 1991, como instrumento orientador das ações a serem desen-
volvidas no primeiro nível de atenção à saúde, com um grau de responsabilidade
compatível com a função que vocês, Agentes Comunitários de Saúde, exerciam
naquela época: acompanhamento do grupo materno-infantil. A segunda edição,
de 1994, foi revisada por todos os Coordenadores Estaduais e Assessores do
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), com base na observação
dos resultados da sua prática cotidiana junto à comunidade e dos enfermeiros
i n s t r u t o r e s - s u p e r v i s o r e s .
Ao preparar esta terceira edição, conservamos a estrutura da edição anterior, mas
introduzimos alterações de conteúdo que expressam a evolução do trabalho que
vocês, agentes, vêm desenvolvendo nos municípios brasileiros nos últimos cinco
anos, incluindo aqueles que contam com as equipes de Saúde da Família. Assim,
esta terceira edição apresenta três novos textos de apoio e substitui as fichas do
SIPACS pelas do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), um sistema
mais abrangente, que reúne as informações produzidas por vocês e pelas equipes
de Saúde da Família.
Por sua comprovada eficiência como guia para capacitação, esperamos que esta
versão de O Trabalho do Agente Comunitário de Saúde, revisada por técnicas espe-
cializadas deste Departamento, possa ajudá-los a desenvolver, com competência
cada vez maior, as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças.
Departamento de Atenção Básica
Junho de 2000
O trabalho 
do Agente 
Comunitário 
de Saúde
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 1
Às vezes você ri com as mães, às vezes
você chora. Mas este é o trabalho do
agente de saúde: tem que rir com os que
riem e chorar com os que choram. Mas
também o agente de saúde tem que ter
uma ética profissional. Quando eu con-
verso com uma dona de casa e ela tem
aquela confiança e conta a vida dela
pra mim, não posso ir contar o que ouvi
pra outra vizinha; tenho que ter ética
p r o f i s s i o n a l . ”
Valderina Xavier de Souza,
Agente Comunitária de Saúde em Padre
Bernardo, Entorno do DF
Quando comecei, na minha área havia três
ou quatro casos de desnutridos, casos de
diarréia, vacina atrasada, gestante mal orien-
t a d a. Às vezes eu pegava uma gestante de
sete, oito meses e perguntava: “Tu tá fazendo
o pré-natal?”. Ela respondia: “Não, porque
estou me sentindo bem.” Eu dizia: “Tu tá se
sentindo bem, mas será que o teu neném está
se sentindo bem?”. Uma dessas eu encaminhei
com oito meses para o médico do posto de
saúde e o neném dela estava com baixo peso,
já ia nascer desnutrido. Quando voltei na
casa dela, ela me disse assim: “Tu estava certa.
Por que esse programa não começou antes?
Ivânia Maria Sotta, 
Agente Comunitária de Saúde, Rodeio Bonito, RS
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 3
A educação é um ato de amor, por isso um ato de 
coragem. Não pode temer o debate. 
A análise da realidade, não pode fugir à dis-
cussão criadora, sob pena de ser uma farsa.”
Paulo Freire, em E d u c a ç ã o como Prática da Liberdade
Eu trabalhava na roça, até que um dia passou
um agente de saúde que se chama Pedro, veio aqui
fazer a inscrição do pessoal para o PACS e perguntou
se eu tinha interesse. Eu falei assim: “Rapaz, não
tenho interesse, porque não tenho estudo”. Ele disse:
“Não carece de ter um estudo tão grande. Se você estiver
interessado é só fazer uma inscrição, talvez você
passe.” Fui fazer a inscrição e depois a instrutora, que
se chama Maria Helena, veio até aqui na aldeia para
ver se tinha mais alguém que quisesse fazer a
inscrição. Ninguém mais quis, eu acho que é falta de
estudo mesmo... Depois do treinamento, fui logo nos
caciques e avisei pras comunidades o que a instrutora
passou pra mim. Aí fui visitar, pesar as crianças,
acompanhar as gestantes, fazer o cartão das crianças,
ver a vacina. Foi duro demais, porque muita gente se
estranhou do meu serviço. O pessoal perguntava: “Por
que você pesa as crianças? Por que fala daquilo?”
Muita gente disse que não carecia, mas muitos também
acreditaram nas minhas palavras. Até hoje, já estou
com dois anos de trabalho, muitos dizem não na
minha vista.”
Teodoro Pasiku, Agente Comunitário de Saúde
na Aldeia Rio do Sono, Tribo Xerente, TO, 1997.
“
“
1 0
Saúde e comunidade
Este capítulo destaca o conceito de saúde
e a importância do seu trabalho, agente 
comunitário de saúde, como agente de
promoção da saúde em sua comunidade
C A P Í T U L O I
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 5
1 3
SAÚDE E COMUNIDADE
1 2
Pra começo de conversa... Saúde é o
que interessa!
Até algum tempo atrás, quando a
gente falava em saúde, pensava
logo em “não estar doente”. Hoje, a
gente já entende que ter saúde não
é só não estar doente. 
A saúde está ligada a muitas outras
coisas da nossa vida.
Se a gente quer construir uma casa,
precisa “assentar os alicerces”, pre-
cisa de areia, cimento, madeiras,
telhas e outros materiais para a
casa ficar pronta. 
Com saúde também é assim.
na moradia;
nas condições de trabalho;
na educação; 
no modo como a gente se diverte;
na alimentação;
na organização dos serviços de saúde;
na preservação dos recursos naturais, 
do meio ambiente (mares, rios, lagos, matas, florestas...);
na participação popular;
no jeito que a gente trata as pessoas e é tratado por elas;
na valorização das culturas locais;
no dever do governo em melhorar as condições de vida do povo.
Pra gente falar em saúde, tem que pensar:
Estas são as ferramentas 
da nossa luta para ter saúde.
Vamos saber mais
sobre saúde?
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 7
1 5
SAÚDE E COMUNIDADE
1 4
balho, você, agente, faz o cadastramento das famílias e registra o número de crianças
em relação ao acesso e permanência na escola. Para que os objetivos da campanha
fossem alcançados, era preciso sensibilizar os pais para a importância de ter seus
filhos nas escolas, identificar crianças em trabalhos braçais, fazer a busca ativa de
crianças nas zonas rurais, onde a dispersão geográfica e a conseqüente dificuldade
de acesso vinham afastando essas crianças da escola. A participação dos ACS foi
de grande importância para que o compromisso fosse atingido com resultados
excelentes. A campanha veio dar mais força ao trabalho de cadastramento das
famílias, e os esforços dos agentes para encaminhar as crianças e vê-las matriculadas
no ensino de 1º grau foram reconhecidos pelas autoridades federais, estaduais e
m u n i c i p a i s .
Em alguns Estados, agentes se envolveram tanto na campanha que mobilizaram
toda a comunidade, com resultados que levaram à ampliação de salas de alfa-
betização para adultos. O reconhecimento de todo esse trabalho na campanha
ajudou a fortalecer o papel do ACS, trazendo mais credibilidade para todos em
suas comunidades. Possibilitou também aos que participaram da campanha a
oportunidade de vivenciar uma importante atribuição, a de ser agente de cidada-
nia, contribuindo para resgatar o direito das crianças brasileiras de ter acesso à
educação básica.
Outros exemplos de participação de ACS em campanhas, onde sua atuação foi de
grande importância para a mobilização da comunidade: Natal com Paz – sem
morte, sem fome (uma parceria entre o Ministério da Saúde e a Secretaria de
Direitos Humanos do Ministério da Justiça) e em parcerias do Ministério da
Saúde com Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, para mobilização da
comunidade em torno das famílias nas áreas de seca; na prevenção do câncer de
colo do útero; na prevenção e controle da anemia ferropriva e na vacinação de pessoas
i d o s a s . Isto sem falar nas muitas outras parcerias que acontecem no dia-a-dia de
suas comunidades.
Essas campanhas são importantes, porque representam uma união de esforços em
torno de uma situação de maior risco, em uma determinada época do ano.Ao lado
delas está, também, seu trabalho diário com as famílias, em busca de melhor
qualidade de vida para todas as pessoas que estão em sua área de atuação.
Mas você deve estar se perguntando como juntar tudo isso e produzir ações com
resultados positivos para todos. É através da intersetorialidade, ou seja, da
relação propositiva entre os setores responsáveis pelas ações que se referem à
qualidade de vida do homem, como saúde, educação, habitação, trabalho, cultura,
entre outras. A intersetorialidade acontece, quando esses setores trabalham em
conjunto, construindo parcerias, unindo esforços e somando recursos financeiros e
humanos para alcançar um objetivo comum.
Um dos exemplos de sucesso foi a participação de milhares de agentes comunitários
de saúde, como você, no Projeto “Toda Criança na Escola”, realizado em 1998, uma
parceria entre os Ministérios da Saúde e da Educação que se multiplicou pelas
Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e de Educação de todo o país.
Havia a necessidade de identificar as crianças entre 7 e 14 anos que se encon-
travam fora da escola e encaminhá-las para a matrícula. E no dia-a-dia de seu tra-
Então, se para construir
uma casa, a gente 
precisa de todos aqueles
materiais, para 
“construir a saúde”, 
a gente também tem 
que juntar :
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 9
1. A saúde é um direito fundamental do homem, e a meta de todos
os povos deve ser atingir um alto nível de saúde.
2. A desigualdade no estado de saúde dos povos é inaceitável e é
motivo de preocupação para todos os países. 
3. A promoção da saúde dos povos é essencial para o desenvolvi-
mento econômico e social e contribui para melhorar a qualidade de
vida e para alcançar a paz mundial.
4. A população tem o direito e o dever de participar como indivíduo
e como grupo no planejamento e na execução dos cuidados
de saúde.
5. Os governos têm responsabilidade pela saúde dos povos.
A atenção primária à saúde é a chave para atingir essa meta com
justiça social.
6. Atenção primária significa cuidados essenciais de saúde, baseados
em técnicas apropriadas, cientificamente comprovadas e social-
mente aceitas. Deve fazer parte do sistema de saúde. Deve estar ao
alcance de todas as pessoas da comunidade e deve contar com a
participação da população. Precisa ter um custo que a comunidade
e o país possam suportar.
7. O compromisso com a atenção primária à saúde define a influência
das condições econômicas e das características sociais, culturais e
Te x t o d e A p o i o n º 1
1 7
De Alma-Ata até você, Agente
Comunitário de Saúde*
Vamos juntos percorrer o caminho dos avanços na saúde nos
últimos 20 anos?
Primei ro, quero que você pense bem na expressão
Saúde para Todos no Ano 2000.
Esta expressão surgiu na Assembléia Mundial da Saúde, em
1977, que lançou o movimento de Saúde para Todos no Ano 2000,
movimento que desencadeou no mundo as expectativas por uma
nova saúde pública. A expressão se afirmou como compromisso
dos países que fazem parte das Nações Unidas, durante a
Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, reali-
zada na cidade de Alma-Ata, em 1978, na antiga União Soviética,
pela Organização Mundial da Saúde - OMS - e pelo Fundo das
Nações Unidas para a Infância - UNICEF.
Alma-Ata passou a ser uma referência mundial para as pessoas
que se preocupam com a saúde e, quando alguém se refere a Alma-
Ata, está se referindo ao compromisso de Saúde para Todos - uma
meta a ser alcançada por meio da atenção primária à saúde e da
participação comunitária.
Promoção, prevenção, tratamento e reabilitação são quatro
tipos de serviço que atendem aos problemas da comunidade, e
você é o agente que trabalha com promoção e prevenção da saúde
na atenção básica, o trabalhador de saúde que é o elo entre a
comunidade e a unidade de saúde. Isto não significa que você não
tem nada a ver com tratamento e reabilitação. Você pode orientar
e acompanhar o tratamento e a reabilitação das pessoas da sua
comunidade, sob a supervisão da equipe de saúde, pois são ações
de promoção da saúde.
Principais pontos de compromisso da Conferência de Alma-A t a :
SAÚDE PARA TODOS NO ANO 2000
1 6
Você deve estar se 
perguntando o que 
significa este título e o
que isto tem a ver com
você. Tem e muito!
Afinal, você é um agente
de prevenção e promoção 
da saúde.
*Texto elaborado pela equipe técnica do Departamento de Atenção Básica
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 11
Declaração de Alma-Ata. O resultado da Conferência foi uma
Carta de Intenções - denominada Carta de Ottawa - que tinha
como objetivo contribuir para a meta de Saúde para Todos no Ano
2000 e Anos Subseqüentes.
A Carta de Ottawa define a Promoção da Saúde como 
“o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria
da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação
no controle deste processo”. E afirma que as pessoas devem se
envolver neste processo como indivíduos, famílias e comunidades e
que homens e mulheres devem participar como parceiros iguais.
Observe o que a Carta de Ottawa afirma sobre a saúde:
• a saúde é um recurso para a vida.
• a saúde é construída e vivida pelas pessoas dentro do que fazem no
seu dia-a-dia: onde elas aprendem, trabalham, divertem-se e amam.
• a saúde é construída pelo cuidado de cada um consigo mesmo e
com os outros, pela capacidade de tomar decisões e de ter controle
sobre as circunstâncias da própria vida, e pela luta para que a
sociedade ofereça condições que permitam a obtenção da saúde
por todos os seus membros.
• a saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social,
econômico e pessoal, assim como uma importante dimensão da
qualidade de vida.
• a saúde tanto pode ser favorecida como prejudicada por fatores
políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais
e biológicos. E as pessoas só poderão realizar completamente o seu
potencial de saúde, se forem capazes de controlar os fatores que
determinam a sua saúde.
1 9
políticas de cada país sobre a saúde da sua população. Destaca a
necessidade de parcerias entre todos os setores ligados ao desen-
volvimento da comunidade, como agricultura, pecuária, produção
de alimentos, indústria, habitação, obras públicas, comunicações.
Afirma que a capacitação da comunidade pela educação é funda-
mental para que ela possa participar do planejamento, organização,
funcionamento e controle da atenção primária.
Na Declaração de Alma-Ata, a atenção primária baseia-se em
médicos, enfermeiras, parteiras, auxiliares de enfermagem e
agentes comunitários. Desta forma, cada país deve formular um
plano de ação para iniciar e manter a atenção primária como
parte de um sistema nacional de saúde, compreendendo, pelo
menos, as seguintes atividades:
• a educação a respeito dos problemas de saúde existentes e dos
métodos de prevenção e cura;
• a promoção de alimentação adequada;
• o abastecimento de água potável e saneamento básico;
• a assistência materno-infantil, incluindo o planejamento familiar;
• a imunização contra as principais doenças infecciosas;
• a prevenção e controle de doenças endêmicas;
• o tratamento em caso de doenças e acidentes comuns 
e o fornecimento de medicamentos essenciais. 
Caminhando para a Promoção da Saúde
Você está percebendo como seu trabalho é fundamental na equipe
de saúde e como as ações de promoção e prevenção são impor-
tantes para a saúde de todos os povos?
E é tão importante para os povos que não parou por aí o compro-
misso firmado em Alma-Ata. Era preciso discutir e entender o que
significava Promoção da Saúde. Para conseguir que todos os países
chegassem a uma idéia comum sobre o significado destas palavras,
foi organizada a Primeira Conferência Internacional sobre
Promoção da Saúde, r e a l i z a d a na cidade de Ottawa, Canadá, em
novembro de 1986. Na Conferência, foram discutidos os progressos
alcançados com os Cuidados Primários em Saúde, a partir da
1 8SAÚDE PARA TODOS NO ANO 2000 Te x t o d e A p o i o n º 1
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 13
Vamos ver um exemplo com o fumo? 
Todos nós sabemos que o fumo é prejudicial à saúde. Quem
nos diz isso é o Ministério da Saúde e os profissionais da saúde preo-
cupados com a promoção da saúde e a prevenção de doenças.
Assim, o Ministério da Saúde determina que os fabricantes de cigarros
e outros produtos com tabaco coloquem, nas suas propagandas o
alerta de que o fumo prejudica a saúde. Por outro lado, o plantio do
tabaco gera lucro também para os agricultores, assim como trabalho
e renda para os empregados.
Como enfrentar essa realidade e planejar sozinho ações de
promoção da saúde?
É preciso unir esforços, fazer parcerias e contar com medidas
seguras e positivas dos governos federal, estadual e municipal, para
que se obtenha bons resultados. 
Compromissos com a Promoção da Saúde
Os compromissos assumidos na Carta de Ottawa foram
muitos, e convidamos você a refletir sobre alguns deles, buscando
descobrir o que cada um deles tem a ver com o seu trabalho.
• lutar contra as desigualdades em saúde, produzidas pelas
regras e práticas das sociedades;
• agir contra a produção de produtos prejudiciais à saúde,
contra a depredação dos recursos naturais, contra as condições
ambientais e de vida não saudáveis e a má nutrição;
• ficar atento aos novos temas de saúde pública: poluição,
trabalho perigoso, questões de habitação e dos assentamentos
rurais.
• reconhecer as pessoas como o principal recurso para a
saúde, apoiá-las e capacitá-las.
• aceitar a comunidade como porta-voz essencial na saúde,
condições de vida e bem-estar.
A Carta de Ottawa considera a ação comunitária como um
ponto central na promoção de políticas públicas saudáveis e reforça
que é preciso que as pessoas recebam informação de acordo com
sua educação e nível de alfabetização. Essa Carta passou a ser
o documento orientador da política de Promoção da Saúde no
Te x t o d e A p o i o n º 1
2 1
Você pode refletir sobre
este, e muitos outros 
exemplos, e discutir com
a sua equipe de saúde e
com a comunidade quais
as ações de promoção que
poderiam ser planejadas,
para que as pessoas 
possam entender os riscos
do fumo e decidir como 
promover a sua própria
saúde.
A responsabilidade pela
Promoção da Saúde nos
serviços de saúde deve
ser compartilhada entre 
indivíduos, comunidade,
grupos, profissionais da
saúde, políticos,
dirigentes de instituições
que prestam serviços de
saúde e governo.
Como você pode perceber, a saúde depende muito das
pessoas, assim como de condições e recursos fundamentais. Mas
quais são as condições e os recursos que são considerados, na Carta
de Ottawa, como fundamentais para a saúde? Eles são:
A Carta de Ottawa afirma que as ações de promoção da
saúde procuram reduzir as diferenças nas condições de saúde da
população e dar oportunidades e recursos iguais para que todas as
pessoas possam cuidar de sua própria saúde. A Carta defende,
assim, o princípio da eqüidade em saúde como fundamental e
necessário (ver glossário no final do texto).
A Promoção da Saúde exige uma ação coordenada entre o
setor saúde (governo) e outros setores sociais e econômicos, orga-
nizações voluntárias e ONGs, autoridades locais, indústria e mídia.
Assim, as parcerias são importantes para que se possa somar
esforços e recursos, para se obter mais e melhores resultados.
Paz Habitação Educação
Alimentação Renda Ecossistema estável
Justiça social Eqüidade
2 0
SAÚDE PARA TODOS NO ANO 2000
Recursos
sustentáveis
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 15
Como você pode observar, para eliminar a fome e a má
nutrição, existem medidas que as prefeituras podem adotar. Elas
podem valorizar os alimentos regionais, ajudar os pequenos pro-
dutores, incentivar hortas comunitárias, patrocinar projetos de plan-
tio individual e familiar, criar sistema local de distribuição de alimen-
tos, organizar feiras do pequeno produtor, preservar ou sanear rios
ou riachos para permitir a atividade da pesca, e muitas outras possi-
bilidades.
Tabaco e álcool
O uso do fumo e o abuso do álcool são dois grandes riscos
à saúde. O fumo não só faz um imenso mal diretamente ao
fumante, como também aos chamados fumantes passivos, especial-
mente crianças. O álcool contribui para distúrbios sociais e traumas
físicos e mentais.
Todos os governos devem estar alertas para o elevado poten-
cial humano perdido por doenças e mortes causadas pelo uso do
fumo e abuso do álcool e devem definir metas significativas para o
Ano 2000 e anos subseqüentes, que reduzam a produção de tabac o
e álcool, assim como o “marketing” das indústrias e o consumo.
Criando ambientes saudáveis
Para criar ambientes favoráveis à saúde, é preciso que se
leve em conta que todos os seres vivos dependem uns dos outros
e que se deve preservar os recursos naturais para as necessidades
das gerações futuras. O grande desafio atual e para as novas
gerações é encontrar os meios de continuar produzindo e se
desenvolvendo, sem destruir os recursos naturais do planeta.
Após viajar por alguns documentos fundamentais para a
saúde desses últimos anos, você vai poder ver os reflexos dos com-
promissos assumidos pelo Brasil, a partir de Alma-Ata, no Sistema
Unificado de Saúde - SUS, no texto de apoio nº 2. O SUS que está
contido na Constituição da República de 1988 e é o resultado de
uma luta dos profissionais de saúde, da sociedade civil e do poder
público em defesa da saúde da população brasileira para atingir a
meta de Saúde para Todos. 
Te x t o d e A p o i o n º 1
2 3
G L O S S Á R I O
Ambiente favorável – É um
ambiente social e físico onde
as pessoas podem viver vidas
saudáveis: a comunidade,
suas casas, seu trabalho e
lazer. É o contrário de ambi-
ente degradado. É ter, por
exemplo, água potável, ali-
mentação adequada, abrigo,
saneamento, rios preserva-
dos, trabalho seguro...
Ecossistema estável – é o con-
junto de relacionamentos
recíprocos entre um determi-
nado meio ambiente e a flora,
a fauna e os microorganis-
mos que nele habitam, e que
incluem os fatores de equi-
líbrio geológico, atmosférico,
metereológico e biológico.
Eqüidade – É dar condições
para que todas as pessoas
tenham acesso a todos os direi -
tos que lhe são garantidos.
E para que se possa exercer a
eqüidade, é preciso que exis-
tam ambientes favoráveis,
acesso à informação, acesso a
experiências e habilidades na
vida, assim como oportu-
nidades que permitam fazer
escolhas por uma vida mais
sadia. O contrário de eqüi-
dade é ineqüidade, e as
ineqüidades no campo da
saúde têm raízes nas desi-
gualdades existentes na
sociedade.
Parceria – É a aliança de pes-
soas que decidem trabalhar
ou realizar algo por um obje-
tivo comum.
mundo e várias conferências se seguiram para definir as principais
questões levantadas, como Adelaide -1988 (Austrália), Sundsvall -
1991 (Suécia), Bogotá - 1992 (Colômbia) e Jacarta - 1997
(Indonésia). Dentre elas, destacamos a II Conferência
Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada na cidade
de Adelaide, da qual saiu a Declaração de Adelaide, que identifica
quatro áreas prioritárias para promover ações imediatas em políticas
públicas saudáveis.
Saúde da mulher
Estudos internacionais afirmam que as mulheres são as principais
promotoras da saúde em todo o mundo, e grupos e organizações
de mulheres têm sido excelentes organizando,
planejando e pondo em prática as ações de pro-
moção da saúde. A Declaração de Adelaide
defende que todas as mulheres, especialmente as
de grupos étnicos, indígenas ou outras minorias,
têm o direito de decidir sobre sua saúde e devem
ser parceiras no processo de planejamento das
ações destinadas à sua saúde, assegurando sua
identidade cultural.
Como você pode perceber, é preciso que
as mulheres sejam ouvidas, que se procure saber o
que elas pensam sobre a sua saúde e como elas
querem se envolver na promoçãode sua própria saúde, de sua
família e de sua comunidade.
Alimentação e nutrição
As políticas públicas devem garantir que todas as pessoas
tenham acesso a quantidades suficientes de alimentos de boa quali-
dade e que se respeitem as diferenças de uma região para outra.
Isso significa eliminar a fome e a má nutrição. Para obter resultados
positivos, as políticas de alimentação e nutrição têm que andar j u n t o
com as políticas de agricultura, de economia e com a preservação do
meio ambiente.
2 2
SAÚDE PARA TODOS NO ANO 2000
1 - Apoio à saúde da
mulher
2 - Alimentação e nutrição
3 - Tabaco e álcool
4 - Criação de ambientes 
saudáveis.
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 17
Comissão Nacional da Reforma Sanitária, com a tarefa de formular
as bases para um sistema de saúde brasileiro. Alguns dos integrantes
dessa Comissão fizeram parte da Assembléia Nacional C o n s t i t u i n t e
- conjunto de parlamentares que escreveu a Constituição Federal de
1988. Dessa forma, essa nova maneira de entender saúde está
incluída na Constituição Federal, no artigo 196: 
Para promover esse acesso universal e igualitário, foi criado o
Sistema Único de Saúde - SUS, conforme indicado no artigo 198 da
Constituição Federal:
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionali-
zada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de
acordo com as seguintes diretrizes:
I. descentralização, com direção única em cada
esfera de governo;
II. atendimento integral, com prioridade para as 
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
a s s i s t e n c i a i s ;
III. participação da comunidade.
Descentralização, atendimento integral e participação da
comunidade. Esses três princípios formam a base do Sistema
Único de Saúde. Todas as políticas e ações que tratem de saúde
devem incluir esses três princípios, que foram detalhados nas leis
8.080 e 8.142, publicadas em 1990.
A lei 8.080 detalha a organização do SUS, que se baseia na
descentralização das ações e políticas de saúde, e trata das
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, que
devem promover o atendimento integral à população. 
A lei 8.142 fala sobre a participação da comunidade no
acompanhamento das políticas e ações de saúde, criando os
conselhos de saúde e as conferências de saúde. Os conselhos de
saúde são grupos formados por representantes de diversos setores
da sociedade, os segmentos:
governo - Secretarias de Saúde, Ministério da Saúde;
prestadores de serviços de saúde - hospitais e clínicas particu-
Te x t o d e A p o i o n º 1 - A
2 5
“A saúde é direito de
todos e dever do Estado,
garantido mediante
políticas sociais e
econômicas que visem à
redução do risco de
doença e de outros
agravos e ao acesso uni-
versal e igualitário às
ações e serviços para sua
promoção, proteção e
recuperação”
Até uns trinta anos atrás, a idéia de saúde estava associada a
ausência de doenças. Depois começou-se a perceber que as
doenças estavam associadas aos hábitos de vida, aos ambientes em
que as pessoas viviam e a comportamentos e respostas dos indiví-
duos a situações do dia-a-dia. A idéia de saúde passou a ser, por-
tanto, entendida como resultado de um conjunto de fatores que
têm a ver com o saneamento básico, que têm a ver com a
condição social das pessoas, que têm a ver com seu trabalho,
que têm a ver com sua renda, que têm a ver com
seu nível de educação, e assim por diante.
Por outro lado, a assistência à saúde
da população estava limitada à condição de
trabalho. Quem tinha emprego registrado na
carteira profissional possuía assistência médica
através das Caixas de Previdência, ou então pagava
médicos particulares e, em casos de internação,
também pagava pelo serviço. Para quem não
tinha emprego registrado ou não podia pagar um
médico, o jeito era recorrer às Santas Casas de
Misericórdia ou aos postos de saúde municipais, que
viviam sempre lotados. Para equilibrar essas
desigualdades, começou a surgir um movimento de
Reforma Sanitária no Brasil, inspirado em experiên-
cias de outros países e nas discussões que aconte-
ceram na Conferência de Alma-Ata (veja Texto de
Apoio nº 1-A). Esse movimento defendia que todos
deveriam ter amplo acesso aos serviços de saúde,
independentemente de sua condição social, e que a
saúde deveria fazer parte da política nacional de
desenvolvimento e não ser vista apenas pelo lado da
previdência social.
A partir de 1985, começaram os preparativos para
a elaboração da Constituição Federal. Em 1986, foi reali-
zada a 8ª Conferência Nacional de Saúde e criada a
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
2 4
*Texto elaborado pelo Departamento de Atenção Básica e revisto pela
Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Saúde.
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 19
Te x t o d e A p o i o n º 1 - A
2 7
lares, empresas de planos de saúde; 
profissionais de saúde - associações de médicos, enfermeiros,
psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais de nível superior,
trabalhadores de saúde de nível médio; e
usuários - associações de moradores, de portadores de doenças
crônicas, de deficiências físicas e mentais, instituições de pesquisa,
entidades religiosas, etc.
Os conselhos de saúde atuam na “formulação de estraté-
gias e no controle da execução da política de saúde,” de acordo com
o nível de governo que cada um representa. Assim, o Conselho
Nacional de Saúde realiza esse trabalho em nível federal, com o
Ministério da Saúde; o Conselho Estadual de Saúde atua com a
Secretaria Estadual de Saúde; e o Conselho Municipal de Saúde atua
com a Secretaria Municipal de Saúde. Os conselhos se reúnem, em
média, uma vez por mês, e as decisões e ações definidas durante as
reuniões devem ser homologadas pelos gestores, nos seus respectivos
níveis de governo.
Assim como os conselhos, as conferências de saúde
reúnem também os representantes dos diversos setores da
sociedade. Esses representantes são escolhidos por voto ou por
indicação. As conferências propõem ou indicam ações e políticas e
devem acontecer a cada quatro anos, sendo convocadas pelo diri-
gente da saúde, de acordo com o nível de governo. A Conferência
Nacional de Saúde é convocada pelo Ministro da Saúde; a
Conferência Estadual pelo Secretário Estadual de Saúde; e a
Conferência Municipal, pelo Secretário Municipal de Saúde.
De 1990 para cá, pouco a pouco o Sistema Único de Saúde
foi deixando de ser um conjunto de leis e princípios detalhados no
papel para começar a se transformar em realidade. Esse processo
leva tempo: às vezes vai avançando bem, às vezes pára um pouco,
ou anda mais devagar. Isso porque, com a descentralização das
ações, começou também a municipalização, ou seja, o dinheiro federal
começou a ser repassado diretamente aos municípios que passaram
a decidir onde utilizá-lo, de acordo com suas realidades e os respectivos
Planos de Saúde.
A sociedade, através dos representantes reunidos no
2 6
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:55 Page 21
Te x t o d e A p o i o n º 1 - A
2 9
Conselho Municipal de Saúde, passou a poder participar da
definição das ações e das políticas, com o Secretário Municipal de
Saúde. Para que essa participação começasse a acontecer, foi pre-
ciso que as comunidades começassem a se organizar. Imagine só o
trabalho que dá, até que cada um passe a compreender os novos
papéis e responsabilidades das Secretarias de Saúde, dos Técnicos,
dos Conselheiros e tantos outros!
Hoje, a participação da comunidade nos conselhos de saúde
está mais forte, mais organizada, e isso vai se refletir na atuação
desses conselhos, pois as instituições do segmento usuários (associa-
ç õ e s de moradores, grupos de portadores de doenças crônicas,
deficientes físicos e/ou mentais, instituições de pesquisa, entre outros)
possuem a metade do número de lugares existentes nos conselhos.
A outra metade é dividida entre os representantes do governo,
profissionaisde saúde e prestadores de serviços.
Ao exercer esse direito de cidadania, passa a perceber a sua
responsabilidade na construção de uma sociedade com maior eqüi-
dade, ou seja, onde as desigualdades sociais sejam menores, onde
todos os indivíduos possam exercer seu direito de cidadania.
Mas a participação da comunidade não acontece somente no
conselho de saúde ou na conferência de saúde. Ela acontece tam-
bém no dia-a-dia de seu trabalho como agente de saúde em sua
comunidade, fazendo com que mais e mais pessoas possam ter
acesso a informações e orientações sobre como cuidar de sua saúde
e da saúde de sua família, acompanhando essas pessoas durante seu
tratamento na unidade de saúde, discutindo com elas sobre os
problemas de saúde da comunidade e as soluções possíveis.
E assim, você vai escrevendo uma parte – a sua parte – da história da
implementação do Sistema Único de Saúde no Brasil! 
2 8
G L O S S Á R I O
Caixa de Previdência 
– Cooperativas de trabalhadores
que tinham como objetivo garan-
tir uma pequena aposentadoria a
trabalhadores acidentados ou
pensões a suas famílias. As p r i -
meiras cooperativas foram cria-
das, pela Lei Eloy Chaves, em
1923. Em 1930, foram criados os
Institutos de Aposentadorias e
Pensões, que eram organizados
de acordo com as categorias de
profissões. Por exemplo, o pessoal
que trabalhava na indústria con-
tribuía com uma parte de seu
salário para o IAPI (Instituto de
Aposentadorias e Pensões da
Indústria), o pessoal do comércio
com o IAPC, e assim por diante. 
Reforma Sanitária – Movimento
que tinha uma proposta de
mudança do sistema de saúde no
Brasil, surgido a partir de 1960 e
que aos poucos foi ganhando força
como movimento social. Formado
por estudantes de Medicina, pro-
fessores universitários, sociólogos
e antropólogos, o movimento pela
reforma sanitária defendia que
todas as pessoas, independente-
mente da classe social, deveriam
receber assistência médica sem-
pre que necessitassem e que o
governo precisava garantir ações
para a prevenção de doenças,
assim como proporcionar a melho-
r i a das condições de saúde da
população.
M u n i c i p a l i z a ç ã o – Tr a n s f e r ê n c i a
para os municípios do direito e da
responsabilidade de controlar os
recursos financeiros, as ações de
saúde e a prestação de serviços
em seu território. Com a muni-
cipalização da saúde, o município
passa a ser o responsável pelo
dinheiro depositado pelo Minis-
tério da Saúde e pelos Estados
em sua conta, como também do
dinheiro que arrecada com os
impostos municipais.
Controle social – É o controle que a
sociedade tem com o poder público,
quando participa do estabeleci-
mento das políticas de saúde e con-
trola a execução dessas políticas,
discutindo as prioridades e fiscali-
zando a utilização do dinheiro
público destinado para a saúde. Os
conselhos e as conferências de
saúde são instrumentos de con-
trole social.
D e s c e n t r a l i z a ç ã o – É um dos
princípios básicos do Sistema
Único de Saúde: é o prefeito e o
secretário de saúde quem vão
decidir sobre a política local de
saúde: onde e como usar os recur-
sos que existem, quais as áreas de
risco para a saúde das comu-
nidades, etc.
Atendimento integral – É outro
princípio básico do SUS.
Qualquer pessoa tem o direito de
ser atendido de maneira integral
nas unidades de saúde: desde
receber informações sobre como
cuidar de sua saúde e como se
prevenir de doenças, até receber
assistência para problemas de
saúde, dos mais simples até aque-
les que necessitam de tratamen-
tos mais complexos. 
Acesso universal e igualitário –
Significa dizer que todos os
cidadãos brasileiros têm o direito
de receber assistência, em con-
dições iguais, nas unidades públi-
cas de saúde. O atendimento é gra-
tuito e o tipo de assistência a ser
recebida vai depender da gravi-
dade da doença que a pessoa tiver.
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:56 Page 23
A Conferência de Alma-Ata aponta que a atenção primária à saúde é a chave
para que a meta de Saúde para Todos seja atingida com justiça social. Isso porque
essas ações correspondem, em média, a 80-85% das necessidades de saúde de uma
comunidade, ou seja, a cada 100 pessoas que procuram uma unidade de saúde (posto
ou centro de saúde), entre 80 e 85 dessas pessoas vão precisar de cuidados que
podem ser prestados naquela unidade.
Um dos objetivos do Sistema Único
de Saúde é fazer com que as pessoas possam
contar com:
• amplo acesso aos serviços de saúde, sem-
pre que haja necessidade de atendimento;
• atendimento a todas as suas necessidades
de saúde, desde uma orientação sobre
como prevenir uma doença até o exame
mais complexo;
• assistência de acordo com a gravidade da
doença que essas pessoas apresentem.
A criação do PACS, pelo Ministério da
Saúde, foi uma das primeiras estratégias para
se começar a mudar o modelo de assistência
à saúde, ou seja, a forma como os serviços
de saúde estão organizados e como a popu-
lação tem acesso a esses serviços. Ao per-
correr as casas para cadastrar as famílias e
identificar os seus principais problemas de
saúde, o trabalho dos primeiros agentes contribuiu para que os serviços de saúde
pudessem oferecer uma assistência mais voltada para a família, de acordo com a reali-
dade e os problemas de cada comunidade. Por exemplo, numa comunidade, a
incidência de diarréia acontecia por conta da água do poço que estava contaminada,
em outra era por conta do hábito de não proteger adequadamente as caixas d’água.
As pessoas procuravam o posto de saúde ou iam direto ao hospital para se tratar,
recebiam remédio, mas daí a pouco estavam doentes de novo. A partir do trabalho
de agentes comunitários de saúde como você, visitando as casas, observando os
hábitos de vida e identificando os fatores de risco, as diferentes causas para o mesmo
problema de saúde puderam ser identificadas e o problema foi resolvido.
Te x t o d e A p o i o n º 1 - B
3 1
No capítulo a seguir, você vai ficar sabendo de que forma pode agir para ser um
agente de mudanças na comunidade. 
Mas antes de prosseguirmos, vamos falar um pouco sobre atenção básica em
saúde. Se você leu o prefácio, lá no início deste manual, vai perceber que está assina-
do Departamento de Atenção Básica. Pois esse é o novo nome da Coordenação de
Saúde da Comunidade, aquele setor do Ministério da Saúde responsável pela gerência
do PACS e do Programa de Saúde da
Família (PSF) em todo o país.
Você deve estar se perguntando por que
mudou o nome? É sobre isso que vamos falar.
Em seu trabalho, você leva infor-
mações sobre como prevenir doenças, e
acompanha a saúde das pessoas e famílias,
pesando crianças, verificando se estão com
as vacinas em dia, se as gestantes estão
comparecendo ao pré-natal, se apresen-
tam algum sintoma fora do habitual. Por
outro lado, na unidade de saúde, as pes-
soas que você encaminha são examinadas,
e dependendo do caso, recebem medica-
mentos, fazem exames como o preventivo
de câncer de colo do útero, sofrem
pequenas cirurgias como retirada de sinais
da pele, unhas encravadas, etc. Estas ações
são exemplos do que chamamos de primeiro nível de assistência, ou assistência
primária, ou atenção primária, ou atenção básica. As ações mais complexas são chamadas
de segundo nível de assistência, ou atenção secundária ou média complexidade, e
aquelas cirurgias para transplantes de coração, rins, ou de outros órgãos, exames em
equipamentos caros e de alta precisão constituem os grupo de ações de atenção
terciária ou de alta complexidade.
3 0
ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE*
*Texto elaborado pela Equipe do Departamento de Atenção Básica
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Te x t o d e A p o i o n º 1 - B
3 33 2
Um outro aspecto importante para a mudança do modelo de assistência à
saúde é o envolvimento da equipe de saúde com o dia-a-dia da comunidade. Essa
equipe tem o compromisso de organizaro serviço de saúde, de um jeito onde você,
Agente Comunitário de Saúde, tenha um papel fundamental na orientação das famílias,
no encaminhamento de problemas que não pode resolver e na sua atuação em situações
que sinta segurança e capacidade para intervir. Essa equipe da qual você faz parte também
é responsável pelo seu treinamento e pela divisão do trabalho. Por exemplo, o médico
tem atribuições na equipe que só ele pode fazer, o mesmo acontece em relação ao
trabalho do enfermeiro, do auxiliar de enfermagem e de outros profissionais. Você é o
elemento da equipe que realiza a vigilância à saúde, melhor dizendo, é a ponte entre
as famílias, a comunidade e a unidade de saúde.
O PACS e o Programa de Saúde da Família (PSF) já vêm mostrando isso no
Brasil e por essa razão são considerados estratégias para organização da atenção básica
nos municípios. A proposta do Ministério da Saúde é ampliar para 20 mil o número de
equipes do PSF e, 150 mil, o número de agentes comunitários de saúde, até o ano
2.002. Levando-se em conta que cada agente atende, em média, 575 pessoas, serão
86.250.000 de pessoas acompanhadas. Já pensou?
Em muitos municípios, as pessoas já não falam mais PACS ou PSF, mas Saúde
da Família. Isto porque Saúde da Família vem demonstrando ser o modelo
de assistência à saúde que mais se aproxima dos princípios indicados na Constituição
Federal (Volte lá no Capítulo 1 e releia o texto O Sistema Único de Saúde): todas
as pessoas cadastradas são atendidas na unidade de Saúde da Família (universalidade),
com igualdade de direitos para todos (eqüidade), recebendo assistência naquilo em
que necessita (integralidade), de forma permanente e pela mesma equipe (criação de
vínculos). Dessa forma, recebem orientações sobre cuidados de saúde e são mobi-
lizados (incentivo à participação popular) sobre como manter a sua saúde, de suas
famílias e de sua comunidade, compreendendo a relação entre as doenças e estilos
e hábitos de vida.
Para promover a organização da atenção básica no País, municípios, Estados e
governo federal vêm definindo suas responsabilidades, firmando um grande pacto para
acompanhar os resultados alcançados. Um importante instrumento para este acom-
panhamento é o Manual para a Organização de Atenção Básica, elaborado em
conjunto pelo Ministério da Saúde e por Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
Como você pode perceber, isso tudo representa um movimento novo, que vem
unindo os três níveis de governo em torno de um compromisso voltado para a qualidade
de saúde e de vida da população. E você, agente, está envolvido neste amplo movimento
de mudança, pois faz parte do sistema municipal de saúde, uma vez que com seu tra-
balho, pode contribuir e muito nesse processo. Vamos para o próximo capítulo?
ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:56 Page 27
Ser Agente Comunitário de Saúde é, antes de
tudo, ser alguém que se identifica em todos os
sentidos com a sua própria comunidade, principal-
mente na cultura, linguagem, costumes; precisa
gostar do trabalho. Gostar principalmente de
aprender e repassar as informações, entender que
ninguém nasce com o destino de morrer ainda
c r i a n ç a ou de ser burro. Nós vivemos conforme o
a m b i e nt e. É preciso ver que saúde não é só coisa de
doutor e que favelado tem que cuidar de saúde, sim.
É obrigação dos Agentes Comunitários de
Saúde lutar e aglomerar forças em sua comu-
nidade, município, Estado e país, em defesa dos
serviços públicos de saúde, pensar na recuperação
e democratização desses serviços, entendendo que
é o serviço público que atende à população pobre e
é preciso torná-lo de boa qualidade.
Precisamos lutar também por outros
fatores que são determinantes para a saúde, como :
trabalho, salário justo, moradia, saneamento
básico, terra para trabalhar e participação nas
esferas de decisão dos serviços públicos.”
Tereza Ramos de Souza - 
Agente Comunitária de Saúde – Guarabira, Casa
Amarela, Recife-PE. 
“
3 4
O ACS - Um Agente 
de Mudanças
Neste capítulo, você vai conhecer a missão dos
Programas de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
e Saúde da Família (PSF), e como você e seu t r a b a l h o
estão inseridos na tarefa maior de organização da
atenção básica no sistema municipal de saúde
C A P Í T U L O I I
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:56 Page 29
3 7
uma estratégia transitória para o PSF. À medida que os municípios vão instalando as
unidades de Saúde da Família, vão incorporando os agentes comunitários já exis-
tentes às suas equipes.
Vou dar um exemplo. Imaginem um município que já tenha o PACS há uns
quatro anos e tenha uns 150 Agentes Comunitários de Saúde. O Prefeito, o seu
secretário e o conselho municipal de saúde decidem então que é possível implantar o
PSF. Mas que ainda não é possível transformar todos os seus centros de saúde em
Unidades de Saúde da Família, por não ter médicos e enfermeiros suficientes para
isso. O que fazer, então? 
A Secretaria Municipal de Saúde começa a estruturar os centros de saúde que
podem se transformar em Unidades de Saúde da Família e para isso incorporam de 6
a 10 Agentes Comunitários de Saúde a cada equipe de Saúde da Família. E o município
vai continuar com os dois programas até que todas as equipes do município sejam
equipes de Saúde da Família. 
No caso do nosso município vai ser parecido, pois ainda não temos agentes
comunitários nem equipes de Saúde da Família. Então vamos começar com duas
equipes de Saúde da Família para transformar os dois centros de saúde dos bairros
de Novo Horizonte e Barreiras em Unidades de Saúde da Família, contratando
Agentes Comunitários de Saúde e depois os outros profissionais das equipes do PSF.
Nos outros bairros, neste primeiro momento, vamos começar só com o trabalho dos
Agentes.
Moacir: Que negócio é esse de estratégia?
Secretário de Saúde: Estratégia é a maneira, o instrumento que você utiliza
quando quer alcançar alguma coisa. Por exemplo, num jogo de futebol: de acordo com
o estilo de jogar do adversário, o técnico utiliza estratégias para ganhar o jogo, como
jogar mais avançado, mais recuado ou fazer o ataque sempre pela direita, se este for
o lado mais fraco da defesa do outro time.
O PACS é uma estratégia transitória para o PSF, porque o que nós estamos
querendo fazer aqui na saúde do município é melhorar a qualidade da assistência que
vocês recebem e reduzir a quantidade de doenças que podem ser facilmente evitadas.
Para isso, escolhemos trabalhar com equipes de Saúde da Família, pois andei visi-
tando e conversando com os secretários aqui das redondezas e vi como a situação de
saúde nos municípios que estão trabalhando com Saúde da Família mudou: as pessoas
estão mais alegres, sentem confiança no trabalho dos médicos e da equipe e já não
adoecem tanto como há uns dois anos.
M a r l e n e: “Seu” secretário, e o agente de saúde nessa história? Quem é ele,
o que ele faz?
Secretário de Saúde: Minha jovem, o Agente Comunitário de Saúde é um
trabalhador, mulher ou homem, que integra a equipe local de saúde ou a equipe de
O ACS - UM AGENTE DE MUDANÇAS
3 6
Numa reunião da comunidade que acontece todo mês, Francisco, um líder
comunitário, trouxe o secretário de saúde do município para explicar aos moradores
sobre as duas estratégias para organização do sistema de saúde no município que a
prefeitura estava trazendo para a cidade: o Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS) e o Programa de Saúde da Família (PSF). 
Todos ficaram curiosos com a notícia, mas queriam saber mais sobre os pro-
gramas, principalmente sobre os Agentes Comunitários de Saúde, pois já tinham ouvi-
do pelo rádio e visto na televisão notícias sobre eles. Tinham muitas perguntas a fazer
ao secretário que se mostrou simpático e pronto a responder.
“Seu” João: Secretário, o que é
PA C S ?
Secretário de Saúde: PACS é
um programa criado pelo
Ministério da Saúde, e vem
sendo desenvolvido em parceria
com as Secretarias Estaduais e
as Secretarias Municipais de
Saúde. O objetivoé fazer com que
as pessoas da comunidade se
previnam de doenças, a partir de
informações sobre cuidados de saúde, e tenham sua saúde acompanhada, de forma
permanente, pelos Agentes Comunitários de Saúde.
“Dona” Maria: E o outro programa é o quê? 
Secretário de Saúde: O PSF é também desenvolvido em parceria com os Esta-
dos e os municípios brasileiros. Cada equipe de Saúde da Família possui, no mínimo,
um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e 5 a 6 agentes comunitários
de saúde. É preciso que o Prefeito, juntamente com o seu secretário de saúde, trans-
forme os centros de saúde do município em unidades de Saúde da Família. Cada
equipe é responsável pelas famílias da sua área, que pode ser um bairro ou uma parte
do bairro. Seus profissionais devem trabalhar 8 horas por dia e morar na cidade onde
trabalham. 
Os moradores estavam querendo saber mais sobre os Agentes Comunitários de
Saúde, e várias perguntas foram feitas: 
Fátima: Tem agentes comunitários nos dois programas? Por quê?
Moacir: O município pode ter os dois programas?
O secretário decidiu responder logo as duas primeiras perguntas: 
Secretário de Saúde: Tem, sim. Por conta disso é que o PACS é considerado
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:56 Page 31
atividades comuns a todas as comunidades, mas há cidades e outros locais que pre-
cisam de atividades especiais para as suas comunidades.
EXEMPLOS DE ATIVIDADES REALIZADAS PELO A C S
• Faz o cadastramento das famílias da sua área de trabalho;
• faz o mapeamento da sua área de trabalho;
• analisa com a equipe de saúde as necessidades da sua comunidade, participan-
do do diagnóstico de saúde da comunidade;
• atua, junto com os serviços de saúde, nas ações de controle das doenças
endêmicas (cólera, dengue, doença de chagas, esquistossomose, febre amarela e outras);
• atua, junto com os serviços de saúde, nas ações de promoção e proteção da
saúde da criança, da mulher, do adolescente, do idoso e dos portadores de deficiência
física e de deficiência mental;
• atua, junto com os serviços de saúde, nas ações de promoção da saúde e pre-
venção do câncer de mama e câncer do colo do útero, da hipertensão e do diabetes, da
tuberculose e da hanseníase;
• participa das ações de saneamento básico e melhoria do meio ambiente;
• estimula a educação e a participação comunitária.
A instrutora-supervisora disse que tinha mais alguns cartazes que mostravam
outras atividades do ACS e perguntou se eles queriam que ela continuasse a falar
sobre isso. Francisco achou que seria interessante conhecer um pouco mais sobre o
trabalho do ACS, pois parecia um trabalho muito importante. Inês então continuou a
falar, agora sobre algumas atividades com gestantes e crianças.
ATIVIDADES QUE O ACS FAZ COM GESTANTES E CRIANÇAS
• Identifica e cadastra todas as gestantes da sua área de trabalho,
preenchendo a Ficha B do cadastramento.
• encaminha todas as gestantes da sua área de trabalho à Unidade
de Saúde para fazer o pré-natal;
• orienta todas as gestantes sobre a importância de fazerem
o pré-natal;
• acompanha todas as gestantes, através do Cartão da
Gestante;
3 9
Saúde da Família. Ele deve conhecer bem sua comunidade para poder fazer o cadas-
tramento de todas as famílias da microárea onde trabalha. Com este cadastro que ele
leva para a unidade de saúde, é possível levantar todas as partes da comunidade onde
há riscos para a saúde das pessoas e famílias. Por conta deste levantamento, o agente
organiza sua agenda de trabalho, pois ele tem que visitar, pelo menos uma vez por
mês, umas 500, ou melhor, 575 pessoas, prestando cuidados primários e auxiliando-
as a cuidar da própria saúde através de ações individuais e coletivas.
E tem mais. Para ser ACS é preciso morar na comunidade há pelo menos dois
anos, saber ler e escrever. A seleção é feita através de prova escrita e entrevistas indi-
vidual e coletiva. O ACS é treinado e orientado em seu trabalho por um enfermeiro,
chamado de instrutor-supervisor. Esse enfermeiro fica na unidade de saúde. Ah, para
falar do que ele faz, eu trouxe aqui comigo a Inês, que é uma instrutora-supervisora
do PACS no município vizinho do nosso. Ela trouxe uns cartazes e vai falar com mais
detalhes e mostrar para vocês o que o ACS faz.
Inês: O ACS é um elo entre a comunidade e os serviços de saúde, mas que é
muito mais que isso. Ele ajuda as pessoas a encontrar soluções mais eficazes para os
seus problemas. Assim, o Agente Comunitário de Saúde ajuda as pessoas e os serviços
de saúde:
• identificando áreas e situações de risco individual e coletivo;
• encaminhando as pessoas doentes às unidades de saúde;
• orientando a promoção e a proteção da saúde;
• acompanhando o tratamento e reabilitação das pessoas doentes, 
orientadas pelas Unidades de Saúde;
• mobilizando a comunidade para a conquista de ambientes e condições
favoráveis à saúde;
• notificando aos serviços de saúde as doenças que necessitam de vigilância.
Vocês podem ver que o ACS exerce muitas funções, como a de promotor
e defensor da saúde, de mobilizador da comunidade e de vigilante da saúde,
a depender das ações que realiza. Alguma pergunta? 
Marlene: Eu tenho. Para fazer tudo isso ele é treinado? 
Inês: É claro que ele é treinado e quem dá o treinamento é um
enfermeiro ou uma enfermeira que é chamada de instrutora-supervisora,
como eu. Vocês podem se candidatar a ser um ACS. Mais adiante eu vou
explicar para vocês o que é preciso para ser um ACS.
Vamos ver agora este cartaz? Este é sobre alguns exemplos de
atividades realizadas pelo ACS. São exemplos, porque há algumas
3 8
O ACS - UM AGENTE DE MUDANÇAS
AF-FOLHETO SAUDE 31-10-2001 15:56 Page 33
• os bebês que não são amamentados no peito;
• os bebês que nascem com menos de 2 quilos e meio;
• os filhos de mães que fumam, bebem bebidas
alcoólicas e usam drogas na gravidez;
• as crianças que estão desnutridas;
• as gestantes desnutridas;
• as gestantes que têm pressão alta e não fazem
pré-natal;
• as gestantes menores de 20 anos e, também,
mulheres que engravidam depois dos 36 anos.
Inês (continuando a falar): Nesses casos, essas pes-
soas têm mais chance de ficar doentes e até morrer, se
não forem tomadas as providências necessárias.
Francisco: Se “dona” Inês me permite um aparte,
já vi gente ficar doente por conta de:
• falta de água tratada;
• lixo jogado em qualquer lugar;
• mau uso de venenos na lavoura;
• desmatamento das florestas;
• poluição dos rios.
Inês: O que “seu” Francisco falou é verdade. Existem situações que aumentam
o risco de as pessoas ficarem doentes, mas também existem situações que impedem
as pessoas de irem até os serviços de saúde, quando estão em risco de vida ou até para
se prevenirem contra as doenças. Nesses casos, as barreiras que impedem as pessoas
de se locomoverem até as Unidades de Saúde podem aumentar o risco e até levá-las
à morte. Existem barreiras geográficas, como o mar, rios, lagoas, morros, serras,
locais sem acesso, assim como barreiras temporais, como o engarrafamento no trân-
sito, transportes bastante lentos, e outros. E até barreiras culturais que impedem as
pessoas de cuidarem adequadamente da sua própria saúde.
I n ê s: Vamos falar um pouco sobre as Microáreas de Risco. São áreas pequenas,
4 1
• cadastra todas as crianças de 0 a 5 anos. No cadastramento que faz da
família, o ACS registra o número de crianças, por idade;
• acompanha o desenvolvimento físico e psicológico das crianças de 0 a 5 anos
de idade, através do Cartão da Criança;
• incentiva a vacinação e acompanha o esquema de vacina das crianças,
através do Cartão da Criança;
• estimula o aleitamento materno;
• identifica as crianças com diarréia e promove o uso do SRO - sais de rei-
dratação oral;
• identifica, logo no início, as crianças com infecções respiratórias agudas, as
IRAs. Encaminha as crianças aos serviços de saúde, quando necessário. Orienta as
mães e familiares sobre a prevenção e o tratamento. Acompanha as crianças para que
fiquem logo curadas.
A instrutora/ supervisora falou que oACS é treinado também para orientar as
pessoas:
• nos cuidados de higiene com o corpo, com a água de beber, com a casa, no
preparo dos alimentos;
• na construção de privadas ou “casinhas”;
• nos cuidados com o lixo.
Inês destacou quatro ações importantes que o agente comunitário faz:
• identifica áreas e situações de risco individual e coletivo;
• encaminha as pessoas que vivem essas situações e nessas situações aos
serviços que podem ajudar a resolvê-los;
• orienta as pessoas, de acordo com as instruções da equipe de saúde;
• acompanha as pessoas, para ajudá-las a conseguir bons resultados.
D. Josefa: Dona Inês, o que são situações de risco?
Inês: São aquelas situações em que uma pessoa ou grupo de pessoas “corre
perigo”, isto é, tem maior chance de adoecer ou mesmo morrer. O local onde essas
situações de risco ocorrem são chamadas de Microáreas de Risco. Vamos ver uns
exemplos de situações de risco? Estão em situação de risco:
4 0
O ACS - UM AGENTE DE MUDANÇAS
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• saber ler e escrever;
• dispor de oito horas diárias para trabalhar.
Moacir: É, “dona” Inês, mas ele precisa também:
• conhecer os problemas da comunidade;
• gostar de aprender coisas novas;
• gostar de conversar com as pessoas: falar e ouvir;
• gostar de observar as pessoas, as coisas, os ambientes;
• ser ativo e ter iniciativa.
Inês (olhando para o Secretário de Saúde): É, pelo visto, secretário, vamos ter
um monte de candidatos a ACS na próxima seleção! 
A instrutora-supervisora elogiou o comentário de Moacir e acrescentou que,
como já tinha falado antes, o ACS para fazer o seu trabalho vai receber vários treina-
mentos e ser acompanhado por um profissional enfermeiro, o instrutor-supervisor
municipal, que tem a responsabilidade de treinar e supervisionar o trabalho de até 30
agentes. 
Antes de encerrar a reunião, Francisco agradeceu as presenças do secretário
de saúde, da instrutora-supervisora e pediu para que ela dissesse como era a ligação
do ACS com o PACS e quando é que o ACS é um agente de mudanças. Ela mostrou
um cartaz que dizia:
O ACS trabalha com a
coordenação municipal do PACS que trabalha com a
coordenação regional do PACS que trabalha com a
coordenação estadual do PACS que trabalha com o
Departamento de Atenção Básica
Inês: O Agente Comunitário de Saúde é um agente de mudanças, quando
procura aprender com as experiências das pessoas, com os profissionais de saúde,
compartilhando o que foi aprendido com a própria comunidade. Agindo assim, estará
sempre num processo de aprendizagem e transformação, crescendo junto com as pes-
soas da sua comunidade no entender, no saber e no fazer, não somente na área da
saúde, mas também no despertar do potencial humano e da consciência coletiva.
4 34 2
O ACS - UM AGENTE DE MUDANÇAS
daí o nome micro, onde existe perigo, ameaça, risco. Para o Agente Comunitário de
Saúde, Microárea de Risco é todo aquele lugar, setor ou situação, no território da
comunidade, onde existe algum tipo de perigo para a saúde das pessoas que moram
ali. Os exemplos que o “seu” Francisco nos deu há pouco foram de Microáreas de
Risco. Vamos ver outros exemplos?
Esgoto a céu aberto é uma das Microáreas de Risco que o Agente Comunitário
de Saúde mais costuma encontrar. Tanto na periferia das cidades como na zona rural,
há muitos esgotos a céu aberto.
Água de poço também pode ser uma ameaça à saúde das pessoas. Sempre
que a comunidade usa água que não é encanada, sem o devido tratamento, o Agente
Comunitário de Saúde deve ficar atento e orientar como tratar a água em casa, além
de mobilizar as pessoas para que elas possam tomar providências para sanear o poço
ou buscar ajuda para isto.
Riacho é igualmente uma ameaça à saúde das pessoas. A água está contami-
nada e as pessoas não podem usar a água para tomar banho, lavar roupa, e até os
peixes não servem para ser consumidos. 
Isolamento - a distância às vezes isola as pessoas e elas acabam não queren-
do levar os filhos às unidades de saúde para vacinar; as gestantes não vão fazer o pré-
natal; os idosos acham difícil ir tão longe.
Inês: Existem algumas situações de risco que podem ser resolvidas indivi-
dualmente, como uma gestante em situação de risco que, fazendo o pré-natal comple-
to e sendo acompanhada de acordo com as orientações da unidade de saúde, pode ter
o seu filho e não ter complicações no parto. Mas há situações que só poderão ser
resolvidas coletivamente, através da participação das pessoas da comunidade na
busca de soluções, dentro da própria comunidade, ou procurando parcerias ou pres-
sionando as autoridades e serviços públicos a fazer a sua parte.
Inês: Meu tempo está acabando, mas ainda falta eu dizer o que é preciso para
ser um ACS, já que eu percebi que
tem aqui interessados.... O A C S
deve ser:
• uma pessoa que mora na
comunidade onde vai trabalhar, há
pelo menos dois anos;
• ter no mínimo 18 anos;
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saúde (por médico, enfermeira, auxiliar de enfermagem), procu-
rando refletir com a pessoa sobre todas as dificuldades que ela
enfrenta ou vai enfrentar durante o período em que se encontra
em tratamento.
Acompanhar - esta é uma ação que significa dar assistên-
cia às pessoas da sua comunidade que estão em situação de risco.
Exemplos: mulheres gestantes, puérperas, recém-nascidos, crianças,
adolescentes, idosos, hipertensos, diabéticos, outros.
Esta é uma ação muito gratificante para você como agente
de saúde, pois é quando pode ver resultados satisfatórios, tais
como acompanhar um pré-natal com o Cartão da Gestante, ver a
criança n a s c e r, acompanhar a mãe durante o resguardo, acompanhar
a criança com o Cartão da Criança, e ver a família crescendo saudável.
Todas as ações são importantes e a soma de todas elas vai
qualificar o seu trabalho. Assim, você precisa pensar nas quatro
ações, todas as vezes que tiver que lidar com um problema de
saúde na sua microárea.
É preciso que você compreenda que cada pessoa da sua
microárea precisa participar das discussões sobre a saúde e o meio
ambiente em que vive, a fim de que possa tomar decisões sobre o
que fazer, como preservar, como evitar, como reivindicar e muitas
outras ações.
Não se pode pensar em tratar a comunidade como se ela não
precisasse aprender nada, só obedecer. Precisamos de uma comu-
nidade educada, atuante e que tenha voz, a fim de que possa exerci-
tar a autoconfiança e construir alianças com outras comunidades ou
com pessoas que possam ajudar a promover a saúde e ambientes
favoráveis para viver.
Agindo assim, você pode ajudar, e muito, as pessoas a
aumentarem o seu poder de decisão, e entenderem que também
são responsáveis por sua saúde e de sua comunidade. 
Um dos frutos desse trabalho é a valorização dos autocuidados
que significa que cada pessoa pode e deve cuidar da sua própria saúde.
Te x t o d e A p o i o n º 2
4 5
Após sete anos de implantação do PACS, já se pode constatar
uma expansão considerável dos Agentes Comunitários de Saúde,
assim como expansão das ações de promoção da saúde e prevenção
de doenças. Das ações que priorizam as crianças e as mulheres às
mais abrangentes, que já envolvem os demais membros da família da
sua área, você precisa estar atento a quatro verbos importantes no
seu trabalho e que refletem a maioria das suas ações:
Identificar - esta é uma ação que precisa de muita atenção.
É preciso que você esteja treinado (a) para ouvir e para reconhecer
fatores de risco e sinais de alerta de determinadas doenças, a fim de
poder encaminhar as pessoas corretamente à unidade de saúde. 
Você deve estar sempre atento aos problemas de saúde das
famílias de sua microárea, identificando com eles os fatores sócio-
econômicos, culturais e ambientais que estão afetando a saúde da
comunidade.
Ao identificar qualquer problema de saúde, você precisa con-
versar com a pessoa e ou seus familiares e depois encaminhá-la à
unidade de saúde para um diagnóstico seguro.
Encaminhar - esta é uma açãoque precisa de muito jeito e
muito cuidado. É um momento muito delicado, porque é o
momento em que você faz a ligação entre a comunidade e a
unidade de saúde e precisa estar bastante entrosado com a sua
equipe, a fim de que as pessoas encaminhadas possam ser atendi-
das com atenção e eficiência e possam ter sua saúde de volta. Muitas
vezes, você vai precisar levar a pessoa até a unidade, quando ela
não tiver condições de ir sozinha. Nestes casos, encaminhar não sig-
nifica apenas enviar, mas significa conduzir, ir com a pessoa.
Orientar - esta é uma ação que você realiza diariamente.
É a ação de examinar cuidadosamente os diferentes aspectos de um
problema com as pessoas, para encontrar com elas as melhores
soluções. Assim, após o diagnóstico, v o c ê precisa orientar a pessoa
e ou familiares em relação às recomendações feitas pela unidade de
4 4
O ACS EM AÇÃO*
Identificar
Encaminhar
Orientar
Acompanhar
*Texto elaborado pela equipe técnica do Departamento de Atenção Básica, 
a partir da prática cotidiana dos Agentes Comunitários de Saúde.
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i n t e r r o m p i d o .
• muitas vezes a pessoa que tem tuberculose tem uma história de
alcoolismo e fumo.
• na maioria das vezes são pessoas com condições de vida pre-
cárias, desnutrição e vivendo em ambientes não favoráveis.
Com essas dificuldades, você precisa orientar a pessoa, e orientar
não significa dizer como fazer e sim examinar com ela cada uma das
dificuldades e como enfrentá-las, a fim de ficarem curadas, em seis
meses. Na maioria das vezes, você vai precisar ver a pessoa tomar
os medicamentos, como forma de evitar que ela abandone o trata-
mento. Aí começa o seu trabalho de acompanhamento.
Como você pode ver, chamamos a sua atenção apenas para
os quatro verbos que constituem a base do seu trabalho, mas
inúmeros outros verbos compõem este texto e fazem parte do seu
dia-a-dia: ouvir, conversar, observar, atender, agir, defender, estimular,
c o n v e n c e r, mobilizar, reagir, refletir, recusar, ajudar, cuidar, notificar,
convocar, convidar, reunir, e tantos outros... Afinal, a vida se constrói
com ações e para vivê-la é preciso que as ações aconteçam. Para
finalizar, convidamos você a pensar nas ações que acontecem na
vida das famílias da sua área e nas ações que ocorrem no dia-a-dia
da sua Unidade de Saúde. Tenha a certeza de que é um exercício
interessante e que vai lhe ajudar a descobrir muitas, muitas coisas.
Sucesso pra você!
Te x t o d e A p o i o n º 2
4 7
E você, como agente comunitário de saúde, vai poder fortalecer
os autocuidados, orientando-as para isto.
Volte a ler o sentido do verbo orientar e reflita sobre o que significa. 
Vamos a um exemplo: você identificou um caso suspeito de tuber-
culose em uma família. Encaminhou a pessoa para a unidade de
saúde. Na unidade, foi feito o diagnóstico e comprovado ser tuber-
culose. Na unidade, o médico prescreveu os medicamentos e ori-
entou a pessoa sobre como tomá-los. Você, na comunidade, passa
então a orientar e acompanhar o tratamento da pessoa, a fim de
que ela não desista e possa ficar curada. Mas isto não é tão fácil
assim. Vamos ver os motivos:
• os medicamentos são agressivos, em grande quantidade, e as
pessoas rejeitam tomar.
• o tratamento tem a duração de seis meses e não pode ser
4 6
O ACS EM AÇÃO
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Tinha muita diarréia na comunidade. Eu chegava
numa casa e tinha três, quatro crianças com diarréia;
dava em adultos também . Então a gente começou a
despertar: “Espera, tem alguma coisa”. Aí a gente sen-
tou junto com a comunidade e discutiu. 
A conclusão foi que aquilo vinha da água, porque tínha-
mos um poço só na comunidade, de boca aberta, e
durante o tempo de inverno aquela água da chuva caía
toda ali e depois era consumida pela comunidade.
Vinha dali a contaminação do cogumelo, uma bactéria
que dá na água. Então, conversamos com o padre e ele
abriu um poço artesiano. Depois, viemos conversar com
o prefeito e ele mandou fazer mais dois poços. Hoje, a
gente não tem mais esse problema. Diminuiu a diarréia
depois desse trabalho preventivo. Ela vinha da água e
a gente não sabia...
Aroldo Vieira Ferreira, 
Agente Comunitário de Saúde na comunidade de
Tartarugueiro, Ponta de Pedras, PA
“
O ACS - Incentivando 
a participação da comunidade
“Um dos primeiros casos que surgiram na minha
comunidade, quando comecei a trabalhar, foi a questão
de uma carvoaria que estava próxima às casas 
e soltava muita fumaça. Isso começou a irritar os olhos
das crianças, elas começaram a apresentar doenças, a
vizinhança inteira estava com problemas. Dez horas da
noite, eles passavam levando crianças para o hospital.
Então eu disse: “A gente vai lutar”. Na primeira reunião
que teve do Conselho Municipal de Saúde eu participei o
problema; passei no Secretário de Saúde e também colo-
quei o problema, até que fizeram uma visita lá na car-
voaria e pediram que se retirassem do meio da comuni-
dade. Graças a Deus, resolveu o problema.” 
Deusenir Pereira da Silva, 
Agente Comunitária de Saúde, Aliança do Tocantins, TO
“
4 8
Este capítulo fala sobre vida comunitária e a
necessidade da participação de todos na busca 
e solução de problemas, destacando o seu papel,
Agente, como facilitador da expressão de 
lideranças na comunidade
C A P Í T U L O I I I
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Vida Comunitária é isto: 
• viver com os outros;
• trabalhar juntos pelas mesmas coisas;
• dividir alegrias e tristezas;
• dividir, também, os problemas;
• procurar, juntos, as soluções;
• lutar pela organização e participação de todos, para garantir seus direitos
de cidadãos.
Vamos saber mais sobre vida comunitária?
Vila Nova é uma pequena comunidade. 
Com sua igrejinha, sua escola, a venda do seu Joaquim, o Posto de Saúde,
suas casas espalhadas, é um lugar gostoso de se viver.
Vila Nova faz parte do município de Santa Maria.
Em Vila Nova, as pessoas se encontram, por exemplo: no trabalho, nas
festas, no Posto de Saúde, na feira, na igreja, nas escolas e nas associações
c o m u n i t á r i a s .
Em Vila Nova, as famílias, os amigos, a vizinhança, todos já descobriram que,
para melhorar suas condições de vida, a organização comunitária é muito impor-
tante. Eles então se juntam para:
• conhecer e discutir seus problemas e necessidades;
• tentar resolver seus problemas;
• discutir seus direitos e deveres.
Quando muitas pessoas estão no mesmo barco a remo, elas têm de remar juntas.
Quando muitas pessoas passam pelas mesmas dificuldades, esse negócio de cada
um por si ou de salve-se quem puder não funciona mesmo.
Na comunidade nem tudo é harmonia, nem os interesses são sempre os mesmos.
Como em todas as sociedades, há a disputa pelo poder, as diferenças entre as pes-
soas, as ambições de cada um e muitas coisas mais. O trabalho com a comunidade
não é uma tarefa simples. E para ter vida comunitária, é preciso que cada um de
nós faça a força de todos.
A gente se junta, para ficar forte!
A gente fica forte, porque se junta!
Só de viver um pouco essa experiência, a gente já descobre que as pessoas,
quando se juntam uma com as outras, conseguem resolver muitos problemas. 
Um assunto puxa o outro...
Uma andorinha só não faz verão!
A união faz a força!
A corda de três nós é mais difícil de romper!
Esses três ditados lembram a importância de vivermos com os outros, de dis-
cutirmos nossos problemas, de trocarmos experiências, de aprendermos com as
pessoas, de compartilharmos com elas nossos conhecimentos e esperanças. Tudo
isso pode ser feito na vida comunitária.
5 15 0
INCENTIVANDO A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE
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nidade. A comunidade funciona quando existe uma troca
entre os conhecimentos de todos. Cada um tem um jeito
de contribuir, e toda contribuição tem valor. O ACS tem
de estar muito atento a tudo isso.
A troca de conhecimentos entreas pessoas de uma
comunidade faz parte de um processo de educação para
a participação em saúde.
Assim, participando, cada um ajuda muito a todos.
Ajudando, cada um aprende muito com todos.
Mas como em uma comunidade os problemas são
muitos, é preciso que o ACS ajude as pessoas a definir os
problemas mais urgentes, as prioridades. O agente de
saúde tem um papel essencial nessa hora, ao lado da
equipe de saúde e da comunidade.
Depois de ter definido as prioridades, em conjunto
com a comunidade, a equipe de saúde, os profissionais de
saúde da prefeitura, o agente de saúde deve se preocupar
com o planejamento das ações que vai ajudar a resolver.
E não dá para planejar nada, sem a participação de todos: a comunidade, a
equipe de saúde e os profissionais de saúde da secretaria de saúde do município.
É preciso que todos participem, dêem opiniões, apresentem idéias, discutam, para
planejar as ações necessárias.
Participando do planejamento de cada ação de saúde, a comunidade tem
condições de ir realizando uma de cada vez, etapa por etapa, usando pessoas e
recursos da própria comunidade ou, quando for o caso, buscando pessoas e recursos
fora da comunidade.
O ACS, com o apoio da equipe de saúde, deve estimular ações conjuntas em
parceria com a Prefeitura, outros órgãos públicos e instituições, sempre de acordo
com as prioridades decididas pela comunidade. Num lugar pode ser a implantação
de uma infra-estrutura básica (água, luz, esgoto, destino do lixo, rampas para
cadeiras de rodas, sinais sonoros em semáforos para os portadores de deficiência
visual); em outro pode ser a construção de uma unidade de saúde, de uma creche
5 3
E descobrem nesta união que:
Mobilização lembra Organização!
Organização lembra Movimento!
Movimento lembra Mudança!
Quem fica parado, esperando que as coisas aconteçam, que os problemas
sejam resolvidos, não muda a situação em que vive, não está mobilizado! Não está
organizado!
Para se comunicar com a comunidade, a equipe de saúde usa alto-falante,
rádio, jornal, cartazes, e o ACS, além de ajudar a mobilizar todos esses meios, tem
a visita domiciliar, onde conversa com as famílias, e os bate-papos informais.
O ACS é uma pessoa que está sempre em ação pela saúde da sua comunidade.
Para mobilizá-la, ele promove reuniões e encontros com diferentes grupos – com
gestantes, mães, pais, adolescentes, idosos, com grupos em situação de risco ou
com comportamentos de risco e com pessoas portadoras da mesma doença.
Nessas reuniões é fundamental que o ACS observe as diferenças culturais,
religiosas, e até o jeito de falar, para que se crie um clima de respeito às opiniões
de cada participante.
Mas não basta fazer reuniões isoladas. É preciso que o ACS, os grupos e a comu-
nidade se organizem, para que possam obter resultados.
Há várias maneiras de o ACS contribuir para a organização da comunidade
e de grupos em situação de risco. Por exemplo: 
• informando, convocando as pessoas para reuniões, palestras,
encontros, campanhas, para dar oportunidade às pessoas de colocarem
os seus problemas, refletirem e discutirem sobre eles.
E como o Agente Comunitário de Saúde participa dessas atividades?
Ele participa estimulando as discussões, pois ele também vive na comunidade
e vivencia a maioria dos problemas, e junto com ela decide a forma de:
• encontrar o melhor jeito de fazer as coisas;
• descobrir o que podem e o que mais sabem fazer;
• dividir as tarefas entre todos;
• escolher as pessoas certas para cada situação.
Cada pessoa da comunidade sabe alguma coisa, sabe fazer alguma coisa e
sabe dizer alguma coisa diferente. São os saberes, os fazeres e os dizeres da comu-
5 2
INCENTIVANDO A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE
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Usando de criatividade e contando com o
empenho da comunidade, é possível organizar
atividades tradicionais, como jogos, brin-
cadeiras, arte popular, ou utilizar técnicas
mais modernas, como oficinas, videotecas,
seminários, etc.
Vamos ver alguns exemplos de como incenti-
var a participação da comunidade em ativi-
dades de saúde?
Semanas de saúde
A semana de saúde é um momento forte
para a comunidade, onde muitos assuntos são
discutidos e as pessoas vão trocando seus
conhecimentos e ficando mais informadas
sobre as maneiras de melhorar suas condições
de vida e saúde.
É importante que as pessoas da comu-
nidade sejam informadas de todas as ativi-
dades, dos temas, dos dias, do horário e do
local. É sempre bom convidar a u t o r i d a d e s ,
médicos, enfermeiros, parteiras e benzedeiras
para participarem, contando suas experiências.
Em cada dia, pode ser feita uma atividade
diferente. Em cada atividade pode ser tratado
um tema diferente. Por exemplo, podem ser feitas palestras, teatro, exposição de
plantas medicinais e muitas outras coisas.
A gente pode envolver a escola, a igreja, a associação de moradores na orga-
nização da semana da saúde. Também é interessante montar barracas com plan-
tas medicinais, alimentação alternativa, cartazes sobre saúde, etc.
Campanhas de vacinação
Nas campanhas de vacinação, o ACS precisa incentivar as famílias a levarem
as crianças para vacinar.
5 5
comunitária, de uma escola, de uma lavanderia pública; em outro ainda, pode ser
a recuperação de poços, pequenas estradas e muitas outras necessidades.
O direito de participar
O direito de participar na saúde é um direito da comunidade, previsto na
Constituição da República. Lá está escrito: 
Título VII, Da Ordem Social
Capítulo II, Da Seguridade Social
Seção II, Da Saúde
Artigo 198: As ações e serviços de saúde integram uma rede organizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as
seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades 
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
Participação quer dizer tomar parte, partilhar, trocar, ter influência direta
nas decisões e ações. Isto significa que o ACS não trabalha sozinho, nem a equipe
de saúde é a única responsável pelas ações da saúde. Toda a comunidade tem que
participar.
Na maioria das cidades brasileiras já existe o Conselho Municipal de Saúde,
que reúne gestores, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários dos
serviços de saúde, que tomam parte nas decisões.
O ACS pode estimular as pessoas da comunidade a participarem do Conselho
Municipal de Saúde, através de associações, instituições e conselhos locais de
saúde. O ACS pode criar um canal de comunicação entre a equipe de saúde e o
Conselho Municipal de Saúde, estimulando representantes da comunidade a con-
versarem com os conselheiros sobre os seus problemas de saúde e as ações de pro-
moção da saúde e prevenção de doenças que já estão acontecendo na comunidade.
Em seu trabalho diário, o ACS pode e deve contactar e estimular as pessoas
da comunidade a discutir e buscar, em conjunto, soluções para os problemas que
anotou nas visitas domiciliares.
É essencial que a comunidade seja estimulada a participar, pois só assim ele
pode exercer o direito de discutir as ações que interferem na sua própria saúde e
na saúde da comunidade. Só reclamar não vai levar a nada. É preciso ter consciência
do que se quer exigir e do direito que se tem de fazer isso.
5 4
INCENTIVANDO A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE
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E aí?
A história acabou?
Que nada!
Tem muito caminho pela frente!
Tem muita história para ser feita!
Estar mobilizado é caminhar, é não estar parado,
é continuar.
Sabe por quê?
Porque um problema puxa outro, porque há sem-
pre um jeito de melhorar um pouco mais a nossa
saúde, a nossa qualidade de vida!
Vamos ver a experiência de uma comunidade em
uma favela da cidade de São Paulo?
Conhecendo a história de seu Júlio, você vai ver que
a gente nunca pode parar. . .
Seu Júlio, a mulher e os filhos foram morar numa

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