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Adubação na Agricultura Ecológico Silvio Roberto Penteado

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SILVIO ROBERTO PENTEADO 
,.,,,,,, 
ADUBACAO 
' NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
SUMÁRIO 
Prefácio ....................................................................... 6 
1. A Adubação na Agricultura Ecológica ....................... .. 7 
2. A Importância do Manejo dos Solos ............................. 13 
3. A Importância dos Nutrientes para as Plantas ............. 17 
4. A Importância da Matéria Orgânica .............................. 23 
5. Conheça a Adubação Orgânica ................................... 27 
6. Produção de Adubos Orgânicos .. .. .. .. .. . .. .. . ... .. ... . .. .. .. ... 33 
7. A Compostagem........................................................... 41 
8. Receitas de Compostos Orgânicos .............................. 49 
9. Uso de Adubos Minerais na Agroecologia.. .................. 57 
1 O. Adubação nos Sistema Ecológico/Orgânico ............ .... 67 
11. Análise do Solo e Análise Foliar .. ................................. 73 
12. Avaliação e Interpretação da Análise de Solo .............. 83 
13. Recomendação e Emprego da Matéria Orgânica ........ 95 
14. Correção do Solo ......................................................... 101 
15.Recomendação do Nitrogênio ....................................... 111 
16. Recomendação do Fósforo .. .. .. .... ... .. .. . .. . . .. .. .. .. .. . . .. .. . .. . 125 
17. Recomendação do Potássio .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. . .. .. .. ... .. .. . .. .. 131 
18. Recomendação do Enxofre................ ............ ............... 137 
19. Recomendação do Zinco.... ....... ............. ... ...... ............. 141 
20. Recomendação do Boro ........... ....................... ............. 145 
21. Recomendações do.Cobre, Manganês e Molibdênio... 149 
22. Adubação pelo Equilíbrio de Bases .. .. . . .. .. .. .. . .. .. . . . . .. .. . 153 
23. Fórmulas para Cálculo de Adubação......... ................... 165 
24. Bibliografia Consultada........................ ......................... 173 
Anexol -Substâncias e Produtos Autorizados Para Uso 
Em Fertilização E Correção Do Solo Em Sistemas Orgâ-
nicos De Produção - IN nº17 de 2014.......... ..................... 180 
5 
Silvio Roberto Penteado 
PREFÁCIO 
A adubação é uma atividade importante dentro do pro-
cesso de produção agrícola. A sua influência não se refere ape-
nas quanto ao estado nutricional das plantas, mas também 
quanto ao seu estado sanitário , pois hoje está comprovada a 
importância dos nutrientes nos processos e mecanismos de de-
fesa da planta e numa maior resistência ao ataque de pragas e 
doenças. 
O objetivo dessa publicação é apresentar as principais 
formas de adubação e nutrição numa propriedade ecológica e 
orgânica, além de apresentar os processos de produção de a-
dubos orgânicos e cálculos de adubação. A abordagem dos as-
suntos é bastante simples, de forma que qualquer pessoa inte-
ressada possa conhecer o assunto e fazer uma adubação mais 
equilibrada. 
Esta publicação é indispensável para o agricultor ecoló-
gico, pois demonstra passo a passo, de maneira simples e práti-
ca, como é feita o aproveitamento de todos os resíduos orgâni-
cos, produzindo adubos de elevada qualidade, como compostos 
orgânicos, bokashi, boyodo, biofertilizantes e outros, na proprie-
dade, com baixo custo. 
Engenheiro Agrônomo Sílvio Roberto Penteado 
6 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
CAPITULO 1 
A ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA 
ECOLÓGICA E ORGÂNICA 
A procura por um alimento com maior valor biológico e 
com propriedades organolépticas melhores, fez com que surgis-
sem outras formas mais equilibradas de fertilização dos solos 
que levam em conta as proporções entre os nutrientes, maior 
diversidade e menores perdas dos elementos nutricionais. 
A adubação numa unidade ecológica deve ter a finalida-
de de devolver os elementos fertilizantes retirados pelas plantas, 
pois suas reservas não são inesgotáveis, assim como aumentar 
lentamente a fertilidade do solo, para que as colheitas também 
aumentem progressivamente. É também característica da agri-
cultura ecológica e orgânica a reposição dos nutrientes deficien-
tes no solo na forma de adubos orgânicos, pela sua diversidade 
em nutrientes, o que diverge do fornecimento de fertilizantes 
químicos com apenas dois ou três elementos, como é comum na 
agricultura convencional. 
Num cultivo ecológico ou orgânico, a nutrição de plantas 
deverá estar fundamentada nos recursos do solo, sendo que a 
base para o programa de adubação deverá ser o material biode-
gradável produzido na própria unidade de produção orgânica ou 
na região, sempre o material deverá ter origem conhecida. Do 
outro lado, o manejo da adubação deverá minimizar as perdas 
de nutrientes, assim como o acúmulo de metais pesados e ou-
tros poluentes. 
7 
Silvio Roberto Penteado 
Numa fase de conversão ou implantação para um siste-
ma ecológico e orgânico, não há necessidade rígida de colocar 
todos os nutrientes nas proporções ideais logo no primeiro ano, 
pois ao se acrescentarem adubos orgânicos e verdes, os mi-
crorganismos passam pôr um período de ajuste, até atingir o 
equilíbrio do solo. 
No sistema de agricultura ecológica e orgânica é reco-
mendado fazer constantemente a análise do solo e foliar, quan-
tas vezes forem necessárias, para que os teores dos nutrientes 
estejam enquadrados em níveis adequados, mantendo assim o 
equilíbrio e saúde da planta. Por exemplo, sabe-se que o cálcio 
e o magnésio têm uma estreita relação com a absorção do po-
tássio e, consequentemente, com o ataque de pragas e doen-
ças. Da mesma forma, o enxofre com o nitrogênio, o boro com o 
cálcio e o potássio, o zinco com o fósforo, entre outras relações 
que, direta ou indiretamente, afetam a produção e a sanidade 
das culturas e criações. Nesse novo enfoque se diz equilíbrio de 
bases do solo e não calagem, onde os diferentes tipos de calcá-
rio serão utilizados com mais critério e não apenas o econômico. 
Também antes de pensar em adubos e adubações, deve 
se considerar que os fertilizantes não podem fazer tudo. O adu-
bo é importante, porém não é o único fator de êxito na produção. 
Antes é necessário preparar o solo, para torná-lo apto a tirar o 
maior proveito dos adubos, assim como manter a em boas con-
dições de umidade. Por esta razão, é indispensável que seja 
dada maior importância à fertilidade física e biológica dos solos. 
Além da chamada fertilidade química, que indica o tipo 
da reação do solo, o conteúdo de nutrientes essenciais às plan-
tas e a presença ou ausência de elementos tóxicos às plantas, 
há outros fatores muito importantes, que devem ser considera-
dos na determinação da adubação, como a fertilidade biológica, 
o equilíbrio de bases, a Teoria da Trofobiose e os riscos de con-
taminação do ambiente. 
A fertilidade Física se diz respeito principalmente à a-
cessibilidade das plantas aos nutrientes existentes. São elemen-
tos importantes a profundidade efetiva do solo, existência de im-
8 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
pedimentos à penetração radicular, porosidade, disponibilidade 
de água e de oxigênio (02) , estrutura e grau de agregação do 
solo, etc. De acordo com Quaggio et ai. (1991 ), a disponibilidade 
de micronutrientes é afetada por fatores como o pH do solo, 
quantidade e natureza das argilas, textura e teor de matéria or-
gânica do solo. (Feiden, 2001 ). 
A correção da acidez proporcionada pela prática da cala-
gem, por exemplo, insolubiliza grande parte dos referidos nutri-
entes, enquanto os solos arenosos, pobres em matéria orgânica, 
tendem a apresentar baixa disponibilidade geral. 
Assim, nos solos ácidos e pobres em matéria orgânica, 
problemas com deficiência de micronutrientes são sentidos com 
maior frequência e, portanto, sendo necessária a sua comple-
mentação. Várias tentativas de melhorar a relação da planta com o 
solo através do aumento da matéria orgânica têm sido feitas com 
sucesso, com a introdução do sistema de plantio direto de diversas 
culturas comerciaise da adubação verde. 
É a fertilidade Biológica, que nos dá indicação sobre a 
efetividade dos fluxos dos nutrientes nos diversos compartimen-
tos do sistema. Esses processos dependem dos organismos vi-
vos, constituídos pelas plantas (cultivadas e espontâneas), fau-
na do solo e micro-organismos. Sua ação depende da quantida-
de, diversidade, atividade e das funções ecológicas que exer-
cem. 
Um dos principais fundamentos da agricultura ecológica 
é o princípio da intensificação biológica da agricultura, através 
do ciclo de substâncias entre solo, planta e animal, assim a dife-
rença básica da agricultura ecológica para a convencional não é 
apenas a eliminação de pesticidas e de adubos altamente solú-
veis, mas sim com o entendimento das relações entre esses or-
ganismos para incrementar a produtividade do sistema (Scheller, 
1999). 
O fornecimento de nutrientes às plantas deve ocorrer a 
partir da interação das plantas com os microrganismos do solo, 
sendo que a própria planta ou os microrganismos do solo devem 
tornar disponíveis os nutrientes dificilmente solúveis (Scheller, 
9 
Silvio Roberto Penteado 
1999), partindo do pressuposto que os minerais do próprio solo 
são as principais fontes de nutrientes. 
Para solos altamente intemperizados, exauridos e degra-
dados, assim como os solos tropicais de cerrado, essa reserva 
natural praticamente não existe, sendo necessária a reposição 
de nutrientes e reposição da matéria orgânica, caso contrário 
não poderá haver boas produtividades. 
Embora os principais fenômenos relacionados aos pro-
cessos que resultam no fornecimento de nutrientes para as pl~n-
tas ocorram no solo, no presente caso será utilizado um conceito 
mais amplo de fertilidade do agroecossistema. Serão incluídos 
além dos nutrientes do solo, também os da biomassa microbia-
na, da fauna do solo e da fitomassa, constituída tanto pelas 
plantas vivas (culturas, adubos verdes e plantas espontâneas) 
como pelos restos das culturas anteriores. 
PRINCÍPIOS AGROECOLÓGICOS 
Por questão de princípios, numa agricultura ecológica e 
orgânica os adubos químicos altamente solúveis não são indica-
dos, pelos efeitos negativos, de desequilíbrio nutricional que 
causam para as plantas e pelos riscos de contaminação do am-
biente. 
Essas recomendações estão baseadas nos seguintes 
fundamentos: acidificação do solo, erradicação de micro e ma-
croorganismos que fazem a vida do solo, a contaminação do 
ambiente e o desequilíbrio nutricional, apregoado pela Teoria da 
Trofobiose. 
TEORIA DA TROFOBIOSE 
Essa teoria é um dos fundamentos da agroecologia. Se-
gundo essa teoria, as plantas mal nutridas ou nutridas com ele-
mentos de alta solubilidade no solo, como o caso dos adubos sinté-
ticos, ficam mais propícias ao ataque de pragas e doenças devido 
a maior proteólise no interior dos tecidos vegetais. 
10 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
Por sua vez, a adubação orgânica, através de uma maior 
proteossíntese contribuiria para uma menor suscetibilidade das 
plantas (Chaboussou, 1999). A figura abaixo ilustra muito bem as 
consequências de uma adubação e manejo inadequado no cultivo 
convencional. 
TEORIA DA TROFOBIOSE (Trofo= alimento Biose= vida) 
A seiva transporta proteínas e aminoácidos, açucares e nitratos para os pontos 
de crescimento da planta. 
Proteínas 
Nitratos e 
açucares 
SEIVA 
Porém, o uso de agrotóxicos, a adubação desequilibrada e a falta de boas 
condições ( estiagens, ventos, etc) para a planta atrapalham este mecanismo. 
SEIVA 
Quando isto acontece, a seiva fica carregada de aminoácidos livres, açucares e 
nitratos. Estes são os alimentos preferenciais de fungos, bactérias, ácaros, 
nematóldes e Insetos. 
SEIVA 
Fonte: "Teoria da Trolobiose.francls Chaboussou,rundação Gaia-2'Ed.M11eol1995 
11 
Sílvio Roberto Penteado 
CONTAMINAÇÃO DO MEIO AMBIENTE 
Não são indicados os fertilizantes químicos numa a-
gricultura ecológica, pois são minerais hidrossolúveis, isto 
é, que se dissolvem na água da chuva e das regas, fato que 
pode acarretar pelo menos três consequências desfavorá-
veis para o solo e ambiente: 
Uma parte é rapidamente absorvida pelas raízes das 
plantas causando expansão celular (as membranas celulares 
ficam mais finas) e fazendo com que aumente muito seu teor de 
água. Isso as torna um prato para as pragas e doenças, além de 
serem menos saborosas e com seu teor nutritivo empobrecido. 
Outra parte é lixiviada, ou seja, é lavado pelas águas 
das chuvas e regas, indo poluir rios, lagos e lençóis freáticos, 
acabando por causar, juntamente com os despejos de esgotos, 
a eutrofização, que é a morte de um rio ou lago por asfixia, pois 
excessivos nutrientes além de estimularem um crescimento ex-
cessivo das algas, roubam para se degradarem, o oxigênio da 
água. 
Há ainda uma terceira parte que se evapora, como no 
caso dos adubos nitrogenados (sulfato de amônia), que sob for-
ma de oxido nitroso vai assim como ocorre com os fluocarbone-
tos do aerossol em destruir a camada de ozônio da atmosfera. 
Dessa forma, verifica-se que a aplicação de adubos na agricultu-
ra ecológica e orgânica é feita com bastante cuidado e critério, 
pois do seu equilíbrio nutricional depende a maior parte da resis-
tência da planta ás pragas, doenças e sinistros naturais. 
Nem sempre a presença de insetos e patógenos é a verda-
deira razão do ataque às plantas. Quando mal nutridas ou nutridas 
com elementos de alta solubilidade, caso dos adubos sintéticos 
podem causar desequilíbrios nutricionais nas plantas, tornando-as 
mais propícias ao ataque de pragas e doenças. Neste caso, ocorre 
uma maior proteólise no interior dos tecidos vegetais. Os fatores 
climáticos também podem influenciar estes fatores. 
12 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
CAPÍTULO 2 
IMPORTÂNCIA DO MANEJO 
DOS SOLOS PARA A NUTRIÇÃO DAS 
PLANTAS 
Há vários fatores que influenciam a produção agrícola, 
como a escolha de variedades, espaçamento adotado, forma e 
época de plantio, condução da planta, tipo e níveis de aduba-
ção, métodos de combate às pragas e controle ás ervas invaso-
ras. São todos fatores importantes, porém nenhuns deles supe-
ram o manejo do solo. 
Um plantio pode ser feito com a melhor semente ou vari-
edade, utilizado adubo de qualidade, feito o plantio na época 
correta, empregado um trato cultural adequado, porém se o solo 
não for adequadamente trabalhado, não teremos uma planta 
sadia, produtiva, que remunere o investimento feito. 
Para compensar a falha inicial de não ter sido feito um 
adequado trabalho com o solo, se gasta muito com insumos, 
principalmente adubos e defensivos, o resultado financeiro será 
cada vez menor e o ambiente em processo contínuo de degra-
dação. 
O manejo adequado de um solo representa dar as 
condições ideais para a germinação, crescimento e produti-
vidade para uma planta. 
O solo é o ambiente onde as plantas nascem e se de-
senvolvem, por isso vão refletir em crescimento vegetativo, sa-
nidade e produtividade as condições que encontram no ambien-
te do solo. Podemos até afirmar que mais de 80% daquilo que 
as plantas são, é reflexo direto ou indireto das condições do so-
lo. Desta forma, um solo adequadamente manejado vai permitir 
a formação de uma planta rústica e sadia, com elevada produ-
ção, sem os empregos excessivos de adubos e defensivos, co-
mo é a prática da agricultura convencional. 
13 
Sílvio Roberto Penteado 
Uma vez que o solo e seu manejo são tão importantes, 
convém conhecer as suas principais características, para que 
possamos manejá-lo adequadamente. 
Na agricultura o solo pode ser caracterizado como o am-
biente, região ou camada de terra que a planta explora ou utiliza 
para germinar, crescer, produzir e multiplicar-se. Solo pode ser 
definido também como o meio onde as plantas desenvolvem as 
suas raízes para fixarem-se e retirar os materiais necessários à 
sua nutrição. Antes de trabalhar com o solo devem-se conhecer 
previamente suas propriedades e características. 
O solo possui importânciavital para os seres vivos, pois 
lhes serve de suporte dando abrigo às plantas e aos animais e 
contribui para a sua alimentação, e conjuntamente com os seres 
vivos, constitui a biosfera. 
O solo é uma camada superficial da crosta terrestre, 
constituída por matéria mineral não consolidada e pelos orga-
nismos vivos bem como os produtos da sua decomposição. 
No solo ocorrem constante e simultaneamente com-
plexas reações em que a matéria mineral se transforma em 
matéria orgânica e vice-versa. 
É importante entendermos o solo, como um organismo 
vivo, constituído de três aspectos: físico, químico e biológico, 
para que possamos manejá-lo de forma que ele possa oferecer 
tudo que as plantas necessitam para um bom desenvolvimento 
- ar, água, nutrientes, nas quantidades e nas épocas certas 
(Freitas, Escolástica, 1999). 
TIPOS DE SOLOS 
Os solos formados são diferentes. Os solos se formaram 
a partir de diferentes tipos de rochas que sofreram a ação da 
temperatura, da chuva, dos ventos, e se dividiram em partes 
menores, sendo por esta razão, diferentes em sua composição e 
teores de nutrientes, estrutura, etc. , nas diferentes regiões. 
Há vários tipos de solos, que se diferem entre si devido à 
rocha mãe a part_ir da qual ~e formaram. As plantas superiores 
começaram a se instalar assim que se formou uma fina camada 
de solo, inicialmente as ervas, depois os arbustos, as arvoretas 
até as árvores de grande porte. Esse processo levou milhare~ 
de anos e as transformações continuam acontecendo. 
14 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
Nas condições tropicais e subtropicais, dependendo tam-
bém do relevo, as transformações da rocha mãe ocorreram até 
profundidades superiores a um metro, resultando em solos pro-
fundos. Á medida que a rocha original foi sofrendo processo de 
desintegração foi constituindo camadas diferenciadas, sendo 
esta disposição de camadas denominada de perfil. As camadas 
recebem nomes, que são os horizontes A, B, C, D. 
O desenvolvimento de micro-organismos e plantas inferio-
res - bactérias, fungos, algas, líquens, musgos e samambaias, 
promoveram outros desdobramentos, tanto em relação ao ta-
manho como em relação à composição química. Em uma região 
pode haver um ou mais tipos de solos. 
Os solos são identificados pela sua coloração, textura (ta-
manho das partículas), profundidade, teor de matéria orgânica, 
pH, relevo, grau de erosão, etc. Isto significa que os solos pos-
suem características físicas, químicas e biológicas diferentes. 
Para conhecer e identificar um solo, Inicialmente, devemos 
saber que as características de um solo é o reflexo direto do tipo 
de rocha que lhe deu origem, das condições climáticas locais 
(calor, umidade, vento) e do nível de conservação das suas ca-
racterísticas originais (nível de degradação ambiental). 
Os solos são resultados da desintegração de diferentes 
tipos de rochas (granitos, gnaisses, basaltos, diabásios, etc.), 
pela ação do calor, do frio, da água, do vento e de outros agen-
tes, que foram lentamente dando origem aos diferentes tipos de 
solos que temos hoje. 
Um solo pode ter uma constituição completamente dife-
rente do outro, em função da sua rocha original. Um solo cuja 
rocha original é basalto resulta um solo diferente daquele que 
tem como rocha original um arenito. 
O primeiro solo é mais rico em nutrientes e oferece maior 
retenção de água, porém oferece maior dificuldade para a pene-
tração das raízes, enquanto o segundo é mais pobre em nutrien-
tes e umidade, porém as raízes encontram maior facilidade para 
penetrarem em profundidade no solo. 
Assim, o primeiro solo poderá ter menores condições pa-
ra a agricultura se suas características originais não forem pre-
servadas, pela ação da erosão das águas e do manejo inade-
quado no cultivo agrícola. 
15 
Sílvio Roberto Penteado 
Há vários tipos de solo: arenoso, argiloso, areno-argiloso, 
barrento, turfoso etc., com diferentes quantidades de nutrientes, 
tamanhos de partículas, teores de matéria orgânica, cobertura 
vegetal etc. 
9 a 18 cm 
~nos 
estruturado 
ROCHA 
PERFÍL DO SOLO 
Predominam organismos 
que precisam 
de oxigênio do ar 
Predominam organismos 
quo vivem com 
oxigênio da água 
Subsolo • Terra ainda 
mais jovem 
Regionalmente os solos são identificados de acordo com 
a classificação oficial: Latossóis, Poldzolizados, Terra Roxa etc. 
Para a produção agrícola é importante o tipo de solo, 
pois podem favorecer as plantas, como exemplo pelo maior teor 
de nutrientes e matéria orgânica, no entanto qualquer outro solo 
poderá ser utilizado com mesmo sucesso, desde que corrigido 
suas características físicas, químicas e biológicas. 
Aquilo que chamamos por solo, consiste principalmente 
naquela camada superficial de 8 a 20 cm, rica em matéria orgâ-
nica, que é o ambiente onde vivem as raízes das plantas. Se as 
condições do solo forem adequadas, podemos ter uma planta 
saudável, resistente e produtiva, caso contrário será sempre 
uma planta frágil e dependente de insumos e tratamentos espe-
ciais. 
Cada tipo de solo deve ser identificado nas suas caracte-
rísticas físicas, químicas e biológicas, conforme apresentamos 
abaixo e depois trabalhados e regenerados para que venham a 
ser produtivo, com ~a!xo empreg.? de recursos materiais e pre-
servados para as prox1mas geraçoes. 
16 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
CAPITULO 3 
A IMPORTÂNCIA DOS NUTRIENTES 
PARA AS PLANTAS 
A aplicação de fertilizantes na agricultura ecológica e or-
gânica é feita com bastante critério, pois do equilíbrio nutricional 
dependem não somente seu crescimento e produção, como a 
maior parte da resistência da planta ás pragas, doenças e sinis-
tros naturais. A nutrição de plantas deverá estar fundamentada 
nos recursos do solo, sendo que a base para o programa de a-
dubação deve ser preferencialmente o material biodegradável 
produzido nas unidades de produção ecológicas. 
O manejo da adubação deve minimizar as perdas de nu-
trientes, assim como o acúmulo de metais pesados e outros po-
luentes. 
A utilização de insumos em seu processo de obtenção, 
utilização e armazenamento, não devem comprometer a estabi-
lidade do habitat natural, a manutenção de quaisquer espécies 
presentes na área de cultivo e não devem representar ameaça 
ao meio ambiente ou à saúde. 
NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS 
Um elemento é considerado essencial para as plantas, 
quando satisfaz dois critérios de essencialidade: 
Direto - O elemento participa de algum composto ou de 
alguma reação, sem os quais a planta não vive. 
Indiretos - Muitos elementos químicos são indispensá-
veis à vida vegetal, os elementos não podem ser substituídos 
por nenhum outro, sem eles, as plantas não conseguem comple-
tar o seu ciclo de vida. 
17 
Sílvio Roberto Penteado 
Os elementos essenciais para as plantas são consid~r~-
dos em número de 16. Os elementos essenciais carbono, ox1ge-
nio e hidrogênio constituem em torno de 95% do peso das plan-
tas e têm origem na água e no ar, sendo denominados _d~ ma-
cronutrientes orgânicos. Os demais elementos essencIaIs, no 
total de treze, por terem em geral origem no solo, são denomi-
nados nutrientes minerais e são classificados em: 
Q) Macronutrientes primários: N, P, K 
Q) Macronutrientes secundários: S, Ca, Mg 
Q) Micronutrientes: 8, CI, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn 
FUNÇÕES DOS NUTRIENTES NAS PLANTAS 
NUTRIENTES FUNÇÃO 
Nitrogênio Componente do citoplasma, enzimas e co-
(N) enzimas. Maior vegetação e perfilhamento. 
Aumenta o teor de proteína. Favorece o vi-
gor e o desenvolvimento das plantas e dos 
frutos. Diminui a resistência às secas, gea-
das, pragas e moléstias. 
Fósforo Armazenamento e fornecimento de energia. 
(PJ Favorece e acelera o desenvolvimento do 
sistema radicular. Aumenta o florescimento 
e a frutificação. Ajuda a fixação simbiótica 
do nitrogênio. 
Potássio Efeito coloidal (promove a hidratação), ar-
(K) mazenamento de energia (fosforilação) açú-
car e amido, fotossíntese e respiração, sín-
tese de aminoácidose proteínas, abertura 
de estômatos, translocação de carboidratos. 
Favorece a formação dos frutos e sua resis-
tência. 
18 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
FUNÇÃO DOS NUTRIENTES NAS PLANTAS 
NUTRIENTES FUNÇÃO 
Cálcio Regulação da hidratação, ativação de enzi-
(Ca) mas, desenvolvimento e funcionamento das 
raízes. 
Magnésio 
(Mg) 
Enxofre 
(S) 
Boro 
(B) 
Aumenta a resistência a pragas e moléstias. 
Auxilia na fixação simbiótica do nitrogênio; 
Favorece maior pegamento das floradas 
Regulação da hidratação, ativação de enzimas 
(respiração e síntese de proteínas), armaze-
namento e transferência de energia. 
Colabora com o fósforo. 
Componente do citoplasma e proteínas (in-
clusive enzimas). 
Aumenta a vegetação e a frutificação; aumen-
ta o teor de óleos, gorduras e proteínas. 
Ajuda na fixação simbiótica do Nitrogênio. 
Organização e funcionamento de membranas 
(atividade de ATPase e absorção iônica 
Germinação do grão de pólen e crescimento 
do tubo polínico. 
Favorece o florescimento e expressão sexual. 
Elongação celular, divisão e metabolismo de 
ácidos nucleicos 
Aumenta a granação. 
Metabolismo de auxinas (AIA), fenóis e lignifi-
cação (parede). 
Transporte de carboidratos e auxina. 
Ativação do zinco. Colabora com o cálcio. 
19 
Silvio Roberto Penteado 
NUTRIENTES FUNÇÃO 
Cobalto Fixação do nitrogênio. 
(Co) Controle hormonal (ácido abcísico etileno). 
Maior crescimento de raízes. 
Cloro Absorção iônica (atividade de ATPase) 
(CI) Ajustamento osmótico. 
Atividade osmótica. 
Movimentos foliares. 
Cobre Aumenta a resistência às doenças. Menor es-
(Cu) terilidade masculina (cereais). 
Favorece o metabolismo de fenóis e a lignifi-
cação. 
Formação do grão de pólen e fertilização. 
Nodulação e fixação de nitrogênio. 
Ferro Fixação de nitrogênio. Síntese de clorofila. 
(Fe) Desenvolvimento dos cloroplastos. 
Desenvolvimento dos ribossomos e síntese 
proteica 
Manganês Aumenta a resistência a algumas doenças. 
(Mn) Biossíntese de clorofila, de glicolipídeos e á-
cidos graxos na membrana dos cloroplastos. 
Manutenção da integridade funcional da 
membrana cloroplasmática. 
Controle hormonal (AIA). 
Síntese de proteínas e RNA. 
Molibdênio Fixação simbiótica do nitrogênio. Formação 
(Mo) dos grãos de pólen. 
Metabolismo de proteínas e de ácidos nuclei-
cos 
Absorção e transporte de ferro. 
20 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
NUTRIENTES FUNÇÃO 
Silício Redução na toxidez de manganês, ferro e ou-
(Si) tros elementos. 
Esterificação do fósforo. 
Metabolismo de fenóis. 
Composição da parede celular. 
Aumenta a proteção contra pragas e molés-
tias. 
Reduz a taxa de transpiração. 
Composição da parede do grão de pólen e 
fertilização. 
Sódio Acumulação de oxalato. 
(Na) Substituição parcial do potássio. 
Abertura estomatal. 
Regulação atividade de redutase de nitrato. 
Exigência pelas plantas com via C4 na fotos-
síntese. 
Indução do metabolismo das crassuláceas. 
Manutenção do balanço da água. 
Zinco Estimula o crescimento e a frutificação. Pro-
(Zn) moção da síntese do citocromo C. 
Formação de amido. 
Metabolismo de fenóis e parede do xilema. 
Estabilização dos ribossomos. 
Metabolismo de proteínas e de ácidos nuclei-
cos 
Inibição da RNAase. 
Aumento no tamanho e multiplicação celular. 
Fertilidade do grão de pólen. 
Fonte: E. Malavolta, 1985. 
21 
Silvio Roberto Penteado 
TIRE SUAS DÚVIDAS 
Os nossos solos são ricos em matéria orgânica? 
Não. Por exemplo, no Estado de São Paulo, cerca de 60% da 
área do Estado possui terras com baixos teores de matéria or-
gânica. Cerca de 33% da área é de terras com teor médio de 
matéria orgânica, geralmente quando são cultivadas hortaliças e 
apenas 7% das terras do Estado de São Paulo apresentam teo-
res altos de matéria orgânica. Convêm lembrar que estes 7°/o de 
terras com altos conteúdos de matéria orgânica estão situados 
em locais de altitude elevada e topografia acidentada, onde a 
agricultura se torna mais difícil. 
As cultivadas estão perdendo sua fertilidade natural? 
Sim. A produtividade das terras dos países ricos e desenvolvi-
dos está aumentando graças ao uso crescente dos fertilizantes 
minerais. A fertilidade natural dessas terras, no entanto,, está 
decrescendo, devido a vários fatores, entre eles a perda cons-
tante de matéria orgânica, cultivo excessivo, sem a reposição da 
matéria orgânica. A importância dessa afirmação está no fato 
de que o teor de matéria orgânica do solo estar vinculado dire-
tamente com o índice de produtividade. 
O uso do composto orgânico nas terras de cultivo tem 
alguma contra-indicação ou intolerância para as plan-
tas? 
Não há nenhuma contra-indicação ou intolerância. Somen-
te devemos ter cuidado quanto sua origem, para evitar a-
queles que podem ter contaminação química, como metais 
pesados. O composto é recomendado para culturas inten-
sivas, como a das hortaliças, dos viveiros de flores ou de 
mudas, para jardins e vasos de ornamentação: para cultu-
ras extensivas, como as de café, cama, algodão, milho, os 
pomares e as pastagens. 
22 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
CAPITULO 4 
A IMPORTÂNCIA DA MATÉRIA 
ORGÂNICA 
Conforme sua própria denominação e princípios a agricul-
tura orgânica, emprega de preferência os nutrientes na forma 
orgânica. O objetivo é que o produtor regenere o solo com maté-
ria orgânica, de forma que o mesmo tornado agora um solo vivo, 
forneça os nutrientes necessários para as plantas, sem necessi-
dade de contínuas incorporações, como ocorre na agricultura 
convencional. 
A matéria orgânica presente nos solos é formada por 
restos animais e vegetais em diferentes fases de decomposição, 
decomposição esta realizada pelos organismos decompositores 
- a micro e mesovida do solo - fungos, bactérias, minhocas, 
cupins, etc. Portanto, a matéria orgânica é o alimento da vida do 
solo e como ela está em constante decomposição, nós 
precisamos também repô-la com frequência. 
Durante a decomposição são liberados nutrientes, água e 
gás carbônico, e são formadas outras substâncias orgânicas 
entre as quais o húmus, que além de funcionar como cimento na 
formação dos agregados de areia-silte-argila, tem também a 
mesma capacidade da argila de atrair e reter nutrientes, só que 
em grau muito mais elevado. 
A matéria orgânica tem a capacidade de reter duas a 
três vezes maior o seu volume a água, que será fornecido 
para as plantas e para a vida de toda flora e fauna presente 
no solo, assim como manter a sua temperatura em 
condições adequadas à vida. 
Além dos nutrientes encontrados nos adubos orgânicos, as 
plantas podem absorver grandes quantidades de moléculas 
orgânicas como: aminoácidos, proteínas, enzimas, vitaminas, 
antibióticos naturais, alcalóides, etc. Estes produtos promovem 
uma maior vitalidade e resistência das planta, sendo resultados 
da atividade biológica do solo e da decomposição da matéria 
orgânica. 
23 
Silvio Roberto Penteado 
As plantas cultivadas em solos adubados com matéria 
orgânica são mais resistentes às pragas e às doenças por 
dois motivos principais: estão nutricionalmente equilibra-
das porque recebem todos os nutrientes que necessitam, 
tanto macro como micronutrientes, sem falta nem excesso; 
a atividade biológica produz diversas substâncias, inclusive 
antibióticos, que protegem as plantas dos micro-
organismos que causam doenças. 
QUALIDADE DA MATÉRIA ORGÂNICA 
A adubação orgânica é importante para o solo quando é 
feita com qualidade, fornecendo níveis adequados de nitrogênio 
e de carbono, como biomassa.· A matéria orgânica além de for-
necer nutrientes para as plantas apresenta outras vantagens 
como: aumentam o volume de espaços vazios no solo e sua a-
gregação. 
Desta maneira, o solo estará dotado de permeabilidade e 
retenção de água, pelo qual se incrementará a drenagem e pro-
teção contra temperaturas excessivas. Para uma boa disponibi-
lidade de matéria orgânica para as plantas, a análise do solo de-
ve apresentar um teor acima de 3% de Matéria Orgânica. 
O material orgânicoa ser empregado como adubo deve 
estar totalmente decomposto, para que não ocorra fermentação 
no solo. A má decomposição provoca acidificação do terreno, 
pela retirada de oxigênio, e isto causa danos á germinação das 
sementes e desenvolvimento das raízes (enfraquecimento) das 
plantas crescidas. 
O gás metano e amônia, formados no processo de fermen-
tação, enfraquecerão as raízes e causarão a má formação dos 
brotos. Assim como ocorre com os nitrogenados solúveis, a in-
corporação de matéria orgânica não decomposta (muito ricas 
em nitrogênio e com carência de potássio), como esterco de ga-
linha e outros, favorecem a sensibilidade das plantas ao ataque 
de moléstias e insetos sugadores (ácaros e pulgões). 
24 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
Os compostos orgânicos e biofertilizantes são fornecedo-
res de estirpes de microrganismos, sendo favoráveis á acelera-
ção e a condução adequada da decomposição da biomassa ve-
getal (ricas em carbono) presente no solo, fazendo assim uma 
compostagem diretamente no terreno, chamado de Composta-
gem Laminar. 
Os produtos orgânicos a serem utilizados para a fertili-
zação não podem ser provenientes de resíduos contamina-
dos por metais pesados e componentes químicos tóxicos e 
agrotóxicos. Quando de origem externa da propriedade, 
precisam ser homologados pela legislação e regulamenta-
ções das entidades certificadoras de agricultura orgânica, 
tanto a nível nacional, quanto internacional. 
O VALOR DO HÚMUS 
O húmus melhora não apenas as propriedades físicas do 
solo, através da sua estruturação, mas também melhora as suas 
propriedades químicas, isto tanto nos solos arenosos como nos 
solos argilosos. Mas, nas condições de clima tropical e sub-
tropical, o húmus não é estável, ele não se acumula como nos 
solos de clima temperado; pelo contrário, ele continua sendo 
decomposto em nutrientes, água e gás carbônico, através da 
atividade das bactérias do solo, o que resulta na perda da 
estrutura dos agregados e no comprometimento da fertilidade, 
diretamente ligada à essa estrutura. 
Numa agricultura ecológica, como no sistema 
orgânico, é recomendado o emprego do húmus sempre em 
complementação com a aplicação de elevadas quantidades 
de matéria orgânica, como compostos orgânicos, que 
permitem a sobrevida da fauna do solo, como macro e 
microrganismos. 
A agricultura orgânica preconiza a reposição constante de 
matéria orgânica morta para alimentar a atividade biológica que 
produz húmus, o que pode ser feito de várias formas, entre as 
quais a adubação verde e a adição de composto. 
25 
Silvio Roberto Penteado 
MANEJO DA MATÉRIA ORGÂNICA 
Deve ser considerada numa agricultura ecológica que a 
fertilidade do solo e sua atividade microbiana deverão ser apri-
moradas ou conservadas mediante o aporte de quantidade sufi-
ciente de material biodegradável de origem vegetal ou animal. 
Dessa forma, o material orgânico utilizado na adubação deverá 
preferencialmente ter origem conhecida, sem a possibilidade de 
contaminações químicas ou biológicas, sendo melhor se produ-
zido na própria unidade agropecuária. 
A recomendação é que a matéria orgânica seja aplicada, 
preferencialmente, na superfície do solo ou incorporada superfi-
cialmente para melhorar ou manter sua estrutura e fertilidade. 
Quanto aos cultivas orgânicos, deverão ser suplementadas com 
materiais naturais, de acordo suas especificidades, sendo que 
as fontes de nutrientes deverão ser usadas de maneira eficiente 
e sustentável, considerando períodos e locais apropriados para 
otimizar seus efeitos. 
As práticas de manejo do esterco nas áreas de alojamento, 
estabulação ou pastoreio do gado, deverão ser implementadas 
de maneira que as instalações de armazenagem e manipulação 
do esterco, incluindo as instalações de composto, deverão ser 
projetadas, construídas e operadas de maneira que previnam a 
contaminação das águas subterrâneas ou superficiais e minimi-
zem a degradação do solo e da água. 
As taxas de aplicação de esterco devem ser em níveis que 
não contribuam para a contaminação das águas subterrâneas 
ou superficiais, por nitratos e bactérias patogênicas e otimizem a 
reciclagem de nutrientes. Não devem ser realizadas queimadas 
ou qualquer prática em desacordo com os regulamentos técni-
cos da produção orgânica. 
É necessário cuidado, no momento e os métodos de apli-
cação do esterco não devem aumentar o potencial de escorri-
mento em direção aos reservatórios, rios e riachos, pelo elevado 
risco de contaminação. 
26 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
CAPITULO 5 
CONHEÇA OS ADUBOS ORGÂNICOS 
Os fertilizantes orgânicos sólidos e líquidos, são todos a-
queles materiais de procedência vegetal ou animal que podem 
ser utilizados para fertilizar os solos como um todo e assim nutrir 
as culturas. Eles devem ter alto valor agregado e baixo custo de 
aquisição e produção. Eles podem ser produzidos a partir de 
matérias-primas próprios ou adquiridos de terceiros e se diferen-
ciam dos adubos convencionais pela sua atividade e atuação 
sobre o solo, as plantas e o ambiente, onde normalmente tem 
efeitos positivos como um todo, produzindo menores impactos 
que os convencionais. 
Podem ser empregados os adubos verdes, resíduos agro 
industriais, restos de colheita, assim como estercos de aves e 
animais (compostados e curados), desde que isentos de agen-
tes químicos ou biológicos com potencial contaminante, cinzas 
de madeira, carvões vegetais, etc. 
Os produtos orgânicos a serem utilizados para a fertili-
zação não podem ser provenientes de resíduos contamina-
dos por metais pesados e componentes químicos tóxicos e 
precisam ser homologados pela legislação e regulamenta-
ções das entidades certificadoras de agricultura orgânica, 
tanto a nível nacional, quanto internacional. 
FORMA DOS NUTRIENTES. Os nutrientes dos adubos 
orgânicos, com exceção do potássio, encontram-se na forma 
orgânica. Assim sendo, para serem absorvidos pelas plantas há 
necessidade da transformação para a forma mineral através do 
processo de decomposição da matéria orgânica, ou seja, na mi-
neralização. Com isto, ocorre uma lenta liberação dos nutrientes 
para a solução do solo. 
27 
Silvio Roberto Penteado 
Esta lenta liberação dos nutrientes para a solução do solo, 
que é um dos princípios da adubação orgânica, resulta e~-van-
tagens adicionais em relação à adubação mineral trad1c1onal , 
que são: 
0 Possuem baixo potencial de salinidade às sementes, 
plântulas e micro-organismos; 
Q)Menor potencial de perdas dos nutrientes por lixiviação, 
principalmente nos solos arenosos; 
Q)Maior possibilidade de fazer uma única adubação, ao in-
vés de ter que fazer parcelamentos 
(!)Enriquecimento do solo com húmus, que melhora a ab-
sorção e retenção de nutrientes e água. 
Q)0 efeito da adubação orgânica é acumulativo, aprovei-
tando os nutrientes por vários ciclos de produção. 
Em relação à necessidade de transformação da forma or-
gânica para a forma mineral, nos cálculos em adubação orgâni-
ca tem-se que considerar os Índices de Conversão de cada nu-
triente. Esta prática é recomendável para o cálculo de adubos 
para o sistema orgânico, para evitar excessos de nutrientes, que 
causam desequilíbrio nutricional, com prejuízo na resistência da 
planta e qualidade dos frutos. 
Os índices de conversão representam o percentual médio 
de transformação da quantidade total do nutriente da forma or-
gânica para a forma mineral (forma disponível para as plantas). 
Outra vantagem da matéria orgânica, como fertilizante, é que 
diferentemente do adubo químico apresenta todos os dezesseis 
nutrientes de plantas. Desta forma, o consumidor pode ter uma 
nutrição completa, sem necessidade de buscar complementos 
nutricionais na farmácia. 
Considerando o relevante papel do solo no suprimento de 
nutrientes às plantas, a aplicação de fertilizantes orgânicos, re-
sulta no aumento da disponibilidade de todos os 13 nutrientes 
fornecidos pelo solo. Outros nutrientes, como carbono, hidrogê-
nio e oxigênio,são fornecidos pela água e ar. Uma vez que 0 
adubo orgânico é um fertilizante completo resulta em mais uma 
importante vantagem da adubação orgânica, em relação à adu-
bação mineral, que é a seguinte: A possibilidade de desrespeito 
28 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
á "Lei do Mínimo", ou seja, deixar de oferecer qualquer dos nu-
trientes essenciais requeridos para a plena execução dos pro-
cessos metabólicos, é muito menor. 
TEOR DE NUTRIENTES. Os adubos orgânicos devem no 
possível, serem analisados e observados antes da aplicação ao 
solo. As informações necessárias são quanto ao teor de umida-
de, teor de nutrientes e quanto à presença de contaminantes 
químicos (metais pesados), físicos (principalmente sementes de 
ervas invasoras) e biológicos (agentes patogênicos). Por esta 
razão, quando adquirir adubos orgânicos de fora da propriedade, 
precisa ser comunicado à certificadora. 
Em relação aos adubos orgânicos líquidos podem ocorrer 
as mesmas variações de teores de nutrientes e contaminantes. 
Para os resíduos vegetais, as variações ocorrem devido à espé-
cie de planta, da idade e da fertilidade do solo. Por sua vez, nos 
resíduos animais varia com a espécie animal, com o tipo de cri-
ação, com a alimentação utilizada, com o processo de coleta e 
com as condições de armazenagem. 
Além do teor de água e teores totais dos nutrientes os a-
dubos orgânicos são também caracterizados pela relação Car-
bono/Nitrogênio (C/N), dada a importância que estes componen-
tes influenciam na velocidade de decomposição e liberação dos 
nutrientes no solo. 
Considerando que o conteúdo de nutrientes nos fertilizan-
tes orgânicos é baixo, quando comparados com fertilizantes mi-
nerais, deve-se atentar para o fato de que as quantidades de 
adubos orgânicos a serem aplicadas são muito elevadas, au-
mentando os custos de produção. 
Este ônus é mais elevado quando não há disponibilidade 
do material no local, incluindo ainda os custos de transporte e de 
aplicação. Por esta razão, recomenda-se cautela no planeja-
mento de implantação orgânica, levando em conta um programa 
de adubação orgânica que atenda as necessidades nutricionais 
das plantas, com viabilidade econômica (Fonte: florestasite). 
29 
Silvio Roberto Penteado 
COMPOSIÇÃO DOS ADUBOS ORGÂNICOS 
Os adubos orgânicos são geralmente compostos ou re-
síduos orgânicos utilizados na agricultura. Eles contêm elevados 
teores de componentes orgânicos, como lignina, celulose, lipí-
dios, graxas, carboidratos e óleos, principalmente. O carbono é 
o elemento principal existente nestes compostos, mas destaca-
se também a presença de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, 
magnésio e micronutrientes. 
A adubação orgânica pode ser definida como a deposi-
ção de resíduos orgânicos de diferentes origens sobre o solo 
com o objetivo de melhorar as propriedades físicas, químicas e 
biológicas do mesmo. 
Em termos gerais os adubos orgânicos podem ser 
agrupados em: 
a) Origem animal (esterco de bovinos, aves, suínos e outros a-
nimais); 
b) Origem vegetal (adubos verdes e coberturas mortas); 
c) Resíduo urbano (lixo sólido e lodo de esgoto); 
d) Resíduos industriais (cinzas e outras); 
e) Compostos orgânicos (vermicomposto); 
f) Biofertilizantes (enriquecidos ou não); 
g) Adubos orgânicos comerciais. 
A adubação orgânica apresenta importantes vanta-
gens: 
A adubação orgânica aumenta o teor de matéria orgânica 
do solo. Melhora toda a estrutura do solo. Aumenta a capacida-
de de retenção de água para as plantas. Aumenta a infiltração 
da água da chuva. Complexa ou solubiliza alguns metais tóxicos 
ou essenciais às plantas (Ferro, Zinco, Magnésio, Cobre, Cobal-
to, etc.). Diminui os efeitos tóxicos do alumínio. Aumenta a ativi-
dade microbiana do solo. 
A matéria orgânica, como fertilizante, diferentemente do 
adubo químico apresenta todos os dezesseis nutrientes neces-
sários às plantas. 
30 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
APLICAÇÃO DOS ADUBOS ORGÂNICOS 
Na adubação de instalação da cultura, os adubos orgâni-
cos bioestabilizados, na forma de resíduos vegetais composta-
dos ou estercos curtidos devem ser aplicados com boa antece-
dência, antes da semeadura, nas covas, sulcos ou covas de 
plantio e a seguir molhados com irrigação. A incorporação dos 
adubos orgânicos reduz as perdas de nitrogênio por volatilização 
e é de crucial importância na adubação com fósforo, pois esse 
nutriente é de baixíssima mobilidade no solo. 
Quando utilizamos resíduos vegetais de baixa relação 
C/N (menor que 25), notadamente de leguminosas, podem ser 
incorporados no dia da semeadura ou o mais próximo dela. Este 
material deverá ser cortado na fase de formação de florescimen-
to e deixado sobre o solo. Por outro lado, resíduos vegetais ricos 
em carbono (palhadas, capins, gramíneas, etc.), com relação 
C/N elevada (acima de 30), devem ser aplicados com pelo me-
nos, um mês de antecedência ao plantio, de forma a vencer a 
fase inicial de predomínio da imobilização sobre a mineralização. 
Caso contrário, haverá bloqueio de N pelos microrganismos que 
decompõem o material, faltando nitrogênio para a cultura. 
A manutenção de resíduos vegetais na superfície do solo 
(formação da cobertura vegetal "mulch") traz uma série de bene-
fícios ligados à conservação do solo, manutenção da umidade e 
redução de ervas invasoras, porém é menos eficiente, a curto 
prazo na nutrição das plantas. O reduzido contato com o solo 
diminui grandemente a velocidade de decomposição ou minera-
lização. 
A decomposição de resíduos vegetais no solo pode e-
xercer um efeito benéfico ou maléfico de significativa importân-
cia, relacionado com o fenômeno da alelopatia, que consiste na 
liberação de substâncias alelopáticas através da decomposição 
de resíduos vegetais. 
Isto pode ocorrer diretamente pela lavagem de substân-
cias já presentes no resíduo ou pela produção de substâncias 
pelos micro-organismos responsáveis pelo processo de decom-
posição (Florestasite,2006). Os resíduos animais, devidamente 
compostados, devem ser preferencialmente incorporados ao so-
31 
Sílvio Roberto Penteado 
lo, não apenas para aumentar a eficiência do fósforo, mas, prin-
cipalmente, para reduzir as perdas de nitrogênio por volatil iza-
ção. 
Os estercos animais antes de serem usados, necessitam 
passar por um processo aeróbico de "cura" ou de fermentação. 
Neste processo, que dura de 60 a 90 dias, há produção de 
grande quantidade de calor. Assim sendo, uma vez devidamente 
processados, os resíduos animais podem ser aplicados no dia 
de plantio ou o mais, próximo deste. 
A aplicação de estercos animais curtidos ou compostos 
(tipo Bokashi ou Húmus de minhoca) na superfície do solo, sem 
qualquer incorporação, em culturas já instaladas, visando princi-
palmente o suprimento de nitrogênio e de potássio, apresentam 
boa eficiência dada a mobilidade desses nutrientes no solo. 
Tabela 1: LOCAL DE APLICAÇÃO DOS ADUBOS ORGÂNI-
COS 
SOBRE O SOLO SULCOS/COVAS JUNTO AS RAIZES 
Restos vegetais Compostos or- Bokashi 
e animais não gânicos bioesta-
com postados bilizados 
Gramíneas, pa- Estercos de a- Húmus de minhoca 
lhas e capins nimais curtidos 
Adubos verdes Tortas e Farinhas ve-
· getais fermentados 
Resíduos agro- Biofertilizantes irri-
industriais gados 
A matéria orgânica a ser empregada na adubação deve 
estar bioestabilizada ou humificada, para que não ocorra fer-
mentação no solo. A má decomposição provoca acidificação do 
terreno, pela retirada de oxigênio, e isto causa danos á germina-
ção das sementes e desenvolvimento das raízes (enfraqueci-
mento) das plantas crescidas. 
O gás metano e amônia, formados no processo de fer-
mentação, enfraquecerão as raízes e causarão a má formação 
dos brotos. 
32 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
CAPITULO 6 
PRODUÇÃO DE ADUBOS ORGÂNICOS 
ADUBOS VERDES 
A adubação verde é a forma mais econômica para enri-
quecer os solos tropicais com nutrientes, dado ao grande poten-
cial de produção de massa vegetal, seja no verão ou no inverno. 
Háplantas recomendadas para cada período, seja gramíneas ou 
leguminosas, que fornecem ao solo elevadas quantidades de ni-
trogênio. O procedimento ideal preconiza o consorciamento entre 
leguminosas, gramíneas e as ervas pioneiras. É indispensável 
sua implantação para a desintoxicação provocada por herbicidas. 
As plantas leguminosas são importantes por fornecerem 
nitrogênio através do processo de fixação simbiótica das bacté-
rias. As gramíneas devem também ser incluídas como produtoras 
de biomassa, por fornecerem carbono (fibras mais duráveis), elas 
mantém e aumentam o teor de matéria orgânica no solo e favore-
cem a flora e fauna benéficas do solo (micro-organismos). As er-
vas pioneiras contribuem na reciclagem de nutrientes e na pre-
servação do ecossistema. O adubo verde deve ser implantado na 
área que se deseja adubar. Devem ser cortadas, roçadas antes 
da semeadura e deixadas para decompor-se sobre o solo ou en-
terradas superficialmente para ocorrer a degradação aeróbica. 
BIOFERTILIZANTES 
É um fertilizante líquido obtido da degradação da matéria 
orgânica (estercos de aves ou animal ou restos vegetais) em 
condições aeróbicas e anaeróbicas em biodigestor. Fornece tam-
bém um resíduo sólido que pode ser aplicado no solo. Além do 
33 
Sílvio Roberto Penteado 
seu efeito nutricional, fornecendo proteínas, enzimas, vitaminas, 
antibióticos naturais alcaloides macro e micronutrientes, é utili-, ' 
zado como defensivo natural, principalmente devido à presença 
do Bacillus subtil/is, aumentando o vigor e a resistência das plan-
tas. 
Segundo o pesquisador BettioI(1997), os biofertilizantes 
possuem complexa e elevada comunidade microbiana, com pre-
sença de bactérias, fungos leveduriformes e filamentosos e ac-
tonomicetos. Estudos feitos com o biofertilizante líquido de bovi-
no observaram-se a presença de inúmeros micro-organismos 
como bactérias leveduras e bacilos, principalmente do Bacillus 
subtilis. Estes micro-organismos sintetizam substâncias antibióti-
cas, as quais demonstram ter grande ação e eficiência como 
substâncias fungistáticas e bacteriostáticas de fitopatógenos 
causadores de danos em lavouras comerciais. 
Uma das formas mais conhecidas de biofertilizantes é o 
Supermagro, com a mistura de esterco de curral e um complexo 
de micronutrientes, porém existem formais mais simples produto 
da fermentação do esterco de curral fresco e água. Num tambor 
de 200 litros colocam se 50 a 80 kg de esterco de gado fresco, 
completando o resto com água. Pode ser feito outras receitas 
como: 40 kg de esterco fresco + 20 a 40 kg de capins picados + 
água ou então: 50 kg de esterco de gado fresco + farinha de os-
so + cinzas + água. Adicionando açúcar ou melaço favorece a 
fermentação. 
Para dar condições anaeróbias, é recomendável fechar 
hermeticamente a parte superior do tambor com a tampa ou um 
plástico. Entre o líquido e a tampa deve ficar um espaço, mínimo 
de 20 centímetros, que abrigará os gases formados pela fermen-
tação anaeróbica. 
Para evitar a expansão desses gases e o estouro do 
tambor, deve se inserir uma mangueira plástica na tampa do 
tambor, bem vedada, que é submersa depois num balde ou gar-
rafa com água, para que o ar possa escapar (borbulhar na á-
gua), mas não possa entrar. A fermentação leva de 20 a 40 dias. 
Dilui se a calda, sendo que para cada litro de biofertilizante po-
34 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
de se misturar 1, 2 ou 3 litros de água. Quanto mais diluída me-
nor será o efeito defensivo. 
O biofertilizante poderá ser feito sob condição aeróbia 
em caixas de cimento ou tambores plásticos, cobrindo com uma 
tampa (sem vedar a entrada de ar) para evitar a entrada de á-
gua. Pode-se obter um produto de qualidade, uma vez que ape-
nas a camada superior do mosto tem reação aeróbica , enquanto 
a parte inferior está em fermentação anaeróbica. 
O esterco fresco de aves também é aproveitado para 
adubação líquida. O esterco é colocado num barril com água e 
deixado fermentar para converter a amônia. Pode se utilizar um 
acidulante como vinagre ou limão, adicionando o sempre que se 
perceber o cheiro de amoníaco. Após uma semana retira se o 
líquido sobrenadante, regando se com ele os canteiros. Como o 
líquido é rico em nitrogênio, convém aplica-lo em hortaliças fo-
lhosas prioritariamente. 
Tampa Hermética 
Tambor 
200 litros 
3. ESTERCO DE ANIMAIS 
Mangueira 
Plástica 
Balde 
e/ Água __.,....__ 
O esterco de animais pode ser empregado na forma 
cru, curtido e ou compostado. A composição do esterco das di-
ferentes espécies animais depende do tipo de alimentação. 
Quando exclusivamente no pasto, o conteúdo de nitrogênio 
desses estercos é menor do que com suplementação com con-
centrados. Quando proveniente de retiros é formado apenas de 
fezes, posto que a urina perde-se por infiltração no solo. Quan-
do provém de estábulos, incluem se quantidades variáveis de 
palha que retém a urina. 
35 
Silvio Roberto Penteado 
O esterco curtido é o envelhecimento do esterco sob 
condições não controladas. Há um aquecimento da massa sob 
a ação de bactérias termófilas que vão consumindo os compos-
tos de carbono do material, aumentando assim o teor dos ou-
tros nutrientes nos resíduos. A chuva lixivia os nutrientes, de 
modo que convém proteger o monte. 
O esterco curtido é uma massa escura com aspecto 
gorduroso e cheiro agradável. No caso de suínos, as fezes são 
mais ficas em nutrientes e mais pobres em matéria orgânica que 
a dos ruminantes. A matéria orgânica presente é de decomposi-
ção rápida, de modo que o esterco suíno é mais um alimento pa-
ra as plantas que para o solo. O suíno é acometido de muitas 
doenças que atacam o homem. A maior fonte de Teníase (Tenik 
so/ium) são justamente as hortaliças contaminadas. Por esses 
riscos é preferível reciclar o esterco de porco em culturas arbó-
reas ou de cereais (lshimura, 1999). 
Estudos mostram que o esterco decomposto sem prote-
ção perde 56% da amônia que ele contém, num período de qua-
tro meses. As perdas podem ser maiores se a temperatura e a 
umidade forem elevadas. O superfosfato simples e o gesso reve-
lam-se muito eficientes para reduzir as perdas de amônia. A re-
comendação é acrescentar 30 kg de superfosfato simples em pó 
sobre uma tonelada de esterco animal. 
ESTERCO DE AVES 
As aves produzem um esterco mais rico em nitrogênio 
que os ruminantes ou suínos, podendo variar sua composição de 
acordo com a espécie e o tipo de alimentação. As aves poedei-
ras, alimentadas com ração, fornecem um esterco rico em nutri-
entes, especialmente nitrogênio e fósforo, porém pobres em ma-
téria orgânica. 
Se deixado curtir, sua decomposição é rápida, liberan-
do se em poucos dias a maior parte dos nutrientes. Por esta ra-
zão o esterco de aves não deve ser guardado puro. Deve ser 
misturado aos materiais de relação C/N elevada e materiais co-
loidais; de reação ácida, como a terra, formando o processo de 
compostagem. Outra alternativa, é a adição de superfosfato sim-
ples, que por sua reação ácida, fixa a amônia convertendo a em 
amônia, porém com menor eficiência. 
36 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA.-
No caso de uso direto do esterco fresco, deve se incor-
porá-lo ao solo para reduzir as perdas de nitrogênio. Esta aplica-
ção deve ser feita com recomendação técnica, pois o excesso 
afeta a qualidade dos produtos e torna as plantas sensíveis aos 
ataques de pragas e doenças Em longo prazo, a aplicação con-
tínua compromete as qualidades fís icas e microbiológicas do so-
lo. 
A cama de frango e o esterco de galinha poedeira são 
exemplos de materiais com significativa quantidade de nitrogê-
nio, que podem ter perdas reduzidas com a aplicação do gesso 
agrícola ou do superfosfato simples. A escolha de qual deles 
aplicar depende de diversos fatores, tais como a disponibilidade 
do material, custo de transporte e teor de umidade, utilizando 30 
kg por tonelada de esterco. 
PALHAS E RESÍDUOS 
As palhas constituem resíduos de plantas que entraram 
em senecência, játendo translocado para as sementes a maior 
percentagem de nutrientes. São fontes de energia para as bac-
térias que degradam a celulose e alimentam muitos outros orga-
nismos do solo. As palhas são fontes de potássio, mas se ex-
postas à chuva ele é perdido por lixiviação. 
Quando incorporadas ao solo melhoram suas pro-
priedades físicas e biológicas, porém devido seu baixo teor 
de nitrogênio, os micro-organismos retiram esse elemento 
do solo durante sua decomposição, levando as plantas a-
presentar sintomas de deficiência de nitrogênio. Neste caso, 
é recomendável a incorporação simultânea de materiais 
mais ricos em nitrogênio como compostos ou estercos. 
As palhas de gramíneas, tais como de aveia, trigo, mi-
lho, napier etc., são recomendadas para a cobertura morta em 
pomares e hortas. No caso de leguminosas, suas palhas se de-
compõem muito rapidamente, sendo boa fonte de nitrogênio, po-
rém pouco contribuindo para a recuperação da matéria orgânica 
do solo, como exemplo a leucena e o guandu (lshimura, 1999). 
37 
Silvio Roberto Penteado 
Podem ser aproveitados resíduos agroindustriais como 
palha de café, restos de algodão, sementes de mamona e baga-
ço de cana, entre outros. 
O bagaço de cana é o produto residual da moagem dos 
colmos da cana-de-açúcar, sendo um material rico em celulose. 
Apesar do seu baixo custo nas fontes de origem, seu uso está 
restrito a propriedades vizinhas dos locais de moagem, devido 
ao custo do transporte, devido à extração do caldo da cana, 
quase todos os seus nutrientes minerais foram retirados, servi-
do se à incorporação desde que acompanhado de materiais or-
gânicos mais ricos como compostos ou estercos curtidos (gado, 
galinha, suínos, etc.). Caso contrário, deve ser empregado como 
material para cobertura morta (mulching) 
RESÍDUOS DE MADEIRA 
Os resíduos de madeira, a serragem (pó grosso) e a 
maravalha (finas lâminas), são geralmente materiais muito ricos 
em carbono e pobres em nitrogênio. Possuem quantidades ele-
vadas de lignina, diferenciando nisso das palhas. 
De acordo com a madeira de origem sua decomposição 
é mais ou menos demorada. (lshimura, 1999). Incorporado ao 
solo, tanto a serragem quanto a maravalha induzem a deficiência 
do nitrogênio, sendo na serragem mais intensamente por sua 
maior superfície de reação. 
Quando utilizadas para cobertura morta (mulching), am-
bos os materiais apresentam problemas. A serragem tende a 
formar blocos quando molhada, impedindo a germinação das 
sementes. A maravalha por sua vez é um meio de cultura de 
fungos, os quais podem danificar as espécies sensíveis. 
O melhor emprego desses materiais constitui na produ-
ção da compostagem em mistura com outros resíduos que se 
deco~ponham mais !acilmente. Embora de compostagem lenta, 
os res1duos de madeira produzem composto de efeito duradouro 
devido do à sua riqueza em compostos derivados de lignina. 
38 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
Tabela 2: Principais espécies de adubos verdes 
Espécie Tipo Ciclo de Espa- N.º de Quanti- Epoca de 
de flores- çamen- semen- dade de semeadura 
planta cimento to entre- tes por sementes 
(dias) linhas metro (kg/ha) 
(m) de sul-
co 
Aveia preta cespi- 120-140 0,20 15-20 60-70 março a 
toso maio 
Calopgônio trepa- 150 0,50 40 25-30 outubro a 
dor março 
Crotolária ereto 110-140 0,25 20 40 setembro a 
juncea março 
-
Crotolária ereto 140 0,25 25 9-15 setembro a 
spectabilis março 
Feijão-de- ereto 100-120 0,50 7 140-200 setembro a 
porco março 
Guandu ereto 140-180 0,50 18 50 setembro a 
março 
Labe-labe trepa- 1330- 0,50 10 50 setembro a 
dor 180 março 
Leucena ereto 150 (1 a 1,50 18 8 setembro 
poda) dezembro 
Mucuna-anã ereto 80-100 0,50 6-8 80-100 setembro a 
março 
Mucuna- trepa- 140-170 0,50 6-8 60-80 setembro a 
preta dor março 
Chícharo trepa- 100-120 0,20 10-15 120 março a 
dor junho 
Nabo- ereto 70-120 0,20 15 10-20 março a 
forrageiro junho 
Siratro trepa- 180 0,50 30 6 setembro a 
dor março 
Tremoço ereto 20 0,50 15 15 março a 
junho 
Trevo- rasteiro 25 0,20 20 10 março a 
branco junho 
39 
Silvio Roberto Penteado 
Fitomassa verde 
Fitomassa seca 
40 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
CAPITULO 7 
A COMPOSTAGEM 
A compostagem é o processo que aproveita resíduos 
orgânicos, como estercos, palhas, capins, gramas e outros vege-
tais, para a produção de adubo orgânico de alta qualidade, que 
são os compostos orgânicos, O emprego de adubos orgânicos 
compostados deve ser estimulado, devido os melhores resulta-
dos do que a aplicação de materiais orgânicos comuns. 
Pelo processo de compostagem a decomposição do 
material é controlada e uniforme, é inviabilizada a germinação de 
sementes de ervas daninhas e diminui a ação de alguns patóge-
nos, como fusarium e rizoctonia , muitas vezes presentes no ma-
terial vegetal cru. Além destes efeitos, são eliminados durante o 
processo de fermentação, resíduos de herbicidas, antibióticos, 
muitas vezes presentes nesses materiais, assim como vermes e 
outros agentes patogênicos, que podem causar doenças nos 
consumidores. 
O composto é uma forma de adubação muito emprega-
da na agricultura orgânica. Consiste na mistura de restos vege-
tais, estercos e outros materiais orgânicos amontoados, umidifi-
cados e revirados, para promover fermentação aeróbica até que 
a matéria orgânica esteja totalmente decomposta. O composto 
orgânico deve ser preparado com o emprego de três a cinco par-
tes de materiais de elevada relação C/N (bagaço de cana, pa-
lhas, restos de culturas, casca de arroz, capins, etc.), para uma 
parte de material de baixa relação C/N (estercos, plantas legu-
minosas, entre outros). 
O composto poderá ser enriquecido com calcário, pó de 
rocha, farinha de ossos, cinzas, terra virgem, etc. As dimensões 
da pilha de compostagem podem ser: 1,5 m de largura, 1 a 2 m 
de altura e até 5 metros de comprimento. 
41 
Silvio Roberto Penteado 
Para a montagem da pilha de decomposição, sempre 
se coloca no fundo uma camada de 15 a 20 cm de material rico 
em C/N e em seguida 5 a 7 cm de estercos ou material rico em 
N. As camadas são molhadas, sem excesso. Em seguida são 
alternadas estas camadas, terminando com a camada de capim. 
A largura da base da pilha é de 3 a 4 metros, altura de 1,50 m e 
comprimento 5 a 20 m. O material é revirado cada 5 a 7 dias, 
começando quando a temperatura interna da pilha, medida com 
um termômetro atingir 70ºC. 
Para manter a temperatura e a umidade adequadas, 
deve-se revirar a pilha de compostagem por cinco a seis vezes 
durante o processo, cada 12 a 15 dias. O processo de decom-
posição que leva de 60 a 90 dias para ser completado, estará 
pronto, quando a temperatura interna elevada cair para a tempe-
ratura ambiente. Durante este período manter a pilha de com-
postagem protegida das chuvas, podendo ser coberta com pa-
lhas secas ou lonas na parte superior. 
OUTROS COMPOSTOS ORGÂNICOS 
Há outros compostos orgânicos de produção mais rápi-
da (até três semanas) e com maiores teores de nutrientes mine-
rais. Essa opção consiste na produção dos adubos orgânicos 
chamados de Bokashi e Boyodo. São compostos mais ricos em 
nitrogênio, fósforo e potássio, do que aqueles produzidos por 
estercos e capins. Este processo foi formulado para obter adu-
bos orgânicos em substituição aos fertilizantes químicos tradi-
cionais, sem os fatores indesejáveis destes. Seus ingredientes 
são geralmente as tortas, farinhas e farelos de arroz, trigo, soja 
e mamona e inoculantes. 
Os compostos obtidos de resíduos industriais ou lixos 
urbanos devem ser empregados com restrição, pois podem con-
ter agentes patogênicos ou metais pesados. O chorume, que 
compreende a mistura de esterco e urina, quando fermentado de 
forma aeróbica, torna-se um adubo orgânico para emprego via 
foliar ou solo. 
42 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
PROPORÇÃO DOS MATERIAIS NA COMPOSTAGEM 
Capim ou qualquer outro , -~, 
materlal palhoso 
Ricos em carbono 
Material Orgânico 
Ricos em nitroQênio 
(lixo orgânico, estercosde 
aves e animais, etc. 
Pilha ou leira de compostagem balanceada 
PEQUENA COMPOSTEIRA 
São três paredes fixas e uma móvel para facilitar 
a retirada do composto depois de pronto. (adaptado) 
43 
Silvio Roberto Penteado 
A PILHA DE COMPOSTAGEM 
O composto é formado por camadas alternada_s 
de resíduos e precisa estar sempre fofo e areJado. 
~--capim 
Palha 
Esterco 
Capim 
cortado 
Grama 
Folhas 
- · Esterco 
Fig. 1: Pilha de Compostagem com aeração natural 
Fig.2: Compostagem com sistema de ventilação para 
facilitar o arejamento. Fonte: Aristeu Peressinoto 
Quando terminar de fazer a pilha de materiais vegetais, 
recomendam-se cobrir o monte ou a leira com palha, pé de mi-
lho ou folha de banana, contra o sol, vento e umidade. Pode ser 
coberto com lona na parte superior da pilha. Deve-se tomar cui-
dado com o excesso de irrigação artificial ou mesmo de chuvas, 
que pode tornar o meio anaeróbico. 
44 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
Tabela 3: COMPOSIÇÃO MÉDIA: MATERIAIS RICOS EM 
NITROGÊNIO 
Materiais MO e N C/N P20s K20 
% % % % % 
Algodão semente ardida 95,62 54,96 4,58 12/1 1,42 2,37 
Amoreira folhas 86,08 45,24 3,77 12/1 1,07 NE 
Banana: folhas 88,89 49,02 2,58 19/1 O, 19 NE 
Borra de café 90,46 50,60 2,30 22/1 0,42 1,26 
Cacau: pelf cuia 91 ,01 51 ,84 3,24 3,24 1,45 3,74 
Café semente desnaturada 92,83 52,32 3,27 16/1 0,39 1,69 
Cássia alta: ramos 93,61 52,35 3,40 15/1 1,08 2,98 
Crotalária juncea 91,42 50,70 1,95 26/1 0,40 1,81 
Cevada: bagaço 95,07 51 ,30 5, 13 10/1 1,30 0,15 
Couro em pó 92,03 43,75 8,74 5/1 0,22 0,44 
Esterco de suínos 53,10 29,50 1,86 16/1 1,06 2,23 
Esterco de aves 52,21 29,01 2,76 11/1 2,07 1,67 
Esterco de equinos 96,19 25,50 1,67 18/1 1,00 1, 19 
Eucalipto: resíduos 77,60 42,45 2,83 15/1 0,35 1,52 
Feijão de porco 88,54 48,45 2,55 19/1 0,50 2,42 
Feijão quandu: palhas 55,90 52,49 1,81 29/1 0,59 1, 14 
Feijão guandu-sementes 96,72 54,60 3,64 15/1 0,82 1,89 
Fumo: residuos 70,92 39,06 2,17 18/1 0,51 2,78 
lngá: folhas 90,69 50,64 2, 11 24/1 0,19 0,33 
Lab-lab 88,46 50,16 4,56 11/1 2,08 NE 
Laranja: bagaço 22,58 12,78 0,71 18/1 0,12 0.41 
Lúbulo: bagaço 47,58 26,08 1,63 16/1 1,32 0,86 
Mandioca: folhas 91,64 52,20 4,35 12/1 0,72 NE 
Mucuna preta: ramas 90,68 49,28 2,24 22/1 0,58 2,79 
Mucuna preta-sementes 95,34 54,18 3,87 14/1 1,05 1.45 
Penas de galinha 88,20 54,20 13,55 4/1 0,50 0,30 
Rami: resíduos 60,64 35,26 3,20 11/1 3,68 4,02 
Resíduos de cerveja 95,80 53,04 4,42 12/1 0,57 0,10 
Serrapilheira 30,68 16,32 0,96 17/1 0,08 0,19 
Sisai: polpa 67,38 64,35 5,85 11/1 0,49 0,43 
Sangue seco 84,96 47,20 11,80 4/1 1,20 0,70 
Torta de algodão 92,40 51,12 5,68 9/1 2, 11 1,33 
Torta de amendoim 95,24 53,55 7,65 7/1 1,71 1,21 
Torta de linhaça 94,85 50,94 5,66 9/1 1,72 1,38 
Torta de mandioca 92,20 54,40 5,44 10/1 1,91 1,54 
Torta de soja 78,40 45,92 6,56 7/1 0,54 1,54 
Torta cana-de-acúcar 78,78 43,40 2,19 20/1 2,32 1.23 
Fonte: Paschoal, A.D.(1994) NE: Não encontrado; MO: Matéria 
Orgânica; C: Carbono; N: Nitrogênio; N/C: relação nitrogênio/carbono; P2O5%: Teor de 
fósforo; K2O%: teor de potássio do material seco, em massa. 
45 
Silvio Roberto Penteado 
Tabela 4: COMPOSIÇÃO MÉDIA DOS MATERIAIS RICOS 
EMCARBONO - Fonte: Paschoal, A.D.(1994) 
Materiais MO e N C/N PzOs K20 
% % % % % -
Abacaxi- fibras 71,41 39,60 0,90 44/1 NE 0,46 
Arroz- cascas 54,55 30,42 0,78 39/1 0,58 0,49 -
Arroz palhas 54,34 30,42 0,78 39/1 0,58 0,41 
Aveia cascas 85,00 47,25 0,75 63/1 0,15 0,53 
Aveia palhas 85,00 47,52 0,66 72/1 0,33 0,91 
Algodão resíduos sementes 96,14 53,00 1,06 50/1 0,23 0,83 
Banana: talho e cachos 85,28 46,97 0,77 61/1 0,15 7,36 
Baoaço de cana 96,14 39,59 1,07 37/1 0,25 0,94 
Cacau: cascas dos frutos 85,28 48,64 1,28 38/1 0,41 2,54 
Café cascas 71,44 30,04 0,86 53/1 0,17 2,07 
Café palha 88,68 51 ,73 0,62 83/1 0,26 1,96 
Capim oordura 82,20 51 ,03 0,63 81/1 0,17 NE 
Capim guiné 93,13 49,17 1,49 33/1 0,34 NE 
Capim Jaraouá 92,38 50,56 0,79 64/1 0,29 NE 
Capim cidreira 88,55 58,84 0,82 62/1 0,27 NE 
Capim milha roxo 90,51 50,40 1,40 36/1 0,32 NE 
Capim mimoso 91,52 52,14 0,66 79/1 0,26 NE 
Capim pé de galinha 91,60 47,97 1, 17 41/1 0,51 NE 
Capim Rhodes 93,60 50,32 1,37 37/1 0,63 NE 
Cássia neqra- cascas 86,99 53,20 1,40 38/1 0,10 NE 
Castanhas cascas 89,48 54,76 0,74 74/1 0,24 0,64 
Centeio cascas 96,24 46,92 0,68 69/1 0,66 0,61 
Centeio palhas 98,04 47,00 0,47 100/1 0,29 1,01 
Cevada cascas 85,00 47,60 0,56 85/1 0,28 1,09 
Cevada palhas 85,00 47,25 0,75 63/1 0,22 1,26 
Esterco de ovinhos 82,94 46,08 1,44 32/1 0,74 1,65 
Esterco de bovinos 96,19 53,44 1,67 32/1 0,68 2, 11 
Feijoeiro: palhas 94,68 52,16 1,63 32/1 0,29 1,94 
Grama batatais 90,80 50,04 1,39 36/1 0,36 NE 
Grama seda 90,55 50,22 1,62 31/1 0,67 NE 
Lenheiro: resíduos 39,92 29,50 0,75 30/1 0,60 0,41 
Mamona: cápsulas 94,60 62,54 1, 18 53/1 0,30 1,81 
Mandioca: cascas e ralzes 58,94 32,64 0,34 96/1 0,30 0,44 
Mandioca: ramas 95,26 52,40 1,31 40/1 0,35 NE 
Mandioca: cascas 96,07 53,50 0,50 107/1 0,26 1,27 
Milho: palhas 96,75 53,76 0,48 112/1 0,38 1,64 
Milho: sabugos 45,20 52,52 0,52 101/1 0,19 0,90 
Samambaia 95,90 53,41 0,49 109/1 0,04 0,19 
Serraoem de madeira 93,45 51,90 0,06 865/1 0,01 0,01 
Trigo: cascas 85,00 47,60 0,85 56/1 0,47 0,99 
Trigo: palhas 92,40 51,10 0,73 70/1 0,07 1,28 
46 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
MATERIAIS NO COMPOSTO ORGÂNICO 
No cálculo dos materiais, levar em consideração a rela-
ção C/N de cada material. Um composto de volumoso pode ser 
preparado de 30/1 até 90/1 , considerando que quanto maior a 
relação C/N (maior teor de carbono) , mais tempo vai demorar a 
ficar pronto o composto. 
Desta forma, um esterco bovino tem a relação C/N = 
30/1 e uma palha de milho C/N = 112. Numa mistura de 1.000 kg 
de cada material, o cálculo deve ser feita da seguinte forma: 30 
+ 112 = 142 - que dividido por dois materiais, produz uma massa 
com a relação C/N = 71 . Nestas condições, com C/N = 71 , deve-
rá levar em torno de 60 a 70 dias para ocorrer sua bioestabiliza-
ção. Como exemplo, se colocarmos: 
a) Maior quantidade de esterco (2.000 kg) , isto é, com 
maior teor de nitrogênio vai reduzir o tempo de preparo do com-
posto, ou seja, 30 + 30 + 112 = 172, que dividimos por três nos 
dão a relação C/N = 57 Com esta relação menor (C/N = 57), o 
tempo de formação do composto será menor, abaixo de 60 dias. 
b) Misturando maior quantidade de palha de milho 
(2.000 kg), isto é, com maior teor de carbono na compostagem, 
vamos aumentar o período de preparo, ou seja, 30+ 112 + 112 = 
254 que dividimos por três nos dão a relação 85. Com uma rela-
ção maior C/N = 85, certamente demorará de 90 a 100 dias. 
Melhoria do Composto Orgânico: Nos perío-
dos calculados, obtemos um composto orgânico de volumo-
sos, que é um adubo bioestabilizado (material grosseiro, que 
não esquenta mais), porém, se desejarmos um composto de 
melhor qualidade e disponibilidade, poderemos obter um húmus, 
que é um adubo humificado (textura fina como pó de café). 
Para isso decompor por mais 30 a 40 dias, utilizando de 
preferência minhocas na decomposição. Para enriquecer o 
composto, pode-se distribuir sobre as camadas a lanço, alguns 
produtos como calcário bem fino (1 kg/m3) e/ou Concinal (3 
kg/m3) e/ou Yoorin Master (2 kg/m3), pó de granito (5 kg/m3) 
e/ou MB4 (3 kg/m3), argila (1 O kg/m3), cinzas (15 kg/m3), fosfato 
de Araxá (5-6 kg/m3). 
47 
Sílvio Roberto Penteado 
Pequenas composteiras 
Pilha de compostagem no campo 
48 
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
CAPITULO 8 
RECEITAS DE COMPOSTOS 
ORGÂNICOS 
Há muitas receitas de compostos orgânicos na lite-
ratura. Eles poderão ser produzidos de acordo com a ne-
cessidade dos solos e culturas, assim como aproveitando 
os recursos disponíveis. Apresentamos várias receitas prá-
ticas, que poderão ser produzidos com os ingredientes su-
geridos ou na falta trocados por outros com os mesmos 
componentes ou nutrientes. 
BOKASHI 1 (Compostagem aeróbica) Receita 1 - Indicação: 
Adubo para aplicação no solo; rico em nitrogênio,fósforo e po-
tássio, para a substituição dos fertilizantes químicos tradicio-
nais. 
Ingredientes: 
PRODUTOS QUANTIDADE 
Farelo de arroz ................. 500 kg 
Farelo de algodão ............. 200 kg 
Farelo de soja ................... 100 kg 
Farinha de osso ....... ... ....... 170 kg 
Farinha de peixe .. ....... ....... 30 kg 
Termofosfato ....................... 40 kg 
Carvão moído .................... 200 kg 
Melaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 lts 
EM4... .................................. 4 lts 
Água .................................. 350 lts 
Preparo: Para o Bokashi, o primeiro passo para ter uma umida-
de ideal (50%) é ir molhando aos poucos o material. Depois de 
tudo uniformemente misturado, coloca-se um pouco na palma da 
mão, que deve ser fechada com força e a umidade do composto 
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Sílvio Roberto Penteado 
não deve escorrer entre os dedos e nem deve estar seco a pon-
to de não formar um torrão. O ideal do composto é quando for-
mado o torrão, apertando com a mão, é facilmente esfarelado. 
A mistura deve ser amontoada e coberta com sacos de estopa 
ou lona de algodão, para iniciar a fermentação. A altura do mon-
te não deve estar acima de 1,0 metros, no entanto, a largura po-
de ser maior. 
O ideal é utilizar piso cimentado para facilitar o revolvimento do 
material e evitar a infiltração dos nutrientes no solo. Para o bo-
kashi, a temperatura não deve ultrapassar 50°C. Esta tempera-
tura ele pode atingir depois de misturado, num prazo de 20 a 24 
horas, quando então deve ser revolvido. Toda vez que atingir a 
temperatura de S0ºC, o Bokashi deve ser revolvido. Nestas con-
dições, estará pronto de 7 a 1 O dias. 
BOKASHI 2 (Compostagem aeróbica) - Receita 2 
Indicações: Adubação de solo, em substituição aos fertilizantes 
químicos NPK 
Ingredientes: 45% de farelo de arroz; 35% de farelo de mamo-
na; 15% de farelo de soja e 5% de farinha de peixe. Acrescentar 
35% de água, diluindo EM4 1 % e melaço 1 %. 
Preparo: Após a mistura e umedecimento dos vegetais (á-
gua+EM4 + melaço), fazer montes com altura máxima de 1,0 a 
1,20 metros. Em 24 A 30 horas após o preparo, a temperatura 
poderá atingir 40ºC, revolver então a mistura e cobrir novamen-
te. Se a umidade estiver elevada, acima de 60%, fazer uma ca-
mada fina de 3 a 5 cm de altura. O composto fica pronto em sete 
a nove dias, e quando seco pode ser armazenado por seis me-
ses. Obs. Pode ser feita camada de 2 a 3 metros de largura e 
altura de 20 cm, sendo compactada por trator e formadas cama-
das superiores. A massa poderá ser revirada por enxada rotativa 
ou outro meio. 
BOKASHI (Compostagem anaeróbia) - Receita 3 
Indicações: Adubação de solo, em substituição aos fertilizantes 
químicos NPK. Ingredientes: idem á receita 2, porem com 15% 
de água e adicionar EM4 1 º/o e Melaço 1 %. B) Ingredientes: 500 
50 
-
ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
kg de farelo de arroz, 500 kg de torta de mamona, 20 kg de fari-
nha de peixe, 4 litros de melaço de cana, 2 litros de EM4 e 100 
litros de água. 
Preparo: Misturar bem os produtos e peneirar. A mistura é en-
sacada em saco de lixo, revestido por uma sacaria mais forte por 
fora, para evitar furos ou rasgos. Deixar fermentando por 15 a 21 
dias em condições anaeróbicas. Nestas condições pode ser utili-
zado por 30 dias. Quando seco, pode ser armazenado até seis 
meses. 
BAYODO - Receita 4 
Indicações: Adubo para aplicação no solo, rico em nitrogênio, 
fósforo e potássio, em substituição aos fertilizantes químicos. 
Ingredientes: Terra virgem ou de subsolo (50 a 60 % do volu-
me), Capim picado ou casca de arroz semi decomposta (30% do 
volume), Farelo de arroz (10% do volume) e farelo de mamona 
(5% do volume). É indicado o uso de inoculantes de microrga-
nismos, para acelerar o processo de fermentação. Ex. Eokomit, 
BYM Food ou EM4 e água suficiente para manter a umidade i-
deal da mistura (60%) 
Exemplo da receita para preparo de 2.000 kg de Bayodo. 
Ingredientes: Terra virgem (1.000 kg ou 55%) + Restos vegetais 
picados (300 kg ou 30%) + Tortas (50 Kg) e farelos (100 a 120 
kg ou 15%)+ Inoculantes. EM 4 (4 litros) + água (580 litros) 
Preparo: A escolha do local é bastante importante, devendo ser 
protegido da chuva, com espaço disponível quatro a cinco vezes 
maiores que o ocupado pelas matérias-primas e piso cimentado 
para facilitar a revirada e evitar a infiltração de nutrientes. A mis-
tura é submetida ao processo de fermentação ao ar livre. 
Fazer a mistura da terra virgem ou de subsolo e dos restos vege-
tais, farelos (de arroz e de mamona) ou tortas vegetais, á medida 
que vai fazendo o acréscimo da água enriquecida com o inocu-
lante. 
Manter a umidade recomendada acima de 55 a 60% e a tempe-
ratura em torno de 60 º C. O processo geral de produção é se-
melhante ao Bokashi. 
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Silvio Roberto Penteado 
FATORES IMPORTANTES NA COMPOSTAGEM 
UMIDADE DO COMPOSTO 
Para verificar se o teor está adequado, deve ser aperta-
do um pouco de composto na mão. Caso não escorrer água, 
mas sentir umidade tem de 50 a 55%. Se soltar um pouco de 
água, ela terá 60 e 70%. 
A umidade estará em torno de 60% quando apertada a 
mistura na mão, começa a escorrer água entre os dedos. Neu-
traliza-se o excesso de umidade, misturando á pilha casca de 
arroz ou palha de arroz picada. Para a produção do Bokashi 
(compostagem), o primeiro passo é ter uma umidade ideal (50%) 
e ir molhando aos poucos o material. Depois de tudo uniforme-
mente misturado, coloca-se um pouco na palma da mão, que 
deve ser fechada com força e a umidade do composto não deve 
escorrer entre os dedos e nem deve estar seco a ponto de não 
formar um torrão. O ideal do composto é quando formado o tor-
rão, apertando com a mão, é facilmente esfarelado. 
TEMPERATURA 
Na produção dos compostos, temperatura igual ou aci-
ma de 70ºC, são críticas para os micro-organismos úteis, pas-
sando esta temperatura eles são eliminados. Deve-se evitar que 
a temperatura do composto ultrapasse a 70ºC, se isto ocorrer, 
esparrama-se a mistura, deixando-a assim até o dia seguinte, 
quando deve ser ajuntada novamente. Recomenda-se medir a 
temperatura constantemente. O ideal é utilizar um termômetro de 
cabo comprido. Caso não tiver, finca-se uma barra de ferro no 
monte de composto. 
Para saber a temperatura, se segura a ponta que esta-
va fincada no composto, caso esteja tão quente que não possa 
ser segurada, a temperatura do composto deve ser reduzida, 
esparramando-a. No caso do Bokashi, a temperatura não deve 
ultrapassar SOºC. Esta temperatura ele atinge depois de mistu-
rado, num prazo de 20 a 24 horas, quando então deve ser revol-
vido. Toda vez que atingir 50°, o Bokashi deve ser revolvido. 
Nestas condições, estará pronto de 7 a 1 O dias. 
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ADUBAÇÃO NA AGRICULTURA ECOLÓGICA 
CONDIÇÕES DE PREPARO 
Durante o processo de compostagem o material deve 
estar abrigado da chuva, pois a umidade deve estar sempre de 
50 a 55%. Se for preciso cobri-lo deve deixar expostas as late-
rais do monte para ventilação. Ao fazer um monte, procure dei-
xar os lados verticais, para evitar a retenção de águas das chu-
vas. 
No caso do Bokashi, a mistura deve ser amontoada e 
coberta com sacos de estopa ou lona de algodão, para iniciar a 
fermentação. A altura do monte não deve estar de 0,8 a 1,0 me-
tros, no entanto largura pode ser maior. O ideal é utilizar piso 
cimentado para facilitar o revolvimento do material e evitar a infil-
tração dos nutrientes no solo. Após a mistura, o material pode 
ser colocado dentro de saco de adubo e amarrado a boca, dei-
xando ocorrer a fermentação dentro da embalagem. 
VALIDADE DO COMPOSTO 
Em condições adequadas de umidade o composto pode 
ser armazenado até seis meses. 
APLICAÇÃO DO COMPOSTO ORGÂNICO 
No caso da utilização de um composto orgânico, já de-
composto, a biomassa deve ser preferencialmente deixada à 
superfície do solo ou então incorporada até 8 cm de profundida-
de, para posterior incorporação por micro-organismos, pois

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