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AMPLIANDO HORIZONTES Com os avanços tecnológicos, vieram também novas maneiras de expressão ar- tística. A poesia digital é um exemplo disso: o recurso da animação trouxe movimento, cores, sons e formas, abrindo outras possi- bilidades para a experiência poética. Os ci- berpoemas são poemas visuais feitos para serem lidos na tela do computador (ou do celular, do tablet, etc.). Você pode encon- trar alguns desses poemas no site <www. ciberpoesia.com.br/> (acesso em: 6 jun. 2017), criado pelo poeta Sérgio Capparelli e pela designer gráfica Ana Cláudia Gruszynski. AMPLIANDO HORIZONTES A palavra pal’ndromo significava “correr para trás” em sua origem em grego. Em português, de- signa vocábulos ou frases que podem ser lidos nos dois sentidos: da esquerda para a direita ou da direi- ta para a esquerda. Veja alguns exemplos: OVO AME O POEMA SOCORRAM-ME, SUBI NO ÔNIBUS EM MARROCOS APLICANDO O CONHECIMENTO TEXTO 1 Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das questões sinalizadas com asterisco. 1 Leia o texto 1 e o quadro ao lado e, em seguida, respon- da: O poema de Arnaldo Antunes pode ser considerado um palíndromo? Justifique sua resposta. Sim, pois o título — “rio: o ir” — pode ser lido tanto da esquerda para a direita como da direita para a esquerda. ANTUNES, Arnaldo. Disponível em: <www.arnaldoantunes.com.br/ new/sec_artes_obras.php?id_type=4>. Acesso em: 19 maio 2017. 2 Esse poema pode ser considerado um poema visual? Justifique sua resposta. Sim, pois a forma como as palavras estão dispostas no suporte (tela ou papel) é parte integrante da construção do sentido do poema, assim como o tipo de letra (fonte) e as cores. R e p ro d u ç ã o /( < h tt p :/ /w w w .c ib e rp o e s ia .c o m .b r> ) A rn a ld o A n tu n e s /A c e rv o d o p o e ta 168 R ED A Ç Ã O » M Ó D U LO 15 2_PH7_EF2_RED_C2_161a171_M15.indd 168 11/21/17 5:32 PM 3 A disposição das palavras nesse poema sugere movimen- to. Como isso ajuda na compreensão geral do texto? O movimento sugerido pela disposição das palavras na página ou tela ajuda na compreensão do tema pelo fato de que um rio está sempre em movimento (o ir ), suas águas movem-se constantemente. TEXTO 2 CUNHA, Leo. XXII!!. São Paulo: Paulinas, 2003. 4 Poemas podem abordar as mais diferentes temáticas e com as mais diferentes intencionalidades, e isso vale também, claro, para poemas visuais. Nesse, por exem- plo, pode ser lida uma crítica à forma como o homem usa a tecnologia nos tempos atuais. Explique essa crítica. Pode-se interp retar o poema como uma crítica à troca de posição entre homem e máquina: é como se o eu lírico fizesse um apelo ao mouse, pedindo-lhe que o use. É possível fazer outra leitura do poema: o eu lírico seria o próprio mouse, que estaria querendo “chamar a atenção” de seu dono, isto é, o ser humano. Essa leitura é mais humorística e descompromissada do que a primeira. 5 Além da expressividade visual, esse poema também apresenta expressividade em sua sonoridade. Que efei- to sonoro está presente nesse texto? O poema tem um a sonoridade expressiva pela semelhança da pronúncia dos fonemas /m/ e /z/ em “me use” e em mouse. 6 As cores são outro recurso explorado nesse texto. Ex- plique como elas direcionam o olhar do leitor, abrindo a possibilidade de se fazer a leitura da parte verbal em duas direções distintas. Além da leitura realizada do modo mais tradicional — da esquerda para a direita e de cima para baixo —, é possível ler o poema guiando-se pela semelhança de cores (vermelho e laranja); nesse caso, a leitura seria feita em forma de X. TEXTO 3 Ritmo Na porta a varredeira varre o cisco varre o cisco varre o cisco Na pia a menina escova os dentes escova os dentes escova os dentes No arroio a lavadeira bate roupa bate roupa bate roupa até que enfim se desenrola toda a corda e o mundo gira imóvel como um pião! QUINTANA, Mario. Apontamentos de história sobrenatural. São Paulo: Globo, 1976. 7 A última estrofe do poema apresenta seus versos dis- postos de modo a sugerir um movimento. Como essa disposição contribui para a compreensão do poema como um todo? A organização dos versos da última estrofe representa visualmente o movimento realizado pela corda de um pião quando ela se desenrola dando impulsão ao pião para que gire. Glossário Cisco: partícula de sujeira, poeira. Arroio: pequeno curso de água. © L eo C un ha /A ce rv o do p oe ta 169 R ED A Ç Ã O » M Ó D U LO 15 2_PH7_EF2_RED_C2_161a171_M15.indd 169 11/21/17 5:32 PM 8 Além de apresentar uma estrutura visual expressiva, o poema também trabalha de modo criativo a sonoridade, o que pode ser comprovado, inclusive, pelo título. Que recurso foi empregado para imprimir ritmo ao texto? Mário Quintana usa a repetição de alguns versos com a finalidade de imprimir ritmo ao poema. Essa repetição funciona como um tipo de refrão, recurso bastante utilizado em canções. 9 Além do ritmo, a sonoridade produzida durante a leitura do poema é sugestiva. Ela ajuda na compreensão do sentido de alguns versos. Procure identificar que sons os versos a seguir sugerem. a) “varre o cisco / varre o cisco” A repetição de sons sugere o ruído produzido pelo contato da vassoura com o chão durante o ato de varrer. b) “escova os dentes / escova os dentes” A sonoridade desses versos sugere o som produzido pelo contato da escova com os dentes durante a escovação. c) “bate roupa / bate roupa” Os sons produzidos nesses versos sugerem o ruído das roupas sendo batidas em pedras, prática comum entre as lavadeiras, antigamente. 10 Embora pareça contraditório, o último verso do poema estabelece uma relação de semelhança entre o mundo e o pião. Explique como isso se dá. O poeta faz uma comparação entre o mundo e o pião: mesmo estando em movimento, ambos parecem imóveis. O pião, depois de ser desenrolado pela corda, gira em alta velocidade e provoca uma ilusão de ótica que faz parecer que ele está parado. Já o mundo gira tão lentamente que não notamos seu movimento, parece estar sempre estático. Figuras de linguagem são recursos de nossa língua usados para tornar o texto mais expressivo, ampliando seus sentidos originais. É possível notar a ocorrência de duas figuras de linguagem no último verso do poema “Ritmo”, de Mario Quintana. » Comparação ou símile: relação de comparação entre duas expressões estabelecida pelo uso de um elemento comparativo que torne essa associação explícita. “e o mundo gira imóvel como um pião!” termo elemento termo comparado comparativo comparado » Paradoxo: fusão de ideias opostas em uma mesma frase ou verso formando um aparente absurdo que, entretanto, expressa um sentido verdadeiro. “e o mundo gira imóvel como um pião!” termos que se op›em ENTRELINHAS 170 R ED A Ç Ã O » M Ó D U LO 15 2_PH7_EF2_RED_C2_161a171_M15.indd 170 11/21/17 5:32 PM TEXTO 4 Pássaro em vertical Cantava o pássaro e voava Cantava para lá Voava para cá Voava o pássaro e cantava De Depente Um Tiro Seco Penas fofas Leves plumas Mole espuma E um risco Surdo N O R T E _ S U L NEVES, Libério. Pedra solidão. Belo Horizonte: Movimento Perspectiva, 1965. 1 Sobre o título do poema é possível afirmar que: a) ele indica a direção do voo do pássaro, confirmando que o animal voa para todos os lados. b) ele parece contraditório, mas durante a leitura do poema percebe-se que ele indica o movimento de queda do pássaro. c) ele não tem relação com a disposição das palavras norte e sul, que se encontram no final do poema. d) o pássaro voava em direção ao norte, como se pode perceber lendo os últimos versos. 2 Marque a alternativa que analisa de modo incorreto alguns versos do poema. a) Os versos 2 e 3 indicam que as ações de cantar e voar ocorriam em lugares diferentes, o que pode sercomprovado pelos advérbios cá e lá. b) Os versos de 5 a 9 indicam a direção do tiro que atingiu o pássaro durante seu voo. c) Os versos 13 e 14 indicam que o pássaro estava voando sem cantar. d) As palavras norte e sul desenham a trajetória da queda do pássaro depois que ele foi atingido por um tiro. TEXTO 5 CAMPOS, Augusto de. Viva vaia. Cotia: Ateliê Editorial, 2001. 3 Sobre as características que tornam esse texto um poe- ma visual, é correto afirmar que: a) ele mantém a forma do verso tradicional. b) ele usa apenas linguagem não verbal. c) sua expressividade encontra-se na temática, na for- ma visual e na sonoridade. d) ele apresenta uma crítica social. 4 Associando elementos verbais e não verbais, não é pos- sível inferir que: a) o poema estrutura-se na oposição de sentido que há entre as palavras lixo e luxo. b) o tema abordado apresenta um olhar negativo sobre a prática da ostentação. c) a palavra lixo tem maior destaque que a palavra luxo. d) a estrutura do poema comprova que todo lixo deve ser considerado luxo. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 » CAPPARELLI, Sérgio. Poesia visual. São Paulo: Global, 2001. Você pode encontrar muitos poemas visuais tão interessantes quanto os que você leu neste módulo no livro Poesia visual, escrito por Sérgio Capparelli e ilustrado por Ana Cláudia Gruszynski. DESENVOLVENDO HABILIDADES A u g u s to d e C a m p o s /A c e rv o d o a u to r R e p ro d u • ‹ o /G lo b a l E d it o ra 171 R ED A Ç Ã O » M Ó D U LO 15 2_PH7_EF2_RED_C2_161a171_M15.indd 171 11/21/17 5:33 PM
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