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Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar Produção e comercialização de produtos orgânicos Módulo 2 pg. 83Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Abertura do módulo 2 No primeiro módulo deste curso foi apresentada uma introdução à agroecologia de uma forma geral. Foi possível refletir sobre o manejo dos recursos naturais e os diferentes sistemas de produção agroecológica. Neste segundo módulo serão tratados temas que envolvem as leis que regulam todo este setor e, além disso, veremos os procedimentos para que esses produtos estejam disponíveis para comercialização. E, assim, temos diversos questionamentos que precisamos considerar, tais como: Quais são as regras para que um produto seja considerado orgânico? Como identificar os produtos orgânicos em uma feira ou no supermercado? Como é feita a fiscalização nas propriedades rurais e nos comércios? pg. 84Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Neste módulo você encontrará as respostas para esses questionamentos! Vamos entender as normas legais para adequar os sistemas de produção e os tipos de certificação existentes no Brasil, compreendendo os conceitos que envolvem: • beneficiamento; • comercialização; • identificação do público consumidor de produtos orgânicos. Agora que você já sabe quais conteúdos serão abordados neste módulo, inicie seus estudos! pg. 85Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Legislação relacionada à agricultura orgânica no Brasil Aula 1 Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar pg. 86Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Neste tópico introdutório serão contextualizados os aspectos gerais da legislação da agricultura orgânica no Brasil na produção vegetal ou animal. Com o aumento da produção orgânica, algumas medidas surgem, a partir dos anos 2000, para estabelecer um marco regulatório sobre essa atividade. No ano de 2003, é aprovada a primeira lei sobre os orgânicos, a Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que regulamenta a produção, o armazenamento, a rotulagem, o transporte, a certificação, a comercialização e a fiscalização dos produtos orgânicos no Brasil. Foto: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar Marco regulatório Conjunto de normas, leis e di- retrizes que retendem regular o funcionamento de um deter- minado setor. pg. 87Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Outras regulamentações foram criadas ao longo do tempo para definir quais são os parâmetros que devem ser seguidos em toda a cadeia produtiva e quais produtos podem ser utilizados, entre outros aspectos. A Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, foi seguida por diversos outros decretos e Instruções Normativas (IN) que regem todo o processo de certificação da produção orgânica. Além disso, o Decreto nº 6.323/2007 estabelece que a certificação pode ser feita por auditoria ou ser participativa. A seguir, veja mais detalhes sobre cada uma dessas normas: Lei nº 10.831/2003 Esta lei define que a agricultura orgânica contempla a produção de alimentos e outros produtos que não fazem uso de defensivos agrícolas, transgênicos ou produtos químicos sintéticos. Por isso, a agricultura orgânica abrange as denominações: ecológica, biodinâmica, natural, regenerativa, biológica, agroecológica, permacultura, entre outras. Decreto nº 6.323/2007 Para os agricultores familiares que comercializam diretamente para os consumidores, não é necessária a certificação, desde que tenham cadastro no MAPA e formas próprias de organização e controle social. MAPA Ministério da Agricultura, Pe- cuária e Abastecimento. pg. 88Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Para se ter uma visão geral sobre a legislação deste tema é importante acompanhar suas normas regulatórias: Regulamentação mais detalhada da Lei nº 10.831/2003 Normas técnicas para a obtenção de produtos orgânicos oriundos do extrativismo sustentável orgânico. Iniciativa conjunta do Ministério do Meio Ambiente e do MAPA. Estrutura, composição e atribuições das Comissões da Produção Orgânica. Iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Decreto nº 6.323/2007 Instrução Normativa nº 17/2009 Instrução Normativa nº 54/2008 pg. 89Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Regulamento técnico para processamento, armazenamento e transporte de produtos orgânicos, que foi atualizada mais tarde pela Instrução Normativa nº 24/2011. Iniciativa conjunta do Ministério da Saúde e do MAPA. Instrução Normativa nº 18/2009 Institui a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), que envolve formalmente as instâncias de gestão social da Lei de Orgânicos. Estabelece a estrutura, a composição e as atribuições da Subcomissão Temática de Produção Orgânica (STPOrg), e das Comissões da Produção Orgânica nas Unidades da Federação (CPOrg-UF). Iniciativa do MAPA. Estabelece o selo único oficial do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica. Iniciativa do MAPA. Decreto nº 7.794/2012 Instrução Normativa nº 13/2015 Instrução Normativa nº 18/2014 pg. 90Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Regula quais as substâncias que podem ser utilizadas como insumos e os procedimentos e práticas autorizadas na produção orgânica. Portaria assinada pelo MAPA. Portaria nº 52/2021 Além delas, existem as legislações estaduais, que variam conforme cada estado e que não podem se sobrepor às leis federais, apenas complementá-las ou estabelecer normas mais restritivas. Para que os produtos orgânicos brasileiros possam ser exportados, é preciso seguir as normas dos padrões internacionais estabelecidos pela IFOAM ou pelo Codex Alimentarius. IFOAM Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica. Conhecer e compreender as principais normas que tratam desse tema é importante. Por essa razão, indicamos que você leia o conteúdo a seguir; ele também está disponível no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), em formato de vídeo. Vale a pena conferir por lá! Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado. pg. 91Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Agroecologia em foco Existe alguma regra para a produção de alimentos orgânicos no Brasil? Vamos descobrir!? Quando pensamos em frutas tropicais, carnes e produtos da sociobiodiversidade, o Brasil possui um grande potencial! As leis que regulam os produtos orgânicos impulsionam esse setor. Especialmente a Lei nº. 10.831 de 2003, que regula a produção orgânica, tornando-se um modelo a ser seguido para a certificação dos produtos orgânicos vegetais e animais. Mas existem normas especiais, como a Portaria nº 52 de 2021 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o MAPA, que regulamenta os sistemas orgânicos de produção animal e vegetal e define normas técnicas para os sistemas orgânicos de produção de bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos, equinos, suínos, aves, coelhos e abelhas. Essa norma determina que todo insumo deve ter procedência de sistemas orgânicos de produção, seja para alimentação ou medicamentos. E ainda temos a Instrução Normativa Interministerial, número 28 de 2011, definida pelo MAPA, em conjunto com o Ministério da Pesca e Aquicultura, o MPA, que trata e regulamenta a pg. 92Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos O conteúdo visto é muito esclarecedor, não é mesmo? E, agora, você já deve estar ansioso para compreender como seriam todos esses procedimentos de registro e certificação dos produtos orgânicos. Então, continue estudando, pois esse é o assunto da próxima aula. produção aquícola. Afinal, além da alimentação e dos demais insumos, a água e o seu entorno requerem cuidados redobrados quanto à contaminação por agroquímicos. E a produção orgânicaanimal deve atender o bem-estar dos animais em todas as fases do sistema produtivo; essa noção de bem-estar animal se refere aos cuidados com a sanidade, higiene dos animais e das suas instalações. Portanto, deve-se ofertar sempre uma alimentação de qualidade e adequada às exigências de cada espécie. pg. 93Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Suas conquistas! Você conquistou a primeira fase de estudo, e está a um passo de concluir o módulo 2! Siga em frente para a leitura da aula 2, mas, antes, veja esta dica! Você sabia? Lembre-se de que, no AVA, você deve responder uma pergunta para conquistar sua recompensa e, assim, desbloquear a aula seguinte. O desbloqueio das aulas irá lhe garantir o selo do módulo, e somente na tela de conclusão você poderá baixar o áudio contendo o resumo no canal de podcast do Um Giro no Agro. Ele é um excelente recurso para rever todos os temas do módulo quando quiser! pg. 94Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Registro e certificação de produtos orgânicos Aula 2 Foto: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar pg. 95Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Esta aula vai apresentar a você as possibilidades de certificação e registro dos produtos orgânicos no Brasil. Todas elas exigem que haja um rastreamento da produção inteira, para garantir segurança aos consumidores e produtores. Vamos entender um pouco quais são as regras e os princípios da regularização da produção orgânica? Rastreabilidade de produtos orgânicos Conhecer a procedência dos produtos e insumos utilizados é um ponto importantíssimo da produção orgânica. Esse processo, chamado de rastreabilidade da produção orgânica, é um método de controle que oferece maior segurança, tanto para os consumidores quanto para os produtores rurais. A rastreabilidade é um requisito obrigatório da produção orgânica e é exigida em todos os processos de certificação. Por meio dela, é possível conhecer toda a cadeia, desde a produção até a gôndola da feira ou do supermercado. Para os vegetais frescos a rastreabilidade é regulamentada pela Instrução Normativa Conjunta nº 2/2018. Instrução Normativa nº 2/2018 Trata-se de uma Instrução Normativa Conjunta entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. pg. 96Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Mas e na prática, como o produtor poderia fazer o rastreamento da produção? Podemos observar que nesse processo há uma diferença relacionada ao porte da propriedade. Veja só: Foto: Adriano Brito. Sistema CNA/Senar Propriedades de pequeno porte Para as pequenas propriedades, esse controle é realizado por meio de um caderno de campo, o qual deve conter todas as atividades realizadas durante a produção, bem como os respectivos insumos utilizados, dos quais todas as notas fiscais e comprovantes referentes à sua aquisição devem ser arquivados. Sabendo disso, é possível identificar os responsáveis em cada uma dessas etapas, o que confere maior segurança não só a quem compra como também para quem comercializa os produtos, ou seja, dá mais credibilidade ao processo. pg. 97Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos É possível consultar um exemplo de um registro como esse no Caderno do Plano de Manejo Orgânico organizado pelo MAPA. Esse plano será a forma de gerenciar a produção agrícola e o meio para que os órgãos de controle possam acompanhar as atividades, além das visitas frequentes que realizam à propriedade. Veja só a dica do Douglas. Propriedades de grande porte Naquelas propriedades de maior porte e que apresentam boa parte das suas atividades informatizadas, esse controle é realizado por sistemas computacionais, nos quais os técnicos e gestores registram as informações de campo. Hoje, é possível encontrar vários aplicativos e programas computacionais para ajudar os produtores nessa tarefa. • Registro de todos os insumos • As atividades • Quem estará envolvido nas tarefas • Os problemas e soluções encontrados para todos os cultivos da propriedade art. 12 da Portaria nº 52/2021 Trata-se de uma portaria assi- nada pelo MAPA. Há ainda a obrigatoriedade da apresentação do Plano de Manejo Orgânico, sempre atualizado, para todos os sistemas de produção orgânica, conforme dispõe o art. 12 da Portaria nº 52/2021. Ele também é uma forma de registro e controle de insumos e processos. Por essa razão, deve conter as seguintes informações: pg. 98Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos As instituições certificadoras vão autorizar o uso dos insumos permitidos na produção com a avaliação de conformidade. Cada vez que o agricultor utilizar um insumo diferente, deve consultar a instituição responsável pela fiscalização, para confirmar se ele é permitido ou não. E a Roberta ainda reforça: O que diz a lei? De olho no selo De acordo com a Portaria nº 52/2021 do MAPA os documentos e registros devem ser arquivados por um período mínimo de 3 (três) anos. É importante manter sempre atualizado o seu Plano de Manejo, para agilizar a atividade das certificadoras. Para isso, é necessário que o produtor anote todos os insumos que utilizou na produção agrícola, em hortaliças, grãos, frutas e também nos animais. pg. 99Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos O registro de produtos orgânicos Para o Estado brasileiro e para a pesquisa, a certificação contribui para identificar os produtores e subsidiar políticas públicas e as pesquisas voltadas diretamente ao setor. A certificação atua em vários níveis. Para ser certificada, toda cadeia precisa estar em conformidade com as normas legais, e os insumos devem estar adequados. A seguir, entenda melhor cada etapa: Para a certificação da produção orgânica foram criadas diversas leis, normas e decretos federais que são imperativos e orientam todo o território brasileiro. Existem diversos meios de obter a certificação para os produtos orgânicos, como veremos em seguida. Entretanto, todos devem seguir as orientações das normas federais, que também são influenciadas por normas internacionais. O registro de produtos orgânicos permite que os consumidores possam estar seguros de que o produto orgânico adquirido segue as regras da produção orgânica. Também possibilita maior transparência em relação às práticas da produção orgânica, ou seja, como ele foi produzido. pg. 100Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Produção Adequação da utilização de fertilizantes, sementes ou bioinseticidas. Processamento Utilização correta de aditivos e conservantes. Sistema de distribuição Procedimentos de segurança com a distribuição para atacadistas e varejistas. Dessa forma, os produtos agrícolas certificados são identificados a partir do selo de orgânicos que foi instituído pelo SisOrg. SisOrg O selo do Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformi- dade Orgânica, administrado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é inserido nos produ- tos devidamente certificados. O selo SisOrg é um instrumen- to que foi criado para identifi- car e controlar a produção de alimentos orgânicos em toda a cadeia produtiva. O selo, resultado do processo de certificação, traz muitos benefícios para os produtores, pois gera confiança para os consumidores e também para a indústria que vai, porventura, processá-los. Esse selo, portanto, garante a procedência e a qualidade orgânica de um alimento natural ou processado. De olho no selo É interessante que você saiba que, assim como eu, um produtor que trabalha com uma produção convencional pode migrar para um sistema de produção orgânica e que, para isso, existe uma série de critérios a serem seguidos! pg. 101Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Agroecologia em foco O que é preciso fazer para que o agricultor mudedo sistema de produção convencional para um sistema de produção orgânico? Vamos falar sobre isso?! Para realizar essa migração de sistema de produção, o agricultor precisa atender a uma série de requisitos da lei brasileira e passar por um período de conversão. Esse período nada mais é que um tempo para que as propriedades, ou partes delas, adequem suas instalações e práticas para a produção orgânica. E assim, um produto daquela produção poderá ser considerado um produto orgânico. Esse tempo, além de permitir que o produtor adeque suas práticas e instalações, garante que não haja resíduos de defensivos agrícolas e químicos no próprio sistema produtivo e, também, em seus respectivos produtos. Para culturas anuais, são exigidos doze meses; já para culturas perenes, que são aquelas de ciclos longos, a exigência mínima é de dezoito meses. No caso da produção animal, o tempo de conversão dependerá da espécie animal a ser criada e do seu objetivo, ou seja, se para produção de carne, leite ou ovos. Para compreender melhor como é esse processo, continue com a leitura. O texto a seguir está disponível no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), em formato de vídeo. Acesse e confira! Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado. pg. 102Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Mas ainda pode ser exigido um período maior em função de determinação da certificadora. Enquanto isso, nesse período de conversão, os alimentos produzidos poderão ser comercializados pelas famílias, mas não receberão a certificação de produtos orgânicos. Mas será que é preciso certificar toda a atividade agrícola da unidade de produção? E a resposta é não! Existe a possibilidade de realizar a conversão parcial da unidade de produção. Dessa forma, os agricultores podem certificar apenas uma atividade agrícola de início, enquanto planejam a conversão total da área. É o caso dos agricultores que possuem a horta orgânica, mas ainda mantêm a criação de suínos e aves de forma convencional. Para esses casos, a certificadora analisa as condições de produção podendo autorizar ou não a conversão parcial. Caso autorize, o produtor deverá seguir uma série de regras, como a divisão da propriedade, acesso e o uso e localização dos cursos de água disponíveis. Sendo assim, o produtor precisa garantir que a horta esteja cercada e distante das instalações animais, e que as ferramentas e insumos utilizados na produção orgânica sejam mantidos e utilizados em separado, evitando contaminações. É importante lembrar que, nessas condições, o esterco das aves e dos suínos não pode ser utilizado como matéria orgânica nas hortas, pois estas devem ser produzidas em conformidade com as normas da produção orgânica. Além disso, é determinado pela certificadora que o produtor registre todas as atividades e insumos usados na produção convencional, pois, mesmo nessa área, algumas regras devem ser seguidas, como a eliminação das cultivares transgênicas. pg. 103Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Até o momento você refletiu sobre como funciona a certificação dos produtos orgânicos e sobre a possibilidade de que uma produção convencional migre para uma produção orgânica. Mas como funciona a obtenção do selo? Existe mais de uma possibilidade de se ter uma certificação de produto orgânico? Siga para o próximo tópico para entender melhor esses pontos. Veja abaixo como compreender o que fazer para obter uma certificação por auditoria: A certificação por auditoria de produtos orgânicos A certificação por auditoria é o método mais utilizado para certificação de produtos orgânicos no mundo. Essa credibilidade é explicada pela garantia de que uma instituição externa realiza o acompanhamento de cada momento da produção, verificando se todas as práticas e todos os insumos estão de acordo com a legislação do país. Todo esse acompanhamento é realizado por relatórios de especialistas que acompanham a unidade de produção. A certificação deve seguir a legislação brasileira e, em alguns casos, também as leis internacionais, especialmente naqueles agrossistemas que desejam comercializar a sua produção para o mercado externo. pg. 104Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Fotos: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar Primeiramente, o produtor pre- cisa buscar uma certificadora de produtos orgânicos, que pode ser pública ou privada. Ela de- verá ter um Organismo de Ava- liação de Conformidade (OAC) cadastrado no MAPA. A certificadora, por meio de seus técnicos, frequentemente vai realizar inspeções na pro- dução, nos insumos e técnicas utilizadas, por meio de visitas e, em alguns casos, poderá indi- car consultores para realizar a assistência técnica. Ela também acompanhará e orientará o pro- dutor para a comercialização e o registro dos produtos. pg. 105Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Caso os produtos sejam proces- sados, a certificadora também fará a inspeção nas unidades de processamento e haverá um acompanhamento da certificado- ra também na comercialização. No caso de entrepostos, ela veri- ficará se a embalagem, a identifi- cação dos produtos e a qualidade estão de acordo com as regras da instituição. As visitas poderão ser progra- madas ou aleatórias. Por isso, os produtores são orientados a sempre manter os registros atualizados e as instalações disponíveis para vistoria, justa- mente para que o técnico avalie as reais condições da produção e identifique as possíveis irregu- laridades. Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar pg. 106Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Após o período de conversão, quando as vistorias e checagens forem concluídas e a produção estiver apta para ser certificada, os produtos orgânicos receberão o selo do SisOrg e também o da certificadora, que em geral possui uma marca que a identifica. Esse tipo de certificação pode representar altos custos para os produtores que, em geral, inserem tais custos nos preços de venda, tornando os produtos mais caros para os consumidores. Esse tipo de certificação é o mais utilizado em grandes áreas ou para aqueles produtos cujo mercado consumidor está disposto a pagar pela credibilidade, como os mercados internacionais e os grandes centros urbanos. Você sabia? A certificação por auditoria é apontada como a mais segura no Brasil e no mundo. pg. 107Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos A certificação participativa de produtos orgânicos A certificação do produto orgânico é muito importante para trazer credibilidade e segurança ao consumidor. Mas atender aos requisitos que vimos até agora pode ser algo muito burocrático ou complexo para alguns produtores. Por essa razão, foram pensadas outras possibilidades de certificação. É o caso da certificação pelo sistema participativo. Em geral, a produção não atende as exigências rigorosas da legislação internacional de orgânicos e, por isso, a certificação por auditoria é a mais indicada para a exportação. A seguir, acompanhe a conversa de Roberta e Douglas sobre esse tema. Vamos analisá-la? Vale destacar que este conteúdo está disponível no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), em formato de áudio. Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a página do portal EAD do Senar, clique no ícone acima. pg. 108Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Roberta: Olá, Douglas! Você já ouviu falar nas certificações para a produção orgânica, não é? Douglas: Oi, Roberta! Já ouvi falar sim, mas só da certificação por auditoria. Existe alguma outra? Roberta: Sim, Douglas. Existe a certificação participativa, ou Sistema Participativo de Garantia, SPG. Ela segue os mesmos passos da certificação auditada, mas ao invés dos técnicos da empresa realizarem a fiscalização, são osprodutores reunidos em grupos que fiscalizam uns aos outros. Esses grupos são compostos por produtores, técnicos e pesquisadores que se responsabilizam pela autenticidade da produção. Douglas: Nossa, Roberta! Que legal isso. Me explica um pouco mais sobre como acontecem as ações nesse modelo de certifica- ção, por gentileza? Roberta: Claro! Vamos lá! Nesse sistema, a instituição certifica- dora deve ter, assim como na auditada, um organismo de regula- mentação e fiscalização que, nesse caso, é um Organismo Parti- cipativo de Avaliação da Conformidade, o Opac. O Opac também deve estar legalmente registrado no MAPA, e é ele que emitirá o selo de orgânicos. Roberta: Além disso, o Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade deverá ter uma comissão de avaliação, que irá fazer visitas periódicas, pelo menos uma vez por ano, para fiscalizar os processos produtivos, os insumos que estão sendo utilizados e todos os cuidados exigidos pela legislação. Então, é bom manter sempre tudo em ordem, como o Plano de Manejo e as notas fiscais. Quem sabe, compartilha pg. 109Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Douglas: Hum, certo! Mas o que acontece se houver alguma irre- gularidade em alguma produção? Roberta: O grupo se responsabiliza por cada um dos produtores, mas, se houver irregularidade com um deles, o grupo deve pro- curar corrigir o problema. Se o produtor não solucionar a questão, ele deve ser excluído do grupo, e o ocorrido deve ser informado no MAPA. Por isso, todos os integrantes devem ser comprometidos com a atividade, e devem vistoriar uns aos outros a fim de garantir a qualidade dos produtos. Douglas: Bem interessante esse sistema de certificação. Ele pare- ce ser mais em conta para os produtores também, não é? Roberta: Isso mesmo, Douglas! O SPG é considerado mais aces- sível para a maioria dos produtores orgânicos, porque, ao invés de uma instituição externa fiscalizar as atividades, o próprio grupo faz esse controle. Mas é bom lembrar que, nesse estilo de certificação, o produtor deverá atuar ativamente no grupo ou núcleo que esti- ver ligado, comparecendo a reuniões periódicas e a capacitações. Roberta: Então, agora é hora de pensar em como você vai preferir fazer a certificação de sua produção! Douglas: Isso, Roberta! Suas dicas vão me ajudar bastante. Muito obrigado. Neste momento, você deve estar se perguntando se os produtores possuem alguma alternativa quando querem vender seus produtos diretamente para o consumidor, mas sem a necessidade de um selo de certificação. É por essa razão que o nosso próximo assunto é sobre o controle social de produtos orgânicos. pg. 110Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos A venda dos produtos é então garantida por meio de um grupo, associação, cooperativa ou consórcio de agricultores familiares (com ou sem personalidade jurídica, ou seja, não precisa ser necessariamente uma empresa). Os produtores devem fazer parte de uma Organização de Controle Social (OCS) que esteja cadastrada em um órgão fiscalizador. Essa instituição fará o registro dos agricultores no MAPA e assim eles poderão realizar a comercialização direta dos seus produtos. O controle social de produtos orgânicos na venda direta O controle social de produtos orgânicos é a forma mais fácil de garantir que a produção orgânica atenda aos requisitos legais. pg. 111Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos O controle social para venda direta também é um processo participativo, pois os participantes do grupo da OCS fazem o controle e a fiscalização uns dos outros, devendo seguir todas as normas da legislação para a produção orgânica. Assim como o Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (Opac), a OCS também deve criar um comitê gestor e de avaliação da produção orgânica, para orientar os produtores sobre as regras e normas, bem como fiscalizar se os produtores as seguem. O sistema de controle social é direcionado para aqueles agricultores que desejam apenas realizar a venda direta dos produtos, ou seja, vender diretamente para os consumidores em feiras ou fazer as entregas em casa, por exemplo. Mas você deve estar se perguntando: qual é a diferença entre o controle social e a certificação participativa? pg. 112Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Na feira, a comercialização deve ser realizada só por membros da família do agricultor, para garantir que não haja comércio por atravessadores. PNAE Programa Nacional de Alimen- tação Escolar. CONAB Companhia Nacional de Abas- tecimento. PAA Programa de Aquisição de Alimentos. É importante destacar que a venda é permitida apenas para o consumidor final, exceto nos casos de vendas para o governo feitas pelo PNAE e pela CONAB especialmente para o PAA. Além de todos esses procedimentos que discutimos até aqui, a produção orgânica exige ainda outros cuidados, que veremos mais adiante. Os produtores deverão possuir uma declaração de cadastro, o que indica que ele está cadastrado no MAPA e que faz parte de um grupo de produtos orgânicos. Essa declaração deve ser apresentada sempre que solicitada pelo consumidor ou pela fiscalização. pg. 113Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Suas conquistas! Muito bem, você chegou ao fim da segunda fase de estudo. Siga adiante com a leitura da aula 3! Você sabia? Lembre-se de que, no AVA, você deve responder uma pergunta para conquistar sua recompensa e, assim, desbloquear a aula seguinte. O desbloqueio das aulas irá lhe garantir o selo do módulo, e somente na tela de conclusão você poderá baixar o áudio contendo o resumo no canal de podcast do Um Giro no Agro. Ele é um excelente recurso para rever todos os temas do módulo quando quiser! pg. 114Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Beneficiamento de produtos orgânicos Aula 3 Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar pg. 115Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos A produção orgânica demanda diversos detalhes para que mantenha sua credibilidade e autenticidade, mas ainda requer cuidados especiais durante o beneficiamento e a comercialização. Sendo assim, nesta aula você vai conhecer as diversas formas de beneficiamento que se adequam aos produtos orgânicos, para escolha e adaptação à produção. Vamos em frente! Beneficiamento de produtos orgânicos O beneficiamento dos produtos orgânicos vem sendo cada vez mais exigido pelos consumidores desses produtos. Todo o processo, desde embalar e armazenar os produtos logo após a colheita até a entrega ao consumidor final, abrange características específicas para os produtos orgânicos. O processamento está muito associado com o beneficiamento, já que os produtos processados exigem um beneficiamento específico. Para que seja possível compreender melhor esse tema, veja as considerações a seguir que estão no AVA em formato de vídeo! Acesse e confira! Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a página do portal EAD do Senar, clique no ícone acima. pg. 116Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Ao pensarmos no beneficiamento dos produtos orgânicos, temos que dividi-los em dois tipos de produtos: in natura e processados. Vamos entender cada um deles?! No Brasil, grande parte dos produtos orgânicos são in natura. Desde hortaliças, frutas, e cereais, até carnes e ovos. A maioria das frutas e verduras é beneficiada na propriedade rural, em um espaço reservado para essa atividade. Esses alimentos são colhidos e levados para a lavagem. Raízes e caules subterrâneos são higienizados, eliminando a sujeira e folhas não comestíveis que possam estar entre elas. Após a limpeza e a seleção dos produtos, eles são separados em embalagens unitárias, como as verduras maiores – repolho, couve-flor, etc. Enquanto as pequenas, como tomate cereja, morangos, mirtilos, entreoutros, são separados em bandejas ou pequenas caixas leves. Já os frutos maiores são colocados em caixas, geralmente com suporte para a sua separação, como no caso de frutas com casca mais delicada, como o mamão, por exemplo. Esses detalhes são importantes, pois cada vez mais os consumidores preferem embalagens que possam ser recicladas e que tenham origens naturais, ou que tenham sido produzidas com materiais reciclados, como folhas verdes ou papel reciclado. Além disso, as embalagens ajudam a preservar a qualidade Agroecologia em foco pg. 117Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos dos produtos e, também, o seu manuseio e transporte. Alguns produtos frescos precisam ser mantidos em câmaras frias para redução da temperatura e melhor conservação, prolongando sua durabilidade no período que ficarão expostos na prateleira. No caso de processamento, os produtos devem ser limpos, classificados, ensacados e enviados para a indústria. E ainda devem ser realizados todos os procedimentos de embalagem e identificação exigidos pela certificadora. Produtos que podem estragar com facilidade, como morangos, uvas ou goiabas, podem ser enviadas para o processamento para a produção de geleias, polpas e sucos, seguindo a devida identificação da procedência, data, quantidade e tipo de cultivo para facilitar o trabalho da indústria. Em geral, todas as embalagens devem ser identificadas e receberem a marca da instituição, da certificadora e o selo de orgânicos. No caso de vendas diretas, essa identificação pode ser feita por meio de placas e outros materiais informativos no local de venda. Contudo, caso seu destino seja os supermercados ou atacadistas, por exemplo, essa identificação individual é obrigatória. pg. 118Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Para compreender a questão do beneficiamento é importante refletir sobre como é realizado o processamento de produtos orgânicos. Portanto, avance e continue estudando. Processamento de produtos orgânicos O processamento é realizado em diversos produtos orgânicos. Cada produto recebe um tratamento específico e o mercado consumidor está cada vez mais exigente. Alguns tipos de alimentos, como o café e o chocolate, tradicionalmente exigem processamento para serem consumidos. É necessário retirar a polpa dos frutos, separar os grãos e realizar os demais procedimentos para a produção do café moído e do chocolate. pg. 119Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Para o processamento dos alimentos é necessário incluir aditivos e coadjuvantes nos produtos vegetais e animais. Esse processo aumenta o tempo de prateleira e garante a qualidade durante o período de oferta dos produtos orgânicos. O processamento de orgânicos, embora realizado por muitos agricultores de forma artesanal, está ganhando espaço nas grandes indústrias, que os preparam para atender a demanda nacional e a internacional, com padrões bem rigorosos e transparência em todo o processamento. Há um crescimento expressivo do consumo desses alimentos e de outros, como biscoitos e pães, o que acaba impulsionando a indústria a ofertá-los. Hoje, por exemplo, é possível encontrar uma diversidade de produtos orgânicos que antigamente só eram ofertados como produtos convencionais, como misturas para bolos, salgadinhos etc. O que diz a lei? DA Instrução Normativa Conjunta do MAPA e do Ministério da Saúde nº 18/2009, atualizada pela Instrução Normativa nº 24/2011, também desses ministérios, regula os aditivos e ingredientes que são possíveis e aceitos para serem adicionados, além do percentual de aceitação de cada elemento. pg. 120Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Por essa razão, não é todo produto que pode receber a identificação de orgânico. Existem alguns detalhes que devem ser observados, dependendo da quantidade de ingredientes orgânicos utilizados naquele alimento. Compreenda melhor esse assunto a seguir: Produtos com 95% ou mais de ingredientes orgânicos. O que deve conter no rótulo: a identificação dos ingredientes não orgânicos. Como pode ser chamado: “orgânico” ou “produto orgânico”. Produtos com 70% a 95% de ingredientes orgânicos. O que deve conter no rótulo: a identificação dos ingredientes orgânicos. Como pode ser chamado: produto com ingredientes orgânicos. Produtos que apresentem menos que 70% de ingredientes orgânicos. Não poderão receber a indicação de orgânicos, nem ter nenhuma referência a esses produtos.orgânicos. pg. 121Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Existem diversos aditivos alimentares e coadjuvantes que são permitidos pela legislação brasileira. Veja alguns exemplos a seguir: Os produtos que são destinados à exportação, em geral, recebem algum tipo de processamento, como o café, o açaí, o chocolate, os sucos e as polpas de frutas. Nesse caso, a indústria precisa se adequar às normas internacionais referentes ao tema. Agar Própolis Cera de abelha Cloreto de magnésio Gelatina Goma guar Lecitinas Pectinas Você sabia? A água e o sal utilizados no preparo dos alimentos não entram no cálculo do percentual de ingredientes inorgânicos. pg. 122Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Suas conquistas! Excelente! Mais uma conquista de estudos alcançada! Assim, você está bem próximo de concluir o módulo. Já pode seguir adiante com a leitura da última aula! Você sabia? Lembre-se de que, no AVA, você deve responder uma pergunta para conquistar sua recompensa e, assim, desbloquear a aula seguinte. O desbloqueio das aulas irá lhe garantir o selo do módulo, e somente na tela de conclusão você poderá baixar o áudio contendo o resumo no canal de podcast do Um Giro no Agro. Ele é um excelente recurso para rever todos os temas do módulo quando quiser! pg. 123Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Comercialização de produtos orgânicos Aula 4 Wenderson Araujo/Trilux Fotografias. Sistema CNA/Senar pg. 124Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Uma etapa importante e que deve estar presente no planejamento dos produtores orgânicos é a comercialização. Por isso, nesta aula, você vai estudar o perfil dos consumidores, como realizar a precificação e identificar as possibilidades dos canais de comercialização dos produtos orgânicos. Siga em frente! O público consumidor de produtos orgânicos O consumo de produtos orgânicos cresce a cada dia, o que tem impulsionado toda a cadeia produtiva. Os consumidores têm um grande poder e determinam quais produtos orgânicos devem ser produzidos e em qual quantidade, segundo aponta a pesquisa conduzida por pesquisadores do IPEA (LIMA, 2020). Mas quem seriam esses consumidores de produtos orgânicos? Será que é possível identificar as oportunidades de mercado? Reflita sobre isso lendo o texto a seguir; ele também está disponível no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), em formato de vídeo. Vale muito a pena conferir por lá! Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a página do portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado. IPEA Instituto de Pesquisa Econômi- ca Aplicada. pg. 125Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Você já se perguntou quem são as pessoas que consomem os produtos orgânicos? Vamos refletir sobre isso?! Responder a essa pergunta é muito difícil. Muitas pesquisas foram e são conduzidas para entender quem são esses consumidores de orgânicos, e como eles se comportam. Mas caracterizar quem são eles é uma tarefa complexa, pois cada região do país apresenta uma cultura, uma gastronomia e hábitos próprios. Embora bastante diversificados, esses consumidores possuem algumas características em comum. Em geral, são pessoas que buscam a promoção da saúde com hábitos alimentares e de vida. E, como a maioria dos produtos orgânicos comercializadosno país é in natura, como vegetais, legumes e frutas, consequentemente, esses produtos são também os mais comuns na mesa desses consumidores. Alguns consumidores buscam os produtos orgânicos por adquirirem consciência ambiental, preferindo hábitos de consumo que impactem o mínimo possível o meio ambiente. Em linhas gerais, é perceptível que as mulheres tendem a ter uma maior preocupação com os alimentos que consomem do que os homens. Isso porque são as mulheres que compram os alimentos e Agroecologia em foco pg. 126Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos planejam as refeições das famílias na grande maioria dos lares brasileiros; por isso, elas são a maioria dos consumidores de produtos orgânicos. Em geral, esses consumidores possuem um nível de escolaridade maior do que a média da população brasileira. Em relação à distribuição espacial, é possível observar que a região sul do país se destaca no consumo de produtos orgânicos, mas as outras regiões também possuem forte mercado e crescimento da demanda. As feiras livres são os locais preferidos para a aquisição de alimentos orgânicos, pois os consumidores podem conhecer os produtores e conseguir preços mais acessíveis do que em grandes supermercados. Algumas dessas pessoas só passam a consumir os produtos orgânicos após passarem por alguma situação peculiar. É o caso de mulheres que buscam alimentos mais saudáveis em período de gravidez ou no período após o parto. E acontece também com pessoas que passaram pela Covid-19 e buscaram consumir mais alimentos orgânicos, entre outros cuidados com a saúde. Muitos que relatam não consumir produtos orgânicos apontam, como um dos motivos, os preços mais altos desses produtos em relação aos convencionais, a dificuldade de encontrá-los e até mesmo a falta de costume em consumi-los. pg. 127Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Como fazer a precificação de produtos orgânicos Atribuir preço a um produto é uma tarefa desafiadora para os produtores em geral e não é diferente para os de orgânicos. Geralmente, eles costumam avaliar os custos reais da produção para determinar um preço condizente com o que utilizaram dos recursos de produção. Também é preciso avaliar os valores praticados pelo mercado por outros produtores orgânicos, que variam conforme a oferta e a qualidade do produto e a demanda dos consumidores. Com base nesses fatores, é possível estabelecer um preço para o produto orgânico que seja justo, condizente com o mercado e competitivo. Sendo assim, os produtores devem considerar os custos de produção, pois eles são os principais fatores para determinar os preços de venda, levando em conta: Insumos Os insumos utilizados nos sistemas orgânicos muitas vezes têm um preço maior que os usados nos sistemas convencionais, o que pode tornar o produto agrícola mais caro para o consumidor. pg. 128Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Depois de considerar esses elementos, todos esses custos são somados e divididos pela quantidade de produtos disponíveis. Em seguida, é necessário observar os preços de mercado, ou seja, aqueles praticados pelos vizinhos e outros produtores, e fazer os ajustes para que o produto fique competitivo. Os custos com a mão de obra utilizada na produção que, em sua maioria, é especializada, impacta negativamente no custo total da produção. Devem ser considerados os custos da certificação, das embalagens e do processamento (quando necessário), pois para a venda em alguns canais de comercialização, como supermercados e exportação, essas etapas são fundamentais. Somados a tudo isso, ainda há que se considerar os custos indiretos, como os serviços ecossistêmicos, provenientes do cuidado extra com os recursos hídricos, o manejo de solo, a promoção da biodiversidade, entre outros. Mão de obra Certificação, embalagens e processamento Custos indiretos pg. 129Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos É necessário também buscar variedades cuja colheita ocorra em períodos escalonados. Por exemplo, há diversas cultivares de pêssego, como chimarrita, chiripa, chula, eldorado e granada, que apresentam diferentes períodos de colheita, possibilitando ao produtor comercializar pêssegos durante várias semanas. Foto: Wenderson Araujo/Trilux Fotografias. Sistema CNA/Senar Em geral, quando há maior produção de um determinado produto, os preços tendem a cair e vice-e-versa. Por isso, é necessário que os produtores realize m um bom planejamento para manter a regularidade das colheitas, como no caso das hortaliças e das culturas perenes, como as frutas, por exemplo. Acompanhe a conversa entre Roberta e Douglas em relação aos preços e à diferença deles para os produtos orgânicos. Vale destacar que este conteúdo está disponível no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), em formato de áudio. Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a página do portal EAD do Senar, clique no ícone acima. pg. 130Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Douglas: Roberta, eu estava pesquisando sobre a precificação dos produtos orgânicos e me deparei com reclamações dos consumidores com relação aos preços. Você pode me falar mais sobre isso? Roberta: Claro, Douglas! Realmente, uma das maiores reclamações da população brasileira com relação à produção orgânica se refere aos preços de mercado, que são considerados elevados. Em média, os preços dos produtos orgânicos são 25% a 30% maiores que os produzidos em sistemas convencionais. Douglas: Mas esse aumento do preço é justificável, né, Roberta? Roberta: Sim, é justificado pelas exigências para a produção e certificação, além da dificuldade na aquisição de insumos apropriados. Inclusive, você pode ter essa referência para precificar os produtos, embora seja sempre bom analisar os custos de produção e os preços do mercado. Roberta: Muitos técnicos e pesquisadores dizem que é importante falar no valor do produto orgânico, e não no preço. Douglas: Essa parece uma discussão que deve ser feita também com os consumidores, não é? Roberta: Isso, Douglas! Principalmente nas feiras, onde o contato do produtor com o consumidor é mais próximo. Quem sabe, compartilha pg. 131Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Roberta: Na precificação, é importante também reconhecer que, na produção orgânica, os animais produzidos vivem mais tempo e recebem cuidados especiais que nem sempre são observados na produção convencional. Douglas: Você está coberta de razão, Roberta! Um exemplo disso são os frangos, que, em granjas convencionais, estão sendo abatidos com 40 dias, o que na produção orgânica pode levar meses. Todos os custos referentes à manutenção dos animais e da sua qualidade de vida estão inclusos nos preços dos produtos. Muito bem lembrado! Douglas: E existe alguma alternativa para a redução dos custos da produção orgânica? Roberta: Existe sim, Douglas! Para a redução dos custos, os produtores podem optar pela comercialização direta, o que elimina atravessadores. Além disso, podem utilizar menos ou até mesmo nenhuma embalagem, o que torna os alimentos mais atrativos economicamente para a população. Roberta: Os agricultores também podem se reunir com outros produtores para a compra de insumos, com o objetivo de diminuir os custos de frete e entrega. Essas alternativas para reduzir os custos de produção e, consequentemente, os preços, constituem um atrativo para a comercialização. Douglas: Muito obrigada, Roberta! Agora estou bem informado sobre os preços. Opa! Sobre os valores dos produtos orgânicos! Roberta: Isso aí, Douglas! Sempre que precisar, pode contar comigo. pg. 132Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Os canais tradicionais e os alternativos para a comercialização de produtos orgânicos Chegamos à comercialização dos produtos orgânicos, que é a etapafinal da cadeia de produção. Como existe uma série de opções para realizar a comercialização dos produtos orgânicos, a escolha dependerá de alguns fatores, como: • perfil dos consumidores; • tipo de produto; • quantidade disponível; • demanda; • recursos disponíveis. Neste contexto, podemos apontar algumas formas de comercialização mais comuns para os produtos orgânicos, que são basicamente: a venda direta ao consumidor final e a entrega para os supermercados. Conheça algumas alternativas de venda direta: Foto: Wenderson Araujo/Trilux. Sistema CNA/Senar pg. 133Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos A comercialização direta pode ser em feiras, festas e eventos. As feiras estão presentes na maioria dos municípios brasilei- ros e fazem parte da cultura do nosso país, especialmente para a compra de alimentos frescos e in natura. Na venda direta, existem tam- bém as formas de comercia- lização alternativa, entre elas a entrega direta na casa dos consumidores: as chamadas cestas de produtos orgânicos. Fotos: Wenderson Araujo. Sistema CNA/Senar pg. 134Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos É interessante que os canais alternativos utilizam cada vez mais as ferramentas digitais para a sua organização. Muitos são os aplicativos de computador, grupos e perfis em redes sociais que facilitam toda a logística das encomendas e entregas de produtos orgânicos. Geralmente a venda é feita diretamente do produtor para os consumidores, evitando um intermediário, o que diminuiria os custos. Mas em alguns casos, os produtores preferem entregar seus produtos a um intermediário, pessoa física, ou a uma organização ou associação que organizam as entregas. Você sabia? Um exemplo, é a experiência da Cooperativa GiraSol, localizada em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, que compra produtos orgânicos da região e organiza a entrega de cestas, conforme demanda e necessidade de cada consumidor. Essa entrega acontece regularmente e possibilita que os consumidores tenham acesso a um produto fresco e de preço justo e que os produtores consigam escoar sua produção. Toda a logística é facilitada pelas redes sociais da cooperativa. pg. 135Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos As formas de comercialização nos supermercados, que concentram a maior parte das vendas de alimentos no varejo, também é uma estratégia para a venda dos produtos orgânicos. Em geral, os supermercados disponibilizam os produtos orgânicos em locais específicos e diferenciados. Esse agrupamento dos orgânicos em prateleiras e áreas específicas dentro dos estabelecimentos é uma estratégia para que as grandes redes de supermercados se destaquem e se coloquem como referência para o público. pg. 136Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Ainda assim, há uma grande diversidade de comercialização, então, conheça outras possibilidades: INTERMEDIÁRIOS VAREJISTAS Alguns produtos podem ser comercializados para intermediários varejistas, que os disponibilizam em lojas especializadas de produtos orgânicos e naturais. RESTAURANTES ESPECIALIZADOS Há também um mercado crescente de restaurantes que ofertam alimentos frescos orgânicos. pg. 137Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos A alta procura por esses produtos colaborou com o surgimento de marcas que são exclusivamente orgânicas e naturais, oferecendo xampus, loções, perfumaria e toda linha de maquiagem inclusive para o mercado internacional. ÓRGÃOS INSTITUCIONAIS Muitos produtores orgânicos optam por vender seus produtos para os mercados institucionais, através dos programas PNAE e PAA, como hospitais públicos, escolas, quarteis e presídios, cujas vendas são mediadas pelas associações e cooperativas locais. Outro mercado que está se abrindo para a produção orgânica é o de cosméticos. Com a crescente preocupação das pessoas em cuidar da saúde e estabelecer uma convivência ética com os recursos naturais, muitas marcas vêm optando por inserir produtos orgânicos e da sociobiodiversidade na composição dos seus produtos. pg. 138Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Suas conquistas! Você conquistou a quarta fase de estudo, e está pronto para concluir o módulo! Você sabia? Lembre-se de que, no AVA, você deve responder uma pergunta para conquistar sua recompensa e, assim, desbloquear a aula seguinte. O desbloqueio das aulas irá lhe garantir o selo do módulo, e somente na tela de conclusão você poderá baixar o áudio contendo o resumo no canal de podcast do Um Giro no Agro. Ele é um excelente recurso para rever todos os temas do módulo quando quiser! pg. 139Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Conclusão Módulo 2 pg. 140Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Chegamos ao fim do segundo módulo do nosso curso! Nele apresentamos as recomendações e marcos legais da produção orgânica e os tipos de certificação que existem no Brasil. Além disso, destacamos alguns elementos essenciais da produção orgânica, como: • rastreabilidade da cadeia produtiva; • registro dos produtos; • beneficiamento; • processamento dos produtos orgânicos. Vimos que é essencial que os produtores conheçam o mercado consumidor além das porteiras da propriedade, para assim identificarem as suas demandas. É preciso estabelecer preços de venda bons e atrativos e buscar os diversos canais de comercialização que hoje podem ofertar os produtos orgânicos no Brasil e também no mercado internacional. pg. 141Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Quanto assunto foi visto até aqui, não é mesmo? E lembre-se de que, na tela de conclusão do AVA, você poderá baixar o áudio contendo o resumo no canal de podcast do Um Giro no Agro, cujo tema é: Produção e comercialização de produtos orgânicos! Acesse e garanta a sua recompensa, afinal, você teve uma ótima dedicação até aqui! Siga com a leitura e analise as questões da Atividade de Aprendizagem do módulo 2. Preparado? Boa leitura! pg. 142Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Atividade de aprendizagem Módulo 2 pg. 143Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos No Brasil, algumas leis regulamentam os produtos orgânicos. A Lei número 10.831, de 2003, foi a primeira a ser aprovada, mas existem decretos e Instruções Normativas que regem toda a certificação de orgânicos. A rastreabilidade é obrigatória e para os vegetais frescos é regulamentada pela Instrução Normativa Conjunta da ANVISA e MAPA número 2, de 7 de fevereiro de 2018. Para identificar o produto agrícola, foi criado o selo de orgânicos. Retrospectiva da produção orgânica Uau! Observe a quantidade de conteúdo que estudamos! Antes de seguir para a atividade de aprendizagem deste módulo é interessante fazer uma revisão e relembrar os principais pontos que estudamos. Então, leia a síntese a seguir e refresque sua memória: A revisão a seguir está disponível no AVA em formato de vídeo. E atenção! O encerramento do curso e a liberação da pesquisa de satisfação só ocorrerão após a conclusão da atividade dentro do AVA. As respostas devem ser enviadas obrigatoriamente por lá. Dessa forma, você terá um feedback confirmando se você respondeu corretamente ou se deverá tentar novamente. Depois da segunda tentativa, a resposta correta será apresentada. Se você estiver conectado à internet e quiser ir direto para a página do Portal EAD do Senar, clique no ícone ao lado. pg. 144Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos O produtor que deseja mudar de sistema precisa atender a lei e passar por um período chamado de conversão. Período de conversão é um tempo para que as propriedades adequem suas instalações e práticas para a produção orgânica. Os agricultores podem certificar apenas uma atividade agrícola no início, enquanto planejam a conversão total desua produção. Quem deseja obter uma certificação por auditoria deve buscar uma certificadora que tem um Organismo de Avaliação de Conformidade, ou OAC, cadastrado no MAPA. Quando a produção estiver apta para ser certificada, os produtos receberão o selo do SisOrg e também da certificadora. Na certificação participativa, ao invés dos técnicos da empresa certificadora, os produtores reunidos em grupos é quem fiscalizam uns aos outros. Nesse sistema, a instituição certificadora possui um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade, ou Opac, registrado no MAPA, e é ele que emitirá o selo de orgânicos. O controle social de produtos orgânicos, também considerado um processo participativo, é a forma mais fácil de garantir os requisitos legais. Os produtores devem fazer parte de uma Organização de Controle Social, ou OCS, e deverão possuir uma Declaração de cadastro, indicando que estão cadastrados no MAPA. Esse sistema é para aqueles agricultores que querem vender direto para os consumidores em feiras ou entrega em casa, por exemplo. No Brasil, grande parte dos produtos orgânicos é in natura. pg. 145Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Muito bem! Agora que você já revisou os conteúdos estudados, é hora de analisar se você está pronto para praticar. Os alimentos, depois de colhidos, são lavados, selecionados e embalados; no caso de verduras maiores, são embaladas uma a uma, como acontece com os brócolis. Os alimentos menores são separados em bandejas ou pequenas caixas. Os produtos que serão processados devem ser limpos, classificados, ensacados e enviados para a indústria. Todas as embalagens devem ser identificadas e receberem a marca da instituição, da certificadora e o selo de orgânicos. A Instrução Normativa do MAPA junto do Ministério da Saúde número 18 de 2009, atualizada pela Instrução Normativa número 24 de 2011, também desses ministérios, regula quais aditivos e ingredientes e seus percentuais que podem ser adicionados. É essencial para os produtores conhecer o mercado consumidor para, assim, identificar as suas demandas. pg. 146Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Trouxemos as questões aqui, pois assim você poderá ler os enunciados com calma e atenção e, caso precise, antes de ir ao AVA, poderá rever os pontos que serão analisados. 1. Vimos ao longo do curso que a produção orgânica no Brasil é regida por uma série de regras e normas legais. A principal delas é a Lei nº 10.831/2003, que regulamenta a produção, o beneficiamento e o comércio de produtos orgânicos. Conforme o que estudamos no curso e as diretrizes dessa lei, indique a alternativa correta: a. Considera-se produto orgânico, in natura ou processado, aquele que é obtido em um sistema orgânico de produção agropecuária. Estão fora dessa classificação aqueles produtos oriundos de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local, pois esses são identificados como produtos da sociobiodiversidade. b. A agricultura orgânica contempla a produção de alimentos e outros produtos que não fazem uso de defensivos agrícolas, transgênicos ou produtos químicos sintéticos. c. A Lei nº 10.831/2003 regulamenta os produtos oriundos da agricultura orgânica. Portanto, não estão inseridos nessa regulamentação os produtos oriundos das agriculturas biodinâmica, natural, permacultura, entre outras, embora elas sejam consideradas sustentáveis. d. A Lei nº 10.831/2003 regulamenta a produção orgânica no Brasil e, por ser seguida internacionalmente, os produtos orgânicos podem ser exportados para todos os países do mundo. pg. 147Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos 2. A certificadora pediu ao senhor Douglas que ele registre em um caderno de campo todos os insumos que utilizou na produção agrícola vegetal e animal. Isso porque ela precisa saber quais foram os insumos utilizados e a procedência de cada um deles, para garantir segurança a quem compra e a quem vende os produtos orgânicos. Esse processo é chamado de: a. Rastreabilidade b. Beneficiamento c. Agroecologia d. Selo orgânico 3. A certificação orgânica é uma prática recomendada e traz inúmeros benefícios para os produtores. Douglas ouviu muitas coisas sobre esse tipo de produção: que há muitos tipos de processos e de entidades que os realizam e que existem também muitos mitos e informações falsas sobre a certificação orgânica. Leia as afirmações a seguir e aponte a alternativa que contém uma informação correta: a. O Plano de Manejo da produção orgânica é o instrumento de fiscalização produzido pelas certificadoras e entregue aos produtores regularmente. b. A certificação por auditoria é realizada por uma certificadora, que pode ser pública ou privada, credenciada no MAPA. c. Para certificar agricultores familiares é possível contratar uma empresa de controle social na venda direta e esses produtores ficarão livres de fiscalização da produção orgânica. d. A certificação pelo sistema participativo de garantia é realizada pelos próprios produtores, que não precisam estar cadastrados no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, pois estes são exclusivos das certificações por auditoria. pg. 148Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos 4. Muitos produtos orgânicos podem ser processados e, em alguns casos, esses produtos processados também recebem a denominação de produtos orgânicos. Entretanto, há algumas exigências da legislação para essa etapa da produção. Você pode indicar qual é a alternativa correta em relação ao tema? a. Produtos com mais de 70% de produtos orgânicos na sua composição podem ser identificados como “produtos orgânicos”. b. Assim como na fase de produção orgânica, nenhum produto pode ser utilizado como aditivo ou coadjuvantes no processamento dos produtos orgânicos. c. Produtos com 70% a 95% de ingredientes orgânicos devem ter esses ingredientes orgânicos identificados na embalagem na qual deverá constar: “produto com ingredientes orgânicos”. d. A maior parte do processamento dos produtos orgânicos é realizada pelos produtores e, por isso, a legislação dos orgânicos determina o que pode ou não ser utilizado nesses processos. pg. 149Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos 5. Douglas é um produtor muito experiente, pois durante toda a sua vida produziu alimentos e de forma orgânica. Hoje, participando da associação dos produtores orgânicos do seu município, ele tem a certificação da produção e está muito satisfeito. Entretanto, ainda encontra muitos empecilhos com a comercialização, pois há muitas informações desencontradas e até falsas. Entre as alternativas abaixo, qual é a correta em relação à comercialização? a. Para se ter sucesso na comercialização é preciso aumentar os preços dos produtos orgânicos, para que os consumidores tenham a garantia de qualidade. b. Os homens são os que mais consomem produtos orgânicos e, entre as regiões do Brasil, o maior consumo está entre os nortistas. c. Os supermercados são os locais onde há maior comércio de produtos orgânicos no Brasil, já que a maior parte dos alimentos é adquirida nesses espaços. d. Atualmente há uma série de canais alternativos de comercialização da produção orgânica, como as entregas em casa e a organização de cestas, que são mediados por aplicativos e redes sociais. É isso aí! Você finalizou a leitura do módulo 2! Siga em frente para o encerramento. pg. 150Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Encerramento pg. 151Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Uau! Excelente! Parabéns por chegar ao fim do curso Introdução à agroecologia e à produção orgânica. Foram dois módulos de muito estudo que vão colaborar para que você fique por dentro deste tema. O objetivo deste curso foi oferecer algumas ferramentas para que você compreendesse um pouco a agroecologia, a produção orgânica e as normas legais sobre o tema. Os principaistópicos abordados foram: Esperamos que você tenha sido inspirado e que as informações contidas aqui tenham qualificado a sua atuação profissional. No primeiro módulo, apresentamos uma breve contextualização do que é agroecologia e os tipos de sistemas de produção que seguem essas orientações, como a permacultura, biodinâmica, sistemas agroflorestais e a orgânica. Vimos que a produção orgânica apresenta um grande potencial para o Brasil. Ademais, a transição agroecológica é uma etapa em que os agricultores passam de uma forma de produção convencional para uma agroecológica e requer alguns passos. Módulo 1: Princípios da agroecologia No segundo módulo do curso, nos dedicamos a compreender a certificação orgânica e os diversos documentos legais que regulamentam as atividades relacionadas ao setor, tanto na produção quanto no beneficiamento, processamento e comercialização. Apresentamos as possibilidades de certificação e registro dos produtos orgânicos no Brasil. Temos três sistemas de garantia de qualidade do produto orgânico: certificação por auditoria, por sistema participativo de garantia da qualidade orgânica e por controle social. Todas elas exigem que haja um rastreamento de toda a produção, para garantir segurança aos consumidores e produtores. Para finalizar, concluímos com a apresentação dos canais de comercialização presentes no Brasil, um panorama de quem são os consumidores de produtos orgânicos e como fazer a precificação desses produtos. Módulo 2: Produção e comercialização de produtos orgânicos pg. 152Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Finalização do curso Muito bem! Parabéns pela conclusão da leitura deste curso. Mas atenção! Para que seu certificado de conclusão seja disponibilizado, você deverá acessar o AVA e navegar por todas as telas, realizar as atividades de aprendizagem, e, depois de cumprir essas duas etapas, deve responder a pesquisa de satisfação. Assim que terminá-la, o acesso ao seu certificado estará liberado. pg. 153Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos Referências bibliográficas ALTIERI, Miguel. A. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 3. ed. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2001. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. Lei Federal nº 10.831, de dezembro de 2003. Dispõe sobre normas para a produção de produtos orgânicos vegetais e animais. Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 23 dez. 2003. Seção 1, p.11. BRASIL. Decreto nº 6.323, de 27 de dezembro de 2007. Regulamenta a Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6323.htm. Acesso em: 04 maio 2021. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Política Agrícola, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura. Cadeia produtiva de produtos orgânicos.2007. Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS. nsf/2C0FA283086E0B8F832573AD006534F0/$File/NT00037386.pdf. Acesso em: 04 maio 2021. BRASIL. Decreto nº 7.794, de 20 de agosto de 2012. Institui a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2011-2014/2012/decreto/d7794.htm. Acesso em: 4 maio 2021. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Gabinete da Ministra. Portaria nº 52, de 15 de março de 2021. Estabelece o regulamento técnico para os sistemas orgânicos de produção e as listas de substâncias e práticas para o uso nos sistemas orgânicos de produção. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 54, de 22 de outubro de 2008. Regulamenta e estrutura a composição e atribuições das comissões de produção orgânica. pg. 154Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 17, de 28 de maio de 2009. Aprova as normas técnicas para a obtenção de produtos orgânicos oriundos do extrativismo sustentável orgânico. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 18, de 28 de maio de 2009. Aprova o regulamento técnico para o processamento, armazenamento e transporte de produtos orgânicos. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 18, de 20 de junho de 2014. Institui o selo único oficial do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica e estabelece os requisitos para a sua utilização. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 13, de 28 de maio de 2015. Estabelece a estrutura, a composição e as atribuições da Subcomissão Temática de Produção Orgânica (STPOrg), a estrutura, a composição e as atribuições das Comissões da Produção Orgânica nas Unidades da Federação (CPOrg-UF) e as diretrizes para a elaboração dos respectivos regimentos internos. CAPORAL, Francisco R.; COSTABEBER, José A. Agroecologia e extensão rural: contribuições para a promoção do desenvolvimento rural sustentável. Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA, 2004. COSTABEBER, José Antônio; MOYANO, Eduardo. Transição agroecológica e ação social coletiva. Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável, v. 1, n. 4, p. 50-60, 2000. EHLERS, Eduardo. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma. São Paulo: Livros da Terra, 1996. GLIESSMAN, Stephen R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. 2. ed. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000. 658 p. GLIESSMAN, Stephen R. et. al. Agroecología: promoviendo una transición hacia la sostenibilidad. Ecosistemas, v. 16, n. 1, p. 13, 23 jan. 2007. LIMA, Sandra Kitakawa et al. Produção e consumo de produtos orgânicos no mundo e no Brasil. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. (Texto para Discussão), 2020. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9678/1/TD_2538.pdf Acesso em: 07 abr. 2021. pg. 155Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos PENTEADO, Silvio Roberto. Agricultura orgânica. Piracicaba: ESALQ-Divisão de Biblioteca e Documentação, 2001. 41 p. (Série Produtor Rural, Edição Especial). PRIMAVESI, Ana Maria. Agroecologia e manejo do solo. Revista Agriculturas, v. 5, n. 3, p. 7-10, 2008. SANTILLI, Juliana. Agrobiodiversidade e direitos dos agricultores. São Paulo: Peirópolis, 2009. STEINER, Rudolf, Fundamentos da agricultura biodinâmica. São Paulo: Antroposófica, 1993. pg. 156Módulo 2 – Produção e comercialização de produtos orgânicos
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