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Universidade de Brasília UNB Assistente em Administração NV-006JN-22 Cód.: 7908428801540 Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da editora Nova Concursos. Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. Dúvidas www.novaconcursos.com.br/contato sac@novaconcursos.com.br Obra UNB – Universidade de Brasília Assistente em Administração Autores LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Giselli Neves e Isabella Ramiro LEGISLAÇÃO E ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ON-LINE) • Aline Costa, Fernando Paternostro Zantedeschi e Xico Kraemer NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL • Ana Philippini, Geovana Marques e Samara Kich NOÇÕES DE INFORMÁTICA • Fernando Nishimura ATUALIDADES (ON-LINE) • Carla Kurz NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA • Ariel Zvoziak, Fernando Paternostro Zantedeschi e Ricardo Reis ORÇAMENTO PÚBLICO • Ronaldo Nagai GESTÃO DE PESSOAS • Nágila Vilela ORGANIZAÇÃO • Maríllia Cunha e Nágila Vilela NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE PATRIMÔNIO, MATERIAIS E LOGÍSTICA • Ricardo Reis MATEMÁTICA • Sérgio Mendes e Kairton Batista (Prof. Kaká) REDAÇÃO OFICIAL (ON-LINE) • Nelson Sartori Edição: Janeiro/2022 ISBN: 978-65-87525-32-7 APRESENTAÇÃO Um bom planejamento é determinante para a sua preparação de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen- sando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse livro foi organizado de acordo com o Edital Nº 1, de 24 de Janeiro de 2022 para o cargo de Assistente em Administração da UNB - Universi- dade de Brasília. O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário, facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem- pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor- dando os principais itens do último edital e reorganizando-os quando necessário, de uma maneira didática para que você realmente consiga aprender e otimizar os seus estudos. Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica – com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gabari- tados da banca Cebraspe, organizadora do certame. A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes- sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensando no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Agora é com você! Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os con- teúdos complementares disponíveis on-line para este livro em nossa plataforma: Legislação e Ética na Administração Pública e Redação Oficial disponível em pdf para download além de Atua- lidades em videoaulas. Para acessar, basta seguir as orientações na próxima página. CONTEÚDO ON-LINE Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on- line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente. CONTEÚDO COMPLEMENTAR: • Legislação e Ética na Administração Pública • Redação Oficial • Atualidades - em videoaulas COMO ACESSAR O CONTEÚDO ON-LINE Se você comprou esse livro em nosso site, o bônus já está liberado na sua área do cliente. Basta fazer login com seus dados e aproveitar. Mas, caso você não tenha comprado no nosso site, siga os passos abaixo para ter acesso ao conteúdo on-line. Acesse o endereço novaconcursos.com.br/bônus Digite o código que se encontra atrás da apostila (conforme foto ao lado) Siga os passos para realizar um breve cadastro e acessar seu conteúdo on-line sac@novaconcursos.com.br VERSO DA APOSTILA NV-003MR-20 Código Bônus DÚVIDAS E SUGESTÕES NV-003MR-20 Código Bônus SUMÁRIO LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS ................................ 9 RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS .................................................................. 11 DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL ................................................................................................ 23 DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL .................................................................... 25 EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL .............................................................................25 EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS ...................................................................................................29 DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO ...................................................... 31 EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS .......................................................................................................31 RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO....................................50 RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO ..................................50 EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO ........................................................................................................52 CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL ...........................................................................................................54 REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL ......................................................................................................................60 EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE ................................................................................................61 COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS ........................................................................................................63 REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO ...................................................................... 63 SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS ......................................................................................................................63 SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO .........................................................................65 REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO ...........................................66 REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE ......................................67 CORRESPONDÊNCIA OFICIAL, CONFORME NORMAS PARA PADRONIZAÇÃO DE DOCUMENTOS DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA ........................................................................... 68 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL ..............................................................77 CONSTITUIÇÃO FEDERAL ................................................................................................................. 77 CONCEITO .........................................................................................................................................................77 CLASSIFICAÇÕES .............................................................................................................................................77 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS..........................................................................................................................78 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ...................................................................................... 81 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................................................................................105DISPOSIÇÕES GERAIS ....................................................................................................................................105 SERVIDORES PÚBLICOS ................................................................................................................................113 NOÇÕES DE INFORMÁTICA .......................................................................................119 CONHECIMENTOS BÁSICOS DE SISTEMAS OPERACIONAIS PARA COMPUTADORES (WINDOWS E LINUX) ........................................................................................................................119 MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS ...................................................................................................119 TIPOS DE ARQUIVOS E SUAS EXTENSÕES ..................................................................................................121 PROCEDIMENTOS DE BACKUP ......................................................................................................................124 WINDOWS EXPLORER ....................................................................................................................................124 MICROSOFT WORD 2010 EM PORTUGUÊS ...................................................................................132 CONHECIMENTOS BÁSICOS: EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE TEXTOS .........................................................132 MICROSOFT EXCEL 2010 EM PORTUGUÊS ..................................................................................143 CONHECIMENTOS BÁSICOS, CRIAÇÃO DE PLANILHAS E GRÁFICOS .......................................................143 USO DE FÓRMULAS E FUNÇÕES ...................................................................................................................148 CONFIGURAR PÁGINA, IMPRESSÃO, FORMATAÇÃO ..................................................................................151 OBTENÇÃO DE DADOS EXTERNOS ...............................................................................................................154 NAVEGADORES WEB (INTERNET EXPLORER, FIREFOX E CHROME; MECANISMOS DE BUSCA AVANÇADA NO GOOGLE) ...................................................................................................156 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................................ 169 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS QUE REGEM A ADMINISTRAÇÃO FEDERAL ..............................169 ENUMERAÇÃO E DESCRIÇÃO ........................................................................................................................169 ADMINISTRAÇÃO FEDERAL............................................................................................................169 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA .........................................................................................................169 DESCRIÇÃO DE ÓRGÃOS E ENTIDADES PÚBLICOS .....................................................................................170 ESTRUTURAÇÃO E CARACTERÍSTICAS .......................................................................................................175 OS MINISTÉRIOS E RESPECTIVAS ÁREAS DE COMPETÊNCIA ..................................................177 PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO ................................................................187 ORÇAMENTO PÚBLICO ...............................................................................................195 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS ......................................................................................................195 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ................................................................................197 GESTÃO DE PESSOAS ..................................................................................................231 EQUILÍBRIO ORGANIZACIONAL .....................................................................................................231 OBJETIVOS, DESAFIOS E CARACTERÍSTICAS DA GESTÃO DE PESSOAS ................................234 GESTÃO DE DESEMPENHO .............................................................................................................235 GESTÃO DO CONHECIMENTO ........................................................................................................237 COMPORTAMENTO, CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL ......................................................237 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS ......................................................................................................246 LIDERANÇA, MOTIVAÇÃO E SATISFAÇÃO NO TRABALHO .........................................................250 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS .................................................................................252 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DE CARGOS .............................................................................................256 EDUCAÇÃO, TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO ....................................................................258 EDUCAÇÃO CORPORATIVA ...........................................................................................................................258 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ..............................................................................................................................259 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .............................................................................................260 ORGANIZAÇÃO ................................................................................................................265 CONCEITO E TIPOS DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ............................................................265 NOÇÕES DE ARQUIVAMENTO E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS ..................................268 RELAÇÕES HUMANAS, DESEMPENHO PROFISSIONAL, DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES DE TRABALHO ..................................................................................................................................288 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE PATRIMÔNIO, MATERIAIS E LOGÍSTICA .........................................................................................................................295 COMPRAS E CONTRATAÇÕES PÚBLICAS (LEGISLAÇÃO SOBRE LICITAÇÕES), COLETA DE PREÇOS, GESTÃO E CONTROLE DE ESTOQUE, DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL, INVENTÁRIO DE BENS PATRIMONIAIS .................................................................................................................295 MATEMÁTICA ...................................................................................................................317 CONJUNTOS NUMÉRICOS: NÚMEROS INTEIROS, RACIONAIS E REAIS ...................................317 SISTEMA LEGAL DE MEDIDAS ........................................................................................................320 RAZÕES E PROPORÇÕES ................................................................................................................321 DIVISÃO PROPORCIONAL ..............................................................................................................................321 REGRAS DE TRÊS SIMPLES ..........................................................................................................................324 REGRAS DE TRÊS COMPOSTA ......................................................................................................................325 PORCENTAGENS ............................................................................................................................................326 EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES DE 1º E DE 2º GRAUS ........................................................................327 SISTEMAS LINEARES ......................................................................................................................330 FUNÇÕES E GRÁFICOS ....................................................................................................................333MATEMÁTICA FINANCEIRA ............................................................................................................341 JUROS SIMPLES E COMPOSTOS ..................................................................................................................341 TAXAS DE JUROS: NOMINAL, EFETIVA, EQUIVALENTES, PROPORCIONAIS, REAL E APARENTE...........343 PRINCÍPIOS DE CONTAGEM ...........................................................................................................344 PROGRESSÕES ARITMÉTICAS E GEOMÉTRICAS ........................................................................349 GEOMETRIA PLANA ........................................................................................................................351 POLÍGONOS, PERÍMETROS E ÁREAS ............................................................................................................351 SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS ...................................................................................................................357 TRIGONOMETRIA DO TRIÂNGULO RETÂNGULO .........................................................................................357 GEOMETRIA ESPACIAL: ÁREAS E VOLUMES DE SÓLIDOS .........................................................360 NOÇÕES DE ESTATÍSTICA ..............................................................................................................363 GRÁFICOS E TABELAS ...................................................................................................................................363 MÉDIAS, MODA, MEDIANA E DESVIO PADRÃO ............................................................................................365 NOÇÕES DE PROBABILIDADE .........................................................................................................368 LÍ N G U A P O RT U G U ES A 9 LÍNGUA PORTUGUESA COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS INFERÊNCIA — ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO A inferência é uma relação de sentido conhecida desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre interpretação de texto. Dica Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do texto, nas linhas apresentadas. Porém, apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas. A primeira e mais importante delas é identificar a orientação do pensamento do autor do texto, que fica perceptível quando identificamos como o raciocínio dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir da análise de dados, informações com fontes confiáveis ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos, das consequências, a fim de se identificar as causas. Por isso, é preciso compreender como podemos interpretar um texto mediante estratégias de leitura. Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema, que é intrigante e de grande profundidade acadêmica; neste material, selecionamos as estratégias mais efica- zes que podem contribuir para sua aprovação em sele- ções que avaliam a competência leitora dos candidatos. A partir disso, apresentamos estratégias de leitura que focam nas formas de inferência sobre um texto. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre o processo de inferência, que se dá por dedução ou por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo: O marido da minha chefe parou de beber. Observe que é possível inferir várias informa- ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enunciador é casada (informação comprovada pela expressão “marido”), a segunda é que o enuncia- dor está trabalhando (informação comprovada pela expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas contextuais do próprio texto que induzem o leitor a interpretar essas informações. Tratando-se de interpretação textual, os processos de inferência, sejam por dedução ou por indução, par- tem de uma certeza prévia para a concepção de uma interpretação, construída pelas pistas oferecidas no texto junto da articulação com as informações acessa- das pelo leitor do texto. A seguir, apresentamos um fluxograma que repre- senta como ocorre a relação desses processos: INFERÊNCIA DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA A partir desse esquema, conseguimos visualizar melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora, iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estratégias que compõem cada maneira de inferir informações de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indutivo e, ainda, como articular a isso o nos- so conhecimento de mundo na interpretação de textos. A INDUÇÃO As estratégias de interpretação que observam métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no texto e que variam conforme o tipo textual. Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos identificar uma organização cronológica e espacial no desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- mos organizar as ideias do texto a partir da marcação de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma ideia/ponto de vista. No processo interpretativo indutivo, as ideias são organizadas a partir de uma especificação para uma generalização. Vejamos um exemplo: Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- te para não os amar, nem os imitar. São em geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar, cur- vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21) O trecho em destaque na citação do escritor Lima Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento indutivo compõe a interpretação e decodificação de um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- gias usadas para identificar essa forma de interpretar, deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- ção cronológica de um texto. PROCURE SINÔNIMOS A propriedade vocabular leva o cérebro a aproximar as pa- lavras que têm maior associa- ção com o tema do texto ATENÇÃO AOS CONECTIVOS Os conectivos (conjunções, preposições, pronomes) são marcadores claros de opi- niões, espaços físicos e loca- lizadores textuais 10 A DEDUÇÃO A leitura de um texto envolve a análise de diversos aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de maneira implícita no enunciado. Em questões de concurso, as bancas costumam procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos para abordar em suas provas. No momento de ler um texto, o leitor articula seus conhecimentos prévios a partir de uma informação que julga certa, buscando uma interpretação; assim, ocorre o processo de interpretação por dedução. Con- forme Kleiman (2016, p. 47): Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o tema; ele estará também postulando uma possível estru- tura textual; na predição ele estará ativando seu conhecimento prévio, e na testagem ele estará enri- quecendo, refinando, checando esse conhecimento. Fique atento a essa informação, pois é uma das primeiras estratégias de leitura para uma boa inter- pretação textual: formular hipóteses, a partir da macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini- cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual ao qual o texto pertence, a fonte da leitura,o ano, entre outras informações que podem vir como “aces- sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor- tante é ler as questões da prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme um objetivo mais definido. O processo de interpretação por estratégias de dedu- ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento: z Conhecimento Linguístico; z Conhecimento Textual; z Conhecimento de Mundo. O conhecimento de mundo, por tratar-se de um assunto mais abrangente, será abordado mais adiante. Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir. Conhecimento Linguístico Esse é o conhecimento basilar para compreensão e decodificação do texto, envolve o reconhecimento das formas linguísticas estabelecidas socialmente por uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco- nhecimento das regras de uma língua. É importante salientar que as regras de reconhe- cimento sobre o funcionamento da língua não são, necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por- tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a, que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver- bo-objeto (SVO) etc. Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento sobre como pronunciar português, passando pelo conhe- cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15). Um exemplo em que a interpretação textual é preju- dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: Fonte: https://bityli.com/OO6WHw. Acesso em: 6 dez. 2021. Como é possível notar, o texto é uma peça publici- tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores proficientes nessa língua serão capazes de decodificar e entender o que está escrito; assim, o conhecimento linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas são algumas estratégias de interpretação em que podemos usar métodos dedutivos. Conhecimento Textual Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- mento linguístico e se desenvolve pela experiência leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma reportagem como se lê um poema. Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- -se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. Conhecimento de Mundo O uso dos conhecimentos prévios é fundamental para a boa interpretação textual, por isso, é sempre importante que o candidato a cargos públicos reserve um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- tar seu conhecimento de mundo. Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso conhecimento de mundo que é relevante para a com- preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso cérebro associar informações, a fim de compreender o novo texto que está em processo de interpretação. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 11 A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- cício para atestarmos a importância da ativação do conhecimento de mundo em um processo de interpre- tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa- fiou valentemente todos os risos desdenhosos que tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam corretamente esse planeta inexplorado.” Então as três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de provas, abrindo caminho, às vezes através de imen- sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24). Agora tente responder as seguintes perguntas sobre o texto: z Quem é o herói de que trata o texto? z Quem são as três irmãs? z Qual é o planeta inexplorado? Certamente, você não conseguiu responder nenhu- ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des- se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será afetada. O texto se chama “A descoberta da América por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque responder às questões; certamente você não terá mais as mesmas dificuldades. Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré- vio que é essencial para a interpretação de questões. RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS Tipos ou sequências textuais são unidades que estru- turam o texto. Para Bronckart1, “são unidades estrutu- rais, relativamente autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais marcam uma forma de organiza- ção da estrutura do texto, que se molda a depender do gênero discursivo e da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros que apresentam a predomi- nância de narrações (contos, fábulas, romances, his- tória em quadrinhos etc.). Já em outros, predomina a argumentação (redação do Enem, teses, dissertações, artigos de opinião etc.). No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos a seguinte figura, que demonstra como podemos identi- ficar os tipos textuais e suas principais características, tendo em vista que cada sequência textual apresenta características próprias que pouco ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutura linguística quase rígida que nos permite classificar os tipos textuais em cinco categorias (Narrativo, Descritivo, Expositivo, Instrucional e Argumentativo). 1 BRONCKART, 1999 apud CAVALCANTE, 2013. FRASES TEXTOTIPO TEXTUAL GÊNERO TEXTUAL A partir dessa imagem, podemos identificar que a orientação gramatical mantida pelas frases apresenta marcas linguísticas, assinalando o tipo textual predo- minante que o texto deve manter, organizado pelas marcas do gênero textual ao qual o texto pertence. TIPO TEXTUAL Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresenta- das no texto. Também é chamado de sequência textual GÊNERO TEXTUAL Classifica-se conforme a função do texto, atribuída socialmente Uma última informação muito importante sobre tipos textuais que devemos considerar é que nenhum texto é composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a existência de predominância de algumas sequências em detrimento de outras, de acordo com o texto. A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo suas principais carac- terísticas e marcas linguísticas. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Narrativo Os textos compostos predominantemente por sequências narrativas cumprem o objetivo de contar uma história, narrar um fato. Por isso, precisam man- ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão de algumas estratégias, como a organização dos fatos a partir de marcadores temporais e espaciais, a inclusão de um momento de tensão (chamado de clímax) e um desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- vo pode ser caracterizado por sete aspectos. São eles: z Situação inicial: Envolve a “quebra” de um equilí- brio, o que demanda uma situação conflituosa; z Complicação: Desenvolvimento da tensão apre- sentada inicialmente; z Ações (para o clímax): Acontecimentos que ampliam a tensão; z Resolução: Momento de solução da tensão; z Situação final: Retorno da situação equilibrada; z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre a resolução; z Moral: Apresentação de valores morais que a his- tória possa ter apresentado. Esses sete passos podem ser encontrados no seguinte exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...” Vamos lê-la e identificar essas características, bem como aprender a identificaroutros pontos do tipo textual narrativo. 12 Era um garoto que como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones Girava o mundo sempre a cantar As coisas lindas da América Não era belo, mas mesmo assim Havia mil garotas afim Cantava Help and Ticket to Ride Oh Lady Jane e Yesterday Cantava viva à liberdade Situação inicial: predomínio de equilíbrio Mas uma carta sem esperar Da sua guitarra, o separou Fora chamado na América Stop! Com Rolling Stones Stop! Com Beatles songs Complicação: início da tensão Mandado foi ao Vietnã Lutar com vietcongs Clímax Era um garoto que como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones Girava o mundo, mas acabou Fazendo a guerra no Vietnã Resolução Cabelos longos não usa mais Não toca a sua guitarra e sim Um instrumento que sempre dá A mesma nota, ra-tá-tá-tá Não tem amigos, não vê garotas Só gente morta caindo ao chão Ao seu país não voltará Pois está morto no Vietnã [...] Situação final / Avaliação No peito, um coração não há Mas duas medalhas sim Moral Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do- hawaii/12886/. Acesso em: 31 jan. 2022. Essas sete marcas que definem o tipo textual nar- rativo podem ser resumidas em marcas de organiza- ção linguística que são caracterizadas por: z Presença de marcadores temporais e espaciais; z Verbos, predominantemente, utilizados no passado; z Presença de narrador e personagens. Importante! Os gêneros textuais que são predominantemen- te narrativos apresentam outras tipologias tex- tuais em sua composição, tendo em vista que nenhum texto é composto exclusivamente por uma sequência textual. Por isso, devemos sem- pre identificar as marcas linguísticas que são pre- dominantes em um texto, a fim de classificá-lo. Para sua compreensão, também é necessário saber o que são marcadores temporais e espaciais. São formas linguísticas como advérbios, pronomes, locu- ções etc. utilizadas para demarcar um espaço físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos, esses elementos são essenciais para marcar o equilí- brio e a tensão da história, além de garantirem a coe- são do texto. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então... Outro indicador do texto narrativo é a presença do narrador da história. Por isso, é importante apren- dermos a identificar os principais tipos de narrador de um texto: Narrador: Também conhecido como foco narrativo, é o responsável por contar os fatos que compõem o texto Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes- soa. O narrador participa dos fatos Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pes- soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém, não participa das ações Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados na 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não participa das ações, porém, o fluxo de consciência do narrador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa Alguns gêneros conhecidos por suas marcas pre- dominantemente narrativas são notícia, diário, conto, fábula, entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem essencialmente narrati- vos não significa que não possam apresentar outras sequências em sua composição. Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial atentar-se às marcas que predominam no texto. Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar- cas mais importantes da sequência textual classifica- da como descritiva. Descritivo O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili- zam esse tipo textual geralmente utilizam a sequência descritiva como suporte para um propósito maior. São exemplos de textos cujo tipo textual predominante é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio, classifi- cados, lista de compras. Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, que relata, no ano de 1500, suas impressões a respeito de alguns aspectos do território que viria a ser chama- do de Brasil. Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a náde- ga, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocên- cia assim descobertas, que não havia nisso desver- gonha nenhuma. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz- de-caminha/. Acesso em: 31 jan. 2022. Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos personagens, evidenciada pela presença de adje- tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco- bertas etc.). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo utilizado para manter a comuni- cação entre a Corte Portuguesa e os navegadores. Considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros, como, por exemplo, o e-mail. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 13 A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos ver no cardápio a seguir: Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e- ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml. Acesso em: 31 jan. 2022. Note que há a presença de muitos adjetivos, locuções, substantivos, que buscam levar o leitor a imaginar o objeto descrito. O gênero mostrado apresenta a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele está organizado de forma esquematizada em seções (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira a facilitar a leitura (o pedido, no caso) do cliente. 14 Expositivo O texto expositivo visa a apresentar fatos e ideias a fim de deixar explícito o tema principal do texto. Nesse tipo textual, é muito comum a presença de dados, informações científicas e citações diretas e indiretas que servem para embasar o assunto tratado pelo texto. Para ilustrar essa explicação, veja o exemplo a seguir: Disponível em: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua. Acesso em: 31 jan. 2022. Adaptado. O infográfico mostrado apresenta informações pertinentes sobre o panorama mundial da situação da água no ano de 2016. O gênero foi construído com o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do tema abordado. Para isso, o autor dispõe, além de linguagem compreensível e objetiva, de recursos visuais para atingir o objetivo. É importante destacar que os textos expositivos podem, muitas vezes, ser confundidos com textos argumenta- tivos, uma vez que existem textos argumentativos que são classificados como expositivos, pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma argumentação. Dica Atente-se a esta importante diferença entre as sequências expositiva e argumentativa: a argumentativa apre- senta uma opinião pessoal, enquanto a expositiva não abre margem para a argumentação, já que o fato exposto é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento sobre uma questão não é posto em debate — apresenta-se um conceito e expõem-se as características desse conceito sem espaço para opiniões. Marcas linguísticas do texto expositivo: z Apresenta informações sobre algo ou alguém — presença de verbos de estado; z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que organizam a informação; z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos; z Presença de figuras de linguagem como metáfora e comparação; LÍ N G U A P O RT U GU ES A 15 z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao final do texto. Os textos expositivos são comuns em gêneros cien- tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi- dade nos leitores, como no exemplo a seguir: VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIONARAM O MUNDO 08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43 Hedy Lamarr - conexão wireless Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” (1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia controlar torpe- dos à distância, durante a Segunda Guerra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequência de rádio para que não fossem interceptados pelo inimigo. Esse conceito de trans- missão acabou, mais tarde, permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o Wi-Fi e o Bluetooth. Disponível em: https://glo.bo/2Jgh4Cj. Acesso em: 31 jan. 2022. Adaptado. Instrucional ou Injuntivo O tipo textual instrucional ou injuntivo é carac- terizado por estabelecer um “propósito autônomo”2 que busca convencer o leitor a realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante em gêneros como bula de remédio, tutoriais na internet, horóscopos e manuais de instrução. A principal marca linguística dessa tipologia é a presença de verbos conjugados no modo imperati- vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero. Para que possamos identificar corretamente essa tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne- ro textual que apresente esse tipo de texto, como o exemplo a seguir: Como faço para criar uma conta do Instagram? Aplicativo do Instagram para Android e iPhone: 1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) ou Google Play Store (Android). 2. Depois de instalar o aplicativo, toque em para abri-lo. 3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigirá um código de confir- mação), toque em Avançar. Também é possível tocar em Entrar com o Facebook para se cadastrar com sua conta do Facebook. 4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de telefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha as informa- ções do perfil e toque em Avançar. Se você se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na conta do Facebook, caso tenha saído dela. Disponível em: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acesso em: 31 jan. 2022. Adaptado. No exemplo dado, podemos destacar a presença de verbos conjugados no modo imperativo, como baixe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, como instalar, cadastrar, avançar. Outra característica dos textos injuntivos é a enumeração de passos a serem cumpridos para a realização correta da tarefa ensina- da e também a fim de tornar a leitura mais didática. 2 CAVALCANTE, 2013, p. 73. Argumentativo O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais complexo e, por vezes, pode apresentar maior dificul- dade na identificação, bem como em sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a defesa de uma tese e a apresentação de argumentos que visam sustentar essa tese. Alguns exemplos de tex- tos argumentativos são artigos, monografias, ensaios científicos e filosóficos, dentre outros. Outro aspecto importante dos textos argumentati- vos é que eles são compostos por estruturas linguís- ticas conhecidas como operadores argumentativos, que organizam as orações subordinadas, estruturas mais comuns nesse tipo textual. A seguir, apresentamos um quadro sintético com algumas estruturas linguísticas que funcionam como operadores argumentativos e que facilitam a escrita e a leitura de textos argumentativos: OPERADORES ARGUMENTATIVOS É incontestável que... Tal atitude é louvável / repudiável / notável... É mister / é fundamental / é essencial... Observe o exemplo a seguir: O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais no tratamento das mais diversas doenças relacionadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos nem de longe compensam o dinheiro gasto com essas doen- ças. Além disso, as empresas têm grandes prejuízos por causa de afastamentos de trabalhadores devido aos males causados pelo fumo. Portanto, é mis- ter que sejam proibidas quaisquer propagandas de cigarros em todos os meios de comunicação. Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/ texto-argumentativo/argumentacao.html. Acesso em: 31 jan. 2022. Adaptado. Essas estruturas, quando utilizadas adequadamen- te no texto argumentativo, expõem a opinião do autor, ajudando na defesa de seu ponto de vista e construin- do a estrutura argumentativa desse tipo textual. O QUE SÃO OS GÊNEROS TEXTUAIS? Quando pensamos em uma definição para gêneros textuais, somos levados a inúmeros autores que bus- caram definir e classificar esses elementos, e, inicial- mente, é interessante nos lembrarmos dos gêneros literários que estudamos na escola. Podemos lembrar dos conceitos de tragédia e comédia, que se referem aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem nunca ouviu falar das histórias de “Ilíada” ou de “Odisseia”, ambas de Homero? Mas o que esses textos têm em comum? Inicialmente, pode-se ser levado a pensar que nada, além do fato de terem sido escritos pelo mesmo autor. Entretan- to, a estrutura dessas histórias respeita a um padrão textual estabelecido e reconhecido na época em que foram escritas. 16 De maneira análoga, quando pensamos em gêneros textuais, devemos identificar os elementos que caracte- rizam textos, aparentemente, tão diferentes. Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas de “Ilía- da” e “Odisseia”, é preciso buscar as semelhanças entre uma notícia e um artigo de opinião, por exemplo. Também é fundamental identificar as razões que nos levam a classificar cada um desses gêneros com termos diferentes. Esse ponto de interseção é o que podemos estabelecer como os principais aspectos de classificação de um gênero textual. Conforme Maingueneau, o ponto de interseção que estabelece sobre qual gênero estamos tratando é indi- cado por “rotinas de comportamentos estereotipados e anônimos que se estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam sujeitos a uma variação contínua”3. Logo, o primeiro elemento que precisamos identifi- car para classificar um gênero é o papel social, marcado pelos comportamentos e pelas “rotinas” humanas típi- cas de quem vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer compreender tão bem quanto ser compreendido. Esse é, sem dúvidas, o elemento que melhor dife- rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui- to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O fator social dos gêneros textuais também direcionará outros aspectos importantes na classificação desses elementos; justamente devido à dinâmica social em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de alte- rações em sua estrutura. Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, tornando o gênero completamente modificado, como se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem- plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam a uma finalidade específica e momentânea, como aconteceu com o anúncio apresentado a seguir, da loja O Boticário: Disponível em: https://bit.ly/34yptsR. Acesso em: 31 jan. 2022. O gênero anúncio apresenta uma clara referên- cia ao gênero contos de fadas; porém, a estrutura desse gênero, que é, predominantemente, narrativo, foi modificada para que o propósito do anúncio fos- se alcançado — ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adquirir os produtos da marca. No caso do gênero anúncio publicitário, usar outros gêneros e modifi- car sua estrutura básica é uma estratégia que é esta- belecida a fim de que a principal função do anúncio se cumpra, qual seja: vender um produto. 3 MAINGUENEAU, 2018, p. 71. A partirdesses exemplos, já podemos enumerar mais uma característica comum a todos os tipos de gêneros textuais: a presença de aspectos sociais e o propósito de um gênero, para alguns autores, como Swales (1990), chamado de propósito comunicativo. Segundo esse autor, os gêneros têm a função de reali- zar um objetivo ou objetivos; por isso, ele sustenta a posição de que o propósito comunicativo é o critério de maior importância, pois é o que motiva uma ação e é vinculado ao poder do autor. Além disso, um gênero textual, para ser identifica- do como tal, é amparado por um protótipo textual, o qual também pode ser reconhecido como estereótipo textual, que resguarda características básicas do gêne- ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio- nado anteriormente, identificamos traços do gênero contos de fadas tanto na porção textual do anúncio que começa com a frase: “era uma vez...” quanto pela imagem, que remete ao conto “Branca de Neve”. Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxi- liam os falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e também a escrever nesse gênero quando necessitarem. Isso é o que torna a característica da prototipicidade tão importante no reconhecimento e na classificação de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de um gênero devem ser reconhecidos por uma comunidade, reafir- mando o teor social desses elementos e estabelecendo a importância de um indivíduo adquirir o hábito da leitu- ra, pois quanto mais se lê, a mais gêneros se é exposto. Portanto, a partir de todas essas informações sobre os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira resumida, os gêneros textuais são ações linguísticas situadas socialmente que servem a propósitos especí- ficos e são reconhecidos pelos seus traços em comum. A seguir, apresentamos uma tabela com as caracte- rísticas básicas para a correta identificação dos gêne- ros textuais: GÊNEROS TEXTUAIS SÃO: z Ações sociais z Ações com configuração prototípica z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade z O propósito de uma ação social z Divididos em classes Outra característica importante que devemos refor- çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis, pois existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros sofrerem com as relações sociais, que são instá- veis, não há um número exato de gêneros textuais que possamos estudar, diferentemente dos tipos textuais. GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS Relação com aspectos sociais Associação a aspectos linguísticos Podem ser alterados Não podem sofrer altera- ção, sob pena de serem reclassificados Estabelecem uma função social Organizam os gêneros textuais LÍ N G U A P O RT U G U ES A 17 Apesar de não existir um número quantificável de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo na resolução de questões que envolvam esse assun- to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais gêneros textuais abordados por importantes bancas de concursos no país. Notícia A notícia é um gênero textual de caráter jornalís- tico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresen- tar sequências textuais narrativas e descritivas na sua composição linguística; por isso, é fundamental sempre termos em mente as características basilares de todos os principais tipos textuais. Como vimos, os gêneros textuais possuem carac- terísticas que os distinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de terem um apelo a questões sociais, um propósito comunicativo e apresentarem uma configu- ração mais ou menos padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros. Por ser um gênero, a notícia também apresenta essas características. Seu propósito comunicativo é informar uma comunidade sobre assuntos de interes- se comum; por isso, a notícia deve ser comunicada com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a transmi- te apresente sua opinião sobre os fatos. Outra impor- tante característica da notícia é a sua configuração prototípica, ou seja, seu padrão textual reconhecido por leitores de uma comunidade. Essa configuração própria da notícia é reconhe- cida pelos termos manchete, lead e corpo da notícia. Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro- totípico desse gênero: Casal suspeito de assaltos é preso após colidir carro na contramão enquanto fu- gia da polícia, em Fortaleza Manchete Foram apreendidos três aparelhos celula- res roubados e uma arma de fogo com seis munições Lead Um casal suspeito de realizar assaltos foi preso após capotar um carro ao dirigir na contramão enquanto fugia da polícia na tarde desde domingo (13), no Bairro Hen- rique Jorge, em Fortaleza. Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, disse que os assaltantes diri- giam em alta velocidade pelas ruas após abordar de forma fria os pertences. “A mulher estava conduzindo o carro e o comparsa dela abordava as pessoas co- locando a arma na cabeça”, afirmou Corpo da Notícia Disponível em: https://glo.bo/35KM591. Acesso em: 31 jan. 2022. Na formulação de uma notícia, para que ela atinja seu propósito de informar, é fundamental que o autor do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor- nar seu texto imparcial e objetivo: O quê? Onde? Quando? MANCHETE CORPO DA NOTÍCIA Como? Por quê? É importante ressaltar que, com o advento das redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o gênero notícia seja divulgado por meio de platafor- mas diferentes, como as redes sociais. Isso democratiza a informação, porém também abre margem para a criação de notícias falsas que se baseiam nesse esquema de organização das notícias para buscar alguma credibilidade do público. Por isso, atualmente, é muito importante atentar-se à fonte de publicação das notícias. O próximo gênero sobre o qual trataremos é a reportagem, que guarda sutis diferenças em compa- ração com a notícia, e que também é muito abordada em provas de concursos. Reportagem A reportagem é um gênero textual que, diferen- temente da notícia, além de oferecer informações acerca de um assunto, também apresenta os pontos de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter argumentativo; essa é a principal diferença entre os gêneros notícia e reportagem. Como visto, a notícia deve ser (ou buscar ser) imparcial, ou seja, não devemos encontrar nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por isso, nes- ses textos, as sequências textuais mais encontradas são a narração e a descrição, justamente com a finali- dade de evitar apresentar um ponto de vista. De maneira diferente, a reportagem apresenta as opiniões sobre um mesmo fato, pois essas opiniões são o principal “ingrediente” dos textos desse gênero, representado, predominantemente, pela sequência argumentativa. É importante relembrarmos que o tipo textual argumentativo é organizado em três macropartes: tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais de ampla repercussão e interesse do público, algo que não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia busca apenas a divulgação da informação. Diante disso, o suporte de veiculação das repor- tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo, como televisão, computador, tablet, celular etc. As reportagens têm um caráter de “matérias especiais” em jornais de ampla repercussão, mas também podem ser veiculadas em suportes escritos, como revistas e jornais. Com o avanço do uso das redes sociais, entre- tanto, elas têm sido os principais meios de divulgação desse gênero atualmente. Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor- tagem apresenta informações mais detalhadas sobre um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. 18 Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados que compõem a matéria, a fim de que o leitor construa sua própria opinião sobre o tema. A respeito dessas diferenças na construção dosgêneros mencionados, a reportagem e a notícia guardam seme- lhanças, como a busca pelas respostas às perguntas: O quê? Como? Por quê? Onde? Quando? Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da reportagem quanto da notícia, que se diferencia da primeira por seu caráter essencialmente informativo. NOTÍCIA REPORTAGEM Apresenta um fato de forma simples e objetiva Objetivo é informar Apuração objetiva dos fatos Conteúdo de curto prazo Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida (visto anteriormente) Questiona fatos e efeitos de um fato determinado Apresenta argumentos sobre um mesmo fato Apuração extensa Conteúdo sem ordem determinada, pode apresentar entrevis- tas, dados, imagens etc. Disponível em: https://bit.ly/3kD9tvk. Acesso em: 31 jan. 2022. Adaptado. É importante ressaltar que nenhum gênero é composto apenas por uma única sequência textual. Portanto, a reportagem também apresentará esse paradigma, pois esse gênero é essencialmente argumentativo, porém pode apresentar outras sequências textuais a fim de alcançar seu objetivo final. A seguir, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os principais gêneros textuais que são objeto de pro- vas de concurso com um dos gêneros mais comuns em provas: o artigo de opinião. Artigo de Opinião O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação para analisar, avaliar e responder a uma questão controversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que circula, principalmente, em jornais e revistas impressos ou virtuais. No artigo de opinião, temos a discussão de um problema de âmbito social. Por meio dessa discussão, podemos defender nossa opinião, como também refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, propor soluções para a questão controversa. A intenção do escritor ao escolher o artigo de opinião é a de convencer seu interlocutor. Para isso, ele terá que usar de informações, fatos e opiniões que serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta que: O artigo de opinião é um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma determinada ideia, influen- ciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumentação a favor de uma determinada posição assumida pelo produtor e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É um processo que prevê uma operação constante de sustentação das afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados consistentes que possam convencer o interlocutor (2011, p. 305). Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar diversos saberes, como conhecimentos enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É por meio da escolha de determinados recursos linguísticos que percebemos que nada é por acaso, pois a cada escolha há uma intenção: “... toda atividade de interpretação presente no cotidiano da linguagem fundamen- ta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comunicar-se”4. Para darmos uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos conhecimento sobre ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especialistas no assunto por eles abordado. Ao escolherem um assunto, os autores devem considerar as diversas “vozes” já existentes sobre mesmo assunto e, dependendo de sua intenção, apoiar ou negar determinadas vozes. Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples, direta e convincente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um artigo de opinião pessoal; porém, ao esco- lher a terceira pessoa do singular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao seu texto, fazendo com que sua produção textual não fique centrada só em suas próprias opiniões. Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte estruturação: z Identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão polêmica; z Tomada de posição — exposição de argumentos de modo a justificar a tese; z Reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias são articuladas e o texto é concluído. ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO Introdução Identificação da questão polêmica alvo de debate no texto Desenvolvimento Tese do autor (posicionamento defendido) Tese contrária (posicionamentos de terceiros) — aceitação ou refutação Argumentos a favor da tese do autor do texto Conclusão Fechamento do texto e reforço do posicionamento adotado 4 KOCH, 2011, p. 22. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 19 No processo de escrita de qualquer texto é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias do autor aos seus argumentos. Porém, nos textos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais atenção a esse processo; por isso, atente-se à coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. A fim continuarmos nos estudos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem, apresentando outro gênero frequentemente presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial. Editorial Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o editorial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação. Neste tópico, nosso foco serão as principais características do gênero editorial e as suas diferenças em relação ao artigo de opinião. EDITORIAL — CARACTERÍSTICAS Expressa a opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual Objetivos: esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante e/ou persuadir os leitores, mobilizando- -os a favor de uma causa de interesse coletivo Estrutura: também baseada em introdução, desenvolvimento e conclusão O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou o pro- blema social a ser debatido no texto; posteriormente, segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e con- clui-se com a retomada da opinião apresentada incialmente. A principal diferença entre editorial e artigo de opinião é que o editorial representa a opinião de uma corpo- ração, empresa ou instituição. Marcas linguísticas: z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural; z Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante; z Linguagem clara, objetiva e impessoal. O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos públicos, também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero. EDITORIAL — ESTRUTURA TEXTUAL POR PARÁGRAFOS Parágrafo 1 Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser didático ao apresentar o assunto ao leitor Parágrafo 2 Contextualização do tema, comparando-o com a realidade e trazendo causas e indicativos con-cretos do problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto Parágrafo 3 Análise e possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de especialista da área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilustram a argumentação Parágrafo 4 Concluir com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem se repetir A seguir, apresentamos o último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de gêne- ros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os gêneros. Apesar disso, trouxemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse critério, o próximo gênero estudado é a crônica. Crônica O gênero “crônica” é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se torna- ram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser um gênero curto de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provasde con- curso para ilustrar questões de interpretação textual e para contextualizar questões que avaliam a competência gramatical dos candidatos. As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou argumentativas. CRÔNICA NARRATIVA CRÔNICA ARGUMENTATIVA Limita-se a contar fatos do cotidiano Pode apresentar um tom humorístico Foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa Defesa de um ponto de vista, relacionado ao assunto em debate Uso de argumentos e fatos Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa Uso de argumentos de modo pessoal e subjetivo 20 Apesar de as formas de texto verbais serem o for- mato mais comum na construção de uma crônica, atualmente podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como em vídeo, formato muito divulgado nas redes sociais. No tocante ao estilo da crônica argumentativa, tra- ta-se de um texto com estrutura argumentativa padrão (introdução, desenvolvimento, conclusão), muito vei- culado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que passeia pelos ambientes literários e jornalísticos. Apresenta um teor opinativo forte, com observa- ção dos fatos sociais mais atuais. Outra característica presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a metáfora, que auxiliam na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter. A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?”, da escritora Marina Colasanti, em que podemos identificar as principais características desse gênero: O que é um livro? O que é um livro? A pergunta se impõe neste momento em que a isenção de impostos sobre o objeto primei- ro da cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda mais a leitura de quem tanto precisa dela. Um livro é: — A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de um es- critor é cuidar dessa casa, varre-la, fazer a cama das pa- lavras, providenciar sua comida, vesti-las com harmonia. — A nave espacial que nos permite viajar no tempo para a frente e para trás. Habitar o passado ao tem- po em que foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do presente, com todos os conhecimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. […] — Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e mú- sica, prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e ponto de encontro com nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada um possa abrir a sua. — A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras agi- tam suas múltiplas cabeças. — Todas as palavras do sagrado, todas elas foram pos- tas nos livros que deram origem às religiões e neles conservadas. Disponível em: https://bit.ly/2HIecxi. Acesso em: 31 jan. 2022. Adaptado. Essa crônica trata de um assunto bem atual: o aumento da carga tributária que incide sobre o pre- ço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue argumentando sobre a importância dos livros na sociedade com um ponto de vista ladeado pela litera- tura, o que fortalece sua argumentação. Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex- tuais, é importante fazermos uma observação relevan- te sobre o assunto. Para muitos autores, os gêneros não apenas moldam formas de texto, mas formas de dizer marcadas pelo discurso. Por isso, em algumas meto- dologias, os gêneros serão tratados como “do discurso”. Gêneros do discurso marcam o processo de inte- ração verbal. Como todo discurso materializa-se por meio de textos, a nomenclatura gêneros textuais torna-se mais adequada para essa perspectiva de estu- dos. Podemos distinguir as duas variantes vocabula- res de acordo com as demandas sociais e culturais de estudo dos gêneros. Carta Argumentativa As cartas argumentativas são textos que preten- dem advogar pelo ponto de vista de quem escreve e convencer quem está lendo. São formadas pelas seguintes partes: data, vocativo, corpo do texto, des- pedida e assinatura. O corpo do texto possui três elementos: a ideia principal do escritor, o desenvolvimento dos argu- mentos e a conclusão da ideia. A linguagem utilizada deve ser objetiva, com cla- reza e formalidade. Usualmente, aparecem verbos no presente do indicativo (as vezes, no imperativo), pre- dominantemente na 1ª ou 3ª pessoa. Confira o modelo a seguir: Brasília, 30 de julho de 2009. Excelentíssimo Senhor Presidente José Sarney, Com as minhas considerações, venho tratar de um assunto bastante recorrente na mídia nos últi- mos meses, o qual envolve diretamente V. Exa., como Presidente do Senado Federal, Casa pela qual tenho o maior respeito. Trata-se de denúncias de favorecimento a vários senadores, por via de Atos Secretos, inclusive o Senhor, fato que envergonha a todos nós, brasileiros. A minha visão é de que o Senhor Presidente deveria pedir afastamento do cargo. Sem querer fazer um julgamento precipitado, mesmo porque todos são inocentes até que se pro- ve o contrário, o fato é que as denúncias existem e não são simples. São muitos os indícios de beneficia- mento ilícito, como casos de nepotismo e aumento de verba indenizatória, sem publicação nos devidos órgãos de imprensa oficiais. Vossa Excelência apare- ce ligado a diversos desses Atos e, por isso, acho que sair, pelo menos temporariamente, seria uma prova de que pretende colaborar com as investigações. Tais investigações constituem um elemento decisivo para a transparência pública, uma vez que a sociedade precisa ter conhecimento de como o dinheiro de seus impostos e tributos estão sendo aplicados. Num país em que a educação e saúde, só para citarmos duas áreas, costumeiramente vão de mal a pior, é inadmissível aceitarmos que ocorrên- cias dessa natureza sejam consideradas normais. Por esse motivo, entendo que o Excelentíssimo Sena- dor deve pedir licença, visando sempre ao interesse público. Como cidadão brasileiro, consciente de minhas obrigações e direitos, é este o meu posicionamen- to. Se quem não deve não teme, dê-se a chance de esclarecer o que o Senhor mesmo chama de denún- cias infundadas, e isso só pode ser feito a partir do momento em que não mais ocupar a Presidência dessa Egrégia Casa, pois a sua imagem estará des- vinculada de toda e qualquer “manobra” que por- ventura exista para não prolongar o caso. Com os meus respeitos, Povo Consciente. Disponível em: http://centraldasletras.blogspot.com/2009/08/ modelo-de-carta-argumentativa.html. Acesso em: 31 jan. 2022. LÍ N G U A P O RT U G U ES A 21 INTERTEXTUALIDADE Existem diversos mecanismos que são meios importantes e, muitas vezes, imprescindíveis à cons- trução de sentido dos gêneros textuais, dentre eles, a intertextualidade. Como vimos neste material, ao nos referirmos à ideia de construção dos sentidos median- te o uso de gêneros textuais destacamos a estrutura, o propósito comunicativo e a função dos gêneros. Um outro elemento importante para a compreensão tex- tual é a intertextualidade, que diz respeito à proprie- dade de um texto se relacionar com outros. Para se entender melhor a estrutura e a função do termo intertextualidade, pode-se separar a pala- vra em partes: “inter” é de origem latina e refere-se à noção de dentro, ou seja, o que está dentro do texto, e “textualidade” tem a noção de conteúdo, palavras. Unindo as duas, forma-se a intertextualidade, a partir da qual podemos dar origem a um outro texto. A intertextualidade está presente em nosso dia a dia, sendo muito comum em gêneros oriundos da internet e também da publicidade. A seguir, apresen- tamos este exemplo que resume a ideia de intertex- tualidade que iremos trabalhar neste material: Fonte: COLARES, 2020, informação verbal. Compreendida a ideia de intertextualidade e apre- sentada sua importância para a análise textual em provas, questõese textos, faz-se necessário conhecer algumas das principais formas de realização da inter- textualidade em textos e em gêneros utilizados por bancas de concurso. Antes, porém, é necessário apontar que, confor- me Koch e Elias (2015), todos os textos são, em algu- ma medida, recuperadores de outros. Quando o leitor acessa as ideias e reconhece essa intertextualidade, estamos diante de um processo de intertextualidade stricto sensu. Quando não é possível acessar esse teor intertextual, trata-se de uma intertextualidade lato sensu. Desenvolvemos o esquema a seguir para tornar essa divisão mais didática: INTERTEXTUALIDADE Stricto Sensu Temática Estilística Explícita Implícita Lato Sensu Paródia A paródia é um tipo de intertextualidade estilística em que o autor recupera o estilo de outro texto, seja verbal ou não-verbal. É muito comum tanto em tex- tos musicais, nos quais são recuperados a melodia e o estilo do intérprete original, quanto em textos visuais, como no exemplo a seguir: Disponível em: https://bityli.com/r9RdQA. Acesso em: 31 jan. 2022. Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e humorístico que pode variar, dependendo da sua fina- lidade textual. Paráfrase A paráfrase é uma estratégia intertextual que con- siste em recuperar aspectos do tema do texto-fonte, o qual baseia a paráfrase. Dessa forma, é considerada um tipo de intertextualidade temática. Um bom exemplo desse tipo de intertextualidade é a música Monte Castelo, do grupo Legião Urbana, que versa sobre o mesmo tema que a passagem bíblica “I carta de São Paulo aos Coríntios” e também dos versos de Luís Vaz de Camões. z Monte Castelo — Legião Urbana Ainda que eu falasse a língua dos homens E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria. É só o amor, é só o amor Que conhece o que é verdade O amor é bom, não quer o mal Não sente inveja ou se envaidece [...] z I Carta de São Paulo aos Coríntios 1. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria [...] z 11 Soneto — Luis Vaz de Camões Amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. 22 É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade [...] Referência A referência é um tipo de intertextualidade explí- cita, muito comum e necessária em trabalhos acadê- micos, pois ao mencionar uma obra ou autor e suas ideias, o pesquisador deverá realizar as devidas refe- rências, indicando os nomes dos títulos mencionados ao final do trabalho. Para realizar esse tipo de intertextualidade, deve- mos seguir as regras da Associação Brasileira de Nor- mas Técnicas — ABNT. A seguir, disponibilizamos um exemplo de referência com a indicação de uma das obras citadas neste material: KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2015. As referências também são muito comuns em textos jurídicos, nos quais é praxe citar leis, decretos e demais documentos que sirvam de embasamento teórico. Citação A citação também é um tipo de intertextualidade explícita e diz respeito às formas de citação de uma obra. Em um trabalho acadêmico, por exemplo, quan- do utilizamos as palavras de outros autores, devemos mencioná-los direta ou indiretamente. A transcrição fiel das palavras do autor do texto-fonte é chamada de citação direta. Quando nos baseamos na ideia do autor e escrevemos de outra forma suas palavras, a citação passa a ser indireta. Independentemente da maneira como citamos em um texto, é imprescindível dar os créditos aos autores das obras citadas, por isso, devemos mencioná-los nas citações que também seguem o padrão estabelecido pela ABNT. z Citação direta: “A confiabilidade das fontes citadas confere rele- vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan- to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor” (BOAVENTURA, 2004, p. 81). z Citação indireta: Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao trabalho acadêmico é diretamente proporcional à credibilidade das fontes utilizadas, por isso é neces- sário atentar-se para os diversos tipos de citação aqui mencionados. Dica A citação indireta é um tipo de paráfrase. Alusão A alusão é um intertexto que faz referência a uma obra de arte, a um fato histórico, a textos de conheci- mento comum. A alusão pode ocorrer de forma explí- cita ou implícita. Ex.: Ganhei um jogo de aniversário que foi um ver- dadeiro presente de grego. A expressão “presente de grego” faz alusão aos fatos da Guerra de Troia, em que os gregos fingiram presentear os troianos com um cavalo de madeira que fazia parte da estratégia grega para conseguirem invadir a cidade de Troia e destruí-la por dentro. Epígrafe A epígrafe é uma pequena citação colocada no iní- cio de capítulos de livros, seções de trabalhos acadê- micos ou de outros gêneros para manter uma relação dessa citação com o assunto abordado na obra. Ex.: No início deste capítulo, poderíamos ter colo- cado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras repe- tidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas” (trecho da música “Quase sem querer” da banda Legião Urbana), para iniciar nosso debate sobre inter- textualidade e as possibilidades de escrevermos algo completamente inédito em nosso contexto atual. OUTROS POSSÍVEIS PROCESSOS INTERTEXTUAIS MENOS COMUNS EM CONCURSOS Bricolagem A bricolagem é um tipo de intertextualidade que atua explicitamente no texto, pois se refere à mescla de vários elementos advindos de vários textos ou de várias obras de arte, em geral. Assim, a principal característi- ca da bricolagem é o uso de outros fragmentos textuais para a formação de uma nova composição textual. Esse recurso foi utilizado na letra da canção “Amor I love you”, de Marisa Monte, na qual a cantora inse- riu um trecho da obra “O primo Basílio”, de Eça de Queiroz, para compor a letra da música. Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamen- te! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo res- sequido que se estira num banho lépido; Sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim uma existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu intuito diferente, cada passo conduzia um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações. Eça de Queirós — O Primo Basílio z Amor I Love You — Marisa Monte Deixa eu dizer que te amo Deixa eu pensar em você Isso me acalma, me acolhe a alma Isso me ajuda a viver [...] Meu peito agora dispara Vivo em constante alegria É o amor que está aqui Amor, I love you (x8) Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam Aquelas sentimentalidades E o seu orgulho dilatava-se Ao calor amoroso que saía delas Como um corpo ressequido LÍ N G U A P O RT U G U ES A 23 Que se estira num banho tépido Sentia um acréscimo de estima por si mesma Disponível em: https://www.letras.mus.br/marisa-monte/47268/. Acesso em: 31 jan. 2022. Tradução A tradução é uma espécie de paráfrase para mui- tos autores, pois, como sabemos, há palavras e expres- sões que só existem na língua de origem do escritor original. Dessa forma, a tradução de textos em línguas diferentes é uma aproximação de sentidos, construída a partir das leituras e do ponto de vista do tradutor. Muitos escritores brasileiros são considerados como “literatura complexa” por manterem em seus textos expressões tão brasileiras
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