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Prof.: Jos« Eduardo BalikianProf.: Jos« Eduardo Balikian O EMPREENDEDOR E A SOCIEDADE SUMÁRIO: UNIDADE 1: A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 1.1 Um início de Conversa 1.2 O surgimento da Filosofia 1.3 Os Pré-Socráticos 1.4 Os Sofistas UNIDADE 2: A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 2.1 Informações, Conhecimento e Sabedoria 2.2 O Processo do Filosofar 2.3 Sócrates 2.4 Platão 2.5 Aristóteles UNIDADE 3: CIÊNCIA E FILOSOFIA 3.1 O Advento da Modernidade 3.2 A Racionalidade Instrumental 3.3 O Impacto das Novas Tecnologias UNIDADE 4: SABER E LINGUAGEM 4.1 Saber 4.2 Linguagem UNIDADE 5: ÉTICA E MORAL 5.1 Conceituação de Ética e Moral 5.2 Problemas Éticos do Mundo Contemporâneo 5.3 A Ética na Administração de Empresas UNIDADE 6: INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA 6.1 O Surgimento da Sociologia como Ciência Autônoma 6.2 O Positivismo e sua Influência nas Ciências Modernas 08 08 10 12 18 19 20 26 29 34 39 40 46 49 52 56 57 62 68 UNIDADE 7: MATRIZES DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO 7.1 Emile Durkheim e o Método Sociológico 7.2 Karl Marx e o Socialismo UNIDADE 10: CULTURA 10.1 O Conceito de Cultura 10.2 Os Fenômenos da Enculturação e da Aculturação UNIDADE 8: SOCIEDADE CAPITALISTA INDUSTRIAL E PÓS-INDUSTRIAL 8.1 O Conceito de Capitalismo 8.2 A sociedade Capitalista Industrial 8.3 A Sociedade Capitalista Pós-Industrial UNIDADE 9: ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MODELOS DE GESTÃO 9.1 Formas de Organização do Trabalho 9.2 Modelos de Gestão UNIDADE 11: PODER 11.1 As Raízes da Política 11.2 Reflexões sobre o Poder 11.3 Ideologias UNIDADE 12: CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL 12.1 Cultura Organizacional 12.2 Mudança Organizacional UNIDADE 13: RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA 13.1 Por que esse Tema de Relações Étnico-Raciais? 13.2 História e Cultura Afro-Brasileira 13.3 História e Cultura Indígena 74 76 82 83 85 90 92 98 103 110 112 113 122 123 128 130 132 SOBRE O PROFESSORINTRODUÇÃO É uma grande satisfação iniciarmos nossas aulas que estão focadas em você, EMPREENDEDOR (A), E NA SOCIEDADE! Seja muito bem-vindo(a)! e de antemão explico que utilizaremos de duas disciplinas em nossa caminhada de análise: a filosofia e a sociologia. Que tenhamos uma caminhada com muitas conquistas e que nossos estudos auxiliem você em sua vida e no curso que está fazendo. Estou certo que não é a primeira vez que você está ouvindo falar em filosofia e em sociologia. Pode ser até que tenha tido uma experiência não muito positiva com ambas. Peço que você dê um voto de confiança para a proposta que preparamos e, como na imagem acima , pense positivo: elas só vão ajudar. Confie. Nos materiais da disciplina, está disponível o Plano de Ensino do curso. Incentivo você a passar por ele, se já não o fez; a partir dele você pode ter uma visão panorâmica da trajetória que propomos. Você irá verificar que a filosofia surge justamente da necessidade de dar uma resposta racional e lógica a questões que eram respondidas de forma mitológica e/ou religiosa. E também verá que a sociologia se desenvolve a partir do século XIX, na busca de compreender a sociedade e os fatos sociais. Parafraseando o pensador Anthony Giddens (2005, p. x), filosofia e sociologia “[...] desafiam os dogmas, ensinam a apreciação da variedade cultural e nos permitem penetrar no funcionamento das instituições sociais”, de tal modo que as práticas de ambas “aumentam as possibilidades da liberdade humana” e fazem de você um empreendedor mais lúcido e qualificado. Iniciamos esta trajetória com a convicção de Friedrich Nietzsche (um filósofo do século XIX) que afirmava: "Cada um de nós possui necessariamente uma filosofia". Já parou para pensar nisso? Sim, somos todos filósofos. O professor de sociologia Sebastião Vila Nova (2012, p. 27) também reflete que "todos os indivíduos são obrigados a fazer uma espécie de 'Sociologia' aplicada a seu dia-a-dia e, desse modo, terminam por elaborar algum tipo de teoria sobre a sua experiência cotidiana". SOBRE O PROFESSOR Graduado em Filosofia pela PUC Campinas (1988) Graduado em Teologia pelo ITESP - Instituto Teológico São Paulo (1993) Especializado em Filosofia (1991) Mestrado em Filosofia pela PUC Campinas (1993) Mestrado em Educação pela Universidade do Oeste Paulista (2008) Doutorado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (2015) Professor Autor de conteúdo dos componentes curriculares: Sociologia, Sociologia Jurídica, Filosofia Geral, Filosofia e Ética. Tutor Presencial da Unidade Vitória - ES ATUOU COMO: Coordenador de pesquisa da Faculdade Doctum de Vitória (2015-2016). JOSÉ EDUARDO BALIKIAN A Consciência Filosófica e o Surgimento da Filosofia 1 08 08 10 12 1.1 Um Início de Conversa 1.2 O Surgimento da Filosofia 1.3 Os Pré-Socráticos 1.4 Os Sofistas UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 8 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 1.1 UM INÍCIO DE CONVERSA Para início de conversa, há que deixar de lado a ideia de que a filosofia é algo distante de você, caro(a) estudante, pelo contrário, a filosofia nasce no dia-a-dia, nasce da admiração, do questio- namento sobre o “por quê” das coisas. Há uma série de interrogações que nos acompanham constantemente, ou dizendo de outra for- ma, quem não fez alguma das questões abaixo: 01_Por que as coisas são como são? 02_Por que estamos no mundo? 03_Qual é a fonte do poder? 04_A vida tem um sentido? 04_Existe uma divindade ou divindades? Elas têm alguma ação sobre nós? 05_Qual é a origem do mal? 06_Por que morremos? Quando morremos, tudo morre ou há algo que permanece? Antes de prosseguir, veja o vídeo do Prof. Mário Sérgio Cortela, com suas propostas e seus ques- tionamentos: "Será que a filosofia ajuda a pensar?" E mais: o filósofo como aquele que suspeita e a filosofia como um imenso carimbo com um ponto de interrogação. Após assistir o vídeo você já compreendeu a filosofia como a capacidade de colocar interrogações . No texto sobre a experiência filosófica disponível (Texto Base 1) , que você deve ler atentamente, vamos abordar três temas fundamentais para nos introduzir na rica te- mática que a filosofia proporciona para a compreensão da sociedade e formação do empreendedor: 01_Como é o pensar do filósofo? 02_A distinção entre filosofia e filosofia de vida; e 03_Para que serve a filosofia? UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 9 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 1.2 O SURGIMENTO DA FILOSOFIA: Há mais dois vídeos de apoio muito interessantes, com temas que são fundamentais neste início de curso. 01_Trata da origem da filosofia em uma linguagem destinada ao ensino médio; é uma aula do Telecurso para você resgatar conceitos estudados no ensino médio. 02_Retoma a temática questionando: Afinal, o que é filosofia? Em uma linguagem direta e jo- vem, as reflexões são conduzidas pelo Vitor, do canal Penso logo assisto. Priorize seu tempo e dedique-se: o estudo traz riquezas que ninguém pode roubar. Aproveite! Se tiver alguma dúvida, é só enviar uma mensagem para seu tutor, pois estamos de prontidão para atender você. Com tudo isso, deve ficar claro que o surgimento da filosofia se dá na passagem da consciência mítica para a consciência filosófica, com a reflexão e os escritos dos primeiros filósofos que agora vamos estudar. UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 10 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d aR ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 1.3 OS PRÉ-SOCRÁTICOS Costuma-se dividir a filosofia grega em três grandes momentos, tendo como referência central a atuação de Sócrates: 01_PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO 02_PERÍODO SOCRÁTICO (OU CLÁSSICO) 03_PERÍODO PÓS-SOCRÁTICO (OU HELENÍSTICO) Os primeiros pensadores gregos são dos séculos VII e VI a.C. e, quando a filosofia grega centrali- zou-se na figura de Sócrates (que ainda estudaremos), passaram a ser chamados pré-socráticos. Seus escritos se perderam com o tempo, de forma que apenas temos fragmentos de textos ou referências que outros pensadores fizeram a eles. Preocupavam-se com questões cosmológicas, centradas na natureza, em busca de dar uma explicação racional para o Universo. No quadro abaixo há um interessante resumo para você se situar e, para se aprofundar. Os Filósofos Pré-Socráticos estudavam: Cosmologia Arché É o ramo da astronomia que estuda a origem, estrutura e evolução do Universo a partir da aplicação de métodos científicos. Princípio que deveria estar presente em todos os momentos da existência de todas as coisas no início, desenvolvimento e no fim de tudo. Princípio pelo qual tudo vem a ser. Physis É a matéria que é fundamento eterno de todas as coisas e confere unidade e permanência ao Universo. Escola Jônica Escola Pitagórica Recebe esse nome de Eléia, cidade cidade no Sul da Itália. Principais nomes: • Xenófanes • Parmênides Recebe esse nome da Jônia, colônia grega da costa ocidental da Ásia Menor. Principais nomes: • Tales de Mileto • Hieráclito • Anaximenes Recebe o nome do fundador Principal nome: • Pitágoras Propuseram a existência não só de um princípio (arché), mas vários. Daí o nome Principais nomes: • Anaxágoras • Empêdocle • Demócrito Escola Eleática Escola da Pluralidade UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 11 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Convido você, agora, a acompanhar um vídeo do Professor Gui de Franco, comentando sobre os filósofos pré-socráticos. UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 12 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 1.4 OS SOFISTAS O Período Clássico da filosofia grega se estende pelos séculos V e IV a.C. No século V a.C. também temos a atuação política de Péricles, no período em que Atenas desenvolveu intensamente sua cultura democrática e a vida artística. Apesar de ainda discutirem questões ligadas à natureza, como fizeram os pré-socráticos, os sofistas também trataram de temas ligados à antropologia, à moral e à política. Os mais famosos são: 01_Protágoras (485 – 411 a.C.) 02_Górgias (485 – 380 a.C.) 03_Híppias 04_Trasímaco 05_Pródico 06_Hipódamos. Como nos ensinam as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 151-152): “A palavra sofista, etimologicamente, vem de sophos, que signifi- ca "sábio", ou melhor, "professor de sabedoria". Posteriormente ad- quire o sentido pejorativo daquele que emprega sofismas, ou seja, alguém que usa do raciocínio capcioso, de má-fé, com intenção de enganar. Sóphisma significa "sutileza de sofista”. Os sofistas sempre foram mal interpretados por causa da críticas que a eles fizeram Sócrates e Platão. [...] São muitos motivos que levaram à visão deturpada sobre os sofistas que a tradição nos oferece. Em primeiro lugar, há enorme diversidade teórica entre os pensadores reunidos sob a designa- ção de sofista. Talvez o que possa identificá-los é o fato de serem considerados sábios e pedago- gos. Vindos de todas as partes do mundo grego, ocupam-se de um ensino itinerante pelos locais em que passam, mas não se fixam em lugar algum. Deve-se a isso o gosto pela crítica, o exercício de pensar resultante da circulação de ideias diferentes. UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 13 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Segundo Jaeger, historiador da filosofia, os sofistas exercem influência muito forte, vinculando-se à tradição educativa dos poetas Homero e Hesíodo. Os sofistas dão importante contribuição para a sistematização do ensino, formando um currículo de estudos: 01_GRAMÁTICA (DA QUAL SÃO OS INICIADORES). 02_RETÓRICA E DIALÉTICA; Por influência dos pitagóricos, desenvolvem: 03_A ARITIMÉTICA 04_A GEOMETRIA 05_A ASTRONOMIA 06_MÚSICA. Para escândalo de seus contemporâneos, costumavam cobrar pelas aulas e por esse motivo Só- crates os acusa de "prostituição". Cabe aqui um reparo: Na Grécia antiga, apenas a aristocracia se ocupava com o trabalho intelectual, pois gozava do ócio, ou seja, da disponibilidade de tempo, já que o trabalho manual, de subsistência, era ocupação de escravos. Ora, os sofistas, geralmente pertencentes à classe média, fazem das aulas seu ofício, por não serem suficientemente ricos para se darem ao luxo de filosofarem. Se alguns sofistas de menor valor intelectual pudessem ser chamados de "mercenários do saber", isso na verdade era acidental, não se aplicando à maioria. Os sofistas elaboraram o ideal teórico da Democracia, valorizada pelos comerciantes em ascen- são, cujos interesses passam a se contrapor aos da aristocracia rural. Nessas circunstâncias a exi- gência que os sofistas vêm satisfazer é de ordem essencialmente prática, voltada para a vida, pois iniciam os jovens na arte da retórica, instrumento indispensável na assembleia democrática, e os deslumbram com o brilhantismo da participação no debate público. Se forem acusados pelos seus detratores de pronunciarem discursos vazios, essa fama se deve à execiva atenção dada por alguns deles ao aspecto formal da exposição e da defesa das ideias, na medida em que se acham convencidos de que a persuasão é o instrumento por excelência do cidadão na cidade democrática. Os melhores deles, no entanto, buscam aperfeiçoar os instru- mentos da razão, ou seja, a coerência e o rigor da argumentação porque não basta dizer o que se UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 14 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. considera verdadeiro, é preciso demonstrá-lo pelo raciocínio. Pode-se dizer que aí se encontra o embrião da lógica, mais tarde desenvolvida por Aristóteles. Quando Protágoras, um dos mais importantes sofistas, diz que "o homem é a medida de todas as coisas", esse fragmento deve ser entendido não como expressão do relativismo do conheci- mento, mas como exaltação da capacidade de construir a verdade: "o logos não mais é divino, mas decorre do exercício técnico da razão humana”. UNIDADE 1 : A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA E O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 15 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. REFERÊNCIAS: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 15 - 17 e p. 151 - 152.Site Eletrônico: Resumo dos pré-socráticos. Disponível em:<https://www.resumoescolar.com.br/filosofia/resumo-dos-pre- -socraticos/>. Acesso em: 23 out. 2018. SANTOS. Wigvan Junior Pereira dos. Sofistas. Mundo Educação. Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/sofistas. htm>. Acesso em: 18 dez. 2018. A Filosofia como Busca de Conhecimento 2 2.1 Informações, Conhecimento e Sabedoria 2.2 O Processo do Filosofar 2.3 Sócrates 2.4 Platão 2.5 Aristóteles 18 19 20 26 29 UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 18 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 2.1 INFORMAÇÕES, CONHECIMENTO E SABEDORIA "Não é possível aprender qualquer filosofia; [...] só é possível aprender a filosofar." Immanuel Kant Para que você compreenda, desde já, o que programamos para esta aula, saiba que os textos , vídeos e atividades querem atingir os seguintes objetivos: 01_Comparar os conceitos de informação, conhecimento e sabedoria. 02_Reconhecer a reflexão filosófica como radical, rigorosa e holística . 03_Conceituar, ainda que introdutoriamente, filosofia. 04_Delinear os aspectos significativos do pensamento de Sócrates, Platão e Aristóteles. Imagem: Ordem e Caos Fonte: ShutterStock UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 19 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Desde nosso primeiro encontro, já esboçamos a conceituação de filosofia. Vejamos como nosso texto de referência a conceitua etimologicamente . FILOSOFIA: (philos-sophia ) Significa "amor a sabedoria" ou "amizade pelo saber". Pitágoras (séc. VI a.C.), filósofo e matemático grego, teria sido o primeiro a usar o termo filósofo, por não se considerar um "sábio" (sophos), mas apenas alguém que ama e procura a sabedoria. 2.2 O PROCESSO DO FILOSOFAR Depois da leitura (e é muito importante que você leia), há ainda um vídeo de apoio do EJA - Mun- do do Trabalho, do Estado de São Paulo, intitulado "O que é filosofia?", bastante didático e inte- ressante para quem está em busca de conceituar filosofia. Pouco a pouco, você irá compreendendo que o filosofar é um processo, é uma construção contí- nua e, para quem se coloca como empreendedor, é algo fundamental no sentido de compreen- der a sociedade na qual estamos imersos. Como dizem as professoras Maria Helena e Maria Lúcia (2009, p. 19): Tal atitude filosófica pode ser encontrada nos três grandes clássicos que estudaremos agora: 01_SÓCRATES 02_PLATÃO 03_ARISTÓTELES “mais do que um saber, a filosofia é uma atitude diante da vida, tanto no dia a dia como nas situações-limite, que exigem decisões cruciais. Por isso, no seu encontro com a tradição filosófica, é preferível não recebê-la passivamente como um produto, como algo acabado, mas compreendê-la como processo, reflexão crítica e autônoma a respeito da realidade”. UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 20 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 2.3 SÓCRATES Sócrates atuou em Atenas numa época em que a cidade era o centro da vida social, política e cultural da Grécia, o berço da filosofia, como já estudamos. A democracia grega está no auge e desponta a figura do cidadão, uma vez que todos participam do governo e podiam manifestar suas ideias publicamente sobre os rumos que a cidade deveria tomar. Foto: Estátua Sócrates Fonte: ShutterStock UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 21 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Como reflete Marilena Chauí (2012, p. 50-51): para conseguir que a sua opinião fosse aceita nas assembleias, o ci- dadão precisava saber falar e se capaz de persuadir os demais. Com isso, uma mudança profunda ocorreu na educação grega. Antes da instituição da democracia, as cidades eram dominadas pelas famílias aristocráticas, senhoras das terras e do poder militar. Essas famílias, valendo-se dos grandes poetas gregos, Homero, Pín- daro e Hesíodo, criaram um padrão de educação, próprio dos aristo- cratas . Esse padrão afirmava que o homem ideal ou perfeito era o guerreiro belo e bom. [...]. Quando a economia agrária foi sendo suplantada pelo artesanato e pelo comércio, surgiu nas cidades (particularmente em Atenas) uma classe social urbana rica que desejava exercer o poder político, até então privilégio da classe aristocrática. É para responder aos anseios dessa nova classe social que a democracia é instituída. Com ela, o po- der vai sendo retirado dos aristocratas e passando para os cidadãos. Dessa maneira, o antigo ideal educativo ou pedagógico também foi sendo substituído por outro. O ideal da educação da Grécia clássica já não é a formação do jovem guerreiro belo e bom, e sim a formação do bom cidadão. [...]. Os responsáveis por essa nova forma de educação foram os sofistas (estudados no guia anterior), que ensinavam técnicas de como falar bem em público e como persuadir através da oratória. Sócrates se posicionou duramente contra os sofistas: afirmou que não eram filósofos, uma vez que não tinham preocupação com a verdade, apenas com o convencimento. E que essa atitude corrompia a juventude. Sua proposta era que, antes de tentar convencer os outros ou buscar o conhecimento da natureza, cada um buscasse conhecer-se a si mesmo, retomando a frase "co- nhece-te a ti mesmo" que estava gravada na entrada do templo de Apolo, em Delfos. UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 22 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. SOFISTAS: "são os primeiros filósofos do período socrático. Historicamente, há dificuldade para conhecer o pensamento dos grandes sofistas porque não possuímos seus textos. Os sofistas mais importantes foram: Protágoras de Abdera, Górgias de Leontini e Isócrates de Atenas. [...]. Apresentavam-se como mestres de oratória ou de retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadãos. Que era essa arte? A arte da persuasão. Quem escreveu sobre Sócrates foi seu discípulo Platão. Que retrato deixou dele? Responde Marilena Chauí (2012, p. 52): O de um homem que andava pelas ruas e praças de Atenas, pelo mercado e pela as- sembleia indagando a cada um: "Você sabe o que é isso que você está dizendo?"; "Você sabe o que é isso em que você acredita?"; "Você acha que está conhecendo realmente aquilo em que acredita, aquilo em que está pensando, aquilo que está dizendo?". "Você diz", falava Sócrates, "que a coragem é importante, mas o que é coragem?; "Você acre- dita que a justiça é importante, mas o que é a justiça?; "Você diz que ama as coisas e as pessoas belas, mas o que é a beleza?"; "Você crê que seus amigos são a melhor coisa que você tem, mas o que é a amizade? Aqui retomo o início de nossa conversa: Sócrates não está preocupado com o acúmulo de co- nhecimentos, preocupa-se com uma postura diante do saber, com uma atitude, que é a de re- conhecer a própria ignorância, expressa na frase: "Só sei que nada sei" e abrir-se para o conheci-mento. Com isso, colocamo-nos abertos para o saber, dispostos a ir em busca da sabedoria. Pense em você e no seu curso O Empreendedor e a Sociedade: como tem sido sua postura diante dos conhecimentos que lhe são apresentados? Há alunos que apenas se preocupam em acumular conceitos e que não incorporam atitudes para a vida. E a vida é mais importante! UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 23 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Sócrates fazia perguntas sobre as ideias, sobre os valores nos quais os gregos acredi- tavam e que julgavam conhecer. Suas perguntas deixavam os interlocutores embara- çados, irritados, curiosos, pois, quando tentavam responder ao célebre "o que é", des- cobriam, surpresos, que não sabiam responder e que nunca tinham pensado em suas crenças, em seus valores e em suas ideias. Essa postura de Sócrates mexeu com interesses da elite de Atenas. Ele foi submetido a julga- mento e condenado a morrer tomando cicuta (um veneno feito de ervas), como representado no famosa pintura de Jacque Louis David. O comentário do quadro feito por Alain Botton, na obra "As consolações da filosofia" é bas- tante interessante: "Condenado à morte pelo povo de Atenas, Sócrates, rodeado por um grupo de amigos desolados, prepara-se para beber uma taça de cicuta. Na primavera de 399 a.C., três cidadãos atenienses instauraram um processo contra o filósofo. Acusavam-no de não venerar os deuses da cidade, de introduzir inovações religiosas e de corromper os jo- vens de Atenas. A gravidade das acusações era de tal ordem que exigia pena capital" Sócrates reagiu com serenidade absoluta. Apesar de, durante o julgamento, lhe ser dada a opor- tunidade de renunciar às suas ideias, ele preferiu manter-se fiel à busca da verdade a assumir uma conduta capaz de o tornar benquisto entre seus inquisidores. Segundo o relato de Platão, ele desafiou o júri com as seguintes palavras: Charge: 857 – Sócrates 6 Fonte: Carlos Ruas (www.umsabadoqualquer.com) UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 24 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. "Enquanto eu puder respirar e exercer minhas faculdades físicas e mentais, jamais dei- xarei de praticar a filosofia, de elucidar a verdade e de exortar todos que cruzarem meu caminho a buscá-la [...] Portanto, senhores [...] seja eu absolvido ou não, saibam que não alterarei minha conduta, mesmo que tenha de morrer cem vezes." Testemunha silenciosa da injustiça cometida, Platão está sentado ao pé da cama do mestre. A seu lado, uma pena e um rolo de pergaminho. Platão contava 29 anos quando Sócrates foi exe- cutado, mas David o retratou como um ancião circunspecto e grisalho. No corredor ao fundo, carcereiros conduzem Xantipa, a mulher de Sócrates, para fora da cela. Sete amigos apresentam graus variados de consternação. Críton, seu companheiro mais chegado, está sentado a seu lado e contempla o mestre com devoção e preocupação. Mas o filósofo, cujos torso e bíceps são de um atleta, mantém-se ereto e altivo, sem que se perceba qualquer sinal de apreensão ou arrependi- mento. O fato de ter sido acusado de loucura por um grande número de atenienses não abalou suas convicções. David havia planejado pintar Sócrates no ato de beber o veneno, mas o poeta André Chenier sugeriu que o efeito dramático seria bem maior se ele fosse retratado no momento em que ter- minava um argumento filosófico e, ao mesmo tempo, recebia com tranquilidade a taça de cicuta que daria fim à sua vida, simbolizando, dessa forma, tanto um ato de obediência às leis de Atenas como um compromisso de fidelidade à sua missão. Estamos testemunhando os últimos momen- tos edificantes de um ser extraordinário. Figura: A morte De Sócrates. Fonte: ShutterStock UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 25 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i.Lembre-se: importa a atitude de Sócrates, sua postura sempre aberta para o saber e questiona- dora da realidade. Fascinante, não é mesmo?! Se você quiser se aprofundar, nos materiais desta unidade há o texto "A defesa de Sócrates", escri- to por seu discípulo Platão, que relata o julgamento de Sócrates. É um texto fantástico. UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 26 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 2.4 PLATÃO "[No fundo da caverna] não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as sombras." Platão Quantas vezes nos perdemos nas sombras da vida? Quantas vezes nos encontramos como que no fundo da caverna? Agora vamos estudar um filósofo que propôs uma interessante reflexão sobre os questionamentos acima colocados: PLATÃO (428-347 a.C.). E nosso curso "O EMPREENDEDOR E A SOCIEDADE" na modalidade EaD quer estar "antenado" com sua vida, com seus estudos aqui na Doctum, enfim, com a realidade que você está vivendo. Por isso, logo na abertura, vamos à história em quadrinhos que Maurício de Souza fez, tomando por base o Mito da Caverna, de Platão. Foto: Estátua Platão. Fonte: ShutterStock UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 27 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Estamos preparados para o texto de referência, onde veremos: 01_A TEORIA DAS IDEIAS DE PLATÃO 02_ASPECTOS DE SUA VIDA E OBRA 03_A DIALÉTICA PLATÔNICA 04_A TEORIA DE REMINISCÊNCIA Pelas reflexões propostas pelos textos, podemos verificar como o pensamento de Platão é atual. Por isso, estou certo de que vai ajudar na transformação pela educação que você está experimentando. UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 28 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Será que você já consegue dar a resposta que o pensador da charge está se fazendo? Consegue reconhecer que a filosofia está presente no nosso cotidiano? Insisto, a filosofia é para nos libertar, para nos motivar, para levantar questionamentos, aguçar nossa consciência crítica: 01_Qualificar você como empreendedor 02_Melhorar sua forma de compreender a sociedade. Espero que você esteja tendo uma expe- riência feliz. Lembre-se, se tiver alguma dúvida, se quiser fazer algum comentário, estamos a sua disposição: escreva para seu tutor e saiba que pode, a qualquer momento, contar conosco. Vamos, então, para o terceiro pensador que nos propusemos estudar: Aristóteles. UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 29 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 2.5 ARISTÓTELES "Se se deve filosofar, deve-se filosofar, e se não se deve filosofar, deve-se igualmente filosofar; em qualquer caso, portanto, deve-sefilosofar." Aristóteles Quando estudamos filosofia, aos poucos, vamos aprendendo os diversos ramos que pertencem ao saber filosófico: 01_A TEORIA DO CONHECIMENTO 02_A POLÍTICA, 03_A ÉTICA 04_A LÓGICA 05_A METAFÍSICA 06_A ESTÉTICA, enfim, todos esses campos, foram objeto de estudo do filósofo: ARISTÓTELES (384-322 a.C.). De acordo com a doutora em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Cíntia Martins Dias: A influência do pensamento de Aristóteles nos dias de hoje é muito maior do que imaginamos. A nossa forma de compreender o mundo é influenciada pelo pensamento de Aristóteles. A própria forma como estruturamos o nosso raciocínio é profundamente influenciada por Aristóteles, inclusive quando consideramos que estamos tirando uma conclusão. Isso que chamamos hoje de raciocínio lógico tem uma forte influência de Aristóteles. Vamos compreender melhor tudo isso. Para início de conversa, veja o vídeo "Grandes pensadores - Aristóteles", que apresenta o filósofo como o primeiro a sistematizar, isto é, organizar a filosofia ocidental, toda a produção do conhecimento até a sua época. Por isso, ele é considerado o primeiro verdadeiro cientista da história. Foto: Estátua Aristóteles Fonte: Wikipédia UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 30 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Penso que, após o vídeo, você já está preparado para os textos de referência. O primeiro, das professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 154-156) , aborda temas como: 01_A METAFÍSICA 02_A TEORIA DO CONHECIMENTO 03_O CONHECIMENTO PELAS CAUSAS 04_DEUS, COMO O MOTOR MÓVEL 05_SUA CRÍTICA AOS FILÓSOFOS QUE VIERAM ANTES DELE E lembre-se, na modalidade EaD o protagonista do estudo é VOCÊ. Segue uma palavra de estímulo, para que você se dedique ao máximo, aproveitando a oportunidade de utilizar essa ferramenta atual, prática e segura de ensino-aprendizagem. Conte sempre conosco. Estamos aqui a sua disposição, basta contatar o seu tutor. Uma vez mais, Saudações e Bons Estudos. UNIDADE 2 : A FILOSOFIA COMO BUSCA DE CONHECIMENTO 31 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. REFERÊNCIA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 151-152. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2012. O Pensamento de Aristóteles segue influente no mundo contemporâneo. Globo Ciência. Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globociencia/ noticia/2011/10/pensamento-de-aristoteles-segue-influente-no-mundo-con- temporaneo.html>. Acesso em: 15 nov. 2018. PLATÃO. A defesa de Sócrates. Disponível em: <http://www.revistaliteraria. com.br/plataoapologia.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2018. Ciência e Filosofia 3 3.1 O Advento da Modernidade 3.2 A Racionalidade Instrumental 3.3 O Impacto das Novas Tecnologias 34 39 40 UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA 34 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 3.1 O ADVENTO DA MODERNIDADE Espero que você esteja realizando uma feliz trajetória pela aventura que é estudar e se aproximar do conhecimento. É claro que temos vídeos, gráficos e imagens em nosso estudo, mas não esqueça que a leitura é fundamental para que você se desenvolva, não apenas aqui no curso O Empreendedor e a Socie- dade, mas em todo e qualquer componente curricular do seu curso. Tenha certeza, uma transfor- mação pode ocorrer se você se dedicar com afinco aos seus estudos. E há um lema que não canso de repetir: NA EaD O PROTAGONISTA É VOCÊ! Esta 3ª aula é dedicada ao tema Ciência e Filosofia. Iniciamos na compreensão do surgimento da Modernidade, para depois refletir sobre a racionalidade instrumental e o impacto das novas tecnologias. Para aproveitar ao máximo as leituras que faremos sobre a renascença e a filosofia moderna, proponho uma revisão dos conteúdos de história que você estudou no ensino médio, com uma teleaula do Novo Telecurso sobre esse importante período, apresentado como tempo de transformação, que são os dois últimos séculos da Idade Média: 01_O INÍCIO DOS TEMPOS MODERNOS 02_RENASCIMENTO. Muitas vezes, os estudos realizados no ensino médio foram precários e deixaram a desejar. Mas, eles são fundamentais, a verdadeira base sobre a qual podemos construir os demais patamares de nossos conteúdos e ficarmos assim mais aprimorados para uma reflexão mais profunda. UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA 35 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Como você se aprofundará com a leitura do texto de referência das professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 364-369) , houve uma verdadeira revolução científica no século XVII, com a substituição da teoria geocêntrica (a afirmar que a terra era o centro do universo) pela teoria heliocêntrica. A nova teoria não apenas retirou a Terra do centro do Universo, mas também desintegrou uma construção estética que ordenava os espaços e hierarqui- zava o “mundo superior dos Céus” e o “mundo inferior e corruptível da Terra”. Galileu geometrizou o Universo, igualando todos os espaços. Ao descobrir a Via Láctea, contrapôs, a um mundo fechado e finito, a ideia da infinitude do Céu. Essa nova concepção de mundo (aberto e infinito), ao lado do surgimento e desenvolvimento de invenções como a bússola, a prensa, a máquina a vapor, entre outras, “não constituiu uma sim- ples evolução do pensamento científico, mas uma verdadeira ruptura que implicou outra con- cepção de saber”, com características específicas que devem ser estudadas: 01_Racionalismo (e a valorização da razão, com a recusa do dogmatismo); 02_Saber ativo (oposto ao contemplativo e fruto da experiência) e 03_Método (palavra grega que significa caminho) e é entendida como “conjunto ordenado de regras e procedimentos que devem ser seguidos na investigação científica para se chegar ao conhecimento e à verdade” . No texto de referência 1 você poderá aprofundar esses conceitos, e é fun- damental que você se dedique dili- gentemente na leitura deles. Você vai se encontrar com Galileu Galilei, da foto ao lado , (1564 – 1642) e como ele se constituiu em um dos expoentes dos novos tempos. Pintura: Retrato de Galileu Galilei por Justus Sustermans Fonte: Wikipédia UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA 36 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Você também está convidado a refletir com o texto do angolano Pedro de Castro Maria, com o título Ciência, modernidade e pór-modernidade. Como explica o autor, “este artigo, estruturado em quatro secções, propõe uma análise sobre a pertinência ou não da contribuição da ciência e da tecnologia (componente aplicada da ciência) na construção de um mundo em que a realização plena da humanidade seja um fato”. UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA 37 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã oe o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. FILOSOFIA MODERNA Falar em Modernidade nos remete a frase "penso, logo existo", de René Descartes, considera- do o "pai da filosofia moderna". Uma das características desse período é a investigação sobre a possibilidade do conhecimento. Em outras palavras, os pensadores se perguntam: "como é pos- sível conhecer a verdade?". Então, a preocupação é com o método do conhecimento, encontrar um caminho seguro para chegar à verdade. Descartes realizou o seguinte trajeto: como primeiro passo, colocou tudo em dúvida, ou seja, duvidou de tudo o que julgava conhecer. É a chamada dúvida metódica. E apenas deixa de duvidar quando se deparou com seu próprio ser que estava levantando as dúvidas. Assim, chegou ao primeiro princípio de sua filosofia: PENSO, LOGO EXISTO . Vejamos essa passa- gem, em seu livro, Discurso do método : [...] enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessaria- mente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade eu penso, logo existo era tão firme e tão certa que todas as mais extravagan- tes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da filosofia que procura- va (DESCARTES, 1973, p. 54). Charge: Penso Logo Existo Fonte: Quadrinhos à La Carte por Julio Vett UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA 38 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. A partir disso, inaugura-se uma nova etapa na história da filosofia que terá em seu centro o en- tendimento, o intelecto, a valorização da RAZÃO. Decorrente disso, os pensadores focam suas reflexões em torno do sujeito que é capaz de conhecer. Segundo as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 168) , As soluções apresentadas a esse problema deram origem a duas correntes filosóficas, uma com ênfase na razão, outra nos sentidos. 01_RACIONALISMO engloba as doutrinas que enfatizam o papel da razão no processo do conhecimento. Na Idade Moderna destacam-se como racionalistas: René Descartes - seu principal representante- , Espinosa e Leibniz. 02_EMPIRISMO (do grego empeiría, "experiência") é a tendência filosófica que enfatiza o papel da experiência sensível no processo do conhecimento. Destacam-se no período moderno: Francis Bacon, John Locke, David Hume e George Berkeley. Tais autores estão presentes no texto de referência agora proposto, preparado pela filósofa e edu- cadora Heidi Strecker, e aborda o renascimento, passando pelo racionalismo clássico e o empiris- mo. A parte final do texto é sobre o iluminismo que ainda estudaremos no futuro. É bastante material para você se divertir na aventura de estudar filosofia. UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA 39 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 3.2 A RACIONALIDADE INSTRUMENTAL Max Weber (1864-1920), um importante pensador que ainda estudaremos mais detidamente, introduziu o conceito de “racionalização” para refletir sobre o processo de desenvolvimento da sociedade de sua época, na qual a razão foi exaltada como a luz capaz de esclarecer (iluminar) a humanidade, fazendo com que as ações humanas fossem cada vez mais planejadas, calculadas, racionalizadas. Pensadores como Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin e Herbert Marcuse, esses os mais destacados entre outros, fundaram em 1923, em Frankfurt, o Instituto para Pesquisa So- cial, que logo ficou conhecido por Escola de Frankfurt. Como você se aprofundará no texto de referência 2 , as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 199) explicam que: Na obra Eclipse da razão, Horkheimer distingue dois tipos de razão: a cognitiva e a instrumental. A primeira, como o nome diz, é a que busca conhecer a verdade, enquanto a razão instrumental é a ope- racional, aquela que visa a agir sobre a natureza e transformá-la. No entanto, no capitalismo, com o desenvolvimento das ciências aplicadas à técnica – que permitiu o progresso da tecnologia a pa- tamares jamais vistos –, a razão instrumental tomou tal vulto que se sobrepôs à razão cognitiva. UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA 40 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 3.3 O IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS Durante toda essa aula viemos refletindo como ocorreram grandes transformações no modo do ser humano conceber a realidade, bem como no seu jeito de viver. Sem dúvida, vivemos em nossos tempos uma transição também profundamente transformado- ra, com o surgimento de novas tecnologias que trouxeram novas formas de agir, novos tipos de ocupação, novas modos de se relacionar. Como refletem Karen Kohn e Cláudia Herte de Moraes (cujo texto de referência 3 está nos ma- teriais desta aula), houve uma valorização do “conhecimento; a riqueza dos países passou a ser medida pelo acesso à tecnologia e sua capacidade de desenvolvimento na área; a informação e as práticas relacionadas a ela se tornaram o principal setor da economia”. UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA 41 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Por fim, chegamos a seguinte conclusão: Slogans comerciais já diziam: o futuro é agora. Há pouco tempo, se via a tec- nologia como algo de outro mundo, ou algo ainda distante da realidade. O ciclo de implantação de novas tecnologias é cada vez mais acelerado, com mudanças importantes num curto espaço de tempo. De Sociedade Indus- trial passou-se rapidamente para Era da Tecnologia e mais rápido ainda já se vive na Era Digital. Por meio da técnica se fez o homem, se fez a sociedade, o modo de agir, pensar, se relacionar, o fazer de todas as práticas humanas. A tecnologia permite que os novos dispositivos se implantem definitivamente no cotidiano social. Quem hoje abdica de ser encontrado a qualquer hora e em qualquer lugar (isto é, de possuir um telefone celular)? Todos os dispositi- vos fazem parte de um complexo social em que são formatados e formatam a cultura. A Internet se tornou um instrumento prático e barato, alterando diversas funções e criando outras, principalmente no novo mercado de tra- balho que se originou com novas práticas ligadas ao campo da tecnologia, informática e do conhecimento. Castells (1999) define bem esse processo di- zendo que se encerrou uma revolução tecnológica, com base na informação que transformou o pensar, o produzir, o negociar, o comunicar, viver, morrer, fazer guerra e fazer amor; demonstrando configurações monumentais que se procederam e influenciaram a Era da Informação e do Digital, institucio- nalizando o que é a sociedade, hoje. A transição de paradigmas inerentes às novas configurações sociais na Sociedade Digital move diferentes teses, como expostas neste texto, demonstrando o alto grau de impacto também na área científica, não apenas nas questões tecnológicas, mas essencialmen- te nas Ciências Sociais. É impossível não ver os benefícios que as novas tecno- logias trouxeram para a vida as pessoas, mas sua prepotência lúdica esconde bichos-de-sete-cabeças. É preciso tomar cuidado para não ser engolido por eles, por mais que pareçam amistosos. Encerra-se com uma frase de Carlos Vogt,que se intitula Cacofonia Social: “com a globalização, dá-se aos pobres a exclusão, acima dos médios a inclusão e destes – se ricos – a reclusão” (KOHN; MORAES, 2007, p. 11-12). UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA 42 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. REFERÊNCIA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 364-369. DESCARTES. René. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultural, 1973. EMPIRISMO. Plataforma Anísio Teixeira. Secretaria da Educação, Bahia, 2017. Disponível em: <http://ambiente.educacao.ba.gov.br/conteudos-digitais/con- teudo/exibir/id/3001>. Acesso em: 17 dez. 2018. LEOPOLDO e SILVA, Franklin. Conhecimento e razão instrumental. Psicolo- gia USP, São Paulo, v.8, n.1, p.11-31, 1997. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65641997000100002>. Acesso em: 17 dez. 2018. KOHN, Karen; MORAES, Cláudia Herte de (Universidade Federal de Santa Ma- ria). O impacto das novas tecnologias na sociedade: conceitos e caracterís- ticas da Sociedade da Informação e da Sociedade Digital. Intercom – Socie- dade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Santos, 29 de agosto a 2 de setembro de 2007. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/no- vas_tecnologias_na_sociedade.pdf>. Acesso em: 18 dez 2018. MARIA, Pedro de Castro. Ciência, modernidade e pós-modernidade. Revista Angolana de Sociologia [Online], 12 | 2013. Disponível em: <http://journals.ope- nedition.org/ras/732>. Acesso em: 17 dez. 2018. Michaelis – Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Melhoramentos, 2018. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 17 dez. 2018. UNIDADE 3 : CIÊNCIA E FILOSOFIA 43 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. RACIONALISMO. Plataforma Anísio Teixeira. Secretaria da Educação, Bahia, 2017. Disponível em: <http://pat.educacao.ba.gov.br/conteudos-digitais/con- teudo/exibir/id/3027>. Acesso em: 17 dez. 2018. STRECKER, Heidi. Filosofia moderna (1) - Pensadores da Modernidade. Edu- cação – UOL. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/ filosofia-moderna-1-conheca-os-maiores-filosofos-dos-seculos-16-a-18.htm>. Acesso em: 17 dez. 2018. STRECKER, Heidi. Filosofia moderna (2) - A razão: do Renascimento ao Ilu- minismo. Educação – UOL. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/dis- ciplinas/filosofia/filosofia-moderna-2-a-razao-do-renascimento-ao-iluminis- mo.htm>. Acesso em: 17 dez. 2018. Saber e Linguagem 4 4.1 Saber 4.2 Linguagem 46 49 UNIDADE 4 : SABER E LINGUAGEM 46 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 4.1 SABER "Nossa necessidade de conhecer não é justamente essa necessidade do conhecido, a vontade de [...] descobrir algo que não mais nos inquiete?" Nietzsche Caro empreendedor(a), amigo(a) companheiro(a) de aventura, chamo você assim, porque é uma grande aventura a trajetória que estamos fazendo na busca do conhecimento. Quantas vezes nós nos perguntamos qual a utilidade do que estamos estudando? Outras tantas vezes, por não diferenciar as formas de conhecimento, somos levados ao erro, che- gamos a conclusões equivocadas, enfim, nos damos mal. Como nosso objetivo final aqui é sermos transformados pela educação, vamos em busca de apri- morar e organizar nossa "necessidade do conhecido", essa "vontade de descobrir algo que não mais nos inquiete", de que fala Nietzsche. Para não ficarmos depois da aula como o Calvin. Na sua construção de pessoa empreendedora, inserida de forma consciente na sociedade, é por demais relevante refletir sobre o saber e sobre a linguagem, os dois títulos desta aula. Charge: O Melhor de Calvin Fonte: Bill Watterson UNIDADE 4 : SABER E LINGUAGEM 47 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Na mesma linha do que vimos na animação, temos o texto de referência proposto, do profes- sor Wilson Correia , onde veremos como não há um critério para dizer que um conhecimento é melhor, maior ou mais importante que outro, mas que "devem ser vistos numa perspectiva de complementaridade, interdisciplinaridade e até de transdisciplinaridade". Nesse texto você verá: 01_O que é conhecer 02_A relação entre conhecer e pensar 03_Os diversos tipos de conhecimentos e saberes: o saber da vida, os conhecimentos mítico, te- ológico, filosófico, científico, técnico e o saber das artes. ATITUDE FILOSÓFICA: INDAGAR Como nosso componente curricular tem uma forte ligação com a FILOSOFIA, vamos apresentar algumas características próprias da atitude filosófica, segundo a professora Marilena Chauí (2012, p. 24) : 01_Perguntar O QUE É (uma coisa, um valor, uma ideia, um comportamen- to). Ou seja, a filosofia pergunta qual é a realidade e qual é a significação de algo, não importa o quê; 02_Perguntar COMO É (uma coisa, um valor, uma ideia, um comportamento). Ou seja, a filosofia indaga como é a estrutura ou o sistema de relações que constitui a realidade de algo; 03_Perguntar POR QUE É (uma coisa, um valor, uma ideia, um comportamento). Ou seja, por que algo existe, qual é a origem ou a causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor, de um comportamento. UNIDADE 4 : SABER E LINGUAGEM 48 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que mantemos com ele. Pouco a pouco, descobre que essas questões pressupõem a figura daquele que interroga e que elas exigem que seja explicada a tendência do ser humano a interrogar o mundo e a si mesmo com o desejo de conhecê-lo e conhecer-se. Em outras palavras, a filosofia compreende que precisa conhecer nossa capacidade de conhecer, que precisa pensar sobre nossa capacidade de pensar. Por isso, pouco a pouco, as perguntas da filosofia se dirigem ao próprio pensamento: "O que é pensar?", "Como é pensar?", "Por que há o pensar?". A filosofia torna-se, então, o pensamento interrogando-se a si mesmo. Por ser uma volta que o pensamento realiza sobre si mesmo, a filosofia se realiza como reflexão, ou, seguindo o oráculo de Delfos [que vimos ao estudar Sócrates], busca realizar o "CONHECE-TE A TI MESMO" Há muitos cursos na faculdade que possuem uma dimensão fortemente científica, ou seja, um conhecimento produzido a partir da investigação da realidade, mediante experimentos ou por meio do "entendimento lógico de fatos, fenômenos, relações, coisas, seres e acontecimentos que ocorrem na realidade cósmica, humana e natural. Trata-se de um conhecimento que é sistemático, metódico e que não é realizado de maneira espontânea, intuitiva, baseada na fé ou simplesmente na lógica racional". Por conta disso, segue o vídeo do Prof. Dr. Ivan Claudio Guedes que aborda a temática do conhecimento científico em contraponto com o senso comum e o senso crítico. Charge: Mafaldapor Quino Fonte: Arquivos Google UNIDADE 4 : SABER E LINGUAGEM 49 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 4.2 LINGUAGEM Como nos ensinam as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (2009, p. 55), “a linguagem é um instrumento que nos permite pensar e comunicar o pensamento, estabelecer diálogos com nossos semelhantes e dar sentido à realidade que nos cerca”. Assim, refletir sobre esse tema é de fundamental relevância para quem se coloca em uma atitude empreendedora, como você. No texto de referência, você terá oportunidade de estudar os seguintes aspectos: 01_O QUE É UMA LINGUAGEM (com a análise da estrutura da linguagem, os tipos de signos e a construção da significação) 02_OS TIPOS DE LINGUAGEM 03_A LINGUAGEM VERBAL 04_AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM 05_UMA REFLEXÃO SOBRE LINGUAGEM, PENSAMENTO E CULTURA Como sempre digo em meus próprios vídeos no início das aulas, não podemos ficar apenas nos vídeos, é importante ler os textos e realizar as atividades propostas. UNIDADE 4 : SABER E LINGUAGEM 50 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. REFERÊNCIA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 54 - 63. BACHA, Maria de Lourdes. A natureza do conhecimento científico em Ad- ministração. Pensamento & Realidade . Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração - FEA/PUC-SP, ano IV, n. 8, 2001, p. 48 - 68. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/pensamentorealidade/article/ view/8535/6339>. Acesso em: 19 dez. 2018. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2012. CORREIA, Wilson. Os diversos tipos de conhecimento. Disponível em: <http://br.monografias.com/trabalhos913/diversos-tipos-conhecimento/di- versos-tipos-conhecimento.shtml>. Acesso em: 13 dez. 2016. Michaelis – Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Melhoramentos, 2018. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 17 dez. 2018. Ética e Moral 5 5.1 Conceituação de Ética e Moral 5.2 Problemas éticos do mundo contemporâneo 5.3 A Ética na Administração de Empresas 52 56 57 UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL 52 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 5.1 CONCEITUAÇÃO DE ÉTICA E MORAL "Age de tal maneira que trates a humanidade [...] sempre como um fim e nunca como um meio." Kant Amigo(a) estudante, é inegável que o tema da ética está em alta. Pode ser que muitos não tenham atitudes éticas, mas muito se fala de ética. Os políticos, quase que em sua totalidade, em seus discursos falam e falam sobre ética. Entretanto, os índices de corrupção na política brasileira fazem confundir o noticiário político com o noticiário policial. Ora, que é ética? Existe diferença entre ética e moral? Por que a filosofia se ocupa desse tema? Essas e outras indagações fazem parte dessa aula que tem como objetivos de aprendizagem: caracterizar ética e moral, relacionando-as; compreender o caráter histórico e social da moral; refletir sobre a liberdade do sujeito moral e sobre a ética do cotidiano; e reconhecer a importância da Ética no mundo corporativo. UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL 53 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. ÉTICA OU FILOSOFIA MORAL Uma das questões proposta para o estudo dessa aula é se existe diferença entre ética e moral. Você terá oportunidade de aprofundar o tema com a leitura do texto de referência, mas, por agora, vejamos como a professora Marilena Chauí (2012, p. 386) apresenta essa questão: Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido e à conduta correta e à incorreta, válidos para todos os seus membros. Culturas e sociedades fortemente hierarquizadas e com diferenças de castas ou de classes muito profundas podem até mesmo possuir várias morais, cada uma delas referidas aos valores de uma casta ou de uma classe social. No entanto, a simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais. [...] Como as próprias palavras indicam, ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros. A filosofia moral ou a disciplina denominada a ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes. A filosofia moral ou a ética nasce quando, além das questões sobre os costumes, também se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral e a consciência moral individuais. UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL 54 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. No entanto, há na língua grega outra palavra que, ao ser transliterada para o português, se escreve da mesma maneira que a palavra que significa 'costume' (éthos). ÉTHOS: 01_ESCRITA COM A VOGAL LONGA (ETA), SIGNIFICA 'COSTUME'; 02_ESCRITA COM A VOGAL BREVE (EPSÍLON), SIGNIFICA 'CARÁTER', 'ÍNDOLE NATURAL', 'CONJUNTO DAS DISPOSIÇÕES FÍSICAS E PSÍQUICAS DE UMA PESSOA' (CHAUÍ, 2014, p. 263). No texto de referência, as professoras Maria Lúcia e Maria Helena (p. 212-219) fazem uma apresentação bastante didática sobre temas que são fundamentais para que a reflexão e a discussão sobre ética e moral não caia no senso comum. Elas iniciam diferenciando moral e ética, para depois apresentar o caráter histórico e social da moral e fazer uma reflexão sobre a liberdade do sujeito moral. Na sequência, refletem sobre temas interessantes e bem próximos de você: 01_DEVER E LIBERDADE 02_DESEJO E VONTADE 03_ÉTICA APLICADA 04_IMPORTÂNCIA DE APRENDER A CONVIVER. ÉTICA: deriva do grego: éthos MORAL: deriva do latim: mos, moris MORAL E ÉTICA: conjunto de costumes de uma sociedade, considerados como valores e obrigações para seus membros. UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL 55 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Nossa consciência moral é o 'inquilino' da charge e a sociedade, como um todo, precisa cada vez mais dar ouvidos a 'esse inquilino que a gente tem aqui dentro'. Para quem se coloca diante da sociedade com uma atitude empreendedora, ele deve servir para seu aprimoramento pessoal e profissional, com um olhar voltado para que o seu redor, desde sua família à sociedade onde você vive e atua - que o mundo possa ser melhor e que a reflexão sobre ética nos auxilie nessa tarefa de melhorar o mundo em torno de nós. Agora, temos o vídeo do interessante programa Café Filosófico/CPFL, da TV Cultura, com os professores Clóvis de Barros Filho e Mário Sérgio Cortella abordando o tema da ética no cotidiano. Charge: Quino UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL 56M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 5.2 PROBLEMAS ÉTICOS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO O debate sobre a ética no cotidiano com os professores Clóvis de Barros Filho e Mário Sérgio Cortella que acompanhamos em vídeo já nos traz muitos elementos de reflexão sobre os problemas éticos do mundo contemporâneo. Quero convidá-lo a ler o texto, bastante profundo e com uma bibliografia muito expressiva, do Prof. Yves de La Taille, com o título "Moral e ética no mundo contemporâneo". UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL 57 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 5.3 A ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Prezado estudante, após a trajetória que fizemos até aqui, de modo particular nas primeiras partes dessa aula, na qual refletimos sobre a ética e seus princípios fundamentais, chegou o momento de voltar nosso olhar para a ética nas organizações. Acompanhando a reflexão de Lattas e Silva Júnior (2005), verifica-se que: "Nas relações empresariais atuais tem-se a identificação de que a ética pode ser considerada uma essência de sucesso para as organizações modernas. Esta essência apresenta-se por meio das ações entre agentes empresariais, como por exemplo, clientes, fornecedores, concorrentes e entre os próprios colaboradores da empresa. O agir com ética, nesse contexto, significa agir de acordo com determinadas regras e preceitos. Porém verifica-se que muitas empresas divulgam regras, ou até mesmo códigos de ética, mas não os cumprem. Com isso observa-se a dificuldade de se coordenar o discurso com a prática diária. Mas como se po- dem disseminar tais valores e ao mesmo tempo obter sua aplicação? Como gerenciar os mais diversos interesses dos colaboradores levando-se em con- sideração a importância da ética?" Charge: Terceirização por Bruno Galvão Fonte: Humor Político UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL 58 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Essas questões devem fazer parte de seu repertório de indagações para que este estudo não fique apenas nas palavras, como quem diz: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Uma empresa que tenha definido sua missão, sua visão e seus valores, mas não pauta suas ações norteadas por eles está cometendo o mesmo equívoco . Como prosseguem Lattas e Silva Júnior (2005), “a motivação para este estudo fundamenta-se na premissa de que a ética, entendida como a ciência dos costumes ou dos atos humanos, passa a ser uma questão de sobrevivência para organizações submetidas a pressões constantes, nos setores mais dinâmicos da empresa”. Percebe-se que, continuam os autores (2005), "A ética nas organizações não se caracteriza como valores abstratos nem alheios aos que vigoram na sociedade; ao contrário, as pessoas que as constituem, sendo sujeitos históricos e sociais, levam para elas as mesmas crenças e princípios que aprenderam enquanto membros da sociedade. Normalmente, o mundo de uma organização é permeado por conflitos, por choques entre interesses individuais e, muitas vezes, entre esses e os da própria organização, de modo que a ética servirá para regular essas relações, colocando limites e parâmetros a serem seguidos." UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL 59 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Nesta aula você está refletindo sobre ética nas organizações, tendo em vista a leitura e o estudo do Código de Ética dos Profissionais em Administração (aprovado pela resolução normativa, do Conselho Federal de Administração (CFA) nº 393, de 6 de dezembro de 2010), e que faz parte dos materiais desse módulo. É um texto longo, porém sua leitura e estudo são fundamentais para sua formação e para que os valores éticos aqui estudados e que tanto defendemos não sejam letra morta. Saudações e Bons Estudos. UNIDADE 5 : ÉTICA E MORAL 60 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. REFERÊNCIA: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 212 - 220. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2012. _______. Iniciação à filosofia. 2. ed. São Paulo: Ática, 2014. CONSELHO Federal de Administração. Resolução Normativa nº 393, de 6 de dezembro de 2010. Código de Ética dos Profissionais em Administração. Disponível em: <http://www.crars.org.br/arquivos/codigo_etica.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2018. LATTAS, Maria Virgínia; SILVA JÚNIOR, Walter José. Algumas reflexões sobre ética nas organizações. Revista Organizações em Contexto, v. 1, n. 2, p. 9-24, 2005. Disponível em: <https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index. php/OC/article/viewFile/1250/1265>. Acesso em: 19 dez. 2018. Introdução Geral à Sociologia 6 6.1 O surgimento da Sociologia como Ciência Autônoma 6.2 O Positivismo e sua Influência nas Ciências Modernas 62 68 UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA 62 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 6.1 O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA AUTÔNOMA Tenho quase certeza que você já se perguntou: - Por que o ser humano é assim? E também, imagine a cena de dois tipos de festa: um baile vitoriano do século XIX e uma festa rave no século XXI. Foto: Rave Xxxperience BH por Cid Costa Neto Fonte: Wikipédia - Quanta mudança, não é mesmo? - Como e por que as sociedades mudam? Pois é, a Sociologia surgiu justamente para dar respostas científicas a esse tipo de pergunta. Nesta aula, vamos buscar entender o contexto histórico que levou ao nascimento da Sociologia como ciência. A Sociologia como ciência que analisa a sociedade (consolidada apenas no século XIX) é fruto de todo o conhecimento desenvolvido sobre a natureza e a sociedade a partir do século XV. O mundo na época passava por várias transformações que não podem ser entendidas de forma isolada, visto que estão ligadas umas as outras, são elas: 01_EXPANSÃO MARÍTIMA UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA 63 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. 02_COMÉRCIO ULTRAMARINO 03_FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS 04_REFORMA PROTESTANTE 05_DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS E DA TECNOLOGIAS 06_ANTROPOCENTRISMO EXPANSÃO MARÍTIMA A partir do século XV, sob a liderança de portugueses e espanhóis, os europeus começam um processo de intensa globalização, a chamada Expansão Marítima. Este fato também ficou conhecido como as Grandes Navegações e tinha como principais objetivos: 01_OBTENÇÃO DE RIQUEZAS (atividades comerciais) tanto pela exploração da terra (minerais e vegetais) quanto pela submissão de outros seres humanos ao trabalho escravo (indígenas e africanos). 02_PRETENSÃO DEEXPANSÃO TERRITORIAL. 03_DIFUSÃO DO CRISTIANISMO (CATOLICISMO) PARA OUTRAS CIVILIZAÇÕES 04_DESEJO DE AVENTURA e pela tentativa de superar os perigos do mar (real e imaginário). COMÉRCIO ULTRAMARINO A expansão ultramarina Européia deu início ao processo da Revolução Comercial, que caracterizou os séculos XV, XVI e XVII. Através das Grandes Navegações, pela primeira vez na história, o mundo seria totalmente interligado. Somente então é possível falar-se em uma história em escala mundial. A Revolução Comercial, graças a acumulação primitiva de Capital que propiciou, preparou o começo da Revolução Industrial a partir da segunda metade do século XVIII. Apenas os Estados efetivamente centralizados tinham condições de levar adiante tal empreendimento, dada a necessidade de um grande investimento e principalmente de uma figura que atuasse como coordenador – no caso, o Rei que: 01_FAZIA O ACÚMULO PRÉVIO DE CAPITAIS, pela cobrança direta de impostos. 02_DISCIPLINAVA OS INVESTIMENTOS DA BURGUESIA, canalizando-os para esse grande empreendimento de caráter estatal. UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA 64 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Ou seja, do Estado, que se tornou um instrumento de riqueza e poder para as monarquias absolutas FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS Que "aconteceu no período da história européia compreendido na Baixa Idade Média (Séculos XI a XIV), onde após a fracassada pretensão da Igreja de Roma de unificar o continente sob sua batuta, os diferentes povos europeus começaram a unir-se em torno de um grande líder, que fosse mais forte que os líderes regionais para unificar as diferentes e fragmentadas regiões que formavam a 'colcha de retalhos' que era o mapa europeu da época. Com essa nova configuração sócio-política, os reis passaram a assumir um perfil próximo ao do absolutismo, que teve seu auge com Luís XIV (o autor da famosa frase "o Estado sou eu"), e através desta força do monarca, subjugando os líderes locais é que o Estado Nacional moderno como conhecemos hoje pôde surgir". REFORMA PROTESTANTE A Reforma Protestante foi apenas uma das inúmeras Reformas Religiosas ocorridas após a Idade Média e que tinham como base: 01_CUNHO RELIGIOSO 02_INSATISFAÇÃO COM AS ATITUDES DA IGREJA CATÓLICA e seu distanciamento com relação aos princípios primordiais. 03_A IGREJA CONDENAVA A ACUMULAÇÃO DE CAPITAIS (embora ela mesmo fizesse) 04_SISTEMA FEUDALISTA ESTAVA DANDO LUGAR ÀS MONARQUIAS NACIONAIS, no qual colocam a Nação e o rei acima dos poderes da Igreja. Durante a Idade Média a Igreja Católica se tornou muito mais poderosa, interferindo nas decisões políticas e juntando altas somas em dinheiro e terras apoiada pelo sistema feudalista. Desta forma, ela se distanciava de seus ensinamentos e caía em contradição, chegando mesmo a vender indulgências (perdão dos pecados aos cristãos). A IGREJA PREGAVA QUE QUALQUER CRISTÃO PODERIA COMPRAR O PERDÃO POR SEUS PECADOS Desta forma, Martinho Lutero, monge agostiniano da região da saxônia, deflagrou a Reforma UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA 65 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Protestante ao discordar publicamente da prática de venda de indulgências pelo Papa Leão X. Leão X (1478-1521) com o intuito de terminar a construção da Basílica de São Pedro determinou a venda de indulgências (perdão dos pecados) a todos os cristãos. Lutero, que foi completamente contra, protestou com 95 proposições que afixou na porta da igreja onde era mestre e pregador. Em suas proposições condenava a prática vergonhosa do pagamento de indulgências, o que fez com que Leão X exigisse dele uma retratação pelo ato. O que nunca foi conseguido. Leão X então, excomungou Lutero que em mais uma manifestação de protesto, rasgou a Bula Papal (documento da excomunhão), queimando-a em público. Então, enquanto Lutero era acolhido por seu protetor, o príncipe Frederico da Saxônia, diversos nobres alemães se aproveitaram da situação como uma oportunidade para tomar os inúmeros bens que a igreja possuía na região. Assim, três revoltas eclodiram: uma em 1522 quando os cavaleiros do império atacaram diversos principados eclesiásticos afim de ganhar terras e poder; outra em 1523, quando a nobreza católica reagiu; e, uma em 1524, quando os camponeses aproveitando-se da situação começaram a lutar pelo fim da servidão e pelas igualdades de condições. Mas esta última também foi rechaçada por uma união entre os católicos, protestantes, burgueses e padres que se sentiram ameaçados e exterminaram mais de 100 mil camponeses. O maior destaque da revolta camponesa na rebelião de 1524 foi Thomas Münzer, suas idéias dariam início ao movimento “anabatista”, uma nova igreja ainda mais radical que a luterana. (Info Escola. Acesso em: 20 dez. 2018). O DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS E DAS TECNOLOGIAS [ SAIBA MAIS ] O ANTROPOCENTRISMO [ SAIBA MAIS ] UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA 66 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Em meio a todas essas transformações, foi o empenho para explicar os acontecimentos sociais de forma científica, sem os moldes dos mitos, da religião ou por ideias abstratas, que deu origem à Sociologia, no século XIX. As transformações iniciadas na passagem da Idade Média para a Idade Moderna geraram rupturas nas estruturas que sustentavam a sociedade europeia como pode perceber. Essas rupturas, quando acontecem de forma intensa podem ser chamadas de revoluções. Nos séc. XVIII e XIX ocorreram duas que tiveram impacto decisivo na criação da Sociologia. Vamos a elas: 01_A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - Grã Bretanha, final do século XVIII: 02_A REVOLUÇÃO FRANCESA - Paris, 1789: "A Revolução Francesa de 1789 marcou o triunfo das ideias e dos valores seculares, como liberdade e igualdade, sobre a ordem tradicional. Foi o começo de uma poderosa e dinâmica força que desde então tem se espalhado ao redor do globo e se tornado um artigo básico do mundo moderno" (GIDDENS, 2005, p. 27). Dá para compreender que o mundo na época passou por grandes transformações. Devemos ter em conta quanta mudança aconteceu a partir do novo modo de produção da riqueza, com a presença da máquina a vapor e a substituição do trabalho manual pelo trabalho mecânico. Temos mudanças também por parte de muitos pensadores a refletir sobre as novas formas de organização política. Já no século XIX, temos o advento de novas fontes de energia como o petróleo e a eletricidade, além do incremento vertiginoso da produção industrial. Como afirma Giddens (2005, p. 27-28): Isso mudou dramaticamente a face do mundo social, incluindo muito de nossos hábitos UNIDADE 6 : INTRODUÇÃO GERAL À SOCIOLOGIA 67 M at er ia l p ar a u so e xc lu si vo d os a lu n os d a R ed e d e E n si n o D oc tu m . P ro ib id a a re p ro d u çã o e o co m p ar ti lh am en to d ig it al , s ob a s p en as d a le i. Os tipos de questões que esses pensadores do século XIX buscavam responder - O que é a natureza humana? Por que a sociedade é estruturada da forma que é? Como e por que as sociedades mudam? - são as mesmas questões que os sociólogos tentam responder hoje em dia. E foram essas questões que deram origem à Sociologia como ciência. Percebeu?! A Sociologia está mais perto do que você imaginava, não é mesmo?
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