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EBOOK GORDURA TRANS

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NOTA TÉCNICA
CONJUNTA DA
Asbran / CFN
01/2019
ÍN
D
IC
E RESTRIÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS TRANS ................................................................................. 2CARACTERIZAÇÃO E USO DE ÁCIDOS GRAXOS TRANS .......................................................... 3
PANORAMA INTERNACIONAL ........................................................................................................ 5
PANORAMA NACIONAL ................................................................................................................... 10
CENÁRIO REGULATÓRIO NA REGIÃO E NO MUNDO ............................................................... 14
CENÁRIO REGULATÓRIO NO BRASIL ........................................................................................... 17
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 23
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 24
SIGLAS
%VD: Percentual dos Valores Diários 
ABIA: Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação
AGT: Ácidos graxos trans 
AGTI: Ácidos graxos trans industriais 
AGTR: Ácidos graxos trans de ruminantes
Anvisa: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AP: Audiência Pública 
Asbran: Associação Brasileira de Nutrição
CCJC: Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania 
CDEICS: Comissão de Desenvolvimento Econômico, 
Indústria, Comércio e Serviço
CFN: Conselho Federal de Nutricionistas
DCNT: Doenças crônicas não transmissíveis
DCV: Doenças cardiovasculares
GGALI: Gerência-Geral de Alimentos
INC: Informação nutricional complementar 
MS: Ministério da Saúde
NUPPRE: Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de 
Refeições
OCDE: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento 
Econômico
ODS: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
OGPH: Óleos e gorduras parcialmente hidrogenados 
OMS: Organização Mundial da Saúde
ONU: Organização das Nações Unidas
OPAS: Organização Pan-Americana da Saúde
PIB: Produto Interno Bruto
PNAE: Programa Nacional de Alimentação Escolar
POF: Pesquisa de Orçamentos Familiares
PL: Projeto de Lei
PLS: Projeto de Lei do Senado Federal 
UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina 
UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro 
VET: Valor Energético Total
Considerando as robustas evidências científicas a respeito dos impactos negativos 
à saúde relativos ao consumo de ácidos graxos trans industriais (AGTI), as reco-
mendações dos organismos internacionais sobre a eliminação desta substância do 
sistema alimentar até 2023, o esforço de 30 países em todo globo em restringir 
seu uso, a determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 
priorizar o tema na agenda regulatória de 2019 e as manifestações da sociedade 
civil e de universidades brasileiras, reforçando a necessidade de regulação dos 
AGTI, a Associação Brasileira de Nutrição (Asbran) e o Conselho Federal de 
Nutricionistas (CFN) divulgam o seu posicionamento técnico-científico com o 
objetivo de contribuir para a escolha da mais efetiva opção regulatória para restri-
ção dos AGTI no Brasil:
RESTRIÇÃO DOS
ÁCIDOS GRAXOS TRANS
NO BRASIL
Adoção de um modelo 
híbrido de restrição dos 
ácidos graxos (gordura) 
trans industriais que con-
temple:
Limite de 2% de ácidos graxos 
trans industriais sobre o total 
de gorduras em todos os 
alimentos, óleos e gorduras des-
tinados ao consumidor final e 
aos serviços de alimentação e;
Banimento da produção de 
óleos e gorduras parcialmente 
hidrogenados (OGPH) e seu 
uso em todos os alimentos.
2
CARACTERIZAÇÃO
E USO DE ÁCIDOS
GRAXOS TRANS
Os ácidos graxos trans (AGT) são ácidos graxos insatu-
rados que apresentam pelo menos uma ligação dupla 
carbono-carbono na configuração trans. A obtenção do 
AGT industrialmente acontece, principalmente, pela 
hidrogenação parcial de óleos vegetais e de peixes, mas 
eles também são encontrados, em pequenas quantida-
des, de forma natural, na carne e produtos lácteos de 
animais ruminantes (por exemplo, gado bovino, ovelhas, 
cabras, camelos). A Figura 1 resume as características 
dos AGT relativas à origem, métodos de obtenção e suas 
principais fontes alimentares. 
Origem Biológica (AGTR)
Biohidrogenação microbiana dos 
ácidos graxos insaturados no rúmem
Síntese de ácidos graxos na glândula 
mamária
Alimentos derivados de animais 
ruminantes como: carnes, banha, 
leite integral, manteiga, iogurtes, 
queijos
Figura 1. Características dos AGT relativas à origem
, m
étodos 
de obtenção e as principais fontes alim
entares. Anvisa, 2018.
Origem tecnológica (AGTI)
Hidrogenação parcial de óleos
Desodorização de óleos
Fritura dos alimentos
Isomerização alcalina do ácido linoléico
Óleos e gorduras parcialmente 
hidrogenados (OGPH), óleos 
refinados, alimentos fritos ou 
industrializados com OGPH
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 72% das 
causas de morte no mundo7. Em 2016, estima-se que elas foram responsáveis 
 por quase 40 milhões de mortes. Das principais DCNT, as doenças cardiovas-
culares (DCV) foram as principais causas de morte, sendo responsáveis por 
quase metade (45%) de todas elas. Altos níveis de ingestão de ácidos graxos 
trans produzidos industrialmente estão fortemente associados ao desenvolvi-
mento de DCV e morte ⁸ ¹¹. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), meio milhão de pessoas 
morrem a cada ano por causa da presença de AGT em sua comida¹². Aproxima-
damente 160.000 dessas mortes ocorreram na região das Américas e repre-
sentaram 17,9% de todas as mortes por DCV no Canadá e nos EUA, e 10,7% 
das mortes na América Latina e no Caribe¹³. Adultos mais jovens geralmente 
apresentam taxas mais altas de mortalidade por doenças coronarianas atribuí-
veis ao AGTI ¹² ¹³. Como essas estimativas não incluem mortes causadas por 
outros efeitos adversos do consumo de AGTI na saúde, como diabetes ou even-
tos não fatais, as estimativas são consideradas conservadoras quanto ao seu 
impacto negativo na saúde.
O impacto socioeconômico das doenças crônicas é crescente, 
sendo considerado um problema para a saúde pública mundial. 
Além das mortes prematuras, as DCNT são responsáveis por 
incapacidade laboral, redução das rendas familiares e redução da 
produtividade¹⁴ ¹⁵.
Estudos metabólicos demonstram que os AGT tornam o perfil 
lipídico plasmático ainda mais aterogênico do que os ácidos 
graxos saturados, não só elevando o colesterol total e a lipoproteí-
na de baixa densidade – LDLc a níveis semelhantes, mas também 
diminuindo a lipoproteína de alta densidade – HDLc, aumentan-
do a relação colesterol total/HDL, a ação pró-inflamatória e a 
disfunção endotelial ¹⁶ ¹⁸. Há também evidências sobre aumento 
do risco de infertilidade, endometriose, cálculos biliares, doença 
de Alzheimer, diabetes e alguns tipos de câncer¹⁹. Por isso, a 
qualidade da gordura na dieta tem sido reconhecida mundialmente 
como mais importante do que a quantidade total de gordura para 
a prevenção de doenças cardiovasculares e mortalidade ²⁰.
Meta-análises de estudos prospectivos de coorte encontraram 
associações entre menor ingestão de AGT e redução do risco de 
mortalidade por todas as causas, mortalidade por doença coronariana 
e eventos coronarianos em adultos ¹⁰ ²¹. Estima-se que uma redução 
de 4,5g/dia no consumo de AGTI no México, na América Central e 
na América do Sul evitaria de 30.000 a 130.000 eventos de doen-
ças coronarianas anualmente; e uma redução mais restritiva, de 
9g/dia preveniria entre 62.000 e 225.000 eventos de doenças 
coronarianas anualmente ²².
A redução do consumo de AGTI é considerada uma prioridade políti-
ca da OMS. Desde 2003, é recomendada uma redução de ingestão 
até o limite de 1% do total calórico diário8.
No entanto, o consumo de ácidos graxos trans na Região das 
Américas estava entre os mais altos do mundo em 2010,repre-
sentando 2,9% do consumo total de energia no Canadá e nos 
Estados Unidos e 1,9% do consumo total de energia na América 
Latina e no Caribe²³. Ainda, enquanto a mortalidade global por 
doença cardíaca coronária relacionada à ingestão insuficiente de 
ácidos graxos poli-insaturados n-6 (PUFA) e a ingestão de gordu-
ra saturada diminuiu entre 1990 e 2010, os impactos negativos 
sobre a saúde por comer AGT aumentou globalmente em 4%²⁴.
Por fim, destaca-se que as evidências científicas sobre os efeitos 
adversos do consumo dos AGTI na saúde são convincentes e a 
opção regulatória que restringe ao máximo a quantidade da subs-
tância nos alimentos é considerada, do ponto de vista técnico-
-científico, a mais eficaz para a diminuição do consumo e a 
promoção da saúde.
3
A substituição do AGTI por óleos e gorduras mais saudáveis, 
especialmente ricas em ácidos graxos poli-insaturados e pobres em 
ácidos graxos saturados, é possível. Assim, a eliminação do suprimen-
to global de alimentos com AGTI foi identificada como uma das 
metas prioritárias do plano estratégico da OMS para os anos de 2019 
e 2023, aprovado durante a 57ª Assembleia Mundial da Saúde²⁵.
 
No escopo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), os países 
membros, incluindo o Brasil, se comprometeram a reduzir em 
um terço, até 2030, as mortes prematuras por DCNT – Objeti-
vo 3.4²⁶. Ademais, um dos objetivos da Agenda de Saúde 
Sustentável das Américas (2008-2030) é reduzir o risco de 
eventos e mortes relacionadas com as doenças coronarianas²⁷. 
Nesse sentido, a restrição efetiva das AGTI contribuirá para que 
cada país atinja esses objetivos e fortalecerá os compromissos 
assumidos no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas 
sobre Nutrição (2016-2025)²⁸.
Os AGTI não fazem parte naturalmente da dieta humana, 
não trazem benefícios para a saúde e são totalmente subs-
tituíveis. São encontrados comumente em margarinas, 
produtos de panificação e confeitaria, salgadinhos, sorve-
tes, biscoitos, ou seja, disseminado em diversos alimentos 
ultraprocessados, inclusive naqueles destinados para as 
crianças. Óleos e gorduras parcialmente hidrogenados 
(OGPH) também são frequentemente utilizados como 
ingredientes culinários em restaurantes ou no setor infor-
mal de alimentos 1 3.
Embora existam desafios técnicos e financeiros para a 
redução do uso de ácido graxo trans industrial nos alimen-
tos, existem diversas alternativas tecnológicas que podem 
ser utilizadas e a experiência internacional mostra que é 
possível. Além disso, é possível substituir o AGT no uso 
culinário, embora a reformulação de receitas, especial-
mente para panificação e confeitaria, possa exigir tempo e 
esforço por parte dos produtores de alimentos para otimi-
zar a qualidade e minimizar as gorduras saturadas.
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 72% das 
causas de morte no mundo7. Em 2016, estima-se que elas foram responsáveis 
 por quase 40 milhões de mortes. Das principais DCNT, as doenças cardiovas-
culares (DCV) foram as principais causas de morte, sendo responsáveis por 
quase metade (45%) de todas elas. Altos níveis de ingestão de ácidos graxos 
trans produzidos industrialmente estão fortemente associados ao desenvolvi-
mento de DCV e morte ⁸ ¹¹. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), meio milhão de pessoas 
morrem a cada ano por causa da presença de AGT em sua comida¹². Aproxima-
damente 160.000 dessas mortes ocorreram na região das Américas e repre-
sentaram 17,9% de todas as mortes por DCV no Canadá e nos EUA, e 10,7% 
das mortes na América Latina e no Caribe¹³. Adultos mais jovens geralmente 
apresentam taxas mais altas de mortalidade por doenças coronarianas atribuí-
veis ao AGTI ¹² ¹³. Como essas estimativas não incluem mortes causadas por 
outros efeitos adversos do consumo de AGTI na saúde, como diabetes ou even-
tos não fatais, as estimativas são consideradas conservadoras quanto ao seu 
impacto negativo na saúde.
O impacto socioeconômico das doenças crônicas é crescente, 
sendo considerado um problema para a saúde pública mundial. 
Além das mortes prematuras, as DCNT são responsáveis por 
incapacidade laboral, redução das rendas familiares e redução da 
produtividade¹⁴ ¹⁵.
Estudos metabólicos demonstram que os AGT tornam o perfil 
lipídico plasmático ainda mais aterogênico do que os ácidos 
graxos saturados, não só elevando o colesterol total e a lipoproteí-
na de baixa densidade – LDLc a níveis semelhantes, mas também 
diminuindo a lipoproteína de alta densidade – HDLc, aumentan-
do a relação colesterol total/HDL, a ação pró-inflamatória e a 
disfunção endotelial ¹⁶ ¹⁸. Há também evidências sobre aumento 
do risco de infertilidade, endometriose, cálculos biliares, doença 
de Alzheimer, diabetes e alguns tipos de câncer¹⁹. Por isso, a 
qualidade da gordura na dieta tem sido reconhecida mundialmente 
como mais importante do que a quantidade total de gordura para 
a prevenção de doenças cardiovasculares e mortalidade ²⁰.
Meta-análises de estudos prospectivos de coorte encontraram 
associações entre menor ingestão de AGT e redução do risco de 
mortalidade por todas as causas, mortalidade por doença coronariana 
e eventos coronarianos em adultos ¹⁰ ²¹. Estima-se que uma redução 
de 4,5g/dia no consumo de AGTI no México, na América Central e 
na América do Sul evitaria de 30.000 a 130.000 eventos de doen-
ças coronarianas anualmente; e uma redução mais restritiva, de 
9g/dia preveniria entre 62.000 e 225.000 eventos de doenças 
coronarianas anualmente ²².
A redução do consumo de AGTI é considerada uma prioridade políti-
ca da OMS. Desde 2003, é recomendada uma redução de ingestão 
até o limite de 1% do total calórico diário8.
No entanto, o consumo de ácidos graxos trans na Região das 
Américas estava entre os mais altos do mundo em 2010, repre-
sentando 2,9% do consumo total de energia no Canadá e nos 
Estados Unidos e 1,9% do consumo total de energia na América 
Latina e no Caribe²³. Ainda, enquanto a mortalidade global por 
doença cardíaca coronária relacionada à ingestão insuficiente de 
ácidos graxos poli-insaturados n-6 (PUFA) e a ingestão de gordu-
ra saturada diminuiu entre 1990 e 2010, os impactos negativos 
sobre a saúde por comer AGT aumentou globalmente em 4%²⁴.
Por fim, destaca-se que as evidências científicas sobre os efeitos 
adversos do consumo dos AGTI na saúde são convincentes e a 
opção regulatória que restringe ao máximo a quantidade da subs-
tância nos alimentos é considerada, do ponto de vista técnico-
-científico, a mais eficaz para a diminuição do consumo e a 
promoção da saúde.
4
Dentre os substitutos de OGPH comumente utilizados, ressalta-se os 
potenciais efeitos negativos à saúde das gorduras interesterificadas. O 
processo de interesterificação consiste, de forma simplificada, no 
rearranjo de ácidos graxos no triacilglicerol, geralmente pela incorpora-
ção de ácidos graxos saturados para gerar o grau de plasticidade necessá-
rio. Em animais, por exemplo, há evidência dos efeitos deletérios no 
tecido adiposo⁴. Estudo recente5 publicado na Revista “Therapeutic 
Advances in Cardiovascular Disease” aponta que a troca de um ácido 
graxo insaturado por um saturado na interesterificação é prejudicial; 
diminui a deformabilidade do eritrócito e aumenta a viscosidade do 
sangue. Revisão de Hayes and Pronczuk (2010)6, que reúne evidências 
sobre a resposta humana a várias quantidades e formas de gordura 
interesterificada, apresenta estudos que revelam que sua alta ingestão 
exerce uma influência negativa no metabolismo das lipoproteínas, da 
glicose e da insulina, afetando também a função imune e as enzimas 
hepáticas. Face ao exposto, a alternativa de substituição de OGPH por 
gorduras interesterificadas não é vantajosa para a saúde, não sendo, 
portanto, uma solução aceitável para a eliminação de AGTI. 
-
A substituição do AGTI por óleose gorduras mais saudáveis, 
especialmente ricas em ácidos graxos poli-insaturados e pobres em 
ácidos graxos saturados, é possível. Assim, a eliminação do suprimen-
to global de alimentos com AGTI foi identificada como uma das 
metas prioritárias do plano estratégico da OMS para os anos de 2019 
e 2023, aprovado durante a 57ª Assembleia Mundial da Saúde²⁵.
 
No escopo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), os países 
membros, incluindo o Brasil, se comprometeram a reduzir em 
um terço, até 2030, as mortes prematuras por DCNT – Objeti-
vo 3.4²⁶. Ademais, um dos objetivos da Agenda de Saúde 
Sustentável das Américas (2008-2030) é reduzir o risco de 
eventos e mortes relacionadas com as doenças coronarianas²⁷. 
Nesse sentido, a restrição efetiva das AGTI contribuirá para que 
cada país atinja esses objetivos e fortalecerá os compromissos 
assumidos no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas 
sobre Nutrição (2016-2025)²⁸.
PANORAMA
INTERNACIONAL
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 72% das 
causas de morte no mundo7. Em 2016, estima-se que elas foram responsáveis 
 por quase 40 milhões de mortes. Das principais DCNT, as doenças cardiovas-
culares (DCV) foram as principais causas de morte, sendo responsáveis por 
quase metade (45%) de todas elas. Altos níveis de ingestão de ácidos graxos 
trans produzidos industrialmente estão fortemente associados ao desenvolvi-
mento de DCV e morte ⁸ ¹¹. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), meio milhão de pessoas 
morrem a cada ano por causa da presença de AGT em sua comida¹². Aproxima-
damente 160.000 dessas mortes ocorreram na região das Américas e repre-
sentaram 17,9% de todas as mortes por DCV no Canadá e nos EUA, e 10,7% 
das mortes na América Latina e no Caribe¹³. Adultos mais jovens geralmente 
apresentam taxas mais altas de mortalidade por doenças coronarianas atribuí-
veis ao AGTI ¹² ¹³. Como essas estimativas não incluem mortes causadas por 
outros efeitos adversos do consumo de AGTI na saúde, como diabetes ou even-
tos não fatais, as estimativas são consideradas conservadoras quanto ao seu 
impacto negativo na saúde.
O impacto socioeconômico das doenças crônicas é crescente, 
sendo considerado um problema para a saúde pública mundial. 
Além das mortes prematuras, as DCNT são responsáveis por 
incapacidade laboral, redução das rendas familiares e redução da 
produtividade¹⁴ ¹⁵.
Estudos metabólicos demonstram que os AGT tornam o perfil 
lipídico plasmático ainda mais aterogênico do que os ácidos 
graxos saturados, não só elevando o colesterol total e a lipoproteí-
na de baixa densidade – LDLc a níveis semelhantes, mas também 
diminuindo a lipoproteína de alta densidade – HDLc, aumentan-
do a relação colesterol total/HDL, a ação pró-inflamatória e a 
disfunção endotelial ¹⁶ ¹⁸. Há também evidências sobre aumento 
do risco de infertilidade, endometriose, cálculos biliares, doença 
de Alzheimer, diabetes e alguns tipos de câncer¹⁹. Por isso, a 
qualidade da gordura na dieta tem sido reconhecida mundialmente 
como mais importante do que a quantidade total de gordura para 
a prevenção de doenças cardiovasculares e mortalidade ²⁰.
Meta-análises de estudos prospectivos de coorte encontraram 
associações entre menor ingestão de AGT e redução do risco de 
mortalidade por todas as causas, mortalidade por doença coronariana 
e eventos coronarianos em adultos ¹⁰ ²¹. Estima-se que uma redução 
de 4,5g/dia no consumo de AGTI no México, na América Central e 
na América do Sul evitaria de 30.000 a 130.000 eventos de doen-
ças coronarianas anualmente; e uma redução mais restritiva, de 
9g/dia preveniria entre 62.000 e 225.000 eventos de doenças 
coronarianas anualmente ²².
A redução do consumo de AGTI é considerada uma prioridade políti-
ca da OMS. Desde 2003, é recomendada uma redução de ingestão 
até o limite de 1% do total calórico diário8.
No entanto, o consumo de ácidos graxos trans na Região das 
Américas estava entre os mais altos do mundo em 2010, repre-
sentando 2,9% do consumo total de energia no Canadá e nos 
Estados Unidos e 1,9% do consumo total de energia na América 
Latina e no Caribe²³. Ainda, enquanto a mortalidade global por 
doença cardíaca coronária relacionada à ingestão insuficiente de 
ácidos graxos poli-insaturados n-6 (PUFA) e a ingestão de gordu-
ra saturada diminuiu entre 1990 e 2010, os impactos negativos 
sobre a saúde por comer AGT aumentou globalmente em 4%²⁴.
Por fim, destaca-se que as evidências científicas sobre os efeitos 
adversos do consumo dos AGTI na saúde são convincentes e a 
opção regulatória que restringe ao máximo a quantidade da subs-
tância nos alimentos é considerada, do ponto de vista técnico-
-científico, a mais eficaz para a diminuição do consumo e a 
promoção da saúde.
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A substituição do AGTI por óleos e gorduras mais saudáveis, 
especialmente ricas em ácidos graxos poli-insaturados e pobres em 
ácidos graxos saturados, é possível. Assim, a eliminação do suprimen-
to global de alimentos com AGTI foi identificada como uma das 
metas prioritárias do plano estratégico da OMS para os anos de 2019 
e 2023, aprovado durante a 57ª Assembleia Mundial da Saúde²⁵.
 
No escopo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), os países 
membros, incluindo o Brasil, se comprometeram a reduzir em 
um terço, até 2030, as mortes prematuras por DCNT – Objeti-
vo 3.4²⁶. Ademais, um dos objetivos da Agenda de Saúde 
Sustentável das Américas (2008-2030) é reduzir o risco de 
eventos e mortes relacionadas com as doenças coronarianas²⁷. 
Nesse sentido, a restrição efetiva das AGTI contribuirá para que 
cada país atinja esses objetivos e fortalecerá os compromissos 
assumidos no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas 
sobre Nutrição (2016-2025)²⁸.
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As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 72% das 
causas de morte no mundo7. Em 2016, estima-se que elas foram responsáveis 
 por quase 40 milhões de mortes. Das principais DCNT, as doenças cardiovas-
culares (DCV) foram as principais causas de morte, sendo responsáveis por 
quase metade (45%) de todas elas. Altos níveis de ingestão de ácidos graxos 
trans produzidos industrialmente estão fortemente associados ao desenvolvi-
mento de DCV e morte ⁸ ¹¹. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), meio milhão de pessoas 
morrem a cada ano por causa da presença de AGT em sua comida¹². Aproxima-
damente 160.000 dessas mortes ocorreram na região das Américas e repre-
sentaram 17,9% de todas as mortes por DCV no Canadá e nos EUA, e 10,7% 
das mortes na América Latina e no Caribe¹³. Adultos mais jovens geralmente 
apresentam taxas mais altas de mortalidade por doenças coronarianas atribuí-
veis ao AGTI ¹² ¹³. Como essas estimativas não incluem mortes causadas por 
outros efeitos adversos do consumo de AGTI na saúde, como diabetes ou even-
tos não fatais, as estimativas são consideradas conservadoras quanto ao seu 
impacto negativo na saúde.
O impacto socioeconômico das doenças crônicas é crescente, 
sendo considerado um problema para a saúde pública mundial. 
Além das mortes prematuras, as DCNT são responsáveis por 
incapacidade laboral, redução das rendas familiares e redução da 
produtividade¹⁴ ¹⁵.
Estudos metabólicos demonstram que os AGT tornam o perfil 
lipídico plasmático ainda mais aterogênico do que os ácidos 
graxos saturados, não só elevando o colesterol total e a lipoproteí-
na de baixa densidade – LDLc a níveis semelhantes, mas também 
diminuindo a lipoproteína de alta densidade – HDLc, aumentan-
do a relação colesterol total/HDL, a ação pró-inflamatória e a 
disfunção endotelial ¹⁶ ¹⁸. Há também evidências sobre aumento 
do risco de infertilidade, endometriose, cálculos biliares, doença 
de Alzheimer, diabetes e alguns tipos de câncer¹⁹. Por isso, a 
qualidade da gordura na dietatem sido reconhecida mundialmente 
como mais importante do que a quantidade total de gordura para 
a prevenção de doenças cardiovasculares e mortalidade ²⁰.
Meta-análises de estudos prospectivos de coorte encontraram 
associações entre menor ingestão de AGT e redução do risco de 
mortalidade por todas as causas, mortalidade por doença coronariana 
e eventos coronarianos em adultos ¹⁰ ²¹. Estima-se que uma redução 
de 4,5g/dia no consumo de AGTI no México, na América Central e 
na América do Sul evitaria de 30.000 a 130.000 eventos de doen-
ças coronarianas anualmente; e uma redução mais restritiva, de 
9g/dia preveniria entre 62.000 e 225.000 eventos de doenças 
coronarianas anualmente ²².
A redução do consumo de AGTI é considerada uma prioridade políti-
ca da OMS. Desde 2003, é recomendada uma redução de ingestão 
até o limite de 1% do total calórico diário8.
No entanto, o consumo de ácidos graxos trans na Região das 
Américas estava entre os mais altos do mundo em 2010, repre-
sentando 2,9% do consumo total de energia no Canadá e nos 
Estados Unidos e 1,9% do consumo total de energia na América 
Latina e no Caribe²³. Ainda, enquanto a mortalidade global por 
doença cardíaca coronária relacionada à ingestão insuficiente de 
ácidos graxos poli-insaturados n-6 (PUFA) e a ingestão de gordu-
ra saturada diminuiu entre 1990 e 2010, os impactos negativos 
sobre a saúde por comer AGT aumentou globalmente em 4%²⁴.
Com uma população de mais de 200 milhões de pessoas, o Brasil é o 
quinto país mais populoso do mundo. As DCNT correspondem a 72% 
das causas de morte; as doenças cardiovasculares causaram aproxima-
damente 30% de todas as mortes prematuras, mais do que qualquer 
outro grupo de doenças ²⁹ ³⁰. Em 2010, aproximadamente 19.000 
mortes foram atribuíveis à alta ingestão de AGT¹².
 
De acordo com recente estudo³¹ realizado na Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (UFRJ), o impacto econômico causado por DCV vêm 
aumentando a cada ano, em consonância com o número de casos de 
DCV. Segundo os autores, os custos estimados por DCV foram de 
R$37,1 bilhões no ano de 2015, o que representa um aumento percen-
tual de 17% no período de 2010 a 2015. Os custos estimados pela 
morte prematura por DCV representam 61% do total de custo estima-
dos. Já os custos diretos com internações e consultas foram de 22% e 
os custos pela perda da produtividade relacionados à doença foram de 
Por fim, destaca-se que as evidências científicas sobre os efeitos 
adversos do consumo dos AGTI na saúde são convincentes e a 
opção regulatória que restringe ao máximo a quantidade da subs-
tância nos alimentos é considerada, do ponto de vista técnico-
-científico, a mais eficaz para a diminuição do consumo e a 
promoção da saúde.
15% do total. Os gastos com saúde no Brasil são estimados em 9,5% 
do Produto Interno Bruto (PIB) e o custo médio das DCV foi 
estimado em 0,7% do PIB.
 
Embora apresentem causas multifatoriais, as DCNT compartilham 
quatro fatores de risco comportamentais modificáveis: a alimentação 
inadequada, o uso abusivo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo³². 
Sendo que a alimentação inadequada lidera o ranking de fatores de 
risco mais importantes para a carga global de doenças no país³³.
Ressalta-se que o alto consumo de AGT leva a hipercolesterolemia, 
fator de risco metabólico independente para as DCV e que ocupa o 
sétimo lugar no ranking dos fatores mais relevantes para a carga global 
de doenças no Brasil7.
Dados relacionados ao consumo de AGT pela população brasileira 
são limitados. No entanto, resultados da última Pesquisa de Orça-
mentos Familiares (POF) - 2008/2009³⁴ revelam que seu 
consumo médio é elevado em todas as faixas etárias avaliadas (10 
anos ou mais), sendo que o maior consumo ocorre entre os adoles-
centes (14 a 18 anos) do sexo masculino (3,1 g/dia ou 1,4% em um 
total de 2000 calorias/dia). A POF também demostra que o 
consumo médio de AGT é maior nas áreas urbanas em ambos os 
sexos e em todos os grupos de idade, e que as regiões Sul e Sudes-
te apresentam médias mais altas de consumo.
 
Outra pesquisa, publicada em 2015, com base nos dados de 
consumo alimentar da POF 2008/2009, identificou um consu-
mo médio de AGT pela população é de 2,9 g/dia ou 1,4% do VET 
(valor energético total). Esse estudo revelou que a fração da dieta 
constituída de alimentos ultraprocessados contém oito vezes mais 
AGT do que a fração composta por alimentos in natura e minima-
mente processados, fazendo com que a quantidade ingerida desta 
gordura aumente significativamente com o aumento da participa-
ção de ultraprocessados na alimentação³⁵.
 
Um estudo de 2009 na cidade de São Paulo apontou que a ingestão 
média diária de AGT foi de 5g, equivalente a 2,4% da ingestão total de 
energia diária. O maior consumo foi observado em adolescentes, com 
7,4g por dia, ou 2,9% da ingestão total diária de energia³⁶.
Estudo internacional que estimou a ingestão de AGT em 186 países para 
avaliar a carga global sobre a mortalidade por doenças coronarianas, 
apontou uma ingestão de AGT pela população brasileira equivalente a 
1,8% do VET, em 2010. De acordo com os autores, esse consumo 
excessivo foi responsável por 18.576 mortes anuais por doenças corona-
rianas, o que representa 11,5% desses óbitos¹³. 
Estudos conduzidos no Brasil também indicam que alguns óleos vegetais 
refinados podem ter até 5% de ácidos graxos trans de origem industrial ³⁷ 
³⁹. Isso pode ser o resultado de falhas no controle da etapa de desodoriza-
ção dos óleos durante seu refinamento⁴⁰. 
6
-
-
-
A substituição do AGTI por óleos e gorduras mais saudáveis, 
especialmente ricas em ácidos graxos poli-insaturados e pobres em 
ácidos graxos saturados, é possível. Assim, a eliminação do suprimen-
to global de alimentos com AGTI foi identificada como uma das 
metas prioritárias do plano estratégico da OMS para os anos de 2019 
e 2023, aprovado durante a 57ª Assembleia Mundial da Saúde²⁵.
 
No escopo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), os países 
membros, incluindo o Brasil, se comprometeram a reduzir em 
um terço, até 2030, as mortes prematuras por DCNT – Objeti-
vo 3.4²⁶. Ademais, um dos objetivos da Agenda de Saúde 
Sustentável das Américas (2008-2030) é reduzir o risco de 
eventos e mortes relacionadas com as doenças coronarianas²⁷. 
Nesse sentido, a restrição efetiva das AGTI contribuirá para que 
cada país atinja esses objetivos e fortalecerá os compromissos 
assumidos no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas 
sobre Nutrição (2016-2025)²⁸.
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 72% das 
causas de morte no mundo7. Em 2016, estima-se que elas foram responsáveis 
 por quase 40 milhões de mortes. Das principais DCNT, as doenças cardiovas-
culares (DCV) foram as principais causas de morte, sendo responsáveis por 
quase metade (45%) de todas elas. Altos níveis de ingestão de ácidos graxos 
trans produzidos industrialmente estão fortemente associados ao desenvolvi-
mento de DCV e morte ⁸ ¹¹. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), meio milhão de pessoas 
morrem a cada ano por causa da presença de AGT em sua comida¹². Aproxima-
damente 160.000 dessas mortes ocorreram na região das Américas e repre-
sentaram 17,9% de todas as mortes por DCV no Canadá e nos EUA, e 10,7% 
das mortes na América Latina e no Caribe¹³. Adultos mais jovens geralmente 
apresentam taxas mais altas de mortalidade por doenças coronarianas atribuí-
veis ao AGTI ¹² ¹³. Como essas estimativas não incluem mortes causadas por 
outros efeitos adversos do consumo de AGTI na saúde, como diabetes ou even-
tos não fatais, as estimativas são consideradas conservadoras quanto ao seu 
impacto negativo na saúde.
O impacto socioeconômico das doenças crônicas é crescente, 
sendo considerado um problema para a saúde pública mundial. 
Além das mortes prematuras, as DCNTsão responsáveis por 
incapacidade laboral, redução das rendas familiares e redução da 
produtividade¹⁴ ¹⁵.
Estudos metabólicos demonstram que os AGT tornam o perfil 
lipídico plasmático ainda mais aterogênico do que os ácidos 
graxos saturados, não só elevando o colesterol total e a lipoproteí-
na de baixa densidade – LDLc a níveis semelhantes, mas também 
diminuindo a lipoproteína de alta densidade – HDLc, aumentan-
do a relação colesterol total/HDL, a ação pró-inflamatória e a 
disfunção endotelial ¹⁶ ¹⁸. Há também evidências sobre aumento 
do risco de infertilidade, endometriose, cálculos biliares, doença 
de Alzheimer, diabetes e alguns tipos de câncer¹⁹. Por isso, a 
qualidade da gordura na dieta tem sido reconhecida mundialmente 
como mais importante do que a quantidade total de gordura para 
a prevenção de doenças cardiovasculares e mortalidade ²⁰.
Meta-análises de estudos prospectivos de coorte encontraram 
associações entre menor ingestão de AGT e redução do risco de 
mortalidade por todas as causas, mortalidade por doença coronariana 
e eventos coronarianos em adultos ¹⁰ ²¹. Estima-se que uma redução 
de 4,5g/dia no consumo de AGTI no México, na América Central e 
na América do Sul evitaria de 30.000 a 130.000 eventos de doen-
ças coronarianas anualmente; e uma redução mais restritiva, de 
9g/dia preveniria entre 62.000 e 225.000 eventos de doenças 
coronarianas anualmente ²².
A redução do consumo de AGTI é considerada uma prioridade políti-
ca da OMS. Desde 2003, é recomendada uma redução de ingestão 
até o limite de 1% do total calórico diário8.
No entanto, o consumo de ácidos graxos trans na Região das 
Américas estava entre os mais altos do mundo em 2010, repre-
sentando 2,9% do consumo total de energia no Canadá e nos 
Estados Unidos e 1,9% do consumo total de energia na América 
Latina e no Caribe²³. Ainda, enquanto a mortalidade global por 
doença cardíaca coronária relacionada à ingestão insuficiente de 
ácidos graxos poli-insaturados n-6 (PUFA) e a ingestão de gordu-
ra saturada diminuiu entre 1990 e 2010, os impactos negativos 
sobre a saúde por comer AGT aumentou globalmente em 4%²⁴.
Com uma população de mais de 200 milhões de pessoas, o Brasil é o 
quinto país mais populoso do mundo. As DCNT correspondem a 72% 
das causas de morte; as doenças cardiovasculares causaram aproxima-
damente 30% de todas as mortes prematuras, mais do que qualquer 
outro grupo de doenças ²⁹ ³⁰. Em 2010, aproximadamente 19.000 
mortes foram atribuíveis à alta ingestão de AGT¹².
 
De acordo com recente estudo³¹ realizado na Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (UFRJ), o impacto econômico causado por DCV vêm 
aumentando a cada ano, em consonância com o número de casos de 
DCV. Segundo os autores, os custos estimados por DCV foram de 
R$37,1 bilhões no ano de 2015, o que representa um aumento percen-
tual de 17% no período de 2010 a 2015. Os custos estimados pela 
morte prematura por DCV representam 61% do total de custo estima-
dos. Já os custos diretos com internações e consultas foram de 22% e 
os custos pela perda da produtividade relacionados à doença foram de 
Por fim, destaca-se que as evidências científicas sobre os efeitos 
adversos do consumo dos AGTI na saúde são convincentes e a 
opção regulatória que restringe ao máximo a quantidade da subs-
tância nos alimentos é considerada, do ponto de vista técnico-
-científico, a mais eficaz para a diminuição do consumo e a 
promoção da saúde.
15% do total. Os gastos com saúde no Brasil são estimados em 9,5% 
do Produto Interno Bruto (PIB) e o custo médio das DCV foi 
estimado em 0,7% do PIB.
 
Embora apresentem causas multifatoriais, as DCNT compartilham 
quatro fatores de risco comportamentais modificáveis: a alimentação 
inadequada, o uso abusivo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo³². 
Sendo que a alimentação inadequada lidera o ranking de fatores de 
risco mais importantes para a carga global de doenças no país³³.
Ressalta-se que o alto consumo de AGT leva a hipercolesterolemia, 
fator de risco metabólico independente para as DCV e que ocupa o 
sétimo lugar no ranking dos fatores mais relevantes para a carga global 
de doenças no Brasil7.
Dados relacionados ao consumo de AGT pela população brasileira 
são limitados. No entanto, resultados da última Pesquisa de Orça-
mentos Familiares (POF) - 2008/2009³⁴ revelam que seu 
consumo médio é elevado em todas as faixas etárias avaliadas (10 
anos ou mais), sendo que o maior consumo ocorre entre os adoles-
centes (14 a 18 anos) do sexo masculino (3,1 g/dia ou 1,4% em um 
total de 2000 calorias/dia). A POF também demostra que o 
consumo médio de AGT é maior nas áreas urbanas em ambos os 
sexos e em todos os grupos de idade, e que as regiões Sul e Sudes-
te apresentam médias mais altas de consumo.
 
Outra pesquisa, publicada em 2015, com base nos dados de 
consumo alimentar da POF 2008/2009, identificou um consu-
mo médio de AGT pela população é de 2,9 g/dia ou 1,4% do VET 
(valor energético total). Esse estudo revelou que a fração da dieta 
constituída de alimentos ultraprocessados contém oito vezes mais 
AGT do que a fração composta por alimentos in natura e minima-
mente processados, fazendo com que a quantidade ingerida desta 
gordura aumente significativamente com o aumento da participa-
ção de ultraprocessados na alimentação³⁵.
 
Um estudo de 2009 na cidade de São Paulo apontou que a ingestão 
média diária de AGT foi de 5g, equivalente a 2,4% da ingestão total de 
energia diária. O maior consumo foi observado em adolescentes, com 
7,4g por dia, ou 2,9% da ingestão total diária de energia³⁶.
Estudo internacional que estimou a ingestão de AGT em 186 países para 
avaliar a carga global sobre a mortalidade por doenças coronarianas, 
apontou uma ingestão de AGT pela população brasileira equivalente a 
1,8% do VET, em 2010. De acordo com os autores, esse consumo 
excessivo foi responsável por 18.576 mortes anuais por doenças corona-
rianas, o que representa 11,5% desses óbitos¹³. 
Estudos conduzidos no Brasil também indicam que alguns óleos vegetais 
refinados podem ter até 5% de ácidos graxos trans de origem industrial ³⁷ 
³⁹. Isso pode ser o resultado de falhas no controle da etapa de desodoriza-
ção dos óleos durante seu refinamento⁴⁰. 
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A substituição do AGTI por óleos e gorduras mais saudáveis, 
especialmente ricas em ácidos graxos poli-insaturados e pobres em 
ácidos graxos saturados, é possível. Assim, a eliminação do suprimen-
to global de alimentos com AGTI foi identificada como uma das 
metas prioritárias do plano estratégico da OMS para os anos de 2019 
e 2023, aprovado durante a 57ª Assembleia Mundial da Saúde²⁵.
 
No escopo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), os países 
membros, incluindo o Brasil, se comprometeram a reduzir em 
um terço, até 2030, as mortes prematuras por DCNT – Objeti-
vo 3.4²⁶. Ademais, um dos objetivos da Agenda de Saúde 
Sustentável das Américas (2008-2030) é reduzir o risco de 
eventos e mortes relacionadas com as doenças coronarianas²⁷. 
Nesse sentido, a restrição efetiva das AGTI contribuirá para que 
cada país atinja esses objetivos e fortalecerá os compromissos 
assumidos no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas 
sobre Nutrição (2016-2025)²⁸.
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 72% das 
causas de morte no mundo7. Em 2016, estima-se que elas foram responsáveis 
 por quase 40 milhões de mortes. Das principais DCNT, as doenças cardiovas-
culares (DCV) foram as principais causas de morte, sendo responsáveis por 
quase metade (45%) de todas elas. Altos níveis de ingestão de ácidos graxos 
trans produzidos industrialmente estão fortemente associados ao desenvolvi-
mento de DCV e morte ⁸ ¹¹. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), meio milhão de pessoas 
morrem a cada ano por causa da presença de AGT em sua comida¹². Aproxima-damente 160.000 dessas mortes ocorreram na região das Américas e repre-
sentaram 17,9% de todas as mortes por DCV no Canadá e nos EUA, e 10,7% 
das mortes na América Latina e no Caribe¹³. Adultos mais jovens geralmente 
apresentam taxas mais altas de mortalidade por doenças coronarianas atribuí-
veis ao AGTI ¹² ¹³. Como essas estimativas não incluem mortes causadas por 
outros efeitos adversos do consumo de AGTI na saúde, como diabetes ou even-
tos não fatais, as estimativas são consideradas conservadoras quanto ao seu 
impacto negativo na saúde.
O impacto socioeconômico das doenças crônicas é crescente, 
sendo considerado um problema para a saúde pública mundial. 
Além das mortes prematuras, as DCNT são responsáveis por 
incapacidade laboral, redução das rendas familiares e redução da 
produtividade¹⁴ ¹⁵.
Estudos metabólicos demonstram que os AGT tornam o perfil 
lipídico plasmático ainda mais aterogênico do que os ácidos 
graxos saturados, não só elevando o colesterol total e a lipoproteí-
na de baixa densidade – LDLc a níveis semelhantes, mas também 
diminuindo a lipoproteína de alta densidade – HDLc, aumentan-
do a relação colesterol total/HDL, a ação pró-inflamatória e a 
disfunção endotelial ¹⁶ ¹⁸. Há também evidências sobre aumento 
do risco de infertilidade, endometriose, cálculos biliares, doença 
de Alzheimer, diabetes e alguns tipos de câncer¹⁹. Por isso, a 
qualidade da gordura na dieta tem sido reconhecida mundialmente 
como mais importante do que a quantidade total de gordura para 
a prevenção de doenças cardiovasculares e mortalidade ²⁰.
Meta-análises de estudos prospectivos de coorte encontraram 
associações entre menor ingestão de AGT e redução do risco de 
mortalidade por todas as causas, mortalidade por doença coronariana 
e eventos coronarianos em adultos ¹⁰ ²¹. Estima-se que uma redução 
de 4,5g/dia no consumo de AGTI no México, na América Central e 
na América do Sul evitaria de 30.000 a 130.000 eventos de doen-
ças coronarianas anualmente; e uma redução mais restritiva, de 
9g/dia preveniria entre 62.000 e 225.000 eventos de doenças 
coronarianas anualmente ²².
A redução do consumo de AGTI é considerada uma prioridade políti-
ca da OMS. Desde 2003, é recomendada uma redução de ingestão 
até o limite de 1% do total calórico diário8.
No entanto, o consumo de ácidos graxos trans na Região das 
Américas estava entre os mais altos do mundo em 2010, repre-
sentando 2,9% do consumo total de energia no Canadá e nos 
Estados Unidos e 1,9% do consumo total de energia na América 
Latina e no Caribe²³. Ainda, enquanto a mortalidade global por 
doença cardíaca coronária relacionada à ingestão insuficiente de 
ácidos graxos poli-insaturados n-6 (PUFA) e a ingestão de gordu-
ra saturada diminuiu entre 1990 e 2010, os impactos negativos 
sobre a saúde por comer AGT aumentou globalmente em 4%²⁴.
Com uma população de mais de 200 milhões de pessoas, o Brasil é o 
quinto país mais populoso do mundo. As DCNT correspondem a 72% 
das causas de morte; as doenças cardiovasculares causaram aproxima-
damente 30% de todas as mortes prematuras, mais do que qualquer 
outro grupo de doenças ²⁹ ³⁰. Em 2010, aproximadamente 19.000 
mortes foram atribuíveis à alta ingestão de AGT¹².
 
De acordo com recente estudo³¹ realizado na Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (UFRJ), o impacto econômico causado por DCV vêm 
aumentando a cada ano, em consonância com o número de casos de 
DCV. Segundo os autores, os custos estimados por DCV foram de 
R$37,1 bilhões no ano de 2015, o que representa um aumento percen-
tual de 17% no período de 2010 a 2015. Os custos estimados pela 
morte prematura por DCV representam 61% do total de custo estima-
dos. Já os custos diretos com internações e consultas foram de 22% e 
os custos pela perda da produtividade relacionados à doença foram de 
Por fim, destaca-se que as evidências científicas sobre os efeitos 
adversos do consumo dos AGTI na saúde são convincentes e a 
opção regulatória que restringe ao máximo a quantidade da subs-
tância nos alimentos é considerada, do ponto de vista técnico-
-científico, a mais eficaz para a diminuição do consumo e a 
promoção da saúde.
PANORAMA
NACIONAL
15% do total. Os gastos com saúde no Brasil são estimados em 9,5% 
do Produto Interno Bruto (PIB) e o custo médio das DCV foi 
estimado em 0,7% do PIB.
 
Embora apresentem causas multifatoriais, as DCNT compartilham 
quatro fatores de risco comportamentais modificáveis: a alimentação 
inadequada, o uso abusivo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo³². 
Sendo que a alimentação inadequada lidera o ranking de fatores de 
risco mais importantes para a carga global de doenças no país³³.
Ressalta-se que o alto consumo de AGT leva a hipercolesterolemia, 
fator de risco metabólico independente para as DCV e que ocupa o 
sétimo lugar no ranking dos fatores mais relevantes para a carga global 
de doenças no Brasil7.
Dados relacionados ao consumo de AGT pela população brasileira 
são limitados. No entanto, resultados da última Pesquisa de Orça-
mentos Familiares (POF) - 2008/2009³⁴ revelam que seu 
consumo médio é elevado em todas as faixas etárias avaliadas (10 
anos ou mais), sendo que o maior consumo ocorre entre os adoles-
centes (14 a 18 anos) do sexo masculino (3,1 g/dia ou 1,4% em um 
total de 2000 calorias/dia). A POF também demostra que o 
consumo médio de AGT é maior nas áreas urbanas em ambos os 
sexos e em todos os grupos de idade, e que as regiões Sul e Sudes-
te apresentam médias mais altas de consumo.
 
Outra pesquisa, publicada em 2015, com base nos dados de 
consumo alimentar da POF 2008/2009, identificou um consu-
mo médio de AGT pela população é de 2,9 g/dia ou 1,4% do VET 
(valor energético total). Esse estudo revelou que a fração da dieta 
constituída de alimentos ultraprocessados contém oito vezes mais 
AGT do que a fração composta por alimentos in natura e minima-
mente processados, fazendo com que a quantidade ingerida desta 
gordura aumente significativamente com o aumento da participa-
ção de ultraprocessados na alimentação³⁵.
 
Um estudo de 2009 na cidade de São Paulo apontou que a ingestão 
média diária de AGT foi de 5g, equivalente a 2,4% da ingestão total de 
energia diária. O maior consumo foi observado em adolescentes, com 
7,4g por dia, ou 2,9% da ingestão total diária de energia³⁶.
Estudo internacional que estimou a ingestão de AGT em 186 países para 
avaliar a carga global sobre a mortalidade por doenças coronarianas, 
apontou uma ingestão de AGT pela população brasileira equivalente a 
1,8% do VET, em 2010. De acordo com os autores, esse consumo 
excessivo foi responsável por 18.576 mortes anuais por doenças corona-
rianas, o que representa 11,5% desses óbitos¹³. 
Estudos conduzidos no Brasil também indicam que alguns óleos vegetais 
refinados podem ter até 5% de ácidos graxos trans de origem industrial ³⁷ 
³⁹. Isso pode ser o resultado de falhas no controle da etapa de desodoriza-
ção dos óleos durante seu refinamento⁴⁰. 
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A substituição do AGTI por óleos e gorduras mais saudáveis, 
especialmente ricas em ácidos graxos poli-insaturados e pobres em 
ácidos graxos saturados, é possível. Assim, a eliminação do suprimen-
to global de alimentos com AGTI foi identificada como uma das 
metas prioritárias do plano estratégico da OMS para os anos de 2019 
e 2023, aprovado durante a 57ª Assembleia Mundial da Saúde²⁵.
 
No escopo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), os países 
membros, incluindo o Brasil, se comprometeram a reduzir em 
um terço, até 2030, as mortes prematuras por DCNT – Objeti-
vo 3.4²⁶. Ademais, um dos objetivos da Agenda de Saúde 
Sustentável das Américas (2008-2030) é reduzir o risco de 
eventos e mortes relacionadas com as doenças coronarianas²⁷. 
Nesse sentido, a restrição efetiva das AGTI contribuirá para que 
cada país atinja esses objetivos e fortalecerá os compromissosassumidos no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas 
sobre Nutrição (2016-2025)²⁸.
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Com uma população de mais de 200 milhões de pessoas, o Brasil é o 
quinto país mais populoso do mundo. As DCNT correspondem a 72% 
das causas de morte; as doenças cardiovasculares causaram aproxima-
damente 30% de todas as mortes prematuras, mais do que qualquer 
outro grupo de doenças ²⁹ ³⁰. Em 2010, aproximadamente 19.000 
mortes foram atribuíveis à alta ingestão de AGT¹².
 
De acordo com recente estudo³¹ realizado na Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (UFRJ), o impacto econômico causado por DCV vêm 
aumentando a cada ano, em consonância com o número de casos de 
DCV. Segundo os autores, os custos estimados por DCV foram de 
R$37,1 bilhões no ano de 2015, o que representa um aumento percen-
tual de 17% no período de 2010 a 2015. Os custos estimados pela 
morte prematura por DCV representam 61% do total de custo estima-
dos. Já os custos diretos com internações e consultas foram de 22% e 
os custos pela perda da produtividade relacionados à doença foram de 
15% do total. Os gastos com saúde no Brasil são estimados em 9,5% 
do Produto Interno Bruto (PIB) e o custo médio das DCV foi 
estimado em 0,7% do PIB.
 
Embora apresentem causas multifatoriais, as DCNT compartilham 
quatro fatores de risco comportamentais modificáveis: a alimentação 
inadequada, o uso abusivo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo³². 
Sendo que a alimentação inadequada lidera o ranking de fatores de 
risco mais importantes para a carga global de doenças no país³³.
Ressalta-se que o alto consumo de AGT leva a hipercolesterolemia, 
fator de risco metabólico independente para as DCV e que ocupa o 
sétimo lugar no ranking dos fatores mais relevantes para a carga global 
de doenças no Brasil7.
Dados relacionados ao consumo de AGT pela população brasileira 
são limitados. No entanto, resultados da última Pesquisa de Orça-
mentos Familiares (POF) - 2008/2009³⁴ revelam que seu 
consumo médio é elevado em todas as faixas etárias avaliadas (10 
anos ou mais), sendo que o maior consumo ocorre entre os adoles-
centes (14 a 18 anos) do sexo masculino (3,1 g/dia ou 1,4% em um 
total de 2000 calorias/dia). A POF também demostra que o 
consumo médio de AGT é maior nas áreas urbanas em ambos os 
sexos e em todos os grupos de idade, e que as regiões Sul e Sudes-
te apresentam médias mais altas de consumo.
 
Outra pesquisa, publicada em 2015, com base nos dados de 
consumo alimentar da POF 2008/2009, identificou um consu-
mo médio de AGT pela população é de 2,9 g/dia ou 1,4% do VET 
(valor energético total). Esse estudo revelou que a fração da dieta 
constituída de alimentos ultraprocessados contém oito vezes mais 
AGT do que a fração composta por alimentos in natura e minima-
mente processados, fazendo com que a quantidade ingerida desta 
gordura aumente significativamente com o aumento da participa-
ção de ultraprocessados na alimentação³⁵.
 
Um estudo de 2009 na cidade de São Paulo apontou que a ingestão 
média diária de AGT foi de 5g, equivalente a 2,4% da ingestão total de 
energia diária. O maior consumo foi observado em adolescentes, com 
7,4g por dia, ou 2,9% da ingestão total diária de energia³⁶.
Estudo internacional que estimou a ingestão de AGT em 186 países para 
avaliar a carga global sobre a mortalidade por doenças coronarianas, 
apontou uma ingestão de AGT pela população brasileira equivalente a 
1,8% do VET, em 2010. De acordo com os autores, esse consumo 
excessivo foi responsável por 18.576 mortes anuais por doenças corona-
rianas, o que representa 11,5% desses óbitos¹³. 
Estudos conduzidos no Brasil também indicam que alguns óleos vegetais 
refinados podem ter até 5% de ácidos graxos trans de origem industrial ³⁷ 
³⁹. Isso pode ser o resultado de falhas no controle da etapa de desodoriza-
ção dos óleos durante seu refinamento⁴⁰. 
11
Com uma população de mais de 200 milhões de pessoas, o Brasil é o 
quinto país mais populoso do mundo. As DCNT correspondem a 72% 
das causas de morte; as doenças cardiovasculares causaram aproxima-
damente 30% de todas as mortes prematuras, mais do que qualquer 
outro grupo de doenças ²⁹ ³⁰. Em 2010, aproximadamente 19.000 
mortes foram atribuíveis à alta ingestão de AGT¹².
 
De acordo com recente estudo³¹ realizado na Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (UFRJ), o impacto econômico causado por DCV vêm 
aumentando a cada ano, em consonância com o número de casos de 
DCV. Segundo os autores, os custos estimados por DCV foram de 
R$37,1 bilhões no ano de 2015, o que representa um aumento percen-
tual de 17% no período de 2010 a 2015. Os custos estimados pela 
morte prematura por DCV representam 61% do total de custo estima-
dos. Já os custos diretos com internações e consultas foram de 22% e 
os custos pela perda da produtividade relacionados à doença foram de 
15% do total. Os gastos com saúde no Brasil são estimados em 9,5% 
do Produto Interno Bruto (PIB) e o custo médio das DCV foi 
estimado em 0,7% do PIB.
 
Embora apresentem causas multifatoriais, as DCNT compartilham 
quatro fatores de risco comportamentais modificáveis: a alimentação 
inadequada, o uso abusivo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo³². 
Sendo que a alimentação inadequada lidera o ranking de fatores de 
risco mais importantes para a carga global de doenças no país³³.
Ressalta-se que o alto consumo de AGT leva a hipercolesterolemia, 
fator de risco metabólico independente para as DCV e que ocupa o 
sétimo lugar no ranking dos fatores mais relevantes para a carga global 
de doenças no Brasil7.
Dados relacionados ao consumo de AGT pela população brasileira 
são limitados. No entanto, resultados da última Pesquisa de Orça-
mentos Familiares (POF) - 2008/2009³⁴ revelam que seu 
consumo médio é elevado em todas as faixas etárias avaliadas (10 
anos ou mais), sendo que o maior consumo ocorre entre os adoles-
centes (14 a 18 anos) do sexo masculino (3,1 g/dia ou 1,4% em um 
total de 2000 calorias/dia). A POF também demostra que o 
consumo médio de AGT é maior nas áreas urbanas em ambos os 
sexos e em todos os grupos de idade, e que as regiões Sul e Sudes-
te apresentam médias mais altas de consumo.
 
Outra pesquisa, publicada em 2015, com base nos dados de 
consumo alimentar da POF 2008/2009, identificou um consu-
mo médio de AGT pela população é de 2,9 g/dia ou 1,4% do VET 
(valor energético total). Esse estudo revelou que a fração da dieta 
constituída de alimentos ultraprocessados contém oito vezes mais 
AGT do que a fração composta por alimentos in natura e minima-
mente processados, fazendo com que a quantidade ingerida desta 
gordura aumente significativamente com o aumento da participa-
ção de ultraprocessados na alimentação³⁵.
 
Um estudo de 2009 na cidade de São Paulo apontou que a ingestão 
média diária de AGT foi de 5g, equivalente a 2,4% da ingestão total de 
energia diária. O maior consumo foi observado em adolescentes, com 
7,4g por dia, ou 2,9% da ingestão total diária de energia³⁶.
Estudo internacional que estimou a ingestão de AGT em 186 países para 
avaliar a carga global sobre a mortalidade por doenças coronarianas, 
apontou uma ingestão de AGT pela população brasileira equivalente a 
1,8% do VET, em 2010. De acordo com os autores, esse consumo 
excessivo foi responsável por 18.576 mortes anuais por doenças corona-
rianas, o que representa 11,5% desses óbitos¹³. 
Estudos conduzidos no Brasil também indicam que alguns óleos vegetais 
refinados podem ter até 5% de ácidos graxos trans de origem industrial ³⁷ 
³⁹. Isso pode ser o resultado de falhas no controle da etapa de desodoriza-
ção dos óleos durante seu refinamento⁴⁰. 
Diante dos acordos voluntários da indústria de alimentos, detalha-
dos na Seção “Cenário Regulatório no Brasil”, o conteúdo de AGT 
vem sendo reduzido nos alimentos industrializados, o que tem 
levado à redução da ingestão desses lipídios pela população. Apesardos avanços obtidos, o mercado nacional ainda possui muitos 
produtos adicionados de OGPH, que podem ter um preço inferior 
aos equivalentes sem AGT. Essa situação pode estimular o consu-
mo de AGT em detrimento a opções mais saudáveis, especialmen-
te quando não fica claro para o consumidor que a diferença entre 
os preços pode estar relacionada à presença desses ácidos graxos.
Essa e outras limitações relativas à presença e à rotulagem de AGT 
nos alimentos industrializados são demonstradas em pesquisas da 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em 2009, um 
levantamento realizado em um minimercado e um supermercado 
localizados em regiões de Florianópolis com diferentes níveis 
socioeconômicos e próximas a escolas públicas identificou, com 
base na lista de ingredientes, a presença de AGT em oito catego-
rias de alimentos: balas, barras de cereais, bebidas (leite e bebidas 
à base de soja), cookies, biscoitos, chocolates, doces e snacks. Os 
alimentos (tabela nutricional) e os valores encontrados na 
análise da composição dos mesmos alimentos. Nos estudos, 
foram analisados o perfil de ácidos graxos, por cromatografia, 
de 49 amostras de alimentos com ingredientes passíveis de 
conter ácido graxo trans industrial, comparando-os com o 
teor de ácidos graxos trans declarado nos rótulos. Houve 
diferença entre o valor declarado nos rótulos e o valor encon-
trado na análise em 82% (n=40) dos alimentos industrializa-
dos analisados, dos quais 92% (n=37) apresentaram maior 
conteúdo de AGT na análise laboratorial.
Por fim, de acordo com o Documento de base para discussão 
regulatória sobre AGT elaborado pela Anvisa, estimativas 
populacionais indicam um consumo médio de AGT superior a 
1% do VET, atual limite máximo de consumo estabelecido pela 
OMS, sendo que grupos que apresentam maior consumo de 
alimentos industrializados, podem atingir valores ainda maiores.
12
resultados revelaram que 447 (69%) desses produtos tinham 
AGT. As categorias que apresentaram maior proporção desses 
lipídios, em ordem decrescente, foram os biscoitos (92%), os 
cookies (89%), os chocolates (78%), as barras de cereais (63%), 
os doces e as balas (42%), os snacks (39%) e as bebidas (33%)⁴¹.
Silveira (2013)⁴², analisando rótulos de 2.327 alimentos embala-
dos, encontrou 14 diferentes denominações para ácido graxo 
trans industrial na lista de ingredientes, tais como ‘gordura hidro-
genada’, ‘gordura parcialmente hidrogenada’, ‘óleo vegetal hidro-
genado’, e mais nove denominações alternativas de ingredientes 
passíveis de conterem ácido graxo trans industrial, por exemplo, 
‘creme vegetal’, ‘gordura vegetal’ e ‘margarina’. Outra limitação é 
que o conteúdo apresentado como porção, por ser muitas vezes 
pequeno, possibilita que a indústria alimentícia não notifique a 
presença de ácidos graxos trans na informação nutricional do 
alimento quando estes não alcançam o valor de 0,2 g na porção,⁴¹ 
⁴³ ⁴⁶ comprometendo o direito dos consumidores à informação.
Estudos de Hissanaga-Himelstein (2014; 2016)⁴⁷ ⁴⁸ comprovam 
divergências entre os teores de AGT apresentados nos rótulos de 
-
-
Com uma população de mais de 200 milhões de pessoas, o Brasil é o 
quinto país mais populoso do mundo. As DCNT correspondem a 72% 
das causas de morte; as doenças cardiovasculares causaram aproxima-
damente 30% de todas as mortes prematuras, mais do que qualquer 
outro grupo de doenças ²⁹ ³⁰. Em 2010, aproximadamente 19.000 
mortes foram atribuíveis à alta ingestão de AGT¹².
 
De acordo com recente estudo³¹ realizado na Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (UFRJ), o impacto econômico causado por DCV vêm 
aumentando a cada ano, em consonância com o número de casos de 
DCV. Segundo os autores, os custos estimados por DCV foram de 
R$37,1 bilhões no ano de 2015, o que representa um aumento percen-
tual de 17% no período de 2010 a 2015. Os custos estimados pela 
morte prematura por DCV representam 61% do total de custo estima-
dos. Já os custos diretos com internações e consultas foram de 22% e 
os custos pela perda da produtividade relacionados à doença foram de 
15% do total. Os gastos com saúde no Brasil são estimados em 9,5% 
do Produto Interno Bruto (PIB) e o custo médio das DCV foi 
estimado em 0,7% do PIB.
 
Embora apresentem causas multifatoriais, as DCNT compartilham 
quatro fatores de risco comportamentais modificáveis: a alimentação 
inadequada, o uso abusivo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo³². 
Sendo que a alimentação inadequada lidera o ranking de fatores de 
risco mais importantes para a carga global de doenças no país³³.
Ressalta-se que o alto consumo de AGT leva a hipercolesterolemia, 
fator de risco metabólico independente para as DCV e que ocupa o 
sétimo lugar no ranking dos fatores mais relevantes para a carga global 
de doenças no Brasil7.
Dados relacionados ao consumo de AGT pela população brasileira 
são limitados. No entanto, resultados da última Pesquisa de Orça-
mentos Familiares (POF) - 2008/2009³⁴ revelam que seu 
consumo médio é elevado em todas as faixas etárias avaliadas (10 
anos ou mais), sendo que o maior consumo ocorre entre os adoles-
centes (14 a 18 anos) do sexo masculino (3,1 g/dia ou 1,4% em um 
total de 2000 calorias/dia). A POF também demostra que o 
consumo médio de AGT é maior nas áreas urbanas em ambos os 
sexos e em todos os grupos de idade, e que as regiões Sul e Sudes-
te apresentam médias mais altas de consumo.
 
Outra pesquisa, publicada em 2015, com base nos dados de 
consumo alimentar da POF 2008/2009, identificou um consu-
mo médio de AGT pela população é de 2,9 g/dia ou 1,4% do VET 
(valor energético total). Esse estudo revelou que a fração da dieta 
constituída de alimentos ultraprocessados contém oito vezes mais 
AGT do que a fração composta por alimentos in natura e minima-
mente processados, fazendo com que a quantidade ingerida desta 
gordura aumente significativamente com o aumento da participa-
ção de ultraprocessados na alimentação³⁵.
 
Um estudo de 2009 na cidade de São Paulo apontou que a ingestão 
média diária de AGT foi de 5g, equivalente a 2,4% da ingestão total de 
energia diária. O maior consumo foi observado em adolescentes, com 
7,4g por dia, ou 2,9% da ingestão total diária de energia³⁶.
Estudo internacional que estimou a ingestão de AGT em 186 países para 
avaliar a carga global sobre a mortalidade por doenças coronarianas, 
apontou uma ingestão de AGT pela população brasileira equivalente a 
1,8% do VET, em 2010. De acordo com os autores, esse consumo 
excessivo foi responsável por 18.576 mortes anuais por doenças corona-
rianas, o que representa 11,5% desses óbitos¹³. 
Estudos conduzidos no Brasil também indicam que alguns óleos vegetais 
refinados podem ter até 5% de ácidos graxos trans de origem industrial ³⁷ 
³⁹. Isso pode ser o resultado de falhas no controle da etapa de desodoriza-
ção dos óleos durante seu refinamento⁴⁰. 
Diante dos acordos voluntários da indústria de alimentos, detalha-
dos na Seção “Cenário Regulatório no Brasil”, o conteúdo de AGT 
vem sendo reduzido nos alimentos industrializados, o que tem 
levado à redução da ingestão desses lipídios pela população. Apesar 
dos avanços obtidos, o mercado nacional ainda possui muitos 
produtos adicionados de OGPH, que podem ter um preço inferior 
aos equivalentes sem AGT. Essa situação pode estimular o consu-
mo de AGT em detrimento a opções mais saudáveis, especialmen-
te quando não fica claro para o consumidor que a diferença entre 
os preços pode estar relacionada à presença desses ácidos graxos.
Essa e outras limitações relativas à presença e à rotulagem de AGT 
nos alimentos industrializados são demonstradas em pesquisas da 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em 2009, um 
levantamento realizado em um minimercado e um supermercado 
localizados em regiões de Florianópolis com diferentes níveis 
socioeconômicos e próximas a escolas públicas identificou,com 
base na lista de ingredientes, a presença de AGT em oito catego-
rias de alimentos: balas, barras de cereais, bebidas (leite e bebidas 
à base de soja), cookies, biscoitos, chocolates, doces e snacks. Os 
alimentos (tabela nutricional) e os valores encontrados na 
análise da composição dos mesmos alimentos. Nos estudos, 
foram analisados o perfil de ácidos graxos, por cromatografia, 
de 49 amostras de alimentos com ingredientes passíveis de 
conter ácido graxo trans industrial, comparando-os com o 
teor de ácidos graxos trans declarado nos rótulos. Houve 
diferença entre o valor declarado nos rótulos e o valor encon-
trado na análise em 82% (n=40) dos alimentos industrializa-
dos analisados, dos quais 92% (n=37) apresentaram maior 
conteúdo de AGT na análise laboratorial.
Por fim, de acordo com o Documento de base para discussão 
regulatória sobre AGT elaborado pela Anvisa, estimativas 
populacionais indicam um consumo médio de AGT superior a 
1% do VET, atual limite máximo de consumo estabelecido pela 
OMS, sendo que grupos que apresentam maior consumo de 
alimentos industrializados, podem atingir valores ainda maiores.
13
resultados revelaram que 447 (69%) desses produtos tinham 
AGT. As categorias que apresentaram maior proporção desses 
lipídios, em ordem decrescente, foram os biscoitos (92%), os 
cookies (89%), os chocolates (78%), as barras de cereais (63%), 
os doces e as balas (42%), os snacks (39%) e as bebidas (33%)⁴¹.
Silveira (2013)⁴², analisando rótulos de 2.327 alimentos embala-
dos, encontrou 14 diferentes denominações para ácido graxo 
trans industrial na lista de ingredientes, tais como ‘gordura hidro-
genada’, ‘gordura parcialmente hidrogenada’, ‘óleo vegetal hidro-
genado’, e mais nove denominações alternativas de ingredientes 
passíveis de conterem ácido graxo trans industrial, por exemplo, 
‘creme vegetal’, ‘gordura vegetal’ e ‘margarina’. Outra limitação é 
que o conteúdo apresentado como porção, por ser muitas vezes 
pequeno, possibilita que a indústria alimentícia não notifique a 
presença de ácidos graxos trans na informação nutricional do 
alimento quando estes não alcançam o valor de 0,2 g na porção,⁴¹ 
⁴³ ⁴⁶ comprometendo o direito dos consumidores à informação.
Estudos de Hissanaga-Himelstein (2014; 2016)⁴⁷ ⁴⁸ comprovam 
divergências entre os teores de AGT apresentados nos rótulos de 
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/5313808/Documento+de+discuss%C3%A3o+sobre+gordura+trans_vers%C3%A3o+final.pdf/e2604d4a-9434-4bc4-b511-1c76ce7396ab
adm-proativa
Realce
Em decorrência dos impactos nocivos à saúde cardiovascular 
provocados pelos AGT, 30 países já implementaram medidas 
obrigatórias para restringir o uso ou o consumo dessas gorduras, 
atingindo, atualmente, 2,4 bilhões de pessoas (31% de cobertura 
global da população). A Dinamarca foi o primeiro país que, há mais 
de 15 anos, determinou o limite de 2% de ácido graxo trans 
de origem industrial sobre o total de gorduras em todos os alimen-
tos no mercado, incluindo importados e aqueles servidos em 
restaurantes. Desde então, medidas semelhantes de restrição já 
foram adotadas por diversos países da Europa, Ásia, África e na 
Região das Américas: Chile (2009), Argentina (2010), Colômbia 
(2012), Equador (2013), Estados Unidos da América (2015), 
Peru (2016), Canadá (2017), Uruguai (2017)¹². 
CENÁRIO 
REGULATÓRIO
NA REGIÃO E NO MUNDO
A OMS¹² considera que os países que adotaram as melhores práti-
cas de restrição do AGTI são: Áustria, Canadá, Chile, Dinamarca, 
Guam, Hungria, Islândia, Letônia, Ilhas Marianas do Norte, 
Noruega, Eslovênia, África do Sul, Tailândia e Estados Unidos da 
América, uma vez que suas iniciativas regulatórias limitam o AGTI 
em alimentos em todos os ambientes e atendem a pelo menos 
uma das alternativas recomendadas de estabelecer:
Um limite nacional obrigatório de 2 g de AGT produzido 
industrialmente por 100 gramas de óleos e gorduras totais 
em todos os alimentos; e 
A proibição nacional obrigatória da produção ou uso de 
OGPH como ingrediente em todos os alimentos.
1
2
14
Em 2018, foi lançado pela OMS o pacote de ações “REPLACE” com um roteiro de estratégias para os países eliminarem os ácidos graxos trans produzidos 
industrialmente do suprimento global de alimentos até 2023. Esse pacote delineia seis áreas de ação para apoiar a pronta, completa e sustentada elimina-
ção do AGTI, reunindo, também, as lições aprendidas dos países. 
Em maio deste ano, a OMS desenvolveu e lançou o “TFA COUNTRY SCORE CARD” (AGTI Cartão de Pontuação do País – tradução livre) para moni-
torar continuamente o desempenho dos países na implementação de medidas legislativas e outras medidas para reduzir e eliminar o AGTI (Figura 2). Nele, 
é possível conhecer os países que apresentam as melhores práticas de restrição de AGTI, citadas acima, os que implementam limites menos restritivos (ex: 
limite de 2% de AGTI apenas em óleos e gorduras ou limite de 2% em óleos e gorduras e de 5% em outros alimentos ou limite de 5% em óleos e gorduras), 
outras medidas complementares (ex: declaração de AGT nos rótulos, sistema de rotulagem frontal que inclui os AGT) ou algum compromisso no âmbito 
da política nacional para sua eliminação (estratégias ou planos de ação que expressam o compromisso de reduzir o AGTI no suprimento de alimentos).
Compromisso de política nacional para eliminar o AGT: 
Políticas, estratégias ou planos de ação nacionais 
expressam o compromisso de reduzir o AGT produzido 
industrialmente no suprimento de alimentos
Outras medidas complementares: Foram adotadas medidas 
legislativas ou outras para incentivar os consumidores a fazer 
escolhas mais saudáveis em relação aos AGT produzidos 
industrialmente ou a limites obrigatórios para os AGT 
produzidos industrialmente em alimentos em contextos 
específicos
Limites menos restritivos de AGT: Foram adotadas 
medidas legais para limitar o AGT produzido industrial-
mente em alimentos em todos os locais, mas estas são 
menos restritivas que a abordagem recomendada
Políticas de melhores práticas do AGT: Foram adotadas 
medidas legislativas para limitar o AGT produzido 
industrialmente em alimentos em todos os contextos, e 
elas estão de acordo com a abordagem recomendada
Mecanismo de monitoramento para limites obrigatórios 
de AGT
Política de melhores práticas do AGT aprovada, mas 
ainda não está em vigor
Figura 2. Desempenho dos países com relação às iniciativas para
redução/eliminação do AGTI12. OMS, 201915
https://www.who.int/nutrition/topics/replace-transfat
adm-proativa
Realce
https://extranet.who.int/nutrition/gina/en/scorecard/TFA
adm-proativa
Realce
Um estudo realizado na Argentina estimou 
que o impacto da redução do consumo de 
AGT devido à lei do país evitaria até 1.517 
mortes, 5.373 eventos coronarianos 
agudos e U$87 milhões nos custos anuais 
de sistemas de saúde⁴⁹.
Ainda sobre o impacto das medidas regula-
tórias na saúde, a Dinamarca conseguiu 
diminuir a mortalidade cardiovascular 4,2% 
mais rápido do que em países comparáveis 
 da Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE) 
após a implementação da primeira proibi-
ção nacional da AGT em 2003⁵⁰.
16
O Brasil também tem regras estabelecidas pelo Ministério da 
Educação para o atendimento da alimentação escolar aos alunos 
da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimen-
tação Escolar (PNAE) que definem que as preparações diárias da 
alimentação escolar devem observar o limite de AGT de 1% do 
VET, entretanto, não há um sistema de monitoramento pleno de 
seu cumprimento.
 
Entre as ações voluntárias de reformulação, destacam-se o 
Acordo de Cooperação Técnica assinado pelo Ministério das 
Saúde (MS) e pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimen-
tação (ABIA) e a Declaração do Rio de Janeiro para as Américas 
Livres de ácidos graxos trans da Organização Pan-Americana da 
Saúde (OPAS), que estabeleceu como meta um conteúdo 
máximode AGTI nos óleos e margarinas de 2% do total de gordu-
ras e nos alimentos processados de 5% do total de gorduras⁵¹.
 
Apesar de alguns avanços obtidos por tais medidas, explicitados 
previamente, constata-se que o mercado nacional ainda apresenta 
muitos produtos industrializados com adição de gordura parcial-
mente hidrogenada e que esses produtos possuem um preço 
inferior ao de alimentos equivalentes sem adição deste constituinte. 
Ademais, os dados disponíveis revelam um consumo elevado de 
AGT pela população brasileira. Nesse sentido, o impacto dessa 
iniciativa, tem sido insuficiente em seu alcance. Ainda, pondera-se 
que os maiores fabricantes de alimentos industrializados já realiza-
ram reformulações voluntárias por influência das medidas de rotula-
gem nutricional e de pactuação com o MS. Portanto, não parece 
provável que o movimento voluntário de redução dos AGT realizado 
por parcela do setor produtivo em resposta às medidas regulatórias 
adotadas continue a ocorrer em um ritmo e magnitude capazes de 
reduzir o consumo de AGT aos valores recomendados.
 
Em 2017, na Reunião dos Ministros da Saúde do Mercosul, foi 
assinado um acordo em que os países se comprometeram em 
fomentar a adoção de medidas regulatórias para a eliminação gradu-
al de AGTI dos alimentos, em um prazo inferior a quatro anos⁵².
A Anvisa, comprometida com seus objetivos estratégicos, vem, 
desde 2016, discutindo e analisando o tema, de forma transparen-
te e participativa, com a presença de organizações da sociedade 
civil, pesquisadores acadêmicos, representantes do governo e do 
setor regulado (indústria de alimentos) para se chegar à melhor 
opção regulatória para restrição dos ácidos graxos trans industriais 
no Brasil.
O uso de AGTI em alimentos é um dos temas prioritários da sua 
Agenda Regulatória 2017-2020 – tema 4.11. Em 2016, foi 
realizada Audiência Pública (AP) sobre o assunto (nº 2/2016), em 
que se constatou que as iniciativas destinadas a reduzir o consumo 
de AGTI no país não estão sendo suficientes para atingir um nível 
adequado de proteção à saúde da população.
Em complementação à AP, foram coletadas opiniões da sociedade 
sobre o tema, por meio de um formulário eletrônico que ficou 
aberto por 15 dias. Dentre os resultados encontrados, foi observado 
que 95% dos participantes apoiavam a implementação de medidas 
mais efetivas para reduzir o consumo de ácido graxo trans e, 
dessas, 86,6% responderam que a melhor forma de atuação regu-
latória é a proibição do uso de gordura trans.
Entretanto, as regras vigentes apresentam limitações significativas 
no que diz respeito às declarações dos ingredientes fontes de AGTI 
ou à quantidade total desses lipídios nos produtos. Na Figura 3, 
estão listadas as principais falhas regulatórias identificadas na decla-
ração de AGT na lista de ingredientes e na rotulagem nutricional. 
Dentre elas, destaca-se que quantidades iguais ou inferiores a 0,2g 
de AGT na porção podem ser declaradas como zero na tabela nutri-
cional, além disso, alimentos que contem ácido graxo trans abaixo 
de 0,1g na porção e são baixos em gordura saturada podem utilizar 
alegações de que são isentos da substância (“0% ácido graxo trans”, 
“Livre de ácido graxo trans”, etc.). Além disso, existe uma tolerância 
de 20% para a precisão dos valores declarados na tabela e de 30% 
do tamanho da porção definida para alimentos apresentados em 
embalagem individual, em unidades de consumo ou fracionados.
O Brasil possui iniciativas regulatórias relacionadas ao AGT, no
entanto, nenhuma das medidas existentes estabelece um limite
de AGTI ou proíbe a produção ou uso dos OGPH. A tentativa de 
adoção de uma medida normativa de restrição de AGTI vem sendo 
conduzida de forma legítima e participativa no âmbito
da Anvisa, agência reguladora com competência legal e capacida-
de técnica de regulamentar, fiscalizar e controlar os produtos e 
serviços que envolvam risco à saúde, incluindo os alimentos e seus 
constituintes, com base nas mais recentes evidências científicas.
Uma das medidas já existentes relacionadas aos AGT é a rotulagem. 
Esta compreende, entre outros elementos, a lista de ingredientes, 
que traz a descrição, por ordem decrescente, dos ingredientes 
presentes na formulação do alimento, e a rotulagem nutricional, que 
inclui a declaração da quantidade absoluta de AGT presente na 
porção do alimento pronto para o consumo e as alegações nutricio-
nais. Essas medidas visam informar aos consumidores sobre as princi-
pais características de composição dos alimentos, de forma a auxiliar 
na realização de escolhas alimentares conscientes e adequadas.
CENÁRIO REGULATÓRIO
NO BRASIL
17
O Brasil também tem regras estabelecidas pelo Ministério da 
Educação para o atendimento da alimentação escolar aos alunos 
da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimen-
tação Escolar (PNAE) que definem que as preparações diárias da 
alimentação escolar devem observar o limite de AGT de 1% do 
VET, entretanto, não há um sistema de monitoramento pleno de 
seu cumprimento.
 
Entre as ações voluntárias de reformulação, destacam-se o 
Acordo de Cooperação Técnica assinado pelo Ministério das 
Saúde (MS) e pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimen-
tação (ABIA) e a Declaração do Rio de Janeiro para as Américas 
Livres de ácidos graxos trans da Organização Pan-Americana da 
Saúde (OPAS), que estabeleceu como meta um conteúdo 
máximo de AGTI nos óleos e margarinas de 2% do total de gordu-
ras e nos alimentos processados de 5% do total de gorduras⁵¹.
 
Apesar de alguns avanços obtidos por tais medidas, explicitados 
previamente, constata-se que o mercado nacional ainda apresenta 
muitos produtos industrializados com adição de gordura parcial-
Os alimentos que tipicamente são adicionados de OGPH são aqueles que apresentam menores porções definidas pela legislação. Soma-se a isso 
que as regras atuais da lista de ingredientes não estabelecem uma padronização para a declaração dos OGPH, sendo encontrados no mercado 
diversas denominações distintas na lista de ingredientes e o escopo das normas se limitam aos alimentos embalados, não garantindo que o consu-
midor tenha acesso a informações sobre a presença e a quantidade de AGT nos alimentos consumidos fora do lar.
Cobre apenas alimentos embalados.
Uso de termos genéricos.
Desassociada da tabela nutricional.
Legibilidade inadequada
LISTA DE INGREDIENTES
Dispensa da declaração dos OGPH por
ordem decrescente em certos casos.
Omissão dos OGPH em certos casos.
Cobre apenas alimentos embalados.
Alimentos com alto teor de nutrientes
negativos podem destacar
sua ausência de AGT.
ALEGAÇÕES NUTRICIONAIS
Alguns alimentos com AGT conseguem
destacar sua ausência.
Podem mascarar qualidade nutricional.
Cobre apenas alimentos embalados.
Porções de referência muito pequenas,
que podem ser reduzidas em até 30%
e não refletem o consumo habitual.
Sem % VD para AGT.
TABELA NUTRICIONAL
Quantidades < 0,2 gramas de AGT
são declarados como zero.
Presença de AGT pode ser ocultada.
Figura 3. Principais falhas regulatórias identificadas na declaração de AGT na lista de ingredientes e na rotulagem nutricional. Anvisa, 2018.
mente hidrogenada e que esses produtos possuem um preço 
inferior ao de alimentos equivalentes sem adição deste constituinte. 
Ademais, os dados disponíveis revelam um consumo elevado de 
AGT pela população brasileira. Nesse sentido, o impacto dessa 
iniciativa, tem sido insuficiente em seu alcance. Ainda, pondera-se 
que os maiores fabricantes de alimentos industrializados já realiza-
ram reformulações voluntárias por influência das medidas de rotula-
gem nutricional e de pactuação com o MS. Portanto, não parece 
provável que o movimento voluntário de redução dos AGT realizado 
por parcela do setor produtivo em resposta às medidas regulatórias 
adotadas continue a ocorrer em um ritmo e magnitude capazes de 
reduzir o consumo de AGT aos valores

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