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TCC-Artigo Consumo de alimentos ultraprocessados no período da pandemia do Covid 19

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21
UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DE SAÚDE - ICS
CURSO DE NUTRIÇÃO - CAMPUS BRASÍLIA
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NO PERÍODO DA PANDEMIA DE COVID-19: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Diego Gomes Barbosa
D448129
BRASILIA
 NOVEMBRO/2021
Diego Gomes Barbosa
D448129 
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NO PERÍODO DA PANDEMIA DE COVID-19: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Nutrição, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Paulista, Campus Brasília, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Nutrição.
Orientador (a): Prof. Me. Antonio José Rezende
BRASILIA
 NOVEMBRO/2021
Ficha catalográfica
FOLHA DE APROVAÇÃO
Diego Gomes Barbosa
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NO PERÍODO DA PANDEMIA DE COVID-19: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Nutrição, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Paulista, Campus Brasília, para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição.
Aprovado em: ____/_____/_______
Banca Examinadora
__________________________________________
Prof. Me. Antônio José de Rezende - Orientador
__________________________________________
Prof(a) Esp ou MSc ou Dra Nome completo - 1o membro
_________________________________________
Prof(a) Esp ou MSc ou Dra Nome completo - 2o membro
BRASILIA
NOVEMBRO/2021
SUMÁRIO
1.	APRESENTAÇÃO	6
2.	ARTIGO ORIGINAL	9
2.1	INTRODUÇÃO	11
2.2	METODOLOGIA DA PESQUISA	12
2.2.1 Delineamento de Estudo	12
2.2.2 Abordagem	12
2.2.3 Coleta de Dados	12
2.3	RESULTADO	15
2.3.1	Alimentação saudável	15
2.3.2	Alimentos ultraprocessados	17
2.3.3	Pandemia de COVID-19	19
2.4	DISCUSSÃO	23
2.5	CONCLUSÃO	24
REFERÊNCIAS	25
APRESENTAÇÃO
7
_________________________________________________________________
APRESENTAÇÃO 
O princípio da alimentação saudável sugere que uma dieta equilibrada e saudável deve incluir todos os grupos de alimentos para formar uma dieta diária. Uma alimentação saudável deve fornecer água, carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas, fibras e minerais, que são insubstituíveis e indispensáveis para o funcionamento normal do organismo.[endnoteRef:1] [1: Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.] 
No entanto, os padrões de consumo alimentar da população brasileira vêm mudando ao longo dos anos, principalmente a partir da década de 1990, período em que o país passou por diversas transformações sociais e econômicas.1 De acordo com a pesquisa de Maria Bianca Brasil Freire e colaboradores[endnoteRef:2] as mudanças no campo social têm trazido consequências para a configuração atual do mercado consumidor, como maior urbanização e a entrada da mulher no mercado de trabalho. [2: Freire MBB, Nascimento EGC, Cavalcanti MAF, Fernandes NCS, Pessoa Júnior JM. Padrão de consumo alimentar e fatores associados em adultos. Rev. Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto, 2018; 6(4):715-723.] 
Um outro fator determinante se deu no ano de 2019, período em que foi declarado a pandemia de COVID-19, devido as medidas governamentais, o isolamento social e suas consequências identificadas ao redor do mundo para evitar o contágio e transmissão do vírus causador da doença. Pode-se destacar no campo dos hábitos saudáveis um prejuízo quanto à prática de exercício físico (devido ao fechamento de parques e academias) e o aumento no consumo de alimentos não saudáveis, ambas causando um índice elevado de sedentarísmo.[endnoteRef:3] [3: Associação Brasileira de Nutrição – ASBRAN. Guia para uma alimentação saudável em tempos de COVID-19. Brasília: ASBRAN, março 2020.] 
A chamada transição nutricional significa uma mudança na dieta tradicional baseada no consumo de grãos, esta dieta está sendo gradualmente substituída por uma dieta com grande quantidade de gordura, açúcar, alimentos processados ​​e uma quantidade relativamente pequena de alimentos saudaveis, proteinas, carboidratos complexos e fibras, com essa mudança de hábito alimentar, o consumo de alimentos processados e congelados aumentou drásticamente.1
A dieta caracterizada com alimentos “pré-prontos” ocupam cada vez mais espaço no mercado alimentício e, atualmente consuderando ao longo prazo, o congelamento se mostra como sendo uma das melhores formas de conservar os alimentos, segundo cientístas. Porém, há de se observar que técnicas de cozimento, processamento, congelamento e armazenamento avançadas vêm evoluindo, possibilitando que esses alimentos conservem suas propriedades sensoriais e nutricionais semelhantes às de antes do congelamento.2
Alimentos ultraprocessados se dão devido uma fórmula industrial que pode ser consumida, feita total ou principalmente com substâncias extraídas dos alimentos (óleo, gordura, açúcar, proteína), derivados de ingredientes alimentícios (gordura hidrogenada, amido modificado) ou até mesmo em laboratório baseado na junção de material orgânico (corantes, agentes aromatizantes, intensificadores de sabor e outros aditivos usados para alterar as características sensoriais). Essas fórmulas industriais costumam ser compostas por cinco ou mais ingredientes, geralmente pobres em nutrientes, ricos em calorias, açúcar, gordura, sal e aditivos químicos, com melhor sabor e maior prazo de validade. Podendo favorecer a ocorrência de deficiências nutricionais, obesidade, doenças cardíacas e diabetes, conforme o Ministério da Saúde.1
Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) teve como objetivo analisar os índices de consumo de alimentos ultraprocessados durante o período da pandemia de COVID-19, bem como suas consequências na questão da saúde populacional. Seguindo as recomendações do Curso de Nutrição do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Paulista, Campus Brasília – DF, este TCC está estruturado na forma de artigo científico original e será submetido para o repositório institucional da instituição de ensino.
ARTIGO ORIGINAL
_________________________________________________________________
8
ARTIGO ORIGINAL
CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS NO PERÍODO DA PANDEMIA DE COVID-19: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
CONSUMPTION OF ULTRAPROCESSED FOODS IN THE COVID-19 PANDEMIC PERIOD: AN INTEGRATIVE REVIEW
Diego Gomes Barbosa1; Antonio José de Rezende2
1Graduando em Nutrição da Universidade Paulista, Campus Brasília - DF.
2Docente do Curso de Nutrição da Universidade Paulista, Campus Brasília - DF.
Endereço para correspondência:
Prof. Mestre Antônio José Rezende.
Sgas Quadra 913, s/nº - Conjunto B - Asa Sul, Brasília - DF, 70390-130 Telefone: (61) 998682050. E-mail: antonio.rezende1@docente.unip.br.
Fontes de financiamento:
Não existiram fontes externas de financiamento para a realização deste artigo.
Conflito de interesses:
Os autores declaram ausência de conflito de interesses.
RESUMO
Introdução: A pandemia de COVID-19 trouxe consigo algumas características, dentre elas a alteração de hábito de toda a população mundial, principalmente no que diz respeito à sua alimentação e à sua limitação de locomoção. Tais limitações fizeram crescer o que já vinha em uma ascendente, o consumo de alimentos ultraprocessados e a obesidade, de maneira geral. Objetivo: Analisar os índices de consumo de alimentos ultraprocessados durante o período da pandemia de COVID-19, bem como suas consequências na questão da saúde populacional. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, utilizando o método de análise crítica, que permite explicar e discutir o tema partindo de referências publicadas em veículos científicos. Para tanto, foram utilizadas as bases de dados da BVS e o portal da Scielo. Os documentos disponíveis nessas bases de dados foram utilizados por serem fontes amplamente utilizadas e que permitiram aprofundar ainda mais o estudo. Por fim, foram selecionados 9 artigos que foram citados e discutidos dentro da elaboração de um novo texto. Resultados: Alimentosultraprocessados padrões alimentares que são associados a doenças crônicas, principalmente as que se derivam da obesidade. Tais produtos dominam o mercado consumidor, contribuindo com quase 60,0% do total de energia consumida nos Estados Unidos e 50,0% no Canadá, e alcançando cerca de um 25% a 30% em países de renda média. Já se observava o aumento do consumo no período anterior à pandemia, porém, se deu de maneira mais pujante no período pandêmico (2019 e 2020) de produtos como molhos (de 9% para 16%) margarinas e óleos. Conclusão: Conforme os artigos selecionados, se constatou que o aumento de alimentos ultraprocessados se mostrou mais evidente no período pandêmico, principalmente pela sua característica de ser um “alimento confortável”. Para tanto, se mostra uma necessidade do Estado combater tal característica, sendo sobretaxando sua indústria, investindo em educação alimentar ou exigindo novas características nestes alimentos, como a adição de macronutrientes.
Palavras-chave: Alimentos ultraprocessados; Pandemia COVID-19; Alteração de hábitos alimentares; Revisão integrativa. 
ABSTRACT
Introduction: The COVID-19 pandemic brought with it some characteristics, including the change in habits of the entire world population, especially with regard to their diet and their limited mobility. Such limitations have increased what was already on the rise, the consumption of ultra-processed foods and obesity in general. Objective: To analyze the consumption indices of ultra-processed foods during the period of the COVID-19 pandemic, as well as its consequences in terms of population health. Methods: This is an integrative literature review, using the critical analysis method, which allows to explain and discuss the topic based on references published in scientific vehicles. For this purpose, the databases of the VHL and the Scielo portal were used. The documents available in these databases were used because they are widely used sources and allowed for further study. Finally, 9 articles were selected that were cited and discussed within the elaboration of a new text. Results: Ultra-processed foods dietary patterns that are associated with chronic diseases, especially those arising from obesity. Such products dominate the consumer market, contributing almost 60.0% of the total energy consumed in the United States and 50.0% in Canada, and reaching about 25% to 30% in middle-income countries. There was already an increase in consumption in the period prior to the pandemic, however, it was more vigorous in the pandemic period (2019 and 2020) of products such as sauces (from 9% to 16%) margarines and oils. Conclusion: According to the selected articles, it was found that the increase in ultra-processed foods was more evident in the pandemic period, mainly due to its characteristic of being a “comfortable food”. Therefore, it shows a need for the State to combat this characteristic, overtaxing its industry, investing in food education or demanding new characteristics in these foods, such as the addition of macronutrients.
Key-word: Ultra-processed food; COVID-19 pandemic; Change in eating habits; Integrative review.
2.1	INTRODUÇÃO
A indústria alimentícia está sempre incorporando novidades de produtos congelados no mercado, dentre eles pode-se destacar alimentos indicados para o consumo diário, desde que feito de maneira moderada, como polpas de frutas, verduras e certos pratos prontos congelados. Entretanto, a vasta gama de produtos congelados no mercado inclui alimentos que devem ser consumidos com extrema cautela, como lasanhas, produtos cárneos, lanches prontos e pizzas congeladas, que por sua vez apresentam taxas elevadas de sódio, gordura saturada e açúcares em sua composição (MONTEIRO et al., 2013).
Segundo o Ministério da Saúde (2016), uma grande variedade de produtos industrializados é elaborada a partir de uma combinação de gordura e açúcar, que resulta no aumento da disponibilidade e do consumo excessivo de açúcar de maneira direta ou de forma incorporada aos alimentos industrializados, causando efeitos prejudiciais à saúde, também devido à alta concetração de sódio em sua composição.
Dessa forma, esses alimentos são práticos, rápidos e saborosos, podendo trazer benefícios ao consumidor, mas o consumo excessivo pode causar danos à saúde, pois pode causar doenças como obesidade, diabetes tipo II, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Devido ao consumo massivo de alimentos congelados, as pessoas acham que esse assunto precisa ser estudado em profundidade, para que possam apontar os motivos que levam ao consumo desses alimentos, que é o motivo da maior parte do consumo (TUBIANA, 2018).
Sabendo do contexto pandêmico (isolamento social, aumento dos índices de ansiedade) e dos riscos na ingestão de alimentos ultraprocessados, o problema norteador da pesquisa é a seguinte: Quais são os riscos no consumo de alimentos ultraprocessados? Quais são os dados da saúde populacional que representam no consumo de alimentos ultraprocessados durante a pandemia de COVID-19?
Como hipótese, espera-se observar que o consumo de ultraprocessados foi elevado no Brasil e no mundo, pois com as pessoas, trabalhando, estudando e até se exercitando em casa, prefiram comidas rápidas e práticas, já que não podem se reunir e optar em comidas mais saudáveis com o vencimento próximo.
Espera-se também, que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados elevam estatisticamente a probabilidade de doenças crônicas, obesidade e outras doenças que estão associadas à uma dieta pobre de vitaminas.
O objetivo deste artigo é analisar os índices de consumo de alimentos ultraprocessados durante o período da pandemia de COVID-19, bem como suas consequências na questão da saúde populacional.
2.2	METODOLOGIA DA PESQUISA
2.2.1 Delineamento de Estudo
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, o método consiste em analisar criticamente e de forma detalhada publicações sobre o determinado tema. A análise permite explicar e discutir o tema partindo de referências publicadas em veículos científicos, como artigos originais. Para tanto, foram utilizadas as bases de dados da BVS (que envolve as coleções da MedLine, PubMed, BDEnf, entre outras) e no portal da Scielo (Scientific Electronic Library Online). Os documentos disponíveis nessas bases de dados foram utilizados por serem fontes amplamente utilizadas e que permitiram aprofundar ainda mais o estudo (MARTINS; PINTO, 2014).
A revisão bibliográfica utilizada para a realização deste trabalho tem um caráter exploratório e qualitativo. Segundo Gil (2019) as pesquisas exploratórias tem como finalidade permitir a familiarização com um determinado assunto, permitindo que o pesquisador conheça mais sobre o tema após o término das pesquisas. As pesquisas bibliográficas são um exemplo claro disso, os pesquisadores precisam buscar conhecimento sobre o assunto para que tenham conhecimento específico para formular hipóteses e opinar sobre o tema no qual está estudando. 
2.2.2 Abordagem
Quanto à forma de abordagem qualitativa, Marconi e Lakatos (2017) afirmam que o método qualitativo não se baseia em dados estatísticos para realizar as análises, mas, analisa profundamente um determinado assunto, indicando mais detalhes sobre tendências, comportamentos, dentre outros aspectos. Essas características requerem que o pesquisador analise os dados de forma indutiva após a coleta dos dados.
2.2.3 Coleta de Dados
Dessa forma, busca-se descrever a realidade através de um vasto acervo de dados e análises, através de estatísticas, formulários e relatos coletados e publicados. Já a parte desta pesquisa elencada como exploratória, visa utilizar métodos qualitativos para coletar o máximo de informações possíveis e cabíveis nesta pesquisa. De acordo com esse modelo de pesquisa, os pesquisadores podem intervir no conteúdo em análise e modificá-lo.
Como informado anteriormente, foram utilizadas três bases de dados (BVS, Portal Capes e Scielo) para a realização do levantamento bibliográfico, compreendendoo período que abrange o surgimento do COVID-19 até o momento da pesquisa (2019-2021), sob os descritores (semântica de busca) ultraprocessados, covid e pandemia, mais especificamente da seguinte maneira: “ultraprocessad* OR ultra-proces* AND covid* OR pandem*. Foi considerado apenas artigos disponíveis integralmente e transcritos com o idioma inglês, espanhol ou português. Ações metodológicas foram empregadas na parametrização desse artigo, como: escolha e delimitação temática, coleta de dados, identificação e seleção de materiais bibliográficos.
A busca eletrônica resultou em 73 artigos, 9 na Scielo, 29 na BVS e 35 no Portal da Capes, todos em inglês, espanhol ou português. Após a exclusão das duplicatas, restaram 53 artigos para serem analisados. Posteriormente, foi realizada uma análise através da leitura do título e resumo para exclusão de artigos que não atenderam aos critérios predefinidos (exclusão de documentos que tratavam de economia, propaganda, disponibilização de informação nos rótulos do prodruto e que não compreendiam o período da pandemia do COVID-19), resultando em 24 artigos para serem analisados. Após leitura, revisão e análise dos documentos levantados, foi inserido outro critério de inclusão, observando apenas os artigos que apresentavam observações sobre o contexto e as consequências advindas do consumo de alimentos ultraprocessados no período da pandemia de COVID-19, onde foram selecionados 9 artigos para serem citados e discutidos dentro da elaboração de um novo texto, conforme Figura 1:
Figura 1: Descrição dos métodos de inclusão e exclusão utilizados na revisão bibliográfica.Seleção a partir da leitura de todo o artigo
N=9
N=24
Exclusão a partir da leitura do título e resumo
N=60
(ultraprocessad* OR ultra-proces*) AND (covid* OR pandem*)
Exclusão de duplicatas
N=73
N=947
N=246
N=435
ultraprocessad* OR ultra-proces*
Fonte: Autoria própria (2021).
O material selecionado foi descrito e exposto no Quadro 1 abaixo, para melhor análise, identificando os autores, ano, título e objetivo dos artigos.
	N° do artigo 
	Autor / Ano
	Titulo 
	Método 
	Objetivo
	01
	FREIRE, Maria Bianca Brasil, et al
	Padrão de consumo alimentar e fatores associados em adultos
	Estudo transversal com abordagem quantitativa
	Identificar os padrões de consumo de alimentos mais frequentes na população do município de Pau dos Ferros – RN, e os fatores socioeconômico e demográfico associados
	02
	GOMBART, A. F.; PIERRE, A.; MAGGINI, S
	A review of micronutrients and the immune system working in harmony to reduce the risk of infection
	Revisão bibliográfica
	Fornecer uma visão geral dos mecanismos conhecidos de micronutrientes fundamentais para a função imunológica e descrever os efeitos da ingestão alimentar inadequada sobre o risco de infecção
	03
	KHANDPUR, Neha et al
	Factores sociodemográficos asociados al consumo de alimentos ultraprocesados en Colombia
	Revisão bibliográfica e análise estatística
	Analisar o consumo de alimentos ultraprocessados ​​na população colombiana por meio de fatores sociodemográficos
	04
	LEONARDI, Jéssica Gabriela; AZEVEDO, Bruna Marcacini
	Métodos de conservação de alimentos
	Revisão bibliográfica
	Realizar um levantamento bibliográfico dos diferentes métodos de conservação de alimentos e sua importância na alimentação dos indivíduos
	05
	LIMA, Evely Rocha et al
	Implicações da pandemia de COVID-19 nos hábitos alimentares de brasileiros: revisão integrativa
	Revisão bibliográfica
	Analisar as implicações da pandemia da COVID-19 nos hábitos alimentaresdos brasileiros, a partir da produção científica publicada em 2020
	06
	MARCHI, Cristina M. D. F.; MENDES, Dielson B
	Centros Urbanos: Práticas Alimentares e Perdas nas centrais de Abasteceimento do Brasil
	Revisão bibliográfica
	Apresentar os resultados da pesquisa sobre perdas de alimentos nas Centrais de Abastecimento do Brasil
	07
	MARTINELLI, Suellen Secchi; CAVALLI, Suzi Barletto
	Alimentação saudável e sustentável: uma revisão narrativa sobre desafios e perspectivas
	Revisão bibliográfica
	Realizar um exercício reflexivo da literatura científica sobre os principais desafios e perspectivas da alimentação saudável e sustentável
	08
	MOODIE, R. et al.
	Profits and pandemics: prevention of harmful effects of tobacco, alcohol, and ultra-processed food and drink industries
	Revisão bibliográfica e análise estatística
	Descrever as estratégias da indústria de ultraprocessados e possíveis soluções que combatam o aumento vertiginoso da obesidade no globo
	09
	MONTEIRO, C. A. et al.
	Ultra-processed products are becoming dominant in the global food system
	Revisão bibliográfica e análise estatística
	Examinar a o consumo de produtos ultraprocessados no Canadá entre 1938 e 2001, e no Brasil entre 1987 e 2003. Além de investigar mudanças nas vendas de produtos ultraprocessados ​​para 79 países entre 1998 e 2012, agrupados de acordo com a faixa de renda
Considerando as temáticas relacionadas aos questionamentos da pesquisa, os resultados obtidos foram divididos em quatro seções conforme as temáticas micro e macro envolvidas neste estudo. Na primeira apresenta-se o contexto e as principais observações sobre a alimentação saudável. Na segunda seção identificam-se os principais aspectos relacionados à ingestão de alimentos processamento. Na terceira, o contexto alimentar e habitual da população visto o cenário pandemico da COVID-19 e, por fim, na quarta seção a discussão dos resultados obtidos. Na discussão são indicadas algumas perspectivas para o debate sobre a ingestão de alimentos processados, a importância da manutenção de uma dieta e hábitos saudáveis.
2.3	RESULTADO
2.3.1	Alimentação saudável
Uma alimentação saudável com a ingestão moderada e correta de macronutrientes, como proteínas, lípidos e hidratos de carbono, e micronutrientes, como minerais e vitaminas, contribuem com a melhoria e corrige o desempenho de algumas funções fisiológicas do corpo humano, principalmente no que diz respeito ao sistema imunológico e a manutenção de uma boa saúde. A alimentação adequada, especialmente de certas vitaminas e minerais, além de melhorar a resposta do sistema imunológico, pode também refletir melhorias no prognóstico de doenças (GOMBART; PIERRE; MAGGINI, 2020).
A qualidade nutricional superior dos alimentos orgânicos deve ser a base para uma dieta saudável, preferindo o consumo diário desse tipo de alimento em detrimento aos alimentos industrializados e congelados. Os alimentos orgânicos contêm grande quantidade de micronutrientes, com alto índice de “polifenóis, ácidos fenólicos, isoflavonas, estilbenos e antocianinas” (MARTINELLI; CAVALLI, 2019, s. p.). Um estudo produzido e publicado por Martinelli e Cavalli (2019), descobriu que o conteúdo de ácidos graxos poliinsaturados totais e ácidos graxos poliinsaturados ômega 3 na carne orgânica é maior em comparação com produtos tradicionais. Além disso, o teor de cádmio e metais pesados ​​tóxicos nos alimentos tradicionais e industrializados é o dobro dos alimentos orgânicos. Os pesquisadores dizem que comer alimentos orgânicos pode aumentar a ingestão de antioxidantes em 20% a 40% (MARTINELLI; CAVALLI, 2019).
Ao correlacionar um estado nutricional adequado à manutenção de uma boa resposta imunológica, resulta no melhor combate de doenças crônicas e previne seu surgimento, logo, o controle adequado do índice de massa adiposa no corpo é fundamental. O peso controlado através da alimentação e de bons hábitos de exercício, além de evitar a obesidade (acúmulo de gordura no corpo) evita doenças que estão atrelado à isso, como o desenvolvimento de problemas de hipertensão e outras doenças cardiovasculares, diabetes, apneia do sono, esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado), dentre outras doenças. Portanto, manter um hábito de alimentação saudável, rica em frutas, verduras e vegetais (de preferência pouco processados) se mostra importante para a manutenção do peso e de uma boa saúde (LEONARDI; AZEVEDO, 2018).
Alguns produtos disponíveis nos mercados tiveramalterações significativas que impactaram negativamente na saúde e no meio ambiente da sociedade. As dietas atuais baseadas em produtos de alta energia e baixa variedade apóiam e estimulam a intensificação da agricultura, além de exacerbar as tendências da epidemia global de obesidade. O consumo excessivo de alimentos também é considerado pela comunidade científica como sendo o contrário à sustentabilidade, pois supera as necessidades diárias de cada indivíduo, tornando-se um desperdício e causando o acúmulo de gordura (MARTINELLI; CAVALLI, 2019).
2.3.2	Alimentos ultraprocessados
A existência de alimentos altamente perecíveis tem levado ao desenvolvimento de tecnologias que podem garantir a preservação a longo prazo. O congelamento é uma tecnologia que combina qualidade, redução de perdas e processamento de alimentos. O crescimento populacional nos grandes centros urbanos e a grande distância entre produtores e consumidores tornam o congelamento uma realidade (LEONARDI; AZEVEDO, 2018).
O congelamento é um dos métodos mais utilizados para a conservação dos alimentos, sejam alimentos de origem animal ou vegetal, porque inibe ou retarda a multiplicação dos microrganismos, além de retardar também as reações químicas e enzimáticas. Todos os microrganismos têm temperaturas ideais para seu crescimento e proliferação, sendo assim, o principio básico da conservação pelo congelamento é manter a temperatura abaixo do ideal para evitar a disseminação microbiológica. Da mesma maneira, as reações enzimáticas ocorrem em temperaturas ideais, sendo assim o princípio para minimizá-las é o mesmo, manter a temperatura abaixo da ideal (LEONARDI; AZEVEDO, 2018).
O congelamento pode prolongar a vida útil de alimentos in natura ou processados e, por um período de tempo relativamente longo, tem impacto mínimo em suas propriedades nutricionais e organolépticas (FREIRE et al, 2018). O efeito conservador do frio é baseado na inibição total ou parcial dos principais fatores que afetam as alterações alimentares: crescimento e atividade de microrganismos, atividade metabólica de tecidos animais e vegetais após o sacrifício e colheita, enzimas e produtos químicos de reação (FREIRE et al, 2018).
Para completar o congelamento de forma adequada, alguns princípios devem ser estabelecidos, tais como: a comida deve ser saudável (pois um resfriado não pode restaurar a qualidade perdida); o tratamento com ar frio deve ser realizado o mais rápido possível após a colheita ou preparo dos alimentos; o produto deve ser mantido em temperatura constante; e todo o processo não deve ser interrompido (LEONARDI; AZEVEDO, 2018)
Portanto, quando o alimento congelado é devidamente processado, armazenado e processado, suas propriedades sensoriais e nutricionais são muito semelhantes às de antes do congelamento (FREIRE et al, 2018).
Alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas de substâncias derivadas de alimentos ou sintetizadas de outras fontes orgânicas. Eles geralmente contêm pouco ou nenhum alimento natural, são ricos em gordura, sal ou açúcar e são pobres em fibras dietéticas, proteínas, micronutrientes e compostos bioativos. Exemplos de alimentos ultraprocessados incluem: salgadinhos com alto teor de açúcar, gordura ou sal, sorvete industrializado, bebidas açucaradas, chocolates, confeitaria, batata frita, hambúrguer e cachorro-quente. Esses produtos caracterizam-se por serem prontos para o consumo, hiper palatáveis, altamente divulgados e por apresentarem longa vida útil (PEREIRA et al, 2020).
Alimentos ultraprocessados geram um padrão alimentar associado a alto teor de nutrientes relacionados a doenças crônicas . Esses produtos dominam o sistema alimentar dos países desenvolvidos, contribuindo com quase 60,0% do total de energia consumida nos Estados Unidos e 50,0% no Canadá, e alcançando cerca de um 25% a 30% da energia alimentar total consumida em países de renda média (KHANDPUR et al., 2020).
As estatísticas de vendas de alimentos confirmam que o consumo de alimentos ultraprocessados ​​em países de alta renda aumentou, enquanto os de renda média aumentaram exponencialmente. Historicamente no período de 1998 a 2012, as vendas de lanches açucarados e salgados e refrigerantes em países de alta e média renda aumentaram 50%, enquanto as vendas em países de baixa e média renda aumentaram mais de 100%. O peso médio da população aumenta de maneira concomitante com o aumento da produção e do consumo de alimentos ultraprocessados. Em 15 países da América Latina, as vendas de produtos ultraprocessados ​​cresceram fortemente de 2000 a 2009, como refrigerantes, salgadinhos açucarados ou salgados, biscoitos, cereais matinais adoçados, balas, sorvetes e refeições prontas prontas para consumo e o peso médio da população (MOODIE et al, 2013; MONTEIRO et al, 2013).
De maneira estatística, se realizou um estudo no período de 2002 a 2014, em que se estudou 80 países em oito regiões do mundo, que mostrou o crescimento constante em países ricos e pobres, como apresentado no Gráfico 1 abaixo (MONTEIRO et al, 2013).
Gráfico 1: Quantidade média de produtos utraprocessados vendidos per capita por ano em Kg ou L em países ricos e de baixa renda.
	
Países ricos ◊
Países com baixa renda ∎ 
Fonte: Monteiro et al, (2013).
Em países de baixa renda, o consumo de produtos ultraprocessados é baixo e servem como “laboratório” para grandes empresas internacionais desse ramo alimentar. A estratégia se conssiste em reformular, anunciar e promover alguns de seus produtos que não são saudáveis, como sendo saudáveis, como por exemplo, lanches embalados com baixo teor de sódio (mas ainda com alto teor de energia) ou refrigerantes adoçados artificialmente (mas ainda sem nutrientes). Como resultado, o consumo geral desses produtos costumam a crescer, prejudicando os padrões alimentares regionais, que pode ser baseado em alimentos naturais ou minimamente processados. A estratégia elencada acima de reformulação de alimentos e bebidas ultraprocessados, se assemelha às táticas da indústria do tabaco na introdução de cigarros filtrados e com baixo teor de alcatrão (MOODIE et al, 2013).
O alto consumo de alimentos ultraprocessados e as evidências que mostram uma associação com desfechos adversos à saúde, como obesidade, síndrome metabólica e câncer de mama têm motivado esforços para reduzir a ingestão desses produtos por meio de regulamentação e auditoria (MARCHI; MENDES, 2021).
2.3.3	Pandemia de COVID-19
Um surto viral que possui efeitos de pneumonia surtiu por uma nova cepa de Coronavírus, na cidade de Wuhan na China, e rapidamente se espalhou para outros vinte e quatro países ao longo dos seis continentes. A doença expressada no corpo humano por esse vírus foi denominada como COVID-19, que é a junção das palavras “CO” (corona), “VI” (vírus), “D” (doença) e o númeral 19 (ano em que o vírus teve sua mutação e transmição). Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que a doença havia entrado em um novo estágio, de pandemia mundial, visto a sua gravidade, mortalidade e transmissibilidade. A fim de alentar a velocidade da transmissibilidade, países mundo afora adotaram medidas com esse intuito, tal como o uso de máscaras em locais públicos, higienização frequente de mãos e braços, distanciamento ou isolamento social, supensão do funcionamento de setores públicos, restaurantes, igrejas, escolas, universidades e comércio, destaca-se o fechamento de parques e academias como um fator preocupante para a prática de hábitos saudáveis (OLIVEIRA et al, 2020).
Desde o primeiro caso de COVID-19 confirmado no Brasil, em fevereiro de 2020, o número de novos casos confirmados e de óbitos envolvendo sintomas respiratórios teve uma vertente ascendente assustadora, alcançando cerca de 7 milhões de casos, desses 180 mil óbitos até o mês de dezembro de 2020. Nesse sentido, brasileiros se depararam com a obrigação de mudança de hábitos e rotinas, alterando inclusive seu local de trabalho para seu ambiente residencial (home-office), adotados também nas escolas e faculdades(ensino remoto), alguns perderam seus empregos (desemprego alcançou cerca de 14% no final de 2020) devido à crise econômica vivida pela pandemia de COVID-19. Diante dessa situação, pode-se observar o impacto da pandemia na saúde mental, seja o medo da contaminação do vírus ou as alterações causadas pela pandemia (LIMA et al., 2021).
2.3.3.1	Alteração de hábitos alimentares
Lima e colaboradores (2021) destacam que sintomas que estão associados à preocupação, depressão, estresse, ansiedade e solidão aumentaram drasticamente durante o período da pandemia de COVID-19. É importante notar que o estado de saúde mental afeta diretamente na dieta, pois as pessoas costumam a controlar suas emoções negativas comendo alimentos não saudáveis, esse fenômeno é comumente denominado de "alimentação emocional". A taxa de mortalidade na Europa e no Brasil é de cerca de 1% a 2%, porém de maneira estratificada, esse índice eleva consideravelmente em pessoas com imunidade enfraquecida e que possuem doenças crônicas como diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias (OLIVEIRA et al, 2020).
Portanto, uma alimentação envolvendo a ingestão controlada de alimentos saudáveis associada ao fortalecimento do sistema imunológico, se mostra fundamental no enfrentamento das possíveis doenças advindas do Coronavírus. Com isso, nutricionistas devem intervir positivamente na prescrição de dieta, orientação de alimentação saudável e novos hábitos saudáveis como possíveis tratamentos e reabilitação dessa doença.
Segundo Lima e colaboradores (2021), causas advindas dos efeitos da pandemia como ansiedade e estresse estão relacionadas a estilos de vida pouco saudáveis, que têm contribuído para o desenvolvimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Na maioria das populações de países desenvolvidos, o ganho de peso, a falta de atividade física, o sono e a alimentação emocional, foram observadas um aumento drástico durante a pandemia.
Seguindo essa visão, espera-se um aumento do consumo de alimentos industrializados, aumento da demanda por serviços de entrega de alimentos prontos e, em alguns casos, mais tempo dedicado às práticas culinárias, preparando alimentos ricos em açúcares e gorduras trans, contribuindo propriamente para o crescimento das DCNT. Ressalta-se que pesquisas sugerem relação direta de DCNTs, “como obesidade, diabetes mellitus tipo II e hipertensão arterial sistêmica” durante o agravamento da COVID-19, podendo levar à uma síndrome respiratória aguda, evoluindo para pneumonia viral grave e, em casos extremos, até mesmo à falência de múltiplos órgãos, levando à morte (LIMA et al., 2021, s. p.).
Segundo estudo feito pelo Datafolha a pedido do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, alimentos ultraprocessados estão sendo mais consumidos por pessoas com a faixa de idade de 45 a 55, cerca de 7% a mais quando comparado o período de 2019 e 2020 (de 9% para 16%). Os produtos ultraprocessados que mais foram consumidos foram molhos (ketchup, maionese e molhos de salada), margarina e óleo, o que se mostra como um fator preocupante, pois dietas associadas ao consumo diário desses alimentos aumentam o risco de obesidade (cerca de 26%), da circunferência abdominal (pessoas que não consomem possuem chance de 23% em detrimento das que consomem de 34%), síndrome metabólica (cerca de 79%), dislipidemia (cerca de 102%), doenças cardiovasculares (cerca de 29% a 34%) e de mortalidade (cerca de 25%) (SOUZA, 2020).
Esses alimentos se mostram atrativos pois o tempo de cozimento é pequeno e a relativa baixa elaboração do preparo, se mostram como sendo fatores atrativos para seu consumo. No momento pandêmico, aonde se trabalha em casa, com maiores índices de ociosidade e associada a quebra de rotinas já acostumadas, se mostram como um caminho natural para o favorecimento do aumento do consumo. O rotineiro desenvolvimento de técnicas para tornar o consumo desses alimentos cada vez mais agradáveis, de certa forma viciantes e o uso massivo de propaganda, principalmente televisivo (se constatou que pessoas passam mais tempo em frente às telas na pandemia), somam aos fatores elencados anteriormente (SOUZA, 2020).
Em outra pesquisa, da NutriNet Brasil, apontou a distorção do consumo desses alimentos conforme região, escolaridade e renda, trazendo um fator socioeconômico na crise de obesidade no Brasil. A pesquisa identificou que as regiões Norte e Nordeste passaram a consumir mais frutas, verduras e hortaliças, porém, em todo o Brasil se identificou um aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. Porém, para pessoas com pouca renda e baixa escolaridade, o consumo foi acentuado, o que se justifica pelo aumento do preço generalizado de alimentos considerados saudáveis (como carne, frango, feijão e arroz) (SOUZA, 2020).
Uma resposta padrão das empresas que produzem alimentos ultraprocessados em detrimento das evidências de que seus produtos estão identificando, uma pandemia em paralelo, de obesidade, é incentivada na reformulação de seus produtos. Essa estratégia se consiste na alteração de ingredientes que são muito prejudiciais por outros “menos prejudiciais”, como a redução da gordura total, substituição de açúcar por adoçantes artificiais. Evidencia-se que essas e outras alterações não os tornam uma nova linha de alimentos, como sendo “ultraprocessados saudáveis”, não demonstrando ser uma solução adequada e muito menos definitiva (MOODIE et al, 2013).
No entanto, a inserção cotidiana das boas práticas alimentares naturais e saudáveis ​​podem ajudar a combater os sintomas da COVID-19, não só fornecendo vitaminas, nutrientes essenciais e compostos bioativos que garantem a adequação da massa corpórea de maneira saudável. Porém, a ingestão inadequada de alimentos pobres em nutrientes, podem causar além da obesidade, também a subnutrição (baixa quantidade de nutrientes essenciais para o bom funcionamento do corpo humano, como o ferro), sabendo elevados índices de pacientes acometidos pela COVID-19 que tiveram um elevado tempo de hospitalização ou até tiveram um fim trágico (a morte), eram associados à problemas como a obesidade e a subnutrição (OLIVEIRA et al, 2020).
Sabendo disso, o profissional nutricionista e a ingestão de alimentos saudáveis desempenham um papel extremamente importe na saúde pública como um todo, no momento pandêmico. Por englobar não só por auxiliar que pacientes tenham uma boa resposta imunológica antes mesmo de ter contato com o vírus, mas também para cessar ou diminuir o aumento da pandemia de obesidade que vem alcançando todo o mundo nas últimas décadas.
2.4	DISCUSSÃO
No tocante ao aumento constante observado antes da pandemia, costumava-se afirmar que a comida não é como o tabaco ou o álcool, pois a comida é necessária para a vida, o que não é uma mentira, mas não há necessidade de consumir produtos ultraprocessados. Portanto, agências internacionais e governos devem projetar e implementar políticas públicas estatutárias, incluindo fiscais, destinadas a controlar e reduzir a fabricação, venda, promoção, disponibilidade e consumo de produtos ultraprocessados, semelhantes aos utilizados para controlar e reduzir o uso de tabaco e o consumo de bebidas alcoólicas.
Os estudos levantados apresentam que os alimentos ultraprocessados, também chamados de "alimentos reconfortantes" ou Comfort Food por proporcionar lembranças de determinados períodos da vida (como a infância) e em outros momentos apenas para causar conforto momentâneo e nostalgia. Os artigos apresentados demostram que esse hábito está intimamente relacionado ao hábito de vida de pessoas que estão passando ou passaram por momentos de alto estresse emocional
Portanto, é necessário realizar uma análise separada de cada indivíduo, sobretudo no momento pós-pandêmico, considerando fatores que possam ter afetado seus hábitos alimentares, tais como: faixa etária, ambiente em que vive, sexo, doenças prévias, religião, rotina de treinos, dentre outros. Com base nessas informações e outras informações fisiológicas, nutricionistas podem realizar uma análisee formular planos de ação para melhorar ativamente a qualidade da alimentação pessoal e otimizar a saúde do paciente. Para tanto, ações de saúde da família podem ser realizadas para otimizar o contato da população com profissionais nutricionistas e melhorar os hábitos e práticas alimentares pessoais.
A fim de melhorar o entendimento deste tema, é oportuno realizar novas pesquisas estatísticas com a população brasileira sobre a alteração alimentar durante e após o período pandêmico da COVID-19, pois a maioria dos estudos inclui amostras populacionais de outras localidades sem muita exploração de indivíduos no Brasil.
2.5	CONCLUSÃO
Observou-se, neste estudo, uma elevação no consumo que de alimentos ultraprocessados durante o período da pandemia de covid-19, consumo que já vinha crescendo mesmo antes do período da pandemia em todo o globo. Se identificou estratégias das grandes empresas alimentícias para aumentar o consumo desses produtos, informando no rótulo a adição de macronutrientes e a redução das gorduras totais, porém, mesmo com essa estratégia o alimento continua sendo nocivo se consumido em grandes quantidades.
Faz-se necessário a adoção de políticas públicas que visam o crescimento do consumo de alimentos saudáveis, aliado à prática de exercícios físicos constantes, mesmo que o isolamento social ainda permanecer por um longo período. Para tanto, torna-se imprescindível a atuação de nutricionistas na elaboração de políticas públicas que visam a diminuição desses produtos.
REFERÊNCIAS
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