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Modelos de implantação de nuvem APRESENTAÇÃO Você já parou para pensar que a computação em nuvem tem diferentes modelos de implantação? Existem diferentes formas de implantar uma nuvem, baseadas em características e funções que cada um desses modelos pode oferecer para o seu usuário, seja para clientes pertencentes a organizações ou para usuários finais. A fim de saber o que cada um desses modelos oferece, é necessário compreender os possíveis problemas que podem afetá-los e, assim, optar pelo uso do que mais se adequar às necessidades do cliente. Nesse sentido, é preciso saber qual é o grau de importância dos níveis de segurança das informações que trafegam nessas nuvens ou, ainda, o investimento disponível para a construção e a manutenção de sua infraestrutura. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá os conceitos de nuvens públicas e privadas e conhecerá as nuvens comunitárias e as híbridas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir nuvem pública.• Conceituar nuvem privada.• Caracterizar nuvens híbrida e comunitária.• DESAFIO A computação em nuvem possibilita que usuários finais não precisem se preocupar com o armazenamento de documentos ou fotos em hardwares próprios, como discos rígidos externos ou pen drives. Ou, no caso de organizações e empresas que passem a utilizar sistemas ou trocas de informações por acessos remotos, independentemente da localização do usuário. Isto, pois as nuvens trazem diferentes funcionalidades, entre elas o armazenamento de informações, em servidores, que podem ser internos ou externos às organizações. Os serviços de nuvem podem ser contratados de acordo com a atividade desenvolvida pelo usuário e pagos conforme o seu uso. Suponha que você, analista de infraestrutura de tecnologia da informação, foi contratado por uma livraria. Nesse contexto, indique qual(is) modelo(s) de implementação de nuvem é(são) mais indicado(s) para as atividades da rede de livrarias. Justifique a sua resposta. INFOGRÁFICO O usuário final e a organização têm necessidades específicas de utilização de sistemas, armazenamento de informações ou de bancos de dados. Essas variadas funções podem ser realizadas pelo uso da computação em nuvem. E, para que a nuvem seja adequada à realidade de cada cliente, utilizam-se diferentes modelos de implantação. Neste Infográfico, você verá os conceitos dos modelos de implantação de nuvem. CONTEÚDO DO LIVRO A computação em nuvem privilegia o acesso a informações ou a realização de transações com dados localizados em diferentes espaços geográficos. As diferentes características e os modos de acessos às nuvens as dividem em modelos, que são: públicas, privadas, híbridas ou comunitárias. Essas classificações não se referem à gratuidade ou não dos serviços de nuvem, mas sim de como e onde são configurados os servidores e a quem atendem. No capítulo, Modelos de implantação de nuvem, da obra Infraestrutura de TI, você conhecerá os modelos de nuvens públicas e privadas, comunitárias e híbridas. Boa leitura. INFRAESTRUTURA DE TI Roni Francisco Pichetti Modelos de implantação de nuvem Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir nuvem pública. � Conceituar nuvem privada. � Caracterizar nuvem híbrida e comunitária. Introdução O uso de computação em nuvem impacta diretamente na organização da infraestrutura e de recursos computacionais das organizações, como no processamento de grandes bases de dados, bem como na maneira como usuários finais armazenam seus dados, com a priorização de re- cursos disponíveis na internet, em vez de usar dispositivos de memória como pen drives ou HD externos. Assim, para saber como implantar os diferentes modelos de implantação de nuvem, é importante conhecê-los e compreender suas diferenças. Neste capítulo, você estudará sobre os modelos de implantação de nuvem pública e privada e conhecerá os modelos de implantação de nuvem híbrida e comunitária. 1 Nuvem pública A computação em nuvem é um ambiente de computação que se baseia em uma grande rede de servidores, tanto virtuais quanto físicos, possibilitando processar, armazenar, conectar e utilizar aplicações com a internet. Assim, a nuvem representa um estágio evoluído da virtualização, pois virtualiza o próprio servidor de dados, ou seja, em um período anterior ao da utilização da virtualização, o servidor era utilizado apenas fisicamente, em uma infra- estrutura própria, dentro da organização (TAURION, 2009). Assim, compreende-se que a principal evolução da computação em nuvem foi oferecer recursos computacionais virtualizados na forma de serviços. Inicialmente, a computação em nuvem promovia recursos de processamento, como a unidade central de processamento (CPU) e memória adicionais, por meio de uma forma de “aluguel” de máquinas virtuais. Posteriormente, houve a inclusão dos serviços de armazenamento, seguidos por serviços de rede, como o balanceamento de carga (load balancer), o sistema de nomes e domí- nios (Domain Name System [DNS]), etc. Atualmente, está disponível uma infinidade de recursos e aplicações, oferecidos utilizando recursos de nuvem. Para Sousa Neto (2015), a computação em nuvem substitui equipamentos de tecnologia da informação que precisam ser gerenciados internamente por seus gestores, por funcionalidades e serviços de armazenamento do tipo “pague conforme crescer”. Tais funcionalidades são desenvolvidas como tecnologias, como a virtualização, as arquiteturas de aplicação e infraestrutura orientadas a serviços, baseadas na internet com o objetivo principalmente de reduzir custos com hardware. Os modelos de implantação de nuvem podem ser definidos como as diferentes maneiras pelas quais a nuvem pode ser implantada, estando totalmente centrados nos requisitos necessários para os usuários, ou seja, um usuário seleciona um modelo com base em seus requisitos e necessidades. Em geral, existem quatro tipos de modelos de implantação na nuvem: privada, comunitária, pública e híbrida. Classifica-se a nuvem a partir de vários parâmetros, como tamanho (p. ex., quantidade de recursos), tipo de provedor de serviços, localização, tipo de usuários, segurança, etc. (CHANDRASEKARAN, 2014). A nuvem pública permite o acesso de qualquer lugar do mundo, é aberta ao público e tem um tamanho maior em comparação aos outros modelos de implantação. O provedor de serviços de nuvem pública cobra dos usuários a cada hora e os atende de acordo com os acordos ou contratos de nível de serviço (Service Level Agreement [SLA]) (CHANDRASEKARAN, 2014). Assim, a nuvem pública (public cloud) é disponibilizada para os usuários publicamente por meio do modelo de paga- mento pelo uso e ofertada por organizações públicas ou grandes empresas com grande capacidade de processamento e armazenamento (SOUSA NETO, 2015). Por isso, a nuvem pública pode ser descrita como uma infraestrutura de nuvem destinada ao uso pelo público em geral, oferecendo serviços para diferentes localizações geográficas no mundo. Para adquirir um desses ser- viços, um usuário pode, por exemplo, contratá-lo por hora, visto não haver a necessidade de uma infraestrutura própria para utilizá-lo. Os recursos desse modelo de implantação estão disponíveis nas instalações do provedor da nuvem (CHANDRASEKARAN, 2014). Modelos de implantação de nuvem2 Portanto, afirmar que uma nuvem é pública não implica que seja gratuita, mas apenas que se trata de uma nuvem que pode ser acessada pela internet — o fato de ser ou não gratuita dependerá do modelo de negócios do provedor de cada nuvem. Por exemplo, os serviços de nuvem podem ser oferecidos de forma gratuita em troca de receitas com a venda de outros produtos ou serviços (TAURION, 2009). A seguir são descritas as principais características da nuvem pública, segundo Chandrasekaran (2014). � Altamente escalável: os recursoscomputacionais disponíveis para usuários de nuvens públicas são oferecidos por grandes data centers formados por milhares de máquinas. Consequentemente, em uma nu- vem pública existe uma grande quantidade de recursos disponíveis aos usuários. Quando um sistema ou aplicação executada na nuvem pública precisa escalar (aumentar) seu desempenho, recursos computacionais podem ser adicionados em instantes. Por exemplo, uma loja on-line com um aumento exponencial no número de pedidos a serem processados durante uma promoção na Black Friday: nesse cenário, o sistema de vendas pode processar todos os pedidos simultâneos de compras de todos os clientes usando a escalabilidade da nuvem pública, que dispo- nibiliza instantaneamente um aumento nos recursos computacionais. Possibilitar escalabilidade de forma simplificada é uma vantagem da computação em nuvem, pois no modo anterior, no qual se executavam sistemas diretamente em máquinas físicas, era necessária interven- ção humana para ligar ou desligar máquinas físicas manualmente. Em nuvens públicas, é possível aumentar ou diminuir a quantidade de recursos computacionais de maneira simplificada via software e até mesmo automática pela criação de “gatilhos” que detectam o aumento na demanda por recursos e oferecem escalabilidade de modo autônomo alocando mais recursos para determinado sistema. � Acessível: os recursos computacionais desse modelo de implantação de nuvem são oferecidos ao público com pagamento de acordo com o uso, o que significa que o usuário precisa pagar apenas pelo tempo ou pela quantidade de recursos que está empregando. Um exemplo prático dessa característica é o serviço do Google Drive, criado para atender a demandas pessoais, portanto não representa especificamente uma nuvem voltada para organizações. Esse serviço disponibiliza pacotes de uso de recursos mensais com preços variados, calculados pelo número de usuários cujo acesso a organização deseja contratar. 3Modelos de implantação de nuvem � Menos segura: esse modelo de implantação pode ser menos seguro se comparado ao privado ou comunitário. A nuvem pública é fornecida por provedores terceiros à organização contratante, o que leva o provedor a ter controle total sobre a nuvem e suas informações. Então, caso haja uma invasão a um servidor de acesso à nuvem de uma organização que contratou este mesmo tipo de serviço, a segurança dos demais clientes do provedor também pode ser comprometida. � Altamente disponível: a disponibilidade das nuvens públicas é alta, pois qualquer pessoa do mundo pode contratar esse tipo de serviço. Da mesma forma, seu acesso é fácil, pelo fato de poder ser realizado pela internet, o que não é possível em outros modelos, que exigem restrições geográficas ou outras restrições de acesso, em razão da necessidade de equipamentos próprios instalados nas organizações. Um exemplo disso consiste em um sistema para registrar o horário de trabalho de um colaborador de uma organização. Representando uma nuvem pública, esse registro pode ser feito de forma facilitada, pela internet, somente com o preenchimento de um usuário e uma senha. E, representando os demais modelos de implantação, de forma fictícia, o sistema utilizado para registro do horário de trabalho pode estar limitado à determinada sequência de IP, somente disponível para equipamentos conectados à determinada rede de computadores. Uma nuvem pública é composta por um conjunto de hardware, rede, ar- mazenamento, aplicativos, serviços e interfaces operados e que pertencem a terceiros, a ser oferecido a organizações ou indivíduos. As empresas que oferecem esse tipo de serviço criam um data center com facilidade de mu- dança em sua escala e não tornam públicos os detalhes de sua infraestrutura (HURWITZ et al., 2015). As nuvens públicas se tornam viáveis, pois administram grandes cargas de trabalho, geralmente repetitivas ou diretas. Um aplicativo de correio ele- trônico, por exemplo, pode ser muito simples. Assim, um provedor em nuvem pública consegue otimizar esse ambiente para suportar um grande número de clientes, mesmo aqueles com muitas mensagens salvas. Diferentemente de um data center típico, que suporte grandes cargas de trabalho, mas com maior complexidade de otimização (HURWITZ et al., 2015). Na Figura 1, há um modelo de implantação de nuvem pública, com diferentes usuários conectados a um provedor do serviço. Modelos de implantação de nuvem4 Figura 1. Nuvem pública. Fonte: Adaptada de Chandrasekaran (2014). Chandrasekaran (2014) considera que as nuvens públicas são mais adequa- das quando a organização dispõe de uma grande base de usuários, a necessidade de recursos computacionais é variável, não há infraestrutura física disponível para aumentar os recursos computacionais rapidamente e a organização tem restrições financeiras. Por sua vez, não são indicadas quando a segurança é muito importante e a organização espera autonomia, e no caso de não haver confiabilidade suficiente em empresas terceiras que ofereçam esse tipo de serviço. Nesse sentido, cabe ressaltar a influência do alto custo para a contratação de um modelo de implementação de nuvem que exija compra de equipamen- tos, levando em conta que a demanda de recursos varia, o que resultaria na subutilização desses equipamentos por uma parte do tempo, o que não retorna em lucros gerados para a organização pelo aumento de produtividade. Portanto, a opção mais vantajosa somente pode ser definida individual- mente, comparando as necessidades da empresa ao custo de investimento em infraestrutura de nuvem e aos resultados esperados. O planejamento dos objetivos e das metas da organização está diretamente ligado à sua forma de investir em recursos de tecnologia e à escolha do modelo de implantação de nuvem mais adequado. 5Modelos de implantação de nuvem As nuvens públicas estimulam o uso de aplicações massivas, globais e empresariais ao público em geral, já que nesse modelo os clientes ou usuários não são obrigados a gerenciar, fornecer, substituir ou atualizar hardware ou software. Assim, o preço baseia-se apenas nos recursos utilizados. Serviços como o Amazon Web Services (AWS), o Windows Azure e o Google Cloud Platform são exemplos de nuvens públicas (BALTZAN, 2016). Antes de usar a nuvem pública, deve-se escolher um fornecedor de serviços em nuvem, fundamentando-se em determinados parâmetros, como violações de SLA, segurança e custo de recursos. Portanto, a qualidade de uma nuvem é definida pelo atendimento ou não dos SLA: quanto menor a violação do SLA, melhor a nuvem. Outra maneira de selecionar a nuvem pública reside no custo, já que, se o trabalho para o qual os recursos são utilizados não for sensível ao tempo, poder-se-á selecionar o provedor de serviços que oferece o menor custo (CHANDRASEKARAN, 2014). Nuvens públicas podem ser efetivas para uma organização que está executando um projeto complexo de análise de dados, o que exige ciclos de computação extra, assim como no caso de empresas que as escolhem em razão do menor custo, em comparação à compra de armazenamento. Entretanto, há questões relacionadas a esse modelo que merecem atenção, como o nível de segurança e a quantidade aceitável de latência na utilização dos dados (HURWITZ et al., 2015). Em resumo, as vantagens do uso de nuvens públicas estão em sua alta escalabilidade, o fato de não apresentarem limite para a quantidade de usuários, a rigorosidade no cumprimento dos SLA, a desnecessidade de estabelecer infra- estrutura para configurar e manter a nuvem, além de serem comparativamente menos caras do que outros modelos de implantação de nuvem. Contudo, como desvantagens, oferecem menos segurança da informação e não possibilitam privacidade e autonomia organizacional (CHANDRASEKARAN, 2014). 2 Nuvem privada Trata-se de um modelo de implantação exclusivo das organizações, portanto não é compartilhado nem disponibilizado para uso público, podendo ser utilizado apenaslocalmente ou por diferentes unidades de uma empresa. Assim, em geral tem infraestrutura própria e localizada nas dependências da organização que o utiliza, embora seu serviço também possa ser contratado de terceiros (CHANDRASEKARAN, 2014). Modelos de implantação de nuvem6 Sua infraestrutura pode ser própria, gerenciada e operada pela organiza- ção, apenas gerenciada e operada por uma empresa terceira, ou, ainda, com as suas instalações fora da organização cliente (CHANDRASEKARAN, 2014). Ainda, esse modelo pode ser implementado utilizando ferramentas de código aberto (open source), como OpenStack, OpenNebula ou CloudStack (VOGEL et al., 2016). As nuvens privadas também são chamadas de nuvens empresariais, cujo uso está relacionado ao conceito de nuvem computacional aplicada a servidores localizados em um firewall interno (TAURION, 2009). Considerando que geralmente a organização que utiliza uma nuvem privada o faz empregando um hardware próprio e um gerenciamento interno, pode oferecer para seus usuários (os colaboradores da organização) funcionalidades como serviço de e-mail. Esse modelo mantém os benefícios das nuvens públicas, como escalabi- lidade e provisionamento automático, incluindo um número maior de meca- nismos de segurança e confiabilidade sobre a movimentação de dados, o que interfere diretamente em sua elasticidade, visto que adota o conceito de nuvem em servidores já existentes (TAURION, 2009). Ainda, assim como as nuvens públicas, as privadas compreendem um conjunto de hardware, rede armazenamento, aplicativos, serviços e interfaces, entretanto, diferentemente das primeiras, pertencem e são operadas por uma empresa (ou organização terceira) em benefício próprio, de seus colabora- dores, parceiros e clientes (HURWITZ et al., 2015). No caso das empresas, há demandas particulares, como operações de aplicações de negócios externas ou internas, em que a organização cria a própria nuvem por meio de um serviço de nuvens privadas. Contudo, a utilização de nuvens privadas em uma organi- zação não exclui a possibilidade de também fazer uso de nuvens públicas para outras funções (TAURION, 2009). A Figura 2 representa um modelo-padrão de nuvem privada com infraestrutura interna, no qual colaboradores de uma organização acessam aos servidores internos da nuvem. 7Modelos de implantação de nuvem Figura 2. Nuvem privada. Fonte: Adaptada de Chandrasekaran (2014). Para Baltzan (2016), as nuvens privadas costumam ser mais caras do que as públicas, pois o seu custo não é compartilhado entre vários clientes, além da necessidade de dispor de um hardware próprio, comprado ou alugado, que, por sua vez, precisará consumir energia elétrica, o que também entrará nos gastos da organização. Ainda, o ambiente precisa ser implementado e mantido pela organização, o que envolve uma quantidade significativa de despesas com pessoal especializado. A seguir são listadas as principais características da nuvem privada, se- gundo Chandrasekaran (2014). � Segurança: como geralmente é implantada e gerenciada pela própria organização, a possibilidade de vazamento de dados da nuvem diminui. � Controle central: com frequência, a organização tem controle total sobre a nuvem privada. � SLA frágeis: os contratos ou acordos entre as organizações contratantes e a contratada, que formalizam essa relação entre cliente e fornecedor de serviço, podem ou não existir em uma nuvem privada com gerencia- mento terceirizado. Esses documentos servem para que a disponibilidade e o atendimento sejam garantidos pelo provedor do serviço de nuvem. Modelos de implantação de nuvem8 As nuvens privadas são indicadas, por exemplo, para organizações como o governo, que têm preocupações elevadas quanto à segurança de dados e, por força de lei, necessitam manter a privacidade de informações específicas (BALTZAN, 2016). Nesse sentido, Chandrasekaran (2014) considera que o emprego de nuvens privadas é mais adequado para empresas ou organizações que precisam de uma nuvem restrita, dispõem de recursos para gerenciar e manter uma nuvem desse tipo, valorizam a segurança dos dados, desejam controle completo sobre a nuvem, têm um número menor de usuários e, ainda, apresentam infraestrutura prévia para implantá-las. Uma nuvem privada é altamente automatizada e com foco em adminis- tração, segurança e normas. A automação se refere a substituir processos essencialmente manuais de gerenciamento de serviços de tecnologia da in- formação para suporte aos clientes, a fim de obter um ambiente mais admi- nistrável e previsível. Para organizações que administram projetos big data, com processamento de quantidades massivas de dados, a nuvem privada pode representar a melhor escolha em termos de segurança e latência nas operações (HURWITZ et al., 2015). A latência envolve a velocidade do tempo de resposta de uma conexão, como diminuir a demora da comunicação de um grande volume de dados. Assim, como a nuvem privada tende a ser mais próxima do usuário, este tempo de resposta da rede também tende a ser menor, o que representa uma vantagem desse modelo de implantação, visto que, no caso das nuvens públicas, os data centers estão localizados em grandes centros ou até mesmo em outros países, podendo prejudicar a administração de projetos com quantidades massivas de dados. Como vimos, entre as vantagens do uso de uma nuvem privada, estão o seu tamanho reduzido e sua fácil manutenção, assim como o fato de fornecer um alto nível de segurança e privacidade ao usuário e ser controlada pela organização. Já o orçamento e a fragilidade dos SLA em caso de terceirização do serviço (CHANDRASEKARAN, 2014) restringem sua utilização. Portanto, a escolha entre o modelo de implantação da nuvem dependerá da necessidade do usuário ou da empresa em questão. Caso não seja conve- niente optar por um único modelo, podemos usar a nuvem híbrida, conforme descrito a seguir. 9Modelos de implantação de nuvem 3 Nuvem comunitária e híbrida A nuvem comunitária compartilha a infraestrutura de computação com diversas organizações simultaneamente e suporta uma comunidade com interesses em comum. Esse modelo pode ser administrado pelas organizações que formam a comunidade ou por terceiros, além de ser interno ou externo à organização (SOUSA NETO, 2015). A nuvem comunitária pode ser considerada uma extensão da nuvem pri- vada, situação em que a nuvem apresenta as mesmas características da nuvem privada, mas é compartilhada por várias organizações. A nuvem comunitária é estabelecida para uma causa comum, com benefícios mútuos entre as orga- nizações participantes (CHANDRASEKARAN, 2014). Sua infraestrutura é provisionada para uso exclusivo por uma comunidade específica de consumidores de organizações que compartilham preocupações. Pode ser de propriedade, gerenciada e operada por uma ou mais organizações da comunidade, por terceiros ou por alguma combinação dessas opções, motivo pelo qual pode existir dentro ou fora das instalações das organizações contratantes. Ainda, podemos descrevê-la como uma extensão adicional da nuvem privada, compartilhada entre várias organizações (CHANDRASEKA- RAN, 2014). As nuvens comunitárias são utilizadas por indústrias altamente regula- mentadas, como empresas farmacêuticas ou serviços financeiros, que além de interesses, têm uma organização de negócio, requisitos de segurança e considerações de conformidade em comum (BALTZAN, 2016). Na Figura 3, está representada uma nuvem comunitária funcionando como se fosse duas nuvens privadas. Um exemplo de nuvem comunitária é a GovCloud, desenvolvida pela AWS, empregada, por exemplo, para permitir acesso somente a funcionários do go- verno norte-americano. Ela dispõe de requisitos de segurança e conformidades diferenciadas, tendo sido projetada para possibilitar que agências do governo dos Estados Unidos transfiram cargas de trabalho de seus aplicativos para a nuvem. A GovCloud baseia-se em uma rede privada virtual (VirtualPrivate Network [VPN]) (SOUSA NETO, 2013). Modelos de implantação de nuvem10 Figura 3. Nuvem comunitária. Fonte: Chandrasekaran (2015, p. 57). As principais características da nuvem comunitária podem ser observadas a seguir (CHANDRASEKARAN, 2014). � Manutenção colaborativa e distributiva: a administração e a manu- tenção da nuvem são realizadas de forma colaborativa, em que cada envolvido faz sua parte, e distributiva, com a distribuição das tarefas para cada um, o que proporciona melhores resultados no caso de uma cooperação de sucesso. � Particularmente segura: deve ao fato de que um número limitado de organizações compartilha a nuvem. Portanto, sua segurança é menor que a da nuvem privada, mas maior que a da pública. � Custo-benefício: trata-se de uma nuvem econômica, já que toda a nuvem está sendo compartilhada por várias organizações ou por uma comunidade. 11Modelos de implantação de nuvem Nesse contexto, esse modelo de implantação de nuvem é adequado para organizações que desejam: estabelecer uma nuvem privada, mas têm restri- ções financeiras; estabelecer uma nuvem para colaborar com outras nuvens; ter uma nuvem colaborativa com mais recursos de segurança que a nuvem pública; e dividir a responsabilidade de manutenção da nuvem. Por sua vez, não é conveniente para organizações que preferem autonomia e controle sobre a nuvem e não querem colaborar com outras organizações (CHAN- DRASEKARAN, 2014). Assim, as vantagens do uso de nuvens comunitárias incluem possibilidade de estabelecer uma nuvem com características de nuvem privada com baixo custo, trabalho colaborativo na nuvem, compartilhamento de responsabilidades entre as organizações e uma maior segurança em relação à nuvem pública. Como desvantagens, estão a perda da autonomia da organização, o fato de os recursos de segurança não serem tão bons quanto os da nuvem privada e sua inadequação no caso de uma não colaboração entre as partes (CHANDRA- SEKARAN, 2014). Outro modelo importante é a nuvem híbrida (hybrid cloud), cuja infraes- trutura é composta por duas ou mais nuvens de diferentes modelos (públicas, privadas ou comunitárias), e que, quando criada, cada nuvem se mantém como uma entidade única, mas conectada, fazendo parte do todo (SOUSA NETO, 2015). Em geral, a junção de recursos de diferentes modelos de implantação para criação de uma nuvem híbrida se dá entre uma nuvem pública e outra privada, cujas vantagens são combinadas: da nuvem privada, são empregados recursos para informações mais sensíveis e que exigem processamento local, e, da nuvem pública, para ações que não envolvam pouca preocupação com a segurança da informação, a fim de reduzir despesas (CHANDRASEKARAN, 2014). Uma organização pode utilizar uma nuvem privada para aplicações críticas com o objetivo de manter os dados mais sensíveis e sigilosos e outra nuvem pública para aplicações de dados não secretos, o que significa dizer que existem diferentes necessidades de níveis de privacidades a serem atendidos. Isso torna o uso de nuvens pública e privada em conjunto uma nuvem híbrida, permitindo que a organização utilize sua própria infraestrutura de computação para uso normal e acesse a nuvem quando precisar aumentar a escala para os requisitos de carga de pico, o que não resulta em falhas no sistema ou na diminuição no desempenho (BALTZAN, 2016). Na Figura 4, podemos observar um modelo de nuvem híbrida combinando uma nuvem privada e outra pública. Modelos de implantação de nuvem12 Figura 4. Nuvem híbrida. Fonte: Chandrasekaran (2015, p. 61). Segundo Chandrasekaran (2014), as principais características da nuvem híbrida são: � Escalabilidade: geralmente utiliza recursos de uma nuvem pública, combinados aos de outro modelo de implantação para garantir essa característica. � Parcialmente segura: conta com a alta segurança garantida pela nuvem privada e um nível menor de segurança da nuvem pública, motivo pelo qual sua segurança é parcial. � SLA rigorosos: como acontece no caso das nuvens públicas. � Gerenciamento complexo da nuvem: pelo fato de envolver mais de um tipo de modelo de implantação e por sua alta quantidade de usuários. Como vantagens do uso das nuvens híbridas, entende-se que unem as funcionalidades das nuvens privadas e públicas, ou comunitárias, conforme o caso. Ainda, são altamente escaláveis e fornecem melhor segurança do que a nuvem pública. Já as desvantagens envolvem o fato de que os recursos de segurança não são tão bons quanto os da nuvem pública, a complexidade de seu gerenciamento e seus SLA rigorosos (CHANDRASEKARAN, 2014). 13Modelos de implantação de nuvem BALTZAN, P. Tecnologia orientada para gestão. 6. ed. Porto Alegre: AMGH; Bookman, 2016. 608 p. CHANDRASEKARAN, K. Essentials of cloud computing. Boca Raton: CRC Press, 2014. 407 p. HURWITZ, J. et al. Big data para leigos. Rio de Janeiro: Alta Books, 2015. 328 p. SOUSA NETO, M. V. Arquitetura de nuvem: Amazon Web Services (AWS). Rio de Janeiro: Brasport, 2013. 389 p. SOUSA NETO, M. V. Computação em nuvem. Rio de Janeiro: Brasport, 2015. 192 p. TAURION, C. Cloud computing: computação em nuvem: transformando o mundo da tecnologia da informação. Rio de Janeiro: Brasport, 2009. 228 p. VOGEL, A. et al. Private IaaS Clouds: A comparative analysis of OpenNebula, CloudStack and OpenStack. In: EUROMICRO INTERNATIONAL CONFERENCE ON PARALLEL, DIS- TRIBUTED, AND NETWORK-BASED PROCESSING, 24., 2016, Heraklion. Proceedings [...]. Heraklion: IEEE Computer Society, 2016. p. 672–679. Disponível em: http://repositorio. pucrs.br/dspace/bitstream/10923/15451/2/Private_IaaS_Clouds_A_Comparative_ Analysis_of_OpenNebula_CloudStack_and_OpenStack.pdf. Acesso em: 16 abr. 2020. Leitura recomendada SANCHEZ, O. P.; CAPPELLOZZA, A. Antecedentes da adoção da computação em nuvem: efeitos da infraestrutura, investimento e porte. Revista de Administração Contemporânea, Maringá, v. 16, n. 5, p. 646–663, set./out. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1415-65552012000500002&lng=pt&nrm=iso&tl ng=pt. Acesso em: 16 abr. 2020. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Modelos de implantação de nuvem14 DICA DO PROFESSOR A computação em nuvem pode ser utilizada para facilitar o acesso a informações em uma empresa com diferentes unidades, as quais dependem de informações continuamente atualizadas. Por esse motivo, cabe às organizações definir as suas necessidades, baseadas em sua missão e visão, e assim identificar o tipo de implantação de computação em nuvem mais adequado à sua realidade. Nesta Dica do Professor, você verá as características e as principais diferenças das nuvens híbridas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A computação em nuvem possibilita que organizações contratem serviços e equipamentos de tecnologia da informação de terceiros, a fim de que não necessitem gerenciá-los internamente. Nesse sentido, assinale a alternativa em que uma das características das nuvens públicas é descrita de forma correta: A) As nuvens públicas são disponibilizadas gratuitamente a todos os seus usuários. B) As nuvens públicas são maiores em tamanho se comparadas aos outros modelos. C) As nuvens públicas são acessadas presencialmente, por conexão USB ou HDMI. D) As nuvens públicas gerenciam pequenas cargas de trabalho, geralmente indiretas. E) As nuvens públicas necessitam que os clientes e usuários forneçam hardware. 2) Nuvens privadas são operadas e geralmente gerenciadas pela organização cliente. Nesse sentido, assinale a alternativa que apresenta corretamente as característicasque as nuvens privadas têm em comum com as nuvens públicas: A) Controle de segurança, elasticidade e pagamento como despesas de capital. B) Rápida implementação, pagamento como despesas operacionais e elasticidade. C) Elasticidade, custos totais baixos, economia de escala e gerenciamento simples. D) Alta disponibilidade, elasticidade, fácil integração e custos iniciais baixos. E) Alta eficiência, elasticidade e alta disponibilidade. 3) As nuvens privadas costumam ser mais seguras que as públicas, pois são fechadas para uma organização em específico. Nesse sentido, assinale a alternativa que apresenta corretamente uma das características das nuvens privadas: A) As nuvens privadas oferecem serviços para o uso do público em geral. B) As nuvens privadas ou empresariais utilizam servidores em um firewall externo. C) O uso das nuvens privadas exclui a possibilidade de utilizar também as públicas. D) É indicada para organizações que prezam pelo controle completo sobre a nuvem. E) O custo das nuvens privadas costuma ser menor que o das nuvens públicas. As nuvens comunitárias são indicadas para uso em um grupo ou comunidade com interesses em comum. Nesse contexto, assinale a alternativa que apresenta 4) corretamente uma das características das nuvens comunitárias: A) Nuvens comunitárias são externas às organizações, de maneira exclusiva. B) Nuvens comunitárias são administradas por terceiros em todas as ocasiões. C) Nuvens comunitárias são empregadas por indústrias altamente regulamentadas. D) Nuvens comunitárias utilizam infraestrutura única para cada organização. E) Nuvens comunitárias são utilizadas por comunidades com diferentes requisitos de segurança. 5) Nuvens híbridas utilizam mais de um modelo de nuvem de forma combinada. Nesse sentido, assinale a alternativa que apresenta corretamente uma das características das nuvens híbridas: A) Os modelos que compõem uma nuvem híbrida são utilizados para funções com o mesmo nível de segurança. B) Organizações que utilizam nuvens híbridas têm considerações de conformidade em comum. C) As nuvens privadas deixam de ser entidades únicas quando fazem parte de uma nuvem híbrida. D) Uma nuvem híbrida combina dois modelos de nuvens simultaneamente em cada infraestrutura. E) As nuvens híbridas possibilitam um maior nível de segurança do que as nuvens públicas. NA PRÁTICA A utilização, ou não, da computação em nuvem influencia diretamente como as organizações realizam os seus investimentos em infraestrutura de tecnologia da informação. Cabe ressaltar que a computação em nuvem é considerada muito útil para grandes empresas, que contam com mais de uma unidade, visto que essa tecnologia possibilita o acesso a informações independentemente da localização do usuário, por meio do uso da Internet. Acompanhe, Na Prática, o caso de uma empresa de revenda de veículos que passou a utilizar recentemente as funcionalidades de uma nuvem privada. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Computação em nuvem e governança da Internet no governo brasileiro: um estudo de caso com gestores de TI* Neste artigo, você poderá conhecer conceitos sobre computação em nuvem e seus modelos de implantação. Dê atenção especial aos conceitos presentes no item 2 Computação em nuvem, entre as páginas 02 e 05. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Ucloud: uma abordagem para implantação de nuvem privada para a administração pública Nesta tese de doutorado, você verá mais sobre a computação em nuvem e a sua implantação. Dê atenção especial aos conceitos presentes no item 2.4 Computação em nuvem, entre as páginas 49 e 54. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Escalabilidade de Aplicações Bag-of-Tasks em Plataformas Heterogêneas O presente trabalho apresenta um estudo sobre a execução de aplicações Bag-of-tasks (BoT) em plataformas computacionais distribuída compostas por recursos heterogêneos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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