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Infração Econômica e Prescrição no Caso das Empresas de Frango

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CASO CONCRETO 07 
As empresas “Frangão”, “Quero Frango” e “Frangonne”, que, juntas, detêm dois terços 
da produção nacional de aves para consumo, realizam um acordo para reduzir em 25% 
a comercialização de aves de festa (aves maiores, consumidas especialmente no Natal), 
de modo a elevar o seu preço pela diminuição da oferta (incrementando o lucro), bem 
como reduzir os estoques de frango comum, cujo consumo havia caído sensivelmente 
naquele ano. Às vésperas do Natal de 2009, as empresas são autuadas pelo órgão 
competente, pela prática de infração da ordem econômica. Em suas defesas, as três 
alegam que a Constituição consagra a liberdade econômica, de modo que elas poderiam 
produzir na quantidade que desejassem e se desejassem, não sendo obrigadas a manter 
um padrão mínimo de produção. Seis meses depois, os autos são remetidos ao julgador 
administrativo, que, diante do excessivo número de processos pendentes, somente 
consegue proferir a sua decisão em outubro de 2013. Em alegações finais, as empresas 
apontam a prescrição ocorrida. Sobre a situação dada, responda, fundamentadamente, 
aos itens a seguir. 
a) A conduta das três empresas é lícita? 
b) É procedente o argumento da prescrição? 
 
RESPOSTAS: 
 
A) Não. O art. 36, § 3º, inciso I da lei 12.529/11 assim leciona: 
 Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob 
qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, 
ainda que não sejam alcançados: 
I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; 
II - dominar mercado relevante de bens ou serviços; 
III - aumentar arbitrariamente os lucros; e 
IV - exercer de forma abusiva posição dominante. 
Conforme narrado no caso em tela, as empresas realizam um acordo, sendo este 
flagrantemente ilegal, visto que não é compatível com a livre concorrência a realização de 
acordos visando lucros e mais ainda em detrimento dos consumidores. 
Há, de fato, a livre iniciativa, no entanto, devem ser respeitados os princípios constitucionais, 
mormente o da dignidade da pessoa humana e o da defesa do consumidor, que jamais devem 
ser mitigados sob o argumento da liberdade econômica. 
Por fim, insta salientar que a conduta das empresas constituem infração econômica, caso em 
que haverá responsabilidade civil objetiva, conforme o dispositivo legal acima elencado. 
 
B) Sim, procede. O art. 46 da lei 12.529/11 traz as hipóteses de prescrição ante a 
administração pública federal, que será, em regra, de 5 anos. 
O parágrafo terceiro traz, em complemento, a previsão de prescrição caso procedimento 
administrativo ficar paralisado, pendente de julgamento ou despacho por mais de 3 anos. 
No caso em comento, as empresas foram autuadas em 25/12/2009 e somente 6 meses após os 
autos foram remetidos ao julgador, em 25/05/2010, contando a grosso modo. 
Como a decisão somente foi proferida em 10/2013, houve prescrição, visto que, para que não 
ocorresse, deveria o despacho ser prolatado até 05/2013.

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