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Indaial – 2021 SiStemaS elétricoS de Potência i Prof.ª Julia Grasiela Busarello Wolff 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof.ª Julia Grasiela Busarello Wolff Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: W855s Wolff, Julia Grasiela Busarello Sistemas elétricos de potência I. / Julia Grasiela Busarello Wolff – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 217 p.; il. ISBN 978-65-5663-659-7 ISBN Digital 978-65-5663-655-9 1. Máquinas e equipamentos. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 621 aPreSentação Caro acadêmico! Bem-vindo à disciplina de Sistemas elétricos de potência I! Aqui, iremos estudar os aspectos relacionados às máquinas e equipamentos que compõem o sistema elétrico de potência nacional, os cálculos e as transformações para o sistema por unidade (também conhecido como sistema p.u.), os cálculos de curto-circuito simétrico e assimétrico e as regulamentações de concessionárias. As linhas de transmissão, as subestações, as centrais geradoras que produzem, transmitem e alimentam as cargas consumidoras garantem que as residências e as indústrias tenham energia elétrica full time. Por este motivo, o sistema elétrico de potência é considerado um grande sistema complexo, que deve ser organizado e coordenado constantemente a fim de garantir que a energia elétrica seja transmitida aos consumidores com qualidade, estabilidade e confiabilidade. As disciplinas Sistemas Elétricos de Potência I e Sistemas Elétricos de Potência II abrem possibilidades para o aluno conhecer áreas fascinantes da Engenharia. Ademais, este Livro Didático se destina a mostrar, de forma clara, objetiva e resumida o conteúdo, e de maneira nenhuma ele substitui os livros textos clássicos, os quais serão recomendados para leitura ao longo desta disciplina. Este livro também servirá como uma revisão para os alunos que já fizeram curso em máquinas elétricas ou como um livro básico para estudos iniciais na área de sistemas de potência. Em cada unidade será apresentado seu plano de estudos, acompanhado dos objetivos de aprendizagem. Em cada tópico são apresentados exemplos resolvidos para auxiliá-los posteriormente na resolução das autoatividades. Este Livro Didático tem como objetivo tratar, na Unidade 1, da evolução do Sistema Elétrico Brasileiro compreendendo o modelo organizacional nacional, detalhar o funcionamento do mercado de energia elétrica e os ambientes de comercialização com suas respectivas regras, o funcionamento das contratações no ambiente livre em comparação com o ambiente de contratação regulada. Ainda objetiva levantar quais são as classificações dos consumidores para migração, e a visão estratégica dos consumidores e do governo. Na Unidade 2 vamos apresentar informações gerais relativas à estrutura e à forma de funcionamento de um sistema elétrico de potência, bem como, sua representação no sistema por unidades. Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA E finalizando, na Unidade 3, vamos abordar os tipos de curtos- circuitos que ocorrem nos sistemas de potência, bem como, a forma de calculá-los em p.u. Acadêmico, espero auxiliá-lo nesta caminhada e dar uma maior visão da dimensão dos problemas em sistemas de potência. Sugerimos a leitura e o estudo do livro e a realização dos exercícios disponibilizados nas autoatividades, bem como as consultas de materiais de apoio e vídeos sugeridas a cada etapa. O assunto é abrangente e remete a um conteúdo repleto de detalhamentos e diferenciações que devem ser interiorizadas pelo aluno. Cada passo requer consultas às obras consideradas básicas e nenhuma delas esgota os temas abordados. Por esta razão, sugerimos consultar as Referências, os vídeos no YouTube e as Leituras Complementares, que levarão a um maior domínio do assunto. Desejamos-lhe muito sucesso na construção deste conhecimento! Prof.ª Julia Grasiela Busarello Wolff Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE Sumário UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO.......... 1 TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO ........................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 O SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA ....................................................................................... 4 2.1 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS DE UM SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA ................. 9 2.2 A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE POTÊNCIA NO BRASIL E NO MUNDO ................. 10 2.3 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E MUNDIAL ............................................................. 14 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 18 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 20 TÓPICO 2 — MERCADO DE ENERGIA ......................................................................................... 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 25 2 AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO REGULADA (ACR) ........................................................... 26 2.1 MODELOS DE CONTRATAÇÃO DE ENERGIA (ACR) ........................................................ 26 2.2 LEILÕES DE ENERGIA (ACR) ................................................................................................... 27 2.3 AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO LIVRE (ACL) .................................................................... 30 2.4 REQUISITOS DE MIGRAÇÃO .................................................................................................. 30 2.5 ESTRUTURA E PAPEL DO COMERCIALIZADOR.............................................................. 30 2.6 CONTRATO DE ENERGIA NO ACL ....................................................................................... 31 2.7 TIPOS DE CONTRATOS ............................................................................................................. 31 2.8 AGENTE VAREJISTA ................................................................................................................... 34 2.9 ESTRATÉGIAS PARA MERCADO LIVRE DE ENERGIA ...................................................... 34 2.10 VISÃO ESTRATÉGICA DO GOVERNO ................................................................................. 36 2.11 FORMAÇÃO DE PREÇOS ....................................................................................................... 37 2.12 FATORES QUE AFETAM ESTES PREÇOS E SUAS DINÂMICAS ..................................... 40 2.13 ENCARGOS DE TRANSMISSÃO ............................................................................................ 42 2.14 MIX DE COMPRA DE ENERGIA ............................................................................................ 43 2.15 RISCOS EM ENERGIA ............................................................................................................... 43 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 46 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 48 TÓPICO 3 — ÓRGÃOS REGULAMENTADORES E CONCESSIONÁRIAS POR REGIÃO BRASILEIRA ..................................................................................... 51 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 51 2 O SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (ONS) ..................................................................... 52 2.1 ELETROBRAS................................................................................................................................ 52 2.2 CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA – CCEE ......................... 55 2.3 COMITÊ DE MONITORAMENTO DO SETOR ELÉTRICO (CMSE) ................................... 57 3 CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA ENERGÉTICA – CNPE ......................................... 58 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 59 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 65 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 66 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 69 UNIDADE 2 — REPRESENTAÇÃO DE EQUIPAMENTOS NO SISTEMA POR UNIDADES (SISTEMA pu.) .................................................................................. 77 TÓPICO 1 — REPRESENTAÇÃO DOS SISTEMAS DE POTÊNCIA ........................................ 79 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 79 2 DIAGRAMAS UNIFILARES E SIMBOLOGIA DE SEP’s ......................................................... 80 2.1 GRANDEZAS EM PU .................................................................................................................. 83 2.1.1 Valor percentual e valor por unidade ............................................................................... 83 2.1.2 Definições .............................................................................................................................. 83 2.1.3 Escolha de Bases................................................................................................................... 84 2.1.4 Escolha de bases para circuitos monofásicos ................................................................... 85 2.1.5 Escolha de bases para circuitos trifásicos ......................................................................... 85 2.1.6 Representação das grandezas de base e mudanças de bases ........................................ 87 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 91 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 92 TÓPICO 2 — REPRESENTAÇÃO EM PU DE TRANSFORMADORES ................................... 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95 2 REPRESENTAÇÃO DE TRANSFORMADORES POR FASE EM PU ..................................... 95 3 TRANSFORMADORES DE TRÊS ENROLAMENTOS POR FASE EM PU ........................ 100 4 REPRESENTAÇÃO DO BANCO DE TRANSFORMADORES POR FASE EM PU ............. 101 5 REPRESENTAÇÃO DAS LINHAS AÉREAS DE TRANSMISSÃO POR FASE EM PU ...................................................................................................................................... 102 5.1 MODELO PARA LINHA DE TRANSMISSÃO CURTA ....................................................... 104 5.2 MODELO PARA LINHA DE TRANSMISSÃO MÉDIA ....................................................... 104 5.3 MODELO PARA LINHA DE TRANSMISSÃO LONGA ...................................................... 105 6 REPRESENTAÇÃO DE GERADORES POR FASE EM PU ..................................................... 106 7 REPRESENTAÇÃO DE CARGAS EM PU .................................................................................. 107 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 118 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 119 TÓPICO 3 — CÁLCULO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO .................................................... 123 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 123 2 PROGAGAÇÃO EM LINHAS DE TRANSMISSÃO .............................................................. 125 2.1 TIPOS DE LINHA DE TRANSMISSÃO .................................................................................. 126 2.1.1 Linha Paralela ..................................................................................................................... 126 2.1.2 Par Trançado ....................................................................................................................... 127 2.1.3 Par Blindado ....................................................................................................................... 127 2.1.4 Cabo Coaxial ....................................................................................................................... 127 3 ESTRUTURA DA LINHAS AÉREAS DE TRANSMISSÃO ................................................... 128 3.1 TORRES ........................................................................................................................................ 128 3.2 TERRENOS .................................................................................................................................. 130 3.3 FUNDAÇÕES .............................................................................................................................. 130 3.4 MONTAGEM DE ESTRUTURAS METÁLICAS .................................................................... 132 3.5 ISOLADORES ..............................................................................................................................133 3.6 CABOS .......................................................................................................................................... 133 3.7 CONDUTORES ........................................................................................................................... 135 3.8 PARA-RAIOS ............................................................................................................................... 136 3.9 FERRAGENS E ACESSÓRIOS .................................................................................................. 137 4 EFEITO CORONA ........................................................................................................................... 138 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 140 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 144 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 146 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 148 UNIDADE 3 — CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO EM SISTEMAS DE POTÊNCIA ....... 149 TÓPICO 1 — CURTO-CIRCUITOS SIMÉTRICOS ..................................................................... 151 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 151 2 CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO OU SIMÉTRICO ................................................................. 152 3 TIPOS DE CURTOS-CIRCUITOS ............................................................................................... 153 4 CURTO-CIRCUITO VIA COMPONENTES SIMÉTRICAS ................................................... 155 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 163 TÓPICO 2 — CURTO-CIRCUITOS ASSIMÉTRICOS ............................................................... 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165 2 COMPONENTES SIMÉTRICAS .................................................................................................. 166 2.1 TEOREMA DE FORTESCUE .................................................................................................... 166 2.2 EXPRESSÃO ANALÍTICA DO TEOREMA DE FORTESCUE ............................................. 168 2.3 ANÁLISE DE SEQUÊNCIA ZERO .......................................................................................... 170 2.3.1 Sistema Trifásico Estrela Aterrado .................................................................................. 170 2.3.2 Sistema Trifásico Estrela ................................................................................................... 171 2.3.3 Sistema Trifásico Delta (Triângulo)................................................................................. 171 2.3.4 Sistema Trifásico Estrela ................................................................................................... 172 2.3.5 Sistema Trifásico Delta (triângulo) .................................................................................. 172 3 REPRESENTAÇÃO DOS COMPONENTES DO SISTEMA ELÉTRICO NAS SEQUÊNCIAS POSITIVA, NEGATIVA E ZERO ..................................................................... 173 3.1 GERADOR SÍNCRONO ............................................................................................................ 173 3.2 LINHA DE TRANSMISSÃO ..................................................................................................... 176 3.3 TRANSFORMADORES ............................................................................................................. 177 3.4 DESLOCAMENTO DE 30° EM UM TRANSFORMADOR Y-∆ ........................................... 181 4 CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO NO GERADOR SÍNCRONO ....................................... 181 4.1 CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO .............................................................................................. 181 5 CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO BIFÁSICO ........................................................................ 183 6 CURTO-CIRCUITO BIFÁSICO-TERRA .................................................................................... 185 7 CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO MONOFÁSICO .............................................................. 187 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 190 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 192 TÓPICO 3 — PROGRAMAS COMPUTACIONAIS E SIMULAÇÃO EM SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA ................................................................................... 195 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 195 2 ANAFAS ............................................................................................................................................. 196 3 ANAREDE ......................................................................................................................................... 196 3.1 ALINHAMENTO DO CIRCUITO ............................................................................................ 202 3.2 LAKU ............................................................................................................................................ 205 3.3 CCTRI ........................................................................................................................................... 206 3.4 POWERWORLD ......................................................................................................................... 206 3.5 SMARTGRIDS ............................................................................................................................. 206 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 208 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 214 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 215 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 217 1 UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • explicar com as próprias palavras o que é um sistema elétrico de potência; • determinar a estrutura dos sistemas elétricos de potência; • reconhecer o histórico dos sistemas elétricos de potência; • analisar os componentes do sistema elétrico de potência; • identificar a constituição e operação do sistema elétrico de potência e a regulamentação do setor elétrico brasileiro. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO TÓPICO 2 – MERCADO DE ENERGIA TÓPICO 3 – ÓRGÃOS REGULAMENTADORES E CONCESSIONÁRIAS POR REGIÃO BRASILEIRA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procureum ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 1 INTRODUÇÃO Os sistemas elétricos de potência compõem um dos pilares do desenvolvimento dos países industrializados, independentemente de serem de primeiro mundo ou não. O Brasil, devido ao seu extenso território, é um grande produtor e consumidor de energia elétrica. A produção de energia no território brasileiro também é muito diversificada. A produção nacional é considerada uma das mais limpas do mundo, sendo que 45,3% da matriz energética vem de energias renováveis, nas quais o índice mundial apresenta uma média de 13% (BRASIL, 2021). O modelo atual nem sempre foi assim e, em grande parte da história, o modelo era vertical, ou seja, o estado tinha monopólio de toda a tarifa de consumo e todos os consumidores eram considerados cativos. Mesmo com todas as regulamentações o Sistema Elétrico Brasileiro ainda tem como base o decreto do Código de Águas de 1934. Somente na década de 1990 iniciou-se o processo de reestruturação para as formas atuais (BANDEIRA, 2003). No final da década de 1990, com a coordenação do Ministério de Minas e Energia (MME), deu-se início a Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (RE-SEB) definindo o formato atual no qual as empresas foram divididas como geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia. O governo ficou responsável pela transmissão e distribuição e, incentivou a competição no segmento de geração e, a comercialização de energia. Ainda na década de 1990, seguindo o projeto RE-SEB, foram criados três órgãos de regulação e operação, sendo eles a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o Mercado Atacadista de Energia (MAE). Em 15 de março de 2004, com a alteração das leis n° 5.655, 8.631, 9.074, 9.427, 9.478, 9.648, 9.991, 10.438, foram criados dois ambientes para celebração de contratos de compra e venda de energia elétrica (BRASIL, 2004a). O primeiro denominado como Ambiente de Contratação Regulada (ACR), com participação dos agentes de geração e distribuição de energia elétrica que contemplam a compra de energia para a distribuição aos clientes cativos. E o segundo, denominado de Ambiente de Contratação Livre (ACL), com participação dos agentes concessionários e autorizados de geração, comercializadores e importadores de energia elétrica e os consumidores que atendem as condições de consumidor livre. UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 4 Após as regras definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica, possibilitou ao consumidor maior autonomia na negociação do seu contrato, melhorando economicamente o valor final pago pela demanda e, também, garantir a qualidade e a segurança do serviço contratado. O tema abordado neste tópico foi incentivado devido à grande demanda de consumo potencial de migração para o mercado livre de energia e a grande dificuldade da disponibilidade de material sobre esse tema. Também abordaremos um histórico de linha do tempo facilitando o entendimento de como chegamos a atual matriz energética. 2 O SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA O sistema elétrico de potência (SEP) é definido como: “o conjunto de todas as instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Iniciando com uma linha de transmissão ligando uma usina a uma carga industrial ou de iluminação de uma cidade” (BICHELS, 2018, p. 24). Segundo Stevenson (1975), um sistema elétrico de potência possui três componentes principais, que são: a estação geradora, as linhas de transmissão, e os sistemas de distribuição. No Brasil, chamamos este sistema de Sistema Interligado Nacional (SIN), o qual é responsável por interligar unidades geradoras de potência e os centros consumidores por extensas malhas de transmissão. “O sistema interligado brasileiro possui dimensões e características que o fazem ser considerado um dos maiores e mais complexos sistemas elétricos do mundo” (STEVENSON, 1975, p. 88). O sistema de geração de energia no Brasil é hidrotérmico, com predominância de usinas hidroelétricas e que são responsáveis por 68,9% da produção nacional e, em 2013, somavam 2800 empreendimentos em operação (Boletim mensal de monitoramento, 2013). A rede de geração e de transmissão que constitui o sistema interligado nacional, é responsável por 98% do abastecimento dos centros consumidores, sendo que o restante dessa parcela não está ligado ao sistema devido às condições geográficas, pois estas estão localizadas majoritariamente na região amazônica, então, pequenas unidades produtoras abastecem centros pontuais de consumo nesta região. Atualmente, o Brasil conta com uma capacidade instalada de potência de 122,9 GW. Isso representa um aumento de 64,3% em relação ao ano de 2001, o que reflete o crescimento substancial do país nos últimos anos. TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 5 A Figura 1 mostra o processo de um sistema elétrico de potência desde a barragem até a transmissão residencial. FIGURA 1 – SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA FONTE: <https://bit.ly/3jltAyC>. Acesso em: 26 jul. 2021. Segundo dados de 2013 da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o governo federal deverá dispor de mais de 52 GW de potência até o ano de 2021 para sustentar o seu desenvolvimento, sem o perigo de sofrer com problemas de abastecimentos. Ainda, segundo a EPE (ANO), esse adicional de potência a ser integrado ao sistema, deve vir de fontes renováveis como hidrelétrica, eólica e termoelétrica. Como exemplo pode-se citar as usinas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte. O sistema elétrico funcionando de forma integrada proporciona diversas vantagens tais como: • Garantia de energia mínima que permite a operação contínua das plantas hidroelétricas. • Riscos mínimos de interrupção do fornecimento nos períodos de baixa hidrologia. • Níveis adequados de confiabilidade da rede elétrica. • Utilização de energia elétrica em todos os pontos do sistema, abaixando os custos de operação do sistema e o preço final ao consumidor. • Reprogramação da geração em função da demanda e hidrologia. FONTE: SATO, A. K. C. Transmissão de potência em corrente contínua e em corrente alternada: estudo comparativo. 2013. 90 f. Trabalho (Graduação e, Engenharia Elétrica) – Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2013. p. 23- 24. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/121076/000734882. pdf?sequence=1. Acesso em: 27 jul. 2021. UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 6 A Figura 2 mostra os três pilares do SEP, que são: a geração, a transmissão e a rede de distribuição de energia elétrica. FIGURA 2 – GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. FONTE: <https://core.ac.uk/download/pdf/287004058.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2021. A energia elétrica é gerada em usinas, e é transmitida aos consumidores por meio de uma rede de transmissão de energia. O sistema de transmissão é divido em sistemas de subtransmissão. É uma prática comum se dividir a rede elétrica relativa ao transporte de energia, nos seguintes subsistemas: • sistema de transmissão; • sistema de subtransmissão; • sistema de distribuição. O sistema de transmissão interconecta todos os grandes centros de geração, aos principais centros de carga. Ele forma a parte por onde circula grandes blocos de potência e opera com os níveis de tensão mais elevados. Tipicamente com tensões maiores ou iguais a 230 kV. As tensões de geração encontram-se na faixa entre 11 a 20 kV. Esse nível de tensão é transformado por meio de transformadores elevadores a níveis quepossibilitam a transmissão de um grande bloco de potência. Ao chegar nas chamadas subestações do sistema, a energia deve ser retransmitida, porém, podendo agora ser em outro nível de tensão. Portanto, tanto ao nível do sistema de geração, quanto das subestações rebaixadoras, devem existir transformadores adequadamente projetados, a fim de permitir o fluxo de energia desde a geração até os centros de consumo. O sistema de subtransmissão permite a transmissão de potência em blocos mais reduzidos a partir das subestações de transmissão, para as subestações de distribuição. TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 7 Grandes cargas industriais podem ser supridas diretamente por um sistema de subtransmissão. Em alguns sistemas não há uma distinção clara entre sistemas de transmissão e de subtransmissão, sendo ambos um só. O sistema de distribuição representa o estágio final envolvendo a transferência de energia para os consumidores individuais. A tensão primária de distribuição (a denominada alta tensão do sistema de distribuição) é compreendida na faixa entre 1 e 34,5 kV. Pequenos consumidores industriais são atendidos por alimentadores primários que se encontram nessa faixa de tensão. Os alimentadores de distribuição secundários suprem consumidores residenciais e comerciais em faixas que podem variar de 110 a 240 V, em valores padronizados pelo órgão regulador do setor elétrico. A Figura 3 mostra a estrutura básica de um sistema elétrico de energia. FIGURA 3 – ESTRUTURA DE UM SEP FONTE: Leão (2009, p. 17) A transmissão de energia elétrica geralmente é feita em corrente alternada (ca), não somente no Brasil, mas no mundo, sendo que a transmissão em corrente contínua (cc) é menos empregada. A facilidade e flexibilidade em alterar os níveis de tensão através de transformadores constitui um dos maiores atrativos dos sistemas cas (juntamente com os geradores trifásicos dos sistemas cas e com os geradores trifásicos síncronos), o que justifica sua ampla utilização. Em um sistema de transmissão cc, os geradores ca alimentam a linha cc através de um transformador, e de um retificador eletrônico (de alta potência). Um inversor eletrônico transforma a corrente contínua em corrente alternada no fim da linha de transmissão, para que a tensão possa ser reduzida pelo transformador. A transmissão em cc desempenha um papel importante quando utilizada de maneira complementar a um sistema de ca. Para distâncias longas, a transmissão em cc torna-se uma alternativa atraente. Além disso, oferecem UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 8 melhores possibilidades de controlar o fluxo de potência em condições normais de operação e também em situações transitórias (como controle de estabilidade) (BICHELS, 2018). Os principais elementos e suas funções da rede de distribuição de energia elétrica são: • Subestação abaixadora ou subestação de distribuição: para ser distribuída pelos fios da cidade, a eletricidade tem sua tensão reduzida em subestações abaixadoras através de transformadores. A tensão de linha de transmissão é baixada para valores padronizados nas redes de distribuição primária – 6, 11, 13.8, 15 e 34.5 kV. Uma subestação de distribuição geralmente tem como características: o transformadores que reduzem a tensão de transmissão para a tensão de distribuição; o um "barramento" que pode direcionar a energia para várias cargas; e o geralmente há disjuntores e chaves, visando desconectar a subestação da rede de transmissão ou desligar linhas que saem da subestação de distribuição quando necessário. • Redes de distribuição: das subestações de distribuição primária (alta tensão), partem as redes de distribuição secundária (baixa tensão). Finalmente a energia elétrica é transformada novamente para os padrões de consumo local e chega às residências e outros estabelecimentos – tensão 220/127 V. No Brasil, há cidades onde a tensão fase neutro é de 220 V – região norte e nordeste –; e outras em 110, 120 ou 127 V como: região sul, São Paulo e Rio de Janeiro. As redes de distribuição nos centros urbanos também podem ser aéreas ou subterrâneas. Nas redes aéreas, os transformadores são montados nos próprios postes ou em subestações abrigadas. A entrada de energia nas edificações é chamada de ramal de entrada. Como vimos as redes de distribuição são trifásicas, mas as ligações para consumo podem ser monofásicas, bifásicas ou trifásicas de acordo com a carga necessária: o até 15 kW – monofásica (uma fase e um neutro); o de 15 kW a 25 kW – bifásica (dois fases e um neutro); o maior que 25 kW – trifásica (três fases e um neutro). No alto dos postes, os três cabos que normalmente observamos são os três cabos para a energia trifásica. O quarto cabo mais abaixo é o fio terra. Muitas vezes veem-se cabos extras, normalmente fios de telefone ou de TV a cabo, que utilizam os mesmos postes. Essa subestação em particular produz dois níveis de tensão, a tensão mais alta precisa ser reduzida novamente, o que geralmente acontecerá em outra subestação ou em transformadores menores em algum lugar da linha. Em alguns postes, vemos também transformadores cuja função é diminuir ainda mais a tensão, de modo que a energia possa ser usada nas edificações, chegando à tensão de 127/220 V. TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 9 • Terminais: uma casa precisa de apenas uma das três fases; então, é comum terminais para uma ou duas das fases escoarem pelas ruas laterais. • Na residência: fora de uma casa comum existe um conjunto de postes com um condutor fase e um fio condutor terra (embora às vezes haja duas ou três fases no poste, dependendo de onde a casa está localizada na rede de distribuição). Em cada casa ou trecho de rua há um transformador. O trabalho do transformador é reduzir a voltagem de transmissão para os 220 ou 127 volts usados nas instalações elétricas residenciais normais. Os 220 ou 127 volts entram em sua casa através de um típico wattímetro. 2.1 PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS DE UM SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA Os dispositivos de controle atuam sobre equipamentos, muito deles responsáveis pela geração ou pela transmissão de grandes blocos de energia. Podem ser mencionados alguns dispositivos, tais como: • geradores; • linhas de transmissão; • transformadores de potência; • capacitores em derivação (shunt) e em série; • reatores em derivação; • sistemas de transmissão CA flexíveis – Flexible AC Transmission Systems (FACTS); • compensadores síncronos. O risco da ocorrência de uma falha considerando-se um componente isoladamente é pequeno, entretanto, globalmente, pode ser bastante elevado, aumentando também a repercussão numa área considerável do sistema, podendo causar o que comumente é conhecido como blackout. Para evitar os blackouts utilizamos dispositivos para proteção dos SEPs, pois não seria possível operar o sistema sem os equipamentos de proteção, de redução de medidas para instrumentos, de manobra e de proteção, tais como: • transformadores de potencial (TPs), • divisores capacitivos de potencial (DCPs); • transformadores de corrente (TCs); • chaves, seccionadoras, disjuntores; • relés de proteção, filtros; • para-raios. Os sistemas de proteção são aqueles que tem o objetivo de desligar a parcela do sistema elétrico de potência que se encontra defeituosa, ou operando fora das suas condições normais. Nesse contexto, os sistemas de proteção devem atuar rapidamente para minimizar riscos à vida humana, e danos aos equipamentos UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 10 que compõem os sistemas elétricos de potência; normalmente, há duas situações que podem produzir danos: sobrecargas de longa duração e curtos-circuitos(BICHELS, 2018). A Figura 4 mostra dispositivos de proteção de sistemas de potência. FIGURA 4 – COMPONENTES DE PROTEÇÃO DE UMA SUBESTAÇÃO ELÉTRICA FONTE: BICHELS (2018) 2.2 A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE POTÊNCIA NO BRASIL E NO MUNDO A partir de 1930 foi organizado no cenário nacional, sob proteção do capital privado, os serviços de geração, transmissão e distribuição de energia. Os modelos desses sistemas eram independentes e isolados, atendendo os maiores centros urbanos, formando uma organização industrial com regulamentação básica, sem referências, iniciada do zero (PRAÇA; FURST, 2012). Inicialmente, os sistemas elétricos de maior porte foram implantados em torno de grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, pelas concessionárias canadenses Holding Brazilian Traction e Light and Power. As concessionárias do grupo norte americano American & Foreign Power (Amforp) formavam o segundo maior parque gerador de energia elétrica, no qual tinha como subsidiaria a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), responsável por atender o interior de São Paulo. As demais empresas subsidiárias atendiam as cidades de Natal, Recife, Maceió, Salvador, Vitória, Belo Horizonte, Niterói, Curitiba, Porto Alegre e cidades vizinhas. TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 11 Em 1939, o Estado iniciou a intervenção no setor elétrico criando o Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (CNAEE) para tratar de todos os assuntos do setor. Em 1943, o governo do Rio Grande do Sul criou a comissão Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que reformulou o primeiro plano de eletrificação regional do país. Já em 1945, foi criada a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), a qual ficou registrada como primeira intervenção direta do governo federal no campo da produção e transmissão de energia elétrica. Em 1952, o governo de Minas Gerais fundou a Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig), como sociedade de economia mista com participação majoritária da administração estadual. Ainda nesse ano, foi fundado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) responsável pela coordenação de investimento público na área de energia elétrica e responsável pela administração dos recursos do fundo Federal de Eletrificação. (PRAÇA; FURST, 2012). Em 1953, o governo de São Paulo iniciou a criação de uma séria de empresas que, posteriormente, foram unificadas em torno da empresa Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp). (PRAÇA; FURST, 2012). Em 1957, o governo federal criou a Central Elétrica de Furnas, garantindo energia ao processo de industrialização e urbanização nacional. Em 1960, com a expansão do setor produtivo estatal na área de energia, houve a necessidade de criação do Ministério de Minas e Energia (MME), deixando sob a responsabilidade da administração federal todos os estudos e assuntos relativos à energia e à produção mineral. Em 1961, após longos sete anos de discussão no Congresso Nacional, ficou formalizado a criação da Eletrobras – Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Em 1962, a Eletrobras foi oficialmente instalada passando a administrar o fundo Federal de Eletrificação e a carteira de aplicações efetuadas pelo BNDE, junto às concessionárias. Além de financiar o Sistema Elétrico Brasileiro, a Eletrobras assumiu as características de uma holding, ancorada inicialmente em algumas empresas subsidiárias, incluindo a Chesf e Furnas, de caráter regional, e por ter feito investimentos em algumas empresas associadas, a Eletrobras também tinha participação minoritária na Cemig e CEEE, entre outras. Em 1964 a Eletrobras comprou as concessionárias do grupo Amforp, e as entidades governamentais passaram a deter participação majoritária na produção nacional de eletricidade. Em 1965, foi promulgada a Lei n° 4.904, que transformou a antiga Divisão de Águas do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) no departamento Nacional de Águas e Energia (DNAE), o qual, três anos mais tarde, recebeu a denominação de Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), com base no decreto n° 63.951. UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 12 Em 1967, com o Decreto n° 60.824, se estabeleceu o sistema nacional de eletrificação, limitando a ação da Eletrobras em empresas de eletricidade, principalmente aquelas de caráter regional. Em 1968, quase todas as antigas subsidiárias da Amforp passaram para gestão das concessionárias estaduais, fazendo com que o processo demorasse em torno de sete anos para ser concluído. Com exceção do Espírito Santo, que os serviços de eletricidade foram reorganizados e criaram uma nova subsidiária da Eletrobras (Escelsa). Também no mesmo ano, a Eletrobras passou a contar com uma terceira subsidiária de âmbito regional, a Centrais Elétricas do Sul do Brasil (Eletrosul). Somente em 1973, foi constituída a quarta subsidiária da Eletrobras, a Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte), responsável por coordenar o programa de energia da Amazônia incluindo a construção e a operação de centrais elétricas e sistemas de transmissão. Em 1980, foi aprovado uma resolução para criação do Grupo de Coordenadores de Planejamento do Sistema Elétrico (GCPS), com a finalidade de estudar alternativas de desenvolvimento dos sistemas elétricos das concessionárias, e elaborar pareceres e proposições para ajustar os programas de expansão das empresas. Em 1985, foi aprovado pelo governo federal o Plano de Recuperação Setorial (PRS), com o objetivo de promover o saneamento financeiro das concessionárias com ajuda dos recursos da união, tendo em vista que nesse período o país passou por uma crise econômica. Em 1987, com a intenção de reestruturar o setor elétrico, foi criado o projeto Revisão Institucional do Setor Elétrico (REVISE). Em 1990, com a Lei nº 8.031/1990, instituiu-se o Programa Nacional de Desestatização (PND) e a criação do Fundo Nacional de Desestatização, transferindo atividades para o setor privado, mas, somente em 1995, iniciaram as desestatizações. Em 1993 foi promulgada a Lei n° 8.631 – lei da Desequalização Tarifária –, que dispõe sobre a fixação dos níveis tarifários para o serviço público de energia elétrica, e estabeleceu que os níveis das tarifas a serem praticados no suprimento de energia elétrica eram propostos pelo concessionário supridor, garantindo a prestação de serviço adequado. No período de 1994 e 1995, outras duas importantes leis para o setor elétrico foram aprovadas, a Lei 8.967/1994, que regulamentou os preceitos de licitação para concessões e deu, assim, início a competição no setor elétrico, e a Lei 9.074/1995, que implantou a figura do produtor Independente de Energia Elétrica (PIE). TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 13 Em 1997, foi criada a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia em regime especial vinculada ao Ministério de Minas e Energia, com intuito de regular o setor elétrico brasileiro, por meio da Lei nº 9.427/1996 e do Decreto nº 2.335/1997. E, no mesmo ano, foi criado o Conselho Nacional Política Energética (CNPE). Em 1998, foi criado o Mercado Atacadista de Energia (MAE), atual Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Também foi criado o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Em 1999, foi criado o Comitê Coordenador do Planejamento de Expansão (CCPE). Em 2004, foi criada a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A Tabela 1 demonstra a evolução das tensões de transmissão, em corrente alternada. TABELA 1 – AUMENTO DE TENSÃO NOS SISTEMAS DE POTÊNCIA AO REDOR DO MUNDO Ano Tensão elétrica [kVca] 1882 2,4 1889 4 1891 12 1907 100 1913 150 1923 220 1926 244 1936 287 1953 345 1965 5001969 765 1985 1150 FONTE: Glover e Sarma (1994, p. 25 apud BICHELS, 2018, p. 20). UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 14 TABELA 2 – CAPACIDADE INSTALADA DE USINAS HIDRELÉTRICAS EM ALGUNS PAÍSES País Capacidade instalada de usinas hidrelétricas [GW] Capacidade instalada de usinas hidrelétricas (%), em relação à capacidade instalada total do País Japão 24,5 8,5 China 22,6 1,8 Estados Unidos 20,5 1,9 Itália 7,1 5,7 Espanha 6,8 6,6 Alemanha 6,3 3,5 França 5,8 4,4 Índia 5,0 2,2 Áustria 4,8 21,0 Grã-Bretanha 2,7 3,0 Suíça 2,5 12,0 Portugal 1,1 6,1 FONTE: Glover e Sarma (1994, p. 36) 2.3 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E MUNDIAL O conceito de matriz energética é toda energia disponível para o consumo, passando inicialmente pelo processo de transformação e, depois, distribuição para o consumo, ou seja, todo o conjunto de fonte de energia disponível para captar e distribuir para as indústrias, o comércio e as residências. Em referências mundiais, a matriz energética é composta, em sua maioria, por fontes não renováveis: combustíveis fósseis, carvão mineral e gás natural, conforme mostra o Gráfico 1. GRÁFICO 1 – MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL FONTE: <https://bit.ly/3CbKVTc>. Acesso em: 26 jul. 2021. TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 15 Atualmente, a Matriz Energética Brasileira, ao contrário do índice mundial, é considerada uma das mais limpas do mundo, sendo que 48% da matriz energética vem de energias renováveis. O Gráfico 2 mostra o percentual de potência da matriz energética brasileira, com o percentual da potência instalada em operação, em [MW]. GRÁFICO 2 – MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA: POTÊNCIA INSTALADA EM OPERAÇÃO (MW) FONTE: <http://totumcom.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Imagem1.png>. Acesso em: 26 jul. 2021. A Tabela 3 mostra a capacidade instalada e o número de usinas no Brasil em megawatts (MW). O Brasil acaba de superar a marca de 2.000 megawatts (MW) de potência operacional em sistemas de geração centralizada solar fotovoltaica, ou seja, usinas de grande porte conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Segundo o mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a fonte solar fotovoltaica, baseada na conversão direta da radiação solar em energia elétrica de forma renovável, limpa, sustentável e cada vez mais competitiva, atingiu um total de 2.056 MW de potência instalada operacional, o equivalente a 1,2% da matriz elétrica do País. Com isso, passa a ocupar a posição de 7ª maior fonte do Brasil, ultrapassando a nuclear, com 1.990 MW (1,2%) provenientes das usinas de Angra I e Angra II, localizadas no Rio de Janeiro. FONTE: <https://www.absolar.org.br/noticia/fonte-solar-fotovoltaica-assume-7a-posicao-na- matriz-eletrica-brasileira-e-ultrapassa-nucleares/>. Acesso em: 27 jul. 2021. IMPORTANT E UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 16 TABELA 3 – CAPACIDADE INSTALADA POR FONTE EM VALORES ABSOLUTOS (MW) FONTE: Libanori (2017, p. 20) A Tabela 4 mostra a capacidade instalada, e o número de usinas no Brasil em megawatts (MW). TABELA 4 – CAPACIDADE INSTALADA POR FONTE EM TERMOS PERCENTUAIS FONTE: Libanori (2017, p. 20) O Gráfico 3 mostra a diversidade de operação da matriz energética no Brasil. Observa-se que a fonte hídrica ainda corresponde a maior parte de produção de energia elétrica brasileira. TÓPICO 1 — SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO 17 GRÁFICO 3 – CAPACIDADE DE OPERAÇÃO NO BRASIL FONTE: <https://bit.ly/3ynyXUp>. Acesso em: 28 jul. 2021. No Brasil, dados do PDE 2024 indicam que as fontes renováveis devem diminuir sua participação percentual em termos de capacidade instalada, passando de 86,4% em 2018 para 84,0% em 2024, como mostra o [Gráfico 4]. No entanto, tal queda deve-se à diminuição da participação percentual de fontes hidrelétricas, uma vez que outras fontes renováveis devem aumentar sua participação (LIBANORI, 2017, p. 18). GRÁFICO 4 – PARTICIPAÇÃO DE FONTES DE PRODUÇÃO NA CAPACIDADE INSTALADA FONTE: Brasil (2015, p. 93 apud LIBANORI, 2017, p. 19). 18 Neste tópico, você aprendeu que: • Um sistema elétrico de potência é um conjunto de equipamentos físicos e circuitos elétricos conectados, que atuam com o objetivo de gerar, transmitir e distribuir energia elétrica. • O Sistema Elétrico Brasileiro ainda tem como base o decreto do Código de Águas de 1934. • Somente na década de 1990 iniciou-se o processo de reestruturação para as formas atuais. • Geração perfaz a função de converter alguma forma de energia (hidráulica, térmica etc.) em energia elétrica. • A transmissão é responsável pelo transporte de energia elétrica dos centros de produção aos centros de consumo, ou até outros sistemas elétricos, interligando-os. • A etapa distribuição serve para distribuir a energia elétrica recebida do sistema de transmissão aos grandes, médios e pequenos consumidores. • A matriz energética brasileira está baseada em hidráulica, termo e eólica, vemos a tendência do crescimento mundial da nuclear e as fontes renováveis. • A ANEEL promove, mediante delegação com base no plano de outorgas e diretrizes aprovadas pelo Ministério de Minas e Energia, os procedimentos licitatórios para a contratação de concessionárias e permissionárias de serviço público para produção, transmissão e distribuição de energia elétrica e para a outorga de concessão para aproveitamento de potenciais hidráulicos. • O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é o órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), e pelo planejamento da operação dos sistemas isolados do país, sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). • O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil, é um sistema hidro-termo-eólico de grande porte, com predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. • O Sistema Interligado Nacional é constituído por quatro subsistemas: sul, sudeste/centro-oeste, nordeste e a maior parte da região norte. RESUMO DO TÓPICO 1 19 • A interconexão dos sistemas elétricos, por meio da malha de transmissão, propicia a transferência de energia entre subsistemas, permite a obtenção de ganhos sinérgicos e explora a diversidade entre os regimes hidrológicos das bacias. • A integração dos recursos de geração e transmissão permite o atendimento ao mercado com segurança e economicidade. • A capacidade instalada de geração do SIN é composta, principalmente, por usinas hidrelétricas distribuídas em dezesseis bacias hidrográficas nas diferentes regiões do país. • Nos últimos anos, a instalação de usinas eólicas, principalmente nas regiões Nordeste e Sul, apresentou um forte crescimento, aumentando a importância dessa geração para o atendimento do mercado. • As usinas térmicas, em geral localizadas nas proximidades dos principais centros de carga, desempenham papel estratégico relevante, pois contribuem para a segurança do SIN. • As usinas térmicas são despachadas em função das condições hidrológicas vigentes, permitindo a gestão dos estoques de água armazenada nos reservatórios das usinas hidrelétricas, para assegurar o atendimento futuro. • Os sistemas de transmissão integram as diferentes fontes de produção de energia e possibilitam o suprimento do mercado consumidor. 20 1 O setor elétrico brasileiro está estruturado para garantir a segurança do suprimento de energia elétrica, promover a inserção social, por meio de programas de universalização do atendimento e a escolha das modalidades tarifárias. Com isso, explique o que é um sistema elétrico de potência: FONTE: <https://bit.ly/2WMsAvP>. Acesso em: 30 jul. 2021. 2 A distribuição de energiaelétrica no Brasil é feita por meio da integração da produção, transmissão e distribuição ao consumidor final. Essa integração é motivada pela industrialização e urbanização, pelo aumento da demanda e pela origem das hidrelétricas. Com base nesse contexto, como funciona a geração, transmissão e distribuição de potência no Brasil? FONTE: <https://www.universidadetrisul.com.br/etapas-construtivas/como-e-feita-a-distribuicao- de-energia-eletrica-no-brasil>. Acesso em: 30 jul. 2021. 3 No Brasil, 80% da geração de energia elétrica advém de fontes e hidrelétricas, 11% de termoelétricas e o restante por outros processos. A partir da usina, a energia é transformada em subestação elétricas, elevadas a níveis de tensão (69/88/138/240/440 kV) e transportada em corrente alternada através de cabos elétricos, até as subestações rebaixadoras, delimitado a fase de transmissão. Com isso, quais são os componentes básicos de um SEP? FONTE: <https://www.mundodaeletrica.com.br/um-pouco-mais-sobre-o-sistema-eletrico-de- potencia-sep/>. Acesso em: 30 jul. 2021. 4 “A viabilidade de grandes sistemas de potência interligados foi possível com uma série de desenvolvimentos tecnológicos de materiais e equipamentos, em conjunto com a transmissão em CA de altas e extra-altas tensões” (BICHLES, 2018, p. 25). Com base nesse contexto, quais são as vantagens do SEP transmitindo em cc e em ca? FONTE: BICHELS, A. Sistemas elétricos de potência: métodos de análise e solução. Curitiba: EDUTFPR, 2018. p. 25. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/287004058.pdf. Acesso em: 26 jul. 2021. 5 Apagão ou blecaute é o corte ou colapso temporário do suprimento de energia elétrica em uma determinada área geográfica, que pode variar desde uma localidade ou bairro, até uma grande área metropolitana ou regiões inteiras de um ou mais países. Para evitar esse tipo de fenômeno, o SEP deve estar protegido por equipamentos que evitem que o sistema falhe. Com base no exposto, cite quais são os equipamentos de proteção usados nos SEPs: FONTE: <https://educalingo.com/pt/dic-pt/blecaute>. Acesso em: 30 jul. 2021. 6 O sistema elétrico de potência consiste num conjunto formado por centrais elétricas, subestações de transformação e de interligação, linhas e receptores, ligados eletricamente entre si. São grandes sistemas de energia que englobam geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. AUTOATIVIDADE 21 Com base no exposto, o que há em comum e quais as diferenças nas três principais formas de geração no Brasil? Cite três motivos porque o Brasil adotou a interligação do seu sistema de energia. FONTE: <https://bit.ly/3Cbob5S>. Acesso em: 30 jul. 2021. 7 A matriz energética do Brasil é muito diferente da mundial. Por aqui, apesar do consumo de energia de fontes não renováveis ser maior do que o de renováveis, usamos mais fontes renováveis que no resto do mundo. Somando lenha e carvão vegetal, hidráulica, derivados de cana e outras renováveis, nossas renováveis totalizam 46,2%, quase metade da nossa matriz energética. Com isso, qual é a Matriz Energética do Brasil e quais são as tendências mundiais das formas de geração de energia elétrica? Você tem alguma ideia diferente das que existem hoje? FONTE: <https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica>. Acesso em: 30 jul. 2021. 8 A matriz energética representa um conjunto de fontes de energia disponíveis no país para suprir as demandas energéticas. É por meio dela que será possível captar e distribuir energia para os setores comerciais, industriais e residenciais. Assim, a matriz energética representa a quantidade de energia disponível, bem como a origem dessa energia, se ela é de uma fonte renovável ou não. Descreva o funcionamento de três formas de geração de energia. O que há em comum e as diferenças entre essas formas de geração de energia? FONTE: <https://www.gnpw.com.br/matriz-energetica/quais-as-principais-matrizes-energeticas- do-brasil/>. Acesso em: 30 jul. 2021. 9 A distribuição se caracteriza como o segmento do setor elétrico dedicado à entrega de energia elétrica para um usuário final. Como regra geral, o sistema de distribuição pode ser considerado como o conjunto de instalações e equipamentos elétricos que operam, geralmente, em tensões inferiores a 230 kV, incluindo os sistemas de baixa tensão. Com base nesse contexto, descreva a rede de distribuição, quais os principais elementos e suas funções: FONTE: <https://www.aneel.gov.br/regulacao-da-distribuicao>. Acesso em: 30 jul. 2021. 10 O Brasil deve investir em matrizes energéticas renováveis, pois ao produzir a energia em solo brasileiro, não ficamos dependentes de importações e nem suscetíveis a crises mundiais. Além disso, esse investimento em fontes limpas contribui com o meio ambiente e polui menos. Com base no exposto, como seria o mundo sem a descoberta da energia elétrica? Em sua opinião, a sustentabilidade social e econômica seria baseada em que forma de tecnologia? FONTE: <https://bit.ly/3yACC1n>. Acesso em: 30 jul. 2021. 11 Os sistemas elétricos de potência é um conjunto constituído por centrais elétricas, subestações de transformação e de interligação, linhas e receptores, ligados eletricamente entre si. São grandes sistemas de energia que englobam geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Com base no exposto, analise as assertivas a seguir: FONTE: <https://bit.ly/3fry3id>. Acesso em: 30 jul. 2021. 22 I- O sistema elétrico de potência é definido como o conjunto de todas as instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Iniciando com uma linha de transmissão ligando uma usina a uma carga industrial ou de iluminação de uma cidade. II- No Brasil, chamamos este sistema de Sistema Interligado Nacional (SIN), o qual o responsável por interligar unidades geradoras de potência e os centros consumidores por extensas malhas de transmissão. III- Um sistema elétrico de potência possui três componentes principais, que são: a estação geradora, as linhas de transmissão e os sistemas de distribuição. É CORRETO apenas o que se afirma em: a) ( ) I, II e III. b) ( ) II e III. c) ( ) I e III. d) ( ) I e II. 12 “Hoje em dia, os sistemas elétricos de potência representam as maiores e mais complexas máquinas já construídas pelo homem, o que exige técnicas e estudos cada vez mais precisos e refinados para construir, manter e operar estas máquinas. Além disso, eles estão expostos a condições adversas e imprevisíveis que podem levar a situações de falha ou má operação, causando transtornos e problemas a todos que dependem da energia elétrica” (SILVA et al., 2016, p. 2). Com base no exposto, analise as assertivas a seguir: FONTE: SILVA, H. A. B. da. Simulador com mini subestação para ensino da disciplina sistemas de potência em cursos de engenharia e eletricidade. In: Conferência de Estudos em Engenharia Elétrica, 14., 2016, Uberlândia. Anais [...]. Uberlândia: UFU, 2016. Disponível em: https://bit. ly/2Vjs7ku. Acesso em: 30 jul. 2021. I- O modelo atual do SEP nem sempre foi assim, e, em grande parte da história, o modelo era vertical, ou seja, o estado tinha monopólio de toda a tarifa de consumo e todos os consumidores eram considerados cativos. II- Mesmo com todas as regulamentações, o Sistema Elétrico Brasileiro ainda tem como base o decreto do Código de Águas de 1934. III- Somente nos anos 1970 iniciou-se o processo de reestruturação para as formas atuais do SEP. É CORRETO apenas o que se afirma em: a) ( ) I, II e III. b) ( ) I e II. c) ( ) I e III. d) ( ) II e III. 23 13 “A geração de energia elétrica se faz em usinas localizadas em função de suas características próprias. Usinashidrelétricas que usam represamento de rios e lagos são localizadas nos pontos dos rios e lagos considerados mais eficientes para o armazenamento do volume ideal de água. Usinas térmicas podem ser localizadas em pontos mais convenientes para a transmissão e controle. Geradores eólicos são localizados em pontos com maior volume de ventos” (SILVA et al., 2016, p. 2). Com base no exposto, analise as assertivas a seguir: FONTE: SILVA, H. A. B. da. Simulador com mini subestação para ensino da disciplina sistemas de potência em cursos de engenharia e eletricidade. In: Conferência de Estudos em Engenharia Elétrica, 14., 2016, Uberlândia. Anais [...]. Uberlândia: UFU, 2016. Disponível em: https://bit. ly/37gRPZ4. Acesso em: 30 jul. 2021. I- Atualmente, a Matriz Energética Brasileira ao contrário do índice mundial, é considerada uma das mais limpas do mundo, sendo que 88% da matriz energética vem de energias renováveis. II- Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a fonte solar fotovoltaica, baseada na conversão direta da radiação solar em energia elétrica de forma renovável, limpa, sustentável e cada vez mais competitiva, atingiu um total de 3.056 MW de potência instalada operacional, o equivalente a 2,2% da matriz elétrica do País. III- O Brasil acaba de superar a marca de 2.000 megawatts (MW) de potência operacional em sistemas de geração centralizada solar fotovoltaica, ou seja, usinas de grande porte, conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). É CORRETO apenas o que se afirma em: a) ( ) III. b) ( ) II. c) ( ) I. d) ( ) I, II e III. 24 25 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 MERCADO DE ENERGIA 1 INTRODUÇÃO Conforme a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o setor elétrico brasileiro possui um modelo de operação diferenciado em relação ao restante do mundo. Devido ao seu extenso território, o Brasil é um grande produtor e consumidor de energia (ENTENDA [...], 2020). A produção de energia no território brasileiro também é muito diversificada. Existe um potencial energético a ser explorado principalmente no que diz respeito às fontes renováveis, o que implica em constantes inovações tecnológicas. A busca por um modelo sustentável está na pauta do mercado de energia, estruturado para garantir a segurança no suprimento, incentivar a expansão da geração, diversificar a matriz energética e atender a demanda dos consumidores ao menor custo. [...] As empresas responsáveis pela produção e transmissão de energia compõem o Sistema Interligado Nacional (SIN) que atualmente abrange as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte do Brasil. De grande porte, o SIN é interligado por linhas de alta tensão. Neste sistema ocorrem as negociações de compra e venda de energia. Isso significa que, uma vez que um agente de mercado (distribuidor, gerador, comercializador, consumidor livre ou especial) se torne membro do SIN, pode negociar energia com qualquer outro agente, independentemente das restrições físicas de geração e transmissão. No Brasil, a energia é proveniente, principalmente, de hidrelétricas de grande porte. As usinas térmicas também desempenham papel fundamental, pois complementam a geração hidrelétrica em períodos de estiagem e, em horários de pico. O sistema é atualmente dividido em quatro submercados (sul, sudeste/ centro-oeste, nordeste e norte) (ENTENDA [...], 2020, s. p.). Submercados são divisões do Sistema Integrado Nacional (SIN), para as quais são estabelecidos os Preços de Liquidação de Diferenças (PLDs) específicos, e cujas fronteiras são definidas em razão da presença e duração de restrições relevantes de transmissão aos fluxos de energia elétrica no SIN. “Cada um deles concentra regiões do país onde a energia circula livremente. A linha que divide cada submercado, é determinada por limites de intercâmbio presentes no sistema de transmissão, ou seja, restrições elétricas no fluxo de energia entre as diversas regiões do país” (ENTENDA [...], 2020, s. p.). Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) é o preço a ser divulgado pela CCEE, calculado antecipadamente, com periodicidade máxima semanal e com base no custo marginal de operação, limitado por preços mínimo e máximo, vigente para cada período de apuração e para cada submercado, pelo qual é valorada a energia comercializada no Mercado de Curto Prazo. 26 UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO A estrutura brasileira de transmissão de energia possui linhas com tensão de 230 kV a 750 kV, os agentes de transmissão não participam da comercialização de energia. As relações comerciais no atual modelo se estabelecem em duas esferas: no Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e no Ambiente de Contratação Livre (ACL). A compra e venda de energia no ambiente regulado é formalizada por meio de contratos celebrados entre os geradores e os distribuidores, que participam dos leilões de compra e venda de energia. Os contratos desse ambiente têm regulação específica para aspectos como preço da energia, submercado de registro do contrato e vigência de suprimento, não passíveis de alterações bilaterais pelos agentes. Já no ambiente livre, os geradores, comercializadores, importadores e exportadores de energia, consumidores livres e especiais têm liberdade para negociar e estabelecerem em contratos, os volumes de compra e venda de energia e seus respectivos preços. Todos os contratos firmados nos ambientes livre e regulado são registrados na CCEE. (ENTENDA [...], 2020, s. p.). Todas as operações referentes às atividades para a viabilização da comercialização de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) são gerenciadas pela CCEE. 2 AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO REGULADA (ACR) Segmento do mercado no qual se realizam as operações de compra e venda de energia elétrica entre agentes vendedores e agentes de distribuição, precedidas de licitação, ressalvados os casos previstos em lei, conforme regras e procedimentos de comercialização específicos, de acordo com o disposto no Decreto n° 5.163, de 30 de julho de 2004 (SRT, 2015). 2.1 MODELOS DE CONTRATAÇÃO DE ENERGIA (ACR) Os compradores e vendedores de energia participantes dos leilões, formalizam suas relações comerciais por meio de contratos registrados no âmbito do ACR. Nos leilões estruturantes definidos pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), os leilões são realizados diretamente pela ANEEL. Os contratos desse ambiente têm regulação específica para aspectos como preço da energia, submercado de registro do contrato e vigência de suprimento, os quais não são passíveis de alterações bilaterais por parte dos agentes. Apesar de não ser contratada em leilões, a energia gerada pela usina binacional de Itaipu e a energia associada ao Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) são enquadradas no ACR, pois sua contratação é regulada com condições específicas definidas pela ANEEL. TÓPICO 2 — MERCADO DE ENERGIA 27 2.2 LEILÕES DE ENERGIA (ACR) Os leilões são a principal forma de contratação de energia no Brasil. Por meio desse mecanismo, concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviço público de distribuição de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), garantem o atendimento à totalidade de seu mercado no Ambiente de Contratação Regulada (ACR). Quem realiza os leilões de energia elétrica é a CCEE, por delegação da ANEEL (TIPOS, 2020, s. p.). Os leilões são divididos em nove modalidades, são eles: • Leilão de Venda O objetivo do leilão de venda realizado em 2002, foi tornar disponíveis aos agentes distribuidores e comercializadores,os lotes de energia ofertados por empresas geradoras federais, estaduais e privadas, assegurando-se igualdade de acesso aos interessados. O MAE, antecessor da CCEE, responsável pela implementação e pela execução de todo o processo, desenvolveu uma sistemática própria para esse leilão, utilizando sistema do Banco do Brasil para que os interessados pudessem comprar e vender energia por meio eletrônico, via internet, de forma clara, eficaz e segura. O leilão público atendeu ao disposto no artigo 27 da Lei n.º 10.438/2002. • Leilão de Fontes Alternativas O leilão de fontes alternativas foi instituído com o objetivo de atender ao crescimento do mercado no ambiente regulado, e aumentar a participação de fontes renováveis – eólica, biomassa e energia proveniente de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) – na matriz energética brasileira. O leilão de fontes alternativas foi regulamentado por meio do Decreto nº 6.048, de 27 de fevereiro de 2007, o qual altera a redação do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004 (BANDEIRA, 2017). • Leilão de Excedentes O leilão de excedentes foi realizado pelo MAE em 2003, e teve como objetivo a venda dos excedentes de energia elétrica das concessionárias e autorizadas de geração decorrentes da liberação dos contratos iniciais, bem como os montantes estabelecidos nas Resoluções ANEEL nº 267, 450 e 451, todas de 1998, compreendidos como energia de geração própria. 28 UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO Somente os consumidores que atenderam aos critérios definidos nos artigos 15 e 16 da Lei nº 9.074/1995, e cujo atendimento não gerasse custos adicionais provenientes de reforços, ampliações ou adequações nos sistemas de distribuição e transmissão, puderam comprar a energia ofertada nesse leilão. • Leilão Estruturante Leilões estruturantes destinam-se à compra de energia proveniente de projetos de geração indicados por resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e aprovados pelo presidente da República. Tais leilões se referem a empreendimentos que tenham prioridade de licitação e implantação, tendo em vista seu caráter estratégico e o interesse público. Buscam assegurar a otimização do binômio modicidade tarifária e confiabilidade do sistema elétrico, bem como garantir o atendimento à demanda nacional de energia elétrica, considerando o planejamento de longo, médio e curto prazos. A previsão para realização destes leilões é dada pelo inciso IV do § 1º do art. 19 do Decreto nº 5.163, de 30/07/2004, com redação dada pelo Decreto nº 6.210, de 18/09/2007, e estão de acordo com a atribuição do CNPE prevista no inciso VI do art. 2º da Lei nº 9.478, de 06/08/1997, com redação dada pela Lei nº 10.848, de 15/03/2004. • Leilão de Energia de Reserva A contratação da energia de reserva foi criada para elevar a segurança no fornecimento de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), com energia proveniente de usinas especialmente contratadas para esta finalidade seja de novos empreendimentos de geração ou de empreendimentos existentes. A energia de reserva é contabilizada e liquidada no mercado de curto prazo operado pela CCEE. Sua contratação é viabilizada por meio dos leilões de energia de reserva, conforme §3º do art. 3º e no art. 3º-A da Lei nº 10.848, de 15 de março de 2004, os quais foram regulados pelo Decreto nº 6.353/2008. Esta espécie de “seguro” no suprimento de energia, gerou o Encargo de Energia de Reserva (EER), destinado a cobrir os custos decorrentes da contratação da energia de reserva – incluindo os custos administrativos, financeiros e tributários. Esses custos são rateados entre todos os usuários da energia de reserva. O Decreto nº 337/2008 define quem são os usuários de energia de reserva: agentes de distribuição, consumidores livres, consumidores especiais, autoprodutores (na parcela da energia adquirida), agentes de geração com perfil de consumo e agentes de exportação participantes da CCEE. TÓPICO 2 — MERCADO DE ENERGIA 29 • Leilão de Energia Nova O leilão de energia nova tem como finalidade atender ao aumento de carga das distribuidoras. Neste caso, são vendidas e contratadas energia de usinas que ainda serão construídas. Este leilão pode ser de dois tipos: A -5 (usinas que entram em operação comercial em até cinco anos) e A -3 (em até três anos). Os leilões de compra de energia elétrica, proveniente de novos empreendimentos de geração, estão previstos nos parágrafos 5º ao 7º do art. 2º da Lei nº 10.848, de 15 de março de 2004, com redação alterada conforme art. 18 da Lei nº 11.943, de 28 de maio de 2009, e nos arts. 19 a 23 do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004. • Leilão de Energia Existente O leilão de energia existente, foi criado para contratar energia gerada por usinas já construídas e que estejam em operação, cujos investimentos já foram amortizados e, portanto, possuem um custo mais baixo. Os leilões de energia elétrica de empreendimentos existentes, estão previstos no artigo 19 do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004, com redações modificadas conforme o Decreto nº 5.271, de 16 de novembro de 2004, e o Decreto nº 5.499, de 25 de julho de 2005. • Leilão de Compra Os leilões de compra foram realizados nos anos 2003 e 2004. Sua implantação deu-se em virtude da Lei nº 9.648/1998, que estabeleceu a liberação do volume de energia atrelado aos contratos iniciais à proporção de 25% ao ano, considerando o montante contratado em 2002. Os distribuidores e comercializadores puderam, então, comprar energia dos geradores, produtores independentes e comercializadores/distribuidores que possuíam sobras contratuais. O leilão de compra permitiu a criação de um mecanismo competitivo para a venda de lotes de energia por esses agentes. • Leilão de Ajuste Os leilões de ajuste visam a adequar a contratação de energia pelas distribuidoras, tratando eventuais desvios oriundos da diferença entre as previsões feitas pelas distribuidoras em leilões anteriores, e o comportamento de seu mercado. 30 UNIDADE 1 — PANORAMA DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO Como resultado desse leilão, são firmados contratos de curta duração (de três meses a dois anos). Os leilões de ajuste estão previstos no artigo 26 do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004. A Resolução Normativa ANEEL nº 411/2010 aprova o modelo de edital dos Leilões de Ajuste e delega a sua realização à CCEE. FONTE: <https://bit.ly/373uASh>. Acesso em: 26 jul. 2021. 2.3 AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO LIVRE (ACL) Segmento do mercado no qual se realizam as operações de compra e venda de energia elétrica, objeto de Contratos Bilaterais livremente negociados, conforme regras e procedimentos de comercialização específicos, de acordo com o disposto no Decreto nº 5.163/2004 (SRM, 2015). 2.4 REQUISITOS DE MIGRAÇÃO Existem dois tipos de consumidores livres: os consumidores livres “tradicionais” e os consumidores especiais. Os consumidores livres possuem no mínimo 3.000 kW de demanda contratada e podem contratar energia proveniente de qualquer fonte de geração. A única restrição é que, além do nível de demanda contratada (demanda de potência ativa a ser obrigatória e continuamente disponibilizada pela concessionária, no ponto de entrega), as empresas que se conectaram ao sistema elétrico antes de 7 de julho de 1995 têm de receber a energia em tensão superior a 69 KV. Já os consumidores especiais, possuem demanda contratada igual ou maior que 500 e menor que 3.000 kW, independentemente do nível de tensão; podem contratar energia proveniente apenas de usinas eólicas, solares, biomassa, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) ou hidráulica de empreendimentos com potência inferior ou igual a 50.000 kW, as chamadas fontes especiais de energia (STEFANELLO,
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