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Cirurgia – Amanda Longo Louzada 1 CIRURGIA BARIÁTRICA INDICAÇÕES: Em indivíduos > 18 anos: Indivíduos que apresentem IMC ≥ 40 Kg/m2, com ou sem comorbidades, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado, na Atenção Básica e/ou na Atenção Ambulatorial Especializada, por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos; Indivíduos com IMC>35 kg/m2 e com comorbidades, tais como pessoas com alto risco cardiovascular, diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial sistêmica de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos. Comorbidades que indicam cirurgia bariátrica no paciente com IMC maior ou igual a 35: DM HAS Apneia do sono Dislipidemia Cor pulmonale Síndrome da hipoventilação Asma grave não controlada Osteoartrose Hérnias discais Pseudotumor cerebral Doenças cardiovasculares DRGE com indicação cirúrgica Colecistopatia calculosa Pancreatite de repetição Esteatose hepática Incontinência de esforço na mulher Infertilidade Disfunção erétil SOP Veias varicosas e hemorroidas Estigmatização social e depressão OBJETIVOS: Reduzir apetite Levar a plenitude precoce Evitar absorção do excesso de calorias Melhorar o metabolismo glicídico e reduzir resistência insulínica Perda de peso Melhoras das comorbidades pré-existentes PREPARO CIRÚRGICO: Risco crurgico Avaliação psicológica Avalição nutricional Informação e palestras sobre como será no pós operatório Endoscopia Idealmente perda de peso antes da cirurgia Balão intra-gástrico para superobesos TÉCNICAS CIRÚRGICAS: CIRURGIA MISTA: Bypass gástrico em Y de Roux: Possui um componente restritivo devido a redução do volume gástrico (restando aproximadamente 20mL de volume gástrico), o que proporciona uma sensação de saciedade após o paciente comer pequenas porções de alimentos. O elemento disabsortivo ocorre pela separação do percurso do alimento das secreções biliopancreáticas. Na cirurgia, além da confecção de um novo reservatório gástrico com o estômago proximal, o cirurgião faz uma ressecção do jejuno proximal cerca de 40 cm abaixo do Ângulo de Treitz (transição duodenojejunal). O reservatório gástrico é anastomosado com o jejuno que sobrou. O jejuno proximal, o duodeno e o estômago ficam excluídos do trânsito alimentar. É indicada a realização de colecistectomia profilática devido ao risco de colelitíase pela perda de peso e pelo difícil acesso cirúrgico caso essa complicação ocorra. CIRURGIA RESTRITIVA: Gastrectomia em manga laparoscópica (SLEEVE Gastrectomy): indicada para pacientes com grau de obesidade menos intenso. A ressecção é realizada a partir de 7cm do piloro até o ângulo de His, deixando um estômago com volume entre 150 e 200 mL. Com a GML há uma redução evidente dos níveis de grelina. As principais vantagens são: Simplicidade técnica Preservação do piloro Redução dos níveis de grelina Não há necessidade de ajustes periódicos, como na banda gástrica ajustável Redução na incidência de hérnias internas Não há componente disabsortivo Banda gástrica ajustável: através de um anel colocado na parte superior do estômago, reduz a quantidade de ingesta alimentar. Indicado como adjuvante no tratamento da perda ponderal, principalmente no preparo pré-operatório de pacientes com superobesidade (IMC > 50 kg/m2). As vantagens são: Baixa morbidade Cirurgia – Amanda Longo Louzada 2 CIRURGIA BARIÁTRICA Reversibilidade Possibilidade de ajuste gradual Desvantagens: Método provisório (deve ser retirado em até 6 meses) Depende muito da aderência do paciente a da atuação da equipe multidisciplinar Ocasiona uma elevação significativa nos níveis da grelina, fator que aumenta a probabilidadede falência terapêutica. CIRURGIAS DISABSORTIVAS: Derivação Biliopancreática (Cirurgia de Scopinaro): possui um componente restritivo, mas de menor intensidade, que se dá pela hemigastrectomia horizontal. O estômago proximal restante é anastomosado ao íleo (gastroileostomia). Além disso, uma jejunoileostomia é realizada, de forma que o suco bileopancreático encontra o alimento apenas no íleo terminal (50cm antes da válvula ileocecal). O trecho ileal que conduz os alimentos é denominado alça alimentar. Como o suco bileopancreáticosó encontra o alimento na porção final, a sua ação se torna muito pouco eficaz na absorção de gordura, ocasionando uma perda ponderal intensa. Isso leva a uma desnutrição protéica e carência de vitaminas lipossolúveis. Devido à rápida perda ponderal, há um aumento da incidência de litíase biliar, sendo uma colecistectomia profilática indicada. Outra complicação é o supercrescimento bacteriano na alça biliopancreática longa, devido a grande quantidade de intestino desfuncionalizado. Atualmente é uma cirurgia pouco realizada, sendo indicada em pacientes superobesos. Switch Duodenal: É realizada incialmente uma gastrectomia em manga para redução ponderal, possibilitando melhores resultados na segunda etapa, na qual o cirurgião deixa a primeira porção do duodeno, excluindo do trânsito alimentar o restante do duodeno e todo o jejuno, os quais apenas transportam as secreções biliopancreáticas. O trato alimentar é formado por uma anastomose entre o íleo e a primeira porção do duodeno, formando a alça alimentar. Assim como a cirurgia de Scopinaro, é um procedimento indicado em pacientes superobesos. Vantagens: Reduzida incidência de úlceras anastomóticas, uma vez que o piloro é preservado Desvantagens: Má absorção de ferro, pois o segmento do duodeno preservado normalmente não é capaz de suprir a demanda A desnutrição proteica e a carência de vitaminas lipossolúveis Risco de colelitíase pela rápida perda ponderal – indicado colecistectomia profilática COMPLICAÇÕES: COMUM A TODAS AS TÉCNICAS: Complicações Agudas: até 30 dias Sangramento: Os critérios para diagnóstico de sangramento são lesão intraoperatória de vaso maior ou víscera com perda sanguínea superior a 500 ml e no período pós-operatório hemorragia que tenha provocado instabilidade hemodinâmica e/ou queda de hemoglobina de no mínimo 2,0 g/ dl, de origem intraluminar (manifestada por hematêmese ou melena ou enterorragia) ou intraperitoneal (manifestada porsangramento pelo dreno abdominal). Obstrução intestinal: O diagnóstico de obstrução intestinal é estabelecido por critérios clínicos (dor e/ou distensão abdominal, vômitos, débito de líquido bilioso ou de estase pela gastrostomia, quando houver, superior a 1.000 ml em 24 horas), complementados ou não por exame de imagem (tomografia com contraste por via oral, pela gastrostomia e endovenoso). Fístulas digestivas: As fístulas e infecções peritoneais são diagnosticadas por sinais clínicos (taquicardia, taquipneia, febre, dor abdominal), associados à mudança do aspecto do líquido de drenagem (purulento, bilioso, entérico ou salivar) ou extravasamento de corante ingerido via oral (teste do azul de metileno) ou evidência por exames de imagem (tomografia ou estudo radiológico com substância de contraste hidrossolúvel) de coleção intra-abdominal ou extravasamento da substância de contraste. Infecções profundas de parede abdominal Tromboembolismo pulmonar: ocorre no pós operatório, sendo que o número de casos sofreu redução com a laparoscopia. A prevenção é realizada pelo uso de heparina de baixo peso molecular e mobilização precoce do paciente no pós operatório. Complicações Tardias: Hérnia incisional: ocorre devido à falhano fechamento fáscia no momento da cirurgia, podendo levar a quadros de emergência como a obstrução intestinal Cirurgia – Amanda Longo Louzada 3 CIRURGIA BARIÁTRICA Colelitíase: ocorre devido a perda de peso rápida. Na cirurgia bariátrica é recomendada a colecistectomia profilática, pelo fato da CPRE e da colecistectomia laparoscópica terem limitações devido à mudança anatômica pós cirúrgica BYPASS GÁSTRICO EM Y DE ROUX: Deiscência de anastomose com peritonite ou abcesso intra abdominal: a deiscência ocorre mais na região da gastrojejunosmia, sendo associada clinicamente a febre, taquicardia, taquipneia e desconforto abdominal A obstrução intestinal de alças do intestino delgado, tendo destaque a hérnia de Petersen, que ocorre quando uma alça intestinal penetra nos espaços virtuais criados pela gastrojejunostomia Estreitamento de anastomose: ocorre por erro técnico, isquemia, edema, tensão ou fibrose tardia secundária a ulceração. Os pacientes apresentam disfagia, náuseas e obstrução intestinal Uma das principais complicações deslocamento, podendo causar sintomas como intolerância alimentar e refluxo gastroesofágico. Erosão da parede gástrica é rara, mas normalmente vem com sintomas como dor abdominal e infecção local Complicações metabólicas, como desidratação e dumping, eventualmente são observadas. A Síndrome de Dumping ocorre devido à passagem muito rápida dos alimentos do estômago para o intestino, trata-se de uma resposta fisiológica do organismo devida à presença de grandes quantidades de alimentos sólidos ou líquidos na porção proximal do mesmo Precoce: Ocorre em até 30 minutos. O conteúdo hiperosmolar da dieta alcança a luz intestinal de forma muito rápida. Isso desencadeia uma translocação de fluídos para a luz intestinal, ocasionando uma resposta vaso-vagal, que se manifesta com taquicardia, sudorese, sensação de morte, sonolência, etc. O uso de açúcares neste paciente piora o quadro. Tardio: Ocorre após 2 horas. Após o alimento alcançar o intestino e ser absorvido, o pâncreas produz uma grande quantidade de insulina, o que leva o paciente a apresentar o quadro de hipoglicemia. O tratamento neste caso é realizado a base de açúcares. Deficiências de ferro e vitamina B12 (cobalamina) são comuns em longo prazo. O ferro é absorvido no duodeno e jejuno proximal, segmentos excluídos do trânsito alimentar nesse tipo de cirurgia A encefalopatia de Wernicke, causada por deficiência de tiamina. GASTRECTOMIA EM MANGA LAPAROSCÓPICA: Deiscência na linha de grampeamento, geralmente no terço proximal do estômago Refluxo gastroesofágico, por aumento de pressão no tubo gástrico. BANDA GÁSTRICA AJUSTÁVEL: Disfagia: devido ao edema local e pela pressão exercida pela banda gástrica Erosão da banda: é uma complicação rara que dificilmente cursa com perfuração e extravasamento do conteúdo gástrico Pseudo acalásia: ocorre pela dilatação esofagiana devido a uma banda ou muito alta ou muito estreita Refluxo gastro-esofagiano: devido à distensão esofagiana DERIVAÇÃO BILIOPANCREÁTICA: Desnutrição protéica e carência de vitaminas lipossolúveis Úlcera de boca anastomótica; Aumento do número de evacuações diárias, com fezes e flatos muito fétidos. Deficiência de ferro e cálcio
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