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Apostila Anglo Redação

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Redação
Setor 1509
LíNGUA 
PORTUGUESA
Prof.: 
aula 1 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 248
aula 2 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 248
aula 3 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 251
aula 4 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 251
aula 5 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 254
aula 6 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 254
aula 7 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 257
aula 8 ............... AD h...............TM h............... TC h ................ 257
Texto teórico .................................................................................259
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248 Redação – Setor 1509 KAPA 1
AULAS 1 e 2 DOMINAR COMPETÊNCIAS: UMA INTRODUÇÃO
Para alcançar sucesso numa apresentação de patinação artística no gelo, os atletas precisam, de antemão, 
conhecer e dominar os aspectos técnicos que são comumente avaliados pelo júri. Para o sucesso de uma redação 
no vestibular, é preciso conhecer e dominar as competências que são avaliadas pela banca examinadora. 
A dissertação-argumentativa é um tipo de texto em que seu autor deixa clara sua opinião sobre um tema 
polêmico ou uma situação-problema. Para dar mostras de que seu posicionamento é convicto e defensável, 
ele apresenta outras ideias para lhe dar sustentação, os argumentos. 
Ao propor a redação de um texto dissertativo, as bancas examinadoras avaliam se os candidatos dominam as 
seguintes competências:
 I – Adequar a redação ao tema e às instruções da proposta. 
 II – Ler com proveito os textos que integram a coletânea da proposta de redação. 
 III – Posicionar-se com clareza acerca da questão posta em debate. 
 IV – Argumentar com pertinência e detalhadamente. 
 V – Empregar recursos de linguagem adequados à dissertação. 
 VI – Fazer afirmações coerentes com a realidade.
 VII – Revelar análise crítica do tema proposto. 
No Enem essas expectativas são condensadas em cinco competências, cinco critérios que norteiam a 
avaliação do texto dissertativo:
Competência 1 Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
Competência 2
Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de 
conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto 
dissertativo-argumentativo em prosa.
Competência 3
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e 
argumentos em defesa de um ponto de vista.
Competência 4
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção 
da argumentação.
Competência 5
Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos 
humanos.
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KAPA 1 Redação – Setor 1509 249
ExERCíCIOS
TexTo para as aTividades 1 a 4
A tribo que criou a primeira enciclopédia xamânica do mundo
Nos isolados confins da floresta amazônica, na fronteira entre Brasil e Peru, os índios Matsés passaram os últimos 
dois anos metidos em um projeto iluminista: escrever uma enciclopédia capaz de salvar uma cultura à beira da extinção. 
Para prosperar na região, sempre contaram com técnicas particulares de caça, pesca e remédios cultivados ao longo de 
séculos pelos xamãs. Cada um desses líderes espirituais possui um catálogo mental capaz de transformar a mata em uma 
farmácia viva. Depois de um dos principais curandeiros da tribo morrer sem passar adiante seu conhecimento, os líderes 
decidiram iniciar as mais de 500 páginas da Enciclopédia de Medicina Tradicional Matsés. Os verbetes trazem o nome 
da doença, sintomas e quais tratamentos devem ser usados. “A enciclopédia foi toda escrita pelos próprios índios, usando 
sua própria língua”, disse o médico Chistopher Herndon, presidente da Acaté, uma ONG norte-americana dedicada 
a ajudar os Matsés em projetos de desenvolvimento e sustentabilidade. “Nem mesmo as fotos mostram características 
facilmente identificáveis das plantas”, disse Herndon. O objetivo, segundo o médico, é proteger a cultura da biopirataria. 
O roubo do conhecimento indígena por farmacêuticas e universidades estrangeiras tem longo histórico na Amazônia. Na 
região em que vivem os Matsés, é comum o uso da secreção da rã Kambô em rituais de caça. Aplicada sobre feridas na pele, 
ela causa enjoos e vômitos, mas os índios dizem que, depois que passa o piriri, ela dá mais vitalidade, coragem e força para 
o caçador. Recentemente a indústria farmacêutica confirmou que a secreção continha uma poderosa mistura de peptídeos 
com potentes propriedades antimicrobianas, vasoativas e narcóticas. Um dos genes da rã foi parar em batatas transgênicas, 
para protegê-las de infecções com fungos. Entretanto, as pesquisas não reconhecem em nada a contribuição indígena. 
Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/vice/2015/07/1661433-a-tribo-que-criou-a-primeira-enciclopedia-xamanica-do-mundo.shtml>. 
Acesso em: 28 jul. 2015. Adaptado.
Revisão da enciclopédia.
Instrução: Levando em consideração a reportagem da Folha de S.Paulo, os conhecimentos acumulados 
durante sua vida escolar e suas reflexões pessoais, você defenderia que o conhecimento medicinal dos 
Matsés deva ficar restrito apenas aos membros daquela comunidade, ou ele deveria ser comparti-
lhado com sociedades não indígenas? Para decidir com solidez por uma dessas teses e elaborar um 
esboço de dissertação acerca da polêmica, responda às questões a seguir, que ajudarão a organizar 
a reflexão sobre o tema.
1 Em sua opinião, por que o conhecimento medicinal dos Matsés deveria ficar apenas com os indígenas da-
quela comunidade?
entre outras possibilidades de resposta, destacamos as seguintes:
• trata-se de patrimônio cultural da comunidade matsés, dos atuais membros e de seus antepassados;
• assim como o conhecimento medicinal dos xamãs é para a tribo, a enciclopédia também o deve ser;
• a restrição de uso da enciclopédia é uma maneira de reafirmar e preservar a identidade dos Matsés;
• a transmissão do conhecimento, pela via oral ou impressa, intensifica os laços entre as gerações;
• o conhecimento medicinal é visto pelos indígenas como parte da cultura local, não um bem vendável;
• a comercialização do conhecimento medicinal exporia a comunidade a valores estranhos à sua cultura;
• a difusão do conhecimento dos Matsés poderia aumentar a ameaça de biopirataria.
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250 Redação – Setor 1509 KAPA 1
2 Para aqueles que veem a polêmica com outros olhos, que razões poderiam justificar o compartilhamento da 
enciclopédia xamânica com outras sociedades?
entre outras possibilidades de resposta, destacamos as seguintes:
• a informação da existência da enciclopédia atiçaria os interesses da biopirataria;
• o conhecimento médico milenar poderá ser roubado ou contrabandeado da aldeia dos Matsés;
• compartilhar a enciclopédia intensificaria as irreversíveis relações com a sociedade não indígena;
• o lucro resultante das patentes científicas pode ser revertido em benefício da comunidade dos Matsés;
• o conhecimento científico em prol da humanidade se faz com cooperação entre diferentes sociedades;
• a ciência moderna pode aperfeiçoar o conhecimento xamânico ou dele derivar novos;
• inúmeros seres humanos podem se beneficiar dos conhecimentos de um grupo indígena;
• o compartilhamento do conhecimento não vai tirá-lo dos Matsés, que continuarão beneficiários dele.
3 Se o conhecimento medicinal dos Matsés deve permanecer em posse apenas dos indígenas, como garantir 
sua proteção?
Algumas sugestões:
• controle rigoroso do númerode cópias da enciclopédia;
• elaboração, com auxílio da ONG, de sistema de proteção que garanta alguma segurança à obra;
• conscientização das novas gerações acerca da importância da restrição do conhecimento medicinal;
• amparo do Estado, garantindo legalmente a propriedade intelectual da enciclopédia.
4 Se o conhecimento medicinal dos Matsés fosse compartilhado com outras sociedades, de que forma isso 
poderia acontecer? 
Algumas sugestões:
• convencimento da comunidade dos Matsés acerca dos benefícios da divulgação de sua sabedoria;
• benefícios econômicos resultantes da divulgação do conhecimento dos Matsés;
• garantias legais de propriedade intelectual do conhecimento medicinal;
• fiscalização pelo Estado do cumprimento dos acordos necessários ao compartilhamento.
H-22
 Leia o Texto teórico das aulas 1 e 2.
Tarefa Mínima Tarefa Complementar
 Faça a proposta 1 da Tarefa.
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
ANOTAÇÕES
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KAPA 1 Redação – Setor 1509 251
AULAS 3 e 4 COMPREENDER A PROPOSTA DE REDAÇÃO
Real Gabinete Portugu•s de Leitura, Rio de Janeiro (RJ).
 As modernas provas de redação apresentam uma coletânea de textos que dão suporte ao tema e à reflexão, 
uma espécie de biblioteca em que se pode (e deve) pesquisar para a construção do texto.
 Para a coletânea de textos, são relacionados trechos de diferentes gêneros textuais, com diferentes ângulos 
do tema posto em discussão e diferentes opiniões. Por isso, um exame de redação se inicia por uma 
prova de leitura, por meio da qual se avaliam competências de apreensão e compreensão de significados. 
 Assunto > tema > tese: de um assunto (publicidade, por exemplo), restringe-se um tema (publicidade 
infantil no Brasil), que, na maior parte dos exames, vem explícito. É sobre ele que a dissertação definirá 
uma opinião, um posicionamento, uma tese, que será sustentada pelos argumentos. 
 Por um lado, a coletânea de textos dá corpo ao tema, apontando-lhe as diferentes correntes de pensamento, 
os problemas e as possibilidades de intervenção (por isso, apreender os significados dos trechos agrupados 
na proposta é a primeira tarefa de leitura). Por outro lado, a coletânea deve ser o ponto de partida da reflexão: 
a partir dela se define a opinião e se constroem argumentos para a dissertação (por isso, compreender os 
textos da coletânea é fazer comentários, associações com outros textos do repertório pessoal).
 É preciso observar com rigor informações sobre limites mínimo e máximo de linhas, sobre título, sobre 
como aproveitar os textos da coletânea, sobre fatores de anulação do texto.
ExERCíCIOS
o TexTo a seguir foi usado como base para o exame de redação da fundação geTúlio vargas
Insisto em comentar as vantagens e desvantagens do mundo virtual. Não perderei tempo em lembrar as vantagens, 
elas entram pela cara da gente, tornam-se dia a dia mais indispensáveis e mais fáceis de manuseio. Fico então com as 
desvantagens, e uma delas remete ao processo de pensar, de refletir. 
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252 Redação – Setor 1509 KAPA 1
Desde que Aristóteles criou o método peripatético, 
os melhores pensamentos da humanidade vieram quan-
do filósofos, inventores, matemáticos, músicos e poetas 
obedeciam àquele processo de pensar caminhando, ou 
caminhar pensando. Beethoven passeava na floresta 
quando voltou correndo, com a Sexta Sinfonia inteira 
na cabeça. Kant era metódico, todos os dias saía para 
seu passeio à tarde, os vizinhos podiam acertar o relógio 
pela hora em que ele percorria o bosque de Königsberg. 
E foi assim que ele criou seu monumental sistema dedi-
cado à razão pura. Strauss compunha valsas passeando 
pelos bosques de Viena e Anchieta escreveu seu poema 
nas areias de uma praia. 
Ficar “plugado” a uma tomada pode ser prático, 
mas não é criador... Viver “plugado” a uma corrente 
de pessoas e informações pode ser divertido e útil. 
Mas agride o que o ser humano tem de melhor e mais 
insubstituível: o seu gosto, o seu erro, a sua miséria 
e a sua glória.
CONY, Carlos Heitor. Folha de S.Paulo, 22 ago. 2000. Adaptado.
1 Em um exame de Redação, apreender o tema 
posto em debate é a primeira competência ava-
liada de um candidato. Dissertações que discutem 
tema diferente daquele que é proposto pelas ban-
cas examinadoras são severamente punidas. Entre 
as alternativas a seguir, assinale aquela que enun-
cie, com mais precisão, o tema implícito no texto 
de Carlos Heitor Cony, sobre o qual o candidato 
deveria dissertar.
a) Vantagens e desvantagens do mundo virtual.
b) A importância da natureza para o ser humano.
c) A relação entre mundo virtual, raciocínio e cria-
tividade.
d) O empobrecimento das relações humanas cau-
sado pelo mundo virtual.
e) Como o mundo virtual pode facilitar o cotidiano 
das pessoas.
Instrução: Antes de redigir o texto, é preciso realizar 
uma leitura criteriosa dos textos que formam a prova. 
Na proposta de redação a seguir, você deverá exe-
cutar os dois níveis de leitura: a apreensão (a captura 
dos sentidos dos textos e a paráfrase deles) e a com-
preensão (a associação do sentido dos textos com o 
de outros, do seu repertório pessoal). 
Bicicletas de bambu são a novidade nas ruas de 
São Paulo
O projeto “Escolas de Bicicleta” é destinado a es-
tudantes dos CEUs [Centro Educacional Unificado] 
que tenham entre 12 e 14 anos. O programa visa en-
sinar e preparar os jovens a se locomoverem no per-
curso casa-CEU-casa sem correr nenhum tipo de 
risco. Acompanhados por um monitor, os grupos são 
formados por cerca de 15 alunos. Depois de um mês 
de aula, eles recebem um certificado que os aprova a 
fazer o trajeto com os colegas. Além das bicicletas e do 
certificado, os alunos recebem um kit com capacete, 
H-23
iluminação, colete refletivo, bagageiro e alforje (um tipo 
de sacola), buzina, retrovisor e cadeado. O dinamarquês 
Mikael Colville-Andersen, especialista em mobilidade 
urbana, é um dos responsáveis pelo sucesso da pro-
posta. Ele criou o conceito em seu país natal e espera 
inspirar outras cidades do mundo. O desejo do projeto 
é equipar todos os CEUs da cidade e formar cerca de 
4,6 mil novos ciclistas.
Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/folhinha/2012/06/1103253-
bicicletas-de-bambu-sao-a-novidade-nas-ruas-de-sao-paulo.shtml>. 
Acesso em: 30 jul. 2015.
Elabore um texto dissertativo-argumentativo de, no 
máximo, 30 linhas, discutindo o tema: Ampliação de 
vias para bicicletas: prioridade do poder público?
2 Uma leitura mais atenta da coletânea permite 
identificar ideias interessantes, potencialmente 
aproveitáveis na argumentação. Capture do tex-
to as ideias que julgar importantes e parafraseie 
cada uma delas. 
• O uso de bicicletas como meio de transporte em pequenas 
distâncias deve ser incentivado pelo Estado; é o que acontece 
com alguns CEUs da prefeitura de São Paulo.
• As crianças precisam ser treinadas por um adulto (da 
iniciativa pública ou privada), a partir dos 12 anos, quando 
atingem relativa maturidade. 
• Depois de treinadas, as crianças ganham a bicicleta de 
bambu e um kit com acessórios de segurança (capacete, 
buzina, retrovisor, colete) para irem diariamente para a 
escola.
• A ideia de treinar crianças não partiu do Estado, mas de 
um indivíduo especialista em mobilidade urbana que pretende
estender o projeto a todas as unidades dos ceus e 
a outras cidades do mundo.
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KAPA 1 Redação – Setor 1509 253
3 Considerando que um texto sempre dialoga com outros textos, com outras correntes de pensamento, com 
outros conhecimentos e informações, é sempre possível fazer comentários, acréscimos. Às ideias apreendi-
das, associe outras do seu repertório pessoal. 
Alguns exemplos de comentários:
• Segundo o texto, o projeto é destinado a unidades do CEU. Trata-se de um poloespecial de educação, com prédios especiais 
com complexo de esportes e instalações próprias para atividades culturais. As escolas “comuns“ municipais ficam de fora do 
projeto? Uma explicação plausível seria o espaço físico das escolas: reduzido nestas; amplo naquelas.
• O projeto proporciona a socialização de pré-adolescentes e adolescentes: fazem o percurso de casa para a escola (e vice-versa) 
juntos, oferecendo apoio uns aos outros em caso de problema com a bicicleta, acidente ou mesmo enfrentando em grupo o 
risco de sofrerem com a violência urbana.
• O texto não aborda como é o treinamento, mas, além de ensinar a andar com a bicicleta num centro urbano, equilibrando-se 
e carregando materiais escolares, o projeto deve também moldar cidadãos conscientes de seu espaço, das regras de trânsito, 
das limitações e possibilidades de mobilidade urbana.
• O texto fala que o treinamento pretende que os alunos se acostumem ao trajeto feito de bicicleta “sem correr nenhum tipo 
de risco“. Andar de bicicleta, em grupo, em vias públicas, junto ao trânsito pouco civilizado de uma metrópole como São Paulo, 
não parece ser a situação de risco zero. O projeto deve enfrentar resistência de famílias preocupadas com a segurança de 
seus filhos, as quais devem preferir os transportes públicos subsidiados pelo Estado.
• O poder público oferece as bicicletas e o kit de segurança, mas em nenhum momento se mencionou a construção de vias 
específicas para o trânsito de bicicletas. Se o projeto der certo e todos os estudantes dos CEUs (e, por que não, das demais 
escolas) pedalarem diariamente para seus estudos, a malha viária sofrerá e os acidentes tendem a crescer.
• Dar bicicleta de bambu e o kit de segurança deve ser muito mais barato que subsidiar transportes públicos gratuitos aos 
estudantes de escolas públicas. O investimento é relativamente pequeno (treinamento, bicicletas e kits), perto da economia 
mensal com os passes escolares que não precisariam mais ser usados no futuro.
ANOTAÇÕES
 Leia o Texto teórico das aulas 3 e 4.
Tarefa Mínima Tarefa Complementar
 Faça a proposta 3 da Tarefa.
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
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254 Redação – Setor 1509 KAPA 1
AULAS 5 e 6 DESENVOLVER ESTRUTURA DISSERTATIVA
 Projetada por Oscar Niemeyer e construída entre 1959 e 1970, a Catedral Metropolitana de Brasília é 
considerada um dos ícones da arquitetura nacional. Sua beleza deriva fundamentalmente dos vitrais verdes 
e azuis e das 16 colunas de concreto que formam sua estrutura aparente e simples, leve e arrojada. Num 
texto dissertativo, a estruturação das ideias tem importância fundamental, como no prédio de Niemeyer: 
ela contribui para a construção de uma análise clara, organizada e profunda, e ajuda a conduzir o leitor por 
entre as ideias que serão apresentadas.
 Partindo do princípio de que a dissertação se constitui de opinião e argumentos que lhe dão sustentação, 
três são as partes fundamentais do texto dissertativo: introdução, desenvolvimento e fechamento (ou 
conclusão). 
 O texto a seguir exemplifica e analisa cada uma dessas partes estruturantes da dissertação:
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Arnold Hauser, em sua História social da literatura e 
da arte, caracteriza a modernidade como período domi-
nado pela obsessão da mudança. 
Introdução:
 contextualiza o tema que será analisado;
 explicita a opinião, a ideia central do texto.
Segundo o teórico alemão, o mutável se instaura 
nas relações humanas, devido à relatividade das modas 
e dos juízos estéticos, provocado pelo recrudescimento 
da Revolução Industrial, que imprimiu maior velocidade 
na produção de objetos de consumo.
Desenvolvimento (argumentação):
 apresenta ideias que sustentam a opinião;
 contém comentários para interpretar o tema;
 cria efeito de verdade, desde que coerente;
 constitui-se de raciocínios como causas e 
efeitos, comparações, números, autorida-
des, refutações, etc.
Vivemos, portanto, um tempo marcado pela incons-
tância, pela contínua renovação de bens e valores sociais 
e pelo consumo, o grande catalizador das mudanças. 
Álvaro Cardoso Gomes. 
In: Exame de redação do Mackenzie, 2003. Adaptado.
Fechamento (conclusão):
 por meio de síntese da tese e dos 
argu mentos;
 por meio da apresentação de proposta de 
intervenção no problema analisado.
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KAPA 1 Redação – Setor 1509 255
ExERCíCIOS
 Na proposta a seguir, a Fuvest solicitou aos can-
didatos a redação de um texto dissertativo que 
analisasse o projeto de lei do deputado federal 
Aldo Rebelo que previa sanções contra o empre-
go abusivo de estrangeirismos. Leia abaixo a pro-
posta e a reprodução de uma das dissertações 
consideradas exemplares pela Fuvest. Analise 
as características de cada uma das partes que a 
estruturam.
Recentemente, o Deputado Federal Aldo Rebelo 
(PC do B Ð SP), visando proteger a identidade cultural 
da língua portuguesa, apresentou um projeto de lei que 
prevê sanções contra o emprego abusivo de estrangeiris-
mos. Mais que isso, declarou o Deputado, interessa-lhe 
incentivar a criação de um ÒMovimento Nacional de De-
fesa da Língua PortuguesaÓ. Leia alguns dos argumentos 
que ele apresenta para justificar o projeto, bem como os 
textos subsequentes, relacionados ao mesmo tema.
A Hist—ria nos ensina que uma das formas de do-
minação de um povo sobre outro se dá pela imposição 
da língua. [...]
[...] estamos a assistir a uma verdadeira descarac-
terização da Língua Portuguesa, tal a invasão indis-
criminada e desnecessária de estrangeirismos Ð como 
ÒholdingÓ, ÒrecallÓ, ÒfranchiseÓ, Òcoffee-breakÓ, Òself-
-serviceÓ Ð [...]. E isso vem ocorrendo com voracidade 
e rapidez tão espantosas que não Ž exagero supor que 
estamos na iminência de comprometer, quem sabe atŽ 
truncar, a comunicação oral e escrita com o nosso ho-
mem simples do campo, não afeito ̂ s palavras e expres-
sões importadas, em geral do inglês norte-americano, 
que dominam o nosso cotidiano. [...]
Como explicar esse fen™meno indesejável, ameaça-
dor de um dos elementos mais vitais do nosso patrim™-
nio cultural Ð a língua materna Ð, que vem ocorrendo 
com intensidade crescente ao longo dos œltimos 10 a 
20 anos? [...]
Parece-me que Ž chegado o momento de romper 
com tamanha complacência cultural, e, assim, cons-
cientizar a nação de que Ž preciso agir em prol da lín-
gua pátria, mas sem xenofobismo ou intoler‰ncia de 
nenhuma espŽcie. [...]
Dep. Fed. Aldo Rebelo, 1999.
Na realidade, o problema do emprŽstimo linguís-
tico não se resolve com atitudes reacionárias, com es-
tabelecer barreiras ou cordões de isolamento ˆ entrada 
de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se 
com o dinamismo cultural, com o gênio inventivo do 
povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar 
palavras com energia irradiadora e tem de conformar-
-se, queiram ou não queiram os seus gramáticos, ̂ con-
dição de mero usuário de criações alheias.
Celso Cunha, 1968.
H-24
Um país como a Alemanha, menos vulnerável ˆ 
influência da colonização da língua inglesa, discute hoje 
uma reforma ortográfica para ÒgermanizarÓ expressões 
estrangeiras, o que já Ž regra na França. O risco de se 
cair no nacionalismo tosco e na xenofobia Ž evidente.
Não Ž preciso, porŽm, agir como Policarpo Qua-
resma, personagem de Lima Barreto, que queria trans-
formar o tupi em língua oficial do Brasil para recuperar 
o instinto de nacionalidade. No Brasil de hoje já seria 
um avanço se as pessoas passassem a usar, entre outros 
exemplos, a palavra ÒentregaÓ em vez de ÒdeliveryÓ.
Folha de S.Paulo, 20 out. 1998.
Levando em conta as ideias presentes nos três tex-
tos, redija uma dissertação em prosa, expondo o 
que você pensa sobre essa iniciativa do Deputado 
e as questões que ela envolve. Apresente argu-
mentos que deem sustentação ao pontode vista 
que você adotou.
a) Parágrafo de introdução
Pela defesa racional da identidade linguísti-
ca brasileira
Praticamente todos os idiomas modernos for-
maram-se com a assimilação ocasional de palavras 
e expressões de outras línguas. Ante o poder de po-
vos dominadores, desde os gregos e romanos atŽ os 
ingleses, não foi possível a quase nenhum idioma 
evoluir com base apenas nos seus elementos linguís-
ticos pr—prios. Há, todavia, uma real necessidade de 
se minimizar a penetração dos vocábulos estranhos 
no Português do Brasil, pois a absorção passiva de 
estrangeirismos pode ser danosa, especialmente 
quanto ˆs implicações cultural, social e política.
Alguns comentários possíveis:
• contextualização em que conhecimentos como os de 
história são direcionados para o tema;
• tese clara, muito bem delimitada no último período 
do parágrafo;
• encaminhamento da reflexão, que abordará questões 
culturais, sociais e políticas.
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256 Redação – Setor 1509 KAPA 1
b) Parágrafos de desenvolvimento
Apesar de a língua de um povo ser dinâmica, não 
é bom ela incorporar com avidez vocábulos de outros 
idiomas. No nosso caso, corre-se o risco de envenenar 
a Língua Portuguesa e descaracterizá-la graças à tro-
ca de palavras portuguesas por outras do inglês, por 
exemplo. Com o tempo, pode ocorrer em dicionários 
a substituição de palavras de beleza intrínseca como 
“lembrança” por “recall” ou talvez “ricol”.
Se um idioma é tão mais rico quanto mais extensa 
for a sua utilização de forma integrada por seus falantes, 
passa a existir a implicação social da adoção de estran-
geirismos. Em um país como o nosso, com 20% de anal-
fabetismo funcional, é crueldade permitir a utilização 
de expressões estrangeiras que tornariam mais intensa 
a segregação social, privilegiando poucas pessoas com 
capacidade de ler e falar idiomas de outros países.
Embora seja a menos perigosa de fato, a impli-
cação política devido ao abuso de estrangeirismos 
merece atenção. A paranoia por trás das ideias do 
deputado Aldo Rebelo nos conduz à verdade de 
que quanto mais familiar a um povo é um idioma 
estrangeiro, mais fácil é garantir o comércio (nem 
sempre justo) entre o país de tal povo e o de tal 
idioma. Talvez não seja dominação, mas exploração 
político-econômica.
Alguns comentários possíveis:
• o desenvolvimento revela pluralidade de visão de 
mundo, ao focalizar do tema variados aspectos, como 
os culturais, os político-econômicos e os sociais;
• cada parágrafo de desenvolvimento tem uma 
identidade muito bem definida: o autor do texto optou 
por delimitar bem cada reflexão, sem chamar a atenção 
para inter-relações;
• ficou muito claro que cada um dos raciocínios é um 
argumento favorável ao controle dos estrangeirismos 
no português do brasil, medida que evitaria as implicações 
apresentadas;
• cada um dos três parágrafos se relaciona com o 
encaminhamento apresentado ao final da introdução, 
garantindo coesão, coerência e progressão entre as partes;
• no parágrafo dedicado à segregação social, os 
privilegiados não seriam apenas os que sabem ler e falar 
outros idiomas, mas aqueles que apenas conhecem o 
significado de termos estrangeiros mais difundidos, sem 
conhecimento profundo de outro idioma;
• a terceira reflexão, dedicada ao aspecto político dos 
estrangeirismos, abordou também questões econômicas, 
o que levou a síntese do último período a fundir essas 
duas vertentes, diferentemente do que havia sido 
proposto na introdução.
c) Parágrafo de conclusão
O problema aqui discutido consiste na ampla 
e irrestrita assimilação de expressões estrangeiras 
– em especial, inglesas – pela Língua Portuguesa 
aqui falada. Assim, a melhor maneira de resolvê-la é 
aceitar que ocorra uma pequena absorção de tais ex-
pressões pelo Português, ficando esta limitada àque-
las palavras ou já consolidadas nos diversos jargões 
profissionais ou sem equivalentes em nosso idioma. 
Preservando a identidade do Português, salvaguar-
damos parte de nossa própria identidade.
Disponível em: <www.fuvest.br/vest2000/provas/redac.stm>. 
Acesso em: 29 set. 2015.
Alguns comentários possíveis:
• o parágrafo começa reafirmando o tema discutido e a 
tese defendida pelo texto;
• a proposta de intervenção revela maturidade, bom 
senso ao propor aceitação de casos;
• a conclusão é encerrada com uma frase que sintetiza 
o percurso argumentativo: as questões culturais, sociais 
e político-econômicas implicadas no tema interferem na 
identidade nacional.
Tarefa Complementar
Tarefa Mínima
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO
 Leia o Texto teórico das aulas 5 e 6.
 Faça a proposta 5 da Tarefa.
ANOTAÇÕES
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AULAS 7 e 8
FORMAR REPERTÓRIO: REFLExÕES SOBRE 
O “TEMPO”
ExERCíCIOS
Os três fragmentos a seguir serviram de base para uma 
proposta de redação do vestibular do Mackenzie-SP. 
Leia-os para responder ao que se pede.
TexTo 1
Quem menos sente a necessidade do amanhã, mais 
alegremente se prepara para a alegria do amanhã. Re-
cordemos que o futuro não é nem nosso nem de todo 
não nosso, para não ter que esperá-lo como se estivesse 
por vir, nem para nos desesperarmos como se ele não 
viesse de modo algum.
EPICURO. Antologia de textos. São Paulo: Abril Cultural, 1985. p. 58. 
(Os pensadores)
TexTo 2
Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero lero
Vida noves fora zero
BANDEIRA, Manuel. Belo belo. Libertinagem & Estrela da manhã. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
TexTo 3
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera 
[brincar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
BUARQUE, Chico. Quando o carnaval chegar. 
Disponível em: <www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.
asp?pg=quandooc.htm>. Acesso em: 29 set. 2015.
1 Epicuro (341-270 a.C.) foi um filósofo grego que de-
fendia que a vida é a busca do prazer. Suas ideias 
deram origem a um ramo da filosofia, ao qual se 
convencionou chamar de epicurismo. Em Roma, 
pensadores como Tito Lucrécio Caro divulgaram 
os ideais epicuristas. De acordo com as palavras de 
Epicuro transcritas anteriormente, explique qual a 
tese que está sendo defendida pelo filósofo.
Epicuro crê que os que menos esperam o futuro são aqueles 
que mais estarão preparados para aproveitar suas delícias. 
isso porque, segundo ele, a esperança de um futuro grandioso 
quase nunca se realiza, e os homens acabam se frustrando. 
Não esperar esse futuro – e, mais do que isso, não sentir 
necessidade dele – é uma garantia de que os dias que virão 
serão bons. Quanto menos expectativas, melhor.
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2 Segundo o Houaiss, a expressão popular “noves 
fora“ é a “subtração de nove, ou de múltiplo de 
nove, do total ou das parcelas de uma operação 
matemática“. Essa expressão vem da famosa pro-
va dos nove, que – segundo o mesmo dicionário 
– consiste em subtrair “nove ou qualquer múltiplo 
de nove, devendo o resto do número sobre que se 
opera ficar igual ao resto do resultado da opera-
ção“. Com essas informações, procure interpretar 
o último verso do texto de Bandeira.
O que o eu lírico do poema de bandeira quer dizer é que, 
aplicando a prova dos nove à vida, resta o zero. isso pode 
sugerir duas interpretações: em primeiro lugar, pode-se, 
numa perspectiva pessimista, imaginar que o resultado 
da operação aritmética da vida é zero, é um nada; em 
segundo lugar, pode-se pensar que, apesar de todas as 
dificuldades, a vida é uma operação exata: no final das 
contas, tudo dá certo e não há resto.
3 Na canção de Chico Buarque, o que significa a 
figura do “carnaval“?
O “carnaval“ representa o tema da “alegria adiada, abafada“. 
O eu lírico reconhece que, no presente, ele não está alegre, 
mas avisa que está apenas esperando o carnaval chegar. 
O “carnaval“ representa, portanto, a esperança de um 
futuroalegre.
4 Muitos outros textos da nossa cultura inscrevem-se 
no mesmo universo discursivo dos três fragmentos 
em questão. A seguir, transcrevemos alguns exem-
plos disso. Cada um desses exemplos aproxima-
-se, mais decisivamente, da visão de mundo de um 
dos três excertos, o de Epicuro, o de Bandeira e o 
de Chico. Pensando nisso, assinale:
a) se o exemplo possuir uma visão de mundo se-
melhante ao fragmento de Epicuro;
b) se o exemplo possuir uma visão de mundo se-
melhante ao fragmento de Bandeira;
c) se o exemplo possuir uma visão de mundo se-
melhante ao fragmento de Chico.
 I. ( a ) “Um dia de chuva é tão belo quanto um dia 
de sol. / Ambos existem; cada um como é.“ 
(Fernando Pessoa)
 II. ( c ) “Quem espera sempre alcança, / Três vezes 
salve a esperança!“ (Gilberto Gil e Torquato 
Neto)
 III. ( b ) “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma 
criatura o legado da nossa miséria.“ (Machado 
de Assis)
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258 Redação – Setor 1509 KAPA 1
5 Qual é o tema comum aos três textos selecionados pela banca do Mackenzie? 
O tema comum aos três textos é a relação entre passado, presente e futuro e, mais especificamente, o tema são as expectativas 
criadas sobre o futuro. 
6 Com base em sua resposta anterior, escreva uma dissertação em prosa sobre o tema colocado em debate 
pelos três textos lidos. 
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 Leia o Texto teórico das aulas 7 e 8.
Tarefa M’nima Tarefa Complementar
 Faça a proposta 7 da Tarefa.
ORIENTA‚ÌO DE ESTUDO
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TEXTO TEóriCO
AULAS 1 e 2
Dominar competências
Conhecer as regras do jogo ajuda a venc•-lo. ƒ 
assim com a reda•‹o num exame vestibular; Ž assim, 
por exemplo, em competi•›es de esportes coletivos ou 
individuais, como a equita•‹o. 
Aos olhos leigos de quem aprecia os saltos do ca-
valeiro/amazona e seu cavalo sem conhecer a fundo as 
regras da competi•‹o, o sucesso depende de equil’brio, 
tempo de percurso e saltos perfeitos, com obst‡culos 
intactos. Os olhos tŽcnicos dos ju’zes, entretanto, ana-
lisam a postura do cavaleiro/amazona, o alinhamen-
to de sua roupa, a dist‰ncia do cavalo em rela•‹o ao 
obst‡culo no momento do salto: ela deve ser de, no 
m’nimo, 1 metro da barreira. Menor dist‰ncia, menor 
pontua•‹o. 
Escrever, na sociedade contempor‰nea, Ž uma ati-
vidade corriqueira. Nunca na hist—ria da humanidade 
tantas pessoas de diferentes lugares, idades e classes 
sociais escreveram tanto, gra•as ˆ internet, a compu-
tadores, tablets, smartphones: diariamente, s‹o escritos 
milh›es de e-mails, mensagens via celular, posts em 
redes sociais ou sites.
Todavia, escrever num exame vestibular Ž uma 
atividade mais tŽcnica do que a reda•‹o de um co-
ment‡rio no site de um jornal, por exemplo. A reda•‹o, 
para fins de avalia•‹o, visa ˆ investiga•‹o do dom’nio 
de certas compet•ncias que precisam ser conhecidas, 
bem entendidas e treinadas, a fim de aumentarem as 
chances de sucesso no vestibular. 
A maior parte das bancas examinadoras de exames 
vestibulares prop›e a reda•‹o de uma disserta•‹o, um 
tipo de texto por meio do qual o autor realiza, basi-
camente, duas opera•›es mentais: exp›e sua opini‹o 
sobre um tema pol•mico ou uma situa•‹o-problema e 
aciona outras ideias para sustentar essa sua vis‹o de 
mundo: os argumentos. 
N‹o se trata de julgar como correta ou errada esta 
ou aquela resposta, mas de avaliar se h‡ uma resposta 
clara, fundamentada em outras boas e coerentes ideias, 
redigidas com clareza e corre•‹o.
Para propor a escrita de uma disserta•‹o, vestibula-
res e Enem selecionam um assunto que, por natureza, 
Ž bastante amplo (publicidade, por exemplo). Como um 
assunto comporta inœmeras compartimenta•›es, as ban-
cas restringem a an‡lise que dever‡ ser feita a um tema 
espec’fico, dentre tantos poss’veis: publicidade infantil 
no Brasil, por exemplo (em vez de publicidade e massi-
fica•‹o ou publicidade como alma dos neg—cios, etc.). 
Em mais um movimento de restri•‹o, o tema Ž proble-
matizado pela banca, de maneira expl’cita ou impl’cita, 
ou pelo autor da disserta•‹o (por exemplo, a publicidade 
infantil no Brasil deve ser regulamentada pelo Estado?). 
Esse Ž o contexto a partir do qual ser‡ produzida a dis-
serta•‹o: o autor, ent‹o, define uma posi•‹o 
(ou opini‹o, ou tese), seleciona argumentos 
que lhe deem sustenta•‹o e, se a banca so-
licitar (caso do Enem) e for coerente com o 
tema analisado, apresenta uma proposta de 
interven•‹o no problema analisado. 
Com essas caracter’sticas, o exame de 
reda•‹o permite ˆs bancas avaliarem se o 
autor do texto desempenha bem algumas 
compet•ncias consideradas fundamentais 
na sua rela•‹o com textos escritos. A se-
guir, analisamos sete principais compet•n-
cias que as bancas costumam analisar nas 
disserta•›es.
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A avaliação crítica dos juízes na equitação – 
tal como a da banca em relação à redação 
– considera competências específicas, que 
precisam ser conhecidas para serem treinadas.
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260 Reda•‹o Ð Setor 1509 KAPA 1
Competência I – Adequação ao tema e à 
proposta de redação: espera-se que a dissertação 
aborde o tema proposto, respeitando a delimitação 
estabelecida pela banca. No caso do tema “Publicida-
de infantil no Brasil”, a análise não pode ser centrada 
num caso específico (por exemplo, a publicidade in-
fantil realizada nos canais pagos da TV por assinatura 
no Brasil) nem sobre uma ampliação comprometedora 
(por exemplo, sobre como é a regulamentação da pu-
blicidade infantil no mundo). Também se espera que 
o texto seja estruturado conforme as instruções que 
constam da proposta de redação: a maioria dos exa-
mes informa que tipo de texto deve ser produzido, o 
número de linhas mínimo e máximo, se é obrigatório 
elaborar título, etc.
Competência II – Leitura proveitosa dos 
textos que compõem a coletânea: a maior parte 
dos exames organiza coletâneas de textos de diferentes 
gêneros e opiniões. Esse conjunto de excertos tem a 
finalidade de construir os limites do tema a ser discu-
tido e, acima de tudo, oferecer ao autor da dissertação 
ponto de partida para construir suas próprias reflexões. 
Por isso, toda prova de redação começa por uma prova 
de leitura. É preciso apreender bem, nesses textos, as 
diferentes visões sobre o tema não só para decidir que 
opinião norteará a dissertação e que outras visões de-
verão ser combatidas, mas também que ideias podem 
ser aproveitadas na argumentação e que outras podem 
ser associadas às que compõem o mosaico de reflexões 
que integram a proposta de redação. São punidas as 
dissertações que copiam trechos dos textos subsidiá-
rios, que apenas os resumem (como uma colcha de 
retalhos) ou que os ignoram por completo.
Competência III – Posicionamento diante 
da questão posta em debate: é da natureza do texto 
dissertativo-argumentativo a hierarquização das ideias 
que o formam. Ele deve ser escrito para informar a 
ideia principal do texto, a opinião de seu autor acerca 
de uma polêmica ou situação-problema: por isso se fala 
em “defender uma tese”, “tomar partido”, “posicionar-se 
ante o problema”. Todos os demais raciocínios serão 
construídos a serviço da tese, ou seja, com a finali-
dade de lhe dar sustentação, veracidade. São defeitos 
fazer um inventário de diferentes opiniões possíveis 
sem se comprometer com alguma ou não apresentar 
posicionamento algum, optando equivocadamente pela 
imparcialidade – o resultado será um texto que mistura 
diferentes pequenas reflexões sobre o tema. 
Competência IV – Argumentação pertinente 
e bem explicada: numa dissertação, de nada vale 
uma opinião sincera e clara se ela não for acompa-
nhada por outras ideias que lhe atestem validade. Os 
argumentos, portanto, são imprescindíveis para susten-
tar o posicionamento do autor do texto. A expectativadas bancas examinadoras é que sejam selecionados, ar-
ticulados e bem explicados raciocínios coerentes com 
a tese escolhida. Para isso, informações da atualidade, 
conhecimentos acumulados durante o Ensino Médio, 
experiências de vida e ideias da coletânea podem ser 
convertidos em argumentos que demonstrem a capa-
cidade analítico-reflexiva do autor do texto. Não se 
trata de criatividade, mas de um exercício de razão, 
conhecimentos e articulação para dar brilho à opinião 
apresentada na dissertação.
Competência V – Recursos de linguagem 
adequados à dissertação: muitas vezes alvo prin-
cipal da atenção de quem redige, os recursos de lin-
guagem constituem um entre outros componentes 
avaliados por uma banca examinadora. Em nome da 
precisão na manipulação de noções abstratas, típicas 
da dissertação, espera-se que o registro linguístico pre-
ze pela precisão conceitual das palavras, pelo sentido 
literal/denotativo, pela observação das regras da norma 
culta, pela boa conexão entre os enunciados (coesão 
frasal e textual), pela clareza das construções de frase 
e pela simplicidade – não se trata de “caprichar” na 
linguagem para impressionar, usando termos ou cons-
truções pouco usuais, artificiais. 
Competência VI – Coerência: a finalidade 
maior de qualquer texto é a produção de sentidos. 
Tudo o que se fala sobre recursos linguísticos e sobre 
a estruturação do texto dissertativo tem como objetivo 
a construção de significados que não se contradizem 
(coer•ncia interna) e que não contradizem o conhe-
cimento de mundo socialmente difundido (coer•ncia 
externa). As bancas, portanto, esperam que os textos 
façam afirmações de sentido íntegro, autônomo, que 
sejam verossímeis, coerentes e ponderadas – sem ra-
dicalismos ou atentados à ética, aos direitos humanos, 
aos valores socialmente protegidos. 
Competência VII – Análise crítica da reali-
dade: além de uma prova de leitura e de escrita, o exa-
me de redação avalia a competência de interpretação 
do candidato, ou seja, que tipo de análise da realidade 
ele sustenta sobre o tema posto em discussão e que ele 
não sabia previamente qual seria. Espera-se que os tex-
tos se afastem de análises baseadas apenas em clichês, 
no senso comum e em impressões pouco refletidas. 
Também não se esperam textos com análise inéditas, 
“originais”. O texto acima da média, em linhas gerais, 
é aquele que, aproveitando elementos da coletânea, faz 
uma leitura autoral do tema, incorporando à reflexão 
conhecimentos que acumulou e que julga pertinentes 
para uma análise consistente. 
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KAPA 1 Reda•‹o Ð Setor 1509 261
AULAS 3 e 4
a proposta De reDação
Imagine que, em viagem, voc• passe por uma 
cidade desconhecida e, perguntando a um pedes-
tre onde haveria um posto de combust’veis, ouça a 
seguinte resposta: ÒO posto do centro Ž o pior da ci-
dade: s— tem um funcion‡rio para abastecer, e a ga-
solina Ž a mais cara daqui!Ó. Ou: ÒEsta Ž uma cidade 
pequena, com pouca gente, pouco comŽrcio, pouco 
carro. A maior parte do pessoal aqui se locomove 
usando bicicleta mesmo!Ó. Respostas assim não se-
riam œteis para encontrar o posto de combust’veis e 
dariam mostras de que o informante ou não sabe o 
caminho para l‡, ou não entendeu bem a pergunta, 
ou a ignorou conscientemente para falar daquilo que 
queria. Se a pergunta sobre a localização do posto 
fosse um tema de redação, o pedestre teria se sa’do 
mal, porque fugiu ao tema ao falar do assunto Òposto 
de gasolinaÓ (ou de um assunto colateral, o meio de 
transporte mais usado na cidade), não do tema – sua 
localização. 
Ao definir um assunto, uma proposta de redação 
direciona o olhar para apenas um foco, que pode ser 
atual/momentoso (reaproximação EUA e Cuba, por 
exemplo), atemporal/metaf’sico (amizade) ou social 
(redução da maioridade penal). Viol•ncia, publicidade, 
idosos, Amaz™nia, leitura, consumo, Žtica: a eleição de 
um assunto, alŽm de definir para o autor do texto gran-
des limites para a sua an‡lise, tambŽm ajuda o cŽrebro 
a encontrar e organizar informaç›es compat’veis com 
os limites estabelecidos pelo assunto. 
Um assunto como ÒamizadesÓ desencadeia uma 
onda de lembranças mentais que são reavivadas e 
amalgamadas para produzirem uma reflexão sobre o 
assunto: amigos que se foram, que se mant•m, amiza-
des que mudaram, graus de amizade, o tempo neces-
s‡rio ˆ manutenção das amizades, amizade e cumpli-
cidade... Um assunto comporta um enorme nœmero de 
feixes de ideias diferentes, complementares ou mesmo 
antag™nicas. 
Embora a eleição de um assunto defina limites 
para a dissertação, eles são ainda muito amplos e, 
portanto, pouco eficientes. Muitos alunos se sentem 
ÒperdidosÓ quando focalizam o assunto de uma pro-
va de redação, porque são muitas as possibilidades 
de restrição, variados os encaminhamentos poss’veis. 
Dentre tantas possibilidades, a maioria das provas de 
redação elege um campo de an‡lise mais espec’fico 
que aquele emoldurado pelo assunto, mas ainda bas-
tante amplo: por exemplo, a amizade Ž um fator de 
felicidade? Embora mais espec’fico que o assunto, 
esse tema permite uma concentração mais refinada 
de ideias necess‡rias ˆ reflexão. 
O tema, portanto, direciona a an‡lise para um ponto 
mais espec’fico, e adequar as ideias a esses muros mais 
restritivos Ž uma das compet•ncias mais importantes 
avaliadas pelas bancas. Prova disso Ž que um texto bem 
escrito, com tese clara e bons argumentos sobre um 
tema diferente do que foi estabelecido pela banca Ž cau-
sa de nota zero em redação. A maior parte dos exames 
de redação explicita o tema numa frase destacada, a fim 
de esclarecer quais são os limites da an‡lise. 
Em exames da Fuvest e da Vunesp, por exemplo, 
o tema vem explicitado numa frase, ao final dos textos 
que comp›em a colet‰nea da proposta. Assim, ap—s os 
textos da colet‰nea, a prova da Fuvest prop›e o tema 
da redação:
Os tr•s primeiros textos aqui reproduzidos refe-
rem-se ˆ ÒcamarotizaçãoÓda sociedade – nome dado ˆ 
tend•ncia a manter segregados os diferentes estratos 
sociais. Em contraponto, encontra-se tambŽm reprodu-
zido um testemunho, no qual se recupera a experi•ncia 
de um per’odo em que, no Brasil, a tend•ncia era outra.
Tendo em conta as sugest›es desses textos, alŽm 
de outras informç›es que julgue relevantes, redija uma 
dissertação em prosa, na qual voc• exponha seu ponto 
de vista sobre o tema ÒCamarotiza•‹oÓ da sociedade 
brasileira: a segrega•‹o das classes sociais e a 
democracia.
No Enem, o tema vem numa frase destacada no 
par‡grafo que antecede os textos de apoio. Exemplo:
Com base na leitura dos seguintes textos motiva-
dores e nos conhecimentos constru’dos ao longo de sua 
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em 
norma culta escrita da l’ngua portuguesa sobre o tema 
Valoriza•‹o do idoso, apresentando experi•ncia ou 
proposta de ação social que respeite os direitos humanos. 
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coe-
sa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Temas de reda•‹o do Enem
2014 Publicidade infantil em questão no Brasil
2013 Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
2012 O movimento imigrat—rio para o Brasil no sŽ-
culo XXI
2011 Viver em rede no sŽculo XXI: os limites entre 
o pœblico e o privado
2010 O trabalho na construção da dignidade humana
20091 O indiv’duo frente ˆ Žtica nacional
20092 Valorização do idoso
1 Segunda versão do exame. 
2 Exame cancelado.
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262 Redação – Setor 1509 KAPA 1
A frase que resume o tema costuma vir acom-
panhada de uma coletânea de textos que, funda-
mentalmente, servem para delimitar melhor o 
tema e servir de base para a construção de 
argumentos. 
Um dos maiores equívocos numa prova de redação 
é acreditar que, delimitado o tema numa frase-síntese, 
são desnecessários os textos da coletânea organizada 
pela banca. Costumam ser relacionados excertos de 
diferentes gêneros textuais (charges,entrevistas, notí-
cias, artigos de opinião, etc.) e de diferentes opiniões 
acerca do tema apresentado. Levar em consideração 
as reflexões propostas por estes textos permite refinar 
o tema e definir com precisão os limites da análise 
a ser feita. Além de contribuir para a delimitação do 
tema, uma segunda função da coletânea de textos é 
servir de base para a argumentação da dissertação. Por 
um lado, ao apreender (capturar) o sentido de dados 
estatísticos, argumentos de autoridade ou opiniões e 
reflexões apresentadas na coletânea, a banca exami-
nadora oferece recursos argumentativos que podem (e 
devem) ser utilizados na dissertação. 
Não se espera que a argumentação seja toda 
fundamentada na paráfrase das ideias presentes na 
coletânea, mas que algumas delas sejam mescladas a 
outras, do repertório pessoal de quem escreve. É bom 
ressaltar que muitas propostas de redação propõem 
que o tema seja discutido tomando como ponto de 
partida os textos que compõem a prova de redação (e, 
em alguns casos, até mesmo os do exame de língua 
portuguesa).
Todo texto dialoga com outros textos, com conhe-
cimentos circulantes em sociedade, com a cultura 
compendiada e socialmente valorizada. É natural, 
assim, que a dissertação dialogue com as reflexões 
dos textos que compõem a coletânea, ampliando-as, 
modificando-as, contrapondo-se a elas, emprestando 
delas a autoridade, a objetividade ou a pertinência de 
análise. Não se trata de cópia, mas de incorporação 
dessas ideias ao discurso desenvolvido na dissertação. 
Partindo do pressuposto de que pensar é associar, 
uma terceira valiosa utilidade dos textos da prova de 
redação é servir de ponto de partida para a elaboração 
de novas ideias. A maioria das bancas examinadoras 
organiza coletâneas para serem compreendidas como 
provocações do pensamento: com base num dado es-
tatístico, por exemplo, é possível deduzir causas para 
um fato social; a partir da análise feita por um es-
pecialista, pode-se elaborar proposta de intervenção 
num problema; depois da leitura de uma entrevista 
que consta da coletânea, é possível perceber ser mais 
defensável a opinião X que a Y. 
Em outros termos, todos os trechos apresentados 
pela banca funcionam como propulsores de reflexões; 
devem ser o ponto de partida para a construção da dis-
sertação, seja pelo aproveitamento de algumas ideias 
parafraseadas e associadas a outras, seja pelo desen-
cadeamento de novas ideias. 
ANOTA‚ÍES
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KAPA 1 Redação – Setor 1509 263
a clarear a própria reflexão em meio a sua produção, 
a organizar o olhar do leitor (o examinador da banca 
de correção), que precisa entender os pensamentos de 
alguém que não estará presente para explicar melhor.
Conforme visto nas aulas anteriores, a dissertação 
é um tipo de texto em que, ante uma polêmica ou 
situação-problema, apresenta-se uma opinião, que será 
amparada por argumentos convincentes e, caso o tema 
permita e/ou a banca exija (caso do Enem), propõe-
-se alguma medida que intervenha na questão posta 
sob análise. Caracterizada assim, pode-se concluir que 
uma dissertação se constitui de três partes fundamen-
tais: introdu•‹o, desenvolvimento e conclus‹o.
Embora pareça lógico e simples encadear as três 
partes num texto, há diversas formas de organizar e 
concretizar cada uma delas, umas mais simples, outras 
mais complexas; umas mais eficientes, outras, proble-
máticas; umas mais frequentes em vestibulares, ou-
tras que demandam maior intimidade com a escrita. 
Qualquer que seja a estruturação do texto dissertativo, 
ela cumpre um papel vital para a exposição clara das 
Num programa de auditório ao vivo, convidados 
entram e saem, notícias de última hora entrecortam as 
atrações, o auditório se manifesta, o apresentador im-
provisa, comerciais e “surpresas” conferem andamento 
ao show. Seria impensável a produção de um programa 
assim sem uma estrutura, tanto de pessoal de apoio, 
como de conteúdo: a escalação dos convidados, os as-
suntos que serão abordados, a melhor sequência para 
apresentá-los, que empresas anunciarão no primeiro e 
no último bloco do show, quais são as perguntas que 
serão feitas aos convidados, que músicas serão toca-
das... É a estrutura que ajudará a selecionar e organizar 
a vasta quantidade de conteúdos possíveis. Para o pú-
blico, em casa, a estrutura também ajuda a entender a 
lógica do programa: sem um formato padrão, a atração 
seria um verdadeiro caos, e os índices de audiência 
fatalmente cairiam.
Num texto dissertativo, uma estrutura de compo-
sição pode ajudar muito a organizar o pensamento com 
clareza numa atividade feita com tempo definido e sob 
pressão, a lidar com muita informação e argumentos, 
Programas ao vivo: aparência de improviso, mas estrutura prévia pensada e seguida.
AULAS 5 e 6
estrUtUra DissertatiVa
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ideias: a organização. Para cumprir essa finalidade, a 
estruturação textual mais convencional e funcional é 
aquela que se dá da seguinte forma:
INTRODU‚ÌO: esta seção é dedicada, basica-
mente, a apresentar a questão posta em discussão pela 
banca (o tema) e a posição assumida pelo autor do texto 
frente a ela (a tese).
 Obs. 1: tradicionalmente, a introdução ocupa o 
primeiro parágrafo do texto, mas nada impede 
que ela avance até meados do segundo.
 Obs. 2: em outras formas de organização da dis-
sertação, a opinião é resultado de todas as refle-
xões desenvolvidas e aparece, portanto, ao final 
do texto. Na estrutura padrão, ela é apresentada 
na parte inicial do texto, funcionando como um 
importante guia de leitura: é ela a ideia principal 
que guiará a análise das demais subsequentes. 
 Obs. 3: um arranjo bastante eficiente é aquele em 
que, ao final do parágrafo introdutório, enumeram-
-se os caminhos argumentativos que comporão o 
desenvolvimento. Essa estratégia, além de guia de 
leitura, ajuda a amarrar as partes do texto, estabe-
lecendo coesão textual entre vários parágrafos. 
 Obs. 4: não se deve confundir tomar partido 
numa questão, explicitar uma opinião, assu-
mir um lado na polêmica, com radicalismos 
ou postura intolerante. Com medo de parecer 
extremista, há quem escreva dissertações “em 
cima do muro”, ou seja, sem tomar partido, ex-
plicando apenas cada um dos lados envolvidos 
na discussão. Uma competência avaliada pelas 
bancas é exatamente a de opinar, escolher um 
lado, inclinar-se por uma visão de mundo e 
defendê-la.
DESENVOLVIMENTO: nesta parte da disser-
tação clássica, são apresentados os argumentos que 
darão sustentação à opinião expressa na introdução. 
Dados numéricos, comparações, pensamento de auto-
ridades no assunto posto em discussão, exemplos, atua-
lidades, causas, efeitos, informações das disciplinas 
escolares: existem diferentes recursos argumentativos 
que podem ser ajustados ao tema e à tese para produzir 
efeito de verdade, provando que a tese é coerente.
 Obs. 1: por ser o coração de um texto dissertativo, 
o desenvolvimento precisa ser a parte da estrutura 
padrão mais densa: ele deve ocupar o maior espa-
ço do texto. É claro que, por exemplo, se a contex-
tualização da introdução for mais detalhada, ou se 
a proposta de intervenção final exigir mais fôlego, 
para ser mais bem explicada, ocorrerão alterações 
no tamanho das partes do texto.
 Obs. 2: embora seja a parte da dissertação em que 
se encontram preferencialmente os argumentos, é 
verdade que eles também aparecem, e com bas-
tante frequência, na introdução e no parágrafo de 
fechamento, no qual se apresentam propostas de 
intervenção. Até mesmo o título pode ser um argu-
mento em favor da opinião defendida no texto. Ao 
contextualizar a questão posta em debate, o autor 
pode carregar nas tintas e produzir um cenário 
positivo ou negativo, adequado à sua opinião. Ao 
propor intervenções, elas podem ser acompanha-
das de razõesque lhe darão mais consistência. Em 
ambos os casos, teremos eficientes argumentos, 
mesmo que “fora” da parte do desenvolvimento. 
 Obs. 3: numa dissertação escolar, produzida em 
um exame vestibular, por exemplo, os argumentos 
organizados no desenvolvimento não têm a finali-
dade de “convencer o leitor”, no sentido de fazê-lo 
adotar para si uma visão/opinião que antes não 
tinha. Os argumentos, nesse tipo de texto, nes-
sa situação concreta de comunicação, devem ser 
bons o suficiente para convencer o leitor (exami-
nador da banca corretora) de que o autor daquele 
texto tem uma opinião com fundamentos sólidos. 
Um bom desenvolvimento revela que o autor tem 
razões claras para defender aquela opinião, pois 
ela dá mostras de que ele é convicto.
 Obs. 4: essa parte também costuma ser cha-
mada de argumentação, a qual não se restringe 
apenas ao desenvolvimento – introdução e con-
clusão também têm aspecto argumentativo, já 
que se direcionam para a persuasão. Chama-se 
desenvolvimento porque é aqui que são deta-
lhadas as ideias que sustentam a opinião, onde 
são feitos comentários com mais profundidade 
para convencer o leitor de que a tese adotada no 
texto realmente merece crédito.
 CONCLUSÌO: depois de desenvolvidos os argu-
mentos que dão sustentação ao posicionamento do au-
tor do texto, é preciso encerrar a discussão – e o último 
parágrafo fica a cargo de dar o tom de encerramento ao 
texto. Fundamentalmente, o fim do texto pode conter 
uma síntese do percurso argumentativo (reafirmam-
-se a opinião e as principais ideias que a sustentaram) 
ou, quando for coerente com o tema, uma proposta 
de intervenção para o problema posto em discussão (o 
que, no Enem, é uma exigência).
 Obs. 1: novos argumentos não devem ser de-
senvolvidas no último parágrafo, a fim de não 
descaracterizá-lo como lugar de encerramento 
da reflexão. 
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 Obs. 2: no caso de conclus‹o em que se ofere•a(m) ao problema analisado proposta(s) de interven•‹o, Ž 
natural que este œltimo par‡grafo fique um pouco maior que aquele que opta pela s’ntese. A necessidade 
de detalhamento das propostas exigir‡ mais linhas do œltimo par‡grafo.
 Obs. 3: Ž poss’vel combinar as duas maneiras de encerrar a disserta•‹o: a proposta de interven•‹o n‹o 
precisa estampar necessariamente o œltimo par‡grafo, mas pode anteceder o de fechamento, que Ž indicado 
com uma s’ntese do percurso argumentativo constru’do no texto.
A reda•‹o transcrita a seguir Ž um texto eficiente estruturado conforme a estrutura padr‹o da disserta•‹o 
Ð tanto que, por causa disso tambŽm, obteve nota 1 000 no Enem. O tema sobre o qual o texto disserta Ž Viver 
em rede no sŽculo XXI: os limites entre o pœblico e o privado. Observe como cada parte foi estruturada 
e os coment‡rios relacionados a esse modo de organizar o texto. 
Estruturação Dissertação Comentários
Introdução
A crescente populariza•‹o do uso da internet em 
grande parte do globo terrestre Ž uma das principais 
caracter’sticas do sŽculo XXI. Tal populariza•‹o apre-
senta grande relev‰ncia e gera impactos sociais, pol’ti-
cos e econ™micos na sociedade atual.
Introdu•‹o: o par‡grafo tem a inten•‹o 
de contextualizar o centro da discuss‹o Ð 
os limites entre o pœblico e o privado no 
universo virtual. Para isso, come•a falando 
da populariza•‹o da internet.
Desenvolvimento
Um importante questionamento em rela•‹o a esse 
expressivo uso da internet Ž o fato de existir uma linha 
t•nue entre o pœblico e privado nas redes sociais. Estas 
constantemente s‹o utilizadas para propagar ideias, di-
vulgar o talento de pessoas atŽ ent‹o an™nimas, manter 
e criar v’nculos afetivos, mas, em contrapartida tam-
bŽm podem expor indiv’duos mais do que o necess‡rio, 
em alguns casos agredindo a sua privacidade.
Recentemente, ocorreram dois fatos que exempli-
ficam ambas as situa•›es. A ÒPrimavera çrabeÓ, nome 
dado a uma sŽrie de revolu•›es ocorridas em pa’ses 
‡rabes, teve as redes sociais como importante meio 
de dissemina•‹o de ideias revolucion‡rias e conscien-
tiza•‹o desses povos dos problemas pol’ticos, sociais 
e econ™micos que assolam esses pa’ses. Neste caso, 
a internet agiu e continua agindo de forma benŽfica, 
derrubando governos autorit‡rios e pressionando me-
lhorias sociais. 
Em outro caso, bastante divulgado tambŽm na 
m’dia, a internet serviu como instrumento de viola•‹o 
da privacidade. Fotos ’ntimas da atriz hollywoodiana 
Scarlett Johansson foram acessadas por um hacker 
atravŽs de seu celular e divulgadas pela internet para o 
mundo inteiro, causando um enorme constrangimento 
para a atriz. 
Desenvolvimento: no segundo par‡gra-
fo, o texto exp›e o problema sobre os usos 
que exploram a linha t•nue entre pœblico e 
privado na internet e contextualiza, ainda 
de forma genŽrica, os bons e os maus usos, 
ligados ˆs esferas pœblica e privada.
Desenvolvimento: no terceiro par‡grafo, 
s‹o muito bem costuradas informa•›es 
sobre a Primavera çrabe, as redes sociais 
e seu car‡ter agregador e pœblico, consti-
tuindo um primeiro coment‡rio bastante 
consistente sobre o tema.
Desenvolvimento: no quarto par‡grafo, 
outro caso da atualidade Ž comentado ˆ 
luz das no•›es de redes sociais e das esfe-
ras privada e pœblica. O argumento Ž uma 
amplia•‹o do que se afirmou no segundo 
par‡grafo, quando se anunciou an‡lise so-
bre agress‹o ˆ privacidade.
Conclusão
Analisando situa•›es semelhantes ˆs citadas an-
teriormente, conclui-se que Ž necess‡rio que haja uma 
conscientiza•‹o por parte dos internautas de que aquilo 
que for uma utilidade pœblica ou algo que n‹o agrida 
ou exponha um indiv’duo pode e deve ser divulgado. 
J‡ o que for privado e extremamente pessoal deve ser 
preservado e distanciado do mundo virtual, que com-
partilha informa•›es para um grande nœmero de pes-
soas em um curto intervalo de tempo. Dessa forma, 
situa•›es realmente desagrad‡veis no incr’vel universo 
da internet ser‹o evitadas.
Reda•‹o sem t’tulo de autoria de Alline Rodrigues da Silva 
(Uberaba-MG). Dispon’vel em: <veja.abril.com.br/noticia/
educacao/redacao-do-enem-parte-5-textos-nota-1-000-
comentados>. Acesso em: 30 set. 2015.
Conclus‹o: ao mesmo tempo que retoma 
as reflex›es sobre pœblico e privado, o pa-
r‡grafo incita ao respeito ˆ privacidade e 
ˆ participa•‹o em quest›es sociais como 
direitos dos usu‡rios das redes sociais. N‹o 
se trata de uma proposta de interven•‹o 
concreta, pontual e inovadora, mas Ž coe-
rente com o percurso argumentativo tra-
•ado desde o primeiro par‡grafo do texto.
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AULAS 7 e 8
reFLeXÕes soBre o tempo
Leia o texto a seguir para complementar as refle-
xões propostas sobre o tempo.
Uma história cultural do tempo 
Em 1988, Stephen Hawking publicou sua hoje 
famosa Uma breve hist—ria do tempo (editada no Brasil 
pela Rocco), do ponto de vista de um físico teórico ou 
cosmólogo. No entanto, essa não é a única história do 
tempo possível. Uma alternativa é escrever a história 
do tempo do ponto de vista de um historiador cultural 
ou social, examinando os sistemas de tempo de acordo 
com nossas construções sociais ou culturais. À primei-
ra vista, essa visão cultural do tempo pode parecer es-
tranha, pois é difícil pensar nossa própria experiência 
de tempo ou percepção do tempo como algo que não 
seja natural, mas uma abordagem comparativa logo es-
tabelece a variedade dessas experiências e percepções. 
A percepção do tempo de uma criança, por exemplo, 
é muito diferente da de um adulto. Lembro-me de 
minha mãe parando na rua para conversar com amigas 
durante o que para mim, com 4 anos, pareciam horas, 
enquanto pelo tempo do relógio a conversa provavel-
mente durava apenas 5 minutos. Também há diferen-
ças nas noções de pontualidade em diferentes partes 
do mundo. Como inglês, eu tive de aprender a não 
me surpreender com que uma conferência na Itália, 
digamos, ou no Brasil comecepelo menos meia hora 
depois da hora impressa no programa, em vez de 5 
minutos depois, o que me parece normal e “natural”. 
O choque cultural é pelo menos tão grande no senti-
do inverso, como os ingleses percebem ao visitar uma 
cultura ainda mais rigidamente pontual, como a da 
Alemanha! Como Gilberto Freyre gostava de dizer, o 
mundo anglo-saxão era governado pelo “tempo mecâ-
nico”, ao passo que os ibéricos viviam de acordo com 
o “tempo telúrico”. 
três grandes pontos
Como se escreve uma história cultural do tempo? 
Há pelo menos três grandes pontos a abordar, assim 
como inúmeros outros menores. Um desses pontos se 
refere à cronologia, o segundo, à geografia, e o tercei-
ro, à sociologia. O primeiro ponto é sobre uma grande 
tendência na história humana, a mudança de um tipo 
de experiência do tempo que pode ser descrita, para 
resumir e simplificar, como “ecológica”, para outra que 
podemos chamar de “mecânica”. A experiência tradicio-
nal do tempo depende intimamente do ambiente local, 
não apenas no sentido de que um “dia” pode se expandir 
no verão e se contrair no inverno, mas também porque 
o tempo é muitas vezes reconhecido em termos das 
tarefas necessárias para a sobrevivência. 
O antropólogo britânico Edward Evans-Pritchard, es-
tudando o povo nuer do Sudão, escreveu sobre seu “relógio 
do gado”. Para os nueres, cujas vidas giravam em torno 
dos animais de que dependia sua sobrevivência, o ciclo de 
tarefas pastorais era central para a percepção do tempo, 
em nível de hora, dia, mês ou ano. Esse “tempo orientado 
por tarefas” já foi universal. No entanto a invenção e a 
gradual disseminação dos relógios mecânicos permitiram 
que o tempo fosse dividido em partes iguais, enquanto 
a iluminação artificial das ruas e casas, primeiro a gás e 
depois a eletricidade, libertou as atividades humanas da 
dependência do Sol e da Lua, ou pelo menos substituiu as 
restrições naturais pelas culturais. 
O segundo grande ponto a tratar é a geografia do tem-
po. Culturas diferentes têm maneiras muito diferentes de 
dividir e descrever o tempo. A ideia de que uma hora se 
divide em 60 minutos e 1 minuto em 60 segundos é genera-
lizada hoje, mas 7 000 anos atrás ela se limitava a um único 
povo do Oriente Médio, os sumérios. A semana de sete dias 
se disseminou a partir do antigo Israel ou possivelmente da 
Babilônia. Na década de 1930, Evans-Pritchard encontrou 
os nueres se levantando ao nascer do Sol e usando o “reló-
gio do gado”, enquanto ele vinha de um país habituado aos 
relógios de pulso e à luz elétrica. No século XVI, quando 
os europeus estavam invadindo e explorando tantas outras 
partes do mundo, descobriram diversas “culturas do tempo” 
diferentes, como poderíamos chamar: chinesa, japonesa, 
asteca, maia e assim por diante. No Japão, por exemplo, as 
horas eram mais longas no verão do que no inverno, uma 
semana tinha dez dias e os anos eram descritos em termos 
de animais, como o macaco ou o cavalo. Os visitantes não 
devem ter ficado surpresos com essas descobertas, já que 
na Europa os católicos, cristãos ortodoxos, judeus e muçul-
manos usavam calendários diferentes. 
Ao longo dos últimos cinco séculos, porém, houve 
uma tendência para o estabelecimento de um sistema 
de tempo global, pelo menos em nível oficial. Em um 
país após o outro, os europeus incentivaram, quando 
não obrigaram, os habitantes locais a pensar em termos 
do tempo do relógio ocidental, considerado bom para 
a disciplina do trabalho, e na divisão dos “séculos” em 
antes ou depois de Cristo. 
A hora de Greenwich, adotada na Grã-Bretanha em 
1848, chegou aos Estados Unidos em 1873, ao Japão em 
1888 e ao Brasil em 1914. Esse breve relato da divulga-
ção do tempo ocidental e dos relógios ocidentais para 
o resto do mundo vem tratando a “cultura do tempo” 
europeia como se fosse homogênea. 
Se examinarmos um pouco melhor a Europa, po-
rém, logo descobriremos que não era o caso. Um dos 
pioneiros nesse campo, o historiador francês Jacques le 
Goff, escreveu sobre um conflito entre duas culturas 
do tempo na Europa medieval: “O tempo da igreja” e 
o “tempo dos mercadores”. A igreja enfatizava o tempo 
sagrado e o ano litúrgico, enquanto os mercadores viam 
o tempo de maneira mais secular. Eles gostavam de 
dizer que “tempo é dinheiro”, que o tempo pode ser 
calculado, usado sabiamente ou desperdiçado.
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outros tempos 
Esse contraste entre dois tipos de tempo é esclare-
cedor, mas certamente é necessário pensar em termos 
de ainda mais variedades, incluindo o “tempo campo-
nês”, o tempo do ano agrícola.
Também existe o “tempo industrial”, não apenas 
a extensão do tempo do mercador às fábricas, primei-
ramente na Inglaterra e depois em todo o mundo, mas 
também a padronização do tempo seguindo o surgimen-
to de novas formas de transporte. O estabelecimento de 
uma rede de carruagens públicas na Europa do século 
XVIII dependia de um “horário”, um sistema de orga-
nização que mais tarde se estendeu às viagens de trem 
e avião. Hoje, nosso “tempo livre”, “feriados” e lazer, 
assim como nossas horas de trabalho, são governados 
pelo relógio e pelo horário.
Em suma, a comparação de Freyre entre o “tempo 
telúrico” e o “tempo mecânico” deve ser situada num 
quadro maior de contrastes e convergências. Do ponto 
de vista das estrelas ou mesmo dos cosmólogos, essas 
diferenças e mudanças de atitude em relação ao tempo 
podem parecer extremamente recentes e até relativa-
mente sem importância. Do mesmo modo, do ponto de 
vista dos seres humanos comuns, elas são profundas.
Peter Burke é historiador inglês, autor de Hist—ria e Teoria Social 
(Ed. Unesp) e O Renascimento italiano (ed. Nova Alexandria). Escreve 
regularmente na seção “Autores”, do “Mais!”. Tradução de Luiz Roberto 
Mendes Gonçalves.
Folha de S.Paulo, 13 out. 2002, Caderno “Mais!”.
ANOTA‚ÍES
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proposta 1
(UFPR) Leia as notícias abaixo:
Notícia 1
Escola secund‡ria nos EUA vai ter biblioteca digital
A Cushing Academy, uma escola secund‡ria privada do Massachusetts, EUA, decidiu que os livros são uma 
tecnologia ultrapassada e vai troc‡-los por vers›es digitais.
O novo centro de aprendizagem de 500 mil d—lares ir‡ oferecer dezoito leitores de e-book Amazon Kindle e Sony, 
televisores planos, uma cafeteria e cub’culos de estudo onde os alunos poderão usar os computadores port‡teis.
James Tracy, diretor da escola, disse: ÒQuando olho para os livros, vejo uma tecnologia ultrapassada, tal como os 
pergaminhos foram ultrapassados pelos livrosÓ. Tracy acrescentou que Ònão se trata de recriar o Fahrenheit 451. Não 
estamos desencorajando os alunos de ler. Vemos isto como uma forma natural de lidar com tend•ncias emergentes 
e otimizar a tecnologiaÓ.
O diretor espera que os 20 mil livros da biblioteca transitem para uma versão virtual, juntando-se a um cat‡logo 
muito maior a que os alunos terão acesso. Devido ˆs limitaç›es de espaço, a escola est‡ doando os antigos livros a 
escolas locais e bibliotecas.
Revista Exame Informática (Portugal), 7 set. 2009. 
Adaptado de: <http://aeiou.exameinformatica.pt/escola-secundaria-nos-eua-vai-ter-biblioteca-digital=f1003327>. Acesso em: 21 set. 2010.
Fahrenheit 451: romance de ficção cient’fica (de Ray Bradbury, 1953), que cria um futuro no qual todos os livros são 
proibidos.
Notícia 2
Lei exige que escola tenha biblioteca
O presidente Luiz In‡cio Lula da Silva sancionou uma lei que determina a instalação de bibliotecas em todas as 
instituiç›es de ensino do Pa’s em um prazo de dez anos. Atualmente, quase 100 mil colŽgios de ensino fundamental 
público e particular não contam com esses espaços. 
Segundo o texto, publicado nesta terça-feira no Diário Oficial da União, cada biblioteca deve ter, no m’nimo, 
um t’tulo para cada aluno matriculado.
Segundo o Censo Escolar de 2009, do Instituto Nacional de Estudose Pesquisas Educacionais, s— 34,8% das 
escolas de ensino fundamental do Pa’s tinham bibliotecas atŽ o ano passado. Eram 99 896 colŽgios sem coleç›es 
dispon’veis para consulta dos alunos.
Estadão.com, 26 maio 2010. 
Dispon’vel em: <www.estadao.com.br/noticias/vidae,lei-exige-que-escola-tenha-biblioteca,556959,0.htm>. 
Acesso em: 10 jul. 2015.
A polêmica decisão da escola americana foi comentada pelos jornais e revistas do mundo todo. Qual é 
seu ponto de vista sobre a decisão da Cushing Academy? Escreva um texto posicionando-se frente ao 
fato noticiado. Seu texto deve:
 apresentar sua opinião e os argumentos que a sustentam;
 relacionar o fato com a situação das escolas brasileiras, a partir da notícia publicada no Estadão.com;
 ter de 10 a 12 linhas.
proposta 2
(Vunesp) Leia os trechos dos textos que se referem ao futuro do livro:
TexTo i
A possibilidade do fim do livro Ž traum‡tica porque o livro não pode jamais ser visto apenas como material inerte 
ou simples objeto de consumo. ƒ antes um objeto simb—lico e uma instituição aos quais a cultura p—s-Gutemberg 
confiou a tarefa de armazenar e fazer circular praticamente todo o conhecimento considerado relevante.
Enquanto institui•‹o, o livro representa uma forma de socialização que compreende todo um circuito de produ-
ção e consumo: autores, editores, leitores, cr’ticos, comunidades interpretativas institucionalizadas. Como qualquer 
TAREFA
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forma de socialização, a instituição do livro cria um espaço público, estabelece hierarquias e constitui identidades 
nos grupos e nos indivíduos que dela participam.
BELLEI, Sérgio Luiz Prado. O fim do livro e o livro sem fim. Universidade Federal de Santa Catarina. 
Disponível em: <http://lfilipe.tripod.com.bellei.html>.
TexTo ii
Com relação ao desaparecimento do livro, os dois [Umberto Eco e Jean-Claude Carrière] observam com razão 
que as tecnologias digitais ficam obsoletas muito mais rapidamente que o livro impresso. Carrière vai buscar em sua 
biblioteca um pequeno incunábulo em latim, impresso em Paris em 1498; com exceção de umas poucas palavras 
obscuras, é perfeitamente legível como linguagem e como tecnologia, cinco séculos depois. E ele cita o caso de um 
cineasta belga, seu amigo, que tem no porão de casa 18 computadores diferentes, para poder consultar trabalhos 
antigos, criados em programas de PC que não são mais usados hoje.
Os dois comentam que a possibilidade atual de armazenar quantidades imensas de dados não significa que tudo 
isto continuará armazenado (e acessível) indefinidamente, e observam que mesmo uma biblioteca gigantesca não 
passa de uma mera seleção, um filtro de escolha, de prioridades, aplicado a uma cultura. “O que devemos preservar?” 
– eis a questão, porque é impossível preservar tudo, tanto quanto é impossível consultar tudo quanto foi preservado 
(e que é necessariamente uma pequena parte desse todo).
TAVARES, Braulio. Não contem com o fim do livro. 
Disponível em: <http://jornaldaparaiba.globo.com/>.
TexTo iii
Ou seja, apesar de sua imagem idealizada – às vezes, sacralizada – de fonte de lazer, informação, conhecimento, 
fruição intelectual, o livro, enquanto objeto, é apenas “o suporte da leitura”, o meio pelo qual o escritor chega ao leitor. 
E assim permanecerá até que “alguma coisa similar” o substitua. Saber quanto tempo essa transição levará para se 
consumar é mero e certamente inútil exercício de futurologia. Até porque provavelmente não ocorrerá exatamente 
uma transição, mas apenas a acomodação de uma nova mídia no amplo universo da comunicação. Tem sido assim 
ao longo da História. 
Tranquilizem-se, portanto, os amantes do livro impresso. Tal como “a colher, o martelo, a roda ou a tesoura”, 
ele veio para ficar, pelo menos até onde a vista alcança. E não se desesperem os novidadeiros amantes de gadgets. 
Estes continuarão sendo inventados e aprimorados por força da voracidade do business globalizado. E é possível 
até mesmo que algum deles venha a se tornar definitivo e entrar no time do livro, da colher, da roda...
MORAES, A. P. Quartim de. É o fim do livro? Rir para não chorar. 
Disponível em: <www.estadao.com.br/>.
Proposição
Os e-readers, aparelhos de leitura de livros digitalizados, e os chamados tablets, que incorporam outras 
funç›es alŽm da leitura de livros e revistas, estão conquistando cada vez mais usu‡rios. Hoje j‡ Ž poss’-
vel, com um desses leitores digitais, ter uma biblioteca de milhares de obras e, alŽm disso, acessar para 
leitura imediata jornais e revistas do mundo inteiro. Diante dessa nova realidade, caracterizada por uma 
competição muito grande entre empresas que pretendem criar o melhor aparelho eletr™nico de leitura, 
muitos estudiosos j‡ preveem o fim dos jornais e revistas e o fim dos livros. Outros, porŽm, questionam 
tais previs›es e afirmam que o livro não desaparecer‡. Que poder‡ acontecer de fato?
Com base nos textos apresentados na instrução escreva uma redação de g•nero dissertativo, empregando 
a norma-padrão, sobre o tema: O futuro do livro.
proposta 3
(Insper-SP) Reflita sobre as ideias apresentadas nos textos a seguir e desenvolva uma dissertação em 
prosa.
Sempre gostei de bicicleta, passei minha infância e adolescência em cima de uma, percorrendo longas distâncias 
e me arriscando, tentando não arriscar a vida dos outros. Mas agora, em plena obsolescência, tenho a impressão de 
que bandos de usurpadores roubaram-me o prazer de passear sobre duas rodas. Pior, e não é impressão, esses bárbaros 
que se apresentam como militantes não apenas impedem qualquer um de ser ciclista, como ameaçam quem tenta 
ser. Se isso ocorresse só no mundo concreto, já seria horrível. Mas eles vão muito além, e atacam seus alvos pelas 
redes sociais, blogs, fóruns de discussão e sites. Eles pedalam por todos os mundos possíveis. Os cicloativistas – os 
quais prefiro chamar de ciclochatos ou velobestas – tornaram-se uma ameaça à segurança e à dignidade do cidadão.
GIRON, Luís Antônio. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/cultura/luis-antonio-giron/noticia/2012/06/parem-os-ciclistas.html>. 
Acesso em: 7 jun. 2012.
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A incivilidade nas vias decorre do stress dos congestionamentos. AtŽ morte por tiros j‡ ocorreu. Acidentes com 
ciclistas, motoboys ou pedestres decorrem da disputa do ex’guo espaço vi‡rio, que tem impedido destinar a eles um 
espaço segregado e protegido. Existem milhares de ruas com calçadas de apenas um metro de largura, onde postes, 
‡rvores e inclinação lateral obrigam o pedestre e o ciclista a andar na rua. Carros cada vez maiores, que vão se asse-
melhando a ve’culos militares de combate para impor respeito, proliferam na guerra di‡ria do tr‰nsito.
CAMPOS, C‰ndido Malta. 
Dispon’vel em: <www.estadao.com.br/noticias/suplementos,horizontes-urbanos,734252,0.htm>.
Utilize o pr—prio tema como t’tulo de sua dissertação.
Tema/T’tulo: Disputa de espaço nas ruas:
um problema de infraestrutura ou incivilidade?
proposta 4
Cidades engasgam com os automóveis
Leia uma parte da apresentação e da entrevista de Bill Mitchell, diretor do programa Cidades Inteligen-
tes do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT/EUA), feita pelo jornalista Herton Escobar, para a 
revista Megacidades.
Cidades são como pessoas, podem ser burras ou inteligentes, doentes ou saud‡veis. As espertas são aquelas 
capazes de atrair talentos, de se reinventar diante das dificuldades e dotadas de pensamento inovador. ƒ o caso de 
Nova York, Londres, Paris. E as cidades burras? Bill Mitchell Ž elegante demais para citar nomes.
[...] Um de seus projetos, chamado City Car, Ž desenvolver um modelo de pequenos autom—veis elŽtricos comuni-
t‡rios. Eles seriam compactados e encaixados em pontos estratŽgicos das cidades (sa’das de metr™ e grandes centros 
comerciais) e funcionariam como carrinhos de bagagem nos aeroportos:

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