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DOENÇAS INFECCIOSAS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS RAIVA NOME DA DOENÇA 1 Raiva do latim rabere = fúria ou delírio . Sânscrito - rabhas = tornar-se violento DESCRIÇÃO2 Doença infectocontagiosa , aguda , sempre fatal , caracterizada por encefalite e mielite . Mortalidade : 100%. Cosmopolita . SINONÍMIA3 Hidrofobia ETIOLOGIA4 Lyssavírus - Rabies virus (RABV), genotipo 1 (7 genotipos). Grego - Lyssa ou Lytta = loucura , demência Dois subgrupos de vírus de plantas . Um grupo de vírus de peixes . Três grupos de vírus de mamíferos Vesiculovirus , relacionado com doença vesicular em animais ; Ephemerovirus , relacionado com a febre efêmera dos bovinos ; Lyssavirus , relacionado com encefalomielite fatal em mamíferos . Variante 2 : Cão , também isolada de humanos e animais silvestres terrestres . Variante 3 : Desmodus rotundus , também isolada de outras espécies de morcegos , animais de companhia , domésticos , silvestres terrestres e humanos . Variante 4 : Tadarida brasiliensis , também isolada de outras espécies não hematófogas e animais de companhia Família Rhabdoviridae, subdividida em: No Brasil , desde 1996 , pela realização de um teste de IFI foram identificados seis perfis antigênicos : FALCÃO SODRÉ BLACK ETIOLOGIA4 Uma variante semelhante à variante 5 : Relacionada a isolamentos de morcegos hematófagos em outros países , isolada de morcegos não hematófagos e em animais de companhia . Variante 6 : Lasiurus cinereus , isolada de morcego insetívoro , morcego não hematófago , cão e humano . Outros seis perfis antigênicos não compatíveis : Associados a morcegos insetívoros e acometendo outros animais , além de um perfil relacionado a humanos e pequenos primatas , como os saguis (Callithrix jacchus), no Nordeste do Brasil . Vírus RNA . Neurotrópico . Inativação : radiação UV e X , detergentes , agentes oxidantes , álcool , compostos iodados , enzimas proteolíticas e calor , ácidos e bases fortes . Sensibilidade : solventes de lipídios - sabão , éter , clorofórmio e acetona , etanol , preparados iodados e compostos de amônio quaternário . Resistência : dessecação , congelamento e descongelamento sucessivos , relativa estabilidade a pH entre 5-10 . Duas porções : ribonucleocapsídeo e envelope . Ribonucleocapsídeo : possui o RNA e 3 proteínas : N , L e P . Envelope : 2 proteínas : G e M ou M2 Vírus de “rua” - cepas isoladas de animais infectados em ciclos de transmissão natural ; caracterizam-se por um PI variável , às vezes bastante prolongado . Vírus “fixos” – PI curto , 4-7 dias FONTE DE INFECÇÃO5 Reservatório : animal infectado pelo vírus rábico . Áreas urbanas - cão - 85% , gato . Áreas rurais - cães e gatos , morcegos , macacos e mamíferos domésticos . Animais silvestres : reservatórios naturais para animais domésticos . Veículo : saliva de animal raivoso MODO DE TRANSMISSÃO 6 Direta : mordeduras ou lambeduras de mucosa ou de pele com solução de continuidade ; arranhaduras . Indireta : aerossóis em cavernas PORTA DE ENTRADA7 Transcutânea . Morcegos possuem Draculina na saliva , que permite que o morcego sugue um animal sem que ele sinta . Raras - transplante de córnea , via inalatória , via transplacentária e leite . HOSPEDEIROS8 Brasil : cão ; morcego Podem ser também raposa , jaritataca , guaxinim , sagui , cachorro-do-mato , morcegos hematófagos e não hematófagos . Em países onde a raiva canina é controlada e não existem morcegos hematófagos , os principais hospedeiros são os animais silvestres terrestres , como raposas , coiotes , lobos , raposasdo-ártico , raccoon entre outros . SUSCETÍVEIS9 Todos os mamíferos PORTADOR10 Morcego https://linkedbrazil.wordpress.com/2011/12/22/a-a-a-ou-a-acentos-crase-e-til/ https://linkedbrazil.wordpress.com/2011/12/22/a-a-a-ou-a-acentos-crase-e-til/ VIAS DE EXCREÇÃO11 Saliva A possibilidade de sangue , leite , urina ou fezes conterem quantidade de vírus suficiente para desencadear a raiva é remota . VETOR12 Não tem vetores invertebrados . Considera-se o morcego como vetor . PERÍODO DE INCUBAÇÃO13 Quantidade de vírus inoculado . Proximidade do SNC . Gravidade da lesão . Canino – 15 -90d (8d-13m). Equino – 21-90d . Ovino , caprino , suíno– 21-60d . Bovino – 20-80d . Felino – 14-60d . Homem – 15-84d , média 45 dias (10d- 5a). É uma doença aguda , o tempo médio é de 15-21 dias . Depende de : PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE14 Ocorre antes do aparecimento do QC e durante o período da doença . Cão e gato : 3 a 5 dias antes do QC . Morcegos - semanas . PATOGENIA15 I . Inoculação viral . Se dá pela mordedura , pela sua presença na saliva do animal que mordeu o outro . O vírus é inoculado II . Replicação viral no músculo . O local de incoulação III . Ligação viral aos receptores . Ocupa os receptores , assim os neurotransmissores não conseguem propagar o impulso nervoso . IV . Transporte axonal retrógrado . Entra pelas terminações nervosas , passando pelo corpo do axônio e sair pelos dendritos . (Anterógrado é o caminho que segue os eventos normais , retrógrado é o que segue o caminho contrário .) V . Replicação viral nos gânglios . Gânglios das raízes dorsais periféricas , podendo levar a uma resposta inflamatória local (ganglioneuronite). Se a carga viral for pequena vai acabar aqui PATOGENIA15 VI . Ascensão rápida para o cérebro Quando conseguem passar pelo sistema imuno dos gânglios dorsais , faz a infecção nos neurônios cerebrais , de forma muito rápida , (3x menos do que demorou para atingir os gânglios dorsais ou neurônios sensoriais , de 12 a 100mm/dia) causando disfunção neuronal . VII . Propagação viral Quando chega no cérebro , o vírus consegue se propagar para qualquer lugar , principalmente para as glândulas salivares , córnea , sistema límbico (que modula o comportamento), para a pele , para o sistema nervoso autônomo parassimpático . QUADRO CLÍNICO16 Pródromo : mudança de comportamento , anorexia , ansiedade , hipertermia , melancolia e excitação – 3 d . Furiosa : 5-7 d . Paralítica : 3-7 d . Muda ou atípica : 5-10 d . Furiosa + paralítica . Paralítica + furiosa • Paralítica + furiosa + paralítica . Agressividade (objetos , animais , dono), ptialismo , latidos roucos , fuga , descoordenação , convulsão , morte . Breve excitação ou ausente , fotofobia , paralisia dos músculos da cabeça e membros posteriores , sialorreia . Furiosa e paralítica . Primeira agressão é a arranhadura . Na forma paralítica o animal perde a mobilidade , muito parecido com o QC do cão . Caninos Fase furiosa Fase paralítica Felinos QUADRO CLÍNICO16 Furiosa . Paralítica . Mista . Isolamento , paralisia posterior , descoordenação . O animal fica em posição de tentar se locomover . É importante buscar a mordedura que foi a porta de entrada . Áreas hemorrágicas na substância cinzenta . Animais em opistótono , tentando ampliar a amplitude respiratória . Igual a dos bovinos ; Paralítica , furiosa e atípica . Agressividade exacerbada , tendência a fuçar o chão e morder o ponto de entrada do vírus , andar incerto , grunhidos frequentes , progredindo para a paralisia flácida ascendente , decúbito e morte até 1- 6 dias do início dos sintomas . Lesões na cernelha . Paralítica ou furiosa . Suspeito : local e horário não habituais . Pródromo : 2-4d sinais de virose ; parestesias Fase nervosa : 4-10d - ansiedade , desorientação , alucinações , comportamento bizarro e convulsões por estímulos táteis , auditivos ou visuais ; hidrofobia e aerofobia . Raros surtos de agressividade . Hipersalivação , fasciculação muscular e hiperventilação . Fase paralítica - paralisia progressiva ascendente e coma . Bovinos, ovinos, caprinos Equinos Suínos Morcego Humano LESÕES17 Não tem lesão . Na microscopia pode-se encontrar Corpúsculos de Negri (é patognomônico) nas células de Purkinje e hipocampo , 75- 90% dos casos . Dura 6h post-mortem . DIAGNÓSTICO18Quadro clínico + história clínica com antecedente de mordedura . Morcegos . Pesquisa citológica dos corpúsculos de Negri – coloração de Sellers . Pesquisa do antígeno rábico (IFD). Isolamento viral (bioensaio ; cultivo celular). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL19 Tétano . Botulismo . Corpos estranhos na boca e faringe . Cinomose – fase nervosa ; inclusões de Lentz em azul pelo Sellers . PROGNÓSTICO20 Desfavorável : fatal em todos os casos . TRATAMENTO21 O tratamento paliativo visa minimizar o sofrimento do paciente . PROFILAXIA22 Vacinação de suscetíveis Usar apenas vacinas inativadas Caninos e felinos : Flury-HEP , Fuenzalida ou ERA Ruminantes , equídeos e suínos : ERA . Flury-HEP – 178 passagens em ovo . Fuenzalida – cérebro camundongo . ERA – células BHK (baby hamster kidney). Caninos e felinos : anualmente , por toda a vida do animal . Bovinos e equinos : a partir de 3 meses , reforço 30 depois . Repetir 6-12 meses . Humanos Fuenzalida Palácios modificada Em cultura de células diplóides humanas (human diploid cell vaccine – HDCV). Purificada produzida em culturas de células Vero (purified Vero cell vaccine – PVCV). Purificada produzida em cultura de células de embrião de galinha (purified chick- embryo cell vaccine – PCEV). PROFILAXIA22 Purificada produzida em cultura de células de embrião de galinha (purified chick- embryo cell vaccine – PCEV). Purificada produzida em embrião de pato (purified duck embryo vaccine – PDEV). Todas as vacinas antirrábicas para uso humano , são inativadas Decisão é tomada de acordo com o risco . Fuenzalida e Palácios : 1 mL , I .M . , eventos adversos -1 :8 .000 . Cultivo celular : 0 ,5-1 mL , IM , eventos adversos -1 :500 .000 . Controle da Raiva Urbana Vacinação dos suscetíveis : cães e gatos . Apreensão de cães errantes . Campanhas de vacinação . Posse responsável dos animais . Controle da população de cães . Animal agredido por animal raivoso : sacrificar ou observar por 3-6 meses . Controle da Raiva Silvestre Vacinação de bovinos e equinos , e se for o caso , de caprinos e ovinos . Combate aos morcegos em raio de 30 km Localizar focos de morcegos Captura e aplicação de warfarina nos morcegos . Pasta vampiricida nos animais agredidos por morcegos . Conduta em caso de possível exposição Limpeza do ferimento com água corrente , sabão e antissépticos (álcooliodado , clorhexidine) imediatamente após a exposição . Lavar mucosa ocular com solução fisiológica . Contato indireto ou sem lesão : lavar . Encaminhar ao Posto de Saúde . Conduta para o animal Quando o animal agressor for cão ou gato observá-lo durante 10 dias . Se possível , o animal suspeito deve ser sacrificado e enviar cabeça ou cérebro em gelo , para o exame laboratorial . Bovinos , equinos , etc . :não são observados - avaliar o risco para o humano exposto . Agressões por qualquer morcego : grave Notificação obrigatória. ZOONOSE
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