Buscar

Resumo NP1- TEORIA PSICANALÍTICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TEORIA PSICANALÍTICA
MÓDULO 1
● O nascimento da Psicanálise e a constituição de seu objeto de estudo.
● A insuficiência do modelo médico no tratamento da histeria.
● Os primórdios da psicanálise – do trauma à fantasia, da hipnose à associação livre e
da catarse à elaboração psíquica.
O que é Psicanálise?
● Do ponto de vista do desenvolvimento científico: uma quebra da onipotência.
● Do ponto de vista da saúde mental: novo método de investigação.
● Do ponto de vista cultural e social: uma forma de se ver o mundo.
● Do ponto de vista clínico: uma matriz de desenvolvimento.
O campo inaugural da investigação freudiana é a neurose. A histeria, especificamente,
configurou-se como o paradigma teórico-clínico para a abordagem dos sintomas obsessivos
e fóbicos, como também da psicose, especificamente a paranóica.
Freud desmistificou (por meio de observações clínicas e teorizações sob os mesmos
dados) o ponto de vista de que nenhuma sintomatologia definida poderia ser atribuída à
histeria simplesmente porque nela pode ocorrer qualquer combinação de sintomas e a
exagerada importância dada à simulação em seu quadro clínico.
Ainda muito influenciado por Charcot e seu ímpeto nosográfico, Freud (1888/1996) chega a
escrever que deve-se contentar em definir a neurose, especificamente a histeria, a partir do
aspecto puramente nosográfico, ou seja, pela totalidade dos sintomas que ela apresenta.
Apesar dessa afirmação, o próprio Freud não se contentou em ficar na franja dos
fenômenos da histeria. Aos poucos, foi rompendo com a apresentação dos fenômenos
físicos da histeria realizados por meio dos exames semiológicos extensos nos moldes de
Charcot. A abordagem puramente fenomenológica da doença tornou-se um fato incômodo
para Freud em seu esforço inicial de teorizar a histérica; um mal-estar proveniente da
impossibilidade de estabelecer articulações inteligíveis sobre os aspectos da histeria.
A Psicanálise é a primeira teoria sobre o psiquismo que se originou diretamente da
prática clínica, fazendo coincidir investigação e tratamento. Foi com a descoberta da
linguagem como instrumento primordial para a abordagem dos conflitos psíquicos e seus
sintomas que dá à Psicanálise mais este caráter inovador na compreensão dos fenômenos
psíquicos: ao oferecer a possibilidade de dar palavras ao afeto e, com isto, propondo que os
sintomas poderiam ser substituídos por outras saídas, a Psicanálise propicia o surgimento
de um novo objeto e campo de atuação para a Psicologia: o mundo interno e o trato com
sofrimento psicológico, a partir de uma perspectiva estritamente psicológica sem
intermediação de quaisquer recursos objetivos, contando explicitamente com as interações
psíquicas humanas.
Isto ocorre a partir de 1882 quando Freud estimulado pelo trabalho de Breuer interessa-se
pela sugestão e hipnose no tratamento da sintomatologia atribuída à histeria. Joseph
Breuer teve um papel fundamental no nascimento da psicanálise e forneceu a Freud a
técnica que este utilizaria em sua clientela. Contudo, o espírito investigativo de Freud, fez
com que logo se afastasse desta técnica, bem como do método catártico, substituindo-as
pela técnica de associação livre.
Hipnose: Sono, usado para fins terapêuticos, mas na teoria freudiana seria o método
catártico.
Método catártico: Consistia em hipnotizar o paciente.
Ab-reação: Descarga emocional pela qual o indivíduo se liberta do afeto a lembrança de
um episódio penoso, permitindo assim que ele não continue sendo patogênico. Em alemão
significa “colocar para fora”.
Existem duas formas de atingir a Ab-reação:
1. Acontecimento espontâneo em que a mente por si só realiza o processo.
2. O profissional direciona o paciente a um estado mental ao fazê-lo regredir dentro
de si e o faz encontrar o ponto chave. Assim não é o profissional que o leva até o
ponto, mas apenas lhe dá ferramentas para que ele trilhe seu próprio caminho e
atinja a catarse, o que o prendia.
Em 1889 Freud usou pela primeira vez o método catártico com a paciente dele e logo
trocou a hipnose pela técnica da concentração, pois ele dizia que após muitos estudos a
hipnose se mostrou instável.
A técnica da concentração consistia em solicitar para o paciente que se concentrasse em
um determinado sintoma e buscar lembranças que serviram de auxílio na compreensão da
origem do mesmo.
Associação Livre: Enquanto o paciente livre-associa, trazendo de forma livre as ideias que
lhe vêm à cabeça.
O próprio Freud, em seus estudos e experiências de análise, achava que a hipnose era
algo inútil, pois não servia para todos os pacientes, uma vez que alguns não eram
hipnotizáveis, e mesmo que fossem as neuroses ainda voltavam.
Sendo assim criou a técnica da associação livre permitindo que o analisando pudesse
atingir com maior facilidade os elementos responsáveis pela liberação dos afetos, das
lembranças e das representações.
No início de seu trabalho com Breuer, Freud chegou a utilizar a hipnose e técnicas
derivadas da hipnose. Foi uma passagem relativamente curta, marcada na obra “Estudos
sobre a histeria” (Breuer & Freud). Nesta fase, costumam-se denominar as técnicas como
sugestão hipnótica e método catártico. Nestas técnicas, a tarefa do terapeuta seria colocar
o paciente em estado hipnótico ou semi-hipnótico e sugerir ao paciente lembrar-se de
eventos e superá-los.
Foi graças ao método da associação livre que a psicanálise ficou conhecida como uma
“cura pela palavra“.
Lembrando que, se para a Psicanálise o psíquico só ganha consistência de mundo
interno a partir da noção de inconsciente, que mantém relação com as três instâncias –
https://www.psicanaliseclinica.com/sugestao-hipnotica/
https://www.psicanaliseclinica.com/metodo-catartico/
id, ego e superego – em maior ou menor grau; para as Psicologias da Consciência o
importante será como a pessoa, identificada ao seu ego, centro de sua personalidade, já
destituído de qualquer conotação inconsciente, enfrentará a luta pelo controle e dissolução
de seus conflitos. A Psicanálise também espera que o ego possa ser um aliado na luta
contra a neurose, no entanto isto não estaria a serviço de uma adaptação ao contexto
social, só porque este coloca a “doença mental” como um desvio que não coincide com
seus desígnios. A ideia principal é recolocar a noção de doença mental no âmago da
condição humana e não fora dela, buscando responder antes quem é este que sofre e
adoece, e esperando que a noção de mundo interno, que não precisa ser psicanalítica,
possa oferecer um espaço de liberdade para o homem na sua relação com o mundo
externo.
MÓDULO 2
● A descoberta do inconsciente: repressão; resistência e formação de sintomas.
● A teoria dos sonhos e a psicopatologia da vida cotidiana.
● A primeira tópica freudiana - sistemas: Inconsciente, Pré-Consciente e Consciente.
Resistência e Repressão/recalque
● Freud descobriu, ao tratar pacientes neuróticos, que o tratamento se depara com
uma forte resistência, vinda do próprio paciente que deseja se curar. Esse é
realmente um fato muito estranho, para o qual Freud não estava de início preparado.
● O que é a resistência e como ela se manifesta.
● Exemplo de vários tipos de resistência presentes na clínica psicanalítica.
● A resistência apresenta-se de muitas formas sutis e cambiantes, por exemplo, ataca
a associação livre imediatamente.
● Resistência e transferência.
● A relação da resistência com a repressão e com o inconsciente.
● O inconsciente, o consciente e o pré-consciente.
● O abandono da hipnose e a monumental descoberta da resistência, assim como
suas implicações teórico-clínicas.
● A resistência como base do ponto de vista dinâmico das neuroses.
● Por que a psicanálise propriamente dita teve início com o abandono da hipnose.
● Diferentes níveis de intensidade da resistência.
● A repressão como pré-condição da formação dos sintomas.
● A censura entre o pré-consciente e o inconsciente.
● Os tipos de impulsos que sofrem o destino da repressão (sexuais).
● O que é um sintoma neurótico.
● A questão do conflito psíquico como pré-requisitoda formação de um sintoma
neurótico.
Teoria dos Sonhos
● A interpretação dos Sonhos
a obra mais importante de Freud com as ideias mais inovadoras de sua obra, onde
desenvolve a explicação do funcionamento do pensamento e linguagem, bem como a
concepção geral do funcionamento do psiquismo normal e patológico, estabelecendo os
fundamentos clínicos, teóricos e técnicos e conferindo à interpretação dos sonhos um
caráter científico.
Para Freud, os sonhos são projeções do inconsciente, que expressam a vontade e o
desejo humano, remetem, portanto, ao desejo, revelando algo do passado e não a uma
projeção do futuro. Nele dá-se a satisfação de desejos reprimidos no nosso inconsciente.
“o sonho é a realização (dissimulada) de um desejo reprimido (requalque)”.
Freud buscava compreender seu significado psicológico, algo que só se tornou possível
pelo “método da associação livre”, permitindo-lhe descobrir o sentido que o sonho tem
para quem sonha, da mesma forma que os sintomas histéricos, as fobias, as obsessões e
os delírios.
● Conteúdo Manifesto e Conteúdo Latente
Freud introduz a ideia de dois conceitos, sendo eles:
-Conteúdo Manifesto: seria correspondente ao relato do conteúdo do sonho da maneira
como o paciente lembra, mas o seu real significado fica escondido.
-Conteúdo Latente: é o conteúdo que vem após relatado pelo paciente e decifrado a partir
de suas associações, a partir daí pode ser trazido o conteúdo que estava reprimido.
Freud após este entendimento começa a trazer questionamentos em relação a como esse
conteúdo latente acaba se transformando no conteúdo manifesto e ao contrário, no caso o
processo de análise e as associações proporcionam este conteúdo tornar-se latente.
O autor traz o conceito de trabalho do sonho que acontece em meio a um aglomerado de
atividades psíquicas, no qual ocorre esta transformação do conteúdo latente em conteúdo
manifesto, o sujeito não lembra do sonho ou tem lembrança dele de maneira distorcida,
irreconhecível muitas das vezes.
● Mecanismo do Sonho
De acordo com Freud, no sonho acontecem cinco principais mecanismos que tornam
possível acontecer este trabalho do sonho.
Mecanismos que entram em ação na formação do sonho, sendo eles:
-Condensação:é um mecanismo psíquico fundamental que permite a reunião de vários
elementos num único elemento: sejam imagens, pensamentos, eventos ou outro,
pertencentes a diferentes cadeias associativas. Pode ocultar ou combinar algum
acontecimento ou fragmento do sonho latente no manifesto.
-Deslocamento: Mecanismo que permite substituir os conteúdos mais significativos de um
sonho por um menos importante, desfocando e dissimulando a realização do desejo.
-Representabilidade: Operação que permite transformar os pensamentos dos sonhos em
imagens visuais, construções oníricas.
-Elaboração secundária: Permite a apresentação do conteúdo onírico num cenário
coerente e inteligível, principalmente em estado de vigília.
https://www.psicanaliseclinica.com/conteudo-latente/
https://www.psicanaliseclinica.com/conteudo-latente/
-Dramatização: Permite a transformação de um pensamento numa dada situação do
sonho.
Os sonhos se valem dos restos diurnos, ocorrências de nosso dia a dia e que mantêm
alguma relação com o desejo inconsciente que se realiza no sonho.
É importante ressaltar que além da importância que a condensação exerce no trabalho
dos sonhos ele é encontrado de forma equivalente na formação de chistes, lapsos e
sintomas.
Para Freud, as deformações dos sonhos originam-se da censura, que se situa na
fronteira entre consciente e inconsciente, permitindo passar somente o que lhe for
agradável, retendo o resto sob repressão, constituindo o reprimido.
O aprofundamento da análise de um sonho incidirá no conteúdo latente que revelam a
realização de desejos eróticos.
Os sonhos também se valem dos símbolos, pois permite ao sonhador driblar a censura
retirando das representações sexuais sua inteligibilidade, desta forma distingue dois tipos
de símbolos
1. universais
2. individuais
● Atos Falhos
O ato falho é um equívoco na fala, memória ou em uma atuação física, provocada
hipoteticamente pelo inconsciente.
Esses atos são a chave para muitas questões que ficaram mal resolvidas dentro de nós.
Os atos falhos são diferentes do erro comum, pois este é resultado da ignorância ou
conveniência.
Os atos falhos mostraram os desejos recalcados no inconsciente:
-Em suma, podemos afirmar que os atos falhos serão nossos acertos ou são nossos
acertos, que a busca em achar a solução para muitos problemas é observar e atentar para
os nossos atos falhos.
1. Isto é um conteúdo insuportável, por trazer lembranças dolorosas e “escondidas” em
nosso inconsciente, pelo mecanismo do recalque ou recalcamento. Só se revelando
na forma de sintomas, como transtornos, fobias, sonhos, chistes e atos falhos.
2. É necessário dar atenção aos atos falhos, pois deles virão os ajustes certos
necessários.
A primeira tópica freudiana - sistemas: Inconsciente, Pré-Consciente e
Consciente.
Freud descobriu o inconsciente enquanto procurava elucidar a histeria. Quando ainda
estava usando a hipnose, ele havia compreendido, graças a JM Charcot e a M. Bernheim,
que as disfunções somáticas dos histéricos (paralisia, dor, etc.) não correspondiam às áreas
de inervação, mas a representações inconscientes do corpo. Sendo assim, iniciou sua obra
A Primeira Tópica.
Para explicar o fenômeno da não consciência, Freud elabora uma concepção do aparelho
psíquico, explicando o funcionamento mental, normal e patológico, a partir de suas
https://educacao.uol.com.br/biografias/jean-martin-charcot.htm#:~:text=Jean%20Martin%20Charcot%20M%C3%A9dico%20franc%C3%AAs&text=Jean%20Martin%20Charcot%20foi%20neurologista,Sigmund%20Freud%20seria%20seu%20aluno.
observações clínicas, seus estudos sobre os sonhos e neuroses. Para isso, utiliza a palavra
“aparelho” a partir de um modelo espacial, onde identifica uma organização psíquica,
dividida em três sistemas ou instâncias, com funções específicas, interligadas entre
si, num dado lugar na mente. Este “modelo tópico” designa um modelo de lugares. Esta
primeira tópica ficou conhecida como Teoria Topográfica.
Nesta primeira tópica Freud divide o aparelho psíquico em três sistemas:
1. o inconsciente,
2. o pré-consciente
3. o consciente.
1. O consciente ou sistema percepção-consciência representa apenas uma
pequena parte da mente, em que se inclui tudo aquilo que conhecemos, isto é, que
temos consciência. Enquanto localização o sistema percepção- consciência situa-se
na periferia do aparelho psíquico, recebe simultaneamente informações do mundo
exterior e do interior, sem, contudo, conservar nenhuma marca duradoura.
2. O pré-consciente articula-se com o consciente e funciona como uma espécie de
barreira seletiva que elege o que pode ou não passar para o consciente. Do ponto
de vista tópico, o pré-consciente seria uma parte do inconsciente, que, entretanto,
pode recuperar seus conteúdos armazenados pela evocação da memória, ou seja,
seus conteúdos tornam-se acessíveis, isto é, conscientes, com maior facilidade
podem ser trazidos à consciência. O que caracteriza o pré-consciente é a
possibilidade voluntária de se acessar seus conteúdos.
3. O sistema inconsciente representa a parte mais arcaica do aparelho psíquico. Nele
incluem-se, por herança genética, as pulsões e a energia correspondente a elas,
que não são acessíveis à consciência; também todo conteúdo que foi excluído da
consciência pelos processos psíquicos de censura e repressão, em que o conteúdo
censurado, que não pode ser lembrado, não se perde, mas permanece abrigado no
inconsciente.
Freud refere que a maior parte do aparelho psíquico é inconsciente, onde situam-se os
determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica e as pulsões (instintos).
No inconsciente situam-se as “representações coisa” ou “traços mnêmicos”, que são
fragmentos de reproduções de antigas percepções, dispostas e inscritas como se fosse um
arquivo sensorial, formando nossos contornos psíquicos. Este conjuntoque se refere às
vivências, sentimentos, percepções, eventos provenientes de nossos sentidos (auditivo,
gustativo, olfativo, tátil e visual) foram vividos num momento em que se prescindir da
palavra, formando um arsenal de representações fantasmáticas carregadas de energia
pulsional, que continuam habitando nosso universo inconsciente.
MÓDULO 3
● A segunda Tópica freudiana: id, ego e superego.
● Pulsões e sexualidade; pulsão de vida e pulsão de morte.
A segunda Tópica freudiana: id, ego e superego.
A partir de 1920 a conceituação freudiana sofre uma mudança, o psiquismo passa a ser
concebido como três lugares (topos = lugar) que definiriam o aparelho psíquico e,
consequentemente, o modo como se vai investigar, entender e trabalhar.
Esta nova designação - conhecida como segunda tópica – inclui as instâncias:
1. id
2. ego
3. superego
e vem substituir a primeira, sem, contudo, eliminá-la, onde figuravam as denominações:
inconsciente, pré-consciente e consciente, s.
A diferença mais importante entre as duas tópicas é a de que, nesta segunda, não
encontramos uma separação radical entre os diferentes lugares ora designados, ou seja, os
limites entre id, ego e superego estarão na estrita dependência dos movimentos pulsionais,
o que implicará uma nova forma de pensar as relações entre elas e do sujeito com a
realidade.
ID-
Dentre as estruturas apresentadas por Freud, o ID é a mais arcaica, sendo considerado
uma espécie de reservatórios de impulsos caóticos e irracionais, construtivos e destrutivos e
não harmonizados entre si ou com a realidade exterior. Ou seja, é um aglomerado de
impulsos (ou pulsões) sem organização e sem direção.
Portanto, o ID tem as seguintes características:
● não faz planos e não espera;
● busca uma solução imediata para as tensões;
● não aceita frustrações e não conhece inibição;
● não tem contato com a realidade;
● busca satisfação na fantasia;
● pode ter o mesmo efeito de uma ação concreta para atingir um objetivo.
SUPEREGO-
Instância psíquica que através do EGO busca controlar o ID, ou seja, o SUPEREGO é uma
modificação do EGO que ainda não se encontra desenvolvido o suficiente para atender às
exigências do ID. Ele é responsável pela imposição de sanções, normas e padrões, e tem
sua formação pela introdução dos conteúdos que vem dos pais.
https://www.psicanaliseclinica.com/id-ego-e-superego/
https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-superego-conceito-e-funcionamento/
Além disso, o SUPEREGO busca a perfeição moral reguladora e tende a reprimir toda e
qualquer infração que possa causar prejuízo à mente.
O superego tem três objetivos:
● inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às
regras e ideais por ele ditados (consciência moral);
● forçar o ego a se comportar de maneira moral (mesmo que irracional);
● conduzir o indivíduo à perfeição, seja em gestos ou pensamentos.
EGO-
Para Freud, o nascimento do Ego vem da primeira infância, onde os laços afetivos e
emocionais com os “pais” costumam ser intensos. Essas experiências, que se figuram na
forma de orientações, sanções, ordens e proibições, vão fazer com que a criança registre
no inconsciente essas emoções subjetivas. Emoções essas que vão dar ”corpo” à sua
estrutura psíquica e egóica.
A função mediadora do Ego
Constituído de traços mnêmicos antigos (lembranças afetivas da infância), o Ego possui sua
maior parte consciente, mas também ocupa um espaço no inconsciente.
Ele é, portanto, a principal instância psíquica e que tem por função de mediar, integrar e
harmonizar:
● as constantes pulsões do ID;
● as exigências e ameaças do SUPEREGO;
● além das demandas vindas do mundo externo.
Comparando a primeira e a segunda tópicas freudianas
A teoria topográfica de Freud (consciente, pré-consciente e inconsciente) distingue-se da
teoria estrutural (ego, id, superego).
Não são teorias incompatíveis; Freud não abandonou uma em detrimento de outra. Mesmo
depois que Freud elaborou a teoria estrutural (segunda tópica), continuou adotando em
seus trabalhos os conceitos de consciente e inconsciente (primeira tópica).
Justapondo a primeira e a segunda tópicas freudianas em uma única imagem, e
considerando a metáfora (ou alegoria) do iceberg em Freud (isto é, apenas uma parte para
fora d’água representa a mente acessível ao consciente, todo o resto está submerso em
pré-consciência e, principalmente, inconsciência), teríamos:
https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-ego/
https://www.psicanaliseclinica.com/consciente-pre-consciente-e-inconsciente/
https://www.psicanaliseclinica.com/id-ego-e-superego/
https://www.psicanaliseclinica.com/a-metafora-do-iceberg-para-freud/
Da análise da imagem acima, é importante notar que, se quisermos relacionar um teoria
freudiana com a outra:
● O id é TODO inconsciente (todo submerso),
● mas o inconsciente não é inteiro Id (uma parte do que está submerso é também
ego e superego);
● O inconsciente engloba o Id todo e partes do superego e do ego.
Não pense você que:
● Apenas o id é inconsciente: se assim o fosse, por que Freud criaria uma outra
teoria? Ele só diria que são as mesmas coisas, com outros nomes.
● O Inconsciente seja um “lugar” no cérebro, precisamente delimitado, embora
existam estudos na neurologia que apontem regiões cerebrais mais “conscientes” e
outras mais “inconscientes”.
Então, se tivermos de comparar as duas teorias de Freud, diríamos que:
● o Id é TODO inconsciente, como já dissemos.
● O ego é parte consciente (da lógica racional e do que estamos pensando agora,
por exemplo) e parte inconsciente (dos mecanismos de defesa do ego, por ex.).
● O superego é parte consciente (das regras morais que estamos cientes que
existem, como “não matar”) e parte inconsciente (das crenças e valores que temos e
que acreditamos serem naturais, por exemplo contidos na linguagem, no discurso,
na religião, na forma de vestir, na forma de diferenciar os gêneros etc.).
Então, é possível dizer que ego e superego tenham parte consciente e parte inconsciente,
sendo o Id inteiro inconsciente.
"O Eu procura atender as exigências do mundo externo, mas também procura ser um fiel servidor do
Id, manter-se em harmonia com este. Por outro lado, o rigoroso Superego observa cada um de seus
passos, lhe impõe determinadas normas de conduta, sem levado em conta as dificuldades que possa
encontrar da parte do Id e do mundo externo, e no caso de inobservância destas normas, o castiga
com sentimentos de culpa e inferioridade. Em suma, impulsionado pelo Id, pressionado pelo
Superego, repelido pela realidade, o Eu luta para realizar sua tarefa econômica, por estabelecer
harmonia entre as forças que atuam dentro dele e sobre ele, e compreendemos porque com tanta
frequência é impossível sufocar a expressão: 'A vida não é fácil."
https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-id/
https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-ego/
https://www.psicanaliseclinica.com/o-que-e-superego-conceito-e-funcionamento/
Pulsões e sexualidade
A teoria pulsional de Freud, já que esta se insere na compreensão do funcionamento
psíquico do ponto de vista dinâmico.
Pulsão será definida, já em 1905, como: “... a representação psíquica de uma fonte
endossomática de estimulação que fluem continuamente, em contraste com a estimulação
produzida por excitações esporádicas e externas. A pulsão, portanto, é um dos conceitos da
demarcação entre o psíquico e o somático” (FREUD, 1905; p. 159).
Assim, pulsão difere radicalmente de instinto e não se reduz às simples atividades sexuais
que costumam ter bem delimitado tanto seus objetivos, quanto seus objetos; é um impulso,
e a libido constitui-se em sua energia.
Além desta diferença em relação ao instinto, a pulsão é formada, em seu caráter sexual,
como um conjunto de pulsões parciais, cuja soma constitui a base da sexualidade
infantil. Encontra inicialmente apoio em atividades somáticas, ligadas a determinadas
zonas do corpo, as quais, dessa maneira, adquirem o estatuto de zonas erógenas. Este
início da constituição pulsional é o que significaseu caráter limítrofe - seu limite está
entre psíquico e o somático, sendo, assim, a pulsão é o representante psíquico das
excitações provenientes do corpo e que chegam ao psiquismo.
São quatro as características da pulsão: a fonte, a força, o alvo e o objeto:
1. Fonte – A fonte das pulsões é o processo somático, localizado numa parte do corpo
ou num órgão, cuja excitação é representada no psiquismo pela pulsão.
2. Força – Força ou pressão constitui a própria essência da pulsão e a situa como o
motor da atividade psíquica.
3. Alvo – Alvo ou satisfação, pressupõe a eliminação da excitação que se encontra na
origem da pulsão; esse processo pode comportar alvos intermediários ou até
fracassos, ilustrados pelas pulsões - chamadas de pulsões “inibidas quanto ao alvo”
-que se desviam parcialmente de sua trajetória e, por último, o objeto da pulsão é o
meio de ela atingir seu alvo, e nem sempre lhe está originalmente ligado, o que
significa dizer que em termos de pulsão, o objeto é contingente.
4. Objeto - As pulsões sexuais podem ter quatro destinos: a inversão, a reversão para
a própria pessoa, o recalque e a sublimação.
Freud define dois grupos de pulsões:
1. as sexuais.
2. autoconservação
considerando que elas não se opõem, mas colaboram entre si, sendo que as pulsões
sexuais se apóiam nas funções de autoconservação para descarga e extravasamento.
Um exemplo é aquele em que o pequeno bebê depois de saciar sua fome (que enquanto
pulsão de autoconservação refere-se à uma necessidade, que após satisfeita por um objeto
específico – o leite/alimento - torna-se saciada) demonstra existir um excedente de energia,
que continua existindo, mas não se sacia com o leite – objeto específico – por isso continua
sugando, garantindo o extravasamento da excitação oral, e simultaneamente “sexualiza” ou
“erotiza”, isto é “subverte” a função associada a esta.
Pulsão de vida e pulsão de morte.
Na teoria de Freud, pulsão designa a representação psíquica de estímulos originados no
organismo e chegam até a mente. É como se fosse um impulso energético agindo
internamente, de modo que conduz e molda as nossas ações. O comportamento resultante
se diferencia do gerado por decisões, já que este é interno e inconsciente.
Pulsão de vida:
A pulsão de vida dentro da Psicanálise fala a respeito da conservação de unidades e
dessa tendência. Basicamente, se trata de preservar a vida e existência de um
organismo vivo. Assim, se cria movimentos e mecanismos que ajudem a mover alguém
em escolhas que priorizem sua segurança.
A partir daí se alimenta uma ideia de ligamento, de modo que se possa juntar partes
menores para formar unidades maiores. Além de formar essas estruturas maiores, o
trabalho também é fazer a conservação delas.
Para exemplificar, pense em células que encontram condições favoráveis, se multiplicando
e criando um novo corpo.
Em suma, a pulsão de vida almeja estabelecer e manusear formas de organização que
ajudem a proteger a vida. Trata-se de ser constante positivamente, de modo que um ser
vivo se direcione à preservação.
Pulsão de morte:
A pulsão de morte indica a redução por completo das atividades de um ser vivo. É
como se a tensão se reduzisse ao ponto de que uma criatura viva atinja o estado de
inanimamente e inorgânico. A meta é fazer o caminho inverso ao crescimento, nos
levando à nossa forma mais primitiva de existência.
A pulsão por morte mostra caminhos para que um ser vivo caminhe em direção ao seu
fim sem interferência externa. Dessa maneira, retorna ao seu estágio inorgânico do seu
próprio modo. De forma poeticamente fúnebre, o que sobra é o desejo de cada um morrer
ao seu próprio modo.
Exemplo;
A pulsão de morte pode ser encontrada em diversos aspectos de nossas vidas, mesmo
naqueles mais simples. Isso porque a destruição em suas formas faz parte de tudo que é
ligado à vida e precisa de um fim.
A pulsão de vida e a pulsão de morte designam movimentos naturais para o limiar da
existência. Enquanto a outra se inclina à preservação, a outra faz o caminho oposto, de
modo a erradicar uma existência. A todo o momento cada uma dá sinais de assumir o
controle, desde ações mais simples ou eventos determinantes.

Outros materiais