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Contribuição do paradigma Marxista para compreensão das políticas sociais

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A Contribuição do Paradigma Marxista para a compreensão da Política Social
● A política social é compreendida enquanto  um processo e resultado de relações
complexas e contraditórias que se estabelecem entre Estado e sociedade civil, no
âmbito dos conflitos e lutas de classes que envolvem o processo de produção e
reprodução do capitalismo.
● Desde as análises de Marx sobre a legislação fabril inglesa, até as produções mais
recentes no campo marxista, principalmente a partir de 1970, problematiza­se o
surgimento e o desenvolvimento das políticas sociais no contexto da acumulação
capitalista e da luta de classes, com a perspectiva de demonstrar seus limites e
possibilidades na produção do bem estar nas sociedades capitalistas. Sociedade de
Classes incompatível com a igualdade.
● O campo marxista não é homogêneo ­ alguns autores restringem as análises das
políticas sociais a explicações unilaterais e empobrecidas.
● Explicações unilaterais : situam a emergência de políticas sociais como iniciativa
exclusiva do Estado para responder a demandas da sociedade e garantir a hegemonia
ou, em outro extremo, explicam sua existência exclusivamente como decorrência da
luta e pressão da classe trabalhadora. (Em ambas visões predomínio da visão do
Estado como esfera pacífica desprovido de interesses e luta de classes.
● Nesta direção também temos abordagens que, ao estudar s efeitos ds políticas sociais,
as compreendem apenas como funcionais à acumulação capitalista, tanto do ponto de
vista econômico quanto político. No aspecto econômico, as políticas sociais assumem a
função de reduzir os custos da reprodução da força de trabalho e elevar a produtividade
bem como manter elevados níveis de demanda e consumo, em épocas de crise. No
aspecto político, as políticas sociais são vistas como mecanismos de cooptação e
legitimação da ordem capitalista através da adesão dos trabalhadores ao sistema.
Tais enfoques não são em si equivocados, pois as políticas sociais assumem de fato essas
configurações. Mas são insuficientes e unilaterais porque não exploram suficientemente as
contradições inerentes os processos sociais e, em consequência, não reconhecem que as
políticas sciais odem ser centrais na agenda de luta dos trabalhadores e no cotidiano de suas
vidas, quando conseguem garantir ganhos para os trabalhadores e impôr limites aos ganhos do
capital.
MÉTODO CRÍTICO­DIALÉTICO
e
Compreensão das Políticas Sociais
A realidade é totalidade concreta, o que significa que ela é um todo estruturado, dialético, onde o geral ­ que
é a conexão interna dos fatos ­ está contido nas partes e as partes são o reflexo de um determinado
contexto. Para conhecer a realidade, é necessário atingir a sua essência. Entretanto, a essência não se
revela imediatamente. Para atingí­la é necessário destruir a pseudoconcreticidade, que são os fenômenos
existentes na vida cotidiana que se expressam de modo regular, imediato e evidente e que penetram na
consciência dos indivíduos na forma de um aspecto independente e natural. Segundo Kosík, é constitutivo
do mundo da pseudoconceticidade: “O mundo dos fenômenos externos  que se desenvolvem à supeficie
dos processos realmente essenciais; o mundo do tráfico e da manipulação,isto é, da práxis fetichizada dos
homens (a qual não coincide com a práxis revolucionária da humanidade; o mundo das representações
comuns, que são projeções dos fenômenos externos na consciência dos homens, produto da práxis
fetichizada , formas ideológicas de seu movimento; o mundo dos objetos fixados, que dão a impressão de
ser condições naturais e não imediatamente reconhecíveis como resultado da atividade social dos
homens.” (1976:11)
Assim, segundo o autor,
“Captar o fenômeno de determinada coisa significa indagar e descrever como a coisa em si se manifesta
naquele fenômeno, e como ao mesmo tempo nele se esconde. Compreender o fenômeno é atingir a
essência. Sem o fenômeno, sem a sua manifestação e revelação a essência seria inatingível”.
O caminho metodológico para a compreensão da realidade enquanto totalidade concreta requer a
utilização do instrumento da abstração, que é o recurso utilizado pela razão humana com vistas a
ultrapassar a imediaticidade, captando­a nas suas conexões internas.
Considerando que a realidade não é apreendida na sua imediaticidaade, visto ser ela a síntese de múltiplas
determinações onde a essência ao mesmo tempo em que se manifesta se esconde, o conhecimento da
totalidade concreta se dá através de um processo sintético em que a razão teórica reproduz a realidade no
plano do pensamento enquanto um “concreto pensado” retornando a esta realidade não a vendo mais
como uma representação caótica do todo. Entretanto, este movimento realizado pela razão humana, que
vai do abstrato para o concreto e vice­versa, apenas reproduz o real apreendido através de categorias
lógicas, pois realidade aparece no pensamento como um processo de síntese, enquanto resultado e não
como o ponto de partida.
Tal reprodução reflexiva do real se constitui numa árdua tarefa da razão humana, visto que ao sujeito
cognoscente é necessário a incorporação de objetivações humanas, ou seja, é necessário uma riqueza de
conhecimentos de amplas esferas do saber humano. Assim, o método dialético constitui um caminho
metodológico que se dá através de aproximações sucessivas, pois está sempre buscando a totalidade
sem portanto alcançá­la, visto o nível de complexidade das totalidades constitutivas da realidade. (Pontes,
1997:72).
A partir desta perspectiva metodológica, as políticas sociais não podem ser percebidas apenas em sua
expressão fenomênica. Ela deve ser captada no movimento essencial da sociedade burguesa, desde suas
origens até os dias de hoje. Sendo assim, as políticas sociais não podem ser analisadas somente a partir
de sua expressão imediata como fato social isolado. Ao contrário, devem ser situadas como expressão
contraditória da realidade, que é unidade dialética do fenômeno e da essência.
Nessa perspectiva, o estudo das políticas sociais deve considerar sua múltipla causalidade, as conexões
internas, as relações entre suas diversas manifestações e dimensões.
Do ponto de vista histórico, é preciso relacionar o surgimento da política social às expressões da questão
social que possuem papel determinante em sua origem (e que dialeticamente também sofrem efeitos da
política social). Do ponto de vista econômico se faz necessário estabelecer relações da política social com
as questões estruturais da economia e seus efeitos para as condições de produção e reprodução da vida
da classe trabalhadora . Ou seja, relacionar a política social às determinações econômicas que, em cada
momento histórico atribuem um caráter específico ou uma dada configuração ao capitalismo e às políticas
sociais, assumindo assim um caráter histórico estrutural. Do ponto de vista político  preocupa­se em
reconhecer e identificar as posições tomadas pelas forças políticas em confronto, desde o papel do Estado
até a atuação de grupos que constituem as classes sociais e cuja ação é determinada pelos interesses de
classe em que se situam.
Essas dimensões ­ história, economia, política e cultura ­ não podem e nem devem ser entendidas como
partes estanques que se isolam ou se complementam, mas como elementos da totalidade, profundamente
imbricados e articulados. Uma dimensão fundamental e orientadora da análise é a ideia de que a produção
(núcleo cental da vida social)é inseparável do processo de reprodução.
Elementos essenciais para a anális das políticas sociais sob o enfoque dialético :
● Natureza do capitalismo, seu grau de desenvolvimento e as estratégias de acumulação
prevalecentes.
● Papel do Estado na regulação e implementação das políticas sociais.
● O papel das classes sociais.
Nessa direção não se pode explicar a gênese e desenvolvimento das políticas sociais sem compreender
sua articulação com a política econômica e a luta de classes.
Aspectos centrais da política econômica que devem ser analisadas :
 Índices de inflação, taxas de juros,taxas de importação\exportação, distribuição do PIB no
orçamento das políticas econômica e social, grau de autonomia do Estado na condução da
política econômica, acordos assinados com organismos internacionais, grau de acumulação e
concentração da riqueza socialmente produzida, de modo a mostrar seus efeitos sobre a
conformação das políticas sociais.
No âmbito político :
Compreender o papel do Estado e sua relação com os interesses das classes sociais,                         
sobretudo na condução das políticas econômica e social, de modo a identificar se dá mais                           
ênfase aos investimentos sociais ou privilegia políticas econoômicas; se atua na formulação,                     
regulação e ampliação (ou não)de direitos sociai; se possui autonomia nacional na definição                       
das modalidades e abrangência das políticas sociais ou segue imperativos dos organismos                     
internacionais; se investe em políticas estruturantes de geração de emprego e renda; se                       
fortalece e respeita a autonomia dos movimentos sociais; se a formulação e implementação de                         
direitos favorece os trabalhadores ou os empregadores.
Ou seja, deve avaliar o caráter e as tendências da ação estatal e identificar os interesses que                               
se beneficiam de suas decisões ou ações.
Identificar as forças políticas que se organizam no âmbito da sociedade civil e interferem na                           
conformação da política social ­ Sujeitos coletivos de apoio e\ou de resistência a determinada                         
política social, bem como de vinculação a interesses de classe.
Dimensão cultural:
Está relacionada a política, considerando que os sujeitos políticos são portadores de valores e                         
ethos de seu tempo ­ Articulação das políticas sociais às estratégias de hegemonia.
Método articulado a um projeto de transformação social.

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