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17. MARIA DA PENHA

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30
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/2006)
Por Roberto Lobo
 
SUMÁRIO
1	DISPOSIÇÕES GERAIS	4
1.1	FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL E CONVENCIONAL.	4
1.2	HISTÓRICO NO BRASIL	4
1.3	NATUREZA DA LEI	5
1.4	OBJETO DA LEI	5
1.5	AÇÕES AFIRMATIVAS	5
1.6	PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA	6
2	DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER	6
2.1	CONDUTA	6
2.2	ÂMBITOS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA	7
2.3	ELEMENTO SUBJETIVO NA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA	9
2.4	SUJEITOS DA VIOLÊNCIA DOMESTICA E IRRELEVÂNCIA DA ORIENTAÇÃO SEXUAL.	9
2.5	FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA	11
2.5.1	VIOLÊNCIA FÍSICA	12
2.5.2	VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA	12
2.5.3	VIOLÊNCIA SEXUAL	12
2.5.4	VIOLÊNCIA PATRIMONIAL	12
2.5.5	VIOLÊNCIA MORAL	13
3	FORMAS DE PREVENÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA	13
4	FORMAS DE ASSISTÊNCIA À MULHER	14
5	DAS MEDIDAS TOMADAS PELO DELEGADO DE POLÍCIA	15
6	DOS PROCEDIMENTOS	17
7	VEDAÇÃO À APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95	20
8	MEDIDAS PROTETIVAS DA LEI 11.340/06	23
8.1	NATUREZA JURÍDICA	23
8.2	PROCEDIMENTO	23
9	DEMAIS DISPOSITIVOS	28
9.1	DO MINISTÉRIO PÚBLICO	28
9.2	DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA	29
9.3	DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR	29
9.4	DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS	29
9.5	DISPOSIÇÕES FINAIS	30
10	DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO	31
11	BIBLIOGRAFIA	31
ATUALIZADO EM 26/02/2018[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/06)
	DISPOSIÇÕES GERAIS
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL E CONVENCIONAL. 
A Lei n° 11.340/06 foi criada não apenas para atender ao disposto no art. 226, § 8°, da Constituição Federal, segundo o qual "o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações", mas também de modo a dar cumprimento a diversos tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil. 
HISTÓRICO NO BRASIL
Até 1990, a violência, em geral, tinha um tratamento uniforme, que era basicamente o Código Penal (não importa se contra idosos, crianças, mulher, etc). A partir de 1990 começou um “espírito de especialização da violência”. Houve a lei 8.069/90 (violência contra criança e adolescente – ECA). No mesmo ano veio a lei 8.072/90 (Hediondos), 8.078/90 (consumidor), lei 9.099/95, lei 9.455/97, lei 9.503/97, lei 9.605/98, estatuto do idoso. As estatísticas justificaram o novo tratamento dessas violências, já que o CP não tratava delas de maneira eficiente. 
Apesar do mandamento constitucional do art. 226, § 8°, e dos diversos Tratados Internacionais firmados pelo Brasil, a Lei n° 11.340/06 surgiu apenas no ano de 2006, para atender à recomendação da OEA decorrente de condenação imposta ao Brasil no caso que ficou conhecido como "Maria da Penha".
Foi nesse espírito que nasceu a lei 11.340/06, sobre violência doméstica e familiar contra a mulher, também se baseando em estatística. 
NATUREZA DA LEI
Não se pode dizer que a presente lei tem conteúdo penal, uma vez que ela não prevê tipos penais que configurem violência doméstica e familiar contra a mulher. Da mesma forma, o seu conteúdo não tem nenhuma norma ligada ao exercício do jus puniendi. Na realidade, esta lei tem conteúdo processual penal (arts. 12, 15, 18, 19, 20, entre outros), mas, também trata de questões ligadas ao direito civil (arts. 23, 24, 25, ente outros). Assim, pode-se dizer que a lei tem conteúdo misto.
 OBJETO DA LEI
A lei nº 11.340/2006 positivou no Direito brasileiro a coibição da violência doméstica e familiar contra a mulher e disciplinou diversas questões ligadas a essa temática, como a assistência à mulher em situação de violência doméstica, as medidas de integração e de prevenção, o atendimento da mulher pela autoridade policial e os procedimentos a serem adotados, a competência para o processo e o julgamento de casos que envolvam a violência doméstica e familiar contra a mulher, as medidas protetivas de urgência, a atuação do Ministério Público, a assistência judiciária e a equipe de atendimento multidisciplinar, além de outras questões.
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
São quatro as finalidades, nenhuma com ligação ao Direito Penal.
· Coibir e Prevenir a Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
· Prestar assistência à mulher vítima de violência doméstica e familiar;
· Proteção para a Mulher Vítima;
· Criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (não tem nada a ver com os Juizados da lei 9.099/95). 
AÇÕES AFIRMATIVAS 
Conjunto de ações, programas e políticas especiais e temporárias que buscam reduzir ou minimizar os efeitos intoleráveis da discriminação em razão de gênero, raça, sexo, religião, deficiência física, ou outro fator de desigualdade. Buscam incluir setores marginalizados num patamar satisfatório de oportunidades sociais, valendo-se de mecanismos compensatórios. Esses programas de ação afirmativa não se colocam em rota de colisão com o princípio da igualdade, potencializando, pelo contrário, expectativas compensatórias e de inserção social de parcelas historicamente marginalizadas. Destinam-se, pois, a equacionar distorções arraigadas ou minorar-lhes as consequências antissociais. 
Não violam o princípio da igualdade, pois há uma discriminação positiva e não negativa: 
#DEOLHONAJURIS - Inf. 654 do STF - Não há violação do princípio constitucional da igualdade no fato de a Lei n. 11.340/06 ser voltada apenas à proteção das mulheres.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA - Inf. 825 do STF - Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em violência doméstica. Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência doméstica. Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. O STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou desnecessidade de pena.
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontadeexpressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
CONDUTA
O legislador discriminou o que configura a violência doméstica e familiar contra a mulher. Nesse sentido, abrangeu QUALQUER AÇÃO OU OMISSÃO que possa configurar a morte, a lesão, o sofrimento físico, sexual ou psicológico e o dano moral ou patrimonial na mulher em situação de violência doméstica e familiar. 
ÂMBITOS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Estabeleceram-se nos incisos os 3 âmbitos onde estará configurada a violência doméstica e familiar contra a mulher (BASTA QUE SEJA EM UM DOS 3): 
	ÂMBITO DA UNIDADE DOMÉSTICA
	ÂMBITO DA FAMÍLIA.
	QUALQUER RELAÇÃO ÍNTIMA DE AFETO
	Espaço de convívio permanente de pessoas, COM OU SEM VÍNCULO FAMILIAR, INCLUSIVE AS ESPORADICAMENTE AGREGADAS. 
Leva em conta apenas o aspecto espacial. Nessa hipótese, o importante é que a mulher deve fazer parte desse espaço de convívio permanente. 
Não se exige o vínculo familiar, o que significa dizer que a violência doméstica contra a mulher pode ocorrer fora dos casos de marido e mulher, podendo ser vítima a empregada doméstica, por exemplo. 
	Comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
Indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa Aqui importam os laços, pouco importando o lugar, pouco importando se há coabitação.
	Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, INDEPENDENTEMENTE DE COABITAÇÃO.
Ao referir-se a qualquer relação íntima de afeto, o legislador abarcou a necessidade de o agressor conviver ou ter convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Na relação íntima de afeto, o importante é que haja um relacionamento entre duas pessoas, seja ele baseado na amizade, seja ele baseado em qualquer sentimento que um tiver pelo outro. É possível namorado e namorada, desde que não seja uma relação passageira, mas íntima.
*#SÚMULA #NOVIDADE: Súmula 600 – STJ: Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima.
#DEOLHONAJURIS:
- Inf. 499 do STJ - É possível a aplicação da Lei Maria da Penha para violência praticada por irmão contra irmã, ainda que eles nem mais morem sob o mesmo teto. É preciso que a relação existente entre o sujeito ativo e o passivo seja analisada em face do caso concreto. No caso julgado, segundo o STJ, o indivíduo se valeu de sua autoridade de irmão para subjugar a sua irmã, com o fim de obter para si o controle do dinheiro da pensão. Na hipótese, o indivíduo teria ido ao apartamento da sua irmã fazendo várias ameaças de causar-lhe mal injusto e grave, além de ter provocado danos materiais em seu carro, causando-lhe sofrimento psicológico e dano moral e patrimonial, no intuito de forçá-la a abrir mão do controle da pensão que a mãe de ambos recebe.
Lei n. 11.340/06: Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
A Lei 11.340/06 buscou proteger não só a vítima que coabita com o agressor, mas também aquela que, no passado, já tenha convivido no mesmo domicílio, contanto que haja nexo entre a agressão e a relação íntima de afeto que já existiu entre os dois. 
- Inf. 524 do STJ - Crime praticado por nora contra sogra. É do juizado especial criminal — e não do juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher — a competência para processar e julgar ação penal referente a suposto crime de ameaça (art. 147 do CP) praticado por nora contra sua sogra na hipótese em que não estejam presentes os requisitos cumulativos de relação íntima de afeto, motivação de gênero e situação de vulnerabilidade.
- Inf. 551 do STJ - Aplicação da Lei Maria da Penha para agressão de filha contra a mãe. É possível a incidência da Maria da Penha nas relações entre MÃE e FILHA. O objeto de tutela da Lei é a mulher em situação de vulnerabilidade, não só em relação ao cônjuge ou companheiro, mas também qualquer outro familiar ou pessoa que conviva com a vítima, independentemente do gênero do agressor. O sujeito ativo do crime pode ser tanto o homem como a mulher, desde que esteja presente o estado de vulnerabilidade caracterizado por uma relação de poder e submissão.
ELEMENTO SUBJETIVO NA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
À primeira vista, considerando-se que o art. 5° e os incisos do art. 7° não estabelecem qualquer distinção, poder-se-ia pensar que toda e qualquer infração penal dolosa ou culposa seria capaz de configurar violência doméstica e familiar contra a mulher.
No entanto, se se trata de violência de gênero (art. 5°, caput: “ação ou omissão baseada no gênero”), DEVE FICAR EVIDENCIADA A CONSCIÊNCIA E A VONTADE DO AGENTE DE ATINGIR UMA MULHER EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE, O QUE SOMENTE SERIA POSSÍVEL NA HIPÓTESE DE CRIMES DOLOSOS. 
SUJEITOS DA VIOLÊNCIA DOMESTICA E IRRELEVÂNCIA DA ORIENTAÇÃO SEXUAL. 
SUJEITO ATIVO - Para a caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher, não é necessário que a violência seja perpetrada por pessoas de sexos distintos. O agressor tanto pode ser um homem (união heterossexual) como outra mulher (união homoafetiva). Basta atentar para o disposto no art. 5°, pú, que prevê que as relações pessoais que autorizam o reconhecimento da violência doméstica e familiar contra a mulher independem de orientação sexual. 
Portanto, lésbicas, travestis, transexuais estão ao abrigo da Lei Maria da Penha, quando a violência for perpetrada entre pessoas que possuem relações domésticas, familiares e íntimas de afeto. 
Quanto à violência doméstica perpetrada por uma mulher contra outra, a maioria da doutrina entende não há como se afastar a aplicação da Lei Maria da Penha, desde que comprovada uma relação de hipossuficiência e superioridade. Explico:
Nas hipóteses de violência doméstica e familiar perpetrada por um homem contra a mulher, para Renato Brasileiro, há verdadeira presunção absoluta de vulnerabilidade. A desigualdade entre os gêneros feminino e masculino pode ser facilmente constatada, seja pela maior força física do homem, seja pela posição de superioridade que geralmente ocupa no seio familiar e social. 
Por outro lado, quando esta mesma violência é perpetrada por uma mulher contra outra no seio de uma relação doméstica, familiar ou íntima de afeto, não há falar em presunção absoluta de vulnerabilidade do gênero feminino. Trata-se, na verdade, de presunção relativa. Para a configuração da violência doméstica e familiar contra a mulher, é indispensável que a vítima esteja em situação de hipossuficiência física ou econômica, em condição de vulnerabilidade, enfim, que a infração penal tenha como motivação a opressão à mulher. 
Nesse contexto, como já se pronunciou o STJ, "delito contra honra, envolvendo irmãs, não configura hipótese de incidência da Lei n° 11.340/06, que tem como objeto a mulher numa perspectiva de gênero e em condições de hipossuficiência ou inferioridade física e econômica”. No entanto, se esta mesma violência for perpetrada no âmbito de uma união homoafetiva, demonstrando-se que a agressora ocupava uma posição de superioridade hierárquica em relação à vítima, que dela dependia economicamente por exercer funções meramente domésticas, não se pode descartar a possibilidade de aplicação da Lei Maria da Penha, porquanto evidenciada a posição de vulnerabilidade do sujeito passivo.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA - Inf. 539 - A Lei presume a hipossuficiência da mulher vítima de violência doméstica.O fato de a vítima ser figura pública renomada não afasta a competência do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher para processar e julgar o delito. Isso porque a situação de vulnerabilidade e de hipossuficiência da mulher, envolvida em relacionamento íntimo de afeto, revela-se ipso facto, sendo irrelevante a sua condição pessoal para a aplicação da Lei Maria da Penha. Trata-se de uma presunção da Lei.
SUJEITO PASSIVO - Especificamente em relação ao sujeito passivo da violência doméstica e familiar, há uma exigência de uma qualidade especial: ser mulher. Portanto, revela-se inviável a aplicação da Lei Maria da Penha nas hipóteses de violência contra homens, mesmo quando originadas no ambiente doméstico ou familiar. 
#ATENÇÃO – Apesar de não poder ser sujeito passivo na lei Maria da Penha, o homem pode ser vítima de violência doméstica e familiar, nas situações dos arts. 129, §§ 9, 10 e 11 do CP.
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9ºdeste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
#DEOLHONAJURIS - Inf. 501 do STJ – Lesão corporal (qualificadora no caso de violência doméstica) - A qualificadora prevista no § 9º do art. 129 do CP aplica-se também às lesões corporais cometidas contra HOMEM no âmbito das relações domésticas.
#OLHAOGANCHO - A lei 11.340/06 somente abrange mulher (violência de gênero), mas é possível aplicar-se as medidas de proteção para criança, adolescente, idoso, pessoa portadora de necessidades especiais e enfermo (são todos vulneráveis), mesmo que homens. Neste caso, o juiz se valerá do seu poder geral de cautela, na forma do artigo 313, inciso III, do CPP. 
Coach, é possível a aplicação da Lei Maria da Penha para o transexual? Primeiramente, cumpre esclarecer que transexual não se confunde com homossexual, bissexual, intersexual ou mesmo com travesti. O transexual é aquele que sofre uma dicotomia físico-psíquica, possuindo um sexo físico distinto de sua conformação sexual psicológica. Tem prevalecido que a lei Maria da Penha pode ser aplicada ao transexual.
#ATENÇÃO - Na hipótese de uma mesma agressão ser perpetrada contra vítimas de sexos diferentes, estará sujeita à Lei Maria da Penha apenas a violência contra a vítima do sexo feminino. Entretanto, diante da conexão probatória entre os dois crimes, é possível a reunião dos processos perante o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Nesse caso, os institutos despenalizadores da Lei 9.099/95 só poderão ser aplicados em relação à infração de menor potencial ofensivo cometida contra a vítima do sexo masculino, vez que não se admite a aplicação da Lei n° 9.099/95 aos crimes e contravenções praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei n° 11.340/06, art. 41).
FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Percebe-se que a Lei Maria da Penha utiliza o termo "violência" em sentido amplo, abarcando não apenas a violência física, como também a violência psicológica, sexual, patrimonial e moral. 
Para o reconhecimento da violência contra a mulher, basta a presença alternativa de um dos incisos do art. 7°, em combinação alternativa com um dos âmbitos do art. 5° (âmbito da unidade doméstica, âmbito da família ou em qualquer relação íntima de afeto). Logo, a violência doméstica e familiar contra a mulher estará configurada tanto quando uma mulher for vítima de violência sexual no âmbito da unidade doméstica, quando contra ela for perpetrada violência psicológica numa relação íntima de afeto, por exemplo. 
O art. 7° faz uso da expressão "entre outras", portanto não se trata de um rol taxativo, mas sim exemplificativo. Logo, é perfeitamente possível o reconhecimento de outras formas de violência doméstica e familiar contra a mulher. Tem-se aí verdadeira hipótese de interpretação analógica.
VIOLÊNCIA FÍSICA
Qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal da vítima. A ofensa à integridade corporal é a lesão que afeta órgãos, tecidos ou aspectos externos do corpo, como fraturas, ferimentos, equimoses e lesão de um músculo. Podemos citar as diversas espécies de lesão corporal (CP, art. 129), o homicídio (CP, art. 121) e até mesmo a contravenção penal de vias de fato (Dec.-Lei n° 3.688/41, art. 21).
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
Qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima da mulher ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões. Pode causar neuroses, depressão, entre outras, ainda que de forma transitória. 
Crimes como o constrangimento ilegal (CP, art. 146), a ameaça (CP, art. 147), e o sequestro e cárcere privado (CP, art. 148), podem ser citados como exemplos de infrações penais que materializam essa violência psicológica.
VIOLÊNCIA SEXUAL
Qualquer conduta ligada à dignidade sexual da mulher de forma não consentida por ela. 
VIOLÊNCIA PATRIMONIAL
Qualquer conduta ligada aos objetos, instrumentos de trabalho da vítima, bem como seus documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. NOTE-SE QUE, MESMO NESSE CASO, CONTINUA A HAVER A INCIDÊNCIA DAS ESCUSAS ABSOLUTAS E RELATIVAS PREVISTAS, RESPECTIVAMENTE, NOS ARTS. 181 E 182 DO CÓDIGO PENAL. 
VIOLÊNCIA MORAL
Consiste na conduta ofensiva à honra da vítima, tendo em vista que ao referir-se a ela o legislador elencou os crimes contra a honra: calúnia, difamação ou injúria. 
#ATENÇÃO - A Lei n° 11.340/06 utiliza a expressão "violência moral" com significado distinto daquele tradicionalmente utilizado pelo CP. No CP, o termo "violência moral" é utilizado pelo legislador para se referir à grave ameaça, ao passo que a Lei Maria da Penha faz uso desse termo para se referir às condutas que configurem calúnia,difamação ou injúria, optando pela expressão "violência psicológica" para se referir à qualquer espécie de ameaça perpetrada contra a mulher.
Em síntese: 
· Ação ou omissão
· DOLOSA
· Sujeito passivo mulher; 
· Prática de violência física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral: para fins de incidência da Lei Maria da Penha, basta o cometimento de qualquer uma das hipóteses de violência previstas nos incisos I a V do art. 7°; 
· No âmbito da unidade doméstica, no âmbito da família, ou em qualquer relação íntima de afeto: estas situações em que se presume a maior vulnerabilidade da mulher também são alternativas. Logo, para fins de incidência da Lei Maria da Penha, basta a presença de uma delas. 
FORMAS DE PREVENÇÃO NA LEI MARIA DA PENHA
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal;
Já tem MP instaurando ACP contra programas de TV que violam este dispositivo. 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Merece destaque o inciso IV que trata da implementação de Delegacias especializadas no atendimento à mulher vítima de violência doméstica e familiar. Em alguns locais chamada de DEAM. A vítima deve ser encaminhada a esta Delegacia especializada para que lá seja adequadamente atendida e para que lá sejam tomadas todas as providências em relação a essa espécie de delito.
FORMAS DE ASSISTÊNCIA À MULHER 
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica (aqui incluída a moral, sexual etc):
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.
Esquematizando: O Juiz
· Determinará, por prazo certo:
· Inclusão de mulher em situação de violência doméstica no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
· Assegurará, para preservar sua integridade
· ACESSO PRIORITÁRIO A REMOÇÃO, QUANDO SERVIDORA PÚBLICA
· MANUTENÇÃO DO VÍNCULO TRABALHISTA, ATÉ 6 MESES, QUANDO NECESSÁRIO AFASTAMENTO DO LOCAL DE TRABALHO
DAS MEDIDAS TOMADAS PELO DELEGADO DE POLÍCIA
Atenção cicleiro que estuda para Delegado de Polícia, os próximos artigos são bastante cobrados em provas para o cargo:
Art. 11.  No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, A AUTORIDADE POLICIAL deverá, entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
O encaminhamento ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal decorre da necessidade de realização de perícia, para que se forme o conjunto probatório ligado à prova de existência da infração penal, nos moldes do art. 158 do Código de Processo Penal ("Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado")
III - FORNECER TRANSPORTE (CAI MUITO) para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
#CAIUEMPROVA – Para Delegado de São Paulo, em 2011, foi considerada correta a seguinte afirmação: A autoridade policial deverá fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida.
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.
Esse rol é exemplificativo, pois o caput fala “entre outras”.
O art. 12 também elenca medidas que devem ser tomadas pelo Delegado de Polícia:
Art. 12.  Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, DE IMEDIATO, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III - remeter, no prazo de 48 (QUARENTA E OITO) HORAS, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro deoutras ocorrências policiais contra ele;
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
I - qualificação da ofendida e do agressor;
II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.
§ 3º SERÃO ADMITIDOS COMO MEIOS DE PROVA OS LAUDOS OU PRONTUÁRIOS MÉDICOS FORNECIDOS POR HOSPITAIS e postos de saúde (MITIGA A OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO).
Todos os incisos tratam de procedimentos que conduzirão ao esclarecimento da verdade sobre a infração penal cometida contra a mulher em situação de violência doméstica e familiar e a respectiva autoria. Trata-se de um dispositivo legal redigido nos moldes do art. 6º do Código de Processo Penal.
No entanto, merece destaque o inciso III, que trata da remessa, pela autoridade policial, no prazo de 48 horas, de expediente apartado ao Juiz com o pedido da ofendida para a concessão de medidas protetivas de urgência (veremos adiante, no artigo 22). 
Note-se que, como o prazo é de 48 horas, ganha relevância a norma contida no inciso V do art. 11, uma vez que a ofendida, informada desse direito, poderá requerer à autoridade policial que ela represente ao Juiz competente pela decretação dessas medidas de urgência. O prazo é curto e a decisão por parte de ofendida deve ser tomada o mais rápido possível.
#CUIDADO – O delegado não aplica medida protetiva, nem representa por ela. ELE APENAS ENCAMINHA AO JUIZ A REPRESENTAÇÃO DA OFENDIDA, NO PRAZO DE 48H.
O parágrafo 3º, que diz que “serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde” MITIGA A OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO. OS PRONTUÁRIOS PODEM SER USADOS TAMBÉM PARA CONVENCIMENTO DO JUIZ EM SENTENÇA CONDENATÓRIA. NÃO SÓ PARA RECEBIMENTO DA ACUSATÓRIA E CAUTELARES. 
*NOVIDADE LEGISLATIVA: LEI Nº 13.505 DE 8 DE NOVEMBRO DE 2017.
(ALTERA A MARIA DA PENHA!)
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar de ter atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado, preferencialmente, por servidores do sexo feminino.
Art. 2o  A Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 10-A, 12-A e 12-B:
“Art. 10-A.  É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados.
§ 1o  A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
I - Salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;
II - Garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas;
III - Não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.
§ 2o  Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento:
I - A inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida;
II - Quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial;
III - O depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito.”
“Art. 12-A.  Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher.”
“Art. 12-B.  (VETADO).
§ 1o (VETADO).
§ 2o (VETADO.
§ 3o A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à defesa da mulher em situação de violência doméstica e familiar e de seus dependentes.”
DOS PROCEDIMENTOS
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei. 
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Parágrafo único. Os atos processuais PODERÃO REALIZAR-SE EM HORÁRIO NOTURNO (aquela típica pergunta de letra da lei que também cai), conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 
O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher é um órgão fracionário do Poder Judiciário que teve a sua criação autorizada por esta lei. Cabe aos Tribunais de Justiça dos Estados a criação desse órgão dentro das suas estruturas, de acordo com as normas de organização judiciária da cada Estado. 
O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tem competência mista, ou seja, cível e criminal. Ao mesmo tempo em que se julga o delito praticado em situação de violência doméstica e familiar contra a mulher, praticam-se atos de natureza cível, como a separação judicial, entre outros.
Ademais, nos locais em que ainda não tiverem sido estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para as causas decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
- Inf. 654 do STF - Nos locais em que ainda não tiverem sido estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, às varas criminais acumularão as competências cível e criminal para as causas decorrentes de violência doméstica e familiar contra a mulher. Esta determinação, que consta no art. 33 da Lei, não ofende a competência dos Estados para disciplinarem a organização judiciária local. Segundo o Relator, a Lei Maria da Penha não implicou obrigação, mas a FACULDADE de criação dos Juizados de Violência Doméstica contra a Mulher.
- Inf. 550 do STJ - Juizado da Violência Doméstica possui competência para executar alimentos por ele fixados. O Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tem competência para julgar a execução de alimentos que tenham sido fixados a título de medida protetiva de urgência fundada na Lei Maria da Penha em favor de filho do casal em conflito.
- Inf. 572 do STJ - Competência para julgar ação de divórcio advinda de violência suportada por mulher no âmbito familiar e doméstico. A extinção de medida protetiva de urgência diante da homologação de acordo entre as partes não afasta a competência da Vara Especializada de Violência Doméstica ou Familiar contra a Mulher para julgar ação de divórcio fundada na mesma situação de agressividade vivenciadapela vítima e que fora distribuída por dependência à medida extinta.
* #IMPORTANTE: A Vara Especializada da Violência Doméstica ou Familiar Contra a Mulher possui competência para o julgamento de pedido incidental de natureza civil, relacionado à autorização para viagem ao exterior e guarda unilateral do infante, na hipótese em que a causa de pedir de tal pretensão consistir na prática de violência doméstica e familiar contra a genitora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.550.166-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/11/2017 (Info 617).
E se for crime doloso contra a vida? Por tratar-se de competência constitucional, ela deve prevalecer sobre a competência determinada na presente lei. Assim, em se tratando de crime doloso contra a vida em situação de violência doméstica e familiar, a competência para o processo e o julgamento será do Tribunal do Júri. No entanto, o STF abriu uma exceção para a primeira fase do Júri:
#DEOLHONAJURIS - Inf. 748 do STF - Competência para o processamento de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica. A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri.
Esquematizando para memorizar:
· Juizados de violência doméstica
· Criados para dar celeridade
· Pegam crimes ou contravenções em violência doméstica contra a mulher
· Não podem ser confundidos com juizados comuns (até porque não se aplica a 9099 quando violência doméstica contra a mulher, como veremos).
· Funcionam, em regra, perante a JE, com competência cível e criminal (competência cumulativa)
· Podem ser criados pela União, estados e DF (municípios não)
· Enquanto não forem criados, a lei prevê uma REGRA DE TRANSIÇÃO, PERMITINDO ÀS VARAS CRIMINAIS CUMULAREM COMPETÊNCIA CÍVEL E CRIMINAL. 
· SE O CRIME FOR DOLOSO CONTRA A VIDA, O JUIZADO PODE FICAR COMPETENTE NA PRIMEIRA FASE, PODENDO PRONUNCIAR, IMPRONUNCIAR, DESCLASSIFICAR (STJ). 
· Atos processuais
· Poderão realizar-se em horário noturno (CAI MUITO)
Art. 15.  É competente, por opção da ofendida, para os PROCESSOS CÍVEIS regidos por esta Lei, o Juizado:
I - do seu domicílio ou de sua residência;
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III - do domicílio do agressor.
Cuidado para não cair em pegadinha. Essa opção que a lei deu a vítima, quanto à competência, é para processos cíveis!!!! Quanto à competência para julgar os delitos, continuam se aplicando as regras do CPP.
VEDAÇÃO À APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
O art. 41 dispõe que a lei 9.099 é inaplicável aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista. 
Esse dispositivo possui dois comandos: 
· As infrações penais praticadas nos moldes dessa lei não se considerarem infrações penais de menor potencial ofensivo
· Evitar a aplicação das medidas despenalizadores
Com efeito, a lei nº 9.099/95 trouxe para a ordem jurídica brasileira 3 medidas despenalizadoras: a composição civil dos danos (art. 74); a transação penal (art. 76); e a suspensão condicional do processo (art. 89). Todas essas medidas visam a evitar o processo ou evitar uma condenação. Como o legislador deu um tratamento mais severo aos crimes praticados no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher, ele quis que não fossem aplicadas medidas que permitam uma alternativa ao processo ou que impliquem uma alternativa à condenação, que são justamente as medidas despenalizadoras previstas na lei nº 9.099/95. 
#DEOLHONAJURIS - Inf. 654 do STF - Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher não se aplica a Lei dos Juizados Especiais (Lei n. 9.099/95), mesmo que a pena seja menor que 2 anos.
#SELIGANASSÚMULAS
- Súmula 536-STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
- Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
*#OUSESABER: É cabível suspensão condicional da pena no caso de aplicação da Lei Maria da Penha?
A questão está CERTA. A Súmula 536 é clara ao afirmar que “a suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”. Percebe-se que nada se diz a respeito da suspensão condicional da pena, sendo esta plenamente cabível nas hipóteses de crimes cometidos com violência doméstica ou familiar. Nem poderia ser o outro o entendimento.
Ora, a Lei Maria da Penha, veda, em seu art. 41, a aplicação dos institutos despenalizadores da Lei dos Juizados Especiais:
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
A suspensão condicional da pena, contudo, não se encontra prevista na Lei dos Juizados Especiais, e sim no art. 77 e seguintes do Código Penal. Dessa forma, não existe vedação legal para incidência do sursis aos delitos cometidos com violência doméstica ou familiar. Somente há óbice à sua aplicação caso não estejam presentes os requisitos previstos no próprio Código Penal.
Por fim, importante destacar que o sursis da pena se aplica aos crimes cometidos com violência ou grave ameaça, e que a sua maior aplicabilidade prática recai sobre os crimes de ameaça e lesão leve cometidos no contexto de violência doméstica, já que não admitem a substituição por penas restritivas de direitos!
Observe que, segundo o art. 88 da Lei 9.099, os crimes de lesão corporal leve e de lesão corporal culposa, que antes eram de ação penal pública incondicionada, passaram a depender de representação. Se, no entanto, tais delitos forem praticados no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei n° 11.340/06, arts. 5° e 7°), havia, até bem pouco tempo atrás, intensa controvérsia doutrinária acerca da espécie de ação penal pública, se condicionada à representação ou pública incondicionada, haja vista uma aparente antinomia entre os arts. 16 e 41 da Lei Maria da Penha. 
De um lado, o art. 16 (que veremos a seguir) prevê que, nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. Como o dispositivo refere-se à representação, há quem entenda que, mesmo nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, continuaria sendo exigível o implemento da representação em relação aos crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa. 
Por outro lado, o art. 41 da Lei n° 9.099/95 dispõe que, aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n° 9.099/95. Ora, se a Lei dos Juizados não é aplicável às situações de violência doméstica e se é a Lei n° 9.099/95 que dispõe que os crimes de lesão corporal leve e de lesão corporal culposa são de ação penal pública condicionada à representação (art. 88), conclui-se que, se acaso praticados no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher, tais delitos seriam de ação penal pública incondicionada. 
No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 4.424, o Supremo deu interpretação conforme a Constituição aos arts. 12, I, 16 e 41, todos da Lei n° 11.340/06, para assentar a natureza incondicionada da ação penal em casos de lesão corporal leve e/ou culposa envolvendo violência doméstica e familiar contraa mulher.
#DEOLHONAJURIS - Inf. 654 do STF - Toda lesão corporal, ainda que de natureza leve ou culposa, praticada contra a mulher no âmbito das relações domésticas é crime de ação penal INCONDICIONADA.
#SELIGANASÚMULA - Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
* A ação penal nos crimes de lesão corporal leve cometidos em detrimento da mulher, no âmbito doméstico e familiar, é pública incondicionada. STJ. 3ª Seção. Pet 11.805-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 10/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 604). Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
Quanto ao art. 16 da Lei Maria da Penha, concluiu o Supremo que subsiste a necessidade de representação PARA CRIMES DISPOSTOS EM LEIS DIVERSAS DA 9.099/95, COMO O DE AMEAÇA (CP, ART. 147, PARÁGRAFO ÚNICO) E OS COMETIDOS CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (CP, ART. 225, CAPUT). Portanto, ainda caberá retratação da representação para esses crimes. 
Art. 16.  Nas ações penais públicas condicionadas à representação (AMEAÇA, CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL...) da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA (NO CPP É ANTES DO OFERECIMENTO) e ouvido o Ministério Público.
O que o legislador chamou de renúncia, na realidade é uma retratação do direito de representação que já foi exercido. Para evitar qualquer espécie de vício na vontade da vítima de oferecer a retratação justamente pelo constrangimento ou ameaça do agressor A LEI EXIGE QUE ESSA RETRATAÇÃO SEJA FEITA EM AUDIÊNCIA ESPECÍFICA PARA ESSE FIM, NA PRESENÇA DO JUIZ, COM A OITIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Ademais, perceba que, diferentemente do CPP, onde a retratação deve ser feita antes do oferecimento da denúncia, aqui é antes do recebimento.
Esquematizando:
· A ação para as lesões corporais na lei são públicas incondicionadas
· Para os crimes de ameaça e contra a dignidade sexual continuam condicionadas, podendo haver retratação. 
Retratação (CHAMADA PELA LEI DE RENÚNCIA À REPRESENTAÇÃO)
· SÓ SE ADMITE PERANTE O JUIZ, EM AUDIÊNCIA ESPECIALMENTE DESIGNADA. 
· OUVIDO O MP
· ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA (DIFERENTE DA RETRATAÇÃO DO CPP, QUE É ANTES DO OFERECIMENTO). 
Art. 17.  É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de CESTA BÁSICA OU OUTRAS DE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA, BEM COMO A SUBSTITUIÇÃO DE PENA QUE IMPLIQUE O PAGAMENTO ISOLADO DE MULTA.
Em resumo, vedações:
· CESTAS BÁSICAS
· PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
· SUBSTITUIÇÃO SÓ POR MULTA
· SURSIS PROCESSUAL (OBS: MAS ADMITE SURSIS PENA), TRANSAÇÃO E COMPOSIÇÃO. 
· PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Também não cabe substituição por restritivas de direitos no caso da lesão praticada com violência doméstica:
#DEOLHONAJURIS:
- Inf. 506 do STJ- Penas restritivas de direito. Não é possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em caso de condenação por crime de lesão corporal previsto no art. 129, § 9º, do CP.
- Inf. 804 do STF - Impossibilidade de penas restritivas de direito. Não é possível a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ao condenado pela prática do crime de lesão corporal praticado em ambiente doméstico (art. 129, § 9º do CP).
* #SELIGANASÚMULA: Súmula 588-STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
* #SELIGANASÚMULA: Súmula 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
* #SELIGANADIVERGÊNCIA #IMPORTANTE: Cabe substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos em caso de contravenção penal envolvendo violência doméstica contra a mulher? (i) NÃO. Posição majoritária do STF e Súmula 588 do STJ. (ii) SIM. Existe um precedente da 2ª Turma do STF (HC 131160, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016). STF. 1ª Turma. HC 137888/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 31/10/2017 (Info 884).
MEDIDAS PROTETIVAS DA LEI 11.340/06
NATUREZA JURÍDICA
Como o próprio legislador se refere a elas como medidas protetivas de urgência, prevalece o entendimento de que estamos diante de medidas cautelares.
Como espécies de provimentos de natureza cautelar, as medidas protetivas de urgência jamais poderão ser adotadas como efeito automático da prática de determinada infração penal. Sua decretação também está condicionada à presença do fumus comissi delicti e do periculum libertatis. 
PROCEDIMENTO
Art. 18.  Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.
Vimos que o delegado tem 48h para enviar a representação da vítima ao juiz.
Então, o juiz terá também 48h para:
· Conhecer o expediente e decidir sobre as medidas
· Determinar encaminhamento da ofendida a órgão de assistência
· Comunicar o MP para que adote as providências cabíveis
Art. 19.  As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
Podem ser concedidas a requerimento do MP ou a pedido da ofendida. Apesar de o dispositivo não prever expressamente, seria possível que as medidas protetivas fossem concedidas pelo Juiz de ofício. Alguns doutrinadores dizem que fere o sistema acusatório, mas a questão ultrapassa esse fundamento. O juiz, ao conceder medidas protetivas de urgência de ofício não está promovendo a persecução penal contra o acusado, buscando um elemento de prova contra ele, nem exercendo a função de acusador. Ao contrário, o Juiz está apenas tomando medidas de ofício que visam a beneficiar a vítima de violência doméstica contra a mulher. Note-se que todas as medidas protetivas de urgência visam a proteção da mulher enquanto vítima. 
Por questões de coerência interpretativa, a previsão do parágrafo primeiro no sentido de que as medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, confirma a possibilidade de o Juiz poder concedê-las de ofício, uma vez que ele pode concedê-las sem oitiva das partes. Não fosse assim, sempre haveria a prévia oitiva da parte que fez o requerimento. 
Formas de aplicação das medidas protetivas de urgência: ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE, a depender da necessidade que o caso concreto demandar. Da mesma forma ocorre com a possibilidade de substituição por outras de maior eficácia. A aplicação cumulativa ou a sua modificação por outras de maior eficácia também pode ser realizada pelo Juiz de ofício, mediante requerimento do Ministério Público ou a pedido da vítima. 
A revisão das medidas protetivas de urgência pode ser feita também pelo Juiz, de ofício, sempre visando à proteção davítima, de seus familiares ou de seu patrimônio. 
Esquematizando:
· A requerimento do MP OU a pedido da ofendida 
· DELEGADO NÃO PODE REPRESENTAR!!!
· De ofício pelo juiz na fase investigativa:
· Doutrina:
· 1ª Corrente: Não pode porque fere o sistema acusatório
· 2ª Corrente: Pode, porque não é persecução penal, mas proteção à vitima
· Lei: NÃO PODE. A prova normalmente pede letra da lei, logo, não pode de ofício nesse caso! 
· PODERÃO SER CONCEDIDAS DE IMEDIATO, INAUDITA ALTERA PARTIS E SEM MANIFESTAÇÃO DO MP (devendo este ser prontamente comunicado – claro, nesse caso deve fundamentar a urgência, como toda cautelar).
· Serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
· Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público (aqui o delegado também não pode!!!).
Art. 20.  Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.
Parágrafo único.  O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
Preventiva:
· Prevista para o caso de descumprimento das medidas protetivas. 
· A lei prevê que pode de ofício mesmo na investigação. Se a prova pedir a letra da lei, marque sem medo que pode de ofício. Uma interpretação sistemática faz com que alguns autores entendam que viola o juiz imparcial, o transformando em inquisidor. No entanto, parte da doutrina entende que não viola, posto que a única finalidade da prisão preventiva nesse caso é garantir a execução das medidas protetivas de urgência (e não a persecução penal). Ademais, a lei Maria da Penha é lei especial em relação ao CPP (já vimos caso semelhante ao estudarmos a suspensão do direito de dirigir no CTB).
· Pressupõe crime praticado com violência doméstica (entende-se que só cabe se estiver descumprindo medida protetiva de caráter penal). 
· Deve-se cumprir os requisitos do art. 312 do CPP também, sendo última ratio.
Não cumprimento das medidas
· Não é crime de desobediência, pois já prevê sanções:
· Substituição por outra de maior eficácia
· Imposição de outra cumulativa
· Decretação da preventiva
#DEOLHONAJURIS - Inf. 544 - O descumprimento de medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha (art. 22 da Lei 11.340/2006) não configura crime de desobediência (art. 330 do CP).
Art. 21.  A ofendida deverá ser notificada dos ATOS PROCESSUAIS relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público.
Parágrafo único.  A ofendida NÃO PODERÁ ENTREGAR INTIMAÇÃO OU NOTIFICAÇÃO AO AGRESSOR (CAI EM PROVA!!!).
#CAIEMPROVA - Algumas provas costumam colocar uma pegadinha: no lugar de atos processuais, colocam atos investigativos. Não caia nessa. Além disso, são os atos processuais relativos a: ingresso e saída do agressor da prisão.
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, DE IMEDIATO, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Esquematizando:
· Suspensão da posse ou restrição do porte de armas; 
· Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
· Proibição de determinadas condutas, entre as quais:
· Aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas.
· Contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;
· Frequentação de determinados lugares 
· Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
· PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS PROVISIONAIS OU PROVISÓRIOS (CAI MUITO)
§ 1o As medidas referidas neste artigo NÃO IMPEDEM A APLICAÇÃO DE OUTRAS PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO EM VIGOR, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, O JUIZ COMUNICARÁ O RESPECTIVO ÓRGÃO, CORPORAÇÃO OU INSTITUIÇÃO AS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA CONCEDIDAS E DETERMINARÁ A RESTRIÇÃO DO PORTE DE ARMAS, FICANDO O SUPERIOR IMEDIATO DO AGRESSOR RESPONSÁVEL PELO CUMPRIMENTO DA DETERMINAÇÃO JUDICIAL, SOB PENA DE INCORRER NOS CRIMES DE PREVARICAÇÃO OU DE DESOBEDIÊNCIA, CONFORME O CASO.
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
Esquematizando:
· Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
· Determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
· Determinar o afastamento DA OFENDIDA do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos (ATENÇÃO PARA ESSE INCISO, POR SER A OFENDIDA A AFASTADA, CAI MUITO EM PROVA)
· DETERMINAR A SEPARAÇÃO DE CORPOS.
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.
Logo, TAMBÉM PREVÊ MEDIDA PROTETIVA PARA PROTEÇÃO PATRIMONIAL!!
· Restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
· Proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedadeem comum, salvo expressa autorização judicial;
· Suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
· Prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais. 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA - Inf. 574 do STJ - Cabimento de HC para questionar a legalidade de medida protetiva da Lei Maria da Penha. Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva de urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e familiar.
Apesar de não serem muito cobrados em prova, colocarei os demais dispositivos da lei, pois é sempre bom fazer a leitura completa.
DEMAIS DISPOSITIVOS
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 25.  O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 26.  Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros;
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Art. 27.  Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, RESSALVADO O PREVISTO NO ART. 19 DESTA LEI.
#ATENÇÃO – PARA A REPRESENTAÇÃO PELAS MEDIDAS PROTETIVAS ELA NÃO PRECISA ESTAR ACOMPANHADA DE ADVOGADO!!
Art. 28.  É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
Art. 29.  Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
Art. 30.  Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
Art. 31.  Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar.
Art. 32.  O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 33.  Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.
Parágrafo único.  Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput.
Quanto ao direito de preferência, há um julgado recente do STF:
#DEOLHONAJURIS - Inf. 741 do STF - Lei estadual não pode fixar prioridades na tramitação dos processos judiciais. 
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que prevê prioridade na tramitação para processos envolvendo mulher vítima de violência doméstica.
A fixação de prioridades na tramitação dos processos judiciais é matéria de Direito Processual, cuja competência é privativa da União (art. 22, I, CF/88).
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 34.  A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.
Art. 35.  A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, no limite das respectivas competências:
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situação de violência doméstica e familiar;
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situação de violência doméstica e familiar;
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar;
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.
Art. 36.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.
Art. 37.  A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Ministério Público e por associação de atuação na área, regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil.
Parágrafo único.  O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva.
Art. 38.  As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único.  As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informações criminais para a base de dados do Ministério da Justiça.
Art. 39.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementação das medidas estabelecidas nesta Lei.
Art. 40.  As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Art. 41 (já vimos)
DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO
LER A LEI 11.340, NA ÍNTEGRA.
BIBLIOGRAFIA
Esse material é uma fusão das seguintes fontes:
- Livro de Gabriel Habib
- Livro de Renato Brasileiro
- Livro de jurisprudências do dizer o direito 
- Anotações pessoais de aulas
Medidas do Delegado
Encaminha ao hosital a ofendida
Fornecer transporte a local seguro
Acompanhá-la na retirada dos pertences
Informá-la dos direitos e serviços disponíveis
Proteção policial

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