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CURSO BÁSICO DE LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Aluno(a): ____________________________________Data:___________ APRESENTAÇÃO Ao longo da história, existem vários registros e pesquisas vinculadas ao desenvolvimento humano entre elas, afirmações nos mostram que o indivíduo se firma como pessoa humana por meio da linguagem, sendo por meio dela que a humanidade dimensiona seus valores, suas relações sociais, seus desejos, seja de justiça ou de liberdade. Sendo ainda, por meio da linguagem que se pode planejar o mundo interior e exterior. O diálogo permite a humanidade ir além dos limites individuais do estado de coisas existentes no mundo, seja ele produzido oralmente ou gestualmente. Transpor as fronteiras da comunicação que estão sobrepostas entre surdos e ouvintes significa superar as diferenças e descobrir que na interação entre a língua oral e a língua de sinais pode-se construir uma comunicação. É possível superar as distâncias linguísticas entre surdos e ouvintes, para tanto é essencial os cursos de Libras - Língua Brasileira de Sinais que envolva a princípio a comunidade interna e externa do Instituto Federal do Piauí (ouvintes ou surdos), e lhes proporcionem além da comunicação a inclusão escolar e social dos Surdos. O projeto objetiva atender mudanças significativas ocorrida na educação de surdos nas duas últimas décadas, principalmente, relacionadas à organização educacional em consonância com o Decreto n° 5.626 de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei n°10.436 de 24 de abril de 2002. A legislação dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais- Libras, destacando a participação dos surdos nos movimentos sociais dos Surdos, nas decisões pedagógicas, sobre a formação de professores Surdos e ouvintes, bem como mudanças no currículo escolar, presença de interpretes nas escolas regulares e valorização da língua de sinais como primeira língua do Surdo. Para o desenvolvimento deste projeto, foram reunidas informações teóricas e práticas acerca da gramática da Libras, identidade e cultura surda, bem como as especificidades linguísticas relacionadas a Língua Brasileira de Sinais. Foi a partir das constatações evidenciadas por pesquisadores pioneiros no Brasil, como é o caso de Lucinda Ferreira Brito, o Grupo de Pesquisas da FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, e demais linguistas que elaboramos este curso que permitirá a aquisição da Libras instrumental, revelando e desvendando todos os aspectos linguísticos que ricamente compõem essa modalidade comunicativa, podendo colaborar para que a comunidade escolar e a sociedade em suas diferentes instâncias públicas e privadas se modifiquem e se abram para a comunicação com os surdos por meio da Libras. SUMÁRIO PARTE I 1.LINGUA DE SINAIS –(LS) E LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS(LIBRAS)..........................6 O que é Língua de Sinais?................................................................................................6 O que é a LIBRAS?............................................................................................................7 Variação Linguística .........................................................................................................8 2. ASPECTOS LINGUÍSTICOS APLICADOS A LIBRAS ................................................... 10 Fonologia da Língua Brasileira de Sinais.........................................................................10 Morfologia da Língua Brasileira de Sinais .......................................................... ............11 Sintaxe da Língua Brasileira de Sinais ............................................................................. 12 3.SURDO E DEFICIENTE AUDITIVO ........................................................................... 14 Aquisição da Surdez ......................................................................................................... 14 Níveis de Surdez .............................................................................................................. 14 Causas da Surdez ............................................................................................................ 15 4 CULTURA E IDENTIDADES SURDA...............................................................................16 5 LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO DE SURDOS................................22 Deficiências e terminologias .....................................................................................24 PARTE II ALFABETO MANUAL ............................................................................................... 26 NUMERAIS ............................................................................................................ 28 TEMPO/ HORAS ...................................................................................................... 21 CUMPRIMENTO, SAUDAÇÕES E AGRADECIMENTOS.................................................33 PARÂMETROS DA LIBRAS ....................................................................................... 35 Configuração da Mão.....................................................................................................36 Ponto de Articulação ....................................................................................................... 36 Movimento ...................................................................................................................... 36 Orientação ....................................................................................................................... 38 Expressões Não-manuais ................................................................................................ 38 PRONOMES..............................................................................................................41 ADVÉRBIOS .............................................................................................................47 VERBOS ...................................................................................................................49 CALENDÁRIO........................................................................................................... .50 CORES .................................................................................................................... 54 ESTADOS BRASILEIROS ........................................................................................... 56 FAMÍLIA ................................................................................................................. 60 MEIOS DE TRANSPORTES ....................................................................................... 63 MEIOS DE COMUNICAÇÃO ...................................................................................... 65 EDUCAÇÃO ..............................................................................................................59 ANTÔNIMOS ......................................................................................................... 71 TEXTOS COMPLEMENTARES ................................................................................... 77 Lei N° 10.436, de 24 de Abril de 2002 ................................................................................... 77 Decreto N° 5.626, de 1° de Setembro de 2005 ...................................................................... 78 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 89 5 LINGUA DE SINAIS –LS E LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS- LIBRAS O que é Língua de Sinais? A comunicação dos surdos não se desenvolve simplesmente por mera sinalização ou gesticulação, mas por meio de uma Língua Gestual, conhecida como Língua de Sinais (LS). Ao contráriodo que muita gente pensa, a LS não se realiza apenas com mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar sua comunicação. A Língua de Sinais é a língua natural dos surdos e apresenta estrutura e regras gramaticais próprias. Considerada natural porque surge “espontaneamente da interação entre pessoas e porque, devido a sua estrutura, permite a expressão de qualquer conceito e de qualquer significado decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do ser humano” (BRITO et al., 1998). Diferente das línguas orais-auditivas, as LS apresentam-se em uma modalidade espaço- visual, pois não se realizam pelo canal oral-auditivo, mas sim pelo canal visual e da utilização do espaço, ou por expressões faciais e movimentos gestuais perceptíveis pela visão. Diferenciam-se das línguas de modalidade oral-auditiva, as quais utilizam como meio de comunicação sons articulados perceptíveis pelo ouvido. A LS é um sistema linguístico legítimo que independe das línguas orais e preenche eficazmente as necessidades de comunicação do ser humano, por ser dotada de complexidade e expressividade tanto quanto as línguas orais. Por meio dela, o indivíduo surdo é capaz de expressar qualquer assunto de seu interesse ou conhecimento. Ela não é uma língua universal. Por isso, da mesma forma que os ouvintes em países diferentes se comunicam em línguas diferentes (italiana, inglesa, portuguesa etc.) os indivíduos surdos, inseridos em “Culturas Surdas”, apresentam suas próprias línguas, com características e estruturas peculiares; portanto, há muitas línguas de sinais diferentes, como por exemplo, a LSF – Língua de Sinais Francesa e a ASL – Língua de Sinais Americana, entre tantas. No Brasil, temos a Libras – Língua de Sinais Brasileira. Como ocorre nas línguas auditivas, pode acontecer que mais de um país utilize a mesma língua de sinais, como é o caso dos Estados Unidos e Canadá. 1 6 O que é a Libras? A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a língua utilizada pela comunidade surda brasileira e é reconhecida pela Lei 10.436/2002 e pelo Decreto 5626/2005. Tem sua origem na Língua de Sinais Francesa, possuindo uma estrutura gramatical complexa. Apresenta todos os níveis de análise de quaisquer outras línguas, ou seja, o nível sintático (da estrutura), o nível semântico (do significado), o nível morfológico (da formação de palavras), o nível fonológico (das unidades que constituem uma língua) e o nível pragmático (envolvendo o contexto conversacional). A Libras constitui-se em um sistema convencional de sinais estruturados da mesma forma que as palavras das diversas línguas naturais. A Libras segue as mesmas regras das outras línguas de sinais. Nela, os sinais representam as palavras ou item lexical de uma língua oral-auditiva. Estes sinais são formados a partir do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, e devem ser produzidos na frente do corpo, em es- paço que vai da cabeça até a cintura do indivíduo, com uma distância entre a mão direita e a esquerda estendidas lateralmente. A Libras é gramaticalmente constituída por elementos constitutivos das palavras ou itens lexicais que se estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos específicos, que seguem princípios básicos gerais. Esses mecanismos são usados na geração de estruturas linguísticas, possibilitando a produção de inúmeras frases a partir de um número finito de regras. Também apresenta componentes pragmáticos convencionais, que permitem a seus usuários gerar sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais, integrando-os nas diversas situações linguísticas cotidianas. A Libras possibilita o desenvolvimento linguístico, social e intelectual daquele que a utiliza, favorecendo seu acesso ao conhecimento e a integração no grupo social ao qual pertence. É através da Língua de Sinais que a comunicação das pessoas surdas acontece com mais rapidez e eficiência entre as pessoas que dela fazem uso. Para determinar o seu significado, os sinais possuem alguns parâmetros para a sua formação, como por exemplo a localização das mãos em relação ao corpo, a expressão facial, a movimentação que se faz ou não na hora de produzir o sinal, etc. Há algumas particularidades simples, que facilitam o entendimento da língua, como o fato de os verbos aparecerem todos no infinitivo e os pronomes pessoais não serem representados, sendo necessário apontar a pessoa de quem se fala para ser entendido. Há ainda algumas palavras que não http://www.infoescola.com/portugues/pronomes-pessoais/ 7 tem sinal correspondente, como é o caso dos nomes próprios. Nessa situação, as letras são sinalizadas uma a uma para expressar tal palavra. Variações linguísticas A língua está em constante evolução, é dinâmica, um produto social em permanente inconclusão, “(...) é intrinsecamente heterogênea, múltipla, variável, instável e está sempre em desconstrução e em reconstrução” (BAGNO, 2007, p.35, grifos do autor). Devido a este caráter de ordem heterogênea, nas línguas naturais pode ser identificado um fenômeno linguístico denominado variação. As línguas de sinais, por serem naturais, apresentam tais manifestações. Segundo Bagno (2007) existem fatores sociais ou extralinguísticos que podem proporcionar à identificação do fenômeno variação linguística, são eles: 1. Origem geográfica: a língua varia de um lugar para o outro; assim, podemos investigar, por exemplo, a fala característica das diferentes regiões brasileiras, dos diferentes estados, de diferentes áreas geográficas dentro de um mesmo estado etc.; outro fator importante também é a origem rural ou urbana da pessoa; 2. Status socioeconômico: as pessoas que têm um nível de renda muito baixo não falam do mesmo modo das que têm um nível de renda médio ou muito alto, e vice-versa; 3. Grau de escolarização: o acesso maior ou menor à educação formal e, com ele, à cultura letrada, à prática da leitura e aos usos da escrita, é um fator muito importante na configuração dos usos linguísticos dos diferentes indivíduos; 4. Idade: os adolescentes não falam do mesmo modo como seus pais, nem estes pais falam do mesmo modo como as pessoas das gerações anteriores; 5. Sexo: homens e mulheres fazem usos diferenciados dos recursos que a língua oferece; 6. Mercado de trabalho: o vínculo da pessoa com determinadas profissões e ofícios incide na sua atividade linguística: uma advogada não usa os mesmos recursos linguísticos de um encanador, nem este os mesmos de um cortador de cana; 7. Redes sociais: cada pessoa adota comportamentos semelhantes aos das pessoas com quem convive em sua rede social; entre esses comportamentos está também o comportamento linguístico. 8 Sobre as variações linguísticas, Strobel & Fernandes (1998) consideram as variações regionais e sociais e as mudanças históricas como fenômenos identificáveis na Língua Brasileira de Sinais, o que lhe confirma, mais uma vez, o caráter natural. A variação regional refere-se às variações de sinais que acontecem nas diferentes regiões do mesmo país; já a social representa as variações na configuração de mão e/ou movimento, sem alterar o sentido do sinal, as mudanças históricas estão relacionadas com as modificações que o sinal pode sofrer, devido aos costumes da geração que utiliza o sinal. 9 ASPECTOS LINGUÍSTICOS APLICADOS A LIBRAS Fonologia da Língua Brasileira de Sinais O termo fonologia tem sido usado não somente no contexto das línguas orais, mas nos estudos dos elementos que envolvem a formação dos sinais. Stokoe (apud QUADROS, 2004) empregava o termo “quirema” às unidades que formam os sinais, e para referir-se às combinações dessas unidades, utilizava o termo “quirologia”. Ao confirmar que a língua de sinais é uma língua natural, Stokoe e outrospesquisadores passaram a utilizar os termos fonema e fonologia nos estudos linguísticos das línguas de sinais. A fonologia das línguas de sinais é definida por Quadros (2004, p.47) da seguinte forma: Fonologia das línguas de sinais é o ramo da linguística que objetiva identificar a estrutura e a organização dos constituintes fonológicos, propondo modelos descritivos e explanatórios. A primeira tarefa da fonologia para língua de sinais é determinar quais são as unidades mínimas que formam os sinais. A segunda tarefa é estabelecer quais são os padrões possíveis de combinação entre essas unidades e as variações possíveis no ambiente fonológico (QUADROS, 2004, p.47). A análise da formação dos sinais foi estabelecida por Stokoe (apud QUADROS, 2004), ao propor a decomposição dos sinais em três parâmetros principais (configuração de mão, locação da mão, movimento da mão), a fim de analisar a constituição deles na ASL (Língua de Sinais Americana), afirmando não possuírem significado de forma isolada. Posteriormente, outros parâmetros foram acrescentados às pesquisas da fonologia de sinais, são eles: orientação da mão, expressões faciais e corporais. A configuração de mão (doravante, CM), de acordo com Strobel & Fernandes (1998), é definida como a forma assumida pela mão durante a articulação de um sinal. Locação da mão ou ponto de articulação é o lugar do corpo onde o sinal será realizado. Já o movimento demonstra o deslocamento da mão durante a execução do sinal, possuindo diferentes formas e direções. Além disso, os sinais podem ter ou não movimento. O parâmetro orientação da mão, de acordo com Quadros (2004), vem ser a direção que a palma da mão indica na realização do sinal. Os componentes não manuais, ou seja, as expressões faciais e corporais distinguem significados entre sinais. Além disso, podem traduzir tristeza, alegria, 2 10 medo, raiva, mágoa, amor, encantamento e desencantamento, entre outros sentimentos. Podem indicar afirmação, negação, interrogação e exclamação. Morfologia da Língua Brasileira de Sinais Quadros define a morfologia como o estudo da estrutura interna das palavras ou dos sinais, assim como das regras que determinam a formação das palavras. A palavra morfema deriva do grego morphé, que significa forma. Os morfemas são as unidades mínimas de significado (QUADROS, 2004, p.86, grifos do autor). A partir do conceito supracitado, pode-se afirmar que as formações dos sinais originam-se da combinação dos parâmetros: configuração de mão, ponto de articulação, movimento, expressão facial e corporal, agora considerados morfemas, ou seja, unidades mínimas com significado, como explica Felipe: Estes cinco parâmetros podem expressar morfemas através de algumas configurações de mão, de alguns movimentos direcionados, de algumas alterações na frequência do movimento, de alguns pontos de articulação na estrutura morfológica e de alguma expressão facial ou movimento de cabeça concomitante ao sinal, que, através de alterações em suas combinações, formam os itens lexicais das línguas de sinais (FELIPE, 2006, p. 202). Já em relação à classe de palavras/sinais e às categorias lexicais pertencentes às línguas de sinais, estão nomes, verbo, advérbio, adjetivo, numeral, conjunção. Direcionado o estudo morfológico para Libras, a partir de uma breve análise, encontram-se os seguintes casos: 1. Quando se quer diferenciar o sexo entre pessoas ou animais, usa-se o sinal HOMEM e MULHER para fazer referência ao nome, mas geralmente sem apresentar flexão de gênero, como se pode perceber no sinal de AMIG@, que pode ser usado tanto para o sexo masculino ou feminino. Sinais como PAI e MÃE não necessitam dessa marcação de gênero, pois possuem sinais próprios. 2. Os adjetivos trazem como características a expressão facial e intensificação do sinal, não há marca de gênero ou número. Cita-se como exemplo a sinalização de BONITINHO e de MUITO BONITO, que precisa, cada um a sua maneira, de expressão facial e intensificação do sinal, sendo que o segundo necessita também de expressão facial. Essas marcações linguísticas trazem o significado real do sinal. 3. Os pronomes na Libras são realizados em diferentes pontos no espaço, a articulação do sinal depende da pessoa que se faz referência e do número, ou seja, singular e plural. Destacam-se ainda as conjunções, sendo que as manifestadas em Libras são MAS, PORQUE (explicativo e interrogativo), COMO e o SE. 11 4. Em relação aos numerais, estes são classificados em quantidade, cardinal e ordinal, trazendo como parâmetros de diferenciação na articulação dos números a configuração de mão, ponto de articulação e movimento, além do contexto. 5. A marcação do tempo verbal é realizada através de itens lexicais ou sinais adverbiais como afirma Brito: “Dessa forma, quando o verbo refere-se a um tempo passado, futuro ou presente, o que vai marcar o tempo da ação ou do evento serão itens lexicais ou sinais adverbiais como ONTEM, AMANHÃ, HOJE, SEMANA-PASSADA, SEMANA-QUE-VEM.” (BRITO, 1997, p. 46). Sintaxe da Língua Brasileira de Sinais A Libras, assim como a Língua Portuguesa, apresenta organização na estrutura da frase. De maneira preferencial, a ordem SVO (sujeito+verbo+objeto) é a que se destaca na produção das frases, o que não invalida o uso de outras ordens. De acordo com Brito (1997), na Libras, uma outra forma de produção que acontece é a topicalização ou tópico-comentário. A topicalização, realizada com bastante frequência, é definida como a distribuição no espaço dos elementos da frase, ou seja, não segue a ordem SVO. Pode ser usada desde que não haja restrições que impeçam o deslocamento de determinados constituintes da sentença e que altere o sentido da frase. Em relação aos verbos em Libras, destacam-se os com concordância e os sem concordância. De acordo com a concepção de Quadros (2004), os sem concordância são os que não flexionam em pessoa e número, sendo que alguns podem flexionar em aspecto. Existe ainda uma subdivisão desta categoria de verbos, podendo ser ainda classificados em verbos de locomoção/movimento. Dependendo do contexto, o sinal pode ser classificado como substantivo ou verbo. Já os verbos com concordância flexionam em número, pessoa e aspecto. Segundo Felipe (2001), estes verbos podem também ser subdivididos em dois: os que possuem concordância em número e pessoa, classificadores (Cls) e os que concordam com a localização. O primeiro grupo traz o parâmetro orientação como destaque, já os segundo têm concordância com a localização e destaca-se o parâmetro ponto de articulação ou locação. Nos classificadores evidencia-se o parâmetro configuração de mão, o que não invalida o uso dos outros parâmetros. Em Libras, através dos fenômenos linguísticos, da sua complexidade e gramática própria, pode-se constatar que assim como as línguas orais, as línguas de sinais são naturais. Embora seja uma língua articulada espacialmente, lugar em que são constituídos seus mecanismos fonológicos, morfológicos e sintáticos, certifica-se que as línguas de sinais são icônicas e arbitrárias, e que as formas icônicas não são universais. 12 Trata-se, portanto, de uma língua que possui os mesmos universais linguísticos das línguas orais, caracterizando a formação dos sinais a partir dos fonemas e morfemas. Percebe-se ainda, através da sua morfologia e sintaxe, o seu caráter flexional, complexo e econômico na produção e articulação das frases. Como afirma Brito (1998), a Libras é regida por princípios gerais que a estruturam linguisticamente, permitindo aos seus usuários o emprego da língua em diferentes contextos, correspondendo às diversas funções linguísticas que são manifestadas na interação no cotidiano. 13 SURDO E DEFICIENTE AUDITIVODe acordo com o Decreto 5.626/05 Surdo é aquela pessoa que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Já Deficiente auditivo é o indivíduo que tem perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. Aquisição da surdez A surdez pode acometer a pessoa ainda no útero, durante o parto e depois do nascimento, ou seja: • Pré-natal – fator genético e hereditário, doenças adquiridas pela mãe durante a gestação (rubéola); • Peri-natal – provocada por parto prematuro, trauma de parto (anóxia); • Pós-natal – provocada por doenças adquiridas pelo indivíduo ao longo da vida, o uso de medicamentos, avanço da idade (acidentes). . Níveis de Surdez Pelo decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999, art.4º é considerada pessoa portadora de deficiência auditiva aquela que se enquadra em uma das seguintes categorias: a) De 25 a 40 decibéis: surdez leve b) De 41 a 55 decibéis: surdez moderada c) De 56 a 70 decibéis: surdez acentuada d) De 71 a 90 decibéis: surdez severa e) Acima de 91 decibéis: surdez profunda 3 14 Causas da Surdez 1 Problemas Pré-Natais • Rubéola materna durante a gravidez - o risco de surdez na criança que nasce é cerca de 14%. Importante: a vacinação contra rubéola elimina este risco. • Problemas de incompatibilidade sanguínea pelo fator RH. Importante: podem ser evitados pela administração de soro específico. • O parto prematuro aumenta o risco de perda auditiva. • Congênitos: pessoas na família que nasceram surdas. 2-Problemas No Ouvido Médio • Bloqueio na tuba auditiva - causado por resfriados, gripes, adenoides aumentadas, que impedem o arejamento do ouvido médio e podem causar: a) Otite média: infecção capaz de perfurar o tímpano, podendo ser tratada com antibióticos ou, às vezes, com cirurgia; b) Líquido no ouvido médio - a otite média secretora é a causa mais frequente de perda auditiva na idade escolar; o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. 3- Fatores Ambientais: • Doença na infância (sarampo, coqueluche, caxumba, meningite) podem causar perdas auditivas. Importante: muitas delas podem ser evitadas pela vacinação. 4- Traumatismos Sonoros ou Físicos: • Ruídos muito altos próximos a um ou a ambos os ouvidos; • Pancadas violentas nos ouvidos; • Objetos introduzidos pela criança no canal do ouvido. 4- Problemas Genéticos • Existem doenças genéticas que podem causar danos ao sistema auditivo. • É importante verificar se há pessoas na família que nasceram surdas. 15 CULTURA E IDENTIDADE SURDA Cultura Surda Os surdos têm cultura e identidade próprias, entretanto concordamos com Gesser (2009), quando diz que, na verdade, a cultura é plural, uma vez que, sejamos surdos ou ouvinte é permeado por múltiplas identidades e culturas. Quando dizemos que o surdo tem cultura e identidade próprias, queremos com isso dizer que ele tem uma língua específica de sua comunidade e isso o diferencia, todavia não podemos pensar como há alguns séculos em identidade no sentido de uma patologização, de minoria e outras denominações mais que hoje estão fora de contexto. Quadros (2002:10) define cultura surda: Como a identidade cultural de um grupo de surdos que se define enquanto grupo diferente de outros grupos. Essa cultura é multifacetada, mas apresenta características que são específicas: ela é visual, traduz de forma visual. As formas de organizar pensamento e a linguagem transcendem as formas ouvintes. Ele é um ser cultural, político e, como tal, tem um modo de se relacionar e ver o mundo a partir de seu universo visual. Além disso, não podemos deixar de perceber cultura como algo em processo, não estático, em constante modificação. Como o surdo e sua cultura, no contexto brasileiro, especificamente, têm uma visibilidade maior agora, com as leis da inclusão, isso tem gerado algumas discussões e tentativas de se compreender como ele vive e se percebe no mundo. A cultura surda está em conexão com a teoria cultural, no qual o surdo é visto como diferente e sujeito cultural. A diferença como diz Perlin (1998) assume um caráter principal na constituição da identidade surda devido ao surdo se perceber diferente do ouvinte. Neste espaço, os surdos lutam pelos seus direitos de pertencerem a uma cultura surda representada pela língua de sinais pelas identidades diferentes, pela presença de intérpretes por tecnologias especializadas, pela pedagogia da diferença pelo povo surdo, pela comunidade surda. Esta luta é para conquistar um espaço na escola onde a diferença surda possa ser respeitada, afirma Lacerda. 4 16 Entretanto, vale repensar nossos conceitos, pois o surdo, como qualquer pessoa, faz parte de um multiculturalismo. O ser surdo é aquele que apreende o mundo por meio do contato visual, que é capaz de se apropriar da língua de sinais e da língua escrita e de outras de modo a propiciar seu pleno desenvolvimento cognitivo, cultural e social. A língua de sinais permite ao ser surdo expressar seus sentimentos e visões sobre o mundo sobre significados, de forma mais complexa e acessível. Entendendo... Conforme pensamentos de Karin Strobel: Comunidade Surda: É aquela que reúne pessoas usuários da língua de sinais- LS surdos, familiares de surdos, profissionais da área da surdez, professores, instrutores e tradutores e intérpretes de Libras, bem como, amigos e outros que participam e compartilham os mesmos interesses em comuns em um determinado localização que podem ser as associação de surdos, federações de surdos, igrejas e outros.” Povo Surdo é grupo de sujeitos surdos que tem costumes, história, tradições em comuns e pertencentes às mesmas peculiaridades, ou seja, constrói sua concepção de mundo através da visão. As comunidades surdas no Brasil têm uma história longa. O povo surdo brasileiro deixou muitas tradições e histórias em suas organizações das comunidades surdas, que podem ser associação de surdos, federações de surdos, confederações e outros. Associação iniciou diante de uma necessidade de povos surdos terem um espaço ao se unirem e resistirem contra as práticas ouvintistas que não respeitavam a cultura deles. No inicio as associações de surdos tinham exclusivamente o objetivo de natureza social devido ao baixo padrão de vida no século XVIII, os sujeitos surdos tinham a finalidade de ajudar uns aos outros em caso de doença, morte e desemprego e, além disso, as associações se propunham a fornecer informações e incentivos através de conferências e entretenimentos relevantes. Hoje as associações de surdos fornecem muitas atividades de lazer, cultural, esportivos, sociais e outros. As principais comunidades surdas 1- Associações de Surdos: Uma associação de surdos surge em função de reunir sujeitos surdos que participam e compartilham os mesmos interesses em comuns, assim como os costumes, as histórias, 17 as tradições em comuns, em uma determinada localidade, geralmente em uma sede própria ou alugada, ou cedida pelo governo e outros espaços físicos. A Associação de Surdos representa importante espaço de encontro entre os sujeitos surdos da comunidade surda. Importantes movimentos em prol a causa de surdos se originaram e ainda se resultam das reuniões e assembleias nas associações de surdos que ocorrem por todo o Brasil. 2- Federação Nacional de Educação de Surdos / FENEIS: é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos com finalidade sociocultural, assistencial e educacional que tem por objetivo a defesa e a luta dos direitos da Comunidade Surda Brasileira. É filiada a Federação Mundial dos Surdos. 3- Confederação Brasileira de Desportos dos Surdos/ CBDS. Esta confederação organiza e regulamenta muitas práticas de muitas modalidades de esportes de povo surdos, também promove competições entre as associações de surdos e outros. 4- Federação Estaduais Esportivas de Surdos. promove intercâmbios de esportes dentre as várias associações de surdos do Estado. 5- Outras Instituições: associações de pais e amigos de surdos, Associações de intérpretes de Libras, escolas de surdos e outros. 6- Representantes religiosas: pastorais de surdos, ministério de keiraihaguiai, grupos de jovens de igrejas, etc... Apresentamos as visões existentes no olhar a Surdez: Construto Patológico • Baseado na tradição médica/surdez é deficiência; • A competência auditiva e classificada por graus de perdas; • Acontece a opressão do surdo à medida que proíbe ou dificulta o acesso a língua de sinais; • Fundado na tradição médica, supõe a surdez como patologia que precisa ser tratada, medicalizada e corrigida. Então o procedimento indicado para tratar essa “DOENÇA” é ensinar o surdo a falar. Algumas regras deste construto: - Não gesticular; 18 - Não usar as mãos para se comunicar; - Manter os olhos sempre atentos aos lábios das pessoas ao redor. Construto Sócioantropológico • Concebe a surdez como diferença que acima de tudo deve ser compreendida e respeitada; • Garante o direito dos surdos de ter acesso á língua de sinais; • O sujeito surdo e compreendido como um componente de uma comunidade linguística minoritária que faz uso da língua de sinais; • Nesta visão o sujeito surdo é concebido como membro de uma comunidade linguística minoritária que faz uso da língua de sinais. Assim a surdez a surdez é vista como uma diferença; • Neste construto o surdo não é visto como desviante, mas como ser humano que faz parte de uma comunidade que apresenta especificidades culturais, linguísticas, políticas e etc ; • O principal objetivo deste construto e garantir os direitos dos alunos surdos relativos ao acesso à língua de sinais. Sinal de Batismo Na comunidade surda o sinal é a identificação visual da pessoa. Por esse motivo, cabe à própria comunidade a criação desse sinal de acordo com as características físicas da mesma. Após esse batismo, você será identificada dentro da comunidade surda pelo sinal e não pelo nome. Identidades Surdas Inicialmente afirmamos que o Surdo só adquire sua identidade por meio da Língua de Sinais, os defensores da língua de sinais afirmam que só por meio dela, adquirida em qualquer idade, o sujeito surdo constituirá uma identidade surda, já que ele não é ouvinte (Perlin, 1998; Moura, 2000). A maioria dos estudos tem como base a ideia de que a identidade surda está relacionada ao uso da língua. Usar a língua de sinais em contato com outro surdo é o que define, basicamente tal identidade. O que ocorre segundo Perlin (1998) é que, na interação entre surdos que usam a língua de sinais, surgem possibilidades de compreensão, de diálogo e de aprendizagem, que não são possíveis apenas por meio da linguagem oral. Isso porque a aquisição de uma língua, e de todos os mecanismos afeitos a ela, faz que se credite à língua de sinais a possibilidade de ser a única capaz de oferecer uma identidade ao Surdo. Abaixo apresentamos os tipos de identidades e suas especificidades de acordo com Perlin (1998): 19 Identidades Surdas (identidade política) Trata-se de uma identidade fortemente marcada pela política Surda. São mais presentes em Surdos que pertencem à comunidade Surda e apresentam características culturais como sejam: • Possuem a experiência visual que determina formas de comportamento, cultura, língua, etc.; • ·Carregam consigo a Língua de Sinais. Usam Sinais sempre, pois é sua forma de expressão. Eles têm o costume bastante presente que os diferencia dos ouvintes e que caracteriza a diferença Surda: a captação da mensagem é visual e não auditiva. O envio de mensagens não usa o aparelho fonador, usa as mãos; • Aceitam-se como Surdos, sabem que são Surdos e assumem um comportamento de pessoas Surdas, Entram facilmente na política com identidade Surda, onde impera a diferença: necessidade de interpretes, de educação diferenciada, de Língua de Sinais, etc.; • Passam aos outros Surdos sua cultura, sua forma de ser diferente; • Assimilam pouco, ou não conseguem assimilar a ordem da língua falada, tem dificuldade de entendê-la; • Decodificam todas as mensagens recebidas em Língua de Sinais; • A escrita obedece à estrutura da Língua de Sinais, pode igualar-se a língua escrita, com reservas; • Tem uma diferente forma de relacionar-se com as pessoas e mesmo com animais; Esta identidade assume características bastante diferenciadas é preciso lembrar aqui que, por exemplo, a identidade Surda genealógica traz sinais vividos e provados durante gerações, por exemplo, na Itália há uma família de Surdos de mais de 40 gerações; os filhos de pais Surdos; os Surdos que nasceram Surdos têm família ouvinte e entraram em contato com a comunidade Surda já em idade adulta. Identidades Surdas Híbridas: • São os surdos que nasceram ouvintes; • Conhecem a estrutura do português falado e usam-no como língua; • Captam o exterior pela experiência visual, passam para o português e, finalmente, para os sinais; • Terá sempre duas línguas, mas sua identidade irá ao encontro da identidade surda; Identidades Surdas de Transição: 20 • Filhos de pais ouvintes; • Surdos que foram oralizados, mantidos numa comunicação auditiva; • Transição é o momento da passagem do mundo do ouvinte para o mundo do surdo; • Nessa transição, os surdos passam pela desouvintização, isto é, passam do mundo auditivo para o mundo visual; Identidades Surdas Incompletas: • Vivem sob a ideologia do ouvintismo, não conseguem se organizar, resistir e quebrar o poder dos ouvintes, que fazem tudo para medicalizá-los; • Negam a identidade surda, como uma diferença; • São surdos estereotipados, acham os ouvintes superiores a eles; Identidades Surdas Flutuantes: • São conscientes ou não de serem surdos; • São surdos conformados e acomodados às situações impostas pelo ouvintismo; • Não têm militância pela causa surda; • Oscilam de uma comunidade a outra; • Não conseguem viver bem na comunidade surda porque não falam por sinais e • Não conseguem viver bem com os ouvintes pela falta de comunicação; 21 LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO PARA SURDOS Inclusão Social qualidade para Todos Fernando José de Almeida A inclusão não é algo natural. O ser humano tem uma tendência a acreditar que as dificuldades de sempre e que não podem ser mexidas continuarão sempre a ser dificuldades ou empecilho. É da essência humana, sempre foi assim, é impossível mudar, são algumas frases que trazem uma espécie de paralisia na nossa capacidade de fazer a história. De acordo com Lacerda e Santos (2013), as autoras lembram que no Brasil não possui escola de Surdos em todas as cidades. O debate é tão inconclusivo que o país possui propostas diferenciadas para a Educação de Surdos. Segundo o IBGE (2012) o Brasil possui 9.722.163 pessoas com problemas relacionados à Surdez. A política de incluir não acontece somente em relação ao acesso à educação, mas também ao acesso em espaços sociais, tais como hospitais, bancos, restaurantes, shoppings empresas, órgãos públicos, igrejas. Nesta parte, mencionamos algumas das Leis que ampara este sujeito, por que não mencionar estes sujeitos com deficiência, que tem como objetivo reconhecer as leis que favorecem aos surdos o acesso à educação ao trabalho e à sociedade, a fim de introduzir aspectos de cada um delas. Hoje em dia há uma série de leis em relação à educação de surdos, à sua língua de sinais, a cultura surda,e à acessibilidade de comunicação para que eles possam estudar e trabalhar e serem incluídos na sociedade. Citamos: O decreto n.º 3.298, de 20 de Dezembro de 1999, que regulamentou a Política Nacional para integração da Pessoa com Deficiência dedicou uma seção em relação ao Acesso à Educação das Pessoas com Deficiências (artigos 24 ao 29). 5 22 Segundo o artigo 24, os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta responsáveis pela educação devem dispor de “tratamento prioritário e adequado” aos assuntos do decreto, viabilizando várias medidas, tais como: matrículas compulsórias de pessoas com deficiência em cursos regulares e estabelecimentos públicos e particulares na rede regular de ensino; a inclusão da educação especial como “modalidade” de educação escolar para todos os níveis e as modalidades de ensino e a “oferta” de forma obrigatória e gratuita, da educação especial em estabelecimentos públicos de ensino. Define a educação especial como a “modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular para o educando com necessidades educacionais especiais, entre eles, a pessoa com deficiência” (art.24,§1º). A educação especial se caracteriza por constituir um processo flexível, dinâmico e individualizado, que deve ser oferecido, de forma preferencial, nos níveis de ensino considerados obrigatórios (art.24,§2º). Destarte, percebe-se que a Educação Especial, equipada com uma gama de profissionais diversos, deve adotar orientações pedagógicas individualizadas. Isso significa levar em consideração as diferenças individuais. Em relação aos Surdos, sua diferença individual é linguística e cultural. Determina ainda que, quando a educação das escolas comuns não puder satisfazer as necessidades educativas ou sociais do aluno, ou quando for necessário ao bem estar do educando, os serviços de educação especial devem ser ofertados pelas instituições de ensino público ou privados do sistema de educação geral, seja de forma transitória ou permanente, mediante programas de apoio para o aluno integrado ao sistema regular de ensino ou em escolas especializadas (art.25). No caso dos Surdos a escola própria para Surdos ou a classe de Surdos continua juridicamente existindo como OPÇÃO para os pais ou responsáveis por alunos surdos, que entendem ser este modelo educacional o mais eficiente para a preparação de um cidadão completo, por reconhecerem uma diferença linguística, e concomitante, como reforço para alunos surdos que os pais/responsáveis entendem ser a escola regular a ideal, mas que não satisfaz totalmente as necessidades educacionais existentes. Relacionado ao ensino superior devem as instituições oferecer adaptações de provas e apoios necessários, quando solicitados previamente pelo aluno deficiente, além de, conforme as características da deficiência, oferecer tempo adicional para a realização da mesma. (art.27). 23 Quanto à educação profissional que visa proporcionar acesso ao mercado de trabalho, o aluno com deficiência matriculado ou egresso do ensino fundamental ou médio de instituições públicas ou privadas, tem direito ao acesso, podendo ser oferecida em níveis básico, técnico e tecnológico ou em escola regular, em instituições especializadas e no ambiente de trabalho. (art.28, §1º). Findamos afirmando que as escolas e as instituições de educação profissional, quando se fizerem necessário, oferecerão serviços de apoio especializado para atender às peculiaridades da pessoa com deficiência, como adaptações dos recursos instrucionais, capacitação dos recursos humanos e a adequação dos recursos físicos (art.29). Isso em relação aos Surdos inclui a possibilidade de adaptação linguística do conteúdo ministrado, o apoio especializado do tradutor-intérprete, bem como a possibilidade de se desenvolver essa formação profissional em instituições especializadas para os alunos surdos, como às associações. Deficiências e terminologias Embora conste no texto constitucional e em outras leis posteriores, o uso do termo portador é incorreto. Àquela época, o legislador visava tão somente não utilizar de palavras com conotação negativas, como surdo-mudo, retardados e outros. Entretanto, atualmente, este termo também não condiz com a realidade e, portanto, deve ser evitado. De acordo com (Novaes, 2010: 36) caracteriza estas terminologias da seguinte forma: Portador de Necessidades Especiais dá o sentido que a pessoa está portando sua deficiência, assim como porta consigo, por exemplo, objetos pessoais, os quais a pessoa pode deixar de carregar quando bem deseja. Pessoas com Necessidades Especiais é uma classificação genérica, que independe da existência de deficiências. Todo ser humano possui necessidades especiais, que pode ser interpretadas de vários cunhos: econômicos, sociais, sentimentais e etc. Pessoas idosas obesas, grávidas, por exemplo, possuem necessidades especiais. Trata-se de um termo amplo, que não abrande portanto, somente a deficientes. Deficiência ou Deficiente Entendemos que o termo correto é pessoa com deficiência, haja vista retratar sem ofensas tal realidade. Muitos não usam a terminologia correta “pessoa com deficiência” por acreditarem que contrário de deficiência é eficiência. Entretanto, esse entendimento é equivocado. Ainda conforme afirma Novaes o contrário de eficiência não é deficiência. O contrário de eficiência é ineficiência. Assim, ineficiente (entendido como aquele que não produz, e, portanto, não e eficaz) pode ser tanto uma pessoa com deficiência como uma pessoa sem deficiência haja vista ser esta característica existente independentemente desta situação (eficiência). 24 Incapacidade também não é contrário de deficiência. Pode até ser sob um recorte feito dentro de uma análise concreta, uma consequência de uma deficiência, entretanto, não deve ser considerada de forma generalizada, pois a incapacidade de um sentido (visão audição, por exemplo) não impede, necessariamente, a capacidade de utilização de outro. Nesse sentido, Fávera (2004 p.27), afirma que a pessoa com deficiência não é uma pessoa incapaz, em uma perspectiva amplificada, pois caso assim fosse, representaria, no mínimo um retrocesso a todo o esforço de décadas para que a deficiência não seja vista de forma dissociada da ausência de potencialidades. Portanto, entende-se que o contrário da pessoa com deficiência e a pessoa sem deficiência. Assim, pode-se definir deficiência como uma restrição física, mental ou sensorial de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades da vida diária. O uso do termo surdo mudo é totalmente incorreto. Os surdos que não emitem sons não possuem necessariamente, nenhuma deficiência em relação a voz e aos instrumentos para isso. A não utilização de sons se dá por que não ouvem O surdo quando oralizado, pode se comunicar por meio da fala. Isso demanda um acompanhamento fonoaudiológico demasiado. Já o surdo não oralizado comunica-se em regra, somente por meio da língua de sinais, que, por ser uma língua visual-motora, não utiliza, portanto, sons. O deficiente auditivo é a pessoa que não tem surdez profunda, sua limitação sensorial é parcial. Por outro lado o surdo é a pessoa como limitação sensorial de forma total. A terminologia correta a ser utilizada é pessoa surda ou SURDO, caso sua surdez seja profunda ou deficiente auditivo, caso a pessoa ouça mesmo que de forma parcial. 25 ALFABETO MANUAL Em Libras o alfabeto manual ou datilologia é produzido por diferentes formatos das mãos que representam as letras do alfabeto escrito e é utilizado para “escrever” no ar, ou melhor, soletrar no espaço neutro, o nome de pessoas, lugares e outras palavras que ainda não possuem sinal. 26 ATIVIDADE1- Pratique a datilologia com as palavras abaixo: C-A-R-L-O-S W-I-L-LY E-V-A L-O-Í-S-E B-E-T-O P-A-U-L-O J-O-S-É H-É-L-I-O G-A-B-R-I-E-L-A Z-É-L-I-A M-Ô-N-I-C-A P-A-T-R-Í-C-I-A 2- Escreva nas linhas abaixo as palavras soletradas pelo professor: 3- Faça a datilologia da palavra sorteada 4- Escreva cinco palavras na coluna A e soletre-as ao colega ao lado, que por sua vez, fará a datilologia das palavras escritas por el@, onde você as escreverá na coluna B A B _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ ___________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ ___________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ 27 NUMERAIS Em Libras existem três formas diferentes de representar os numerais: • Números Cardinais: Utilizados como código representativo. Exemplos: número do telefone, número da caixa postal, número da casa, número da conta no banco,... etc. • Números Ordinais: Indicam ordem e são sinalizados com movimentos. Do 1° ao 5° o movimento é vertical, do 6° ao 9° o movimento é horizontal. Exemplos: Primeiro da fila, terceiro lugar, sexto colocado em um campeonato,... etc. • Números Quantitativos: Utilizados para indicar quantidades. Somente os numerais de 1 ao 4 terão modificações quanto a configuração de mão, já os demais números continuarão com a mesma configuração que os cardinais e ordinais. 28 Exemplos: Quantidades de pessoas, quantidades de mesas, quantidade de casa, ... etc. ATIVIDADE Escreva as frases abaixo: ______________________________ ___________________________ ______________________________ 29 Relacione as colunas: (1) CACHORRO (2) PAPEL (3) LIVRO (4) EMANUEL (5) XEROX (6) COMPUTADOR (7) BISCOITO (8) FELICIDADE (9) SAUDADE (10) VITÓRIA Leia as perguntas a seguir e responda em Libras a) Qual o número da sua casa? b) Quantas pessoas moram com você? c) Quantos anos você tem? d) Você está em uma fila e tem duas pessoas na sua frente. Qual a sua posição? ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 30 TEMPO /HORAS Em Libras, há dois sinais para se referir a hora: um para se referir ao horário cronológico e o outro para a duração. • HORA-CRONOLÓGICO: É sinalizado por um apontar para o pulso. Quando utilizado em frases interrogativas, usa-se a expressão interrogativa “QUE-HORA?”. Com relação às horas do dia, usa-se a configuração dos numerais para quantidade, de 1 hora às 12 horas, acrescentando o sinal de manhã, tarde, noite ou madrugada quando necessário. Exemplo: QUE-HORA? AULA COMEÇAR QUE-HORA AQUI? VOCÊ TRABALHO COMEÇAR QUE-HORA? VOCÊ ACORDA QUE-HORA? • HORA-DURAÇÃO: É sinalizado por um círculo ao redor do rosto. Quando utilizado em frase interrogativa, usa-se a expressão interrogativa “QUANTAS-HORAS?”. Esse sinal pode-se incorporar os quantificadores: 1, 2, 3 e 4, mas, a partir da quinta hora, já não há mais essa incorporação. Exemplo: VIAJAR PIAUI QUANTAS-HORAS? TRABALHAR ESCOLA QUANTAS-HORAS? 31 Enumere as perguntas feitas em LIBRAS pelo Instrutor e depois as responda em LIBRAS: ( ) VOCÊ DORMIR QUANTA-HORA? ( ) VOCÊ ESTUDAR QUANTA-HORA? ( ) AULA DE LIBRAS COMEÇAR QUE-HORA? ( ) VIAGEM CARRO ATÉ PARNAÍBA QUANTA-HORA? ( ) VOCÊ DORMIR QUE-HORA? ( ) AULA DE LIBRAS TERMINAR QUE-HORA? ( ) AULA DE LIBRAS QUANTA-HORA? 32 CUMPRIMENTOS, SAUDAÇÕES E AGRADECIMENTOS BOM DIA BOA TARDE BOA NOITE BOA SORTE OI TCHAU COM LICENÇA POR FAVOR OBRIGADO DESCULPA 33 NOME PRAZER EM CONHECER ATIVIDADE Complete o texto abaixo com suas informações pessoais e depois sinalize para turma. ( pergunte ao professor os sinais que não souber) OI! ME@-SINAL ....... NOME_______. EU MORAR ____ LUGAR NOME___________. EU SOLTEIR@/ CASAD@. TER FILH@S _____. NÃO –TER FILHO@S. ME@ FILH@ NOME _____________. EU TER __________ IRMÃ@. EU TRABALHAR _________. EU ESTUDADAR ___________. GOSTAR ESTUDAR LIBRAS. 34 PARÂMETROS DA LIBRAS Nas línguas de sinais podem ser encontrados os parâmetros primários: configuração de mão (CM), o ponto de articulação (PA) e o movimento (M) e os secundários: orientação de mão (O) e expressões não-manuais (ENM). • Configuração da mão (CM): são as diversas formas que uma ou as duas mãos tomam na realização do sinal. Podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros), ou pelas duas mãos do emissor. Exemplos: CM em “S” CM em “Y” CM em “F” CM em “A” LARANJA DESCULPA FAMÍLIA ARROZ 35 • Ponto de Articulação (P.A): é o espaço em frente ao corpo ou uma região do corpo, onde os sinais são articulados. Os sinais articulados no espaço são de dois tipos: os que se articulam no espaço neutro ou tocam alguma parte do corpo. Exemplos: Testa: PESSOA, ESQUECER; Ombro: RESPONSABILIDADE Orelha: APARELHO AUDITIVO; Boca: VERMELHO; Bochecha: PROVAR; Braço: ALUNO; Antebraço: TREINAR; Mão: dorso: DOENTE. Cabeça: (atrás) estado do PARÁ; (em cima) PARANA; • Movimento (M): os sinais podem ter um movimento ou não. Os sinais RIR, CHORAR E CONHECER tem movimento, como os sinais AJOELHAR, EM-PÉ, SENTAR não tem movimento. http://2.bp.blogspot.com/_Dt6SgmrbJgk/TE9VfeeD0hI/AAAAAAAAATM/BVJJ_etii9U/s1600/PA.png 36 Existem sinais que mudam o seu significado quando lhes é acrescido movimento. Ex: CADEIRA SENTAR Tipos de movimentos: a) Movimento retilíneo: Ex: Deficiente b) Movimento helicoidal: Ex: Importante b) Movimento circular: Ex: Brincar d) Movimento semicircular: Ex: Professor http://4.bp.blogspot.com/_Dt6SgmrbJgk/TE9WtH8K1uI/AAAAAAAAATU/tN2KNypki-k/s1600/M.png 37 e) Movimento sinuoso:Ex: Brasil • Orientação (O): é a direção para a qual a palma da mão aponta na produção do sinal. Ex: para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a direita ou para a esquerda, os sinais podem ter uma direção e a inversão desta pode significar ideia de oposição QUERER E QUERER-NÃO; IR e VIR. • Expressões Não-manuais (ENM): muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. 38 ATIVIDADE 1) Conforme estudos sobre as configurações de mãos, exemplifique sinais que são realizados com a CM abaixo: _________________________ ________________________ __________________________ ________________________ 2) Conforme os Parâmetros estudados, preencha a tabela abaixo. CM: CM: M: M: PA: PA: O: O: 39 CM: CM: M: M: PA: PA: O: O: 40 PRONOMES Na libras os pronomes podem ser divididos em: pronomes pessoais, pronomes possessivos e pronomes demonstrativos. • PRONOMES PESSOAIS 1. Primeira Pessoa do Singular: EU 2. Primeira Pessoa do Plural: ➢ Dual: NÓS-DOIS ➢ Trial: NÓS-TRÊS ➢ Quatrial: NÓS-QUATRO Dedo indicador apontando para si mesmo, na altura do peito. Mão em “V” com a palma da mão para trás, fazendo movimento retilíneo para frente e para trás no espaço neutro em frente ao peito. Mão em “W” com a palma da mão para trás, fazendo movimento circular no espaço neutro em frente ao peito. 41 ➢ Plural: NÓS-TOD@ 3. Segunda pessoa do Singular: VOCÊ 4. Segunda Pessoa do Plural: ➢ Dual: VOCÊS-DOIS ➢ Trial: VOCÊS-TRÊS Mão em “4” quantitativo com a palma da mão para trás, fazendo movimento circular no espaço neutro em frente ao peito. Dedo indicador apontado para cima e com a palma da mão para trás, fazendo movimento circular no espaço neutro em frente ao peito. Dedo indicador apontado para a 2ª pessoa do singular, na frente do corpo. Mão em “V” deitado, com a palma da mão para cima, apontando para as duas pessoas referidas a sua frente, movendo a mão de um lado para o outro. Mão em “W” com a palma da mão para cima, apontando para as três pessoas referidas a sua frente, movendo a mão de um lado para o outro. 42 ➢ Quatrial: VOCÊS-QUATRO ➢ Plural: VOCÊS 5. Terceira Pessoa do Singular: EL@ 6. Terceira Pessoa do Plural: ➢ Dual: EL@-DOIS ➢ Trial: EL@-TRÊS Dedo indicador apontado para a 3ª pessoa do singular, ao lado do corpo. Mão em “V” deitado, com a palma da mão para cima, apontando para as duas pessoas referidas ao seu lado, movendo a mão de um lado para o outro. Mão em “4” com a palma da mão para cima, apontando para as três pessoas referidas a sua frente, movendo a mão de um lado para o outro. Mão em “D” com a palma da mão para cima, apontando para todas as pessoas referidas a sua frente, movendo a mão de um lado para o outro. 43 ➢ Quatrial: EL@-QUATRO ➢ Plural: EL@-TOD@ • PRONOMES POSSESSIVOS: Não possuem marcação de gênero e estão relacionados às pessoas do discurso, não à coisa possuída. Não existe um sinal específico para os modos: DUAL, TRIAL, QUATRIAL e PLURAL (GRUPO), devendo usar-se, nestas situações, os pronomes pessoais correspondentes. • PRONOMES DEMONSTRATIVOS: estão relacionados às pessoas do discurso e representam, na perspectiva do emissor, o que está PRÓXIMO, PERTO ou LONGE. Mão em “W” com a palma da mão para cima, apontando para as três pessoas referidas ao seu lado, movendo a mão de um lado para o outro. Mão em “D” com a palma da mão para cima, apontando para 3° pessoa do plural, movendo a mão de um lado para o outro. Mão em “4” com a palma da mão para cima, apontando para as três pessoas referidas ao seu lado, movendo a mão de um lado para o outro. 44 ➢ EST@ / AQUI - olhar para o lugar apontado, perto da 1ª pessoa. ➢ ESS@ / AÍ - olhar para o lugar apontado, perto da 2ª pessoa. ➢ AQUEL@ / LÁ - olhar para o lugar distante apontado. • PRONOMES E ADVÉRBIOS INTERROGATIVOS: Os pronomes interrogativos QUE e QUEM geralmente são usados no início da frase, mas o pronome interrogativo ONDE e o pronome QUEM, quando está sendo usado com o sentido de"quem é" ou "de quem é" são mais usados no final. 45 Pratique os exemplos abaixo : ✓ POR QUÊ?/ PORQUE: Ex.: VOCÊ FALTAR AULA ONTEM POR QUÊ? Ex.: PORQUE EU DOENTE. ✓ PARA-QUE? Ex.: VOCÊ APRENDER LIBRAS PARA-QUÊ? ✓ QUAL? Ex.: VOCÊ GOSTAR COMER QUAL? ✓ COMO?Ex.: VOCÊ APRENDER LIBRAS COMO? ✓ QUANDO? (FUTURO/PASSADO): Ex.: VOCÊ VAI VIAJAR QUANDO? (FUTURO) Ex.:VOCÊ JÁ IR CASA QUANDO? (PASSADO) ✓ ONDE/ LUGAR/ AONDE: Ex.: VOCÊ MORAR ONDE? ✓ QUE?/ O-QUE?/ QUEM? Ex.: VOCÊ FAZER O-QUE? Ex.: AQUEL@ QUEM? 46 ADVÉRBIOS Na Língua Brasileira de Sinais (Libras), os advérbios também expressam circunstâncias como: tempo, lugar, modo, quantidade, afirmação, negação e interrogação. Na Libras não há marca de tempo nas formas verbais. Os verbos ficam sempre no infinitivo. O tempo é marcado sintaticamente através dos advérbios de tempo que indicam se a ação está ocorrendo no presente: HOJE, AGORA; se ocorreu no passado: ONTEM, ANTEONTEM; ou se irá ocorrer no futuro: AMANHÃ. Por isso, os advérbios geralmente vêm no começo da frase, mas podem ser usados também no final. SEMPRE ONTEM ANTEONTEM PASSSADO FUTURO 47 48 VERBOS 49 CALENDÁRIO Dias da Semana 50 MESES DO ANO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO 51 ATIVIDADE Leia as perguntas abaixo e responda em libras. 1- Que dia da semana é hoje? 2- Em que mês você nasceu? 3- Quais os dias que você trabalha? 4- Quais os dias que você descansa? 5- Qual o ano do seu nascimento? 6- Qual dia, mês e ano que você começou aprender libras? 7- Que dia da semana você mais gosta? 8- Quantos meses têm um ano? 9- Qual mês você fica de férias? 10- Uma semana tem quantos dias? 11- Qual o primeiro dia da semana? 12- Qual o último dia da semana? 13- Qual o terceiro dia da semana? Complete as frases, substituindo as gravuras por palavras: a) iremos ao circo: ____________________________ b) Meu irmão casou no mês de : ____________________ 52 c) Na próxima irei viajar para Parnaíba: _________________ d) Eu nasci do dia 17 de : ______________________ 53 CORES 54 CLARO 55 ESTADOS BRASILEIROS ESTADOS ACRE ALAGOAS AMAPÁ AMAZONAS BAHIA BRASÍLIA CEARÁ 56 ESPIRITO SANTO GOIAS MARANHÃO MINAS GERAIS MATO GROSSO MATO GROSSO DO SUL PARÁ PERNAMBUCO PIAUÍ PARANÁ 57 RIO DE JANEIRO RIO GRANDE DO NORTE RIO GRANDE DO SUL RONDÔNIA RORAIMA SANTA CATARINA 58 TOCANTINS 59 FAMÍLIA 60 6162 MEIOS DE TRANSPORTES 63 Fonte: www.trabalhandocomsurdos.blogstop.com http://www.trabalhandocomsurdos.blogstop.com/ 64 MEIOS DE COMUNICAÇÃO 65 66 EDUCAÇÃO DISCIPLINAS ESCOLARES DISCIPLINAS GEOGRAFIA ARTES HISTÓRIA PORTUGUÊS QUÍMICA INGLÊS GRAMÁTICA LITERATURA 67 CIÊNCIAS FÍSICA FILOSOFIA MATERIAIS ESCOLARES CADERNO BORRACHA REGUA GRAMPEADOR MOCHILA MESA CADEIRA QUADRO COLA 68 PAPEL APONTADOR LIVRO TESOURA CANETA LÁPIS GRAUS DE INSTRUÇÃO ENSINO FUNDAMENTAL 1 ENSINO FUNDAMENTAL 2 ENSINO MÉDIO GRADUAÇÃO 69 PÓS- GRADUAÇÃO MESTRADO DOUTORADO FACULDADE UNIVERSIDADE ESCOLA 70 ANTÔNIMOS 71 72 73 74 75 76 Fonte: www.trabalhandocomsurdos.blogstop.com http://www.trabalhandocomsurdos.blogstop.com/ 77 TEXTOS COMPLEMENTARES LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão associados. Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Art. 2º Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais – Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. Art. 3º As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor. Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municípios e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais – Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, conforme legislação vigente. Parágrafo único. Língua Brasileira de Sinais – Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de abril de 2022; 181º da Independência e 114º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato de Souza http://legislacao.planalto.gov.br/Legislacao.nsf/WebAbreDocumento?OpenAgent&ID=4CCF02&Position=1&TotDocs=1 78 Publicada no Diário Oficial – nº 79 – Seção 1, quinta-feira, 25 de abril de 2002. DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e no art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, DECRETA: CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (db) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. CAPÍTULO II DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR Art. 3o A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 1o Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de nível médio, o curso normal superior, o curso de Pedagogia e o curso de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e profissionais da educação para o exercício do magistério. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%205.626-2005?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10436.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm#art18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10098.htm#art18 79 § 2o A Libras constituir-se-á em disciplina curricular optativa nos demais cursos de educação superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto. CAPÍTULO III DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS Art. 4o A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 5o A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngüe. § 1o Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngüe, referida no caput. § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 6o A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional; II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior; e III - cursos de formação continuada promovidos por instituições credenciadas por secretarias de educação. § 1o A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III. § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 7o Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não haja docente com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para o ensino dessa disciplina em cursos de educação superior, ela poderá ser ministrada por profissionais que apresentem pelo menos um dos seguintes perfis: I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-graduação ou com formação superior e certificadode proficiência em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo Ministério da Educação; II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível médio e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação; III - professor ouvinte bilíngue: Libras - Língua Portuguesa, com pós-graduação ou formação superior e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação. § 1o Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão prioridade para ministrar a disciplina de Libras. § 2o A partir de um ano da publicação deste Decreto, os sistemas e as instituições de ensino da educação básica e as de educação superior devem incluir o professor de Libras em seu quadro do magistério. 80 Art. 8o O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7o, deve avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa língua. § 1o O exame de proficiência em Libras deve ser promovido, anualmente, pelo Ministério da Educação e instituições de educação superior por ele credenciadas para essa finalidade. § 2o A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou o professor para a função docente. § 3o O exame de proficiência em Libras deve ser realizado por banca examinadora de amplo conhecimento em Libras, constituída por docentes surdos e linguistas de instituições de educação superior. Art. 9o A partir da publicação deste Decreto, as instituições de ensino médio que oferecem cursos de formação para o magistério na modalidade normal e as instituições de educação superior que oferecem cursos de Fonoaudiologia ou de formação de professores devem incluir Libras como disciplina curricular, nos seguintes prazos e percentuais mínimos: I - até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição; II - até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição; III - até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição; e IV - dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição. Parágrafo único. O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular deve iniciar-se nos cursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-se progressivamente para as demais licenciaturas. Art. 10. As instituições de educação superior devem incluir a Libras como objeto de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores para a educação básica, nos cursos de Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. Art. 11. O Ministério da Educação promoverá, a partir da publicação deste Decreto, programas específicos para a criação de cursos de graduação: I - para formação de professores surdos e ouvintes, para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, que viabilize a educação bilíngüe: Libras - Língua Portuguesa como segunda língua; II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa, como segunda língua para surdos; III - de formação em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa. Art. 12. As instituições de educação superior, principalmente as que ofertam cursos de Educação Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar cursos de pós-graduação para a formação de professores para o ensino de Libras e sua interpretação, a partir de um ano da publicação deste Decreto. Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de formação de professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e superior, bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa. Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua portuguesa para surdos deve ser incluído como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia. CAPÍTULO IV DO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ACESSO DAS PESSOAS SURDAS À EDUCAÇÃO 81 Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. § 1o Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no caput, as instituições federais de ensino devem: I - promover cursos de formação de professores para: a) o ensino e uso da Libras; b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas; II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos; III - prover as escolas com: a) professor de Libras ou instrutor de Libras; b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa; c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade lingüística manifestada pelos alunos surdos; IV - garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos, desde a educação infantil, nas salas de aula e, também, em salas de recursos, em turno contrário ao da escolarização; V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a difusão de Libras entre professores, alunos, funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de cursos; VI - adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa; VII - desenvolver e adotar mecanismos alternativos para a avaliação de conhecimentos expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vídeo ou em outros meios eletrônicos e tecnológicos; VIII - disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecnologias de informação e comunicação, bem como recursos didáticos para apoiar a educação de alunos surdos ou com deficiência auditiva. § 2o O professor da educação básica, bilíngüe, aprovado em exame de proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa, pode exercer a função de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, cuja função é distinta da função de professor docente. § 3o As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar atendimento educacional especializado aos alunos surdos ou com deficiência auditiva. Art. 15. Para complementar o currículo da base nacional comum, o ensino de Libras e o ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos, devem ser ministrados em uma perspectiva dialógica, funcional e instrumental, como: I - atividades ou complementação curricular específica na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental; e II - áreas de conhecimento, como disciplinas curriculares, nos anos finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior. 82 Art. 16. A modalidade oral da Língua Portuguesa, na educação básica, deve ser ofertada aos alunos surdos ou com deficiência auditiva, preferencialmente em turno distinto ao da escolarização, por meio de ações integradas entre as áreas da saúde e da educação, resguardado o direito de opção da família ou do próprio aluno por essa modalidade. Parágrafo único. A definição de espaço para o desenvolvimento da modalidade oral da Língua Portuguesa e a definição dos profissionais de Fonoaudiologia para atuação com alunos da educação