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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CARLOS VINICIO RODRÍGUEZ RON PLANEJAMENTO DE SISTEMAS CELULARES NA TRANSIÇÃO PARA A TERCEIRA GERAÇÃO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Elétrica do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Mauro Soares de Assis – M. C. Rio de Janeiro 2003 2 c2003 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290-270 Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de arquivamento. É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e do(s) orientador(es). R696 Rodríguez Ron, Carlos Vinicio Planejamento de sistemas celulares na transição para a terceira geração / Carlos Vinicio Rodríguez Ron. Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2003. 106 p. : il., graf., tab. Dissertação (mestrado) - Instituto Militar de Engenharia – Rio de Janeiro, 2003. 1. Planejamento Celular. 2. Sistemas Móveis. 3.Terceira Geração. I. Instituto Militar de Engenharia. II. Título CDD 621.28456 3 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CARLOS VINICIO RODRIGUEZ RON PLANEJAMENTO DE SISTEMAS CELULARES NA TRANSIÇÃO PARA A TERCEIRA GERAÇÃO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Elétrica do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Mauro Soares de Assis – M.C. Aprovada em 18 de junho de 2003 pela seguinte Banca Examinadora: _______________________________________________________________ Prof. Mauro Soares de Assis – M. C. do IME - Presidente _______________________________________________________________ Prof. Luiz Alencar Reis da Silva Mello - D. C. da PUC _______________________________________________________________ Prof. José Carlos Araújo dos Santos, - Ph.D do IME _______________________________________________________________ Prof. Maurício Henrique Costa Dias, - D. C do IME Rio de Janeiro 2003 4 A Deus, aos meus queridos pais Carlos e Lourdes, à minhas irmãs María de Lourdes e María Fernanda. 5 AGRADECIMENTOS Expresso meu mais sincero agradecimento a todas as pessoas que me apoiaram na realização da presente dissertação de mestrado, em especial a: • Prof. Mauro Soares de Assis, por sua orientação e dedicação em todas as fases do trabalho; • Aos professores do departamento de Engenharia Elétrica do IME, pelo conhecimento ministrado; • À Fundação CAPES pelo apoio à ciência e tecnologia e particularmente pelo financiamento para o desenvolvimento da presente dissertação; 6 “A história moderna tem provado sem dúvida que um dos grandes fatores da civilização e do progresso do mundo é a facilidade com que as pessoas, vivendo distantes umas das outras, podem se comunicar entre si”. GUGLIELMO MARCONI, 20 de dezembro, 1901 7 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES..................................................................................................... 09 LISTA DE TABELAS.............................................................................................................. 12 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS........................................................................ 13 LISTA DE SIGLAS.................................................................................................................. 14 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 18 1.1 Telefonia Móvel Celular ............................................................................................. 19 1.2 Objetivo da Dissertação e Roteiro Adotado................................................................. 23 2 FUNDAMENTOS BÁSICOS ................................................................................. 24 2.1 Sistemas Celulares ................................................................................................... 24 2.1.1 Técnicas de Acesso Múltiplo.................................................................................... 26 2.1.2 Sistemas Analógicos de Primeira Geração ................................................................ 29 2.1.3 Sistemas Digitais de Segunda Geração ..................................................................... 30 2.1.3.1 Sistema GSM ........................................................................................................... 31 2.1.3.2 Padrão IS-136 .......................................................................................................... 33 2.1.3.3 Padrão IS-95 ............................................................................................................ 33 2.1.4 Sistemas de Transição (2,5G) e de Terceira Geração (3G) ........................................ 34 2.1.4.1 GPRS ....................................................................................................................... 34 2.1.4.2 EDGE ...................................................................................................................... 35 2.1.4.3 WCDMA ................................................................................................................. 36 2.1.4.4 CDMA 2000 ............................................................................................................ 36 2.2 Planejamento Celular .............................................................................................. 37 2.2.1 Cobertura ................................................................................................................. 38 2.2.1.1 Modelo de Okumura-Hata ........................................................................................ 39 2.2.1.2 Modelo de Okumura-Hata-COST231 ....................................................................... 40 2.2.1.3 Modelo da Terra Plana Modificado .......................................................................... 41 2.2.1.4 Desvanecimento ....................................................................................................... 42 2.2.2 Reuso de Freqüência ................................................................................................ 43 2.2.3 Interferência ............................................................................................................. 44 2.2.4 Tráfego Telefônico................................................................................................... 45 8 3 PLANEJAMENTO DE SISTEMAS 2G E 2,5G ................................................... 47 3.1 Planejamento de Sistemas com Padrão GSM ............................................................ 47 3.1.1 Cálculo da Atenuação de Referência ........................................................................ 50 3.1.2 Determinação do Raio da Célula .............................................................................. 51 3.1.3 Consideraçõessobre o Fator de Reuso ..................................................................... 52 3.1.4 Planejamento de Sistemas GPRS/EDGE .................................................................. 52 3.2 Planejamento de Sistemas com o Padrão IS-95 ........................................................ 54 3.2.1 Limiar de Recepção ................................................................................................. 56 3.2.2 Cálculo da Atenuação Máxima ................................................................................. 57 3.2.3 Determinação do Raio da Célula .............................................................................. 58 3.2.4 Determinação do Número de Portadoras .................................................................. 58 3.2.5 Planejamento de Sistemas 3G com base na Tecnologia CDMA ................................ 63 4 MIGRAÇÃO DAS REDES DE SEGUNDA GERAÇÃO ..................................... 66 4.1 Evolução das Redes IS-136 ...................................................................................... 66 4.1.1 Transição do Padrão IS-136 para o Padrão IS-95 ...................................................... 67 4.1.2 Transição do Padrão IS-136 para o Padrão GSM ...................................................... 70 4.2 Evolução do Sistema GSM....................................................................................... 75 4.2.1 Superposição de Redes GSM, GPRS e EDGE .......................................................... 76 4.2.2 Superposição de Redes GSM e WCDMA................................................................. 77 5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ...................................................... 79 6 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 80 7 APÊNDICES .......................................................................................................... 83 7.1 APÊNDICE 1: Canalização nos Sistemas IS-136 e CDMA ...................................... 84 7.2 APÊNDICE 2: Situação de Tráfego na sobreposição do CDMA nas Redes IS-136... 90 7.3 APÊNDICE 3: Canalização nos Sistemas IS-136 e GSM ......................................... 93 7.4 APÊNDICE 4: Situação de tráfego na sobreposição do GSM nas Redes IS-136 ....... 98 7.5 APÊNDICE 5: Migração das Redes GSM .............................................................. 100 7.6 APÊNDICE 6: Tabelas auxiliares para cálculo da redução de tráfego causada por inclusão de janelas GPRS (Banda A de 800 MHz) ................................................ 100 7.7 APÊNDICE 7: Freqüências e definição de canais para WCDMA ( UTRA/FDD) .. 104 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIG. 1.1 Distribuição de usuários (x106) por tecnologia (fevereiro, 2003). ......................... 20 FIG. 1.2 Situação atual de espectro de freqüências para sistemas celulares ......................... 21 FIG. 1.3 Distribuição percentual de usuários por tecnologia no Brasil. ............................... 21 FIG. 1.4 Evolução dos sistemas móveis de 2a geração. ....................................................... 22 FIG. 2.1 Estrutura de um sistema celular ............................................................................ 25 FIG. 2.2 Handoff ................................................................................................................ 25 FIG. 2.3 Roaming ............................................................................................................... 26 FIG. 2.4 FDMA / FDD ....................................................................................................... 27 FIG. 2.5 TDMA / FDMA / FDD ......................................................................................... 28 FIG. 2.6 CDMA / FDD....................................................................................................... 28 FIG. 2.7 Distribuição de freqüências e canais do sistema AMPS ........................................ 30 FIG. 2.8 Fator de reuso N=7 ............................................................................................... 43 FIG. 4.1 Banda A de 800MHz com plano de reuso 4/12 ..................................................... 69 FIG. 4.2 Banda A de 800MHz com plano de reuso 7/21 ..................................................... 69 FIG. 4.3 Tráfego no sistema IS-136 na Faixa A de 800MHz com plano de reuso 4/12 e adição de portadoras CDMA ................................................................................. 70 FIG. 4.4 Tráfego no sistema IS-136 na Faixa A de 800MHz com plano de reuso 7/21 e adição de portadoras CDMA ................................................................................. 70 FIG. 4.5 Distância de reuso nas configurações 4/12 e 1/3. .................................................. 72 FIG. 4.6 Banda A de 800MHz com plano de reuso 4/12 ..................................................... 73 FIG. 4.7 Banda A de 800MHz com plano de reuso 7/21 ..................................................... 73 FIG. 4.8 Tráfego no sistema IS-136 na Faixa A de 800MHz com plano de reuso 4/12 e adição de portadoras GSM .................................................................................... 74 FIG. 4.9 Tráfego no sistema IS-136 na Faixa A de 800MHz com plano de reuso 7/21 e adição de portadoras GSM .................................................................................... 75 FIG. 4.10 Superposição GSM/WCDMA na faixa D em 1800 MHz ..................................... 78 FIG. 4.11 Redução de tráfego GSM com a introdução de uma portadora WCDMA .............. 78 FIG. 7.1 Banda B de 800MHz com plano de reuso 4/12 ..................................................... 85 FIG. 7.2 Banda B de 800MHz com plano de reuso 7/21 ..................................................... 85 10 FIG. 7.3 Banda A de 1900MHz com plano de reuso 7/21 ................................................... 86 FIG. 7.4 Banda B de 1900MHz com plano de reuso 7/21 ................................................... 86 FIG. 7.5 Banda C de 1900MHz com plano de reuso 7/21 ................................................... 87 FIG. 7.6 Banda D de 1900MHz com plano de reuso 7/21 ................................................... 87 FIG. 7.7 Banda E de 1900MHz com plano de reuso 7/21 .................................................... 87 FIG. 7.8 Banda F de 1900MHz com plano de reuso 7/21 .................................................... 88 FIG. 7.9 Banda A de 1900MHz com plano de reuso 9/27 ................................................... 88 FIG. 7.10 Banda B de 1900MHz com plano de reuso 9/27 ................................................... 88 FIG. 7.11 Banda C de 1900MHz com plano de reuso 9/27 ................................................... 89 FIG. 7.12 Banda D de 1900MHz com plano de reuso 9/27 ................................................... 89 FIG. 7.13 Banda E de 1900MHz com plano de reuso 9/27 .................................................... 89 FIG. 7.14 Banda F de 1900MHz com plano de reuso 9/27 .................................................... 90 FIG. 7.15 Tráfego na banda B de 800MHz com plano de reuso 4/12 .................................... 91 FIG. 7.16 Tráfego na banda B de 800MHz com plano de reuso 7/21 .................................... 91 FIG. 7.17 Tráfego nas banda A da faixa de 1900MHz .......................................................... 92 FIG. 7.18 Tráfego nas banda B da faixa de 1900MHz .......................................................... 92 FIG. 7.19 Tráfego nas banda C da faixa de 1900MHz .......................................................... 92 FIG. 7.20Tráfego nas banda D da faixa de 1900MHz .......................................................... 93 FIG. 7.21 Tráfego nas banda E da faixa de 1900MHz ........................................................... 93 FIG. 7.22 Tráfego nas banda F da faixa de 1900MHz ........................................................... 93 FIG. 7.23 Banda B de 800MHz com plano de reuso 4/12 ..................................................... 94 FIG. 7.24 Banda B de 800MHz com plano de reuso 7/21 ..................................................... 94 FIG. 7.25 Banda A de 1900MHz com plano de reuso 7/21 ................................................... 95 FIG. 7.26 Banda B de 1900MHz com plano de reuso 7/21 ................................................... 95 FIG. 7.27 Banda C de 1900MHz com plano de reuso 7/21 ................................................... 96 FIG. 7.28 Banda D de 1900MHz com plano de reuso 7/21 ................................................... 96 FIG. 7.29 Banda E de 1900MHz com plano de reuso 7/21 .................................................... 96 FIG. 7.30 Banda F de 1900MHz com plano de reuso 7/21 .................................................... 96 FIG. 7.31 Banda A de 1900MHz com plano de reuso 9/27 ................................................... 97 FIG. 7.32 Banda B de 1900MHz com plano de reuso 9/27 ................................................... 97 FIG. 7.33 Banda C de 1900MHz com plano de reuso 9/27 ................................................... 97 FIG. 7.34 Banda D de 1900MHz com plano de reuso 9/27 ................................................... 98 FIG. 7.35 Banda E de 1900MHz com plano de reuso 9/27 .................................................... 98 11 FIG. 7.36 Banda F de 1900MHz com plano de reuso 9/27 .................................................... 98 FIG. 7.37 Banda B de 800MHz com plano de reuso 4/12 ..................................................... 99 FIG. 7.38 Banda B de 800MHz com plano de reuso 7/21 ..................................................... 99 FIG. 7.39 Bandas A, B e C na faixa de 1900MHz ............................................................... 100 FIG. 7.40 Bandas D, E e F na faixa de 1900MHz ............................................................... 100 FIG. 7.41 Superposição GSM/WCDMA na banda C da faixa de 1800 MHz ....................... 102 FIG. 7.42 Superposição GSM/WCDMA na banda E da faixa de 1800 MHz ....................... 102 FIG. 7.43 Superposição GSM/WCDMA na banda A da faixa de 1900 MHz ...................... 103 FIG. 7.44 Superposição GSM/WCDMA na banda B da faixa de 1900 MHz ...................... 103 FIG. 7.45 Superposição GSM/WCDMA na banda C da faixa de 1900 MHz ...................... 103 FIG. 7.46 Superposição GSM/WCDMA na banda D da faixa de 1900 MHz ...................... 104 FIG. 7.47 Superposição GSM/WCDMA na banda E da faixa de 1900 MHz ...................... 104 FIG. 7.48 Superposição GSM/WCDMA na banda F da faixa de 1900 MHz ...................... 104 FIG. 7.49 Cálculo de tráfego no GSM (plano de reuso 4/12) com inclusão de 2 janelas GPRS por setor ............................................................................................................ 105 FIG. 7. 50 Cálculo de tráfego no GSM (plano 1/3 com 33,3 % de FH) com inclusão de 2 janelas GPRS por setor ...................................................................................... 105 FIG. 7.51 Cálculo de tráfego no GSM (plano 1/1 com 33,3 % de FH) com inclusão de 2 janelas GPRS por setor ...................................................................................... 105 12 LISTA DE TABELAS TAB. 2.1 Características técnicas dos sistemas digitais. ....................................................... 31 TAB. 2.2 Esquemas de codificação ...................................................................................... 35 TAB. 2.3 EDGE - Esquemas de codificação e técnicas de modulação .................................. 35 TAB. 2.4 Margem de desvanecimento para diferentes valores de desvio padrão e percentagem de cobertura para γ=3,5. ........................................................................................ 43 TAB. 2.5 Erlang-B para 1% e 2% de grau de serviço. .......................................................... 46 TAB. 3.1 Atenuação em dB para cada 100 metros de cabo. .................................................. 48 TAB. 3.2 Cálculo da atenuação de referência para o padrão GSM. ....................................... 50 TAB. 3.3 Determinação do raio da célula em ambiente externo ........................................... 51 TAB. 3.4 [C/I](dB) nos esquemas de codificação do GPRS para 800 - 900 MHz ................. 53 TAB. 3.5 [C/I](dB) nos esquemas de codificação do GPRS para 1800 - 1900 MHz ............. 53 TAB. 3.6 [C/I](dB) nos esquemas de codificação do EGDE para 800 - 900 MHz ................. 54 TAB. 3.7 [C/I](dB) nos esquemas de codificação do EGDE para 1800 - 1900 MHz ............. 54 TAB. 3.8 Cálculo da atenuação de referência para o padrão IS-95........................................ 57 TAB. 3.9 Determinação do raio da célula em ambiente externo ........................................... 58 TAB. 3.10 Determinação do raio da célula para os padrões CDMA20001x e WCDMA.........63 TAB. 4.1 Migração e evolução de redes celulares. ............................................................... 66 TAB. 4.2 Distribuição de freqüências no caso do uso de FH e fator de carga de 33% ........... 71 TAB. 4.3 Distribuição de freqüências no caso do uso de FH e fator de carga de 33% ........... 71 TAB. 4.4 Valores de [C/I](dB) para diferentes configurações do GSM.. ............................... 72 TAB. 4.5 Número de canais de tráfego e sinalização para diferentes configurações GSM. ... 74 TAB. 4.6 Redução do tráfego de voz com a introdução do GPRS na banda A de 800MHz. .. 76 TAB. 7.1 Redução do tráfego de voz com a introdução do sistema GPRS. ......................... 101 TAB. 7.2 Faixas de freqüência de UTRA/FDD ................................................................. 106 TAB. 7.3 Definição de canais no UTRA FDD................................................................... 106 TAB. 7.4 Definição de canais adicionais para Faixa II.. .................................................... 106 TAB. 7.5 Número dos canais no UTRA ............................................................................ 106 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ABREVIATURAS hb - altura das antenas da ERB hm - altura da antena da EM h0 - altura do plano de referência e b h - atenuação equivalente das antenas da ERB em relação ao plano de referencia e m h - atenuação equivalente da antena da EM em relação ao plano de referencia CM - fator de correção para centros metropolitanos N - fator de reuso D - distância de reuso RC - raio da célula C/I - relação portadora-interferência NC - número de canais Erl. - Erlangs M - Margem de desvanecimento R - Taxa de Transmissão W - Taxa de chip Eb - Energia por bit N0 - Densidade espectral de ruído C/N - Relação portadora a ruído SÍMBOLOS γ - constante de propagação ρ - atenuação adicional causada por obstáculos σ - desvio padrão da distribuição log-normal α - fator de atividade de voz µ - fator de carga ∆ - relação da energia por bit sobre a densidade de ruído β - relação de interferência de outras células e interferência da mesma célula ν - fator de ortogonalidade 14 LISTA DE SIGLAS 1G - Primeira Geração 1x EV-DO - 1x Evolution – Data Only 1x EV-DV - 1x Evolution – Data Voice 2,5G - Geração de Transição 2G - Segunda Geração 3G - Terceira Geração 3GPP - Third Generation Partnership Project 3GPP2 - Third Generation Partnership Project2 8PSK- 8 Phase - Shift Keying ANSI - American National Standard Institute AMPS - Advanced Mobile Phone System AMR - Adaptive MultiRate BER - Bit Error Rate CCC - Centro de Comutação e Controle CDG - CDMA Development Group CDMA - Code Division Multiple Access CS - Coding Scheme D-AMPS - Digital AMPS EDGE - Enhanced Data rates for GSM Evolution EFR - Enhanced Full Rate EM - Estação Móvel ERB - Estação Radio Base ETACS - Extended Total Access Communication System ETSI - European Telecommunications Standard Institute EVRC - Enhanced Variable Rate Coder FCC - Federal Communication Commission FDD - Frequency Divison Duplex FDMA - Frequency Division Multiple Access FH - Frequency Hopping FLMPTS - Future Land Mobile Public Telecommunications System FM - Frequency Modulation 15 GMSK - Gaussian Minimum Shift Keying GPRS - General Packet Radio Service HMM - Hora de maior movimento HSCSD - High Speed Circuit Switched Data IMT-2000 - International Mobile Telecommunications - 2000 IMTS - Improved Mobile Telephone System IP - Internet Protocol IS-136 - Interim Standard - 136 IS-95 - Interim Standard – 95 ISDN - Integrated Services Digital Network MCS - Modulation and Coding Schemes NMT - Nordic Mobile Telecommunications PCA - Percentagem de área de cobertura PDC - Personal Digital Cellular PCS - Personal Communication Services RA250 - Rural Area(EM a 250 km/h) RPTC - Rede Pública de Telefonia Comutada SHG - Soft Handoff Gain SMV - Selectable Mode Vocoder SMS - Short Messages Services TACS - Total Access Communication System TDD - Time Divison Duplex TDMA - Time Division Multiple Access TIA - Telecommunication Industry Association TU3 - Typically Urban (EM a 3km/h) TU50 - Typically Urban (EM a 50km/h) UMTS - Universal Mobile Telecommunications System UTRAN - UMTS Terrestrial Radio Access Network UWC - Universal Wireless Consortium WARC-92 - World Administrative Radio Conference - 1992 WCDMA - Wideband CDMA WRC-2000 - World Radiocommunications Conference - 2000 16 RESUMO O crescimento acelerado do número de usuários e a demanda por novos serviços de transmissão de dados a taxas elevadas estão impulsionado o avanço tecnológico das redes móveis. Esta situação tem motivado a busca estratégica de técnicas que permitam planejar as redes de forma a oferecer uma ampla gama de serviços aos usuários sem alteração dos níveis de qualidade exigidos. Neste contexto, esta dissertação apresenta metodologias para o planejamento de redes móveis contemplando a superposição das redes atuais de 2ª geração (2G) com redes de transição (2,5G) e redes de 3ª geração (3G). Dois enfoques são considerados nos exercícios de planejamento aqui realizados. O modo convencional que tem por base uma única tecnologia e a técnica que envolve a superposição de redes com diferentes tecnologias. No primeiro enfoque, o planejamento é tratado através do desenvolvimento otimizado de 3 (três) procedimentos de cálculo distintos: cobertura de cada célula ou setor, análise do tráfego e avaliação dos níveis de interferência. No que se refere à superposição de redes, tendo em vista que o padrão IS-136 não tem evolução prevista para a 3ª geração, um problema importante é a migração das operadoras que têm redes estruturadas neste padrão para as tecnologias IS-95 e GSM. A evolução do padrão GSM constitui outro item relevante para fins de planejamento. Neste caso, é analisada a superposição de redes GSM, GPRS, EDGE e WCDMA. Sintetizando os resultados obtidos nesta dissertação, dois pontos merecem destaque. Em ambos os casos investigados, IS-95 e GSM, observou-se que dentro dos limites tecnológicos atuais, é possível fazer a migração do IS-136 com acréscimo da capacidade de tráfego da rede resultante. Por outro lado, verificou-se que o aumento da taxa de transmissão de dados ocasiona uma significativa redução do tráfego de voz nas redes 3G baseadas no CDMA. 17 ABSTRACT The fast increasing number of users and the demand for new high data rates transmission services encourage the technological development for the mobile networks. This situation has motivated a strategic search of planning techniques, allowing mobile networks to offer a variety of services without significative lost of the required quality levels. This work uses well-known methodologies for planning the mobile networks; these methodologies considerate the overlapping of 2nd generation networks (2G) with the transition networks (2,5G), and 3rd generation networks (3G). Two approaches were employed in the planning scheme: the conventional way –using only one technology– and a migration process –using the overlapping of networks with different technologies. In the first approach, the planning was developed by optimizing 3 (three) distinct calculation procedures: cell or sector coverage, traffic distribution analysis and interference evaluation. In the second approach, because IS- 136 networks does not have an evolution for 3rd generation networks a previously migration to IS-95 or GSM standards must be considered. The evolution of the GSM constitutes another important situation for planning, in this case the overlapping of GSM, GPRS, EDGE and WCDMA networks is analyzed. Summarizing the main results of this work, there are two important remarks. It was showed that, within the current technological limits, it is possible to make the migration from the IS-136 to IS-95 and GSM with an increase in the traffic capacity of the resultant network. On the other hand, it was verified that the increase in the data rate causes a significant reduction of the voice traffic capacity in the CDMA based 3G networks. 18 1 INTRODUÇÃO A história das comunicações através de ondas de rádio possui 3 (três) marcos fundamentais. O primeiro se refere ao trabalho desenvolvido por Maxwell sintetizando em 4 (quatro) equações as leis fundamentais do eletromagnetismo e demonstrando a identidade entre luz e onda eletromagnética. Este trabalho culminou com a publicação em 1873 de um tratado sobre eletromagnetismo intitulado “A Treatise on Electricity and Magnetism”. O segundo marco foi a comprovação experimental realizada por Hertz em 1888 da teoria estabelecida anteriormente por Maxwell. Finalmente, o terceiro marco é representado pela série de experiências realizadas por Marconi entre o final do século XIX e o início do século XX mostrando a viabilidade prática de utilização das ondas eletromagnéticas em comunicações a longa distância. Relativamente às comunicações móveis, o marco inicial, amplamente referenciado na literatura técnica, corresponde ao sistema implantado em 1921, no Departamento de Polícia de Detroit (USA), utilizando modulação em amplitude e operando na freqüência de 2 MHz. Tratava-se de um sistema unidirecional que permitia o envio de mensagens para as viaturas do Departamento e cujo retorno obrigava o uso da rede de telefonia fixa, ou seja, um precursor do serviço de busca (paging). A partir deste primeiro serviço móvel, o século XX presenciou uma evolução crescente (lenta nas primeiras décadas) crescente das comunicações móveis. Evolução esta marcada por uma série de eventos, alguns dos quais são citados a seguir em ordem cronológica no período que antecedeu a implantação da telefonia móvel celular. 1928 - desenvolvimento do receptor superheterodino; 1935 - invenção da modulação em freqüência; 1946 - primeiro serviço móvel manual de telefonia pública nos Estados Unidos (150 MHz), conseqüência direta do desenvolvimento tecnológico realizado durante a 2ª Guerra Mundial; 1947 - serviço móvel para auto-estrada (35 MHz); 1956 - serviço móvel manual em 450 MHz 1964 - serviço automático em 150 MHz denominado IMTS (Improved Mobile Telephone System); 19 1969 - serviço automático (IMTS) em 450 MHz; 1975 - atribuição pela FCC (Federal Communication Commission)nos Estados Unidos da faixa de 800 MHz para telefonia móvel celular. 1.1 TELEFONIA MÓVEL CELULAR A estrutura celular foi concebida nos Laboratórios Bell (Bell Labs - USA) em 1947 (MACDONALD, 1979). Entretanto, somente após a decisão da FCC de atribuir uma faixa de freqüências em 800 MHz para a telefonia celular foi possível iniciar testes de campo visando a implantação do novo serviço. Neste contexto, foi instalado em 1978, na cidade de Chicago (USA), um sistema experimental com base no padrão analógico AMPS (Advanced Mobile Phone System) desenvolvido nos Laboratórios Bell. No entanto, por problemas de regulamentação, este sistema começou a operar comercialmente 5 (cinco) anos mais tarde, em 1983. Neste período a telefonia celular foi introduzida em diversos outros países, com padrões também analógicos que tiveram o AMPS por referência. Assim é que em: 1979 - é instalado em Tóquio (Japão) o primeiro sistema celular; 1980 - inicio da operação de um sistema celular integrando os países nórdicos (Dinamarca, Suécia, Noruega e Finlândia); 1982 - implementação do sistema TACS (Total Access Communication System) no Reino Unido. Ainda na década de 80 foram iniciados estudos nos Estados Unidos, Europa e Japão visando desenvolver sistemas que operassem com tecnologia digital e atendessem a critérios de melhor qualidade, maior capacidade e robustez quanto a interferências. Tais sistemas foram concluídos e implementados já na década de 90, resultando nos atuais padrões digitais que vieram constituir a 2ª geração da telefonia celular (2G): IS-136 - padrão digital americano com técnica de acesso TDMA; IS-95 - padrão digital americano com técnica de acesso CDMA; GSM - padrão digital europeu com técnica de acesso TDMA; PDC - padrão digital japonês com técnica de acesso TDMA. O crescimento da telefonia celular durante a década de 90 ultrapassou todas as expectativas, chegando à virada do século com mais de 500 milhões de usuários. Este 20 crescimento continua, atingindo a cifra de quase 1,2 bilhão de usuários em fevereiro deste ano (2003). A FIG. 1.1 mostra a distribuição destes usuários por tecnologia. 821,3 151,3 60,5 110,3 26,1 GSM CDMA IS-95 PDC TDMA IS-136 ANALOGICO FIG. 1.1 Distribuição de usuários (x106) por tecnologia (GSMWORLD, 2003). Em função deste crescimento e tendo em vista a necessidade de uma coordenação mundial para o serviço, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) tomou para si esta responsabilidade. Neste sentido, foram iniciados estudos visando a implantação de uma 3ª geração com integração mundial através de um projeto designado primeiramente FLMPTS (Future Land Mobile Public Telecommunications System), posteriormente denominado IMT- 2000 (International Mobile Telecommunications). Assim, na WARC-92 (World Administrative Radio Conference) realizada em 1992 foram definidas as primeiras faixas de freqüências a serem utilizadas pelos sistemas de 3ª geração (3G). Europa, Japão e outros países ajustaram o espectro de modo compatível com a recomendação da UIT. Entretanto, por motivos internos, o mesmo não aconteceu nos Estados Unidos, onde parte da faixa foi atribuída ao serviço denominado PCS (Personal Communication Services) e outra permaneceu para aplicações militares. A situação atual do espectro para a 3G, incluindo novas faixas adotadas na WRC 2000 (World Radiocommunications Conference) realizada em 2000, é mostrada na FIG. 1.2. 21 IMT IMT IMT IMTIMT M S S M S S GSM GSM FDD M S S D E C T T D D T D D FDD GSM GSM, PCS IMT M S S IMT M S S Cellular PDC IMT M S S P H S IMT M S S Cellular IMT M S S IMT M S S P C S P C S Cellular M S S Reser 800 900 1000 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2500 M S S 2600 2700 ITU Europe China Japan Korea North America M S S PCS A B C D EF A B CD EF WARC-92 WRC 2000 FIG. 1.2 Situação atual de espectro de freqüências para sistemas celulares (LEITE, 2000). No Brasil ao longo da década de 90 houve uma significativa penetração da tecnologia IS- 136. Por este motivo, a distribuição de usuários por tecnologia é bem diferente daquela mostrada na FIG1.1. Por exemplo, tomando por base dados de abril de 2003 (ANATEL, 2003), em um total de 36.369.793 usuários, a distribuição por tecnologia é indicada na TAB. 1.1. Entretanto, esta distribuição deverá sofrer modificação em um futuro próximo, tendo em vista a necessidade da migração das tecnologias que utilizam o padrão IS-136. 6,5 32,4 59,0 2,2 GSM CDMA IS-95 TDMA IS-136 ANALOGICO FIG. 1.3 Distribuição percentual de usuários por tecnologia no Brasil. O projeto IMT-2000 da UIT pretendia que a 3ª geração celular fosse implementada a partir de 2000. Entretanto, diversos problemas, tais como, atraso no desenvolvimento 22 tecnológico, disponibilidade de espectro nas vizinhanças de 2000 MHz, falta de recursos para novos investimentos, etc, não permitiram que este objetivo fosse atingido. Embora a UIT tenha selecionado 5 (cinco) padrões para a interface rádio do IMT 2000, apenas dois estão efetivamente no caminho para 3ª geração, ambos utilizando tecnologia CDMA (Code Division Multiple Access). Estes padrões são o CDMA 2000 e o WCDMA (Wideband CDMA). O CDMA 2000 representa a evolução do padrão americano IS-95. O WCDMA é a interface rádio do sistema europeu UMTS (Universal Mobile Telecommunications System) e que constitui a evolução do GSM com a mudança do acesso TDMA para CDMA. Este padrão é também conhecido por UTRAN (UMTS Terrestrial Radio Access Network). O WCDMA, cujo desenvolvimento foi iniciado na Europa, recebeu apoio do Japão, onde foi implantada, em outubro de 2001, uma rede 3G com base nesta tecnologia. O padrão americano IS-136 estava também previsto para evoluir a 3ª geração, tendo sido, inclusive, criado um consórcio (UWC - Universal Wireless Consortium) para coordenar o desenvolvimento tecnológico. Entretanto, os estudos iniciais neste sentido concluíram não ser viável o projeto e o consórcio foi desfeito. Esta decisão trouxe um problema para as operadoras que utilizam este padrão. Estas operadoras têm duas opções para oferecer serviços de 3ª geração; a migração para o GSM e, posteriormente, para o WCDMA ou a migração através do CDMA 2000. A FIG. 1.4 sintetiza estas duas opções, destacando, inclusive, os sistemas a serem utilizados durante a transição (geração 2,5G). Nesta figura, ANSI-41 (American National Standard Institute) e GSM-MAP (GSM Mobile Application Protocol) se referem às redes de suporte utilizadas, respectivamente, pelos padrões IS-95/IS-136 e GSM. IS-95A IS-136 GSM IS-95B CDMA2000 1X 1xEV-DO 1xEV-DV CDMA2000 3X GPRS UMTS WCDMA EDGE 2G 2.5G 3G ANSI 41 GSM MAP FIG. 1.4 Evolução dos sistemas móveis de 2a geração. 23 1.2 OBJETIVO DA DISSERTAÇÃO E ROTEIRO ADOTADO Conforme comentado anteriormente, existem apenas dois caminhos para a 3ª geração. Entretanto, a decisão de optar por um ou por outro não é simples, implicando em custos para introduzir modificações na rede atual (problema particularmente importante para as operadoras do IS-136) e para a aquisição de faixas de freqüência no espectro designado para este fim. Além disto, correr-se o risco associado à aceitação ou rejeição dos usuários em relação aos novos serviços. É neste cenário complexo, cujo acelerado desenvolvimento vem impulsionado pela tecnologia, mas que depende fortemente da reação do mercado, que se insere a presente dissertação, cujo objetivo é discutir e analisar os procedimentos a serem observados no planejamento dos sistemas 2,5G e 3G, com ênfase nas situações onde, pelos motivos mencionados, duas tecnologias deverão conviver durante um período de transição. Em função deste objetivo foi adotado o seguinte roteiro. Após esta introdução, o Capítulo 2 reúne um conjunto defundamentos básicos necessários para estruturar os procedimentos a serem observados no planejamento de sistemas celulares. O Capítulo 3 é dedicado à formulação matemática do planejamento quando o sistema em questão utiliza uma única tecnologia, sendo detalhado o cálculo da área de cobertura de uma célula fazendo-se referência aos estudos de tráfego e interferência co-canal resultantes do reuso de freqüência. O Capítulo 4 apresenta o planejamento em situações mais complexas quando há superposição de sistemas com tecnologias distintas. Neste contexto é analisada e discutida a evolução GSM/EDGE/WCDMA e a superposição das redes IS-136/IS-95(CDMA) e IS-136/GSM. Finalizando, o Capítulo 5 resume os principais resultados obtidos e sugere estudos que poderão dar continuidade ao presente trabalho. 24 2 FUNDAMENTOS BÁSICOS Este capítulo apresenta os fundamentos necessários para estruturação das etapas do processo de planejamento de um sistema celular. Tais fundamentos estão organizados em duas partes distintas; a) Descrição das características básicas dos sistemas celulares de primeira geração (1G), de segunda geração (2G), da geração de transição (2,5G) e de terceira geração (3G); b) Resumo sobre os princípios que orientam o planejamento dos sistemas celulares. 2.1 SISTEMAS CELULARES. Embora cada sistema possua características que lhe sejam peculiares, genericamente, um sistema celular é constituído por 3 (três) elementos básicos: Centro de Comutação e Controle (CCC); Estação Rádio Base (ERB); e Terminal ou Estação Móvel (EM). O CCC provê a conexão com a rede de telefonia fixa (RTPC – Rede de Telefonia Pública Comutada), sendo também o elemento responsável pelo controle, comutação, tarifação e conexão das chamadas e pela supervisão das ERBs. A ERB constitui a interface entre o terminal móvel e o CCC, tendo a responsabilidade de garantir a cobertura da célula, na qual os terminais móveis podem ocupar aleatoriamente qualquer posição. Na extremidade desta estrutura, o terminal móvel é o elemento que possibilita ao usuário acessar determinado serviço oferecido pela rede (voz ou dados). A estrutura básica de um sistema celular é mostrada na FIG. 2.1. Os sistemas celulares têm na célula sua unidade de referência. Em função de sua dimensão, a célula pode receber designações distintas, como, por exemplo; a) Célula grande ou macrocélula - com raios de cobertura entre 3 e 20 km, típicas de áreas suburbanas e rurais; b) Célula pequena ou simplesmente célula - com raios de cobertura entre 1 e 3 km, típicas de áreas urbanas; c) Microcélulas - com raios de cobertura entre 100 e 1000 metros, típicas de áreas urbanas densas (alto tráfego); d) Picocélulas - ambientes interiores, com raios de coberturas entre 10 e 100 metros. 25 CCC CCC CCC RTPC ERB EM RTPC - REDE DE TELEFONIA PÚBLICA COMUTADA CCC - CENTRO DE COMUTAÇÃO E CONTROLE ERB - ESTAÇÃO RADIO BASE EM - ESTAÇÃO MÓVEL FIG. 2.1 Estrutura básica de um sistema celular Na estrutura celular vale ainda destacar os processos de handoff (ou handover) e o roaming. O processo de handoff corresponde à passagem de um usuário de uma célula a outra em uma mesma área de serviço. O processo de roaming é a operação do usuário em uma área de serviço diferente daquela para a qual foi habilitado. As FIG. 2.2 e FIG. 2.3 ilustram tais processos, respectivamente. f1 f2 f3 f4 UNIDADE MÓVEL EM DESLOCAMENTO FIG. 2.2 Handoff 26 CCC1 RTPC - REDE DE TELEFONIA PÚBLICA COMUTADA CCC2 RTPC RTPC "R O A M IN G " CCC - CENTRO DE COMUTAÇÃO E CONTROLE AREA DE CONTROLE 1 AREA DE CONTROLE 2 FIG. 2.3 Roaming 2.1.1 TÉCNICAS DE ACESSO MÚLTIPLO Os usuários de um sistema móvel podem acessar a ERB através de 3 (três) técnicas distintas: a) Acesso múltiplo por divisão em freqüência (FDMA – Frequency Division Multiple Access); b) Acesso múltiplo por divisão no tempo ( TDMA – Time Division Multiple Access); c) Acesso múltiplo por divisão em código (CDMA – Code Division Multiple Access). A técnica FDMA, primeira técnica utilizada nos sistemas móveis, divide o espectro disponível em um determinado número de canais, sendo cada canal ocupado por um único 27 usuário durante o tempo da chamada. A atribuição de canais é feita de acordo com a demanda dos usuários que solicitam o serviço. Nos sistemas móveis com acesso FDMA, via de regra a cada canal são atribuídas duas freqüências ou portadoras, uma para o enlace direto (ERB => EM) e outra para o enlace reverso (EM => ERB). A separação entre as freqüências do enlace direto e as freqüências do enlace reverso é chamada “duplexação por divisão de freqüência” (FDD – Frequency Divison Duplex), permitindo comunicação simultânea nos dois sentidos (full duplex). A técnica de acesso FDMA/FDD é mostrada na FIG. 2.4, sendo o grupo de portadoras à esquerda correspondente às freqüências atribuídas para transmissão do terminal móvel (freqüências mais baixas) e o grupo da direita para transmissão da estação radio base. C A N A L 1 C A N A L 2 C A N A L 3 C A N A L 4 C A N A L N C A N A L 1 C A N A L 2 C A N A L 3 C A N A L 4 C A N A L N TEMPO FREQÜÊNCIA Separação FDD FIG. 2.4 FDMA / FDD TDMA é a técnica de acesso que permite o compartilhamento de um mesmo canal para diferentes usuários. Nesta técnica, cada usuário transmite a informação em um espaço de tempo específico denominado janela (slot). Os sistemas atuais de segunda geração utilizam uma técnica combinada com separação FDMA entre canais e TDMA entre os usuários. Como no caso anterior, adota-se normalmente a separação FDD entre os enlaces direto e reverso. A FIG. 2.5 ilustra esquematicamente esta técnica. 28 TEMPO FREQÜÊNCIA Separação FDD slot 1 slot 2 slot 3 slot 1 slot 2 FIG. 2.5 TDMA / FDMA / FDD CDMA é a técnica na qual todos os usuários compartilham o mesmo canal e somente são reconhecidos pelo sistema pela atribuição de uma seqüência de código individual. Este código permite que a informação seja espalhada de tal forma que o sinal resultante se confunde com ruído, sendo possível sua recuperação somente para o receptor que dispõe do código utilizado na transmissão. Conforme mostrado na FIG. 2.6, esta técnica também é usualmente implementada com FDD entre os enlaces direto e reverso. FREQÜÊNCIA TEMPO USUARIOS Separação FDD usuário 1 usuário 2 usuário 3 usuário 4 usuário 1 usuário 2 usuário 3 usuário 4 FIG. 2.6 CDMA / FDD Embora sem que haja referência direta nos capítulos subsequentes, cabe ainda mencionar as seguintes técnicas: 29 • Acesso múltiplo por divisão de espaço (SDMA – Space Division Multiple Access) – esquema complementar às técnicas descritas anteriormente onde são utilizadas antenas adaptativas para reduzir a interferência co-canal possibilitando um aumento substancial da capacidade do sistema. • Duplexação por divisão no tempo (TDD - Time Division Duplex) – técnica que permite a transmissão e a recepção de informação pela mesma portadora em intervalos de tempo distintos. Apresenta particular interesse para otimizar o uso do espectro nos enlaces assimétricos, onde a quantidade de informação no sentido ERB => EM é muito maior do que no sentido contrário, como, por exemplo, na distribuição de tráfego na INTERNET. Uma aplicação desta técnica pode ser vista nos sistemas WLL (Wireless Local Loop) com o padrão DECT (Digital Enhanced Cordless Telephone). 2.1.2 SISTEMAS ANALÓGICOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO Os sistemas celulares de primeira geração, fazem uso da transmissão analógica com modulação em freqüência (FM – Frequency Modulation) de faixa estreita. A técnica de acesso utilizada em tais sistemas é a FDMA/FDD mostrada na FIG. 2.4. O sistema celular 1G mais difundidofoi o desenvolvido nos Estados Unidos e denominado AMPS (Advanced Mobile Phone System), predominante nas Américas e que chegou a dominar 70 % mercado mundial. A disponibilidade inicial de espectro para este sistema foi de 20 MHz em cada sentido de transmissão (EM ⇒ ERB e ERB ⇒ EM), correspondendo a um total de 666 canais de voz com 30 kHz de faixa. Posteriormente, esta faixa foi estendida com um acréscimo de 5 MHz, passando a ocupar assimetricamente as faixas de 824 a 849 MHz no sentido EM => ERB e de 869 a 894 MHz no sentido ERB => EM. O sistema foi previsto para operar em duopólio, sendo dividido em duas sub-faixas de 12,5 MHz, da forma indicada na FIG. 2.7. Uma característica do sistema AMPS é a reserva de 21 canais para controle e sinalização. Desta forma, o sistema disponibiliza uma total de 395 canais para transmissão de voz em cada sub-faixa. 30 A" A B A' B' 1 MHz 10 MHz 10 MHz 1,5 MHz 2,5 MHz 99 1 10 23 33 3 1 33 4 66 6 66 7 71 6 71 7 79 9 82 4, 04 82 5 83 4, 99 82 5, 03 83 5, 02 84 4, 98 84 5, 01 84 6, 48 84 6, 51 84 8, 97 Freqüência (MHz) Enlace Reverso (Móvel) 86 9, 04 87 0 87 9, 99 87 0, 03 88 0, 02 88 9, 98 89 0, 01 89 1, 48 89 1, 51 89 3, 97 Freqüência (MHz) Enlace Direto (ERB) FIG. 2.7 Distribuição de freqüências e canais do sistema AMPS O sistema AMPS serviu de base para o desenvolvimento de outros sistemas celulares igualmente analógicos. Alguns exemplos são apresentados a seguir: TACS - Total Access Communication System - desenvolvido no Reino Unido e praticamente idêntico ao AMPS, exceto no que diz respeito à largura de faixa do canal de voz de 25 kHz. Este sistema também teve uma extensão da faixa original que lhe foi atribuída, passando a ser designado por ETACS, a letra E correspondendo à palavra Extended; NMT - Nordic Mobile Telephony - desenvolvido nos países nórdicos (Dinamarca, Suécia, Noruega e Finlândia) para operação nas faixas de 450 e 900 MHz; JTACS - Versão japonesa do sistema TACS acima referido. Utilizado apenas no Japão; C-450 - Desenvolvido na Alemanha para operação na faixa de 450 MHz. 2.1.3 SISTEMAS DIGITAIS DE SEGUNDA GERAÇÃO O desenvolvimento da geração digital 2G teve motivações diferentes nos Estados Unidos e na Europa. Nos Estados Unidos, o congestionamento do sistema AMPS nas grandes cidades levou à necessidade de se dispor de um sistema com maior capacidade e que tivesse condições de ser implementado com base na infra-estrutura existente. Com esta finalidade foi desenvolvido um padrão digital conhecido por IS-54 (IS - Interim Standard), substituído por outro similar, porém de melhor qualidade designado por IS-136. Ambos têm por base um canal de voz de 30 kHz e utilizam a técnica de acesso TDMA. A concorrência ao IS-136 foi dada pelo padrão IS-95 que emprega espalhamento do espectro (spread spectrum) e acesso CDMA. Na Europa a opção foi por um padrão robusto que permitisse a operação contínua 31 (roaming) através do continente e de alta qualidade. O padrão resultante foi o GSM1 (Global System for Mobile Communications) que em sua primeira versão não deu prioridade à capacidade, possibilitando um tráfego correspondente, aproximadamente, ao dobro do AMPS. Estes padrões, cujas principais características da interface aérea estão apresentadas na TAB. 2.1, são comentados a seguir. Conforme pode ser observado nesta tabela, embora não se pretenda entrar em maiores detalhes, cumpre assinalar que o padrão digital de 2ª geração adotado no Japão (PDC – Personal Digital Cellular) possui características similares ao IS- 136. TAB. 2.1 Características técnicas dos padrões digitais. Sistema Parâmetro Europa GSM Estados Unidos IS – 136 IS – 95 Japão PDC Faixa (MHz) ERB => EM EM => ERB GSM 900: 935 – 960 890 – 915 GSM 1800: 1.805 – 1880 1.710 – 1.785 GSM 1900: 1.930 – 1.990 1.850 – 1.910 Celular: 869 – 894 824 – 849 PCS: 1.930 – 1.990 1.850 – 1.910 940 – 956 810 – 826 1.429 – 1.453 1.477 – 1.501 Acesso múltiplo TDMA TDMA CDMA TDMA Duplexação FDD Canal de RF (kHz) 200 30 1250 30 Canais de tráfego por portadora 8 3 20 3 Canal de voz Codificador Taxa do canal não codificado (kb/s) Taxa do canal codificado (kb/s) RPE-LTP 13,0 22,8 VSELP 8,0 13,0 QCELP 1,2 / 9,6 19,2 / 28,8 VSELP 8,0 11,2 Modulação GMSK π/4 - DQPSK QPSK/BPSK π/4 - DQPSK Taxa de transmissão (kb/s) 270,8 48,6 1228,0 42 Conjunto mínimo de células para padrão de reuso 4 (típico) 3 (alto tráfego) 7 (típico) 4 (alto tráfego) 1 7 (típico) 4 (alto tráfego) 2.1.3.1 SISTEMA GSM Conforme comentado anteriormente, a ênfase no desenvolvimento do GSM foi a obtenção de um padrão europeu, resistente a interferências e de alta qualidade. Nesta linha, foi desenvolvido um padrão de arquitetura aberta, possibilitando a utilização de equipamentos de diferentes fabricantes, cuja primeira versão (Fase 1), operando na faixa de 900 MHz (GSM 900), teve suas especificações concluídas em 1990. O GSM foi estruturado para constituir 1 Originalmente, em língua francesa a sigla GSM correspondia a Groupe Speciale Mobile 32 uma rede móvel, não se restringindo apenas ao acesso rádio (interface aérea). Entre outras características do GSM 900, podem ser citadas: telefonia a 13 kb/s, serviço de mensagens curtas (SMS – Short Messages Services) de até 160 bytes, salto em freqüência lento (slow frequency hopping), chamadas de emergência, bloqueio seletivo de chamadas e compatibilidade com a Rede Digital de Serviços Integrados (ISDN – Integrated Services Digital Network). O lançamento comercial do GSM 900 foi realizado na Europa em 1992. Ainda em 1990, foi iniciada a Fase 2, visando a obtenção de um padrão para a faixa de 1800 MHz a partir da plataforma tecnológica do GSM 900. As especificações deste novo padrão (GSM 1800) foram concluídas em 1991, com entrada em operação no Reino Unido em 1993. A Fase 2 que teve sua conclusão em 1995, introduziu diversas melhorias em relação à anterior, como, por exemplo, telefonia em meia taxa (6,5 kb/s), identificação de chamadas, chamadas em espera, teleconferência, etc. Ainda neste período foi desenvolvido o sistema GSM 1900 para operação na faixa de PCS nos Estados Unidos. Além das faixas de 900, 1800 e 1900 MHz, existem sistemas GSM nas faixas de 450 MHz e 800 MHz. Prevendo-se que a evolução do GSM ultrapassaria as especificações definidas nas Fases 1 e 2, foi lançada a idéia de uma Fase 2+ que atualizaria este padrão de uma forma regular em função da tecnologia e das necessidades do mercado. As melhorias associadas à Fase 2+ são de grande importância nos estudos de planejamento realizados nos capítulos 3 e 4 deste texto. Entre elas, destacam-se: • Codificador de voz aprimorado de taxa completa (EFR - Enhanced Full Rate speech codec); • Codificador adaptativo multitaxa (AMR - Adaptive MultiRate codec) (ETSI, 1999), (HOMAYOUNFAR, 2003); • Serviço de dados a 14,4 kb/s; • Dados em alta velocidade com comutação por circuito (HSCSD - High Speed Circuit Switched Data) • Dados com comutação por pacote (GPRS - General Packet Radio Service); • Evolução do GSM para transmissão de dados a altas taxas (EDGE - Enhanced Data rates for GSM Evolution) 33 2.1.3.2 PADRÃO IS-136 A primeira versão deste padrão (IS-54), recomendada pela TIA (Telecommunication Industry Association) em 1989, surgiu como conseqüência da necessidade de evolução do sistema AMPS. Daí, ser também designado por D-AMPS, ou seja, AMPS digital. Após testes de campo realizados em 1991-92, o IS-54 entrou em operação no final de 1992. Com relação ao IS-54, na versão IS-136 foi mantida a largura do canal de voz (30 kHz), assim como a subdivisão da faixa de RF nas bandas Ae B (vide FIG. 2.7). Além do aprimoramento do codificador de voz, o IS-136 modificou a estrutura do canal de controle. Tendo em vista a necessidade de possibilitar a transição com o sistema AMPS, o IS-136 na faixa de 800MHz opera em modo dual com este padrão analógico. Na revisão do IS-136, publicada em 1996, foram incluídas especificações para emprego na faixa do PCS americano (1900 MHz). Apesar dos esforços desenvolvidos por fabricantes e operadoras, não foi possível definir para esta tecnologia um caminho de evolução para a 3ª geração. Desta forma, as operadoras que adotaram o IS-136 migraram ou estão migrando suas redes para os padrões GSM ou CDMA (IS-95). Por exemplo, a operadora AT&T dos Estados Unidos decidiu, em novembro de 2000, adotar a tecnologia GSM, com o objetivo de seguir a rota evolutiva para redes GSM/GPRS, GSM/GPRS/EDGE e UMTS, esta última também referida como WCDMA. Outras operadoras, como a BellMobility também nos Estados Unidos, decidiram adotar a tecnologia CDMA (CDG, 2003). 2.1.3.3 PADRÃO IS-95 Embora os estudos sobre a utilização da técnica CDMA tenham sido iniciados durante a década de 80, a primeira versão do padrão IS-95 foi concluída em 1993, imediatamente seguida de uma revisão (IS-95A) apresentada em 1995. Neste ano também foi padronizada a versão para a faixa de 1900 MHz (PCS). Tal como o IS-136, o padrão IS-95 utiliza terminais duais com o padrão analógico AMPS. No que diz respeito à transmissão de dados, cumpre informar que o IS-95A permite apenas 9,6 ou 14,4 kb/s. Em 1998 surgiu a versão IS-95B com a possibilidade de transmitir até 115,2 kb/s. Tal como o padrão GSM, o padrão IS-95 encontra-se na linha evolutiva para a 3ª geração, passando a ser genericamente designado por CDMA 2000. 34 Os sistemas CDMA 2000 na atualidade se beneficiam do uso dos codificadores EVRC (Enhanced Variable Rate Coder) e SMV (Selectable Mode Vocoder) que permitem reduzir a taxa de transmissão a 8kb/s e 4kb/s, respectivamente, permitindo incrementar a capacidade do sistema CDMA (HOMAYOUNFAR, 2003). 2.1.4 SISTEMAS DE TRANSIÇÃO (2,5G) E DE TERCEIRA GERAÇÃO (3G) Comentou-se na seção anterior que apenas os padrões GSM e IS-95 estão no caminho evolutivo para a 3ª geração. No que diz respeito ao GSM, a transição está representada pelo sistema GPRS, enquanto que na 3ª geração tem-se o EDGE (ainda com acesso TDMA) e o WCDMA. Por sua vez, o IS-95B comentado anteriormente representa a geração 2,5 do CDMA, definindo-se as diversas configurações do CDMA 2000 (CDMA 2000 1X, CDMA 1X EV-DO, CDMA 1X EV-DV e CDMA 3X) como 3a geração. Esta classificação é discutível, dependendo do ponto de vista em que é analisada. Entretanto, considerando que a 3ª geração ainda não foi implementada globalmente, exceto em áreas limitadas, será utilizada como referência neste trabalho. 2.1.4.1 GPRS O sistema GPRS surgiu como evolução do padrão GSM. Constitui também a alternativa natural para a evolução da rede IS-136 caso a opção de transição seja feita através do GSM. A diferença fundamental com os padrões de 2ªgeração (GSM e IS-136) é a utilização, no GPRS, da comutação por pacotes. O GPRS possibilita transmissão de dados por um esquema de codificação denominado CS (Coding Scheme), com 4 categorias, como mostrado na TAB. 2.2. A mudança de um esquema para outro é feita automaticamente através da monitoração contínua da qualidade do canal. Teoricamente, caso as 8 janelas do quadro GSM fossem designadas para um único usuário, a taxa máxima de transmissão com o código CS4 seria de 8x21,4 kb/s, ou seja, 171,2 kb/s. Entretanto, na prática, para tornar o equipamento menos complexo e de menor custo, os fabricantes optaram por disponibilizar um máximo de 4 janelas, tanto no enlace reverso como no enlace direto. A introdução do GPRS na rede GSM não representa problema (OLIVEIRA, 2002). Para isto basta introduzir uma placa na unidade controladora das ERBs que torna disponível a comutação por pacotes. A interface rádio permanece com as mesmas características do padrão GSM mostrado na TAB. 2.1. 35 TAB. 2.2 Esquemas de codificação Esquema de codificação Taxa de transmissão [kb/s] CS-1 9,05 CS-2 13,4 CS-3 15,6 CS-4 21,4 2.1.4.2 EDGE No contexto da discussão sobre os limites entre 2a e 3a gerações, muitas vezes o padrão EDGE é referenciado como geração 2,5. O EDGE aprimora o GPRS aumentando a taxa de transmissão de dados até um limite máximo teórico de 473,6 kb/s. Como é mantida a largura de faixa por canal igual a 200 kHz, para taxas mais elevadas foi introduzido o esquema de modulação 8PSK, implementado na forma offset (MASHHOUR, 1999). A TAB. 2.3 apresenta os esquemas de modulação e codificação utilizados pelo EDGE juntamente com as respectivas técnicas de modulação e taxa de transmissão de dados por canal. Da mesma forma que o GPRS, cada esquema de codificação é utilizado para determinada condição de qualidade do canal. Atualmente (junho / 2003), apenas 4 (quatro) operadoras nos Estados Unidos utilizam o EDGE em suas redes. As informações disponíveis das operadoras não indicam a taxa de transmissão que está sendo utilizada. Entretanto, com base em dados de fabricantes, verificou-se que a taxa máxima que vem sendo praticada é de 118,4 kb/s, correspondente a 4 janelas com o esquema de codificação MCS-6A (4 x 29,6). TAB. 2.3 EDGE - Esquemas de codificação e técnicas de modulação Esquema de codificação Técnica de modulação Taxa de transmissão [kb/s] MCS-1C GMSK 8.8 MCS-2B GMSK 11.2 MCS-3A GMSK 14.8 MCS-4C GMSK 17.6 MCS-5B 8PSK 22.4 MCS-6A 8PSK 29.6 MCS-7B 8PSK 44.8 MCS-8A 8PSK 54.4 MCS-9A 8PSK 59.2 36 2.1.4.3 WCDMA Embora o termo WCDMA esteja sendo empregado como referência para a etapa final da evolução do GSM, na realidade trata-se da tecnologia adotada para a interface UTRA (UMTS Terrestrial Radio Access) correspondente à componente terrestre do acesso rádio do sistema UMTS. Esta tecnologia utiliza portadoras de 5 MHz e taxa de codificação (chip rate) igual a 3,84 Mc/s. A primeira implementação do W-CDMA foi feita pela NTT, no Japão, em outubro de 2001. Atualmente, entre sistemas implantados e empresas que aguardam disponibilidade de terminais ou de espectro de freqüência, regulamentação pela administração, etc, em termos mundiais, mais de 20 operadoras já optaram por esta tecnologia no mundo inteiro. O número total de usuários aproxima-se de meio milhão. A padronização do UTRA/WCDMA está sob a responsabilidade do 3GPP (3G Partnership Project) criado sob a liderança do ETSI (European Telecommunications Standard Institute) e com a participação inicial das seguintes organizações: ARIB (Japão), T1 (USA), TTA (Coréia do Sul) e TTC (Japão). Por outro lado, a Associação GSM (GSM Association) representa os interesses dos fabricantes e operadores de sistemas GSM. 2.1.4.4 CDMA 2000 De acordo com a FIG. 1.5, a evolução do padrão IS-95 atinge a 3ª geração de forma gradativa, com a primeira etapa definida pelo padrão CDMA 2000 1X. Este padrão, tal como o EDGE, é muitas vezes referido como geração de transição. Atualmente existem redes em operação no padrão CDMA 2000 1X na Ásia (Coréia do Sul), Austrália, América do Norte e América Latina com taxa máxima de transmissão de 307 kb/s. Ainda na FIG. 1.5, observa-se uma bifurcação após o CDMA 2000 1X indicando dois possíveis caminhos de evolução. No momento, há evidência de que esta evolução deverá ser definida pela seqüência CDMA 2000 1X EV/DO (evolução do CDMA2000 1x para dados) e CDMA 1X EV/DV (evolução do CDMA2000 1x para dados e voz). Corroborando esta afirmativa, cumpre informar que a operadora coreana SK Telecom foi a primeira a lançar comercialmente serviços com base no padrão CDMA 1X EV/DO em outubro de 2000. Vale acrescentar que a transmissão simultânea de voz pelo padrão CDMA 1X e dados através do CDMA 1X EV/DOé complicada devido à necessidade de se utilizar portadoras separadas. Por outro lado, o CDMA 1X EV/DV deverá ser estruturado com uma arquitetura IP (INTERNET Protocol) no acesso 37 rádio e na rede de suporte. A especificação deste padrão foi concluída em 2002 devendo entrar em teste este ano (2003). Neste cenário, a implementação do padrão CDMA 3X correspondente ao uso de três portadoras CDMA e visando aplicações multimídia, talvez sofra algum retardo. A padronização do CDMA 2000 está sob a responsabilidade do 3GPP2 (3G Partnership Project 2) criado sob a liderança do ANSI (American National Standard Institute) e com a participação inicial das seguintes organizações: ARIB (Japão), TIA (USA), TTA (Coréia) e TTC (Japão). Por outro lado, o CDG (CDMA Development Group) representa os interesses dos fabricantes e operadores de sistemas CDMA 2000. 2.2 PLANEJAMENTO CELULAR O planejamento de um sistema celular consiste no desenvolvimento otimizado de 3 (três) procedimentos de cálculo distintos: área de cobertura, capacidade de tráfego e reuso de freqüência. Na estimativa da área de cobertura devem ser utilizados modelos de propagação adequados a cada situação. Fundamentalmente, tais modelos estão associados ao posicionamento e altura da ERB relativamente à altura média dos prédios. Em geral, no caso de células grandes ou pequenas, as antenas devem ser posicionadas acima desta média, de modo a minimizar o efeito de bloqueio pelas construções mais próximas. Por outro lado, nas microcélulas, a cobertura, intencionalmente limitada para facilitar o reuso de freqüência, sugere que a localização seja feita em uma altura da ordem de grandeza da correspondente aos postes de iluminação das ruas. No caso de picocélulas, o posicionamento das ERBs depende fortemente das características geométricas específicas da área a ser coberta. Relativamente à capacidade de tráfego, a avaliação do número de usuários por célula requer uma cuidadosa análise sócio-econômica da área em estudo. Entretanto, tomando por base a experiência acumulada pelas empresas operadoras, é possível estabelecer valores típicos que definem o tráfego por área em função das características da área considerada. Dispondo-se deste dado e calculado o raio de cobertura, obtém-se o tráfego por célula. A partir deste ponto, fazendo-se uso mais uma vez de dados típicos que permitam definir o tráfego médio por usuário, fixando-se o grau de serviço e com o auxílio da fórmula de Erlang (JAKES, 1974), chega-se, finalmente, ao número necessário de canais em cada célula. A seguir, em função do número de canais por célula, procura-se ajustar a estrutura de reuso a ser empregada, onde, por exemplo, os conjuntos 4/12 e 7/21 são os mais utilizados em 38 sistemas FDMA e TDMA. Conforme comentado acima, os resultados obtidos nos três procedimentos descritos devem ser compatíveis, caso contrário, o processo deverá ser refeito, alterando-se os valores dos parâmetros considerados mais sensíveis. Cumpre destacar que a altura da ERB constitui um importante parâmetro de ajuste, permitindo modificar o raio de cobertura da célula e, consequentemente, a capacidade de tráfego e a distância de reuso. Obviamente, existem outros parâmetros que permitem atingir este objetivo, como, por exemplo, a potência de transmissão e o ganho das antenas. Entretanto, são parâmetros que dependem das especificações fixadas pelos fabricantes de equipamento, não possuindo a flexibilidade apresentada pela altura da antena da ERB. 2.2.1 COBERTURA Para determinar a cobertura de uma célula é necessário fixar as características dos equipamentos a serem utilizados, assim como definir o modelo de propagação mais apropriado. O procedimento adotado para esta finalidade será desenvolvido em detalhe no próximo capítulo onde, inclusive, serão apresentados os roteiros de cálculo a serem observados em cada situação e fornecidos valores típicos dos equipamentos correspondentes a cada padrão celular digital. Objetivando servir de referência para os roteiros de cálculo, descrevem-se a seguir alguns modelos de propagação adequados para estudos de planejamento. Existem atualmente modelos que permitem o cálculo da atenuação de propagação com elevada precisão. Entretanto, tais modelos são em geral complexos, necessitam de informações detalhadas sobre a topografia e a morfologia da área em estudo e requerem recursos especiais de cálculo (software), muitas vezes não disponíveis. Um exemplo é o caso dos modelos que têm por base a técnica de traçado de raios (CATEDRA, 1999). Para fins de planejamento, o cálculo pode ser simplificado através de modelos mais genéricos, cuja aplicação não apresenta complexidade. O refinamento do cálculo pode ser feito posteriormente, ajustando os parâmetros do modelo utilizado em função de medidas de campo. Este procedimento é conhecido por “sintonia do modelo” (tuning). Nesta linha de ação, os modelos descritos a seguir são classificados em função da altura da antena da ERB relativamente ao nível médio dos prédios na área em estudo. Conforme comentado anteriormente, células pequenas ou grandes, com raios superiores a 1 km, são cobertas por ERBs com antenas acima deste nível. Em tal situação, para a faixa de 800 MHz 39 recomenda-se o modelo de Okumura-Hata em sua forma original (OKUMURA, 1968), (HATA, 1980) e na forma estendida no projeto COST 231 (CATEDRA, 1999) para as faixas que se situam em torno de 2000 MHz. Quando a altura da ERB estiver abaixo do nível médio dos prédios, sugere-se o modelo da terra plana, adicionado de um fator que leve em conta a atenuação adicional causada por pedestres, viaturas, sinais de trânsito, postes de iluminação, vegetação, etc. (ODA, 2000). 2.2.1.1 MODELO DE OKUMURA-HATA Este modelo foi equacionado por (HATA, 1980) a partir do método gráfico desenvolvido por (OKUMURA, 1968). De acordo com esse modelo a atenuação mediana de propagação em uma área urbana (Aurb) é dada por, [ ] [ ] [ ] [ ]{ } [ ]d(Km)log(m)bh6,55log44,9mmhf(MHz),a(m)h13,82logf(MHz)26,16log69,55dBurbA b −+−−+= )()( (2.1) onde, f(MHz) - freqüência em MHz na faixa de 150 a 1500 MHz; hb(m) - altura da antena da ERB em metros na faixa de 30 a 200m.; hm(m) - altura da antena da EM em metros na faixa de 1 a 10 m.; d(km) – distância em km na faixa de 1 a 20 km; A função a[f(MHz), hm(m)] traduz o efeito da altura da antena da estação móvel e possui valor unitário, independentemente das características da área de cobertura, quando hm=1,5m (valor usualmente empregado em cálculos de propagação). Para alturas diferentes de 1,5m, esta função é dada por, a) Cidades pequenas ou médias [ ] [ ]{ }[ ] [ ]{ }8,0)(log56,1)(7,0)(log1,1)()( −−−= MHzfmhMHzfdBmmhf(MHz),a m (2.2) b) Cidades grandes [ ] [ ]{ } 1,1)(54,1log29,8)()( 2 −= mhdBmmhf(MHz),a m ; para f ≤ 300 MHz. (2.3) [ ] [ ]{ } 97,4)(75,11log2,3)()( 2 −= mhdBmmhf(MHz),a m ; para f ≥ 300 MHz (2.4) 40 Em áreas suburbanas e rurais, a atenuação é obtida a partir da EQ. 2.1 na forma indicada a seguir, 4,5 28 )( log2)()( 2 − −= MHzf dBAdBA urbsub (2.5) [ ]{ } [ ] 94,40)(log33,18)(log78,4)()( 2 −+−= MHzfMHzfdBAdBA urbrural (2.6) Cumpre acrescentar que nos exercícios de planejamento do Capítulo 3, na determinação do raio de cobertura de uma célula é conveniente separar na EQ. 2.1 a parcela que depende da distância dos demais parâmetros. Considerando que a dependência da atenuação com a distância é do tipo dγ, pode-se escrever para EQ. 2.1, [ ]d(Km)logAdBurbA γ10][)( 0 += (2.7) onde, [ ] [ ] [ ](m)mhf(MHz),a(m)h13,82logf(MHz)26,16log69,55(dB)A b0 −−+= (2.8) [ ]( ) 10/(m)bh6,55log44,9 −=γ (2.9) sendo que γ é a constante de propagação. 2.2.1.2 MODELO DE OKUMURA-HATA-COST231Trata-se de uma extensão do modelo Okumua-Hata para possibilitar o cálculo da atenuação de propagação na faixa de 1500 a 2000MHz. De acordo com este modelo, a atenuação mediana é dada por, [ ] [ ] [ ] [ ]{ } [ ] Mbmburb CkmdmhmhMHzfamhMHzfdBA +−+−−+= )(log)(log55,69,44)(),()(log82,13)(log9,333,46)( (2.10) onde CM é uma correção de valor igual a 3dB para centros metropolitanos e que assume o valor zero em outras áreas, sendo os demais parâmetros e funções definidos como nas EQ. 2.2 a 2.6. Neste caso, a separação da parcela que depende da distância na EQ. 2.7 implica em alterar a expressão de [A0] para, [ ] [ ] [ ])(),()(log82,13)(log9,333,46)(0 mhMHzfamhMHzfdBA mb −−+= (2.11) mantendo-se a definição de γ dada por EQ. 2.9. 41 2.2.1.3 MODELO DA TERRA PLANA MODIFICADO Este modelo é aplicável nas situações onde a antena da ERB localiza-se em uma altura abaixo do nível médio dos prédios e tem por base teórica a geometria idealizada da terra plana. De acordo com a teoria da propagação sobre uma terra plana perfeitamente lisa, na região de difração (ASSIS, 1966), a atenuação do sinal é dada por, [ ] [ ](m)mh-(m)bh{d (m)}- A(dB) log20log20log40= (2.12) sendo d (m) a distância entre a ERB e a unidade móvel, hb(m) a altura da antena da ERB e hm(m) a altura da antena da unidade móvel, com todas estas variáveis em metros. Cumpre assinalar que para os valores usuais de hb e hm a zona de difração está aproximadamente situada a partir de 200 metros para as faixas de 800/900MHz e 450 metros para as faixas de 1800/1900 MHz. Para tornar este modelo adequado para aplicação em microcélulas recomenda-se (ODA, 2000): a) Utilizar um plano de referência elevado de uma altura h0 para levar em conta a possibilidade de reflexão nas viaturas em deslocamento nas vias de tráfego; b) Incluir um fator de visibilidade (ρ) para considerar a atenuação adicional causada por obstáculos típicos de uma área urbana (pedestres, viaturas, sinais de trânsito, postes e fiação, vegetação, etc. De acordo com estas considerações, a atenuação mediana é calculada por, [ ] [ ] + = )(log10log20log20log40 mde(m)h-(m)h-d (m)A(dB) em e b ρ (2.13) onde e b h = hb - h0 e emh = hm - h0 são, respectivamente, as alturas equivalentes em metros das antenas da ERB e da unidade móvel em relação ao plano de referência h0. Com base em dados experimentais (ODA, 2000), sugere-se tomar h0 igual a 1,0 metro e ρ entre 0,001 e 0,005 dependendo das características da área em estudo. Para este modelo, a dependência com a distância não permite uma representação do tipo mostrado na EQ. 2.7. A determinação do raio da célula neste caso é feita numericamente a partir da EQ. 2.13. 42 2.2.1.4 DESVANECIMENTO Observa-se que a potência recebida varia aleatoriamente em função das características da área da célula onde o terminal está se deslocando. Tais variações, conhecidas pelo nome de “desvanecimento”, dependendo da distância ao longo da qual são analisadas, podem ser classificadas de grande ou de pequena escala (RAPPAPORT, 1996). Uma discussão mais detalhada deste problema foge ao escopo do presente trabalho. No entanto, cumpre informar que, para fins de planejamento, são consideradas apenas as variações de grande escala, cujo modelo estatístico mais empregado (validado por medidas), corresponde a uma distribuição log-normal. Para esta distribuição, a percentagem de cobertura da área da célula é dada por + −++= + b ab erfeaerfPCA b ab 1 1)(1 2 1 2 12 (2.14) onde erf( ) corresponde à função de erro, ∫ − = x t dtexerf 0 22 )( π e os parâmetros a e b são definidos por, 2σ M a = (2.15) 2 log10 σ γ e b = (2.16) onde, M - margem de desvanecimento definida pela diferença, em dB, entre o valor mediano da atenuação e o nível do sinal recebido na percentagem considerada; σ - desvio padrão da distribuição log-normal na área em estudo; A TAB. 2.4 apresenta valores da margem de desvanecimento em função do desvio padrão, da percentagem de cobertura da área e do parâmetro γ que define a variação com a distância. 43 TAB. 2.4 Margem de desvanecimento para diferentes valores de desvio padrão e percentagem de cobertura para γ=3,5. Cobertura (%) Desvio padrão (dB) 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,0 11,5 90 3,3 3,9 4,4 4,9 5,5 6,0 6,6 7,1 7,7 8,2 8,8 9,4 95 5,9 6,6 7,3 8,0 8,7 9,4 10,2 10,9 11,6 12,4 13,1 13,9 98 9,3 10,2 11,2 12,1 13,1 14,0 15,0 16,0 16,9 17,9 18,9 19,9 2.2.2 REUSO DE FREQÜÊNCIA O reuso de freqüências constitui uma das mais importantes caraterísticas dos sistemas celulares, uma vez que possibilita o emprego otimizado do espectro de freqüências. Através desta técnica, usuários separados por uma distância mínima, denominada distância de reuso, podem utilizar uma mesma freqüência. Considerando uma área de serviço constituída por um determinado número de conjuntos (clusters) de células, o reuso de freqüências consiste na distribuição integral do espectro disponível em cada um destes conjuntos. A separação entre células que utilizam as mesmas freqüências corresponde à distância de reuso. Por outro lado, o fator de reuso é definido pela quantidade N de células que formam o conjunto. A FIG. 2.8 mostra uma configuração estruturada com conjuntos de 7 células, ou seja, com um fator de reuso N = 7. F A G B E D C E F G A C B D Reuso de Frequencias Conjunto FIG. 2.8 Fator de reuso N=7 Com base na geometria hexagonal usualmente empregada na representação gráfica de um sistema celular, os valores permitidos de N são definidos pela equação, 44 22 jijiN ++= (2.17) onde i e j são inteiros positivos (incluindo o zero). A partir da EQ. 2.17 tem-se, então, fatores de reuso iguais a 3 (i = 1 ; j = 1), 4 (i = 2 ; j = 0), 7 (i = 2 ; j = 1), 9 (i = 3 ; j = 0), 12 (i =2 ; j = 2) e assim sucessivamente. Ainda de acordo com a configuração hexagonal, verifica-se a existência da seguinte relação entre distância de reuso ( D ), raio da célula ( RC ) e fator de reuso ( N ), N R D C 3= (2.18) O reuso é aplicável aos sistemas que empregam técnica de acesso FDMA e FDMA/TDMA. Nos sistemas com acesso FDMA/CDMA opera-se com reuso total (fator de reuso 1), correspondente a i = 1 e j = 0. Nos sistemas FDMA/TDMA o fator de reuso 1 constitui um caso limite, inviável de ser atingido em termos práticos. 2.2.3 INTERFERÊNCIA O fator de reuso adequado para cada padrão é determinado em função da relação portadora-interferência mínima aceitável. Por exemplo, o padrão GSM opera com um valor mínimo2 [C/I] de 12 dB (WIGARD, 1998), enquanto os padrões AMPS e D-AMPS (IS-136) necessitam de um [C/I] mínimo de 17 dB. No caso de células omnidirecionais e considerando apenas o primeiro anel interferente, a relação C/I é dada por = γ R D I C 6 1 log10 (2.19) onde γ é o fator de variação da atenuação de propagação com a distância. Supondo γ = 4 (terra plana), é fácil verificar através das EQ. 2.18 e EQ. 2.19 que os fatores de reuso adequados para os padrões GSM e IS-136 são, respectivamente, 4 e 7. No caso de células com 3 setores, a expressão equivalente a EQ. 2.19 é dada por, 2 O uso de colchetes indica que a relação está sendo definida em dB. A ausência de colchetes significa uma relação entre unidades absolutas. 45 = γ R D I C 2 1 log10 (2.20)
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