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Meio ambiente e qualidade de vida_____________________________________________Capítulo 6 CAPÍTULO 6 DESERTIFICAÇÃO Primeiramente, deve-se chamar a atenção para a diferença entre o conceito de deserto e desertificação. Deserto é uma região de clima árido na qual predominam as seguintes características: • Evaporação potencial maior que a precipitação média o que resultará uma carência de água e fraco desenvolvimento da biosfera; • Escassa precipitação, com alta variabilidade inter anual; • Presença de solos rasos, com alta deficiência hídrica e tendência à concentração de sais; • Drenagem intermitente e mal organizada; • Esparsa cobertura vegetal com predomínio de espécies xerófilas; • Processos erosivos comandados pela erosão eólica; • Baixo índice antrópico, com grandes vazios demográficos. Deserto Thar na Índia. Desertificação 1 Neste capítulo teremos a compreensão de como a desertificação, gera um efeito cascata, provocando até a violência. Como dois assuntos que nos parecem tão diferentes tem alguma ligação ? http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Deserto_Thar&action=edit Meio ambiente e qualidade de vida_____________________________________________Capítulo 6 Já o conceito de desertificação está relacionado à ocorrência de períodos secos bastantes longos que podem durar décadas e a presença da ação antrópica. Assim, a ONU em conjunto com entidades governamentais (ONGs) na Conferencia de Nairóbi conceituou desertificação como: “Empobrecimento de ecossistemas áridos ou sub-úmidos em virtude do efeito combinado das atividades humanas e da seca”. Na ECO 92, o conceito de desertificação passou a ser entendido como a degradação das terras áridas, semi áridas e sub-úmidas resultantes de vários fatores, incluindo variações climáticas e atividades humanas. Também, devem-se diferenciar as modalidades da desertificação: a climática ou natural e desertificação ecológica. A desertificação climática corresponde à redução progressiva das chuvas, determinada por causas naturais, como mudanças da temperatura das águas oceânicas, grau de insolação, fenômenos geológicos, etc. Em termos biológicos e ecológicos o processo de desertificação representa uma ameaça a biosfera, já que a biomassa é diretamente proporcional à atividade da biosfera, de modo que a escassez de organismos vivos, em especial os vegetais, indicaria a incidência de ambiente árido e o agravamento das condições de vida. Assim, também se pode concluir que o declínio da atividade biológica ou do volume de biomassa corresponderia ao avanço do processo de desertificação. A desertificação ecológica ocorre quando os ecossistemas perdem sua capacidade de regeneração, havendo a rarefação da fauna e a redução da cobertura vegetal, seguida do empobrecimento dos solos e respectiva salinização. A ação do Homem geralmente está associada a esta modalidade atrávez das ações predatórias em grandes escalas dos recursos naturais. Por esta razão, esta modalidade também recebe o nome de desertificação antrópica. O desmatamento representa a principal atividade antrópica geradora de ambientes degradados propensos ao processo de desertificação. Além de provocar a redução do volume da biomassa, também é responsável: • Pelo desequilíbrio do balanço térmico e hídrico • Diminuição do volume de polens em suspensão Desertificação 2 Meio ambiente e qualidade de vida_____________________________________________Capítulo 6 No quadro abaixo, uma síntese do exposto acima: Modalidades Climática Ecológica Conceitos Diminuição de água no sistema natural Criação de condições semelhantes às do Deserto Avaliação Índice de aridez Empobrecimento da biomassa 1 - Elevação da temperatura média 1 - Desaparecimento de árvores e arbustos (desmatamentos)2 - Agravamento do déficit hídrico dos solos 2 - Aumento das espécies espinhosas (xerofíticas)3 - Aumento do escoamento superficial (torrencialidade) 3 - Elevação do albedo, ou seja, maior reflectância na faixa do infravermelho. Indicadores 4 - Intensificação da erosão eólica 4 - Mineralização do solo com perda de húmus em encostas com mais de 20 graus de inclinação 5 - Redução das precipitações 5 - Forte erosão do manto superficial com formação de voçorocas 6 - Aumento da amplitude térmica diária 6 - Invasão maciça das areias7 - Diminuição da Umidade Relativa (UR) do ar Causas Mudanças nos padrões climáticos Crescimento demográfico e pressão sobre os recursos Exemplos Oscilações dos cinturões áridos tropicais durante as glaciações do Quaternário 1 - Desertificação das regiões periféricas do Saara (Sahel) 2 - Pontos da desertificação do sul do Brasil (RS, PR). Fonte: Organizado por CONTI, J.B. (Adaptado). A intensidade da desertificação atinge graus diferentes nas várias partes do mundo, podendo ser classificada como fraca, moderada, severa e muito severa. As fracas apresentam como características, pequena deterioração da cobertura vegetal Desertificação 3 Meio ambiente e qualidade de vida_____________________________________________Capítulo 6 e dos solos com uma incidência no globo de apenas 18%. As moderadas caracterizam-se com grande deterioração da cobertura vegetal e surgimento de areias, com indícios de salinização dos solos e formação de voçorocas com uma incidência no globo de 53.6%. As severas com ampliação das áreas sujeitas à formação de dunas, com avanço da erosão eólica com incidência no globo de 28.3%. As muito severas, com o desaparecimento quase completo da biomassa com a impermeabilização e salinização dos solos. No nordeste do Brasil a mancha do semi-árido que se manifesta desde o litoral setentrional na foz do rio Jaguaribe, no Ceará, até o cabo dos Três Irmãos, no Rio Grande do Norte, avançando pelo continente em direção ao sul até Petrolina em Pernambuco e Juazeiro na Baía. A causa desta desertificação está vinculada ao efeito orográfico, caracterizando uma desertificação por causas climáticas. Como exemplo de desertificação ecológica, podemos mencionar os fenômenos que vêm ocorrendo na região sudoeste do Rio Grande do Sul, como nos municípios de Quarai, Alegrete e Cacequi. Segundo o IBAMA (IICA-Desertificação – gbr-desertification@iica.org.br) numa escala mais ampla, as áreas susceptíveis à desertificação e enquadradas no escopo de aplicação da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação são aquelas de clima árido, semi-árido e sub-úmido seco. Conforme a definição aceita internacionalmente, o Índice de Aridez, definido como a razão entre Desertificação 4 mailto:gbr-desertification@iica.org.br Meio ambiente e qualidade de vida_____________________________________________Capítulo 6 a Precipitação e a Evapotranspiração Potencial, é o mais indicado para o diagnóstico dessas áreas. Este índice foi utilizado para o estabelecimento das áreas de risco e para a elaboração do Atlas Mundial da Desertificação, publicado pelo PNUMA e que serve como parâmetro em todo o mundo. No Brasil as áreas susceptíveis estão localizadas na região Nordeste e no Norte de Minas Gerais. O processo de desertificação se manifesta de duas maneiras diferentes: I) difusa no território, abrangendodiferentes níveis de degradação dos solos, da vegetação e dos recursos hídricos; II) concentrada em pequenas porções do território, porém com intensa degradação dos recursos da terra. Exemplos de áreas com níveis de degradação difusos, podem ser citadas 4 áreas com intensa degradação - os chamados Núcleos de Desertificação -, segundo a literatura especializada,. São eles: Gilbués-PI, Irauçuba-CE, Seridó- RN e Cabrobó-PE, totalizando uma área de 18.743,5 km2. Desertificação 5 Meio ambiente e qualidade de vida_____________________________________________Capítulo 6 Como principais consequências da Desertificação, temos a degradação das terras secas que causa sérios problemas econômicos. Isto se verifica principalmente no setor agrícola, com o comprometimento da produção de alimentos. Além do enorme prejuízo causado pela quebra de safras e diminuição da produção, existe o custo quase incalculável de recuperação da capacidade produtiva de extensas áreas agrícolas e da extinção de espécies nativas, algumas com alto valor econômico e outras que podem vir a ser aproveitadas na agropecuária. Os problemas sociais estão intimamente relacionados aos custos econômicos. Segundo estimativas das Nações Unidas, uma dieta nutricionalmente adequada para a crescente população mundial implica a triplicação da produção de alimentos ao longo dos próximos 50 anos, meta difícil de se alcançar mesmo sob condições favoráveis. Dentro desta perspectiva pode-se esperar um agravamento significativo no quadro de desnutrição, falência econômica, baixo nível educacional e concentração de renda e poder, situações estas que já existem tradicionalmente em muitas áreas propensas à desertificação nos países pobres ou em desenvolvimento. A falta de perspectivas leva a população a migrar para os centros urbanos. Procurando condições mais favoráveis de sobrevivência, estes migrantes tendem a agravar os problemas de infra-estrutura (transporte, saneamento, abastecimento, entre outros) já existentes nos centros urbanos. Verifica-se também um aumento nos níveis de desemprego e violência urbana. A desertificação agrava o desequilíbrio regional. Nas regiões mais pobres do planeta, existe uma grande lacuna a ser preenchida quanto ao desenvolvimento econômico e social entre as áreas susceptíveis ou em processo de desertificação e as áreas mais desenvolvidas. Outro obstáculo a superar é a ação política tradicional, baseada na exploração das populações mais fragilizadas. Desertificação 6 Meio ambiente e qualidade de vida_____________________________________________Capítulo 6 TESTE SEUS CONHECIMENTOS: 1. Você entendeu por que a desertificação provoca até violência? Explique com suas palavras como isso acontece. _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ Desertificação 7 Modalidades Avaliação Indicadores
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