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Assistência de Enfermagem ao Cliente Idoso Profª. Natalia da Palma Sobrinho Descrição Aspectos gerais e biopsicossociais do processo de envelhecimento; e outras políticas adotadas para pessoas nessa faixa etária; assistência de enfermagem ao idoso senescente e senil. Propósito Compreender os aspectos gerais relacionados ao processo de envelhecimento, bem como as políticas nacionais de saúde que sustentam a assistência à pessoa idosa e os principais cuidados de enfermagem necessários para a promoção de um cuidado integral do idoso. Objetivos Módulo 1 Aspectos biopsicossociais do processo de envelhecimento Identificar os aspectos biopsicossociais relacionados ao processo de envelhecimento. Módulo 2 Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa Descrever os principais pontos relacionados à Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, bem como as demais políticas adotadas para indivíduos dessa faixa etária. Módulo 3 Assistência de enfermagem ao idoso senescente e senil Analisar a assistência de enfermagem ao idoso senescente e senil. Estima-se que, em 2030, o quantitativo de pessoas idosas no Brasil seja de 18,6%. O envelhecer mostra-se como um processo natural que se inicia no nascimento e avança por toda a vida. Por isso, institui necessidades específicas em saúde em função da maior frequência de patologias crônicas e possíveis limitações que perduram por toda a vida do indivíduo. Tal processo incide sobre a autonomia e a qualidade de vida, de modo que carece de atenção especial da família, da sociedade e dos profissionais de saúde. A equipe de saúde, principalmente, a enfermagem, tem papel fundamental no atendimento às necessidades especificas de saúde da pessoa idosa no que tange à promoção, à manutenção e à recuperação do seu estado funcional, possibilitando dignidade e autonomia máxima, promovendo, assim, qualidade de vida. No conteúdo a seguir, apresentaremos os pontos relevantes com relação aos aspectos biopsicossociais do processo de envelhecimento, os principais pontos éticos e legais que envolvem a política nacional de assistência à pessoa idosa e, por fim, trataremos acerca dos principais cuidados de enfermagem para a manutenção da dignidade e da autonomia máxima do idoso, apesar das perdas e dos acometimentos naturais dessa fase da vida. Para isso, o ponto de partida é compreender como acontece o processo de envelhecimento. Você já parou para pensar sobre quais são os principais cuidados que devem ser prestados à pessoa idosa? Vejamos! Introdução 1 - Aspectos biopsicossociais do processo de envelhecimento Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os aspectos biopsicossociais relacionados ao processo de envelhecimento. Aspectos biopsicossociais do envelhecimento O processo de envelhecimento é entendido como multifatorial e complexo, e envolve mudanças biológicas, comportamentais, sociais e psíquicas. Essas mudanças incidirão sobre a adaptação a um novo modelo de vida, o que depende de uma motivação intrínseca e extrínseca do sujeito para seu pleno desempenho de funções cotidianas e para a manutenção de sua qualidade de vida e de seu bem-estar biopsicossocial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a pessoa como “idosa” a partir dos 65 anos, porém tal aspecto representa apenas a visão cronológica desse evento tão complexo, não sendo entendido como verdade absoluta no processo de envelhecer. O aspecto biológico do envelhecimento se inicia antes mesmo do nascimento e infere mudanças corporais durante toda a sua existência, observadas interna e externamente no indivíduo (BORSON, 2020). Alterações biológicas do envelhecimento No campo biológico, com o alcançar dos 40 anos, pode ser notada algumas alterações biológicas. Veja a seguir. Diminuição da estatura Que ocorre, em média, a um centímetro por década. Perda da elasticidade cutânea Que se torna mais fina e friável. Diminuição e/ou perda da acuidade visual Em decorrência da degeneração e do espessamento das células oculares. Perda de neurônios Que gera diminuição do encéfalo. Tais mudanças não são regras, podendo ser imperceptíveis ou ausentes de indivíduo para indivíduo, sendo influenciadas por práticas de vida e por fatores biológicos e ambientais. Segundo Borson (2020), a oxidação das cadeias de estruturas celulares, como as cadeias de DNA e de mitocôndrias, dentre outras, em decorrência da ação dos radicais livres, resulta em uma gradativa dificuldade de replicação celular, incidindo no retardamento de processos regenerativos, assim como em maior dificuldade na produção de energia. Tal processo possui influência direta da genética do indivíduo, da qualidade de vida, dos hábitos alimentares e da prática de atividades físicas desempenhadas durante toda a vida. Atenção O declínio das funções hormonais surte grande efeito na percepção de qualidade de vida em idosos. Esse evento se mostra em homens e em mulheres, ocorrendo nas mulheres de forma mais acentuada. O esgotamento dos folículos ovarianos gera a diminuição gradativa dos hormônios esteroides (estrogênio e progesterona), levando o organismo feminino de um estado hiperestrogênico para um estado de hipoestrogenismo (diminuição de estrogênio). O início se dá a partir da irregularidade dos ciclos menstruais e evolui até sua supressão total, de forma espontânea, conhecida como climatério. Esse período compreende a perimenopausa, a menopausa e a pós- menopausa (SANT’ANNA, 2020). Perimenopausa Período entre a última menstruação e o inicio da menopausa. Ainda de acordo com Sant’anna (2020), o desencadear desse evento fisiológico acarreta mudanças de percepção de temperatura (elevação); irritabilidade; alteração do padrão de sono com eventos de insônia; aumento da frequência cardíaca e do fluxo sanguíneo; diminuição ou cessação do desejo sexual; e desmineralização óssea, ocasionando osteoporose e aumentando o risco de fraturas patológicas. A reposição hormonal pode ser uma medida para tratamento, porém não se apresenta enquanto alternativa para algumas mulheres, em função dos riscos de desenvolvimento de trombose, bem como outros malefícios mais incapacitantes. As alterações neuropsíquicas na mulher ocorridas pelo declínio hormonal, por exemplo, a alteração no padrão de sono, incidem em mudanças na produção de neurotransmissores, como serotonina, acetilcolina, noradrenalina e dopamina, gerando distúrbios no campo da felicidade e da energia, além de alterações do humor, podendo até mesmo apresentar sintomas depressivos. O hipoestrogenismo está associado à diminuição do colágeno da pele e também à elevação do PH vaginal, com diminuição da lubri�cação natural, gerando aumento nos casos de infecções urinárias e incontinência, além de incidir sobre fatores predisponentes ao Alzheimer, reumatismo e infarto. (SANT’ANNA, 2020) No homem, o declínio hormonal é denominado andropausa. Diferente da mulher, o homem é capaz de produzir gametas durante todo o seu ciclo de vida e sua cessação gera disfunções eréteis pela diminuição do hormônio andrógeno testosterona. Hormônio esse que se caracteriza pela diminuição dos testículos, o que gera a diminuição ou a escassez de libido; a diminuição de massa muscular e energia acometendo homens na faixa etária de 35 a 40 anos. Não sendo compreendida como via de regra, é encarada muitas vezes como patológica e pode ser tratada com reposição hormonal (SANT’ANNA, 2020). A partir dos 25 anos, inicia-se a perda progressiva de neurônios no sistema nervoso central como evento fisiológico, lentificando o processamento de informações e intensificando-se com o avançar da idade, gerando atrofiamento das funções psíquicas regulares. Tal processo é visto de forma irreversível, uma vez que os neurônios não possuem a capacidade de se regenerar após sua morte celular. Sua progressão pode ser imperceptível a depender da qualidade de vida do indivíduo ou até mesmo não gerar nenhuma alteração funcional psíquica. Sinapse dos neurônios. As doenças crônicas não transmissíveis(DCNT) estão associadas, principalmente, à diminuição ou à perda de funcionalidades, as quais impactam diretamente sobre a qualidade de vida desse perfil populacional, refletindo na limitação de atividades cotidianas, incidência de deficiências e diminuição da atividade social desempenhada. Nesse caminhar, dentre as DCNT comumente observadas, temos: doenças cardiovasculares e respiratórias (pneumonias, por exemplo); fraturas associadas à osteoporose; incontinência urinária; distúrbios do sono e memória; doenças auditivas; entre outras. A prática regular de atividades físicas com exercícios aeróbios é uma importante ferramenta retardadora, ou até mesmo, anuladora desse processo biológico inerente ao ser vivo, podendo resultar em taxas de redução de até 50% no risco de desenvolvimento de alguma limitação funcional relacionada às DCNT. Além de ser poderosa ao intervir em mecanismos comuns do envelhecer, como a diminuição da capacidade pulmonar, otimizando a oxigenação, e da contratilidade cardíaca, favorecendo a contratilidade e o débito cardíaco, está diretamente ligada à diminuição da taxa de mortalidade e ao aumento da sobrevida (MALAFAIA, 2019). Alterações psicossociais do envelhecimento No que se refere à relação idoso-sociedade, a perda de protagonismo social e a posição de dependência dos familiares podem gerar sentimentos de tristeza e solidão, os quais impactam fortemente na saúde psíquica dos idosos. Tal situação pode implicar diretamente na expectativa e na qualidade de vida, gerando sentimentos de ansiedade e de frustração frente ao processo de envelhecimento. Um dos fatores que incidem sobre a saúde social do idoso é a aposentadoria. Por vezes, a atividade laboral vem acompanhada por uma função social que tem aspecto significativo a um indivíduo. O aposentar-se pode originar uma situação ambígua. Veja! Por um lado, pode haver desvalorização social, com a perda de identidade com a profissão e o convívio cotidiano com os indivíduos atuantes nesse cenário. Por outro lado, o desprendimento de uma rotina acompanhada pela liberdade em participar de atividades que ofereçam maior prazer e satisfação. O convívio laboral mostra-se também como um convívio social que, em sua perda, pode ser percebido de forma negativa para o idoso. Por mais que a aposentadoria possa ser encarada como ponto positivo para muitos – como forma de segurança financeira e de descompromisso com rotinas, sem a necessidade de se produzir para os outros –, pode também repercutir delimitação financeira, redução da interação social e de seu pleno papel como indivíduo produtivo. Comentário Outro ponto importante é a perda de entes queridos, além da necessidade de cuidados dos familiares e o padecimento a doenças crônicas. Essas questões têm sido apontadas como fatores estressores no processo de envelhecimento e podem resultar em solidão e isolamento social. O bem-estar social da pessoa idosa dependerá de aspectos circunstanciais no campo econômico, cultural e comportamental em um processo amplo e complexo de determinações. O apoio familiar e social atua como importante fator adjuvante à resiliência demonstrada pelo idoso, uma vez que este dignifica a jornada de vida em seu ciclo existencial, promovendo troca interpessoal e segurança para enfrentar as adversidades e as limitações relacionadas com o avançar da idade (FIGUEIREDO, 2021). Ainda no que se refere aos aspectos biopsicossociais do envelhecer, no campo psíquico, é fundamental a preocupação com a saúde mental. A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta o conceito de saúde mental como condição de bem-estar, que permite ao ser a sua produtividade, o desempenho de funções laborais, a cooperação comunitária e o manejo das adversidades encontradas na vida. As alterações psíquicas nos idosos têm importante efeito em sua qualidade de vida psíquica, delimitando sua independência e autonomia (CORDEIRO, 2020). Segundo Saraiva (2019), o Alzheimer, uma das doenças que mais causa impactos negativos funcionais e que gera dependência total do indivíduo, é caracterizado pela deterioração de funções cognitivas, comprometendo o desempenho de atividades cotidianas e acarretando o desenvolvimento de distúrbios comportamentais com sintomas neuropsiquiátricos. Estima-se que a incidência de Alzheimer em 2030 seja de 65,7 milhões de pessoas. Manter atividades laborais pode ser um fator de proteção a condições como depressão e incapacidade, preservando a independência e o estímulo cognitivo. Torna-se necessário observar a qualidade desse trabalho quanto aos aspectos negativos à saúde mental em idosos, uma vez que demandam prejuízos físicos e sentimentos como revolta, angústia e tristeza. (CORDEIRO, 2020) A depressão, por ser multifatorial, é uma condição que requer atenção. Ela está relacionada aos seguintes fatores: genéticos, bioquímicos, psicológicos, sociais e sociofamiliares, sendo sua variabilidade, frequência e intensidade amplas. A depressão mostra-se com uma necessidade de atenção em saúde pública, uma vez que está associada a elevadas taxas de morbidade e mortalidade. Observa-se que o processo de envelhecimento envolve uma série de ocorrências complexas no campo biopsicossocial e que estas estão interligadas e, por vezes, são interdependentes. É fundamental ao profissional que assiste a pessoa idosa estabelecer um diálogo verdadeiro para que assim seja possível identificar e compreender a real necessidade de saúde do indivíduo. Partilhar ações e cuidados de saúde com a pessoa idosa impacta diretamente melhores resultados terapêuticos e alcance do bem-estar biopsicossocial. Saiba mais A arterapia para idosos é uma estratégica terapêutica que consiste em atividades em grupo que estimulam o corpo e a mente. Essas atividades são executadas através de pintura com pincéis, canetas e/ou lápis, além de argiloterapia, música, dança, entre outros. A utilização das artes e suas diferentes expressões com recurso terapêutico possibilitam ao idoso autoconhecimento, melhor execução de movimentos motores finos, aprendizado de algo novo e, principalmente, promovem a integração social. Dessa forma, a arterapia desempenha importante papel na prevenção de acometimentos comuns na velhice, como ansiedade e depressão, e assim, pode favorecer o bem-estar biopsicossocial. Aspectos biopsicossociais do envelhecimento Neste vídeo, a especialista Joseane Oliveira irá apresentar as principais características do processo fisiológico de envelhecimento e orientações para um envelhecimento saudável. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) Módulo 1 - Vem que eu te explico! Alterações psicossociais do envelhecimento Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Com relação ao processo de envelhecimento, a partir de qual idade é possível perceber alterações biológicas, como perda de estatura, pele fina e mais fria, e espessamento das células oculares? A 60 anos B 65 anos C 40 anos D 35 anos E 80 anos Parabéns! A alternativa C está correta. No campo biológico, a partir dos 40 anos, podem ser observados aspectos relacionados ao processo de envelhecimento, tais como: diminuição da estatura, perda da elasticidade cutânea, diminuição e/ou perda da acuidade visual e perda de neurônios. Questão 2 No decorrer do processo de envelhecimento, ocorre a diminuição do hormônio masculino, caracterizado pela diminuição das gônadas, gerando a redução ou a escassez de libido, perda de massa muscular e energia. De acordo com a definição apresentada, marque a alternativa correta: A Menopausa B Síndrome dos ovários policísticos C Hipogonadismo 2 - Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever os principais pontos relacionados à Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, bem como as demaispolíticas adotadas para indivíduos dessa faixa etária. D Hipotireoidismo E Andropausa Parabéns! A alternativa E está correta. A andropausa é caracterizada pela diminuição dos testículos, e gera diminuição ou escassez de libido, diminuição de massa muscular e energia, acometendo homens na faixa etária de 35 a 40 anos. Políticas de saúde para a pessoa idosa O segmento social entendido como “idoso” possui um caráter heterogêneo. Isto é, diz respeito a indivíduos que se mostram aptos a desenvolverem plena autonomia no gerir de sua vida, nos aspectos social, econômico e cognitivo, e indivíduos que não o podem fazer em função do acometimento ou do agravar de doenças limitantes, ou ainda, da escassez de recursos financeiros (SOUZA, 2018). Nesse sentido, cabe ao Estado, através de políticas públicas, desenvolver ações voltadas ao idoso que visem à proteção nos seus aspectos civis, familiares e sociais, viabilizando o acesso a serviços em saúde, de forma a garantirem integralidade e amparo social, com tratamento digno no exercício de sua cidadania. Com a promulgação da Constituição de 1988 e com o advento do Sistema Único de Saúde (SUS), o Estado deixa de prestar a saúde como princípio caridoso para o fazer como dever. Tal dever é concretizado através de princípios e diretrizes por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90 (TORRES, 2020). Conforme Souza (2018), a partir desse marco, foram ampliados os mecanismos de participação de atores não governamentais na atuação conjunta com Estado e nos programas governamentais, instituindo assim o controle social que incidiu em maior coesão das ações propostas com as necessidades da população (SOUZA, 2018). Saiba mais O primeiro programa governamental voltado à atenção ao idoso foi criado em 1994 pela Lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994. Essa lei recebeu o título de Política Nacional do Idoso (PNI) e visava, por meio de ações intersetoriais, garantir direitos fundamentais aos idosos, como: autonomia, direitos sociais, participação social, saúde, dentre outros (TORRES, 2020). São competências da PNI, norteadas pelo princípio de direito à saúde: Assistência à pessoa idosa em sua integralidade Garantir a assistência por meio de ações de promoção, de proteção e de recuperação da saúde. Instituições de longa permanência para idosos (ILPIs) Normatização do funcionamento das ILPIs, cabendo aos gestores do SUS a fiscalização. Na PNI, ressalta-se a necessidade do desenvolvimento de ações que visem ao atendimento às necessidades básicas do idoso com a inclusão da família, da sociedade e das entidades governamentais e não governamentais em ações de estímulo a alternativas no atendimento a idosos e promoção de capacitação de recursos. Institui-se também a priorização do atendimento ao idoso no acesso à previdência (SOUZA, 2018). Nesse caminhar histórico, surge, em 1997, o Plano Integrado de Ação Governamental para o desenvolvimento da Política Nacional do Idoso, que teve como objetivo a aplicabilidade prática das ações elaboradas na PNI, com foco em ações de: prevenção, recuperação da saúde e promoção social. Como relata Torres (2020), em 1999, foi lançada a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI), que incentivou a atualização das propostas e trouxe a preocupação com a capacidade funcional do idoso, atribuindo a responsabilidade de garantia dos princípios básicos constitucionais (direitos de cidadania, participação social, dignidade, bem-estar e vida) à família, ao estado e à sociedade. Ainda na PNI, sua legislação institui a criação do Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos (CNDI), instituído pelo Decreto nº 4.227, em 13 de maio de 2002, e revogado pelo Decreto nº 9.893, de 27 de junho de 2019 (BRASIL, 2019). Como mecanismo de controle social, as conferências nacionais acerca dos direitos das pessoas idosas possuem como propósito realizar a convergência das atribuições nas três esferas do governo, com atributo de articulação das demandas populacionais por meio do Estado e da sociedade civil para o estabelecimento de políticas públicas na agenda governamental. Constituído como órgão permanente, paritário, com caráter deliberativo, a Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas Idosas (CNDPI) integra a estrutura organizacional do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e tem como atribuições, dentre outras, assessorar os conselhos locais, apoiar a promoção de campanhas educativas e realizar pesquisas e estudos sobre a situação do idoso no Brasil (BRASIL, 2019). Saiba mais Inspirado no Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento, promulgado em 2002 em Madri, foi aprovado em 2003 o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741), intensificando a resposta do Estado e da sociedade à saúde do idoso (TORRES, 2020). Em 2016, ocorreu a última CNDPI, com o título “Protagonismo e Empoderamento da Pessoa Idosa – Por um Brasil de Todas as Idades”, em que foi discutida a independência e a participação ativa da pessoa idosa na sociedade, considerando seu caráter singular e suas necessidades individuais. Além disso, ocorreu o debate acerca da valorização das políticas que sustentam e protegem os direitos à pessoa idosa. Aspectos sobre o Estatuto do Idoso A elaboração do Estatuto do Idoso foi um marco para o estabelecimento de garantia de direitos à pessoa idosa. Sua criação ocorreu por forte mobilização social e seu texto está orientado nas dimensões de direito: à vida; à liberdade; ao respeito; à dignidade; à alimentação; à saúde; à convivência familiar e comunitária. Veja, a seguir, alguns dos direitos pautados pelo estatuto. Atenção integral à saúde da pessoa idosa Um direito elencado pelo Estatuto é a necessidade de atenção integral à saúde da pessoa idosa através do SUS, com acesso universal e igualitário, por meio de um complexo articulado e contínuo de ações e serviços, a fim de promover prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, com atenção especial às doenças que possuem sinergismo aos idosos (BRASIL, 2020). Poteção judicial O t it d t E t t t f à i ã i i did d Benefício de Prestação Continuada Previsto na Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, é a garantia de um salário mínimo por mês ao idoso com idade igual ou superior a 65 anos ou à pessoa com deficiência de qualquer idade. Saiba mais A Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (COBAP), a Associação Nacional de Gerontologia (ANG) e a Pastoral da Pessoa Idosa são as entidades civis não governamentais que se destacam pela sua intensa participação nos movimentos em prol das pessoas idosas (SOUZA, 2018). Dentre essas instituições, cabe ressaltar a Associação Nacional de Gerontologia (ANG), criada em 1985, que visa à colaboração para a melhoria contínua na condição de vida do idoso através do compartilhamento de saberes entre estudiosos do tema. Foi através dela que, em 1990, elaborou-se a declaração “Políticas para a 3ª idade”, que subsidiou a PNI e a CNDI. Outro item que merece destaque no Estatuto refere-se à sua permissão em exigir medidas de proteção judiciais quando julgar que seus direitos se encontram ameaçados ou violados, seja por ação ou por omissão de membros da sociedade civil, Estado ou família. Benefício de Prestação Continuada Caso o idoso com idade igual ou superior a 65 anos não possua meios de subsistência, poderá solicitar o Benefício de Prestação Continuada (BPC), assim como o acréscimo de 25% no valor de sua aposentadoria em caso de invalidez (BRASIL, 2020). Violência direcionada a idosos O Estatuto do Idoso traz a obrigatoriedade de notificação pelos serviços para saúde, sejam eles públicos ou privados, dos casos de suspeita ou de confirmação de violência direcionada a idosos, através da comunicação a órgãos públicos, como autoridade policial e Ministério Público (BRASIL, 2020). Segundo Souza (2018), o CNDI possui como um de seus objetivos o acompanhamento da ampliação do Estatuto do Idoso, da PNI e de outros atos normativos vinculados à atenção ao idoso.Suas competências, dentre outras, são: 1. Incentivar a ampliação de mecanismos para a participação e o controle social nas políticas relacionadas ao idoso. 2. Subsidiar os conselhos estaduais, do Distrito Federal e municipais, bem como entidades não governamentais relacionados aos direitos do Idoso. 3. Assistir a elaboração e a execução da proposta orçamentária da União. 4. Subsidiar a cooperação dos governos da União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípios e da sociedade civil na elaboração e na execução da política nacional de atendimento dos direitos do idoso. Aspectos sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa Aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde em 22 de fevereiro de 2006, o Pacto pela Saúde, através de reformas institucionais do SUS acordadas entre a União, o estado e os municípios, visou produzir mudanças nas normativas do SUS, a fim de sanar questões que ainda são empenhadas com dificuldade até os dias atuais. O Pacto pela Saúde tem como objetivo a preservação dos princípios do SUS promulgados em 1988 através de estratégias pautadas na Constituição e pactuadas nas três esferas do governo. Esse pacto se divide em três temas distintos: o pacto pela vida, o pacto em defesa do SUS e o pacto de gestão. Atenção! Através do pacto pela vida, foram definidas prioridades temáticas que serviriam de norteamento para as ações em saúde, exigindo maior articulação e capacitação entre os entes federados nas suas decisões e nos seus planejamentos, com foco no fortalecimento do SUS. Como primeira meta através do Pacto pela Saúde, as ações de atenção integral ao idoso firmaram-se no fortalecimento da atenção básica, com foco na promoção da autonomia, na independência e na recuperação. Foi neste texto que se estipulou a idade de 60 anos para o cidadão ser considerado idoso. No Pacto pela Saúde, foi proposta a implementação da (PNSPI), cujas diretrizes são (TORRES, 2020): Incentivo ao envelhecimento ativo e saudável. Atenção integral à saúde da pessoa idosa. Intersetorialidade para integralidade na atenção. Recursos que assegurem a qualidade à saúde da pessoa idosa. Fortalecimento do controle social. Educação permanente à saúde da pessoa idosa. Divulgação do PNSPI para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS. Cooperação Internacional de vivências à saúde da pessoa idosa. Promoção de estudos e de pesquisas em saúde do idoso. Como medida para a execução da PNSPI, o SUS realiza o fortalecimento da Atenção Básica através do Programa Saúde da Família, a fim de atender ao idoso de forma mais assertiva em seu contexto biopsicossocial, com uma atenção integral que se insira nas ações propostas de promoção da saúde, de prevenção de doenças e de agravos à saúde. Para casos específicos, faz uso também de hospitais gerais e centros de referência quando uma atenção de nível mais secundário se faz necessária. O pacto pela vida apresenta, além das diretrizes citadas, ações estratégicas para o fortalecimento das medidas dentro da temática em saúde do idoso. Essas intervenções deverão guiar os trabalhos executados pela União, estados e municípios em sua pactuação e planejamento de ações (BRASIL, 2006). As ações estratégicas estão relacionadas à Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, Manual de Atenção Básica à Saúde da Pessoa Idosa, Programa de Educação Permanente a Distância, atenção farmacêutica, processo de acolhimento à pessoa idosa nas unidades de saúde, avaliação geriátrica multidisciplinar em toda internação hospitalar e atenção domiciliar. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Saiba mais A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é um guia de acompanhamento da condição de saúde do idoso com informações pertinentes, que vão além de um simples controle vacinal, valendo-se de um guia para a avaliação biopsicossocial. A caderneta apresenta informações sobre direitos da pessoa idosa, manuseio de medicamentos, orientações alimentares, saúde bucal, prevenção de quedas, sexualidade, atividade física e serviços úteis. Seu preenchimento é fundamental, pois auxilia no controle da saúde da pessoa idosa, podendo ser utilizada por: equipe de saúde, idoso, familiares e cuidadores. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa Neste vídeo, a especialista Joseane Oliveira irá destacar os principais pontos relacionados ao Estatuto do Idoso e aspectos que inferem na prática cotidiana. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! Estatuto do Idoso Módulo 2 - Vem que eu te explico! Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento, promulgado em 2002, foi um marco para a intensificação da resposta do Estado e sociedade à saúde do idoso. Com relação ao documento elaborado em 2002, marque a opção correta: A A elaboração da primeira Política Nacional de Saúde do Idoso. B Plano Integrado de Ação Governamental para o Desenvolvimento da Política Nacional do Idoso. C C Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos. D Estatuto do Idoso. E Pacto pela vida. Parabéns! A alternativa D está correta. Inspirado no Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento, promulgado em 2002, em Madri, o Estatuto do Idoso foi aprovado em 2003. Questão 2 Complete a lacuna: _______________ é um guia de acompanhamento com informações sobre direitos da pessoa idosa, manuseio de medicamentos, orientações alimentares, controle à queda, sexualidade e atividade física. A Manual de Atenção Básica à Saúde da Pessoa Idosa. B Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. C Programa de Educação Permanente a Distância. D Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. E Estatuto do Idoso. Parabéns! A alternativa B está correta. A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é o instrumento guia com informações relevantes sobre a saúde da pessoa idosa (vacinação, uso de medicamentos, alimentação saudável, queda, 3 - Assistência de enfermagem ao idoso senescente e senil Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a assistência de enfermagem ao idoso senescente e senil. Senescente e senil O declínio das funções biológicas é um evento esperado e natural com o avançar da idade, o que implica cuidados específicos a esse perfil da população, considerando sua diminuição de capacidades morfofuncionais. Porém, o acometimento patológico no âmbito biopsicossocial (senilidade) não se faz por regra no idoso com idade avançada, podendo este estar em boas condições de saúde, tendo preservado seu equilíbrio biopsicossocial (senescência). Nesse sentido, Saraiva (2019) entende: sexualidade e atividade física), possibilitando melhor acompanhamento por parte dos profissionais de saúde e dos familiares. Senescência O processo fisiológico de regressão funcional de um indivíduo, não sendo por si uma condição vista como característica negativa ao processo de saúde-doença. Senilidade A condição patológica, requerendo atenção específica em geriatria, por contar com a presença de patologias e/ou de limitações . Desse modo, cabe a atuação de uma equipe interdisciplinar e multidimensional. Nessa equipe, entende-se que o papel da enfermagem se faz de modo fundamental para promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde no idoso com senescência e senilidade, promovendo assim um processo de envelhecimento bem-sucedido. Avaliação de enfermagem ao idoso O profissional de enfermagem se faz familiarizado com a promoção à saúde, com a prevenção e com o controle de patologias em todas as fases do ciclo vital. Entre suas atribuições no que se refere ao cuidado da pessoa idosa, podemos listar: Promoção à saúde e prevenção de doenças. Aconselhamento medicamentoso. Aconselhamento nutricional. Orientações à redução da acuidade visual, auditiva e vocal. Mudanças cardiorrespiratórias e outras DCNT. I i ê i i á i f l Incontinência urinária e fecal.Atenção a sinais de maus-tratos. Orientações quanto à sexualidade. Controle vacinal. Acompanhamento e avaliação funcional. Observâncias a fragilidades sociais. Gestão do controle de quedas. Alterações no sistema nervoso central. Ao se realizar a consulta em saúde na pessoa idosa, deve-se atentar a diferentes pontos, a fim de proporcionar um atendimento completo e multifatorial em uma visão biopsicossocial de saúde. A Caderneta de Vacinação do Idoso nos traz um guia para a avaliação em saúde, direcionando o profissional para atenção aos seguintes pontos (BRASIL, 2017): Caderneta da pessoa idosa - Dados pessoais Caderneta da pessoa idosa - Dados pessoais Informações pessoais, como endereço, ocupação, tipo sanguíneo e escolaridade, podem trazer à tona necessidades específicas de cuidado, vide a capacidade desse idoso em gerenciar o uso de medicamentos, acesso aos serviços de saúde, grau de independência e contexto social. Caderneta da pessoa idosa - Dados Sociofamiliares Caderneta da pessoa idosa - Dados Sociofamiliares Dados sociofamiliares podem fornecer informações sobre interação social, meio de renda, se o idoso vive só ou acompanhado, dentre outras, possibilitando a identificação de solidão tão relatada entre idosos, identificação de subsistência e demais riscos e agravos sociais. Caderneta da pessoa idosa - Relação de medicamentos em uso Caderneta da pessoa idosa - Relação de medicamentos em uso Relação de medicamentos em uso, assim como o uso de polifarmácia e a razão clara no uso de cada medicação com identificação do profissional prescritor, identificando a automedicação e as reações adversas já percebidas, favorecendo a adequação farmacológica. Caderneta da pessoa idosa - Doenças crônicas ou agudas conhecidas. Caderneta da pessoa idosa - Doenças crônicas ou agudas conhecidas. Diagnósticos de doenças crônicas ou agudas conhecidas e o tempo de conhecimento, favorecendo o acompanhamento da evolução no quadro. Caderneta da pessoa idosa - Cirurgias e internações Caderneta da pessoa idosa - Alergias medicamentosas Acompanhamento de internações, reações medicamentosas e cirurgias realizadas. Caderneta da pessoa idosa - Dados antropométricos. Caderneta da pessoa idosa - Dados antropométricos. Supervisão de dados antropométricos, como peso, altura e IMC, permitindo identificar perdas superiores a 5% ao ano. Caderneta da pessoa idosa - Identificação de vulnerabilidade física. Caderneta da pessoa idosa - Incapacidades. Caderneta da pessoa idosa - Nível de vulnerabilidade. Identificação de vulnerabilidade física, em que, através de escalas de limitação física e incapacidades, pode- se observar o nível de vulnerabilidade que o idoso se encontra, traçando assim um plano terapêutico adequado às suas necessidades. Caderneta da pessoa idosa - Informações complementares. Caderneta da pessoa idosa - Histórico de quedas. Caderneta da pessoa idosa - Indentificação da dor crônica. Outros fatores, como histórico de queda, dor crônica, hábitos de vida, vícios, controle da pressão arterial, controle glicêmico, saúde bucal, dentre outros, devem ser considerados em cada consulta realizada. Aspectos relacionados à família, ao cuidador e à comunidade devem ser observados com o fim de atender às demandas identificadas, inserindo este no serviço de saúde, a fim de se prestar um cuidado integral com modificação de hábitos de vida, como adesão à rotina de atividade física e alimentação saudável (SARAIVA, 2019). Estratégias de cuidado ao idoso De acordo com Figueiredo (2021), a consulta domiciliar pode ser uma poderosa ferramenta para realizar o acompanhamento do idoso, pois a sua limitação funcional pode dificultar, ou até mesmo, impedir com que se desloque até o ponto de atendimento. Cabe destacar que o campo da saúde que se volta aos aspectos do envelhecimento é chamado de gerontologia e de geriatria. Veja, a seguir, a diferença entre elas. Gerontologia É a área de saúde com atuação multiprofissional voltada às limitações físicas, emocionais e sociais no processo de envelhecer. Geriatria É uma especialidade que busca a promoção de: envelhecimento saudável, prevenção, cuidado, tratamento de doenças e limitações do idoso, reabilitação e até mesmo cuidados paliativos. A avaliação em saúde no idoso pode se valer de instrumentos gerontológicos, de coleta de informações que abordam aspectos de saúde, permitindo uma avaliação holística e completa. Dentre os diversos instrumentos que podem ser utilizados, podemos citar (DIAS, 2020): Permite a mensuração da capacidade do idoso para atividades de vida diária básicas, referentes ao autocuidado, através de pontuações atribuídas para ações cotidianas, como banho, vestir-se, continência, higiene, transferência de um ponto a outro e alimentação. A pontuação pode classificá- lo como dependente (menos de 2 pontos) parcialmente dependente (3 a 4 pontos) e totalmente dependente (5 a 6 pontos). Busca identificar o grau de independência para atividades instrumentais diárias mais complexas, que vão além do simples autocuidado, através da avaliação de oito domínios: habilidade do uso do telefone, preparação de refeições, manutenção da casa, lavagem de roupa, modo de transporte, responsabilidade pelos próprios medicamentos e habilidade para lidar com as finanças. Auxilia na identificação dos diversos graus de demência através da avaliação de critérios, como: memória, orientação, julgamento e solução de problemas, relações comunitárias, lar e passatempos, e cuidados pessoais. Classifica a possibilidade de demência em: nenhum (0), questionável (0,5), leve (1), moderado (2) e grave (3). Um resultado igual a zero está relacionado à ausência de demência e entre 16 e 18 à demência severa. Trata da avaliação nutricional e considera 18 itens. Entre esses, podemos destacar: antropometria, avaliação diária, avaliação clínica global e autopercepção do estado de saúde e nutricional. O resultado pode variar de acordo com as pontuações atingidas. Com score entre 24 e 30 pontos, indica-se estado nutricional normal; entre 17 e 23,5 pontos, indica-se risco de desnutrição; e menor que 17 pontos, indica-se desnutrição. O Índice de Katz A Escala de Lawton e Brody Clinical Dementia Rating Miniavaliação nutricional Mensura se há histórico de quedas, medicações em uso, deficit sensorial, estado mental e marcha. Cada fator soma um ponto e um resultado superior a três pontos identifica pacientes em risco de queda. Avalia o risco em desenvolver lesões por pressão à observância de 6 itens: percepção sensorial, atividade, mobilidade, hidratação, nutrição, fricção e cisalhamento. O resultado pode variar entre 6 e 23 pontos. Resultados menores que 9 pontos representam muito alto risco de lesão de pressão; entre 10 e 12 pontos, alto risco; entre 13 e 14 pontos, risco moderado; entre 15 e 18 pontos, baixo risco; e entre 19 e 23 pontos, nenhum risco. Avalia a função cognitiva usada como rastreamento pela aplicação de um questionário em que se totaliza 30 pontos em 7 categorias: orientação espacial, orientação temporal, memória imediata, memória de evocação, cálculo, linguagem-nomeação, repetição, compreensão, escrita e cópia de desenho. A avaliação do resultado leva em conta a escolaridade do entrevistado. Com relação ao score, considera-se normal a pontuação igual ou superior a 27 pontos, moderada entre 10-20 pontos, leve entre 21-24 pontos e igual ou abaixo de 9, perda cognitiva grave. Avalia o desenho elaborado pelo idoso de um relógio analógico com o posicionamento dos ponteiros em um horário determinado pelo examinador e pode ser refeito caso o desenho não satisfaça o examinado. Através de score, é pontuada a assertividade do desenho; um resultado menor do que 6 pontos pode ser indicativo de comprometimento cognitivo. Para identificação da preservação das funções cognitivas em um idoso, a avaliação neuropsicológica faz-se uma ferramenta poderosa e otimizadora de resultados. Com a aplicaçãode testes psicométricos, avaliam o Escala de risco de queda de Downton Escala de Braden Miniexame do estado mental O teste do desenho do relógio rendimento cognitivo funcional nos campos de memória, atenção à linguagem, percepção, raciocínio, dentre outros. Comentário A aplicação de escalas na avaliação biopsicossocial do idoso deve seguir a linha de cuidado a que melhor se aplica, já que há diversas possibilidades de instrumentos. O Conselho Federal de Psicologia (CFP) disponibiliza em seu website diversos testes psicológicos que podem ser aplicados ao idoso, de acordo com a observação do examinador. Os eventos neurodegenerativos no processo de envelhecer podem ser retardados através do uso de pintura, desenhos, leitura e escrita, minimizando os impactos sobre a memória e, dessa forma, preservando a qualidade de vida e o alto grau de independência. Veja, a seguir, sobre as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs). Você sabia que pode aplicar as PICs em qualquer ambiente de cuidado (domiciliar, hospitalar e na comunidade)? As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs) são um conjunto de técnicas que buscam o cuidado integrativo entre corpo e mente, podendo ser realizadas por qualquer profissional de saúde especializado, colaborando com qualquer tipo de tratamento e também com a promoção e a prevenção em saúde. Conforme diretrizes do SUS, são PICs: dança circular, acupuntura, plantas medicinais, fitoterapia, aromaterapia, terapia de florais, entre outros. Pesquisa recente aponta o uso das plantas medicinais como uma das PICs mais utilizadas pela população idosa. Dessa forma, o uso das PICs pode ser uma estratégia de cuidado diante de uma população com necessidades tão singulares. Desafiamos você a pensar como aplicá-las em sua prática de cuidado ao idoso. O atendimento hospitalar Em caso de necessidade de hospitalização, o atendimento aos idosos deve considerar as peculiaridades de atenção específicas ao fazer a avaliação em saúde. O idoso irá demandar cuidados da equipe que deverá auxiliar a manutenção da independência, promovendo uma melhor qualidade de vida. Por isso, é de extrema importância o correto dimensionamento da equipe destinada a esse cuidado. O atendimento ao idoso hospitalizado deve abranger critérios de avaliação que transcendam a causa principal relatada na internação. É necessária uma abordagem que considere a avaliação do estado neurológico e cognitivo, pois estes podem experimentar alterações temporárias relacionadas ao curso da hospitalização. Na prática clínica, frequentemente, observa-se o quadro de desorientação em tempo e espaço relacionado ao confinamento do ambiente hospitalar e à sua melhora, resultando em “alta”. Atenção! Outros aspectos também são importantes na avaliação do idoso hospitalizado, como a questão social, o afastamento do convívio e da rotina domiciliar podem afetar esse idoso, impactando repercussões emocionais (ex.: ansiedade e depressão). Além desses pontos, vale ressaltar a importância dos cuidados com a pele e com as mucosas para a manutenção de sua integridade, principalmente, em idosos acamados, em que se deve atentar para o estímulo à autonomia e à independência no decorrer da hospitalização. Dentre os diagnósticos médicos encontrados em idosos hospitalizados, podemos destacar aqueles referentes aos sistemas: cardiovascular, circulatório, respiratório, digestivo e geniturinário. A hospitalização e a perda de mobilidade com o avançar da idade podem contribuir para o comprometimento na realização de atividades de vida cotidiana e, consecutivamente, para a baixa autoestima associada ao sentimento de tristeza. O gerenciamento de riscos pertinentes ao idoso se faz necessário não só na atenção hospitalar, para prever possíveis alterações à integridade biopsicossocial, mas também em qualquer ambiente de cuidado ao idoso. Em função da diminuição de massa corporal e declínio na potência dos sentidos, os idosos estão mais propensos a desenvolverem lesões de pele associadas à pressão, assim como as quedas, que podem resultar em fraturas ósseas com diminuição ou perda de movimentos, comprometendo, dessa forma, sua autonomia. Esses idosos apresentam maior suscetibilidade à infecção; resposta de dor diminuída devido às alterações neurais e de tato; tendem a temperaturas corporais mais baixas (o que pode inferir em interpretação errônea para o quadro de febre), entre outros. Assim, é importante a equipe de enfermagem ficar alerta para as condições citadas e também valorizar e observar achados mais sutis e isolados que podem sugerir alterações graves. Podemos destacar sinais como: taquicardia, confusão mental, estado emocional alterado, agitação psicomotora não específica e frequência respiratória aumentada. A equipe de enfermagem é protagonista no cuidado ao idoso e tem em sua atuação a oportunidade de permanecer maior tempo ao lado da pessoa idosa. Portanto, um olhar abrangente e individualizado irá colaborar para recuperação, dignidade e redução do grau de dependência, com intuito de melhor qualidade de vida. Cuidados de enfermagem à pessoa idosa Neste vídeo, a especialista Joseane Oliveira irá destacar os principais cuidados de enfermagem ao idoso, visando a uma assistência humanizada e integral. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! Senescente e Senil Módulo 3 - Vem que eu te explico! Teste do desenho do relógio Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O termo senilidade e senescência fazem referência ao processo de envelhecimento. Marque a resposta que define, respectivamente a opção correta: A Condição clínica patológica associada à perda cognitiva em idosos e ao processo fisiológico de envelhecimento sem associação de patologias. B Incapacidade em manter o autocuidado por patologia psíquica e estado depressivo provocado pela falta de autonomia. C Termo abrangente que descreve perda de memória e capacidade intelectual, e disposição para o envelhecimento saudável no idoso. D Conceito associado à condição patológica com a presença de patologias e/ou limitações e processo fisiológico de regressão funcional de um indivíduo. E Doença psiquiátrica caracterizada por alterações no funcionamento da mente que provoca distúrbios de pensamento e de emoções, bem como distúrbio psiquiátrico, em que há excesso de apreensão e expectativa de alguém em relação a diversos acontecimentos. Parabéns! A alternativa D está correta. A senilidade está associada à condição patológica e requer atenção específica por contar com a presença de patologias e/ou de limitações; já a senescência está relacionada ao processo fisiológico de regressão funcional de um indivíduo, não sendo por si uma condição vista como característica negativa no processo de saúde-doença. Questão 2 A escala miniexame do estado mental é uma importante ferramenta na avaliação mental do idoso. Marque a opção que define corretamente a finalidade da aplicação da escala: A Diagnóstico na avaliação da função cognitiva. Considerações �nais Considerando o conteúdo apresentado, percebe-se que o processo de envelhecimento é um evento fisiológico e natural que compreende as alterações biopsicossociais que serão responsáveis por acometimentos em nível diferenciado e que variam em cada indivíduo a depender de inúmeros fatores. Com relação às políticas que sustentam a proteção ao indivíduo idoso, é fundamental o entendimento dos direitos que lhe são garantidos no campo biopsicossocial. Nesse caminhar, deve-se destacar também as punições especificas para o não cumprimento de tais garantias, enquanto o profissional de saúde deve auxiliar o idoso para que conheça seus direitos e, assim, tenha consciência de seu processo e, finalmente, possa dialogar acerca de suas necessidades. Dito isso, o propósito deste conteúdo é que vocêse torne um profissional cercado por um repertório de estratégias de cuidado com a capacidade de compreender o processo de envelhecimento como evento fisiológico e natural. Nesse entendimento, é preciso que se tenha habilidade para executar os cuidados em saúde com olhar para as necessidades do idoso, de modo que consiga perceber as necessidades B Avaliação psicológica no idoso. C Avalia a função cognitiva usada como rastreamento. D Identificação de patologia psiquiátrica no idoso. E Rastreamento de depressão em idosos. Parabéns! A alternativa C está correta. A escala miniexame do estado mental é uma avaliação para rastreio cognitivo da pessoa idosa. É realizada através da aplicação de um questionário que avalia orientação espacial, temporal, memória imediata e de evocação, bem como cálculo, linguagem-nomeação, repetição, compreensão, escrita e cópia de desenho. individuais e transformar a oportunidade do cuidado de sua prática cotidiana em um momento de bem-estar e de qualidade ao idoso. Podcast Agora, a especialista Joseane Oliveira irá apresentar os principais pontos relacionados ao processo de envelhecimento visando ao cuidado integral. Referências BARROS, M. S. de R. Política nacional do idoso: uma análise sobre os mecanismos de controle democrático. Brasília, 2019. BORSON, L. A. M. G.; ROMANO, L. H. Revisão: o processo genético de envelhecimento e os caminhos para a longevidade. Revista Saúde em Foco, 2020. BRASIL. Decreto nº 9.893, de 27 de junho de 2019. Dispõe sobre o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. Brasília: Diário Oficial da União, 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. 4. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Pactos pela Vida, em defesa do SUS e de Gestão. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da pessoa idosa. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2020. CAMPOS, A. C. V. Envelhecimento no Brasil: um processo multidimensional. Enfermagem Brasil, v. 10, n. 5, p. 259-260, 2011. CORDEIRO R C et al Perfil de saúde mental de idosos comunitários: um estudo transversal Revista CORDEIRO, R. C. et al. Perfil de saúde mental de idosos comunitários: um estudo transversal. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, n. 1, 2020. DIAS, K. M. et al. Relações entre diagnósticos de enfermagem e nível de dependência para atividades da vida diária de idosos. Einstein, v. 18, 2020. FIGUEIREDO, A. E. B.; CECCON, R. F.; FIGUEIREDO, J. H. C. Doenças crônicas não transmissíveis e suas implicações na vida de idosos dependentes. 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Explore + Para explorar os seus conhecimentos a respeito do assunto estudado, indicamos a leitura dos seguintes artigos disponíveis na internet: Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos, disponível no site do Conselho Federal de Psicologia. Concepções teórico-filosóficas sobre envelhecimento, velhice, idoso e enfermagem gerontogeriátrica, disponível na plataforma Scielo. Percepção de saúde e comorbidades do idoso: perspectivas para o cuidado de enfermagem, disponível no portal Brazilian Journals of Development. Uso de práticas integrativas e complementares por idosos, disponível no portal de revistas científicas da CESUMAR - UniCesumar. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF()
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