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Vocação Hereditária - Apontamentos

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APONTAMENTOS SOBRE A VOCAÇÃO HEREDITÁRIA DE ACORDO COM O CPC
Amanda Emy Barbosa de Melo
RECIFE
2020
SUMÁRIO
1. CONCEITO..................................................................................04
2. ANÁLISE DOS ARTIGOS 1798 a 1.803.....................................07
3. REFERÊNCIAS...........................................................................10
1. Conceito
Vocação hereditária é o instituto jurídico utilizado para o chamamento de pessoa com direito à herança, para que receba o patrimônio deixado pelo falecido. Que pode ocorrer por sucessão legítima ou por testamento, sendo este a disposição de última vontade do falecido.
	É válido pontuar alguns dos principais objetos que permeiam a vocação hereditária, dentre eles, o princípio da saisine. Este é um princípio que tem a finalidade de defender o próprio direito a herança, os bens que a compõem e os seus herdeiros. A expressão saisine deriva do vocábulo latino sacire, que significa “apropriar – se”, “se imitir na posse”, “por para dentro”.
	Outro ponto importante é que diferente tradição do direito romano (que depende de aceitação), o saisine opera por força de lei, e relativiza os efeitos da aceitação posterior, como é lembrado por Paulo Lôbo: o que é chamado ainda não é herdeiro, e sim titular de um direito potestativo para que decida sobre a sua aceitação. 
	É necessário destacar que a saisine transfere imediatamente a posse ao herdeiro, desde a abertura da sucessão, desta forma, o herdeiro já possui os direitos reais dos bens transmitidos. Porém, a posse em determinadas situações pode também ser mediata, já que o objeto pode estar com terceiro.
 O herdeiro sucessível, pela ordem, pode aceitar ou não a herança, que em situação positiva transfere-se imediatamente os direitos aos bens deixados pelo de cujus, não importando se o indivíduo está morando no Brasil ou no exterior, apenas é necessário que se cumpra os atos para a aceitação. Podemos então destacar o artigo 1.804 do código civil:
Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único: A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia a herança.
 Existindo a negativa e colidindo com o princípio da saisine, remetemos ao princípio constitucional da liberdade, em que ninguém é obrigado a aceitar herança, podendo rejeitar. 
 Por fim, escreveu Paulo Lôbo sobre as formas de aceitação, em que decorre de atitudes e comportamentos do sucessível, podemos observar a aceitação tácita, em que o herdeiro não renuncia a herança; e quando o mesmo age em conformidade com o padrão reconhecido de herdeiro, segundo os costumes de quem não rejeita.
2. Da Vocação Hereditária
De acordo com o art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.
 Este artigo nos remete a análise da personalidade civil, ou seja, por força do art. 2º do CC, segundo o qual, "a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida". E os nascituros possuem direitos e são aptos a suceder, tanto quanto as pessoas já nascidas, porém, apenas com expectativa de direito, e só poderá ser herdeiro se nascer com vida. Isto é, doutrina Giselda Maria Fernandes Novaes Hironka que "tanto podem ser herdeiros legítimos, testamentários ou mesmo legatários os indivíduos que já tivessem nascido quando no momento exato do falecimento do de cujus, bem assim todos os que já estivessem concebidos no mesmo momento". Para simplificar o entendimento do artigo, analisemos o mapa mental a seguir:
De acordo com o art. 1.799: 
Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; II - as pessoas jurídicas; III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação.
 A sucessão testamentária é também conhecida por última vontade do de cujus, na qual ele irá especificar seus desejos e poderá dividir a sua herança, atribuindo aos determinados herdeiros, podendo ser os necessários, outras pessoas físicas e até pessoas jurídicas.
 O código civil trouxe duas situações neste artigo. A primeira que podemos analisar é a prole eventual, em que o dono do patrimônio pode beneficiar determinada pessoa não concebida nem nascida, desde que algum dos pais esteja vivo. O nascituro tem direitos, pode ser contemplado em testamento e ter sua legítima garantida quando no ventre materno, mas só receberá a herança se nascer com vida. Na segunda análise, observamos a autorização para deixar determinada herança para pessoas jurídicas, e para formação de fundação em que será estipulada a finalidade da mesma no próprio testamento. Analisemos:
Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz.
§ 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775.
§ 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.
§ 3o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador.
§ 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos.
 Neste artigo é valido ressaltar o prazo em que o código estipulou para a formação da prole eventual em no máximo 2 (dois) anos, contados da abertura da sucessão. Enquanto esta não é concebida, ficará a disposição de curador, sendo o pai vivo, este terá todas as obrigações sob os encargos da lei e com fiscalização do Ministério Público. Decorrido este prazo e com a não formação da prole, esta sucessão será revertida face aos herdeiros legítimos e assim redistribuídos entre os necessários. 
ATENÇÃO!!
· Não é valido a interpretação do prazo decadencial de 2 (dois) anos por analogia ao instituto da adoção.
· Filiação socioafetiva não gera parentesco.
· O “Herdeiro esperado” uma vez concebido, herda.
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
 É importante a analise deste artigo que antecede, pois, de forma alguma, os indivíduos elencados possuem capacidade sucessória, não podem constar como herdeiros ou legatários em testamento. Essencialmente, o código retornou a culpa para a situação em que o concubino do testador venha a ter direitos, caso este prove a isenção de culpa por quaisquer meios lícitos em direito pela ruptura do casamento e a sua separação de fato há mais de 5 (cinco) anos. Analisemos, então:
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa.
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder.
 Este artigo ressalta a proibição legal do anterior para casos em que haja simulação ou fraude em forma de contratos onerosos ou doação no qual o testador simula para beneficiar pessoa naqual não obtém capacidade sucessória, desta forma, o código torna nulo, ou seja, que não produza efeitos qualquer disposição em que venha a ser feita a transferência para indivíduo que é impossibilitado na forma da lei. O herdeiro legítimo deve solicitar em juízo a decretação da nulidade a qual prejudicou sua legítima.
Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador.
 Este artigo nos traz o óbvio. A Constituição Federal de 1988 adotou que todos os filhostem igual condição, inclusive os adotados, todos passaram a ter as mesmas condições. Desta forma, o código afastou as diferenças entre legítimos ou não, isso nos remete a entender que o filho, que é herdeiro do titular do patrimônio tem o seu direito resguardado, apesar de sua mãe ser a concubina do titular, ele continua a ter todos os direitos correspondentes a legítima para concorrer com os outros irmãos a herança.
3. REFERÊNCIAS:
1. Lôbo, Paulo. Direito Civil: Sucessões. 3. ed. saraiva, 2018.
2. Codigo civil de 2002
3. Constituição Federal de 1988.
4. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
FILHOS NÃO CONCEBIDOS
PAI VIVO NA ABERTURA DA SUCESSÃO
PESSOA JURÍDICA
LEGITIMADOS A SUCEDER
PESSOAS JURÍDICAS
FUNDAÇÃO
FILHOS NÃO CONCEBIDOS
 SUCESSÃO DEFERIDA APÓS NASCIMENTO COM VIDA
DIREITO A TODOS OS FRUTOS DESDE A MORTE DO TESTADOR
APÓS LIQUIDAÇÃO OU PARTILHA
NOMEIA-SE CURADOR: PAI VIVO
NÃO PODEM SER HERDEIROS
 PESSOA QUE ESCREVEU O TESTAMENTO 
CONCUBINO, SALVO:
SEPARADO DE FATO HÁ MAIS DE 5 ANOS
COM ISENÇÃO DE CULPA NA DISSOLUÇÃO
TESTEMUNHAS DO TESTAMENTO
TABELIÃO
CIVIL OU MILITAR
COMANDANTE OU ESCRIVÃO
E CONJUGE, ASCENDENTE OU IRMÃOS DESTA
PERANTE QUEM FIZER OU APROVÁ-LO
TESTAMENTO NULO
PESSOAS NÃO LEGITIMADAS
SIMULAÇÃO DE CONTRATOS ONEROSOS
PESSOAS INTERPOSTAS DESTE
ASCENDENTES, DESCENDENTES, IRMÃOS, CONJUGE
 LEGITIMADOS A SUCEDER
PESSOAS NASCIDAS
CONCEBIDOS
PESSOA FÍSICA
EXPECTATIVA DE VIDA/DIREITO

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