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Clínica III Paciente F.E.C., 37 anos, chegou na Unidade de Atenção primária à Saúde Irmã Hercília queixando-se de dor aguda ao beber água gelada e ao mastigar do lado esquerdo. Porém, não sabia apontar ao certo o dente que estava causando a dor. Foram solicitadas radiografias periapicais e realizados testes de sensibilidade ao frio, a percussão e a palpação para auxiliar no diagnóstico. O dente 26 apresentou sensibilidade ao frio exacerbada que demorava a cessar, com possível diagnóstico pulpar de pulpite irreversível sintomática; os dentes 24 e 37 apresentaram sensibilidade ao frio negativa e apenas o dente 37 apresentou percussão vertical positiva, dando a entender que o possível diagnóstico pulpar seja de necrose. Com isso, o tratamento mais indicado para esses dentes é o tratamento endodôntico. Para o dente 26 seria uma biopulpectomia e para os dentes 24 e 37 uma necropulpectomia, podendo ser realizadas em duas sessões. Inicialmente, com a radiografia realizada faz-se assepsia do paciente: bochechar clorexidina 0,12% por 1 min. Depois, aplicação do anestésico tópico para diminuir a sensação da penetração da agulha no local, a partir disso, aplicar anestesia terminal infiltrativa mepivacaína 3%. Área anestesiada: mucosa vestibular e elemento dentário em questão; ponto de punção: fundo de sulco vestibular + papilar; ponto de reparo: ápice do dente. Avaliar ponto de eleição para depois partir para a direção de trepanação com pontas diamantadas esféricas (1013 – 1014) e iniciar a forma de contorno. A partir daqui, é necessário fazer o isolamento absoluto no paciente que é importante para controlar a umidade, aumentar a visibilidade e diminuir contaminações externas no canal. Forma de contorno: com broca tronco cônica diamantada de ponta inativa 3082, essa etapa consiste na remoção de todo restante da parede do teto e no preparo das paredes laterais da câmara pulpar. Sempre checar a presença de teto com a sonda exploradora. Forma de conveniência: tem a intenção de dar uma conformidade à cavidade pulpar e facilidade os outros procedimentos. Limpeza e antissepsia do campo operatório: com auxílio de uma gaze estéril embebida em solução de hipoclorito de sódio (2,5% e 5,25%) realiza-se a descontaminação do campo operatório. Irrigação dos canais radiculares com a solução química auxiliar de escolha e entrar com uma lima fina para fazer exploração do canal. Utilizar o localizador foraminal para saber o comprimento real do dente (CRD). Preparo cervical: penetrar com as brocas Gates Glidden (GG) com pouca pressão apical até 2/3 do Comprimento Aparente do Dente (CAD) em ordem decrescente. A cada troca de broca GG, dever-se-á realizar uma copiosa irrigação com NaClO e um instrumento fino (#10 ou #15) deve ser inserido no canal até 2/3 do CAD. Determinação do diâmetro anatômico (D.A): Penetrar com uma lima de fino calibre (#10 ou #15), até o CRT, realizando movimentos de cateterismo e aumentar sequencialmente o diâmetro do instrumento até sentir uma resistência no movimento de rotação. O primeiro instrumento que chegar bem ajustado ao CRT apresentando resistência durante a rotação, será chamado de D.A. Patência foraminal: Lima fina, utilizar movimentos de cateterismo e penetrar CRT + 1mm. Preparo apical: Definida o D.A., dever-se-á utilizar 3 instrumentos sequenciais, no CRT, com movimentos de Alargamento Parcial à direita. O último instrumento utilizado no Preparo Apical é conhecido como Instrumento Memória (I.M.). A cada troca de instrumento, o canal deverá ser irrigado com 2 mL de NaClO e deverá ser realizada a Patência Foraminal no CP. Recuos programados: Após definido o I.M., 3 instrumentos sequenciais serão utilizados, diminuindo sequencialmente 1 mm a cada aumento do diâmetro do instrumento. Os instrumentos serão utilizados com movimentos de Alargamento Parcial e Limagem. A cada troca de instrumento, a Lima Apical Final deverá ser novamente utilizada no CRT. A cada troca de instrumento, o canal deverá ser irrigado com 2 mL de NaClO e deverá ser realizar a Patência Foraminal no CP e, em seguida, a inserção do Instrumento Memória (I.M.) no CRT. Com a instrumentação completa pode-se utilizar o Hidróxido de cálcio como medicação intracanal, colocar bolinha de algodão e fechar com restauração provisória. Se a instrumentação não for completa, deve-se utilizar o tricresol com MIC, ele age por meio da vaporização. 2° sessão - Obturação Remover a restauração provisória com ponta diamantada esférica 1013-1014 e medicação intracanal com irrigação abundante de hipoclorito de sódio 2,5%. Para obturar, o canal deve estar limpo, seco e modelado, com ausência de sinais e sintomas e batente apical (1mm aquém do forame CRT). Realizar preparo da superfície dentinária removendo a smear layer (lama dentinária) com ácido: EDTA 17% (ácido etileno de aminotetracético) durante 3 minutos, esse ácido abre os poros para o hipoclorito penetrar.Irrigar novamente com hipoclorito. Obs: a presença de smear layer, pode deixar possíveis falhas no tratamento endodôntico: permeabilidade de toxinas bacterianas; falta de contato com material obturador com as paredes dentinárias e microrganismos remanescentes. Secagem do canal com cânulas aspiradoras que devem chegar no CRT e secar também com cones de papel absorvente. Fazer a desinfecção dos cones de guta-percha. Obs: Não é possível fazer esterilização, pois é sensível a temperatura. Então é realizada uma desinfecção química rápida. Selecionar e calibração do cone principal. Deve selecionar de acordo com as dimensões do instrumento de memória e descer CRT. A calibração é com régua endodôntica, que contêm orifícios de acordo com as pontas das limas. Coloca o cone na régua e corta a ponta de acordo com IM. O cone deve descer por toda extensão instrumentada, não deve deformar-se. Inspeção visual, tátil e radiográfica. Obs: Se o cone não chega ao CRT, retomar o preparo químico cirúrgico, instrumentação memoria+ recuos. Se o cone chegar ao CRT, mas não trava: cortar 0,5mm da ponta do cone com lâmina de bisturi, até que ocorra o travamento. Espatulação: homogeneizar cimento, placa de vidro, inserir cimento com a broca lêntulo, sempre sentido horário. Colocar o cone principal com cimento endodôntico e usar espaçadores (se necessário) para colocar cones acessórios. Os espaçadores tem função de abrir espaços para inserção de cones acessórios lateralmente ao principal. O espaçador não deve penetrar até o CRT, no máximo 2 a 3mm. Corte dos cones com condensador aquecido à nível cervical, realizado com os calcadores de paiva que são escolhidos de acordo com a primeira GG utilizada. Esquentar o calcador até a ponta ficar vermelha; derrete a guta-percha; empurra verticalmente; encosta na parede e tira. Condensação vertical frio. Empurra a guta percha para baixo para preencher espaços. Por fim fazer restauração provisória e realizar uma nova radiografia periapical.
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