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OBJETIVOS 1. Descrever as etapas de uma crise convulsiva (aura, crise convulsiva propriamente dita e pós comicial). REFERÊNCIA: Cecil EPIDEMIOLOGIA Crises são comuns na população em geral, e cerca de 1 a cada 10 pessoas irá experimentar uma crise durante sua vida. A maioria destas crises é provocada por eventos agudos e não são relacionadas com epilepsia. A incidência é maior em homens e segue uma distribuição etária bimodal. A incidência tem seu maior pico no primeiro ano de vida, atinge um nadir de 15 a cada 100.000 na terceira ou quarta década de vida, e aumenta novamente para 123 em cada 100.000 após os 75 anos de idade. Essas diferenças são atribuídas à alta incidência de crises sintomáticas agudas associadas a causas metabólicas, infecciosas e encefalopáticas durante o período neonatal e a doenças degenerativas e cerebrovasculares em idosos. As epilepsias são comuns e afetam indivíduos de qualquer idade. Depois das cefaleias, as epilepsias são a condição neurológica crônica mais frequentemente vista em consultórios clínicos, em todo o mundo. FATORES DE RISCO Entre todos os grupos etários, os cinco principais fatores de risco para ocorrência de crises sintomáticas agudas são traumatismo craniano (16%), AVE (16%), doenças infecciosas (15%), distúrbios tóxicos- metabólicos (15%) e abstinência de drogas e álcool (14%). Causas comuns de crises sintomáticas (provocadas) agudas → Metabólica Hipernatremia, hiponatremia, hipocalcemia, hipóxia, hipoglicemia, hiperglicemia hiperosmolar não cetótica, insuficiência renal. → Induzida por medicamentos Teofilina, meperidina, antidepressivos tricíclicos, éfedra, gingko, fenotiazinas, quinolonas, B-lactâmicos, isoniazida, anti-histamínicos, ciclosporina, tacrolimo, interferons, lítio, cocaína, anfetaminas. → Abstinência Álcool, benzodiazepínicos, barbitúricos. → Endócrino Hipertireoidismo, hipotireoidismo, periparto. → Outras condições sistêmicas Crise de células falciformes, encefalopatia hipertensiva, lúpus eritematoso sistêmico, poliarterite, eclampsia, febre alta. → Distúrbio do sistema nervoso central Trauma, acidente vascular encefálico, hemorragia intracerebral, encefalite, abscesso, meningite bacteriana. Os fatores de risco para desenvolver epilepsia diferem em adultos e crianças. Na infância, com exceção das epilepsias hereditárias, os fatores de risco são crises febris, traumatismo craniano, infecções cerebrais, retardo mental, paralisia cerebral e transtorno de hiperatividade e déficit de atenção. Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Ataques perinatais não aumentam o risco para epilepsia a menos que sejam acompanhados por retardo mental ou paralisia cerebral. Em adultos, os fatores de risco para o desenvolvimento de epilepsia podem ser identificados somente em um terço dos pacientes, sendo traumatismo craniano, infecções cerebrais, AVE e doença de Alzheimer os mais comuns. FISIOPATOLOGIA Patogênese - Os substratos patológicos e mecanismos subjacentes de início e propagação diferem entre crises focais e generalizadas. Em crises focais, um agregado de neurônios corticais ou subcorticais desenvolve surtos de potenciais de ação de alta frequência sódio dependentes causados por mudança na condutância de cálcio, que resulta na descarga típica de espícula no EEG. A propagação do surto de despolarização a outros neurônios é normalmente prevenida pelos mecanismos inibitórios circundantes, tais como hiperpolarização e interneurônios inibitórios. Quando um número suficiente de neurônios está comprometido com a sustentação da despolarização, mais fenômenos excitatórios ocorrem, incluindo o aumento da liberação de neurotransmissores excitatórios devido ao acúmulo pré-sináptico de Ca 2+, despolarização de neurônios circundantes devido ao aumento extracelular de K+ e maior ativação neuronal causada pela despolarização induzindo a ativação dos receptores de N-metil-D-aspartato (NMDA). Conforme a excitação aumenta e a inibição diminui, neurônios adicionais são recrutados regional e distantemente, resultando na propagação da crise. Os mecanismos pelos quais os neurônios desenvolvem tendência a despolarização anômala incluem alterações nos neurotransmissores, receptores de membrana, canais iônicos, sistemas de segundos mensageiros e expressão gênica de várias proteínas. Sabe-se bem menos sobre os mecanismos básicos subjacentes de crises generalizadas, que dependem proeminentemente de circuitos tálamo-corticais. Em crises de ausência, as descargas generalizadas clássicas de complexos de espícula-onda registradas no EEG estão relacionadas com alterações nos ritmos oscilatórios gerados por circuitos que conectam o tálamo e o córtex e que envolvem canais Ca 2+ do tipo T, que estão localizados no núcleo reticular do tálamo. Em crises generalizadas, os neurônios corticais exibem despolarização prolongada durante a fase tônica, seguidos de despolarização e repolarização rítmicas durante a fase clônica. A ativação dos receptores de NMDA aumenta a entrada de cálcio Ca 2+, levando assim a uma maior excitação neuronal. A iniciação e modulação de crises convulsivas generalizadas envolvem aferentes colinérgicos, noradrenérgicos, serotonérgicos e histaminérgicos do tronco cerebral e de estruturas do prosencéfalo basal, que modulam a excitabilidade dos mecanismos motores hemisféricos. Fatores Genéticos - Somente 15% dos pacientes têm um ou mais familiares de primeiro grau que também sofre de epilepsia, e destes, cerca de 75% têm somente um parente afetado. Entretanto, o risco ainda é maior em parentes de primeiro grau de pacientes com epilepsia do que na população em geral. Em um grande estudo de base populacional, a incidência cumulativa de epilepsia aos 20 anos foi de 2,5 vezes maior em irmãos e 3,4 vezes maior nos filhos de pacientes com epilepsia. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A expressão clínica das crises varia amplamente dependendo do tipo de crise e das áreas cerebrais envolvidas pela atividade epiléptica. Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar A identificação precisa dos tipos específicos de crises determina a síndrome e o tipo de medicamento que o paciente deve receber. → Crises Focais Crises focais originam-se nas redes neuronais limitadas a uma área de um hemisfério cerebral e produzem sinais e sintomas equivalentes à função correspondente da área do córtex cerebral envolvida pela crise. Manifestações clínicasdos diferentes tipos de crises focais e áreas cerebrais envolvidas Tipo de crise Áreas cerebrais envolvidas Expressão clínica Somatossensorial Rolândia pós-central, parietal, área sensitiva secundária, área sensorial- motora suplementar. Formigamento prolongado ou intermitente contralateral, dormência, sensação de movimento, desejo de mover, calor, frio, choque elétrico. Sensação pode se espalhar para outros segmentos do corpo. Agnosia contralateral do membro, membro fantasma, distorção de tamanho ou posição de parte do corpo. Formigamento do membro ou tronco, ipsilateral ou facial bilateral, dormência ou dor. Muitas vezes envolve membros, língua, ponta dos dedos, pés. Motora Rolândica pré-central, área sensorial-motora suplementar, frontal. Contrações clônicas regionais contralaterais, geralmente rítmicas, podem se disseminar a outros segmentos do corpo na marcha motora jacksoniana. Muitas vezes acompanhados por sintomas sensoriais na mesma área. Contração tônica bilateral de membros, causando mudanças posturais, podem exibir postura de esgrima clássica, pode ter vocalização ou interrupção da fala. Versão contralateral da cabeça e olhos, salivação, vocalização ou interrupção da fala, pode ser combinado com outros sinais motores, dependendo da disseminação da crise. Auditória Giro de Heschl-córtex auditivo no lobo temporal superior Zumbido bilateral ou contralateral, tamborilamento, tons únicos, sons abafados. Olfatória Órbito-frontal, córtex temporal mesial. Muitas vezes descrito como odor desagradável. Gustatório Parietal; opérculo rolândico, insula, lobo temporal Muitas vezes gosto desagradável, acídico, metálico, salgado, doce ou defumado. Vertiginosa Junção occipitotemporal-parietal, lobo frontal. Sensação de deslocação do corpo em várias direções. Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Visual Occipital – temporal, junção occipitotemporal-parietal Luzes, formas ou pontos coloridos com ou sem cores piscantes, em movimento ou estáticas contralaterais. Perda da visão completa ou parcial, contralateral ou bilateral. Formação de cenas visuais, rostos, pessoas, objetos, animais. Límbico Estruturas límbicas – amígdala, hipocampo, cíngulo, córtex, olfatório, hipotálamo. Autônomico: sensação abdominal ascendente, náuseas, borborigmo, ruborização, palidez, ereção de pelos, transpiração, mudanças no batimento cardíaco, dor peitoral, falta de ar, sensação cefálica, sensação genital. Discognitiva Geralmente envolvimento bilateral de estruturas límbicas. Alteração predominante de consciência ou vigília. Uma aura consiste de sintomas sensoriais, autonômicos ou psíquicos que são experimentados no início de uma crise clínica. Aura já é uma crise focal, e, muitas vezes, é despercebida, pois os pacientes e médicos focam nas crises convulsivas e discognitivas que se seguem e são mais evidentes e intensas. Interrogação cuidadosa sobre a ocorrência de aura é de crucial importância por três razões. Primeiro, a aura aponta para o início focal da crise e não generalizado, o que implica alteração cerebral funcional ou anormalidade estrutural focal subjacente (p. ex., um tumor), o que requer maior investigação. Segundo, crises focais têm implicações importantes para o tratamento e prognóstico. Terceiro, a natureza dos sintomas aponta para a área do cérebro que origina a crise e que pode ser a área específica para um tratamento cirúrgico. A descarga neuronal que origina a crise focal pode permanecer limitada à região onde ela começou (como uma “aura” ou evento focal mais objetivo), ou pode propagar-se envolvendo áreas cerebrais adicionais. Assim, uma crise focal originária na área cortical que representa a sensação da mão (área rolândica) pode começar com um formigamento contralateral da mão e então progredir para envolver regiões corticais adicionais ipsilateralmente, produzindo sintomas sensoriais mais extensos além de sinais motores clônicos. Crises de origem na região rolândica em particular exibem um tipo peculiar de propagação, na qual a atividade da crise “marcha” da mão para o braço e para a perna ipsilateralmente, um processo chamado de marcha jacksoniana. Depois que a atividade motora clônica termina, os pacientes frequentemente apresentam déficit motor denominado paralisia pós-ictal ou paralisia de Todd, que pode durar horas ou mesmo um ou dois dias, com resolução gradual. A crise também pode se propagar para regiões ipsilaterais ou contralaterais distantes ao longo de vias anatômicas conhecidas. Em crises discognitivas, a propagação da crise envolve as estruturas límbicas bilateralmente, o suficiente para causar alteração da consciência. As crises focais originárias de qualquer região podem se tornar crises discognitivas, e crises focais unilaterais podem propagar-se e envolverem áreas cerebrais bilaterais causando uma crise convulsiva. Estas crises, entre os diversos tipos de crises generalizadas, frequentemente, são do tipo tônico-clônicas generalizadas. Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Crises generalizadas: classificação e expressão clínica Tipo de crise Subtipo Expressão clínica Ausência Típica – atípica com mioclonias Cessação abrupta de atividades, com olhar vago e imóvel e perda de consciência durante cerca de 10 segundos. O ataque termina subitamente e o paciente retorna às suas atividades normais imediatamente. Duração maior do que a ausência típica, muitas vezes acompanhada de características autônomicas, atônicas, tônicas, mioclônicas, além de automatismos. Mioclônico Mioclônico – atônico, tônico Contrações repentinas breves, semelhantes a choques, involuntárias, únicas ou de múltiplos grupos musculares em várias localizações. Uma sequência consistindo de uma fase mioclônica seguida de uma atônica. Uma sequência consistindo de uma fase mioclônica seguida de tônica. Tônica Aumento sustentado da contração muscular durante alguns segundos a minutos. Clônica Contrações prolongadas repetidas regularmente envolvendo os mesmos grupos musculares na razão de 2-3 ciclos por segundo. Atônica Perda repentina ou diminuição do tônus muscular durante entre 1-2 segundos, envolvendo cabeça, tronco, mandíbula ou musculatura dos membros. Tônica- clônica Sequência consistindo de uma fase tônica seguida de uma clônica. A evolução da crise clínica focal reflete a evolução das mudanças no EEG, que por sua vez refletem a fisiopatologia do processo. Uma descarga rítmica, localizada e simultânea comumente na faixa de 4 a 7 Hz) evolui com aumento de amplitude e diminuição de frequência conforme a crise persiste. Algumas crises que iniciam no córtex de associação (p. ex., lobo frontal ou parietal) têm manifestações clínicas bizarras ou extremamente breves, sem déficit pós-ictal, sendo desafios de diagnóstico. Crises focais com ou sem características discognitivas também podem ocorrer em uma sequência de eventosisolados sem a presença de comportamento normal, entre os eventos, e assim resultar no estado de mal epiléptico focal. O estado epiléptico focal com crises discognitivas é caracterizado por confusão mental de duração prolongada. → Crises Generalizadas Crises generalizadas rapidamente afetam ambos os hemisférios cerebrais, e sua expressão clínica é consistente com envolvimento substancial de ambos os lados do cérebro. Crises convulsivas, que também são referidas como crises de grande mal, consistem em contrações musculares anormais excessivas que podem ser sustentadas ou interrompidas, sendo geralmente uma combinação das fases tônica e clônica (crises tônico-clônicas generalizadas). Este tipo de crise pode envolver os dois hemisférios desde o início ou pode resultar da propagação de uma crise focal. Estas crises intensas muitas vezes assustam as testemunhas e Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar causam disrupções graves na interação e desenvolvimento social. Elas podem começar com um “grito” como resultado do movimento abrupto de ar através da glote por causa da contração muscular tônica súbita. O paciente se torna rígido, usualmente com extensão de membros e corpo. Pode haver pausa respiratória, cianose, sendo comum a incontinência urinária. Depois de 15 a 45 segundos, a contração tônica é substituída por contrações clônicas rítmicas, algumas vezes assimétricas, dos quatro membros. As contrações rítmicas gradualmente se tornam mais lentas em frequência até que o evento para o paciente está apneico, comatoso e diaforético, mas respirando com estridor e arquejos começando em 60 segundos. Os pacientes que têm crises tônico-clônicas generalizadas em público muitas vezes suscitam esforços de ressuscitação dos circunstantes, embora esses pacientes comecem a respiração espontânea mais ou menos em 1 minuto. O estupor pós-ictal persiste por uma extensão variável de tempo. O paciente geralmente dorme por 2 a 8 horas e a seguir se queixa de cefaleia intensa, dor muscular, língua mordida e incapacidade de se concentrar que pode durar um dia ou mais. Depois de crises tônico-clônicas generalizadas, alguns indivíduos têm alteração acentuada de memória que melhora gradualmente, às vezes ao longo de semanas. Crises tônico- clônicas generalizadas são uma expressão comum de muitos ataques metabólicos, tóxicos, traumáticos ou isquêmicos, mas o diagnóstico de epilepsia não é feito com crises provocadas. Crises de ausência, ou crises de pequeno mal, são o segundo tipo mais comum de crise generalizada. Pacientes experimentam um lapso momentâneo de consciência, de início e término abruptos. Eles não têm nenhuma percepção de qualquer aspecto do evento e podem ou não perceber que certo tempo decorreu, embora os indivíduos muitas vezes percam sua sequência de pensamento. Como a consciência é perdida abruptamente e imediatamente recuperada, não há sintomas de aura ou sintomas pós-ictais residuais. Estas crises se iniciam na infância e os professores, muitas vezes, são os primeiros a observá-las. As crises de ausência podem ser acompanhadas por breves piscamentos ou movimentos mioclônicos das pálpebras, particularmente se o evento avaliado com registros de EEG se estender além de 10 segundos. Estas crises podem ocorrer muitas vezes por dia, mas não são associadas a doença neurológica progressiva. Elas também podem ocorrer de forma mais contínua, com resultante confusão mental, sendo outra causa de estado de mal epiléptico não convulsivo. Alguns pacientes com doença cerebral bilateral extensa têm uma variação destas crises de ausência denominadas ausência atípica. O evento é semelhante em termos de perda de contato, mas há mais atividade motora, autonômica ou automática, e o EEG demonstra descargas que são mais lentas do que os complexos de espícula-onda a 3 Hz, típicos das crises de ausência. Crises mioclônicas consistem de episódios breves de contração motora súbita, que pode ser focal, envolvendo apenas um braço, ou bilateral e maciço, com envolvimento do tronco e dos membros superiores bilateralmente. A consciência é preservada, mas pode ser difícil de avaliar devido à brevidade destas crises. As crises mioclônicas fazem parte de três principais constelações clínicas: epilepsia mioclônica juvenil, que se inicia na infância ou adolescência e geralmente persiste até a idade adulta; epilepsia com combinações variadas de crise de ausência e crises mioclônicas; e epilepsia no cenário de síndromes degenerativas ou hereditárias com envolvimento cerebral bilateral e função cerebral anormal. Crises mioclônicas ocorrem mais comumente pela Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar manhã, imediatamente após o despertar, e aumentam em frequência culminando em uma crise tônico-clônica generalizada. Crises tônicas e atônicas são eventos motores breves, mas extremamente desabilitantes, caracterizados por aumento ou diminuição súbita do tônus muscular. O resultado são quedas e lesões com comprometimento variável da consciência. Tais crises frequentemente se iniciam em crianças com doenças difusas do SNC e tipos múltiplos de crises, mas persistem até a idade adulta. DIAGNÓSTICO O diagnóstico básico de crises é estabelecido pela história clínica. Embora o EEG, imagens e estudos laboratoriais sejam comumente necessários para determinar o tipo de epilepsia, síndrome epiléptica, local de origem das crises focais, e a ocorrência de crises não epilépticas, a resposta para a questão básica referente aos episódios dos pacientes se são ou não crises se encontra quase que inteiramente em uma história clínica cuidadosa. Como a epilepsia é definida como a ocorrência de duas ou mais crises não provocadas, este diagnóstico é também estabelecido pela história. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A primeira questão dos médicos é se os episódios descritos são realmente crises. A variada expressão clínica de crises implica em um grande número de diagnósticos diferenciais entre as condições que produzem disfunção neurológica episódica. Condições comuns lembrando crises incluem síncope, ataques isquêmicos transitórios, enxaqueca, transtornos de movimento e crises não epilépticas psicogênicas. Vários elementos fornecidos pela história clínica podem mudar drasticamente a probabilidade do diagnóstico de crises epilépticas. Três elementos essenciais ajudam a determinar se um episódio é uma crise e distinguir crises de outras causas de perda temporária de consciência, especialmente síncope. Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio BarcelosDestacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar 1. O contexto clínico, incluindo histórias médica e familiar, e circunstâncias sob as quais o episódio ocorreu. 2. Fatores provocadores ou desencadeadores específicos. 3. Descrição clínica detalhada que compreende quatro questões: • Qual é o primeiro sinal ou sintoma (presença e tipo de aura, evidência de crise focal no início)? • Como evolui após o início (o que acontece durante a própria crise, quais são os sinais ou sintomas, quanto tempo dura)? • Como termina (gradualmente ou abruptamente)? • Há algum déficit neurológico após o término da crise? Como os pacientes têm limitada ou nenhuma lembrança dos eventos, a história clínica relatada a partir dos acompanhantes é crucial. Observadores podem contribuir com informações importantes sobre a atividade do paciente, respostas e sua aparência, inclusive mudanças de cor, diaforese, respiração, vocalização e tônus muscular. Estas informações são geralmente essenciais para caracterizar o tipo de crise e diferenciar as crises de condições semelhantes a crises. Enxaquecas e crises focais não somente se parecem, mas também coexistem como condições comórbidas. Características que favorecem o diagnóstico de crises sobre enxaquecas clássicas incluem ocorrência inconsistente de dor de cabeça durante o evento, duração breve, e a ocorrência de crises mais graves. Mioclonus ocorre em uma variedade de patologias (p. ex., encefalopatias metabólicas) sem qualquer associação com epilepsia ou mudanças no EEG vistas em epilepsia mioclônica. Crises do lobo frontal ocorrem predominantemente durante o sono e podem ter expressão motora acentuada. Podem ser confundidas com crises psicogênicas não epilépticas, distúrbios de sono, ou transtornos de movimento. Monitoramento com vídeo-EEG pode ser necessário para o diagnóstico. Pacientes com ataques de pânico podem experimentar eventos que imitam crises focais com características autonômicas e psíquicas. No entanto, ataques de pânico geralmente têm uma duração maior, não progridem Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar para crises mais graves e podem estar ligados a circunstâncias específicas. Por isso, crises focais com sintomas límbicos são muitas vezes diagnosticadas erroneamente como ataques de pânico. Crises não epilépticas psicogênicas são comportamentos que lembram crises e são frequentemente parte de uma reação de conversão precipitados por desconforto psicológico subjacente. Crises psicogênicas podem ser difíceis de diagnosticar pois podem simular quase qualquer tipo de crise, e muitas vezes, coexistem com epilepsia no mesmo paciente. Um diagnóstico errôneo de crises não epilépticas impõe um risco de descontinuação inapropriada de medicação, e como consequência, pode ocorrer estado de mal epiléptico. INVESTIGAÇÕES DIAGNÓSTICAS Uma história detalhada, registros de EEG e ressonância magnética (RM) podem levar a um diagnóstico definitivo de epilepsia e sua causa em até 50% dos pacientes. Crises únicas - Crises sintomáticas agudas são causadas por uma condição aguda conhecida, e investigações devem ser direcionadas para a possível causa destas crises. Quando nenhuma causa conhecida é prontamente determinada, as crises são consideradas como não provocadas. A avaliação de pacientes que se apresentam com uma primeira crise não provocada inclui tomografia computadorizada do crânio (TC) ou ressonância magnética (RM), os quais podem demonstrar a possível causa em cerca de 10% dos pacientes. Um EEG obtido após a crise irá demonstrar anormalidades com significado prognóstico em 20% a 25% dos pacientes. Testes sanguíneos (incluindo níveis de eletrólitos séricos, glicose, cálcio e magnésio; testes de funções renal e hepática; hemograma completo; e triagem para intoxicações suspeitas) irão revelar anormalidades em até 15% dos pacientes, mas muitas vezes não são específicos. A punção lombar é indicada se infecções do SNC são suspeitas e em todos os pacientes infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), mesmo na ausência de achados clínicos sugestivos de infecção. Epilepsia - Eletroencefalograma - O EEG é a investigação principal em todos os pacientes com crises e epilepsia. Entre as crises, o EEG pode avaliar a função cerebral geral e o tipo, localização e quantidade de descargas epileptiformes (espículas). O EEG é crucial para determinar a síndrome epiléptica e a escolha dos medicamentos antiepilépticos adequados. Nas epilepsias focais, o EEG muitas vezes demonstra a alentencimento focal e descargas de espículas na área de anormalidades. O EEG pode estabelecer o diagnóstico definitivo de epilepsia se as descargas elétricas consistentes com a crise forem registradas durante uma crise clínica. No entanto, o EEG pode falhar em demonstrar mudanças elétricas durante uma crise clínica típica se o foco da crise for pequeno demais (no mínimo 6 cm2 de envolvimento cortical são necessários para criar uma mudança epileptiforme no EEG), o foco da crise é profundo ou nas superfícies mesial ou inferior do cérebro, ou o evento em questão pode não ser uma crise epilética. O EEG é sempre anormal durante crises de ausência e crises convulsivas generalizadas. O EEG inicial é normal em até 60% das pessoas com epilepsia diagnosticada. No entanto, as anormalidades epileptiformes ocorrem em mais de 80% dos indivíduos com epilepsia focal se três ou mais estudos de EEG interictais forem realizados. Em epilepsias generalizadas, as descargas epileptiformes interictais são mais comuns e mais fáceis de se registrar no EEG. Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar O tipo de anormalidade sugere a síndrome epiléptica. Por exemplo, o EEG pode mostrar hipsarritmia na síndrome de West (ver adiante) ou a clássica espícula-onda generalizada a 3 Hz nas epilepsias generalizadas com crises de ausência. Em algumas circunstâncias, é essencial registrar as crises, tais como na avaliação de pacientes para cirurgia de epilepsia e quando se suspeita do diagnóstico de crise. O monitoramento com vídeo-EEG contínuo durante períodos prolongados tornou possível registrar esses eventos. O EEG contínuo é também usado em pacientes comatosos nas unidades de cuidados intensivos quando houver suspeita de crises não convulsivas ou estado de mal epiléptico. Magnetoencefalografia - A magnetoencefalografia mede os pequenos campos magnéticos gerados pela atividade elétrica do cérebro e aproxima sua localização usando modelos matemáticos. Seu uso é restrito para a avaliaçãode pacientes candidatos para a cirurgia de epilepsia, nos quais são usados para mapear as descargas interictais e a localização da função cerebral, sendo as imagens sobrepostas na RM de crânio. Estudo de Imagens - RM de crânio, que pode demonstrar lesões na maioria dos pacientes cuja epilepsia está associada a uma causa estrutural, deve ser realizada essencialmente em todos os pacientes com crises de início recente. O uso de sequências fluido-atenuadas de recuperação inversa (FLAIR), aumenta a sensibilidade para detectar anormalidades do desenvolvimento cortical além de esclerose hipocampal, que apontam para a necessidade de terapia anticonvulsivante crônica ou possível tratamento cirúrgico. Procedimentos de imagens funcionais, tais como tomografia por emissão de pósitrons (PET) para análise de metabolismo e tomografia computadorizada de emissão de fóton único (SPECT) para determinar o fluxo sanguíneo são também usados para ajudar a localizar áreas do cérebro a serem focadas na cirurgia de epilepsia. Síndromes Epilépticas e Constelações - Síndromes Epilépticas incluem 27 síndromes relacionadas com a idade, das quais todas, exceto seis, se iniciam ou ocorrem durante a infância. Além disso, constelações clinicas específicas representam formas de epilepsia, que o diagnóstico apresenta implicações específicas para tratamento, especialmente cirurgia, além de determinar epilepsias de causas estruturais-metabólicas, epilepsias de causa desconhecida e condições caracterizadas por crises que não são consideradas epilepsias (p. ex., crises febris). O diagnóstico da síndrome epiléptica e constelações está baseado nos tipos de crises, no contexto em que as crises ocorrem, no estado neurológico e cognitivo do paciente, idade de início, história familiar e resultados dos estudos diagnósticos, inclusive EEG e RM. A seleção do tratamento medicamentoso e do cirúrgico específico depende dos tipos de crises presentes. A necessidade de tratamento durante toda a vida, o risco de transmissão genética, a probabilidade de doenças neurológicas concomitantes, o risco de condições comórbidas e o prognóstico a longo prazo são fatores críticos que só podem ser manejados com conhecimento da síndrome epiléptica específica ou constelação. 2. Diferenciar crise convulsiva de epilepsia. REFERÊNCIA: Cecil Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar DEFINIÇÃO Uma crise epiléptica é definida por sinais ou sintomas transitórios, generalizados ou focais devido à atividade neuronal anormal, síncrona ou excessiva. Crises focais, que se originam nas redes neuronais limitadas a um hemisfério cerebral, produzem sinais e sintomas correspondentes à região específica do cérebro que é afetada pela crise. Crises generalizadas rapidamente afetam extensas redes neuronais em ambos os hemisférios cerebrais, e seus sinais e sintomas são consistentes com envolvimento substancial de ambos os lados do cérebro. Crises epilépticas não são sinônimo de epilepsia. As epilepsias devem ser distinguidas de situações nas quais ataques cerebrais agudos (p. ex. infecções, trauma, intoxicação, distúrbios metabólicos) causam uma ou mais crises sem resultar em uma tendência crônica a ocorrência de crises. Crises sintomáticas agudas, ou crises provocadas, constituem cerca de 40% de todos os casos incidentes de crises não febris, tipicamente respondendo a tratamento do fator desencadeante, e não requerem tratamento a longo prazo com fármacos antiepiléticos. As epilepsias são um grupo de condições nas quais um distúrbio neurológico subjacente resulta em uma tendência crônica a ocorrência de crises recorrentes não provocadas. Sob estas circunstâncias, a ocorrência de duas ou mais crises estabelece o diagnóstico de epilepsia. As causas, tipos e expressão clínica das epilepsias são inúmeras e variadas. No entanto, algumas epilepsias podem constituir síndromes epilépticas específicas, que estabelecem grupos com características clínicas e eletroencefalográficas (EEG) com etiologias específicas, que respondem a determinados tratamentos e podem ter implicações prognósticas bem definidas. 3. Definir e identificar as principais drogas de abuso (de uso lícito e ilícito), descrevendo sua ação bioquímica, sinais, sintomas, alterações motoras, sensoriais e da consciência de cada uma delas. Classes sugeridas: cocaína e crack, anfetaminas, ecstasy/MDMA, LSD, maconha e canabinóides, etanol, metanol, etilenoglicol, cafeína, nicotina, benzodiazepínicos). Referência: Tratado de psiquiatria - Kaplan COCAÍNA E CRACK Entre as drogas de abuso, a cocaína liga-se com alta afinidade a todos os três transportadores de monoaminas conhecidos, embora as propriedades estimulantes da droga tenham sido atribuídas sobretudo a seu bloqueio de DAT. Essa visão foi recentemente apoiada pela ausência de estimulação locomotora induzida por cocaína em uma linhagem de camundongos mutantes manipulados para não possuírem essa molécula. De fato, os psicoestimulantes produzem uma supressão locomotora paradoxal nesses animais, que foi atribuída a seu bloqueio do transportador de serotonina. As propriedades gratificantes da cocaína também têm sido atribuídas principalmente à inibição do transportador de dopamina, ainda que outros alvos também intermedeiem esses efeitos, uma vez que a cocaína ainda tem efeitos gratificantes em camundongos que não possuem o transportador de dopamina. Parece que mecanismos serotonérgicos e também dopaminérgicos podem estar envolvidos. Os transportadores também podem fornecer as vias que permitem às neurotoxinas penetrarem e danificarem os neurônios monoaminérgicos; exemplos incluem a neurotoxina dopaminérgica 1-metil-4-fenil- 1,2,3,6-tetra-hidropiridina (MPTP) e a neurotoxina serotonérgica MDMA. Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar → Neurofarmacologia A principal ação farmacodinâmica da cocaína relacionada a seus efeitos comportamentais é o bloqueio competitivo da recaptação de dopamina pelo transportador dopaminérgico. Esse bloqueio aumenta a concentração de dopamina na fenda sináptica e resulta em aumento da ativação de ambos os receptores dopaminérgicos, tipo 1 (D1) e tipo 2 (D2). Os efeitos da cocaína sobre a atividade mediada pelos receptores D3, D4 e D5 ainda não são bem compreendidos, mas ao menos um estudo pré-clínico envolveu o receptor D3. Embora os efeitos comportamentais sejam atribuídos principalmente ao bloqueio da recaptação de dopamina, a cocaína também bloqueia a recaptação de norepinefrina e de serotonina. Os efeitos comportamentais relacionados a essas atividades recebem cada vez mais atenção na literatura científica. Os efeitos sobre o fluxo sanguíneo cerebral e o uso de glicose pelo cérebro também foram estudados. Resultados da maioria dos estudos geralmente demonstram que a cocaína está associada a uma redução do fluxo sanguíneo cerebral e possivelmente ao desenvolvimento de algumas áreas de redução do uso de glicose. Os efeitos comportamentais da cocaína são sentidos quase de imediato e duram um período de temporelativamente curto (30 a 60 minutos); assim, os usuários necessitam de doses repetidas da droga para manter as sensações provocadas pela intoxicação. Apesar dos efeitos comportamentais de curta duração, metabólitos da cocaína podem estar presentes no sangue e na urina até 10 dias após o uso. A cocaína tem fortes qualidades aditivas. Devido a sua potência como reforçador positivo de comportamento, pode-se desenvolver dependência psicológica após um único uso. A administração repetida pode originar tanto tolerância como sensibilidade aos diversos efeitos da substância, o desenvolvimento de tolerância ou sensibilidade parece ser causado por diversos fatores, não podendo ser previsto. Dependência fisiológica ocorre, embora a abstinência de cocaína seja leve em comparação à abstinência de opiatos e opioides. Pesquisadores recentemente relataram que PETs do cérebro de pacientes em tratamento para adição a cocaína mostram alta ativação no sistema dopaminérgico mesolímbico quando o usuário sente intenso desejo de usar a droga. Pesquisadores expuseram pacientes a indícios que haviam causado a fissura por cocaína anteriormente, e foram descritos sentimentos de desejo de consumo intenso pela droga, enquanto os exames de PET mostraram ativação em áreas desde a amígdala e do cingulado anterior até a ponta dos dois lobos temporais. Alguns pesquisadores alegam que o sistema dopaminérgico mesolímbico também fica ativo em pacientes com adição a nicotina, sendo que o mesmo sistema foi associado a fissura por heroína, morfina, anfetaminas, maconha e álcool. Os receptores D2 no sistema dopaminérgico mesolímbico foram identificados como responsáveis pela intensificação de atividade durante períodos de fissura. Relata-se que exames de PET de pacientes em recuperação de adição a cocaína mostram uma queda na atividade neuronal consistente com uma capacidade reduzida de receber dopamina. A diminuição dessa capacidade, embora se reduza com o tempo, é evidente durante um período que pode chegar a um ano e meio após a abstinência. O padrão de redução na atividade cerebral reflete o curso da fissura; entre a terceira e a quarta semana de abstinência, a atividade atinge seu nível mais baixo, e o risco de recaída, seu auge. Depois de um ano, o cérebro de ex-aditos está quase de volta Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar ao normal, embora seja discutível se as células dopaminérgicas em algum momento retornam a um estado completamente normal. → Abstinência - Depois da intoxicação por estimulantes, ocorre um colapso (“caída”, “repé” ou crash), com sintomas de ansiedade, tremor, humor disfórico, letargia, fadiga, pesadelos (acompanhados por sono REM de rebote), cefaleia, suor excessivo, cãibras musculares, cólicas e fome insaciável. Os sintomas de abstinência geralmente atingem o ápice em 2 a 4 dias e se resolvem em uma semana. → Delirium por intoxicação por estimulantes - O delirium associado ao uso de estimulantes geralmente resulta de doses elevadas de um estimulante ou de seu uso prolongado, sendo que a privação de sono decorrente afeta a apresentação clínica. A combinação de estimulantes com outras substâncias e seu uso por indivíduo com dano cerebral preexistente também podem causar o desenvolvimento de delirium. Não raro, universitários que fazem uso de anfetaminas a fim de estudar para provas exibem esse tipo de delirium. ANFETAMINAS Físicos. O abuso de anfetaminas pode produzir efeitos adversos, sendo que os mais graves incluem efeitos cerebrovasculares, cardíacos e gastrintestinais. Entre as condições específicas potencialmente letais, estão infarto do miocárdio, hipertensão grave, doença cerebrovascular e colite isquêmica. Um contínuo de sintomas neurológicos, desde pequenas contrações musculares até tétano, passando por convulsões até coma e morte, está associado a doses cada vez mais elevadas de anfetaminas. O uso intravenoso pode transmitir HIV e hepatite e promover o desenvolvimento de abscessos pulmonares, endocardite e vasculite necrosante. Psicológicos. Os efeitos adversos psicológicos associados ao uso de anfetaminas incluem inquietação, disforia, insônia, irritabilidade, hostilidade e confusão. O uso de anfetaminas também induz sintomas de transtornos de ansiedade, como transtorno de ansiedade generalizada e transtorno de pânico, além de ideias de referência, delírios paranoides e alucinações. → Neurofarmacologia Todas as anfetaminas são rapidamente absorvidas por via oral e têm um rápido início de ação, em geral em 1 hora após o consumo oral. As anfetaminas clássicas também são administradas por via intravenosa e têm efeito quase imediato por essa rota. Anfetaminas sem prescrição médica e anfetaminas “desenhadas” (ou designer) também são inaladas (“cheiradas”). A tolerância se desenvolve tanto com as anfetaminas clássicas quanto com Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar as desenhadas, embora os usuários costumem lidar com a tolerância por meio do consumo de uma quantidade maior da droga. Anfetaminas são menos aditivas do que cocaína, conforme evidências a partir de experimentos com ratos, nos quais nem todos os animais autoadministraram espontaneamente baixas doses de anfetamina. As anfetaminas clássicas (i.e., dextroanfetamina, metanfetamina e metilfenidato) produzem seus efeitos primários ao causar a liberação de catecolaminas, especialmente dopamina, a partir dos terminais pré- sinápticos. Os efeitos são particularmente potentes para os neurônios dopaminérgicos que se projetam da área tegmentar ventral para o córtex cerebral e áreas límbicas. Esse caminho foi chamado de via do circuito de recompensa, e sua ativação provavelmente seja o principal mecanismo de adição no caso de anfetaminas. As anfetaminas desenhadas causam a liberação de catecolaminas (dopamina e norepinefrina) e de serotonina, o neurotransmissor envolvido na principal via neuroquímica para alucinógenos. Portanto, os efeitos clínicos de anfetaminas desenhadas são um misto dos efeitos de anfetaminas clássicas e de alucinógenos. ECSTASY/MDMA MDMA é uma metanfetamina, sintetizada a partir da anfetamina. A síntese desses novos anfetamínicos busca potencializar os efeitos centrais da anfetamina. Recebe o nome popular de “bala”. Seu uso vem crescendo mundialmente. São muito usadas em festas, como raves. Pode ser usada por via fumada, inalação, injeção IV ou administração oral. → Fisiopatologia Por ser um derivado anfetamínico, estimula a liberação periférica de monoaminas biogênicas (noradrenalina,dopamina e serotonina) → bloqueia a recaptação neuronal de monoaminas → inibe a ação da monoaminoxidase. O que difere o ecstasy das anfetaminas tradicionais é a potente ação serotoninérgica. Estímulo a liberação de serotonina é dez vezes maior. Ocorre também um aumento da liberação de ADH, que somado ao aumento da ingestão de água e da perda de sódio em consequência do aumento da atividade física, pode levar à importante hiponatremia. O uso em altas doses é responsável pelos efeitos simpatomiméticos na intoxicação. - Manifestações clínicas: Efeitos centrais mais frequentes: euforia, aumento da autoestima, sensação de bem estar e felicidade, empatia, aumento de energia, extroversão, aumento da sociabilidade, intensificação da percepção de cores e sons, e sinestesias (sons e cores se misturam e podem ganhar formas). A sensação de prazer inicial, associada a taquicardia e aumento da PA, é conhecida como rush, e pode durar 5-30 minutos. Em seguida, vem o período high, em que o indivíduo experimenta o aumento de energia, se torna taquilálico, se sente mais esperto e poderoso, às vezes agressivo. Há também midríase, aumento da FC e da PA, perda do apetite, ranger de mandíbula, boca seca, sede e desidratação. - Complicações: Síndrome serotonérgica → rigidez muscular, hiperreflexia e hipertemia → pode ser fatal. Crises hipertensivas, precordialgias, arritmias cardíacas, hepatites tóxicas, hipertemia, convulsões, rabdomiólise e morte. - Diagnóstico: História de uso e manifestações simpatomiméticas. Teste rápido para drogas de abuso. Monitorar eletrólitos, glicose, função renal, função hepática, CPK, urina com pesquisa de mioglobinúria (suspeita de rabdomiólise), ECG, troponina (suspeita de IAM), coagulograma. Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar - Diagnóstico diferencial: Diferenciar de outras intoxicações por agentes estimulantes. Outras condições: choque séptico, alterações no SNC (infecções ou hemorragia) emergências hipertensivas, IAM, angina, hipoglicemia, distúrbios hidreletrolíticos, mania, esquizofrenia, síndrome tireotóxica. - Tratamento: Uso de benzodiazepínicos para o controle da agitação. O citalopram parece minimizar efeitos agudos do ecstasy. A paroxetina, além de aliviar a ansiedade, também inibe os efeitos do ecstasy. Não utilizar haloperidol pelo risco de convulsão e aumento da temperatura. Em hipertensão arterial grave não responsiva à sedação com benzodiazepínicos, utilizar nitroprussiato. A sedação adequada pode evitar o desenvolvimento de rabdomiólise, hipertermia, hipertensão e convulsões. LSD Alucinógenos, por definição, são intoxicantes. Os alucinógenos naturais mais conhecidos são psilocibina (cogumelos) e mescalina (cacto). O alucinógeno sintético mais comum é o LSD (dietilamida do ácido lisérgico), popularmente “doce”. Há um aumento do uso do uso das substâncias sintéticas por serem facilmente fabricados, vendidos a preços baixos e muito mais potentes do que os naturais. - Epidemiologia: O uso é mais elevado dos 18 aos 25 anos. Mais comum em homens. O uso de alucinógenos está associado a menor morbidade e mortalidade do que a cocaína e o crack. → Fisiopatologia O LSD é utilizado por via sublingual, em forma de tabletes de açúcares, selos, comprimidos e cápsulas. O tempo de início dos efeitos em média é de 30 minutos, e duram cerca de 6 a 12 horas. O LSD possui alta afinidade com receptores serotonérgicos e dopaminérgicos. Agonista parcial em receptores de serotonina pós- sinápticos. - Manifestações clínicas: A tolerância se desenvolve rapidamente, mas não existe dependência física, nem síndrome de abstinência. Pode haver dependência psicológica. A intoxicação é definida por alterações comportamentais e perceptuais e por sinais fisiológicos: ansiedade ou depressão acentuada, medo de perder o juízo, ideação paranoide, comprometimento no julgamento, intensificação subjetiva das percepções, despersonalização, desrealização, ilusões, alucinações auditivas e, principalmente, visuais, sinestesias, midríase, taquicardia, sudorese, palpitações, visão turva, tremores, incoordenação motora. O uso de drogas alucinógenas está associado a ataques de pânico, psicose, delirium e ansiedade. Flashbacks: transtorno persistente da percepção induzido por alucinógenos → experimentação de sintomas alucinatórios semelhantes aos sentidos durante o uso, tempos após o uso da substância e sem fatores desencadeadores. O humor torna-se lábil, podendo variar de situações de grande euforia a quadros de extremo mal-estar, tristeza e medo. Podem ocorrer "bad trips" (viagens ruins), quando a experiência com o uso da droga é desagradável, causando ansiedade intensa, agressividade e comportamentos bizarros. - Diagnóstico: Os pacientes intoxicados por alucinógenos geralmente apresentam-se alertas e conscientes de que os sintomas são induzidos pela droga. Podem ocorrer sinais e sintomas leves de estímulo simpatomimético. Não ocorre quadros adrenérgicos mais graves. O LSD não é detectado nos testes de rotina para a detecção de drogas de abuso. Testes de radioimunoensaio para a detecção da substância na urina, com Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar posterior confirmação por cromatografia líquida ou gasosa, porém não são úteis na prática. Monitorar eletrólitos, glicose, função renal, ECG. - Diagnóstico diferencial: Abstinência alcoólica e intoxicação por anticolinérgicos. Pode ocorrer um flashback, ou seja, alucinações muito depois da ingestão. Outras condições: TCE, infecção do SNC (encefalites ou meningites), hipoglicemia, hipertireoidismo ou esquizofrenia. - Tratamento: O tratamento da intoxicação é basicamente a tranquilização do usuário de que os sintomas irão cessar com o tempo. Podem ser usados benzodiazepínicos para o controle da agitação. Diazepam 10 mg IV até o controle das manifestações ou midazolam 15 mg IM. Antipsicóticos podem ser administrados se houver persistência dos sintomas psicóticos. MACONHA E CANABINÓIDES Efeitos sobre a neurotransmissão. O receptor de canabinoide CB1 está associado com proteínas-G que intermedeiam sua sinalização intracelular, em parte pela inibição de adenilato ciclase. Isso leva a uma diminuição nos níveis do importante segundo mensageiro monofosfato de adenosina cíclico. A ativação do receptor CB1 também leva a ativação de canais de potássioe inibição dos canais de cálcio tipo-N. Visto que o cálcio é integrante da liberação de neurotransmissores, os canabinoides podem bloquear a neurotransmissão por meio desse mecanismo. Os receptores de canabinoides também ativam as proteíno-quinases ativadas por mitógeno. Com a utilização de modelos de cultura celular e fatias do cérebro, foi demonstrado que os canabinoides bloqueiam a liberação de uma variedade de neurotransmissores, incluindo GABA, norepinefrina e acetilcolina. Norepinefrina e acetilcolina tendem a ser neurotransmissores excitatórios, e seria esperado que a inibição de sua liberação de canabinoides tivesse um efeito inibitório global. Entretanto, o GABA é um neurotransmissor inibitório, e sua inibção de canabinoides levaria a efeitos excitatórios globais, demonstrando que os canabinoides podem ter efeitos complexos sobre a neurotransmissão dependendo do contexto específico. Os canabinoides também parecem aumentar a liberação de neurotransmissores de endorfina cerebrais e a liberação de dopamina no nucleus accumbens, um “centro de recompensa” relevante à adição e à aprendizagem. Os endocanabinoides foram implicados em uma variedade de formas de plasticidade sináptica, incluindo LTP e depressão de longo prazo (LTD). Endocanabinoides na ansiedade e no humor. A neurotransmissão de endocanabinoides pode ser um regulador importante da ansiedade, e os usuários de Cannabis regularmente descrevem um efeito tranquilizador do THC. A perda de sinalização pelo sistema endocanabinoide parece promover estados semelhantes a ansiedade em estudos com animais. Animais com deficiência do receptor CB1 exibem comportamento de ansiedade mais pronunciado quando expostos a estresse ou a ambientes novos. A via dos endocanabinoides pode representar um alvo atrativo no entendimento das respostas de estresse pós- traumático e das fobias. Embora não se possa ainda medir com segurança os níveis de endocanabinoides em humanos, esse modelo é apoiado por ensaios clínicos do bloqueador do receptor canabinoide, rimonabanto, Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar que pode oferecer uma promessa como estratégia para perda de peso. Uma reação adversa frequente do medicamento é aumento da ansiedade e da depressão. Efeitos sobre lesão cerebral e dor. Em modelos de lesão cerebral traumática de camundongos, o 2-AG parece ser neuroprotetor, reduzindo o edema cerebral, o tamanho do infarto e a morte celular e ao mesmo tempo, melhorando os desfechos funcionais. A anandamida também protegeu contra lesão cerebral em um modelo de esclerose múltipla (EM), e pacientes humanos com a doença têm aumentos na produção de anandamida. Um estudo do agonista canabinoide HU-211 levou a melhora clínica mais rápida após traumatismo craniano. Os inibidores do FAAH melhoraram os sintomas motores em um modelo de doença de Parkinson em ratos, provavelmente pelo aumento da neurotransmissão dopaminérgica por canabinoides. Há cada vez mais evidências de que a neurotransmissão por meio do sistema endocanabinoide regule a percepção de dor. O THC e os agonistas canabinoides provaram ser eficazes em modelos animais de dor aguda e crônica, variando de ferimento por queimadura a dano e inflamação dos nervos. O receptor CB1 desempenha um papel importante nesses efeitos, uma vez que os efeitos analgésicos das drogas canabinoides são perdidos quando o antagonista CB1 rimonabanto é administrado. De maneira similar, o efeito analgésico do THC é perdido em camundongos geneticamente deficientes de receptor CB1. O estresse há muito tem sido associado com diminuição da percepção de dor, tal como em casos de militares feridos que demonstram notável tolerância a dor, um fenômeno conhecido como analgesia induzida por estresse. O sistema endocanabinoide pode intermediar esses efeitos. Modelos animais revelam a produção de anandamida e 2-AG após estresse, e a analgesia induzida por estresse é bloqueada pelo bloqueador CB1, rimonabanto, nesses animais. A regulação da percepção de dor por endocanabinoides parece ser diferente da do sistema de opiáceo endógeno, mas as duas vias podem compartilhar vias neurais sobrepostas. A evidência disso foi fornecida usando o bloqueador CB1, rimonabanto, e naloxona, que bloqueiam os receptores de opiáceo. O rimonabanto atenua a analgesia proporcionada por THC e canabinoides, mas bloqueia apenas de forma parcial a resposta à morfina. Entretanto, o oposto é verdadeiro para os opiáceos: a naloxona bloqueia a analgesia induzida por morfina, mas também bloqueia parcialmente a de THC e de drogas canabinoides. As combinações de drogas canabinoides e opiáceas evidenciam efeitos analgésicos sinergísticos em modelos animais. Embora, a princípio, tenha sido assumido que os canabinoides exercem seus efeitos analgésicos por meio do SNC, em modelos animais foi demonstrado que a administração localizada dessas substâncias também pode ser eficaz, incluindo drogas seletivas para o receptor CB2, cuja expressão é mínima no SNC. Os endocanabinoides também podem influenciar a sensibilidade a dor por mecanismos que não envolvem os receptores CB1 e CB2. Tanto a anandamida quanto o NADA também podem ativar um canal de cálcio denominado receptor vaniloide (também conhecido como receptor de potencial transitório vaniloide tipo 1 [TRPV-1]), que é encontrado nos nervos sensoriais. Esse mesmo receptor é famoso por ser ativado por capsaicina, que causa uma sensação de calor após a ingestão de pimenta. Portanto, os endocanabinoides podem exercer funções opostas: promover analgesia por intermédio dos receptores CB1 e CB2, mas potencialmente Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar aumentar a dor via canais de TRP. Ainda que os receptores CB2 sejam expressos em grande parte na periferia, análises de necropsia revelam uma regulação ascendente no cérebro de pessoas com doença de Alzheimer. O rápido desenvolvimento de novos medicamentos canabinoides pode permitir a seleção de sintomas específicos como alvos, em vez de induzir todos os efeitos típicos do THC. Por exemplo, o ácido ajulêmico demonstra propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, mas pode oferecer um benefício de efeitos colaterais psicoativos limitados. Em um ensaio clínico randomizado desse composto, Mathias Karst e colaboradores encontraram eficácia na redução de dor neuropática crônica. Efeitos na periferia. Os canabinoides levam ao relaxamento direto da musculatura lisa vascular por receptores CB1 locais. Essa vasodilatação estende-se para a conjuntiva, levando a uma aparência “injetada de sangue” em alguns usuários de Cannabis. O relaxamento das artérias oculares pelos canabinoides pode oferecer uma utilidade como tratamento para glaucoma, uma condição de pressão intraocular alta, e a ativação de receptores CB1 nos rins pode melhorar o fluxo sanguíneo renal. Um papel na regulação generalizada da pressão arterial não é comprovado, e a pressão arterial é inalteradaem pessoas tratadas com rimonabanto ou em animais deficientes de receptores CB1. A sinalização dos canabinoides também pode ser relevante para a gravidez ectópica, visto que camundongos deficientes em CB1 retêm muitos embriões no oviduto. ETANOL Efeitos sobre o cérebro Bioquímica. Em contraste com a maioria das outras substâncias de abuso com alvos receptores – como o receptor N-metil-D-aspartato (NMDA) de fenciclidina (PCP) –, não foi identificado nenhum alvo molecular como mediador para os efeitos do álcool. A antiga teoria sobre os efeitos bioquímicos do álcool é voltada para seus efeitos sobre as membranas dos neurônios. Dados apoiam a hipótese de que o álcool produz seus efeitos ao se intercalar nas membranas e, desse modo, aumentar a fluidez das membranas com o uso de curto prazo. Com o uso prolongado, no entanto, a teoria postula que as membranas se tornam rígidas ou endurecidas. A fluidez das membranas é essencial para o funcionamento normal dos receptores, dos canais iônicos e de outras proteínas funcionais ligadas a membranas. Em estudos recentes, pesquisadores tentaram identificar alvos moleculares específicos para os efeitos do álcool. Dedicou-se atenção aos efeitos do álcool em canais iônicos. Especificamente, estudos revelaram que atividades nos canais iônicos associadas aos receptores de acetilcolina nicotínica, serotonina 5-hidroxitriptamina3 (5-HT3) e GABA tipo A (GABAA) são intensificadas pelo álcool, enquanto atividades dos canais iônicos associadas aos receptores de glutamato e canais de cálcio disparados por voltagem são inibidas. Efeitos comportamentais. Como resultado final das atividades moleculares, o álcool funciona como depressor, assim como os barbitúricos e benzodiazepínicos, com os quais o álcool apresenta, parcialmente, tolerância cruzada e dependência cruzada. Em um nível de 0,05% de álcool no sangue, pensamento, discernimento e inibição são relaxados e às vezes perturbados. Em uma concentração de 0,1%, atos motores voluntários normalmente se tornam perceptivelmente desajeitados. Na maioria dos Estados Unidos, a intoxicação legal varia de 0,1 a 0,15% de álcool no sangue. Em 0,2%, a depressão da função de toda a área motora do cérebro pode ser medida, e as partes do cérebro que controlam o comportamento emocional também são afetadas. Em 0,3%, o indivíduo normalmente fica confuso ou entra em estupor; em 0,4 a 0,5%, entra em Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar coma. Em níveis mais elevados, os centros primitivos do cérebro que controlam a respiração e a frequência cardíaca são afetados, e ocorre morte secundária a depressão respiratória direta ou a aspiração de vômito. Indivíduos com histórias antigas de abuso de álcool, no entanto, podem tolerar concentrações muito mais elevadas do que pessoas com baixo consumo de álcool; sua tolerância à substância pode causar a impressão errônea de que estão menos intoxicados do que de fato estão. Efeitos no sono. Embora o álcool consumido à noite normalmente aumente a facilidade em adormecer (redução da latência do sono), também tem efeitos adversos sobre a arquitetura do sono. Especificamente, o uso de álcool está associado a diminuição do sono do movimento rápido dos olhos (sono REM ou sono com sonhos) e do sono profundo (estágio 4) e maior fragmentação do sono, com episódios mais frequentes e mais longos de vigília. Portanto, a noção de que ingerir álcool ajuda a dormir é um mito. Outros efeitos fisiológicos Fígado. Os principais efeitos adversos do uso de álcool estão relacionados a lesões no fígado. O uso de álcool, mesmo que de curta duração, como episódios semanais de aumento de consumo, pode resultar em acúmulo de gorduras e proteínas, as quais produzem a aparência de um fígado gorduroso, às vezes encontrado em exames físicos como um fígado aumentado (hepatomegalia). A associação entre a infiltração de gorduras no fígado e lesões hepáticas graves ainda é incerta. O uso de álcool, no entanto, está associado ao desenvolvimento de hepatite alcoólica e cirrose hepática. Sistema gastrintestinal. O consumo intenso de álcool em longo prazo está associado ao desenvolvimento de esofagite, gastrite, acloridria e úlceras gástricas. O desenvolvimento de varizes esofágicas pode acompanhar abuso de álcool particularmente intenso; a ruptura dessas varizes é uma emergência médica que costuma resultar em morte por hemorragia. Distúrbios do intestino delgado ocorrem eventualmente, e pancreatite, insuficiência pancreática e câncer pancreático também estão associados ao uso intenso da substância. A ingestão intensa de álcool pode interferir nos processos normais de digestão e absorção dos alimentos; como resultado, os alimentos consumidos são digeridos de forma inadequada. O abuso de álcool também parece inibir a capacidade do intestino de absorver diversos nutrientes, como vitaminas e aminoácidos. Esse efeito, em conjunto com hábitos alimentares com frequência inadequados dos indivíduos com transtornos relacionados ao álcool, pode causar graves deficiências vitamínicas, sobretudo das vitaminas do complexo B. Outros sistemas corporais. A ingestão significativa de álcool foi associada a aumento da pressão arterial, desregulação do metabolismo de lipoproteínas e triglicerídeos e aumento do risco de infarto do miocárdio e de doença cerebrovascular. Demonstrou-se que ele afeta o coração de indivíduos não alcoolistas que normalmente não ingerem álcool, aumentando a descarga cardíaca em repouso, a frequência cardíaca e o consumo de oxigênio do miocárdio. Evidências indicam que a ingestão de álcool pode afetar de modo adverso o sistema hematopoiético e aumentar a incidência de câncer, especialmente na cabeça, no pescoço, no esôfago, no estômago, no fígado, no colo e no pulmão. Intoxicação aguda também pode estar associada a hipoglicemia, que, quando não identificada, pode ser responsável por parte das mortes súbitas de indivíduos intoxicados. Fraqueza muscular é outro efeito colateral do alcoolismo. Evidências recentes mostram que a ingestão de Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar álcool aumenta a concentração sanguínea de estradiol em mulheres. O aumento de estradiol está correlacionado com o nível de álcool no sangue.Testes laboratoriais. Os efeitos adversos do álcool aparecem em testes de laboratório comuns, que podem auxiliar no diagnóstico para identificar indivíduos com transtornos relacionados ao álcool. Os níveis de γ-glutamil (gama gt) transpeptidase são elevados em cerca de 80% dos indivíduos com transtornos relacionados ao álcool, e o volume corpuscular médio (VCM) é elevado em cerca de 60%, mais em mulheres do que em homens. Outros valores de testes laboratoriais que podem ter resultados elevados em associação ao abuso de álcool são os de ácido úrico, triglicerídeos, aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT). Interações medicamentosas. As interações entre álcool e outras substâncias podem ser perigosas e até mesmo fatais. Determinadas substâncias, como álcool e fenobarbital, são metabolizadas pelo fígado, e seu uso prolongado pode levar à aceleração do metabolismo. Quando o indivíduo com transtorno relacionado ao álcool está sóbrio, esse metabolismo acelerado o deixa excepcionalmente tolerante a vários fármacos, como sedativos e hipnóticos; durante a intoxicação, no entanto, esses fármacos competem com o álcool pelos mesmos mecanismos de desintoxicação, e concentrações potencialmente tóxicas de todas as substâncias envolvidas podem se acumular no sangue. Os efeitos do álcool e de outros depressores do SNC costumam ser sinérgicos. Sedativos, hipnóticos e fármacos que proporcionam o alívio de dor, de náusea causada por movimento, de resfriados e de sintomas alérgicos devem ser usados com cautela por indivíduos com transtornos relacionados ao álcool. Narcóticos deprimem as áreas sensoriais do córtex cerebral e podem produzir analgesia, sedação, apatia, entorpecimento e sono; doses elevadas podem resultar em falência respiratória e morte. Aumentar a dosagem de fármacos sedativo-hipnóticos, como hidrato de cloral e benzodiazepínicos, especialmente quando combinados com álcool, produz uma gama de efeitos desde sedação, passando por prejuízo motor e intelectual, até estupor, coma e morte. Como sedativos e outros fármacos psicotrópicos podem potencializar os efeitos do álcool, deve- se instruir os pacientes sobre os perigos de se combinar depressores do SNC e álcool, sobretudo ao dirigir ou operar maquinário. METANOL Pode estar presente como adulterante do álcool combustível ou como contaminante na fabricação de bebidas clandestinas. Utilizado em fluidos de limpadores de parabrisa e como solventes. É muito parecido com o etanol. A intoxicação ocorre pela biotransformação do metanol em ácido fórmico, levando à acidose metabólica, cegueira e morte. É a principal causa de intoxicação por álcoois tóxicos. → Fisiopatologia É biotransformado pela mesma via do etanol pela enzima álcool-desidrogenase em formaldeído e, posteriormente, pela enzima aldeído-desidrogenase em ácido fórmico. Os produtos da biotransformação irão determinar grave acidose metabólica com ânion gap elevado (>12) e lesões do nervo óptico e do SNC que são por vezes irreversíveis. Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar - Manifestações clínicas: Inicialmente, os pacientes apresentam sinais comuns de intoxicação alcoólica, como ataxia, sedação, desinibição e, podem estar presentes também dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, taquicardia e hipotensão. Após 12-24 hora surgem: acidose metabólica tanto pela formação de ácido fórmico como pelo aumento na produção de ácido lático, alterações de múltiplos órgãos incluindo hipotensão, taquicardia, taquipneia, arritmias, convulsões, pancreatite, coma, rabdomiólise, insuficiência renal aguda, hipomagnesemia, hipocalemia e hipofosfatemia. Alterações visuais: diplopia, visão esbranquiçada ou borrada, alterações das cores e até cegueira total. Exame de fundo de olho: midríase, hiperemia de disco óptico e papiledema. Em intoxicações graves, pode ocorrer necrose dos gânglios da base, com parkinsonismo (tremor, rigidez, bradicinesia) e atrofia do nervo óptico com cegueira. - Diagnóstico: História de exposição ao agente + exame físico. Realizar alcoolemia (metanol e etanol) por cromatografia gasosa a cada 6-12 horas. Outros exames podem ajudar na ausência da dosagem sanguínea da alcoolemia: gasometria arterial e pH, glicemia, sódio, potássio, cloro, osmolaridade sérica, funções hepática e renal, gap osmolar e ânion gap. TC ou RM de crânio podem mostrar necrose bilateral do putâmen e hemorragia dos gânglios da base. - Diagnóstico diferencial: Intoxicações por outros álcoois, tais como etanol e etilenoglicol. Situações clínicas que resultem em acidose metabólica grave com ânion gap elevado, tais como a cetoacidose diabética. - Tratamento: Lavagem gástrica deve ser indicada apenas na primeira hora da ingestão. Antídoto: etanol EV e fomepizol. Ambos saturam a enzima álcooldesidrogenase prevenindo a formação de metabólitos tóxicos a partir do metanol, que será eliminado por via renal inalterado. A hemodiálise abaixa rapidamente as concentrações do metanol, etilenoglicol, de todos os metabólitos e corrige a acidose. Indicado para pacientes com acidose grave, alterações visuais, falência renal, alterações de eletrólitos não responsivas ao tratamento convencional, instabilidade hemodinâmica refratária ao tratamento convencional ou com metanol acima de 50 mg/dL. Administração de ácido fólico → aumenta a transformação do ácido fórmico em dióxido de carbono e água. ETILENOGLICOL Utilizado na indústria para produção de resinas, tintas e vernizes e como agente de arrefecimento em motores de combustão. Pode ser consumido intencionalmente por etilistas crônicos como um substituto do álcool, ou acidentalmente por crianças, devido à sua cor chamativa e seu sabor adocicado. Líquido de sabor doce, normalmente encontrado em anticongelantes. Assim como o metanol, são usados em soluções de limpeza. → Fisiopatologia Sua toxicidade decorre da ação dos metabólitos produzidos a partir da ação da álcool-desidrogenase (ADH) produzindo glicoaldeído e então da aldeídodesidrogenase produzindo ácido glicólico, glioxílico, ácido oxálico, glicina e alfahidroxi-beta-cetoadipato. Estes metabólitos, junto com o excesso de ácido láctico, são responsáveis pela acidose metabólica e pelo aumento do ânion gap. O oxalato precipita-se como cristais Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar Otávio Barcelos Destacar insolúveis de oxalato de cálcio podendo levar à hipocalcemia, prolongamento do intervalo QT e à arritmias ventriculares. Pode ocorrer também deposição de oxalato de cálcio nos túbulos renais → insuficiência renal aguda retardada até 24-72 horas após ingestão. - Manifestações clínicas: Inicialmente, os pacientes apresentam sinais de intoxicação alcoólica comuns, como ataxia, sedação,
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