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Aula 03 FORMAÇÃO DE PREÇOS: A OFERTA, A DEMANDA E O EQUILÍBRIO DE MERCADO OBJETIVO GERAL Trabalhar uma visão sistêmica e abrangente da Economia Brasileira Contemporânea, capacitando os educandos a compreender o funcionamento da Economia, seus fundamentos e princípios basilares, o funcionamento do Mercado e as principais variáveis econômicas. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Desenvolver o conhecimento e o entendimento dos Fundamentos Econômicos Conhecer o funcionamento do Mercado, suas relações e os fatores que o influenciam. Analisar a Oferta e a Demanda, buscando o ponto de equilíbrio. Compreender os conceitos e funcionamento do PIB. Identificar as variáveis do processo inflacionário. Conhecer as Políticas Econômicas, suas aplicações e seus Instrumentos. Compreender o funcionamento da Globalização e suas relações. Identificar as aplicações da Economia no mercado de trabalho. Professor Conteudista PROF. ME. Marcio Roberto Paz Colmenero Sumário 03| FORMAÇÃO DE PREÇOS: A OFERTA, A DEMANDA E O EQUILÍBRIO DE MERCADO .............................................................................................................. 3 A DEMANDA ........................................................................................................... 4 A OFERTA ............................................................................................................ 10 O EQUILÍBRIO DE MERCADO ............................................................................. 17 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 23 3 03| FORMAÇÃO DE PREÇOS: A OFERTA, A DEMANDA E O EQUILÍBRIO DE MERCADO De acordo com o Sebrae (2003) “Preço é mais do que o valor de um produto: é quanto o cliente paga para suprir uma necessidade!”. Toda empresa, seja industrial, comercial ou de serviços, precisa determinar, com precisão, seus preços de venda, sob pena de perder mercados (por praticar preços acima da concorrência) ou sofrer prejuízos pela venda de seus produtos, mercadorias e serviços abaixo do custo. O processo de formação de preços é naturalmente abrangente e complexo e, por isso, bastante desafiador. A não aceitação desse fato conduz habitualmente a decisões erradas. Segundo Wernke (2005, p.147), “a adequada determinação dos preços de venda cada vez mais é questão fundamental para a sobrevivência e crescimento das empresas, independente do porte ou área de atuação”. De acordo com Assef (1997) a correta formação de preços de venda é questão fundamental para a sobrevivência e o crescimento autossustentável das empresas, independentemente de seu tamanho ou área de atuação. Para ele, política eficiente não quer dizer preços altos e nem baixos e sim identificados com o mercado de atuação, contemplando a análise da estrutura, dos custos gerais da empresa, seu equilíbrio operacional e o retorno desejado pelos investidores. Num mercado competitivo, os preços são formados também se levando em consideração a Lei da Oferta e a Lei da Demanda. Então, dado um determinado nível de preço no mercado para seu produto ou serviço, a empresa avalia se seu preço ideal de venda é compatível com aquele vigente no mercado. A decisão de consumir, por parte dos indivíduos, e a de produzir, por parte das empresas, é constantemente afetada pela lei da oferta e da demanda. 4 A DEMANDA Quando uma pessoa entra em um supermercado como comprador a sua meta genericamente é se sair bem, comprar de tudo possível. “A demanda (ou procura) de um indivíduo por um determinado bem (ou serviço) refere-se à quantidade desse bem que ele está disposto e capacitado a comprar, por unidade de tempo” (PASSOS e NOGAMI, 1998, p.46). O objetivo do consumidor é maximizar o seu nível de satisfação, ou seu prazer. Para isso, ele precisa escolher que conjunto de bens e serviços comprar dentre as diversas opções disponíveis no mercado. O entendimento de demanda significa que a mesma é dada por uma série de possibilidades alternativas, sempre correlacionando as duas variáveis consideradas, preços e quantidades. Demanda significa a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir por um preço definido em um mercado. A demanda pode ser interpretada como procura, mas não necessariamente como consumo, uma vez que é possível querer e não consumir um bem ou serviço, por diversos motivos. As pessoas têm restrições para demandar os bens, tais como: ✓ Preço dos bens: a quantidade demandada de um bem é influenciada por seu preço. Normalmente, é de se esperar que o consumidor deseje adquirir uma quantidade maior de um bem quanto menor for o seu preço. Alternativamente, quanto maior for o preço, menor será a quantidade que o consumidor desejará adquirir desse bem. Pelo comportamento padrão das pessoas estas duas variáveis (preço e quantidades) correlacionam-se inversamente. 5 ✓ Renda limitada: de acordo com o montante de renda disponível das pessoas, em um dado período de tempo ela limita as possibilidades de consumo, o que condiciona o quanto ela pode gastar para adquirir os bens. Para a maioria dos bens, é de se esperar que uma elevação na renda das pessoas esteja associada a uma elevação nas quantidades compradas dos mesmos. Devido a essas restrições um consumidor que esteja disposto a adquirir um determinado bem, aceita sacrificar uma soma em dinheiro suficiente para comprá- lo, porém deverá estar disposto também a sacrificar algo para obtê-lo. Outras variáveis importantes, que são válidas por afetarem a decisão de consumo da maioria dos bens são: ✓ O preço dos bens substitutos: caso o preço de um bem cujo consumo pode substituir satisfatoriamente o consumo do bem inicial esteja menor, isso fará com que haja uma alteração na intenção da demanda das pessoas, que tenderão a querer consumir o bem de menor preço e vice-versa. Por exemplo, no caso de automóveis “flex”, que podem utilizar como combustível tanto gasolina como etanol, quando o preço da gasolina se eleva no mercado, normalmente as pessoas consomem mais etanol em substituição à gasolina. ✓ O preço dos bens complementares: caso o preço de um bem cujo consumo tende a ser utilizado em conjunto com outro sofra uma elevação no preço, isso produzirá uma redução na demanda do outro, ao mesmo tempo em que se houver uma diminuição no preço, isso acarretará uma elevação na demanda do produto complementar. Por exemplo, no caso de uma diminuição nos preços de pacotes turísticos é natural que haja um aumento na demanda por malas de viagem. ✓ Preferências de consumo estimuladas por propaganda: a quantidade demandada de um determinado bem depende das preferências das pessoas, que por sua vez sofrem influência das campanhas publicitárias, isto é, quanto mais propagandas determinado bem possui, maior é a tendência de 6 consumo do mesmo. Por exemplo, o consumo do refrigerante Coca Cola é muito estimulado pelas constantes campanhas publicitárias que esse bem possui. Ao mesmo tempo se houver uma propaganda negativa sobre o bem, com certeza a demanda pelo mesmo diminuirá. ✓ Tradição e hábitos culturais: a quantidade demandada por um bem também sofre influência de uma série de circunstâncias tais como idade, sexo, tradições culturais, religião e até educação. Por exemplo, é habitual haver um aumento na demanda por panetones na época de final de ano, pois se trata de uma tradição das pessoas em consumir esse bem nesse período do ano. ✓ Expectativa quanto aos preços futuros: quando as pessoas identificam que o preço de um bem vai sofrer variações nos próximos dias, é natural as mesmas anteciparem o seu consumo no caso de uma futura elevação, ou adiar no caso de uma diminuição. Por exemplo, as promoções de determinadosbens que as grandes lojas anunciam antecipadamente nos meios de comunicação. Essas variáveis são as determinantes da demanda, sua ação conjunta define quanto de um produto específico, um consumidor está disposto a adquirir. De acordo com essas intenções de consumo, a demanda pode ser classificada como: ✓ Negativa: quando o bem em questão não agrada os possíveis consumidores, que podem mesmo rejeitar o mesmo. Isto muitas vezes acontece quando uma marca ou produto é envolvido em algum escândalo. ✓ Inexistente: acontece quando o bem é desconhecido para o consumidor ou então não vê a utilidade em adquirir o mesmo. ✓ Latente: ocorre no caso de se verificar uma determinada necessidade, mas apesar de existir uma demanda, não existe um bem capaz de satisfazê-la. ✓ Declinante: é o caso de um produto que já teve uma alta demanda, mas que por algum motivo, ela está decrescendo. 7 ✓ Irregular: verifica-se quando um produto é sazonal, ou seja, é direcionada para uma ocasião específica do ano, e por isso a procura aumenta nessa altura. ✓ Plena: é a demanda considerada ideal pela organização que vende um bem, significando que os objetivos de venda previstos foram alcançados. ✓ Excessiva: quando a procura por um determinado bem ou produto excede a capacidade de resposta da empresa, não conseguindo satisfazer a todos. Observando as determinantes da demanda é possível verificar que as mesmas variam simultaneamente, o que torna difícil avaliar o efeito que cada uma exerce individualmente sobre o bem. Diante desta condição surge o conceito de “coeteris paribus” uma expressão de origem latina, que significa “tudo o mais constante”, isto é, uma condição que analisa um mercado isoladamente, supondo que os demais mercados sejam constantes, não sendo afetado pelos demais. É chamada Lei geral da demanda. Para o raciocínio econômico, essa condição serve também para verificar o efeito de determinantes isoladas, independente dos efeitos de outras determinantes como, por exemplo, a procura, a renda do consumidor, gastos e preferências do consumidor etc. Com isso permitiremos, por exemplo, que o preço de um produto se modifique, fazendo a suposição de que a renda do consumidor, seus hábitos e preferências, o preço dos bens relacionados e suas expectativas permaneçam inalterados. Dessa maneira é possível identificar o efeito que somente as mudanças de preço provocam nas quantidades demandadas de um determinado bem. Assim é possível dizer que a demanda desse bem depende do seu preço sob “coeteris paribus”. 8 Da mesma forma, se quisermos saber como mudanças na renda afetam a demanda fazemos a suposição de que apenas a renda varia, enquanto mantemos as outras determinantes da demanda constantes. Assim é possível nesse caso afirmar que a demanda depende da renda sob “coeteris paribus”. Obviamente esse procedimento pode ser estendido a todos as outras determinantes que influenciam a demanda por um bem. Para poder realizar o estudo da demanda na influência do preço do bem é necessário que se adote sempre a condição “coeteris paribus” e utilizem-se as variáveis quantidade e preço, mantendo as outras determinantes constantes. Dito de outra forma, devemos focar a maneira pela qual compradores reagem a diferentes preços sob “coeteris paribus”, ou seja, mantendo inalteradas as demais determinantes. A quantidade procurada de um bem é influenciada por seu preço. Normalmente, presume-se que o consumidor desejará adquirir quantidade maior de determinado bem quanto menor for o seu preço e vice-versa. A essência da Lei da Demanda diz que, quanto menor for o preço do produto, maior será a possibilidade e o desejo de consumi-lo e vice-versa. Há uma relação inversa entre o preço e a quantidade demandada, surgindo assim o que é chamado na Economia de: ✓ Efeito Substituição: quanto mais dinheiro se gasta em um determinado produto, menos sobra para gastar com outros bens. ✓ Efeito Renda: para não nos tornarmos deficitários em nosso orçamento (renda), desistimos do consumo toda vez que os preços se elevam. 9 Para ilustrar o entendimento sobre a Lei da Demanda vamos adotar o seguinte exemplo: ✓ Imagine ser possível perguntar a um consumidor qualquer, cujo salário mensal constitui sua renda, quantos quilos de carne ele estará disposto a adquirir mensalmente ao preço de R$ 25,00 por quilo. De acordo com sua renda, suas preferências etc, ele poderá responder que a esse preço estará em condições e disposto a comprar no máximo 10 quilos no mês. Se o preço da carne diminuir para R$ 20,00 o quilo e refizermos a pergunta, talvez a um preço mais baixo ele esteja disposto e em condições de adquirir uma quantidade maior, por exemplo, 15 quilos no mês. A mesma pergunta poderá ser repetida para outros níveis de preços, cujas respostas poderão ser as seguintes: PREÇO (R$/Unidade) QUANTIDADE DEMANDADA (Quilos/Mês) PONTO NA CURVA 25,00 10 A 20,00 15 B 15,00 20 C 10,00 30 D 5,00 40 E Quadro 2: Escala de Demanda Fonte: Do Autor Esse quadro mostrando as variações de quantidades máximas consumidas de carne, que o consumidor está disposto e em condições de consumir a cada variação de preço, chama-se de Escala de Demanda. 10 Uma escala de demanda nos mostra a relação existente entre as variáveis preço e quantidade, e deverá ser nesse caso lida da seguinte maneira: se o preço for de R$ 25,00 a quantidade máxima que o consumidor estará disposto a adquirir será de 10 quilos por mês; se o preço for de R$ 20,00 a quantidade demandada de carne será de 15 quilos e assim por diante. O que nos mostra a relação inversa entre preço e quantidade, pois quando um sobe o outro desce. ✓ Lei da Demanda: “Quanto maior for o preço do bem, menor será a quantidade demandada do mesmo, e vice-versa, isto é, quanto menor for o preço do bem, maior será a quantidade demandada do mesmo”. Com base na determinação desta lei é possível salientar que a mesma se aplica a todos os bens disponíveis no mercado para serem consumidos pelas pessoas. A OFERTA Quando uma empresa competitiva vem ao mercado como vendedora, seu objetivo é maximizar o seu lucro resultante da diferença entre a receita total e os custos totais e para isso desejaria vender tudo o que as pessoas gostariam de consumir. A isso se dá o nome de Oferta que é a quantidade de bens que os produtores (empresas) estão dispostos a produzir, a diferentes níveis de preços, em um determinado período de tempo, dado um conjunto de condições. Note que a definição de oferta aqui se relaciona a produção (quantidades) e não a oferta estratégia de preços adotadas por algumas empresas para poder vender mais. De acordo com Rossetti (2009, p.420) “a oferta de determinado produto é determinada pelas várias quantidades que os produtores estão dispostos e aptos a 11 oferecer no mercado, em função de vários níveis possíveis de preços, em dado período de tempo”. A receita total advém do número de unidades vendidas do produto multiplicado pelo seu preço; é também chamado de faturamento de uma empresa. Os custos totais são os gastos totais dispendidos no processo produtivo, como pagamentos da folha de salários, aluguéis do imóvel, depreciação, entre outros. As empresas poderão escolher o nível de produção que ambicionam, mas se deparam com três restrições principais: ✓ Os preços que precisa pagar por seus recursos de produção: entre os muitos fatores que podem alterar a quantidade a ser produzida pelas empresas, o aumento do preço dos insumos pode inviabilizar o lucro do processo produtivo, portanto a quantidade ofertada de um bem sofre restrições de acordo com seus custos de produção (fatores de produção) tais como salários, matéria prima etc. É natural que com custos de produção menores a lucratividade da empresa tende a aumentare isso estimula a sua intenção de produzir mais, por exemplo, uma redução dos salários que se pagam aos trabalhadores em uma determinada firma metalúrgica impulsionará a contratação de mais mão de obra, o que resultará em um aumento da produção (oferta) de bens dessa firma. ✓ A tecnologia existente: tecnologia é um conjunto de técnicas e métodos conhecido para produzir um determinado bem. Qualquer melhora da tecnologia permite produzir e vender a quantidade de um bem a um preço menor, permitindo que as empresas elevem a quantidade oferecida deste bem a qualquer preço, como por exemplo, nos últimos anos o desenvolvimento tecnológico tem permitido o aumento da oferta de bens nas áreas de informática e comunicação como tablets, smartphones, ipod’s etc. Por outro lado, ainda há bens que não são produzidos, pois não se encontrou a tecnologia necessária para sua produção, como por exemplo, remédios perfeitamente eficazes na cura de doenças como o câncer. 12 ✓ O preço de mercado para o seu produto: evidentemente que o preço praticado no mercado também influencia diretamente na sua produção, pois nenhuma empresa vai querer produzir um bem que não lhe proporcione uma lucratividade depois de vendido. Normalmente é de se esperar que quanto mais elevado for o preço de um bem, maior será o estímulo a empresa para aumentar a sua produção. Portanto bens que não são mais de interesse geral das pessoas, ou que as mesmas não considerem mais oportuno pagar um determinado valor estipulado pelas empresas tendem a sofrer uma drástica redução na sua produção (oferta). Por exemplo, atualmente é totalmente inexpressiva a produção de aparelhos reprodutores de músicas oriundas de discos de vinil, pois a imensa maioria das pessoas não valoriza mais esse bem devido a novas tecnologias utilizadas com preços competitivos. Para a economia, a oferta é constituída pelo conjunto de bens oferecidos no mercado a uma determinada altura e por um preço concreto. Noutros termos, a oferta é basicamente a quantidade de produtos e serviços disponíveis para consumo. A quantidade ofertada de um produto ou serviço por uma empresa é a quantidade que ela escolheria produzir e vender a um determinado preço. Já a quantidade ofertada no mercado é a que todas as empresas presentes no setor escolheriam produzir e vender a um determinado preço. Portanto a oferta total de mercado é obtida pela soma das quantidades de todas as ofertas das empresas individualmente. A oferta de produtos não pode ser considerada uma quantidade fixa, mas apenas uma relação entre a quantidade oferecida e o preço, o qual na realidade dita a quantidade no mercado. Conforme aumenta o preço, as empresas aumentam a oferta de produtos, pois os lucros obtidos serão maiores. Outras variáveis importantes, que são válidas por afetarem a decisão de oferta da maioria dos bens são: 13 ✓ O preço de outros bens: a oferta de um bem poderá ser afetada pela variação nos preços de bens que sejam substitutos ou complementares a produção do mesmo. No caso de bens substitutos na produção podemos considerar aqueles bens que poderiam ser produzidos com aproximadamente os mesmos recursos de produção. A oferta de soja, por exemplo, aumentará à medida que seus preços subirem e se reduzirem os preços dos insumos e dos produtos concorrentes, como o milho. Os agricultores que antes cultivavam milho poderão se interessar em passar a cultivar soja, o que provocará um deslocamento do plantio de milho para o plantio de soja. Já os bens complementares, por sua vez, são aqueles que apresentam alteração na produção em função de variações de preço de outro bem que complementa a sua utilização. Exemplificando, um aumento na venda de automóveis poderá provocar um aumento da necessidade de serviços automotivos de reparo, por consequência, um aumento na oferta de borracharias, mecânicas, lava-rápidos etc. Alternativamente uma diminuição no preço (consequentemente no interesse dos produtores) dos automóveis deverá provocar uma diminuição na oferta dos serviços automotivos. ✓ O clima e os recursos naturais: as condições climáticas e a abundância ou falta de recursos naturais exercem uma grande influência na oferta de alguns produtos, em particular os produtos agrícolas. Por exemplo, os países árabes conseguem ofertar mais petróleo, que os outros países do mundo, pois possuem enormes reservas naturais desse bem. Por outro lado, uma forte geada, ou tempestades podem fazer se perder uma safra inteira de determinado bem, o que obviamente diminuíra a sua quantidade ofertada no mercado. ✓ Tradições e costumes: é natural percebemos em determinadas épocas do ano uma variação na quantidade ofertada de determinados bens devido a tradição, costumes e hábitos das pessoas. Exemplificando, é comum verificarmos uma produção maior de ovos de chocolate no período anterior a comemoração da data de Páscoa, pois as pessoas têm o costume de presentear seus amigos e parentes com esse tipo de bem. 14 ✓ Expectativa quanto a preços futuros: os produtores estão sempre avaliando o mercado em que atuam e caso percebam, por exemplo, uma evolução da demanda aumentarão automaticamente sua produção, o que da mesma maneira ocorre quanto ao comportamento futuro dos preços de seus produtos. Observando as determinantes da oferta é possível verificar que as mesmas variam simultaneamente, o que torna difícil avaliar o efeito que cada uma exerce individualmente sobre o bem. Para contornar esse problema devemos novamente nos apoiar na condição “coeteris paribus”, isto é, consideramos as variações do preço de um produto admitindo que as outras determinantes da oferta fiquem inalteradas. Somente desta maneira é possível determinar o efeito que mudanças nos preços podem provocar nas quantidades ofertadas de determinado bem. Com isso é admissível afirmar que a oferta do bem depende do seu preço de venda sob a condição “coeteris paribus”. É importante destacar que assim como no caso da demanda, a oferta é dada por uma série de possibilidades alternativas, porém sempre se correlacionando as duas variáveis consideradas, que são o preço e a quantidade. Quando o preço do produto sobe no mercado, os lucros aumentam e os produtores são incentivados a produzir e a vender mais. A relação entre o preço e a quantidade ofertada é dada pela lei de oferta: quando o preço de um bem se eleva, com tudo mais permanecendo constante, a quantidade ofertada do bem também aumenta. Conforme Rossetti (2009, p.420) “o comportamento típico dos produtores é o de aumentarem as quantidades ofertadas, caso os preços aumentem, reduzindo- as em caso de reduções de preços incompatíveis com os custos de produção”. A essência da Lei da Oferta diz que, quanto mais alto for o preço de um produto, maior será a capacidade e o desejo de produzi-lo e vende-lo e vice-versa. 15 Há uma relação direta entre o preço e a quantidade ofertada. O preço mais alto e, consequentemente, o lucro maior atrai para o mercado novas empresas, aumentando ainda mais a quantidade ofertada. Quando um vendedor pode obter um preço maior por um bem, portanto tornando sua produção mais lucrativa, ele dedicará mais recursos à essa atividade, chegando “talvez” a retirar recursos de outros tipos de produção, aumentando a quantidade do bem que gostaria de vender. Para ilustrar o entendimento sobre a Lei da Oferta vamos analisar a relação entre a quantidade ofertada e o preço supondo que todas as outras determinantes que influenciam a oferta permaneçam inalterados (coeteris paribus). Dessa maneira verificaremos como variações nos preços afetam a disposição e a capacidade do produtor de ofertar bens. Da mesma maneira que foi realizada no estudo da Demanda vamos utilizar o exemplo do mercado de carnes para poder realizar o estudo da Lei da Oferta: ✓ Imagine ser possívelperguntar a um dono de frigorífico qualquer, cuja receita da sua empresa se constitui na venda de carnes no varejo, quantos quilos de carne ele estará disposto a vender mensalmente ao preço de R$ 25,00 por quilo. De acordo com sua produção, seus custos, seus objetivos empresariais etc, ele poderá responder que a esse preço estará em condições e disposto a produzir 50 quilos no mês. Se o preço da carne diminuir para R$ 20,00 o quilo e refizermos a pergunta, talvez a um preço mais baixo ele esteja disposto e em condições de produzir uma quantidade menor, por exemplo, 35 quilos no mês. A mesma pergunta poderá ser repetida para outros níveis de preços, cujas respostas poderão ser as seguintes: 16 PREÇO (R$/Unidade) QUANTIDADE OFERTADA (Quilos/Mês) PONTO NA CURVA 25,00 50 A 20,00 35 B 15,00 20 C 10,00 15 D 5,00 10 E Quadro 3: Escala de Oferta Fonte: Do Autor Esse quadro mostrando as variações de quantidades máximas produzidas de carne, que o produtor está disposto e em condições de produzir a cada variação de preço, chama-se de Escala de Oferta. Uma escala de oferta nos mostra a relação existente entre as variáveis preço e quantidade, e deverá ser nesse caso lida da seguinte maneira: se o preço for de R$ 25,00 a quantidade máxima que o produtor estará disposto a produzir será de 50 quilos por mês; se o preço for de R$ 20,00 a quantidade ofertada de carne será de 35 quilos e assim por diante. O que nos mostra a relação direta entre preço e quantidade, pois quando um sobe o outro também sobe e quando um desce o outro também desce. Isso se parece adequado se imaginarmos que o produtor se sentirá mais estimulado a aumentar a produção do bem ao perceber que consegue obter um preço mais elevado por seu produto/serviço no mercado. ✓ Lei da Oferta: “Quanto maior for o preço do bem, maior será a quantidade ofertada do mesmo, e vice-versa, isto é, quanto menor for o preço do bem, menor será a quantidade ofertada do mesmo”. 17 Não obstante as possibilidades efetivas de redução ou de aumento da produção não sejam as mesmas para todos os produtores, a totalização das reações de cada um deles definirá esse comportamento padrão, pois para quem realiza a oferta preços mais elevados não são barreiras e sim estímulos. Com base na determinação desta lei é possível salientar que a mesma se aplica a todos os bens produzidos no mercado. O EQUILÍBRIO DE MERCADO Em qualquer mercado as posições de produtores e consumidores em relação a um dado nível de preços dos bens podem gerar conflitos de interesses. Os produtores se se deparam com preços que consideram baixos dispõem-se a produzir menos em comparação às situações em que os mesmos avaliem os preços satisfatórios a sua produção. Por sua vez os consumidores se encontram em situação exatamente oposta, isto é, os preços baixos é que justamente os estimulam a comprar maiores quantidades de bens. Essas constatações conflituosas são resultado dos conceitos e pressupostos básicos do estudo da demanda e da oferta. Isoladamente, nem a curva da demanda, nem a curva da oferta poderiam nos dizer até onde podem chegar os preços ou em que medida os interesses dos consumidores e dos produtores são compatíveis. Agora se chegou o momento de analisar como se dá a interação entre a demanda e a oferta no mercado, pois há uma posição de equilíbrio possível, que atenua esse conflito de interesses, até porque se não houvesse essa situação o processo transacional (produção/consumo) travaria e a economia entraria em total colapso. Para isso deve-se realizar um estudo conjunto de ambas as curvas e verificar a compatibilidade e harmonização do mercado levando-se em consideração as variáveis preço e quantidades. 18 Essa situação de harmonização do mercado acontece quando sobrepomos as curvas de demanda e oferta do mesmo bem, e aparece o ponto de intersecção como veremos adiante. É neste ponto de intersecção que se define o preço de equilíbrio daquele determinado bem. De acordo com Troster e Mochón (2002, p.53) “o preço de equilíbrio é aquele em que coincidem os planos dos demandantes ou consumidores e dos ofertantes ou produtores”. Conceitualmente há somente um único preço de equilíbrio que ajusta os interesses dos produtores (que realizam a oferta), com o interesse dos consumidores (que realizam a demanda). Partindo da hipótese de que o mercado é livre e está submetido a uma situação de competitividade perfeita, o preço de equilíbrio é determinado pela livre manifestação das forças da demanda e da oferta, geralmente resultante de um prolongado jogo de ensaios e de erros, o que obviamente nem sempre esse preço permanece inalterado indefinidamente. Quando isso ocorre, diz-se que o mercado está em harmonia. Este é exatamente o preço de equilíbrio. O comprador diz quanto quer pagar e o vendedor diz por quanto vale a pena vender. Existem forças que podem alterar o preço e/ou a quantidade demandada e ofertada. Muitas vezes, o próprio governo pode agir para forçar o equilíbrio no mercado, quer seja subsidiando determinados produtos ou, por outro lado, sobretaxando outros. Outra variável importante que pode determinar o equilíbrio do mercado, juntamente com o preço, é a quantidade de equilíbrio. Quando sobrepomos as curvas da demanda e da oferta também encontramos no ponto de intersecção a quantidade de equilíbrio daquele bem no mercado, isto é, quando a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada. 19 De uma maneira mais genérica encontramos uma definição para equilíbrio de mercado em http://old.knoow.net/cienceconempr/economia/equilibriodemercado.htm como sendo: “O equilíbrio de mercado é uma situação de mercado em que o preço e a quantidade do bem desejada pela procura e pela oferta se igualam. O preço que se verifica numa situação de equilíbrio de mercado é tal que a quantidade procurada do bem é exatamente igual à quantidade oferecida desse mesmo bem”. Para entender bem o funcionamento dessa interação de forças entre demanda e oferta vamos considerar somente um tipo de mercado (livre mercado), que são aqueles que existem muitos compradores e muitos vendedores. O Quadro 6 encontram-se, colocados lado a lado, os números da escala de demanda e de oferta supostas para o mercado de carne; exatamente como usadas no exemplo empregado anteriormente; mostrando para os cinco diferentes níveis de preços possíveis, a relação existente entre as quantidades demandadas e as quantidades ofertadas para o bem. PREÇO (R$/Unidade) QUANTIDADE DEMANDADA (Quilos/Mês) QUANTIDADE OFERTADA (Quilos/Mês) PONTO NA CURVA 25,00 10 50 A 20,00 15 35 B 15,00 20 20 C 10,00 30 15 D 5,00 40 10 E Quadro 4: Escalas de Demanda e Oferta Fonte: Do Autor 20 Para relembrar, a coluna quantidade demandada mostra a quantidade que os consumidores estão dispostos a comprar a cada preço alternativo, e a coluna quantidade ofertada indica a quantidade que os produtores estão dispostos a vender a cada preço. Ao analisarmos atentamente as quantidades apresentadas no quadro de escala de demanda e de oferta a cada nível de preço, descobriremos que só existe um preço no qual a quantidade demandada é exatamente igual à quantidade ofertada, que é o preço de R$ 15,00. Qualquer preço diferente de R$ 15,00 não consegue fazer coincidir os objetivos de demandantes e ofertantes. Como os números do Quadro 6 evidenciam, para níveis de preço abaixo de R$ 15,00, há mais quantidades demandadas em relação às efetivamente ofertadas. De outro modo, para todos os níveis de preços acima de R$ 15,00 verifica-se que as quantidades ofertadas superam as demandadas. No exemplo proposto vamos supor que por um motivo qualquer os produtores estabeleçam o preço do quilo da carne em R$ 25,00, o que aconteceria nesse mercado? No Quadro6 é mostrado que nesse nível de preço os produtores estarão disponibilizando uma oferta de 50 quilos de carne por mês, ao mesmo tempo em que os consumidores estarão dispostos e em condições de comprar apenas 10 quilos. Essa situação evidencia um excedente de 40 quilos de carne no mercado. Esse excedente é chamado de Excesso de Oferta, como define Pindyck e Rubinfeld (2006, p.508) “O excesso de oferta ocorre quando a quantidade ofertada de um bem excede a quantidade demandada”. Por outro lado, agora vamos supor no exemplo trabalhado até esse aqui, que o preço do quilo da carne tivesse em R$ 5,00, o que poderia estar acontecendo nesse mercado nesse momento? De acordo com o Quadro 6 a esse preço existiria uma procura por 40 quilos de carne, enquanto os produtores estariam dispostos a oferecer apenas 10 quilos de carne mensal. Isso pode acontecer porque a preço 21 tão baixo, poucos serão os produtores dispostos ou em condições de produzir o bem em questão. Essa situação hipotética causaria nesse mercado de carne, a esse nível de preço, um chamado Excesso de Demanda, que como define Pindyck e Rubinfeld (2006, p.508) “O excesso de demanda ocorre quando a quantidade demandada de um bem excede a quantidade ofertada”. Esses desequilíbrios (excedentes) devem ser apenas temporários, pois em um mercado competitivo os preços serão ajustados naturalmente caso haja excesso de demanda ou excesso de oferta. Esses ajustes é que garantem o adequado suprimento do mercado, pois sob concorrência os preços resultam do entrechoque das forças de demanda e oferta tendendo sempre a uma situação de equilíbrio, onde os objetivos se harmonizam, pelo menos temporariamente e atingindo a Eficiência Econômica. 22 Leitura Complementar – Biblioteca Virtual UNIBR: https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/1090/pdf, págs. 24 a 39 https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/1090/pdf, págs. 88 a 98 https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/15/pdf, págs. 17 a 25 Material Complementar: https://www.youtube.com/watch?v=S2i1JpnL4G0 https://www.youtube.com/watch?v=mX3vLAOwNzY https://www.youtube.com/watch?v=Ibacdvu3c0Y https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/1090/pdf https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/1090/pdf https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/15/pdf https://www.youtube.com/watch?v=S2i1JpnL4G0 https://www.youtube.com/watch?v=mX3vLAOwNzY https://www.youtube.com/watch?v=Ibacdvu3c0Y 23 Referências ASSEF, Roberto. Guia prático de formação de preços: aspectos mercadológicos, tributários e financeiros para pequenas e medidas empresas. Rio de Janeiro: Campus, 1997. PASSOS, Carlos Roberto M.; NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. São Paulo: Pioneira, 1998. PINDYCK, Robert S, RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. São Paulo: Pearson, 2006. 6.edição SERVIÇO DE APOIO A MICRO E PEQUENA EMPRESA. Termo de Referência para Atuação do Sistema SEBRAE em Arranjos Produtivos Locais. Edição SEBRAE. 1ª ed. Brasília, 2003. TROSTER, R.L.; MOCHÓN, F. Introdução à economia. São Paulo: Makron Books, 2002. WERNKE, Rodney. Análise de Custos e preços de venda: (ênfase em aplicações e casos nacionais). São Paulo: Saraiva, 2005.
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