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Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem

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1
SUMÁRIO
Introdução
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH)
Princípios da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem
Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem
Eixos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem
1. Acesso e acolhimento
2. Paternidade e cuidado
Atenção Primária - Unidades Básicas de Saúde
Atenção hospitalar - Maternidades
3. Prevenção de violência e acidentes
4. Saúde sexual e reprodutiva
5. Principais agravos/condições crônicas
A implantação da política municipal de atenção integral à saúde do 
homem e o cotidiano das práticas em saúde - diálogos possíveis
Estrutura básica sugerida para o planejamento regional
Entre a intenção e o gesto
Referências
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4
 
INTRODUÇÃO
O presente documento foi elaborado com a finalidade de apoiar a rede 
municipal de saúde na implantação da Política Municipal de Atenção Integral 
à Saúde do Homem (PMAISH), tal como consta no Programa de Metas 2017-
2020 da Prefeitura de São Paulo (Eixo - Desenvolvimento Social, Projeto - 
Viver Mais e Melhor, Linha de Ação 2.5 - Implantar, nas 6 Coordenadorias 
Regionais de Saúde, a Política Municipal de Atenção Integral à Saúde do 
Homem); produto de minucioso processo de análises e discussões em SMS 
SP, busca espelhar os desafios a serem enfrentados para a consolidação da 
atenção em saúde com qualidade para os homens do Município de São Paulo, 
dando cumprimento à Lei Municipal nº 16.540, de 31 de agosto de 2016.
Sem a intenção de ser uma ação normativa, que estabeleça um roteiro pronto, 
esse documento parte da perspectiva de que O COTIDIANO DÁ A MEDIDA. 
Problematizando as questões sob a perspectiva da Política Nacional de 
Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) e de suas principais linhas 
de ação (reconhecimento da diversidade, sensibilização e capacitação das 
equipes de saúde, inclusão de homens como sujeitos nos programas de 
saúde, apoio de ações e atividades de promoção de saúde, articulação entre 
os diferentes níveis de atenção e campanhas informativas), pretende ser um 
disparador para a reflexão sobre as estratégias regionais para melhorar a 
saúde e a qualidade de vida dos homens, com base nas prioridades locais, 
arrancando o conceito de direito à saúde do abstrato, e transformando-o em 
trabalho vivo no concreto da vida cotidiana.
Estruturado a partir dos 5 eixos da PNAISH (Acesso e Acolhimento, 
Paternidade e Cuidado, Prevenção de Violência e Acidentes, Saúde Sexual 
e Reprodutiva e Principais Agravos/Condições Crônicas), o documento 
apresenta breve discussão dos aspectos mais relevantes de cada eixo, a 
qual deve ser ampliada regionalmente com o apoio das áreas de SMS SP 
mais intrinsicamente envolvidas com a temática da PNAISH – Coordenação 
da Atenção Básica, AT de Saúde da Criança e do Adolescente, AT de Saúde 
da Mulher, AT de Atenção à Saúde da Pessoa em Situação de Violência, 
Programa Municipal DST/AIDS, Vigilância de Doenças e Agravos não 
Transmissíveis/DANT/COVISA, e das outras áreas afins.
5
A partir da reflexão provocada por este documento espera-se que as 
equipes locais abracem a missão de organizar ações capazes de impactar 
positivamente os indicadores de morbimortalidade da população masculina 
ali residente, agregando novas ideias e iniciativas às ações atualmente em 
curso, em um processo permanente, sistemático e com método, que permita 
o caminhar contínuo em direção à imagem-objeto de qualificar a atenção à 
saúde do homem no Município de São Paulo.
Marcia Maria Gomes Massironi
Área Técnica de Saúde do Homem
Coordenação da Atenção Básica
 SMS SP
2017
6
P O L Í T I C A N A C I O N A L D E A T E N Ç Ã O I N T E G R A L À 
S A Ú D E D O H O M E M ( P N A I S H )
As ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, 
instituída no âmbito do Sistema Único de Saúde pela Portaria MS nº 1944, 
de 28 de agosto de 2009, buscam romper os obstáculos que impedem os 
homens de frequentar os serviços de saúde. Avessos à prevenção e ao 
autocuidado, é comum que protelem a procura de atendimento, permitindo 
que os quadros se agravem, e os serviços de saúde intervém somente nas 
fases mais avançadas da doença. 
A PNAISH, formulada para promover ações de saúde que contribuam 
para a compreensão da realidade singular masculina em seus diversos 
contextos, enfatiza a necessidade de mudanças de paradigmas no que 
concerne à percepção da população masculina em relação ao cuidado com 
a sua saúde e a saúde de sua família. Considera essencial que, além dos 
aspectos educacionais, os serviços de saúde sejam organizados de modo a 
acolher e fazer com que os homens se sintam parte integrante deles. Além 
de evidenciar os principais fatores de morbimortalidade, a PNAISH explicita 
o reconhecimento de determinantes sociais que resultam na vulnerabilidade 
da população masculina, e alerta para que as representações vigentes 
sobre masculinidade podem comprometer o acesso ao cuidado, expondo-a a 
situações de violência e aumentando sua vulnerabilidade. 
Citando Schwarz em “Reflexões sobre gênero e a Política Nacional de 
Atenção Integral à Saúde do Homem”, a legitimidade da PNAISH se constrói 
pelas análises críticas que tomam como objeto o entrelaçamento dos temas 
saúde do homem, saúde coletiva e políticas públicas, buscando respaldo para 
pensar e repensar os possíveis caminhos da gestão da política da saúde dos 
homens, consolidando a relação entre gênero, saúde dos homens e agenda 
política. Os desafios a serem superados na atenção à saúde dos homens são 
superlativos – predomínio masculino na mortalidade por causas externas e 
morte precoce por doenças crônicas não transmissíveis, a garantia de acesso 
aos serviços de saúde com qualidade – mas é patente que o modelo básico de 
atenção voltado a crianças, adolescentes, mulheres e idosos não é suficiente 
para tornar o País mais saudável, deixando de fora das políticas públicas 
uma parcela considerável da população; na prática pouco visibilizada nas 
estratégias de atenção à saúde, a população masculina, em especial entre 
20 e 59 anos, deve ser alvo de cuidados específicos e de um plano de ações 
7
afirmativas que busquem reconhecê-la enquanto protagonista de suas 
demandas, mediante a pluralidade de contextos e condições biopsicossociais.
Há de se cuidar, entretanto, para que não haja desvios nos seus propósitos, 
como quando os interesses exclusivos de medicalização do corpo masculino 
buscam atrelar-se às ações e estratégias da PNAISH. Neste caso, o recorte 
de gênero passa a ser usado para a vigência de relações de poder contrárias 
à saúde e ao bem-estar do cidadão, fazendo uso da sua vulnerabilidade, 
para então apontar soluções que atendem a outros interesses que não os do 
usuário. Por isso, no nível da atenção básica, a visão antropológica da saúde é 
fundamental, sendo um campo vasto de referências no qual a medicalização 
deve ser problematizada. A abordagem assistencialista e biomédica 
dispensada ao usuário se contrapõe, em termos gerais, à emancipação 
efetiva de sua cidadania no campo da saúde.
Em conclusão, ao estabelecer estratégias para tornar os homens 
protagonistas de demandas que consolidem seus direitos e a cidadania, é 
mister a compreensão sobre a necessidade de estabelecer ações no sentido 
de empoderar as alternativas do cuidado à saúde do homens; para que 
esse investimento obtenha êxito precisamos, como profissionais de saúde, 
ressignificar as nossas próprias representações do SER HOMEM, no sentido 
de que os entendamos como sujeitos de direito, e promovamos ações que 
valorizem ambientes estimulantes, que permitam a esses homens serem 
protagonistas das ações do setor saúde dirigidas aos mesmos.
PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO 
INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM
I - Universalidade e equidade nas ações e serviços de saúde voltados 
para a população masculina, abrangendo a disponibilidade de insumos, 
equipamentose materiais educativos; 
II - Humanização e qualificação da atenção à saúde do homem, com vistas 
à garantia, promoção e proteção dos direitos do homem, em conformidade 
com os preceitos éticos e suas peculiaridades socioculturais; 
III - Corresponsabilidade quanto à saúde e à qualidade de vida da 
população masculina, implicando articulação com as diversas áreas do 
governo e com a sociedade; 
8
IV - Orientação à população masculina, aos familiares e à comunidade sobre 
a promoção, a prevenção, a proteção, o tratamento e a recuperação dos 
agravos e das enfermidades do homem.
DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO 
INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM
I - Integralidade, que abrange: 
 a) Assistência à saúde do usuário em todos os níveis da atenção, 
na perspectiva de uma linha de cuidado que estabeleça uma dinâmica de 
referência e de contrarreferência entre a atenção básica e as de média e alta 
complexidade, assegurando a continuidade no processo de atenção; 
 b) Compreensão sobre os agravos e a complexidade dos modos de vida 
e da situação social do indivíduo, a fim de promover intervenções sistêmicas 
que envolvam, inclusive, as determinações sociais sobre a saúde e a doença;
II - Organização dos serviços públicos de saúde de modo a acolher e fazer 
com que o homem se sinta integrado; 
III - Implementação hierarquizada da política, priorizando a atenção básica; 
IV - Priorização da atenção básica, com foco na estratégia de Saúde da Família; 
V - Reorganização das ações de saúde, por meio de uma proposta inclusiva, 
na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços 
masculinos e, por sua vez, os serviços de saúde reconheçam os homens 
como sujeitos que necessitem de cuidados;
VI - Integração da execução da Política Nacional de Atenção Integral à 
Saúde do Homem às demais políticas, programas, estratégias e ações 
do Ministério da Saúde. 
EIXOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO 
INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM
Didaticamente, optou-se por aprofundar a discussão tomando por base 
os 5 eixos da Política Nacional, sem que isso se reflita na fragmentação 
do trabalho em processo:
9
1. ACESSO E ACOLHIMENTO 
OBJETIVO: reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta 
inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde também 
como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços reconheçam os 
homens como sujeitos que necessitam de cuidados.
O propósito de qualificar o acesso e acolhimento dos homens junto aos 
serviços de saúde implica, necessariamente, na consideração de alguns 
aspectos peculiares do comportamento de boa parcela dos homens em 
relação à própria saúde e ao autocuidado: procuram pouco os serviços de 
saúde; quando os procuram, não seguem os tratamentos recomendados, 
ou o fazem parcialmente; acham que nunca vão adoecer, e tem medo 
de descobrir doenças; envolvem-se frequentemente em situações de 
violência; não praticam atividade física com regularidade; utilizam álcool 
e outras drogas com maior frequência; estão mais expostos a acidentes 
de trabalho; não se alimentam adequadamente; estão mais suscetíveis a 
infecções sexualmente transmissíveis; podem ter mais impedimentos de 
serem liberados do trabalho para comparecer aos serviços de saúde. Esse 
cenário nos impele a organizar ações para sua superação. Para tanto, há 
necessidade de rever os processos de trabalho, com equipes atentas para 
perceber se as ofertas de serviços e recursos dão resposta às demandas 
específicas trazidas pelos homens, se os fazem sentir como pertencentes 
àqueles espaços, explorando ao máximo a presença do homem no serviço 
como “usuário”, e não somente como “acompanhante”.
A rede municipal de saúde de São Paulo tem desenvolvido, ao longo dos 
últimos anos, uma série de ações em saúde do homem; em que pese que 
de modo um tanto desarticulado de uma diretriz municipal mais sólida, há 
registro de mais de 250 experiências da Atenção Básica voltadas a captar e 
vincular o homem nas diferentes Coordenadorias de Saúde. Voltadas em sua 
maior parte para atrair e vincular os homens aos serviços, podem ser um 
terreno excelente para a discussão de acesso e acolhimento:
 1. Quantas Unidades Básicas estão envolvidas na CRS? 
 2. Há experiências sustentadas, ou apenas aconteceram em resposta 
à demanda no lançamento da Política Nacional? 
10
 3. Como se dá a oferta de serviços para homens e mulheres? Há algum 
diferencial na percepção das nuances que devem permear o atendimento ao 
homem, ou os serviços são ofertados de forma “genérica”? 
 4. A Unidade Básica de Saúde é um espaço acolhedor, propício ao 
vínculo, ou um espaço no qual o homem não se identifica? A Unidade acolhe 
e atende o homem que não é de sua área de abrangência, que trabalha ou 
estuda em seu território, ampliando o acesso?
 5. Como o homem se vê quando acolhido e atendido por mulheres? 
Consegue expor suas necessidades e sua dor, ou considera mais “natural e 
confortável” que seja acolhido e atendido por profissionais homens? 
 6. Como é trabalhada a tensão entre o “tempo da equipe de saúde” e o 
“tempo do usuário homem” no que tange à disjunção entre os procedimentos 
padronizados e previsíveis e a expectativa do usuário real, que é autônomo, 
nômade, quer respostas rápidas, faz escolhas e subverte a racionalidade 
planejada pelos gestores? 
 7. É possível identificar quantos e quais homens não comparecem às 
consultas e exames agendados, ou abandonam o tratamento recomendado? 
Quais os motivos? Como lidar com isso?
Como importante ferramenta para fortalecer o acesso e o acolhimento junto 
à Atenção Básica será distribuído à rede o GUIA DE SAÚDE DO HOMEM 
PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE (ACS), que os apoia para serem 
proativos e atores essenciais na captação dos homens do território e sua 
vinculação às equipes de saúde.
2. PATERNIDADE E CUIDADO
OBJETIVO: sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população em 
geral sobre os benefícios do envolvimento ativo dos homens com em todas as 
fases da gestação e nas ações de cuidado com seus filhos, destacando como 
esta participação pode trazer saúde, bem-estar e fortalecimento de vínculos 
saudáveis entre crianças, homens e parceiras(os).
Ocupa destaque, na formulação da PNAISH, a preocupação com a participação 
e inclusão dos homens nos cuidados do pré-natal e do parto, na perspectiva 
da paternidade responsável, presente e cuidadora. O cuidado é expressão 
de uma potencialidade humana que, ao ser conectado pelos homens, pode 
facilitar sua libertação dos papéis estereotipados determinados pelas 
11
concepções de gênero, e permitir seu desencouraçamento e a recuperação 
da capacidade de autorregulação/autocuidado. Vários estudos indicam os 
benefícios que a paternidade pode trazer à relação dos homens com eles 
mesmos e com os que os rodeiam. A prática de uma paternidade mais próxima 
implica, portanto, numa revalorização pelos homens das tarefas de cuidar e 
na integração destas à representação de masculinidade e de paternidade. 
Como podem os homens, quando envolvidos com a paternidade e o cuidado, 
contribuir para melhores resultados sanitários para eles mesmos, para seus 
filhos e parceiras(os)? O que é conhecido acerca de paternidade e saúde 
reprodutiva? Que fatores afetam o envolvimento dos homens no cuidado 
consigo mesmo e com o outro? As estratégias para atrair os homens e 
aumentar sua inclusão nas rotinas do cuidado do parto e nascimento implicam 
na formulação de novas práticas assistenciais, e na revisão de concepções de 
gênero, família, paternidade e maternidade tradicionais, com o fim de criar 
ambientes estimulantes que incentivem a participação do parceiro sexual ou 
outra pessoa que possa ser referência de cuidado e afeto.
Estruturar o Pré-Natal do Parceiro, com o apoio do GUIA DO PRÉ-NATAL DO 
PARCEIRO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE, e alinhado às ações da Rede 
Cegonha, é um fator fortalecedor da potência do trabalho em rede, envolvendo 
ativamente o homem no processo de planejamento reprodutivo, gestação,parto, puerpério e desenvolvimento infantil, proporcionando oportunidades 
para criação de vínculos mais fortes e saudáveis entre pai, mãe e filhos. Não 
deve se perder de vista que a questão da paternidade é uma “porta de entrada 
positiva” para os serviços de saúde, além do bem-estar que pode gerar para 
toda a família, pois pode integrar os homens na lógica dos sistemas de saúde 
ofertados e na realização de exames de rotina, como HIV, sífilis, hepatites, 
hipertensão e diabetes, dentre outros. 
Para organizar o Pré-Natal do Parceiro no território é necessário que os 
dois principais pontos de atenção envolvidos nessa modalidade de cuidado 
tenham definidas e negociadas suas responsabilidades:
Atenção Primária - Unidades Básicas de Saúde
É na rede de Atenção Primária que a mulher tem acesso aos exames 
confirmatórios da gravidez, e é acompanhada durante toda a gestação. Ao 
receber o resultado positivo do teste imunológico para a gravidez deve se 
oportunizar a inclusão dos homens no processo, explicando como será sua 
12
participação, estimulando-o a comparecer às consultas, realizar os exames 
solicitados, receber tratamento quando indicado e acompanhar a mulher 
no hospital no momento do parto. Nesse momento a equipe pode buscar 
informações sobre quem são esses homens (faixa etária, escolaridade, 
condições de vida, profissão, situação conjugal), qual sua história reprodutiva, 
qual a perspectiva frente ao resultado do teste de gravidez, o que sabe de 
paternidade e cuidado, se conhece métodos contraceptivos, como também 
os modos de se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis, e se tem 
conhecimento dos serviços oferecidos pela unidade de saúde. Também 
é o momento de atualizar o cartão de vacinas do adulto. Na ocasião do 
diagnóstico de gravidez, as UBS devem ofertar teste rápido de sífilis e HIV 
para as mulheres e, caso o exame de sífilis apresente resultado positivo, 
iniciar o protocolo de abordagem de sífilis. É importante que os profissionais 
solicitem à gestante que leve o parceiro para testagem e eventual tratamento, 
caso esse não esteja presente no momento da consulta.
Na avaliação dos resultados de exames e definição do tratamento (se 
necessário) é recomendada a abordagem da temática das vulnerabilidades 
no âmbito da vida sexual e reprodutiva, ou do uso e abuso de substâncias 
lícitas ou ilícitas, e questões de aconselhamento. 
Percebe-se neste momento a oportunidade de incluir os homens nas 
atividades individuais ou em grupo nas unidades de saúde, com as quais ele 
será incentivado a refletir sobre temas relacionados à masculinidade, gênero, 
saúde sexual e reprodutiva, paternidade e cuidado, hábitos saudáveis de vida, 
prevenção de violência e acidentes, direitos legais dos pais e parceiros. 
Deve ficar claro que a presença dos homens é benvinda em todas as consultas de 
pré-natal, assim como nas atividades em grupo desenvolvidas com as gestantes, 
na medida de suas possibilidades, valorizando sua capacidade como cuidador, 
escutando suas demandas e sugestões, oferecendo apoio e incentivando-os 
a cuidar da própria saúde. Caso isto não ocorra, propõe-se a busca ativa do 
parceiro sexual para verificação de sorologias e tratamento se, por ocasião do 
3º trimestre, as sorologias da grávida resultarem em positividade.
Atenção hospitalar - Maternidades
A entrada do pai/parceiro sexual na rotina dos serviços obstétricos precisa 
do apoio de gestores e dos profissionais de saúde, pois historicamente os 
homens estiveram afastados dos serviços de saúde e, apesar de apoiada 
1
13
por dispositivos legais (Lei Federal nº 11108/2005 – acompanhamento do 
parto), há uma distância considerável entre a recomendação da presença 
do pai/parceiro no parto e a prática das maternidades. Todos os envolvidos 
no processo precisam estar sensibilizados para a importância da presença 
do pai/parceiro, por vezes a única referência emocional da grávida, trazendo 
benefícios à saúde da mãe, do bebê e à sua própria. Portanto, em primeiro 
lugar a equipe de saúde deve entender que os homens não é visita, e sim 
um agente/ator/parceiro permanente durante todo o processo; é desejável 
que tenha participação ativa na esfera familiar durante a gestação, parto e 
pós-parto. Sendo assim, sua presença é fundamental para a construção de 
vínculos. Estudos indicam que a presença de acompanhante no parto tem 
sido associada a resultados positivos, como a menor solicitação de alívio 
da dor, menor risco de cesárea ou de partos operatórios, menor risco de 
Apgar abaixo de 7 nos primeiros 5 minutos, menor avaliação pela mulher 
do parto como experiência negativa, maior satisfação com o parto, menos 
trauma perineal, menor risco de desmame precoce e de dificuldades com a 
maternagem no pós-parto, entre outros.
A participação paterna no processo de nascimento e parto se dá durante o 
pré-natal, no momento que antecede ao parto, com apoio emocional e físico, 
e por ocasião do parto. Para tanto, é importante preparar o pai/parceiro para 
a sua presença na sala de parto como um coadjuvante. Cabe aos profissionais 
desenvolver com o pai uma relação de orientação, cuidadosa, respeitosa 
e facilitar sua permanência ao lado da parturiente, compartilhando de 
uma mesma linguagem e rotina de cuidados. O acompanhante deverá ser 
incluído desde a internação, sendo esclarecido de maneira simples sobre 
os procedimentos e rotinas hospitalares, além de discutir suas expectativas 
e de como poderá ajudar. Durante o trabalho de parto os homens podem 
interagir, interpretar e atender às necessidades da parturiente, e poderão 
oferecer apoio através da presença contínua, conforto, contato manual como 
massagem, encorajamento verbal, hidratação, banho e deambulação (quando 
não há contraindicação obstétrica). No momento do parto a equipe oferecerá 
vestimentas hospitalares ao acompanhante, que deverá ser posicionado 
pela equipe ao lado da parturiente. Desse modo, os homens participam e 
compartilham de momentos benéficos ao casal; também poderá cortar o 
cordão umbilical, caso o deseje, pegar o bebê e colocá-lo junto ao peito da 
mãe, e assistir ou participar da higiene do bebê.
14
3. PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIA E ACIDENTES
OBJETIVO: propor e/ou desenvolver ações que chamem atenção para a 
grave e contundente relação entre a população masculina e as violências 
(em especial a violência urbana) e acidentes, sensibilizando a população em 
geral e os profissionais de saúde sobre o tema.
A violência, em definição da Organização Mundial da Saúde é o “uso 
intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, 
contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou 
tenha grandes possibilidades de resultar em lesão, morte, dano psicológico, 
deficiência de desenvolvimento ou privação”. Fenômeno difuso, complexo e 
multicausal, é um tema bastante caro na elaboração das políticas públicas 
para a saúde dos homens, pois é um grande determinante dos indicadores de 
morbimortalidade por causas externas, sendo a principal causa de mortes de 
homens entre 15 e 29 anos.
Os homens são mais vulneráveis à violência, seja como autores, seja como 
vítimas, e é comum a associação da agressividade ao sexo masculino, em grande 
parte vinculada ao uso abusivo de álcool, de drogas ilícitas e acesso às armas de 
fogo. Em face disto, está dado o desafio: desenvolver a visão sistêmica sobre o 
processo da violência, não atribuindo inexoravelmente aos homens o papel de 
violento e agressor, o que reduzirá a abordagem à questão puramente penal, 
mas sim reconhecer que o agressor também é vítima e, a partir daí, intervir 
preventivamente sobre as causas, e não apenas na reparação da violência. 
Frente a isto, é necessário provocar o debate sobre o quanto os profissionais 
de saúde estão estruturados para identificar, acolher e encaminhar situações 
de violência envolvendo homens (não só como autores, mas também como 
vítimas), assim como desenvolver estratégias e ações educativas voltadas 
paraa população masculina, com vistas à prevenção de violências e acidentes, 
o abuso de álcool e de outras drogas.
No Município de São Paulo, a apresentação da Linha de Cuidado para Atenção 
Integral à Saúde da Pessoa em Situação de Violência (2015) representa um 
significativo avanço no enfrentamento do fenômeno; na implantação regional 
da PMAISH recomenda-se que se explore ao máximo a potencialidade dos 
Núcleos de Prevenção de Violência (NPV), institucionalizados em todos os 
serviços de saúde, na busca de minimizar o impacto das diversas formas de 
15
violência sobre os cidadãos, mas também compreendendo que a violência, em 
todas as suas formas, talvez seja o único ponto de contato dos homens com os 
serviços de saúde (em hospitais, pronto-atendimento, pronto-socorro), e os 
profissionais precisam estar atentos às possibilidades de vincular o homem 
às equipes de saúde e proporcionar cuidado continuado.
4. SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA 
OBJETIVO: sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população 
em geral para reconhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e 
reprodutivos, os envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando 
estratégias para aproximá-los desta temática.
De acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde, saúde sexual é 
um estado de bem-estar físico, mental e social em relação à sexualidade, que 
requer uma aproximação positiva e respeitosa à sexualidade e relações entre 
sexos, assim como a possibilidade de ter experiências sexuais prazerosas 
e saudáveis, livres de correção, discriminação e violência. Para tanto, os 
direitos sexuais de todas as pessoas precisam ser respeitados, protegidos 
e realizados. Saúde reprodutiva, por sua vez, é o estado no qual as pessoas 
são capazes de ter uma vida sexual responsável, satisfatória e segura, com 
capacidade para a reprodução, e a liberdade de decidir se a desejam, quando 
e com que frequência. Igualmente implicam no direito de homens e mulheres 
serem informados e terem acesso a métodos de fertilização seguros, efetivos 
e economicamente acessíveis, e o direito de acesso a serviços de saúde que 
possam permitir segurança na gravidez e no parto.
Porque falar de saúde sexual e reprodutiva no âmbito da saúde dos homens? 
A sexualidade, necessidade básica e indissociável dos demais aspectos da vida 
de homens e mulheres, precisa ser discutida para garantir saúde. Os homens 
precisam ser incluídos nas atividades que abordam a saúde sexual e reprodutiva. 
As equipes precisam estar preparadas para desenvolver ações voltadas à 
saúde sexual e reprodutiva, com a compreensão de que essa é expressa por 
diversas formas de sexualidade e expressão; devem oportunizar a discussão 
sobre as masculinidades e suas diversas expressões, sobre gênero e relações 
de poder e sobre a implicação dessas questões na saúde. Fica clara, portanto, 
a necessidade de estender a discussão de sexualidade para muito além do 
biológico; é necessário abordar as disfunções sexuais, as neoplasias ligadas 
aos órgãos sexuais masculinos e as infecções sexualmente transmissíveis na 
16
perspectiva da atenção integral, evitando-se o reducionismo da articulação 
sexo-saúde-medicalização do corpo masculino, e o esvaziamento da noção 
de saúde sexual associada exclusivamente à disfunção erétil. Corre-se, desse 
modo, o risco da perpetuação da imagem do “homem-reprodutor”, ignorando-
se quaisquer outras formas de percepção da sexualidade masculina. 
Para que se alcance esse objetivo, há de se desenvolver estratégias que 
contemplem as demandas dos homens, em um contexto receptor dessas 
necessidades, acolhendo-os sem preconceitos ou discriminação de nenhuma 
ordem, onde possam expressar suas escolhas, suas práticas, seus medos, 
suas aspirações; favorecer o acesso à informação sobre direito sexual e 
direito reprodutivo, levando em consideração o contexto cultural no qual 
o homem está inserido. De igual importância é a prevenção e controle das 
doenças sexualmente transmissíveis e do HIV, as campanhas informativas 
que esclareçam sobre a higiene íntima masculina, a visibilização da população 
LGBT de acordo com a lógica do SUS, como também a incorporação das 
questões de masculinidades das diferentes etnias e povos, buscando 
trabalhar suas vulnerabilidades e o respeito às especificidades em saúde 
sexual e reprodutiva de cada uma destas culturas.
5. PRINCIPAIS AGRAVOS/CONDIÇÕES CRÔNICAS 
OBJETIVO: fortalecer a assistência básica no cuidado à saúde dos homens, 
facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao 
enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde. 
Desde o final dos anos 90, a prevenção das doenças crônicas não 
transmissíveis tornou-se foco de preocupação dos sistemas de saúde nos 
países desenvolvidos e em desenvolvimento porque, além de associadas a 
altos índices de mortalidade, também respondem por significantes custos para 
a saúde, sendo uma das principais causas de incapacidade em nosso meio. 
Merecem destaque a hipertensão arterial e o diabetes melito que, associados à 
dislipidemia, tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada e obesidade, 
são os principais determinantes das afecções cardiovasculares no mundo. 
O sistema de saúde, hoje organizado em torno de um modelo de tratamento 
de casos agudos e episódicos, não mais atende as necessidades de saúde, 
especialmente para doenças de longa duração. A análise da prevalência das 
principais condições associadas às doenças crônicas claramente inviabiliza 
17
a construção da assistência baseada na fragmentação e na centralização ao 
redor do binômio médico – hospital, o que exige uma mudança na prática 
clínica vigente, não mais relegando a pessoa ao papel de recebedor passivo 
do tratamento, mas explorando ao máximo a oportunidade de tirar proveito 
do que possa fazer para promover sua própria saúde. 
Frente a esse cenário, fica clara a necessidade de se estabelecer estratégias 
de reestruturação dos processos de trabalho, contrapondo ao “olhar agudo” 
sobre a assistência um renovado “olhar crônico”. Não existindo a possibilidade 
de cura, mas somente a perspectiva de controle da condição crônica e da 
prevenção de agravos, surge a necessidade de serviços adequados para gerir 
cuidados, promover a modificação e incorporação de hábitos de vida saudáveis 
e enfatizar um enfoque de cunho preventivo e educativo. Esse conjunto de ações 
encontra as condições mais adequadas para ser viabilizado junto à Atenção 
Básica. Porém, como já citado anteriormente, considerável parcela masculina 
da população busca tardiamente a assistência, preferencialmente nos serviços 
especializados e de pronto-atendimento (muitas vezes com algum diagnóstico 
instalado), num contexto que aborda fundamentalmente a questão biológica. 
Isso se reflete principalmente nos dados de mortalidade e expectativa de vida 
masculina, com considerável disparidade quando comparadas à feminina. Como 
superar, então, a questão da resistência dos homens em procurar o CUIDADO 
em sua acepção mais ampla e modificar as práticas vigentes em relação ao 
imaginário da saúde masculina, de modo a que sejam mais preventivos em 
relação à própria saúde e fortalecidos quanto ao autocuidado?
Para definir e priorizar ações para o enfrentamento às DCNT no território, 
cabe a reflexão sobre os seguintes aspectos:
1. Quais as prevalências dos principais fatores de risco comuns e mo-
dificáveis para as DCNT no território, em homens na faixa etária alvo da 
PNAISH (obesidade, sedentarismo, alimentação não saudável, tabagismo, 
uso e abuso de álcool)?
2. Quais as principais ações implantadas para promover saúde e 
prevenir doenças? 
3. A estratificação de risco está consolidada como estratégia para pro-
gramação da oferta de cuidado?
18
4. Tendo em vista que o acesso às especialidades no Município de São Paulo é 
em grande parte regulado a partir da Atenção Básica, esses encaminhamentos 
acontecem somente após esgotadas todas as possibilidades de intervenção 
daAtenção Básica? Se não, quais os fatores que direta ou indiretamente 
contribuem para isso, e quais as ações propostas para a vinculação do homem 
ao cuidado continuado, oportuno e resolutivo na Atenção Básica? 
5. Quanto significativa é a proporção de faltas dos homens às consultas 
agendadas? É possível identificar que homens deixam de comparecer à consulta 
agendada (idade, com diagnóstico instalado ou não, estado civil, ocupação, 
escolaridade, renda, em situação de vulnerabilidade ou não) e por que motivo? 
6. A articulação entre os diferentes pontos de atenção é potente o suficiente 
para garantir o cuidado continuado?
7. Quais as parcerias com instâncias intra e extra saúde que podem ser 
estabelecidas ou fortalecidas nos territórios?
Além dos aspectos acima, um dos fundamentos para o enfrentamento das 
DCNT no contexto da saúde do homem é a discussão sobre os determinantes 
socioambientais e sua influência na saúde e adoecimento dos indivíduos 
(desigualdades sociais, diferença de acesso a bens e serviços, baixa 
escolaridade, baixa renda, desigualdade de acesso à informação, falta de 
acesso à alimentação saudável, ambientes insalubres); há de se reconhecer 
as inúmeras possibilidades de integração dos diversos setores sociais 
(Educação, Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social, Direitos Humanos 
e Cidadania, Esportes e Lazer, Trabalho e Empreendedorismo, Pessoa com 
Deficiência, sociedade civil organizada), e convocá-los para compor ações 
estratégicas em conjunto, buscando criar uma rede de proteção às pessoas. 
No âmbito de SMS é oportuno vislumbrar a possibilidade de uma atitude mais 
proativa dos níveis centrais na aproximação com os setores citados, o que 
facilita a articulação regional.
19
A I M P L A N T A Ç Ã O D A P O L Í T I C A M U N I C I P A L 
D E A T E N Ç Ã O I N T E G R A L À S A Ú D E D O H O M E M 
E O C O T I D I A N O D A S P R Á T I C A S E M S A Ú D E - 
D I Á L O G O S P O S S Í V E I S
A premissa de ressignificar as nossas próprias representações do SER HO-
MEM e promover ações que permitam a esses homens serem protagonistas 
das ações de saúde provoca a discussão sobre o entrelaçamento do constru-
to de gênero, das masculinidades, das políticas públicas e das práticas em 
saúde; instala-se, então, um grande desafio, e algumas questões a serem 
respondidas: o modo vigente de produzir cuidado, em especial sob a forma de 
Programas dirigidos a populações específicas, dá conta de prover a atenção 
integral à saúde dos homens? Se não, como estabelecer ações que reconhe-
çam a pluralidade das masculinidades, visando alcançar populações distin-
tas, com a articulação de ações institucionais que garantam o acesso e refor-
cem os princípios gerais de integralidade, universalidade e equidade? Qual a 
oferta mínima de ações que podem ser garantidas para todos os homens que 
acessam o sistema, na Atenção Básica e nos outros níveis da assistência? 
A percepção das relações que se estabelecem entre profissionais de 
saúde e usuários do sexo masculino auxilia na compreensão de barreiras 
institucionais e relacionais que impactam no acolhimento das demandas 
dos homens, levando à leitura crítica dos “postulados” que reafirmam o 
“machismo” como “salvo-conduto” para não adoecer, como passaporte para 
hábitos de vida pouco saudáveis e para justificar a relativa “ausência” dos 
homens nos serviços de saúde.
Em geral, a população masculina corresponde a parcela menor que a feminina 
nos serviços de atenção básica, e há tendência a associar a adoção de práticas 
curativas aos homens, e preventivas às mulheres; isto se traduz diretamente 
na busca dos homens por serviços de especialidade ou pronto-atendimento em 
situações de doenças agudas e/ou urgência, de resposta rápida e, em geral, 
calcado no biológico, principalmente quando há impacto em sua capacidade 
laboral. Se nos serviços não se percebe a dificuldade na assistência aos 
“homens doentes”, o cenário se inverte quando diz respeito a apoiar os homens 
na reflexão sobre a mudança de atitude em relação à própria saúde.
Na implantação da PMAISH é importante considerar duas dimensões 
passíveis de intervenção: por um lado, o que mais se aproxima dos níveis 
20
administrativos (Planejamento e Gestão), com o estabelecimento de ações 
consistentes, sustentáveis, fundamentadas nas necessidades locais e no 
estabelecimento de metas a serem alcançadas, voltadas à atenção integral 
e não ao enfrentamento de problemas pontuais; nesse sentido, deve haver 
permeabilidade para discutir algumas estratégias de aproximação do homem 
com as equipes de saúde, consideradas as possibilidades regionais: ampliar 
o acesso para homens que trabalham ou estudam no território, realizar 
visitas e atendimentos domiciliares, ampliar o horário de atendimento da 
Unidade, realizar ações em espaços extramuros com grande concentração 
de homens, acolher a demanda não agendada, desenvolver calendário de 
ações de Educação Permanente em temas de saúde do homem. 
Por outro lado, deve-se considerar o que tem relação com a organização dos 
processos de trabalho e com os profissionais que circulam e produzem a 
vida dos serviços de saúde, articulando várias formas de saber na produção 
do cuidado. As equipes estão preparadas para uma assistência humanizada 
e de qualidade, e com a oferta de atenção específica respeitando as nuances 
da atenção à saúde do homem? Em qual proporção de consome a “tecnologia 
”leve”, relacional e cuidadora (que deve ser priorizada) em relação à 
“tecnologia dura” (exames imagens procedimentos)? As ações de saúde são 
realmente centralizadas nos homens e suas demandas específicas?
Outro elemento-chave consiste em fortalecer a capacidade do homem para 
cuidar de si, fator fundamental para escolhas responsáveis e melhoria da 
qualidade de vida. Para tanto, o formato de trabalho em grupo e de educação 
em saúde deve ser revisitado, com a criação de processos que efetivamente 
contribuam para o autocuidado. Mais do que uma sequência descoordenada 
de diferentes ações em saúde, muitas das vezes dirigidas às mesmas pessoas 
por anos a fio, deve-se buscar na articulação dos diferentes saberes e práticas 
uma atuação mais solidária, focada nas necessidades e com objetivos claros.
Na implantação da PMAISH alguns alinhamentos são necessários:
1. Às ações de organização das Redes de Atenção à Saúde nas Coordenadorias 
Regionais de Saúde, a partir da análise da situação de saúde do território e 
das necessidades de saúde dos homens, com a identificação dos problemas 
prioritários que requeiram a implementação de soluções;
21
2. Ao estabelecimento de ações de Educação Permanente para além do 
conceito biomédico de doença, ampliando o conteúdo programático para as 
questões de gênero, masculinidades, populações vulneráveis (negros, indí-
genas, migrantes, população LGBT, população em situação de rua, popula-
ção privada de liberdade, idosos, iletrados), entre outras possibilidades;
3. Às diretrizes da Política Nacional da Atenção Básica e do Programa 
Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), 
que representam um importante avanço no sentido da promoção da saúde 
masculina, propiciando ambientes livres de constrangimento, acolhedores e 
estruturados para proporcionar melhores condições de trabalho e melhores 
relações de comunicação:
 a. A melhoria contínua dos processos de trabalho, com consequente 
melhoria da qualidade dos serviços; 
 b. O estímulo à efetiva mudança do modelo de atenção vigente, 
fragmentado e de baixa resolutividade, prescritivo, médico-centrado, focado 
na queixa-conduta e na dimensão biomédica do processo saúde-doença-
cuidado; ao invés, apostar na forte articulação entre os profissionais, de modo 
que não só as ações sejam compartilhadas, mas também haja um processo 
interdisciplinar no qual, progressivamente, os núcleos de competência 
profissionais específicos vão enriquecendo o campo comum de competências, 
ampliando, assim, a capacidadede cuidado de toda a equipe;
 c. Os projetos terapêuticos centrado na pessoa;
 d. O estabelecimento de comparação entre as atividades desenvolvidas 
nas Unidades de Saúde (umas com práticas mais consolidadas, outras 
com práticas incipientes), o que possibilita estabelecer as prioridades de 
intervenção e a expansão da PMAISH no território;
 e. O fortalecimento da integração das equipes da AB com os outros 
pontos da rede de atenção;
4. À implementação de metodologia para monitoramento da implantação da 
PMAISH e avaliação contínua.
Finalmente, devem ser consideradas as interfaces com as políticas que são 
transversais à Saúde do Homem, com destaque para a Saúde Mental e a 
Saúde do Trabalhador.
22
E S T R U T U R A B Á S I C A S U G E R I D A P A R A O 
P L A N E J A M E N T O R E G I O N A L
Para a elaboração do planeamento regional para implantação da PMAISH é 
sugerida a seguinte estrutura básica:
1. Introdução
2. Análise situacional:
 a. Dados demográficos
 b. Perfil das morbidades
 c. Perfil de mortalidade
 d. Identificação das iniciativas e ações voltadas à saúde do homem em 
curso, e sua inserção no Plano Regional
 e. Identificação das parcerias intra e extra saúde 
3. Identificação dos problemas e priorização para intervenção
4. Formulação de objetivos, metas, ações e responsáveis
5. Avaliação e monitoramento, com definição de indicadores que permitam 
determinar o grau de cumprimento das metas
ENTRE A INTENÇÃO E O GESTO
Afinal, de que homens estamos falando? Como planejar a oferta de serviços 
de atenção à saúde que respeite as singularidades, diversidades sociais, cul-
turais, étnicas, religiosas e de gênero? Como envolver todos os atores em 
ampla pactuação, para que as ações sejam legítimas e sustentáveis? Quais 
as responsabilidades implícitas das diferentes instâncias de SMS para o êxito 
da ação? Como, a partir das necessidades e possibilidades do Município de 
São Paulo e dos preceitos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde 
do Homem, implantar a Política Municipal de Atenção Integral à Saúde do 
Homem? São questões para reflexão, que devem traduzir o compromisso de 
SMS, que se concretizará tendo por referencial as seguintes linhas de ação:
1. Priorizar a Atenção Básica, referência para a estruturação dos sistemas 
locais de saúde, explorando ao máximo sua potência em entender o sujeito 
23
em sua singularidade, em diversos contextos socioculturais e locorregionais, 
considerando a organização local das Redes de Atenção à Saúde, com o obje-
tivo de garantir a continuidade do cuidado;
2. Definir, para os demais pontos de atenção do território, o conjunto de ações 
necessárias para acolher as diferentes demandas masculinas e propiciar as 
referências que garantam a atenção integral e a continuidade do cuidado;
3. Fortalecer a vigilância e atuação sobre os principais fatores de proteção 
e de risco comuns e modificáveis para as DCNT, captando precocemente a 
população masculina para as atividades de prevenção primária relativa às 
doenças cardiovasculares e cânceres, entre outros agravos recorrentes;
4. Implantar a Linha de Cuidado da Hiperplasia Prostática Benigna, e acessar as 
Unidades que sistematicamente tem realizado o rastreamento do câncer de prós-
tata para alinhamento com a recomendação do Instituto Nacional do Câncer/MS;
5. Incluir nas ações de Educação Permanente temas ligados a Atenção 
Integral à Saúde do Homem, buscando a transversalidade em todas as 
capacitações programadas;
6. Ampliar a participação do parceiro no pré-natal e incluir os homens nos 
programas de saúde/direitos sexuais e reprodutivos.
7. Estender o campo de atuação aos espaços extra saúde, com grande con-
centração de homens, disseminando informação sobre a importância dos 
cuidados com a saúde do homem e desenvolvendo estratégias para vincula-
ção desses aos serviços de saúde.
Desse modo, ao se destacar a discussão sobre a saúde do homem e o esta-
belecimento de redes que permitam prestar assistência continuada a essa 
parcela da população, pretende-se, de forma organizada, incluir todos os en-
volvidos no processo saúde-doença, com realce para as ações de promoção 
da saúde e prevenção de doenças. Neste cenário pode-se, então, estabelecer 
ações efetivas, sendo possível perceber em alguns anos a repercussão des-
sas iniciativas na qualidade de vida e nos indicadores de saúde da população 
masculina da cidade de São Paulo.
 
24
REFERÊNCIAS
Anexo 1
Área Técnica de Saúde do Homem/Coordenação da Atenção Básica/ Se-
cretaria Municipal da Saúde de São Paulo – link para o documento de es-
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