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CATTLEYA AMETHYSTAGLOSSA Apresentação de “�po e variedades” e aventuras de descobrimentos Raymundo Fernandes Reis Junior Walney Félix da Silva 2020 1 Cattleya amethystoglossa: Apresentação de “tipo e variedades” e aventuras de descobrimentos Raymundo Fernandes Reis Junior e Walney Félix da Silva Introdução Cattleya amethystoglossa, popularmente conhecida como amestistoglossa ou ametista, é considerada a rainha das “cattleyas” do Brasil, o que pode ser comprovada pela exuberância e variabilidade de suas formas, cores e tons, além da evidente elegância audaciosa da sua vegetação. Cattleya amethystoglossa, pertencente à família Orchidaceae, é uma espécie genuinamente brasileira, cujo principal habitat são as matas altas do sul da Bahia e foi registrada pela primeira vez em coleta realizada em 1857. Atualmente, sua ocorrência tem sido notada em outras regiões da Bahia, além de outros estados. Classificada por Lindley e Reichenbach, trata-se de uma planta robusta epífita ou rupícola com pseudobulbos cilíndricos e vincados de até um metro de altura (WIKIPEDIA, 2020). A espécie lança raízes vistosas que abraçam e dominam onde tocam, buscando o sustento para resultar em flores maravilhosas. 2 Imagine-se estar em um meio ambiente forte, lindo e complexo, que é a mata atlântica Brasileira, onde reúne um conjunto de flora diversificada, e, surpreendentemente, deparar- se com um espetacular exemplar de amesthystoglossa, é inesquecível. Portanto, além da indomável paixão por representantes desta espécie, é necessário reunir estudos mais detalhados sobre a mesma, o que possibilitará agregar informação e conhecimento em um artigo capaz de expressar o que podemos chamar de “complexo Cattleya amethystoglossa”. Distribuição geográfica Por muito tempo a Cattleya amethystoglossa foi dada como endêmica da Bahia. Pesquisadores, coletores e botânicos, em suas viagens de descobrimento, deixaram relatos que por muito tempo foi aceito como definitivo. Inicialmente, as primeiras coletas ocorreram na região próxima ao litoral, uma área restrita ao recôncavo baiano. Em expedições posteriores, foram realizadas coletas que ampliaram consideravelmente o horizonte geográfico de sua distribuição. Cattleya amethystoglossa foram coletadas em direção ao interior baiano, adentrando a região central, chapada diamantina, região do Rio São Francisco, região sudoeste e sul da Bahia, e também foi coletada no norte da Bahia, embrenhando-se no estado de Pernambuco. Segundo relatos, também já foi coletada no norte do Espírito Santo, no entanto, constata-se que atualmente não é 3 mais encontrada neste estado. Em Minas Gerais é encontrada em região do Vale do Mucurí, Vale do Jequitinhonha e Vale do Rio doce, (Foto 1). Em virtude do seu hábito epífita, eventualmente rupícola, habitam regiões de 150 a 1200m de altitude. Foto 1: Mapa de distribuição geográfica Exposição deCattleya amethystoglossa no berço de sua origem Em uma bucólica vila a beira mar no sul da Bahia, em uma região chamada de Costa da Baleia, foi idealizada exposição e feira de C. amethystoglossa. Reuniu-se colecionadores e produtores da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, no que ficou conhecido de “exposição e feira de Cumuruxatiba”, mesmo nome da Vila onde o evento ocorre. 4 Cumuruxatiba é uma antiga vila de pescadores e aldeia de índios, lugar aconchegante e de povo hospitaleiro, com um bom conjunto de hotéis e pousadas, sempre prontas a receber os visitantes havidos pelo encontro com a tranquilidade em um local aconchegante e com um meio ambiente preservado. Possui belas praias e areia fofa, com majestosa formação de rochas a quebrar as ondas, tornando-as macias e suaves, boa para relaxar a beira mar e na sombra de coqueiros. A formação geológica de Cumuruxatiba é distinta, pois confere à vila, situada ao nível do mar, uma expressão de um lindo quadro da natureza, com seus lagos e falésias (Foto 2). Foto 2: Mar Falésia No alto, na borda da falésia, fica o restaurante “Catamarã”, propriedade do amigo e orquidófilo Rui. Neste sítio, além da vista fantástica, também se encontra o melhor restaurante do lugar, comandado pela Dona Elizete, de dons culinários dignos de estrela Michelin. É neste cenário onde tudo acontece, todos os anos, no período de 07 de setembro, feriado em comemoração da independência do Brasil. Nestes dias, o mar, a paisagem e a 5 cozinha dividem a atenção com a Cattleya amethystoglossa. Todo o conjunto da feira e exposição é montado de forma rústica, respeitando-se e combinando com o meio ambiente. Afinal, estamos em território de povos nativos e a natureza reina (Foto 3) Foto 3:Alan e Walnei Cattleya amethystoglossa: “Tipo” e “variedades” Neste artigo, descreveremos a Cattleya Amethystoglossa como plantas silvestres (que nasce, cresce e dá flores ou frutos sem cultivo). Ou seja, essas plantas tiveram origem no seu habitat natural, e, posteriormente, foram coletadas e estão em coleções particulares. No entanto, os exemplares são submetidos a cruzamentos artificiais entre essas plantas, com o objetivo do melhoramento de formas, cores, tamanhos e quantidades de flores. A natureza naturalmente produz recombinação, gerando variabilidade e evolução, desde que não hajam barreiras geográficas e biológicas. O homem procura dar velocidade a esses acontecimentos, combinando variedades 6 isoladas geograficamente e selecionando as combinações que melhor atendem às suas expectativas. Não trataremos aqui de Cattleya amethystoglossa que sofreu tratamento ou modificação cromossômica por indução, nem de plantas que foram submetidas a cruzamento entre espécies para a produção de híbridos e retrocruzamentos, no intuíto de aproveitar a melhor combinação genética desejada. Neste trabalho, a Cattleya amethystoglossa foi dividida em plantas denominadas “tipo” (plantas classificadas como padrão) e “variedades” (plantas com particularidades que as difere da plantas padrão); mostraremos os dois grupos, as suas peculiaridades, características e distinção. Cattleya amethystoglossa: “Tipo” Cattleya amethystoglossa tipo é bem característica, apresenta um tom róseo-claro pintalgado (Foto 4). A planta foi avaliada por Lindley e Reichenbach em 1857, para descrição e posterior publicação, é a planta padrão e representa a grande maioria das amostras encontradas na natureza. O seu nome amethystoglossa, uma referência a amethystos (ametista) e glossa (língua), em referência a cor do labelo dessa espécie (Toscano e Cribb, 2005). Foto 4: Cruz das Almas 7 Apresentaremos a Cattleya amethystoglossa “tipo” partindo de um padrão de forma, cor e disposição das pintas, referindo-se às suas características comuns até um conjunto mais alinhado e harmonioso. A sequência de fotos permite visualizar a beleza da espécie em relação à sua arquitetura mais apurada, resultado da seleção de plantas silvestres e também daquelas resultantes de cruzamento entre plantas da mesma espécie, denotando o conjunto de belezas sem igual (Fotos 5 a 9). Salientamos que, nós, apaixonados por orquídeas, temos por hábito dar nomes às amostras encontradas das mesmas, tornando-as um ente querido, o que, na verdade, realmente é o que elas representam. Foto 5 Foto 6: “Gloriosa" 8 Foto7: "Independência" Foto 8: "Sandrinha" Foto 9Veremos a seguiras imagens de Cattleya amethystoglossa silvestres de alta qualidade harmônica, plantas de forma impecável e de genoma tetraploide (Fotos 10 e 11). São orquídeas de sépalas e pétalas mais largas e labelo plano, dando um corpo arredondado, características que remetem a uma genética aprimorada na beleza dos contornos das flores, as quais são transmitidas a seus descendentes. 9 Foto 10: "Madona" Foto 11: "Zabelê" A partir da seleção dos tipos Madona e Zabelê, e do cruzamento entre elas, obtivemos as plantas filhas ilustradas abaixo (Fotos 12 a 14). Podemos observar a simetria e a beleza excepcional das flores de plantas destes tipos no seu estado natural e dos descendentes dos seus cruzamentos. A planta da foto 14 homenageia o amigo Alain Benoit, fervoroso ambientalista e amante das orquídeas do Brasil. Foto 12 Foto 13: "Ave Maria" 10 Foto 14: "Alain Benoit" Cattleya amethystoglossa: “Variedades” Se a Cattleya amethystoglossa “tipo”, por si só, é muito linda, as variedades pertencem a um mundo à parte, devido ao seu grande esplendor e complexidade. Esta complexidade é devida aos padrões de cores e interação de detalhes que tornam as variedades um espetáculo maravilhoso. São várias Cattleya amethyistoglossa que se encaixam como “variedades”, as principais são: “Rubra”, “Flâmea”, “Concolor”, “Marginata”, “Salmonea”, “Lisa”, “Amesiana”, “Lilacina”, “Semi- alba”, “Coerulea”, “Albescens”, “Vinicolor”, “Alba e a espetacular e única a “Áurea”͘. Enquanto se aprecia as fotos, serão contada algumas “histórias de descobrimento” de plantas excepcionais, as 11 aventuras proporcionadas pela sua descoberta e o legado botânico deixado para a ciência e aos apaixonados orquidófilos. Mergulharemos no interior de belas matas tropicais em companhia dos sonhos de desbravadores e colecionadores dos séculos XX e XXI, na apresentação, como troféus, das belezas das Cattleya amethystoglossa misteriosamente ainda guardadas nestas matas. Cattleya amethystoglossa: Var. “Rubra” Esta variedade apresenta flor de pétala, sépala e labelo bem escuros e pintas em tons profundos (Fotos 15 e 16). Foto 15: “WF1” Foto 16: “Paixão” 12 Cattleya amethystoglossa: Var. “Flâmea” Possui flor de porte elegante, com pétalas apresentando manchas estriadas como chama, daí o seu nome (Fotos 17 e 18). Foto 17: “Tiêta” Foto 18: "Linhares" 13 attleya amethystoglossa: Var. “Concolor” De flor cor rósea em todo seu corpo, com pétalas, sépalas e labelo em mesmo tom de cor (Fotos 19 e 20). Foto 19: “Rosita” Foto 20: “Marc Pignal” Cattleya amethystoglossa: Var. “Marginata” Flor com máculas margeando as pétalas em toda a sua extensão (Fotos 21, 22 e 23). Foto 21 Foto 22: “Dona Rita” 14 Foto 23: “Renato Barboza” Cattleya amethystoglossa: Var. “Salmonea” Flor com pétalas, sépalas e labelo em cor salmão (Fotos 24 e 25). Foto 24: “André Stumbo” Foto 25: ”Walney" 15 Cattleya amethystoglossa: Var “Lisa” Flor com pétalas e sépalas rósea e sem pintas ou quase nenhuma (Fotos 26 e 27). Foto 26: "Elton Leme" Foto 27 16 Cattleya amethystoglossa: Var. “Amesiana” Possui flor com pétalas e sépalas em cor clara por igual, com pintas lilás escuro e labelo lilás bem suave (Fotos 28 a 30). Foto 28: “Dona Rita” Foto 29 Foto 30: “Lenita” 17 Cattleya amethystoglossa: Var. “Lilacina” Possui flor com pétalas, sépalas e labelo na cor lilás e quase sem pintas (Fotos 31 e 32). Foto 31: "Walney" Foto 32: " Junior" Cattleya amethystoglossa: Var. “Semi-alba” Flor com pétalas e sépalas em cor branca e labelo ametista (Foto 33). Foto 33: “Edmundo Silva” 18 Cattleya amethystoglossa: Var. “Coerulea” Flor com pétalas e sépalas brancas, pintadas do mesmo tom coeruleo (azul) do labelo, podendo apresentar variações de tons (Fotos 34 a 37). Foto 34: "Jussari" Foto 35: "Celeste" Foto 36: "Caliman" Foto 37 19 Cattleya amethystoglossa: Var. “Albescens” Flor com pétalas e sépalas brancas, com suaves máculas cinza ou rosada e labelo que vai do rosa claro a quase branco (Fotos 38 a 41). A aventura do descobrimento da “Albescens”, será relatada mais adiante. Foto 39: “Areia Branca” Foto 40 : “Saira” Foto 41: “Bioverde” Foto 42: “Inaia” 20 Cattleya amethystoglossa: Var. “Vinicolor” Maravilhosa flor de pétalas e sépalas em cor creme com tom róseo e labelo rosado (Fotos 42 e 43) Foto 42 “Celebridade” Foto 43: “Brisa” Cattleya amethystoglossa: Var. “Alba” Flor com pétalas, sépalas e labelo branco pleno (Fotos 44 e 45) Foto 44: “Alba do Edmundo” Foto 45: “Alba Lorena” 21 Cattleya amethystoglossa: Var. “Áurea” Flor com pétalas e sépalas amarelo ouro e labelo ametista. Foram duas plantas ”áureas” encontradas na natureza até os dias atuais. Infelizmente, uma morreu e não deixou descendentes. A “Áurea Roberson” é a planta responsável por todas as “áureas” hoje conhecidas, seja por descendência direta ou por cruzamentos (Fotos 46 e 47). Foto 46: "áurea Roberson" e Foto 47: "áurea Roberson" O relato a seguir sobre sua saga, como foi salva e, mais uma vez, como por encanto, foi novamente salva. As lágrimas do Coronel A “história” da Cattleya amethystoglossa “Áurea” é bem distinta. O seu descobrimento foi resultado da preocupação de 22 um ambientalista e coronel, apaixonado pela flora da mata atlântica, que se aventurou em uma região onde havia um desmatamento ilegal e sozinho, mas confiante no seu carisma, propôs-se a recuperar o máximo das orquídeas e bromélias que abraçam as árvores das úmidas matas. O coronel, em uma de suas viagens em sua velha camionete, deparou-se com o olhar curioso de mateiros nada hospitaleiros, na entrada de uma fazenda onde se realizava um desmatamento ilegal. Foi necessária uma boa conversa e uma rodada de bebida para “animar a alma” e conquistar a confiança. Uma vez esclarecido o interesse do visitante, foi levado ao local da derrubada. Massaranduba, Pau-Brasil, Inhaiba, Jacarandá, Ipê Roxo, Ipê Amarelo, etc., muitas árvores lindas, grandes e caídas, cortadas, derrubadas, era só tristeza, sentimentode angústia. Não faziam mal a ninguém. Só encantavam a alma e faziam brilhar os olhos de um naturalista, agora ali, destruídas para dar lugar a pasto para o gado e virarem aquelas belas toras de madeira em mesas e artigos de decoração. Refeito do choque, o coronel viu que estavam limpas de epífitas, quase não se viam orquídeas, bromélias, monsteras, anthuriun, philodendron. Contaram-lhe que haviam sido levadas por comerciantes de plantas. Após insistir, o levara a ter com os que haviam feito a coleta, estavam em local próximo. 23 Ao sair da fazenda vislumbrou um Ipê amarelo bem alto e cheio de flores. Um dourado sobrevivente. Mal sabia eu que era um prenúncio de algo que iria acontecer após tanta destruição feita pelo bicho homem. Ao chegar ao encontro dos comerciantes de plantas (os mateiros, assim chamados), viu uma quantidade enorme de orquídeas. Mas, o que chamava a atenção maior, era o um monte de Cattleyas amethystoglossa empilhadas. Depois de uma boa conversa e conquistar a confiança, não o deixaram levar as orquídeas, mesmo sabendo que as levaria para replantio em local onde ficariam protegidas (área de proteção particular). Mas, nada. O máximo foi deixarem levar uma quantidade de várias dezenas de orquídeas que estavam bem estragadas, machucadas pela queda no momento da derrubada das árvores onde se hospedavam. O coronel acomodo-as na carroceria do carro e partiu, viajou 100 km até a mata onde está localizada uma fazenda de amigos, os quais o recebeu com carinho e preocupação com a natureza. Dia seguinte, após noite de sono merecido, dispõe-se com amigos a replantar as orquídeas sobreviventes na mata. Lembrou-se da imagem do Ipê amarelo quando falou para o cuidador da área de preservação: cuide bem e avise-me se as 24 caneludas (Cattleyas amethyistoglossaas) derem alguma flor amarela. É importante salientar que logo ao chegar à cidade mais próxima, comunicou às autoridades ambientais sobre o crime, e, em menos de 24 horas, houve ação da polícia ambiental, muitos envolvidos foram presos. Infelizmente as orquídeas já tinham sido levadas pelos contrabandistas. No entanto, o coronel cumpriu com sua obrigação como cidadão. Dois anos após o acontecido foi a reserva do amigo ver as plantas salvas. Era final de julho, chuva fina e fria. Bem inverno. Muitas das plantas sobreviveram, cresceram, várias deram flor e foram devidamente fotografadas e identificadas. Adentrou até o interior onde em árvores altas, para receber melhor luz, colocou as Cattleyas amethystoglossa e foi surpreendido pela mais linda visão. Lá estava com belo cacho de flores amarelas, uma bela Cattleya amethyistoglossa. Oito belas flores douradas da cor de “gema de ovo”, “Áurea”, este é seu nome. Foi o maior acontecimento do mundo orquidófilo. Hoje toda Cattleya amethyistoglossa “Áurea” que se encontra nas coleções particulares e em orquidários comerciais são o resultado do cruzamento desta planta única. O seu nome, Cattleya amethystoglossa “Áurea Roberson Maia”, é uma alusão a este orquidófilo, ambientalista e coronel (Foto 48). 25 Foto 48: Rosto do Coronel com planta Faz-se necessário informar que esta orquídea foi dividida em três partes. Uma parte para o Roberson, outra parte para um amigo do mesmo e, a rabeira, o final da planta, com o Walney (Le pape). Anos mais tarde, devido à forte estiagem na Bahia e no Espiro Santo, no orquidário do Roberson, a água salinizou. Foi um castigo, de súbito, seca terrível, os rios foram secando e o mar levou o sal para o interior. Quando se deram conta, as plantas estavam sendo irrigadas com água pesada, salina o suficiente para matar. E a “Áurea” morreu. A tristeza ficou. Após saber do sofrimento do amigo, o Walney mandou que o trouxessem ao seu encontro. Ao chegar, o coronel Roberson relatou o sofrimento e tristeza da perda de valiosa orquídea e que o outro amigo, que recebeu uma das partes da “Áurea”, havia vendido a parte dele. Portanto, não seria mais possível a “Áurea” voltar ao seu descobridor. 26 Walney levou o amigo ao seu orquidário, mostrou e disse: Coronel, lembra que você me presentou com um pedacinho da planta, a rabeira? Aqui está ela, hoje grande e florida, o amigo tem sua orquídea sim! Não fique mais triste. Deus a criou para você. O coronel Roberson, no alto de seus quase dois metros, chorou como uma criança. Aventuras de descobrimento da Cattleya amethystoglossa “Albescens”: Areia Branca Em mata fechada do sul da Bahia, aventurando pelo seu interior, devidamente vestido como tradicional mateiro, em companhia do amigo Índio e, mesmo sofrendo com forte chuva, lama e a presença de cobras, não desistimos de irmos adiante, mata adentro à procura de orquídeas diferentes. Mas a natureza é sempre forte, e as nossas forças são desiguais, pois, depois de dois dias molhados e sofrendo com mosquitos, tivemos que recuar. Mas coletamos alguns exemplares dos gêneros: Encyclia; Epidendrum e Oncidium; e as espécies: Cattleya warneri e Cattleya amethystoglossa. Parecia que nada ali sairia de bom. As dificuldades com a chuva nos cansaram. Recuamos para uma nova viagem em tempo melhor. As plantas foram deixadas na casa do Índio, postas em pês de cacaus, para que se desenvolvessem e dessem flor. As 27 cattleyas amethystoglossa eram as mais sofridas, pois as colhemos de galhos caídos de altas árvores balançadas pela forte chuva. O amigo índio mora em um sítio em plena mata atlântica com muitas árvores frutíferas e uma bela plantação de cacau orgânico. Um belo riacho de águas cristalinas atravessa a propriedade, tornando o ambiente ainda mais agradável. Em todas as árvores estavam presentes muitas orquídeas, um paraíso para orquidophilos. As orquídeas coletadas na mata brotaram e floriram em seu novo ambiente, e as Cattleya Amethystoglossa, em final de ensolarado setembro, deram belas florações. O Índio ligou e avisou que algo diferente abriu, branco com centro levemente rosado e suaves pintas. Uma linda cattleya amethystoglossa da variedade Albescens, com boa forma e elegância sem igual. Depois da sofrida e cansativa aventura, nada melhor que a visão de tão belo presente da natureza. O nome Cattleya amethystoglossa, variedades “Areia Branca”, foi justa homenagem a região onde foi encontrada (Fotos 49). Fotos 49 28 Agradecimentos: Aos amigos Roberson Maia e Renato Barboza da Silva, pelos relatos e parceria; Ao Toscano de Brito, A.L.V., pelo trabalho de consultoria; Ao amigo Reinaldo de Jesus pelos conselhos técnicos; Agradecimento especial à Dra. Bárbara Dantas Fontes- Soares UESB, pela revisão do trabalho. 29 Referência Bibliográfica: CATTLEYA AMETHYSTOGLOSSA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2020. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Cattleya_amethysto glossa&oldid=55152468>. Acesso em: 09 jul. 2020. TOSCANO DE BRITO, A.L.V & CRIBB, P. 2005. Orquídeas da Chapada Diamantina. Nova Fronteira, Rio de Janeiro. 399p.
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