Buscar

DIREITO-FEUDAU

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

NÃO PODE FALTAR
DIREITO FEUDAL E DIREITO CANÔNICO
Danilo Rafael da Silva Mergulhão
Imprimir
CONVITE AO ESTUDO
Vamos iniciar uma nova fase do nosso processo de aprendizagem. Já �cou muito
claro a importância da história do Direito para a compreensão do ordenamento
jurídico atual e do mundo contemporâneo. Nessa segunda fase de nosso processo
de conhecimento, analisaremos as contribuições do período feudal, o processo de
descentralização do poder e do ordenamento jurídico e a importância do Direito
Canônico. 
Fonte: Shutterstock.
Deseja ouvir este material?
Áudio disponível no material digital.
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
Em um segundo momento, estudaremos os pressupostos jurídicos que
compuseram a formação dos Estados Nacionais, aprofundando-nos no momento
histórico chamado de Iluminismo, a criação das prensas e o desenvolvimento da
divulgação de obras até chegarmos à formação do Direito na Era Moderna, quando
mergulharemos no estudo dos sistemas do Civil Law e Commow Law. Veremos,
ainda, as Revoluções Liberais e a in�uência da economia na construção do Direito.
No Brasil, contemplaremos a fundação das duas primeiras Faculdades de Direito
em Olinda e em São Paulo e analisaremos qual foi a in�uência delas no processo
conhecido como codi�cações oitocentistas. 
PRATICAR PARA APRENDER
Você já se perguntou como surgiu o ensino superior? Durante a Idade Média,
criaram-se as universidades. Esse projeto de construção de conhecimento se
alastrou pelas cidades europeias ainda no século XXI d.C. (MERGULHÃO, 2018). As
primeiras universidades europeias, que são modelos para o sistema de ensino
superior do mundo moderno, são a Universidade de Bolonha, localizada na Itália,
fundada em 1088; a Universidade de Oxford, localizada na Inglaterra, fundada em
1096; a Universidade de Paris, localizada na França, fundada em 1170 (ALVES,
2015).
Essas universidades, assim como outras do mesmo período, ainda estão em
funcionamento e trouxeram contribuições para além de todas as expectativas. 
A criação da metodologia cientí�ca tida como uma ciência, seus escritos e a análise
das áreas de conhecimento através do discurso cientí�co foram essenciais para a
evolução das ciências, tornando a universidade um espaço que diferencia a mera
opinião da ciência. É nessa dinâmica, enquanto acadêmicos de Ciências Jurídicas,
que todos nós estamos inseridos. E é nesse espaço do ensino superior que você
galgará a formação necessária para desenvolver a ativa própria do Bacharel em
Direito. 
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
Você está em seu escritório e recebe a visita de Beatriz. Ela relata que é casada no
religioso com João e que, após cinco anos, descobriu que o seu esposo já era
casado com outra pessoa no momento do casamento que foi celebrado com ela.
Ela conseguiu a anulação do casamento perante o Poder Judiciário, mas, na
qualidade de participante da comunidade católica e querendo se casar novamente,
agora com Marcos, procura os seus serviços de especialista em Direito Canônico
para requerer a anulação do casamento perante a Igreja Católica. Na qualidade de
Advogado de Beatriz, como você deverá atuar? 
Vamos continuar a aprofundar os nossos estudos com responsabilidade, pois é
sob essa ótica que desenvolveremos nossas aptidões pro�ssionais.
CONCEITO-CHAVE
DIREITO FEUDAL
O ponto inicial que devemos começar a tratar é que, diferente do que
normalmente é veiculado em obras literárias sérias, não podemos �rmar que a
Idade Média é um período de “trevas”. Assim como todo processo de construção
histórica, esse período histórico passou por “altos e baixos”.
Nesse sentido, ensina-nos o historiador francês Jacques Le Go�:
REFLITA
Diversos autores fazem um processo de revisitar a Idade Média, na medida
em que assumem que tal período possui características que nos
acompanham até hoje, principalmente no que diz respeito à construção de
conhecimento de forma organizada e à fundação das universidades.
Neste mesmo sentido, segue o magistério de Russell: 
Eu diria que a Idade Média não é o período dourado que certos românticos quiseram imaginar, mas também
não é, apesar das fraquezas e aspectos dos quais não gostamos, uma época obscurantista e triste, imagem que
os humanistas e os iluministas queriam propagar. É preciso considerá-la no seu conjunto.
—  (LE GOFF, 2007, p. 18)
“
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
Sob o ponto de vista temporal, a Idade Média está compreendida entre o período
da história da Europa que tem início com o colapso do Império Romano do
Ocidente no século V d.C. até o período do Renascimento; ou ainda com a queda
do Império Romano do Oriente, com a invasão de Constantinopla, no século XV
(ALVES, 2015). Como percebe-se, o período tido como início e �nal está dentro de
um contexto eurocêntrico.
A Idade Média é marcada por uma desconcentração do poder, ocasionada após a
queda do Império Romano do Ocidente e a miscigenação da cultura romana com a
cultura dos reinos bárbaros (ALVES, 2015). Neste período, houve substancial
produção jurídica de nomes que ainda hoje estudamos em nossas bancas de
graduação e pós-graduação, dentre os quais destacamos “Irnerius, Azo, Acúrsio e
os glosadores e comentadores, de uma forma geral, é assentada numa tradição
romanística altamente so�sticada e com elementos de gênese criativa bastante
inovadora, muitos dos quais estranhos ao direito romano” (PAIXÃO, 2016, p. 2).
O Direito Feudal foi um dos aspectos jurídicos existentes nessa época, sendo
de�nido como “caracterização do direito dominial medieval entre os séculos IX e
XIV, segundo as diversas características regionais que o feudalismo apresentou.
Sua concentração, especialmente na França, ocorreu nos séculos X e XI” (MACIEL,
1980, p. 156-157).
Tinha por pressupostos a realização de um contrato entre duas partes, um senhor
e um vassalo, “em que este obrigava-se a ser �el ao senhor, fornecer-lhe ajuda,
especialmente militar, e participar dos conselhos e cortes do senhor. Em
A Idade das Trevas como é chamada, se estende de 600 a 1000 d.C., aproximadamente. Qualquer
tentativa de enquadrar essa história em compartimentos estanques é altamente arti�cial. Não se
deve considerar muito tais divisões, pois na melhor das hipóteses só servem para indicar alguns
traços gerais que prevaleceram durante o período. Assim, não se deve imaginar que com o �m do
século VII a Europa de repente tenha mergulhado na obscuridade, só ressurgindo quatro séculos
mais tarde. Por uma única razão: as tradições clássicas do passado sobreviveram em certa medida,
ainda que sua in�uência contínua fosse um tanto precária e restrita. 
— (RUSSELL, 2001, p. 195)
“
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
contrapartida, o senhor obrigava-se a proteger e reconhecer o domínio do vassalo
sobre uma determinada parcela territorial” (MACIEL, 1980, p. 158).
A justiça
DIREITO CANÔNICO
O Direito Canônico é fruto dos estudos empreendidos pelo catolicismo romano.
Segundo Mergulhão (2021),
ASSIMILE
A in�uência do teocentrismo cristão na construção do ordenamento
jurídico perdura até a atualidade. Inicialmente, os cristãos foram
perseguidos pelo Império Romano desde o momento de sua criação. Com o
fortalecimento da cristandade, tanto em Roma como nas demais cidades
que compunham o Império, no governo de Constantino (311 d.C.), este
in�uenciado pela conversão de sua mãe Helena, houve a proibição de
perseguição aos cristãos e, por �m, culminando com Teodósio impondo o
Cristianismo como religião o�cial do Império em 385 d.C. (MERGULHÃO,
2018).
Você sabia que o Édito de Milão conferiu permissão para a religião Católica
realizar as suas atividades nos territórios romanos? Segue o texto – em
tradução livre – como um dos primeiros sobre liberdade de religião. 
era realizada ordinariamente pelos senhores, baseando-se especialmente em costumes regionais, podendo ter
como fontes, ainda, algumas legislações romano-germânicas, as capitulares, comuns na Alta Idade Média,
continham, além de normas de direito penale processual, algumas poucas regras de direito feudal.
—  (MACIEL, 1980, p. 158)
“
Assim como o Direito Romano, enquanto construção histórica o Direito Canônico está enraizado no sistema
jurídico contemporâneo. De perseguidos pelo Império Romano desde os seus primórdios, passando pelo
espraiamento de sua doutrina em Roma e nas demais cidades que pertenciam ao Império Romano, e mais à
frente com a adesão à doutrina cristã por Helena, mãe do imperador Constantino (311 d.C.), que proibiu a
perseguição aos cristãos, culmina no Governo de Teodósio, que em 385 d.C. elevou o cristianismo à religião
o�cial do Império.
“
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
Segundo Maciel,
Podemos destacar como uma das hipóteses do Direito Canônico o vácuo político
deixado a partir da invasão de Roma e, por conseguinte, a queda do Império
Romano do Ocidente. É nesse processo de desconcentração política na Europa que
a Igreja Católica conseguiu, paulatinamente, um destaque para além do poder
espiritual, ingressando nas estruturas do poder temporal, dentre os quais
destacamos o poder político e o poder jurídico. Sobre o tema, assim disserta
Maciel:
Nós, Constantino e Licínio, imperadores, encontrando-nos em Milão para conferenciar a respeito do
bem e da segurança do império, decidimos que, entre tantas coisas bené�cas à comunidade, o culto
divino deve ser a nossa primeira e principal preocupação. Pareceu-nos justo que todos, os cristãos
inclusive, gozem da liberdade de seguir o culto e a religião de sua preferência. Assim qualquer
divindade que no céu mora ser-nos-á propícia a nós e a todos nossos súbditos.
Decretamos, portanto, que, não obstante a existência de anteriores instruções relativas aos cristãos,
os que optarem pela religião de Cristo sejam autorizados a abraçá-la sem estorvo ou empecilho, e
que ninguém absolutamente os impeça ou moleste... Observai, outrossim, que também todos os
demais terão garantia a livre e irrestrita prática de suas respectivas religiões, pois está de acordo
com a estrutura estatal e com a paz vigente que asseguremos a cada cidadão a liberdade de culto
segundo sua consciência e eleição; não pretendemos negar a consideração que merecem as religiões
e seus adeptos. Outrossim, com referência aos cristãos, ampliando normas estabelecidas já sobre os
lugares de seus cultos, é-nos grato ordenar, pela presente, que todos os que compraram esses locais
os restituam aos cristãos sem qualquer pretensão a pagamento... [as igrejas recebidas como
donativo e os demais que antigamente pertenciam aos cristãos deviam ser devolvidos. Os
proprietários, porém, podiam requerer compensação.
Use-se da máxima diligência no cumprimento das ordenanças a favor dos cristãos e obedeça-se a
esta lei com presteza, para se possibilitar a realização de nosso propósito de instaurar a
tranquilidade pública. Assim continue o favor divino, já experimentado em empreendimentos
momentosíssimos, outorgando-nos o sucesso, garantia do bem comum. 
— (MERGULHÃO, 2018, 26)
“
O direito canônico é o direito da Igreja cristã, remontando às origens do Cristianismo. É, porém, com a liberdade
de culto outorgada por Constantino em 313 que o Papa e os bispos passam a gozar do poder de julgar os
adeptos do Cristianismo, quando, voluntariamente, se submetessem à autoridade religiosa, assim como dos
julgamentos sobre questões meramente religiosas, que, no século V, passam a ser, estes últimos, de
competência privativa da Igreja.
—  (MACIEL, 2019, p. 162)
“
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
Nesta época, dentro do espaço da Universidade de Bolonha, criada em 1088, a
Igreja Católica consegue compilar a legislação da época – um grande feito
comparável à compilação de Justiniano. Segundo Maciel,
Uma das grandes contribuições do Direito Canônico está na ideia de boa-fé e má-
fé. Para Mergulhão (2018, p. 16), “a boa-fé em seu período canônico impregnou-se
das ideias de humanidade, piedade, caridade e bondade. Um dos elementos
probantes dessas concepções é a celebre frase de São Cipriano: ‘aequitas est
iustitia dulcore misericordia temperata’”.
Essa “eticização da Boa-Fé foi essencial para a construção daquilo que conhecemos
por Boa-Fé subjetiva. A Boa-Fé subjetiva-se por norma, ela aparece, nos textos
jurídicos canônicos, de�nida ou indiciada como estado de ciência ou de consciência
individual” (MERGULHÃO, 2018, p. 27).
É neste mesmo sentido o magistério de Grossi ao atestar que: 
Herdeira da cultura romana, a Igreja, por intermédio de seus religiosos, foi de grande importância aos reinos
bárbaros que eram gradualmente formados, transmitindo, àqueles cujas relações com o clero eram amistosas,
tecnologias jurídicas, políticas e agrícolas. Paralelamente ao aumento de sua importância e poder, a Igreja passa
a desenvolver um direito canônico apto às intervenções na sociedade que proporcionassem sua contínua
autoridade sobre os diversos assuntos da época.
—  (MACIEL, 2019, p. 163)
“
É com Graciano, monge e professor de teologia em Bolonha, que no século XII realiza-se o Decretum Gratiani
(Decreto de Graciano), compilação dos textos canônicos que reúne em torno de 4.000 textos de relevância para
o direito, organizados e, alguns, brevemente comentados. Ao Decreto de Graciano sucederam-se as Decretales
extra Decretum Gratiani (Decretais que excedem o Decreto de Graciano), elaboradas por Raimundo Penhaforte,
compostas de cinco livros: o Liber Sextum, criado por Bonifácio VIII, em 1298; as Clementinas de Clemente V
(1314); as Extravagantes de João XXII (1324) e já ao �nal do século XV as Extravagantes comuns. O conjunto dos
textos canônicos é denominado Corpus Iuris Canonici.
“
O Direito Canônico operou a sua uni�cação conceptual sob o signo da referência ao pecado, equivalendo-se
dizer da ausência de pecado, situando-a em uma ‘dimensão ética-axiológica’ compatível com o sentido geral do
Direito Canônico que modelará, ideologicamente, a civilidade medieval.
—  (GROSSI, 1995, p. 109)
“
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
Sobre o tema, é salutar o ensinamento de Alves (2015): “A caridade se mescla à
Boa-Fé quando esse princípio é clamado como justi�cativa para que o credor
restrinja a sua pretensão à prestação”. Toda essa importância é fruto do sistema
de métodos adotados pelas universidades que produziu uma virada
epistemológica do direito, que “das fontes puras em vez da tradição, o
conhecimento das ideias em vez da comprovação das autoridades por meios
lógicos, o sistema em vez da exegese” (WIEACKER, 1969, p. 92).
As obras de Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino, A Cidade de Deus e Suma
Teológica, respectivamente, foram grandes contributos para a implementação da
ideia de boa-fé como ausência de pecado e de má-fé como a existência dele
(MERGULHÃO, 2018). 
O cerne do pensamento de Santo Agostinho está ligado a uma ideia de ordem, o
que, nas palavras do mestre Newton de Lucca, indica possuir 
Por �m, essa contribuição inestimável do Direito Canônico para a ordem jurídica
universal é “tão grande que sem o seu conhecimento seria impossível uma plena
compreensão da história do direito privado” (WIEACKER, 1969, p. 68). E continua no
sentindo da impossibilidade de compreender na sua inteireza o Direito Canônico “a
importância desta ordem jurídica ultrapassa de longe as fronteiras de uma história
do direito privado e não pode ser aqui descrita na sua totalidade” (WIEACKER,
1969, p. 67).
EXEMPLIFICANDO 
O signi�cado de modelo, mas de um modelo de referibilidade ética, isto é, de uma noção indissoluvelmente
ligada à ideia de bom, justo ou de certo. E continua sua explicação acerca dessa ideia, ao indicar que a perfeição
ética não diz respeito aos valores relacionados à beleza, tais como: a harmonia, a proporcionalidade etc., mas
implica o conhecimento de justiça enquanto prática reiterada da virtude humana. 
— (LUCCA, 2009, p. 107)
“
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
Você sabia que dentro das possibilidades de exercício do Direito Canônico
está a defesa de ações em Tribunais Eclesiásticos?A Igreja Católica possui,
em todos os países, Tribunais Eclesiásticos, cuja competência para
processar e julgar as causas jurídicas são reservadas diretamente ao
Romano Pontí�ce.
RENASCIMENTO CULTURAL E JURÍDICO
O período chamado historicamente de Renascimento cultural nasceu nos séculos
XIV e XV e estava ligado a um maior investimento da cultura e a uma
“redescoberta” dos textos jurídicos romanos. Sobre o tema, Maciel faz as seguintes
ponderações:
Importante reforçar que há forte crítica a esta visão do período da Idade Média.
Sob o ponto de vista jurídico, vemos as ponderações de Paixão (2016, p. 39):
Alimentada pelo renascimento cultural do século XII, que resultará, dentre outras obras da Idade Média, na
criação das universidades, igualmente in�uenciada pela rearticulação do comércio, pela redescoberta do direito
romano, por meio do Corpus Iuris Civilis, pela reestruturação urbana, a nova expressão da cultura jurídica
originar-se-á na doutrina jurídica que a própria Idade Média institui, proporcionando uma crescente uni�cação
do direito europeu. A uni�cação é condicionada pela formação intelectual semelhante às quais os intelectuais
da Baixa Idade Média foram submetidos, ao uso do latim como língua comum na Europa e ao mito uni�cador
da República cristã, sob a qual subsistiria um governo, um direito e uma religião. Assim, os elementos
fundamentais de unidade do direito europeu foram lançados e semeados durante a Baixa Idade Média para
serem substituídos gradualmente pelas concepções jurídicas que se inaugurarão no século XVI. O jus commune
(direito comum) surgiu, então, não de conteúdos normativos idênticos em toda a Europa, mas de características
comuns dos usos do direito no período baixo medieval e nos três séculos subsequentes do período moderno. 
— (MACIEL, 2019, p. 159-160)
“
Os estudos sobre o Corpus Juris foram destacados em Ravena e Bolonha, através de glosas, ou seja,
comentários escritos no corpo do texto, típicos do método do trivium. Essas glosas podiam ser interlineares ou
marginais, a depender do seu tamanho. Os glosadores concentraram seus estudos no Digesto e nas Institutas,
embora tenham glosado as outras partes do código justinianeu, além de elaborar importante resumos das
obras latinas, chamados de Summa.
“
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
Tal grau de importância que o Brasil alcançou deu-se entre o período da
descoberta, em 1500, até o advento do primeiro Código Civil, em 1916 e, ainda, a
utilização da legislação chamada Ordenação Afonsina, que eram compilações das
leis régias de Portugal, criadas no reinado de D. Afonso V, que reinou em Portugal
de 1438 a 1481. Essa norma apresentava uma sistematização em cinco livros, que
subdividiam-se em parágrafos. O livro I, com 72 títulos, tratava de Direito
Administrativo, compreendendo os cargos públicos, o governo, a justiça e o
exército. O livro II, com 123 títulos, versava sobre os bens da Igreja e os direitos
régios e da nobreza. Já o livro III tratava de Processo Civil, possuindo 128 títulos.
Em seguida, apresentava-se o livro IV, que disciplinava o Direito Civil em 112 títulos.
Por �m, o livro V continha 121 títulos e tratava de Direito e Processo Criminal.
Segundo Bezerra, o dito renascimento cultural apresentava algumas
características, dentre as quais destacamos:
O estudo do Direito Romano também é uma característica do Renascimento
jurídico, sempre fazendo o alerta de que nunca deixou de ser estudado durante a
Idade Média.
Um dos traços marcantes do Renascimento era o racionalismo. Baseado na convicção de que tudo se podia
explicar pela razão e pela observação da natureza, se tentava compreender o universo de forma calculada e
matemática.
Um elemento crucial foi o humanismo, no sentido de valorizar o ser humano, considerado a obra mais perfeita
do Criador. Daí surge o antropocentrismo renascentista, ou seja, a ideia do homem como centro das
preocupações intelectuais e artísticas.
A �loso�a de Platão foi reinterpretada e ganha o nome de neoplatonismo. Este defendia a elevação espiritual, a
aproximação com Deus através de uma interiorização em detrimento de qualquer busca material. 
— (BEZERRA, 2020)
“
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
A Idade Média e os primeiros momentos do período do Renascimento são
fantásticos! Há muita riqueza pronta para ser desbravada por você.
O renascimento do direito romano, devido principalmente à Universidade, foi um dos fatores preponderantes
do fortalecimento do poder real, que progressivamente vai interferindo nela, diminuindo-lhe gradualmente a
autonomia jurídica e administrativa de que gozava. Essa subordinação ao monarca vincula a Universidade aos
interesses políticos nacionais, mas não lhe retira o caráter universal das disciplinas que ensina – e que
possibilita a permanência do ius ubique docendi –, nem lhe restringe a liberdade de doutrina, não se arvorando
o Estado em impor-lhe orientação nesse terreno. 
— (MOREIRA, 2015, p. 337)
“
FAÇA A VALER A PENA
Questão 1
Sobre a Idade Média, assinale a alternativa incorreta.
A Idade das Trevas como é chamada, se estende de 600 a 1000 d.C., aproximadamente. Qualquer tentativa de
enquadrar essa história em compartimentos estanques é altamente arti�cial. Não se deve considerar muito tais
divisões, pois na melhor das hipóteses só servem para indicar alguns traços gerais que prevaleceram durante o
período. Assim, não se deve imaginar que com o �m do século VII a Europa de repente tenha mergulhado na
obscuridade, só ressurgindo quatro séculos mais tarde. Por uma única razão: as tradições clássicas do passado
sobreviveram em certa medida, ainda que sua in�uência contínua fosse um tanto precária e restrita.
—  (RUSSELL, 2001, p. 195)
“
a.  É considerado um período histórico no qual não houve desenvolvimento da ciência.
b.  Foi durante esse período que surgiram as primeiras universidades europeias. 
c.  Tão grande que sem o seu conhecimento seria impossível uma plena compreensão da história do direito
privado.
d.  A boa-fé em seu período canônico impregnou-se das ideias de humanidade, piedade, caridade e
bondade.
e.  Período histórico compreendido entre a queda do Império Romano do Ocidente e o Império Romano do
Oriente. 
Questão 2
O direito canônico é o direito da Igreja cristã, remontando às origens do Cristianismo. É, porém, com a liberdade
de culto outorgada por Constantino em 313 que o Papa e os bispos passam a gozar do poder de julgar os“
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
Sobre o período da Idade Média, assinale a alternativa incorreta.
adeptos do Cristianismo, quando, voluntariamente, se submetessem à autoridade religiosa, assim como dos
julgamentos sobre questões meramente religiosas, que, no século V, passam a ser, estes últimos, de
competência privativa da Igreja. 
— (MACIEL, 2019, p. 162)
a.  O Renascimento cultural nasceu nos séculos XIV e XV e estaria ligado a um maior investimento da cultura
e a uma “redescoberta” dos textos jurídicos romanos, segundo todos os autores que tratam do tema.
b.  O estudo do Direito Romano também é uma característica do Renascimento jurídico, lembrando-se de
que ele nunca deixou de ser estudado durante a Idade Média.
c.  O sistema de justiça, durante o predomínio do Direito Feudal, era realizado ordinariamente pelos
senhores, baseando-se, especialmente, em costumes regionais, podendo ter como fontes, ainda, algumas
legislações romano-germânicas, as capitulares, comuns na Alta Idade Média, que continham, além de
normas de direito penal e processual, algumas poucas regras de direito feudal.
d.  Durante o Direito Feudal e o Direito Canônico, houve uma efervescência cientí�ca.
e.  Dentro do espaço da Universidade de Bolonha, criada em 1088, a Igreja Católica consegue compilar a
legislação da época.  
Questão 3
Sobre o Direito Canônico, assinale a alternativa correta.
Herdeira da cultura romana, a Igreja, por intermédio de seus religiosos, foi de grande importância aos reinos
bárbaros que eram gradualmente formados, transmitindo,àquelas cujas relações com o clero eram amistosas,
tecnologias jurídicas, políticas e agrícolas. Paralelamente ao aumento de sua importância e poder, a Igreja passa
a desenvolver um direito canônico apto às intervenções na sociedade que proporcionassem sua contínua
autoridade sobre os diversos assuntos da época. 
— (MACIEL, 2019, p. 163)
“
a.  O centro de poder era os povos germânicos que haviam invadido Roma.
b.  Não possui grandes escritos.
c.  Não possui grande importância para a história do Direito.
d.  As obras de Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino, A Cidade de Deus e Suma Teológica,
respectivamente, foram grandes contributos.
e.  A importância desta ordem jurídica não ultrapassa as fronteiras de uma história do direito privado e não
pode ser aqui descrita na sua totalidade.  
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
REFERÊNCIAS
ANDRÉ, A. L. P. As ordenações e o direito privado brasileiro. Revista Eletrônica da
Faculdade de Direito de Campos, Campos dos Goytacazes, v. 3, n. 3, out. 2007.
Disponível em: https://bit.ly/2WfWIQy. Acesso em: 1º jun. 2021.
AQUINO, S. T. de. Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 1999.
BEZERRA, J. Renascimento Cultural. Toda Matéria, 2021. Disponível em:
https://bit.ly/3mvxsjQ. Acesso em: 2 jun. 2021.
BRASIL. Decreto nº 7.107 de 11 de fevereiro de 2010. Promulga o Acordo entre o
Governo da República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao Estatuto Jurídico
da Igreja Católica no Brasil, �rmado na Cidade do Vaticano, em 13 de novembro de
2008. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
https://bit.ly/3i6OwtY. Acesso em: 13 jul. 2021.
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL REGIONAL OESTE 2. 400 casais
pedem nulidade de casamento. CNBB RO2, 2016. Disponível em:
https://bit.ly/3mtRs6z. Acesso em: 13 jul. 2021.
GROSSI, P. L’Ordine Giuridico Medievali. Roma: Laterza, 1995. 
LE GOFF, J. Para um novo conceito de idade média: tempo, trabalho e cultura no
Ocidente. Lisboa: Estampa, 1980.
LUCCA, N. de. Da Ética Geral à Ética Empresarial. São Paulo: Quartier Latin do
Brasil, 2009.
MACIEL, J. F. R. Manual de História do Direito. São Paulo: Saraiva, 2019. 
MERGULHÃO, D. R. da S. A boa-fé objetiva como limitador da autonomia da
vontade nos contratos interempresariais de seguro. 2017, 146f. Dissertação
(Mestrado em Direito) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2017.
Disponível em: https://bit.ly/3yeVCBa. Acesso em: 13 jul. 2021. 
MOREIRA, A. Universidade, Cultura e Direito Romano. Revista de Direito Civil
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es
https://bit.ly/2WfWIQy
https://bit.ly/3mvxsjQ
https://bit.ly/3i6OwtY
https://bit.ly/3mtRs6z
https://bit.ly/3yeVCBa
Contemporâneo, v. 3, p. 337-352, 2015. 
PAIXÃO, M. B. F. da. Breve divagação histórica do Direito Privado na Idade Média
europeia e no Reino de Portugal. Revista de Direito Privado, São Paulo, v. 71,
2016.
RUSSELL, B. História do pensamento ocidental: a aventura dos pré-socráticos a
Wittgenstein. 4. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
WIEACKER, F. História Moderna do Direito Privado Moderno. 2. ed. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1969.
0
V
er
 a
n
o
ta
çõ
es

Outros materiais