Furtado Dialética do desenvolvimento - RESUMO RESENHA

@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700); Furtado \u2013 Dialética do desenvolvimento - RESUMO RESENHA

Século XX: economia capitalista de base industrial, processo lento e com aspectos peculiares que diferenciam o processo brasileiro de industrialização dos demais países de economias centrais. A economia colonial brasileira era uma projeção do capitalismo ocidental.

As três primeiras décadas do século XX marcam a crise do café; durante esse tempo as exportações do Brasil cresceram menos que a sua população. A economia cafeeira se sustentou durante a crise por meio da financiamentos externos. Dessa forma grande parte das exportações que já eram baixas se destinavam ao pagamento da dívida externa. As finanças publicas eram dominadas pela dívida externa e o grande problema da economia era o comportamento instável do câmbio.

1930: processo de desagregação da economia cafeeira. Os motivos além da crise da superprodução de 1929, eram os objetivos políticos dos dirigentes da época. Estes estavam ligados ao mercado externo.

Realismo político é o que consolida o capitalismo industrial no BR. O capitalismo industrial não começa por meio de grandes revoluções. Ele começa pois a economia colonial entra em declínio e porque a ideologia política desejava a industrialização brasileira. A economia colonial brasileira era reflexo do desenvolvimento capitalista mundial.

A política de defesa do café: estoques com grandes volumes de café. Cerca de 89 milhões de sacos de café foram destruídos. Os efeitos da política foram a defesa do nível de emprego dos outros setores e declínio da capacidade de importar, além disso, o realismo político tinha como subproduto a defesa dos interesses cafeicultores.

Mudou a forma de produzir, mas a classe dominante permaneceu a mesma. Os latifundiários viraram os empresários. O desenvolvimento criou um forte mercado interno apoiado ao novo centro dinâmico.

II- Integração dos processos acumulativos e inflacionários

Primeira fase da industrialização: substituição de importações, a crise externa elevou o grau de competitividade interna. 1929 -1937: declínio do nível de importação e elevação da produção interna. Houve elevação relativa dos preços e aumento na oferta. A queima do café e o seu processo inflacionário forma observados como mecanismo d transferência de renda para o setor industrial. A industrialização se apoiou em: substituição e transferência de recursos provocados pela inflação.

A ISI foi em sua primeira fase apenas para preencher a redução da capacidade de importação. A produção interna que era ignorada por sua qualidade baixa passou a ser utilizada. Esse cenário altera a composição da demanda que agora busca equipamentos, matéria prima e produtos intermediários para compor a produção.

A industrialização deixou de ser somente para acumulação e ser tornou uma barreira para o desenvolvimento quando a nova capacidade de produção passou a exigir equipamentos pesados, petróleo bruno, itens de metalurgia... Agora era necessário desenvolver a tecnologia independente no Brasil.

A inflação, para Furtado, é uma transferência de renda para os grupos dominantes ligados aos investimentos. E a acumulação se apoiava nos processos inflacionários. O governo para inibir a inflação financiou todo estoque de café por meio da emissão de papel moeda. Isto beneficiou somente a indústria, a renda real do período foi criada pela inflação. A redução da capacidade de importação e a manutenção para permanecer o nível de emprego criaram desequilíbrios que tinham efeitos obre o nível de preços (elevando-os).

O processo ISI ao pressionar os preços relativos para cima também transferia renda para a indústria. Foi por meio da política de cambio que a inflação atuou como mecanismo de transferência de renda, ao controlar as importações e elevar os preços internos grandes acumulações ocorreram.

Durante a guerra e após a estabilização da taxa de cambio valorizou somente as reservas acumuladas do Governo e da industrias. A acumulçaõ foi possível por causa das elevações dos preços nos mercados externos entre 1945 \u2013 1948. Já em 1949 \u2013 1953 os preços subiram mas a taxa de cambio permaneceu equilibrada, essa melhoria mostrou que a renda real estava sendo criada fora do Brasil e era transferida por mio do mecanismo de transferência intercambio.

Foi portanto a inflação que apoiou a industrialização brasileira. Se não fosse o processo inflacionário a taxa de crescimento teria sido menor. Fora o sistema bancário quem redistribuiu a renda aos grupos privilegiados. Era uma redistribuição dinâmica. A alta inflação foi uma tentativa de reduzir o consumo das massas, isto criou uma espiral inflacionária.

3- debilitamento dos fatores dinâmicos

Industrialização: ISI + onda inflacionária + acumulação

A inflação ajudou a industrialização logo após afrouxou a mesma. Em primeiro momento, a inflação era redistribuída aos empresários, mas a dinâmica bancaria passou a transferir renda também para os investidores. A partir do momento em que a taxa de câmbio começou a piorar, a inflação começou a provocar uma espiral de preços e custos. O governo abandonou impostos a exportações e cobriu insuficiências nas emissões de papel moeda. Para Furtado, a inflação virou um \u2018\u2019jogo de empurra\u2019\u2019. Os ganhos se concentravam em alguns setores estratégicos enquanto a maioria perdia rentabilidade.

A última fonte de recursos do Governo estava no crédito gerado pelos bancos oficiais. A classe capitalista se beneficiava com os ganhos por meio da alta inflação, todavia, a inflação se tornava tão problemática que até mesmo tal classe registrava perdas já que poucos setores passaram a concentrar os ganhos com a inflação, assim além da classe trabalhadora conviver com grandes perdas no valor real do salário, já que o salário nominal era ajustado em curto espaço de tempo, a classe capitalista também estava sendo prejudicada. A inflação do período afetou a coletividade.

Os fatores/recursos que sustentavam a industrialização acabaram, a industrialização desacelerou antes que a formação do capital nacional ganhasse autonomia e respeito internacional. A industrialização levou o brasil perto do processo circular cumulativo cujo desenvolvimento cria seus próprios meios para que o crescimento econômico continue. O Brasil possuía a barreira na capacidade para importar, se tal barreira fosse superada, o país alcançaria o desenvolvimento circular cumulativo. Assim, superada tal barreira, a economia iria passar para o degrau de desenvolvimento onde o grau de diferenciação dos investimentos passa a ser um problema somente de opções econômicas e não envolve mais limitações físicas (capacidade de importar, parque industrial pouco desenvolvimento). (ISSO TUDO AI OCORREU NA DECADA DE 1960).

Não foi somente a queda da taxa de câmbio que levou o BR a tal situação, foram as oportunidades restritas por volta de 1955 que o BR vivenciou para tentar alcançar as economias centrais do capitalismo. Já em meados da década de 1960, o impulso de desenvolvimento e industrialização fora interrompido, foi implementado o mecanismo de autocontrole do consumo, alimentar e autoacumulação. Esse mecanismo teve como efeito problemas de cunho social que escapavam do alcance dos instrumentos que vinham sendo usados.

A plana diferenciação da estrutura econômica significa que a capacidade produtiva pode ser plenamente utilizada caso a taxa de investimento atinja determinado nível. Desse jeito, a economia interna precisa crescer determinada taxa relativamente ao conjunto da produção nacional. Todavia, essa taxa de crsc depende de importações para que a ideia anterior se torne efetiva. Se a capacidade para importar crescer, cresce juntamente a poupança para que o aumento dos preços dos bens de capital seja acompanhado. Essas condições fazem com que a taxa de crescimento seja reduzida.

Consequências da redução da taxa de crescimento: a industrialização se torna mais lenta, os preços do setor agrícola sobem uma vez que tal setor se tornou dependente das ferramentas, maquinas e fertilizantes produzidos pela indústria. Tal elevação dos preços beneficia de certo modo a acumulação industrial e prejudica a massa de consumidores. Na zona rural, a agricultura ainda era, em grande parte, a modos feudais, sem maquinário. E foi justamente isso que deu inelasticidade a oferta de bens agrícolas.

Inter-relação entre a classe industrial e a agraria: agricultura possuía duas faces, a agricultura de exportação (forte aspecto colonial, forte exportação, produção massiva, traços da economia mercantil, grandes latifundiários e interesses políticos), agricultura de mercado interno (produção relativa pequena, estrutura semifeudal, escassez de recursos monetários e tecnologia, baseava-se nos interesses locais).

A industrialização exigia urbanização em grande escala e estrutura agrícola com tecnologia e produção em massa. A posição ideológica do setor agrícola possui traços fortes de defesa do status quo posições políticas de poder. Os interesses dos grandes latifundiários são confundidos, em geral, com os interesses dos agricultores semifeudais. Os grandes latifunidarios ganham o conflito pois possuem poder, propriedade e meio de produção. a introdução da tecnologia na agricultura destruiu os aspectos feudais e concentrou os ganhos agrícolas nas mãos de poucos latifundiários. A demanda por mao de obra no setor agrícola se reduziu.

As vinculações com o setor publico são fatores que agravaram o processo inflacionário: o desenvolvimento industrial, em parte, foi financiado pelo poder publico. Os setores estratégicos como energia, transporte, combustível foram financiados pelo setor publico. A falta de investimentos privados nesses setores elevaram a vulnerabilidade da economia à inflação. Além disso, o setor publico não estava preparado para as novas industrias e as suas atribuições de serviços, assim, o setor publico ficou carente de planejamento financeiro estratégico, e passou a depender de adiantamentos do BB por meio do Tesouro apoiados em emissões de papel moeda. Ficou explicito, então, os déficits e desequilíbrios da economia brasileira. Segundo furtado, o Governo não estava preparado institucionalmente para comandar o coletivo na área industrial.

O setor fiscal, dilema: reduzir os investimentos e assumir a responsabilidade de conter o desenvolvimento ou deixar a inflação se elevar. Isso fora justamente no período o qual o governo distribuía a inflação e se sustentava pelos incrementos da renda real. O processo de destruição inflacionária fez com que o Governo enfrentasse dificuldades no crescimento reduzidno a eficiência marginal do poder de emissão do papel moeda. Era necessário fazer uma reforma fiscal.

4- Aumento das tensões estruturais:

Evolução da economia brasileira: crise do sistema colonial a partir de 1930 e transição ao capitalismo industrial (1930 \u2013 1960), mesmo durando 3 décadas o desenvolvimento não foi pleno.

A transição foi marcada por: colapso na capacidade de importar, manutenção no nível de renda monetária para que existisse acumulação industrial. O desenvolvimento se fez sobre a inflação; melhora no câmbio entre 1949 \u2013 1955.

A inflação estava ligada a fatores dinâmicos que eram estratégicos para elevar a taxa de investimento. A partir de 1955 teve piora na taxa de cambio e agravamento da divida externa. O mecanismo de transferência por meio da inflação se tornou ineficaz para o desenvolvimento industrial;

O governo mostrou-se incompetente para financiar os investimentos nos setores estratégicos. Obstáculos do desenvolvimento industrial no BR: estrutural, institucional e classes dirigentes que possuíam poder sobre a produção. os dirigentes do capitalismo eram aqueles que possuíam poder na economia colonial, a proteção dos interesses dos latifundiários do café os tornaram capitalistas industriais.

Não há uma afirmação clara sobre se existiu ou não conflitos entre o capital agrícola e o industrial pois um depende do outro. A população dos países subdesenvolvidos cresce mais do que a produção de bens primários, o que faz os produtos se inserirem numa constante concorrência seja no ato de compra ou por parte das industrias que precisam criar tecnologias e inovações para alcançar o ponto máximo de produção. o crescimento industrial é cercado pelas limitações na capacidade para importar, capacidade de produção ociosa e desejo de auferir lucros sempre maiores pelos capitalistas. As políticas econômicas externas relacionadas ao intercâmbio e importação/exportação nos períodos da alta e veloz depreciação da moeda foram importantes para o Brasil.

A burguesia industrial recém formada no Brasil encontrou impasses uma vez que não possuíam uma visão ampla sobre o longo prazo, a solução eram as concessões às industrias estrangeiras. Os efeitos de tais concessões só foram vistos no longo prazo, este revelou que o BR criou uma economia industrial dependente de insumos externos o que era contraditório ao Plano de Metas e ao processo de substituição de importações. Por parte da economia nacional, a decisão de concessão ao capital estrangeiro não era interessante já que a inflação iria redistribuir parte da poupança nacional para contas de empresas estrangeiras. Assim, foi criado um conflito de interesses entre a classe industrial e a economia nacional. A classe capitalista acreditava ainda que essa era a decisão que faria o Brasil ganhar a confiar externa novamente.

Furtado: a classe capitalista não estava preparada para os problemas do desenvolvimento.

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