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Fichamento - A era do Liberalismo - Caio Prado Júnior

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1º Qual o objetivo do autor neste texto?
Caio Prado Júnior, em uma linguagem marxista, empenha-se no capítulo "A era do
liberalismo”, em traçar um panorama das transformações econômicas pelas quais o Brasil
passou no século XVIII, que foi marcado pelo declínio do sistema colonial e pela
independência do Brasil em relação a Portugal, bem como sua imediatamente posterior
dependência econômica da Inglaterra, que moldaram todo o processo de desenvolvimento
econômico e político do Brasil, o que explica em larga escala a lentidão na evolução
brasileira, que, segundo o autor, ainda não tornou o país uma comunidade nacional autônoma.
2º Como ele estrutura o argumento dele para comprovar o objetivo?
A fim de atingir seu objetivo final, Caio Prado Júnior estrutura seu argumento de forma a
traçar um panorama histórico dos principais acontecimentos que afetaram o campo
econômico do Brasil durante o século XVIII e XIX:
O autor inicia o capítulo discorrendo acerca do declínio da estrutura colonial a nível do
sistema internacional, que foi motivado, principalmente, pela substituição do capitalismo
comercial, o qual era largamente favorecido pelo sistema monopolista colonial, pelo
capitalismo industrial, que extraia maiores vantagens em um sistema econômico livre.
Porém as metrópoles ibéricas ainda não haviam desenvolvido suas indústrias e necessitavam
das colônias e, tal como caracteriza o autor, Portugal havia se tornado um "parasita" para o
brasil, impedindo seu desenvolvimento e impondo medidas restritivas para se manter
minimamente no controle da colônia, mas que caem por conta de forças internacionais
maiores e desencadeiam o lento e ainda inacabado o processo de desenvolvimento do Brasil e
de transformação deste em uma comunidade nacional e autônoma.
Posteriormente, o autor retrata o período de emigração da corte portuguesa para o Brasil e da
independência do país. Nesse período, a Inglaterra controlava fortemente a monarquia
portuguesa e, consequentemente, o Brasil, marcando uma nova etapa de maior liberalização
do comércio no país. Nessa parte, o autor traça um panorama da administração e,
principalmente, da economia no Brasil durante tal período (tarifas comerciais, situação de
diversos setores da indústria, tratados internacionais, empréstimos públicos, etc).
Já na última parte do capítulo, a fim de concluir seus objetivos e de demonstrar as
contradições que se exacerbaram após o fim da dominação portuguesa no Brasil, Caio Prado
Júnior retrata a questão do trabalho escravo. Internamente, o trabalho escravo gerou uma
forte crise no país, ainda que os escravos não participassem ativamente dos movimentos
políticos, e a escravidão passou a ser sustentada por uma contraditoriedade: não era defendida
mas era vista como uma necessidade. Além disso, o país passou a sofrer fortes pressões
britânicas, tanto diplomáticas quanto militares, em prol do fim da escravidão, que resultaram
na abolição do tráfico de escravos e no consequente, segundo o autor, encerramento da fase
de transição na qual o Brasil se encontrava desde a emigração da família real portuguesa para
o Rio de Janeiro e levando o país a uma nova etapa de desenvolvimento como nação soberana
e aberta ao comércio internacional.
3º Como o tema do texto, que é de história econômica, está relacionado com a disciplina
Política Externa Brasileira?
Ainda que o foco do autor, tal como o mesmo reforça em diversos trechos, seja o de retratar a
história econômica brasileira, é possível extrair do texto uma alta gama de informações
acerca das decisões e motivações da política externa brasileira no período.
Um dos períodos descritos pelo autor no qual há diversas informações sobre a política externa
do país é posterior à emigração da corte portuguesa para o Rio de Janeiro motivada pelas
guerras napoleônicas na Europa. Nesse ínterim, a Inglaterra era o mais importante aliado de
Portugal e, consequentemente, dos Brasis colonial e recém-independente. Sendo assim, as
decisões da política externa brasileira nesse período foram amplamente motivadas pelo aliado
britânico, resultando em, por exemplo, a concessão de tarifas preferenciais para os produtos
ingleses que chegavam ao país. Já no período do Brasil recém independente, os
representantes do mesmo assinaram diversos acordos comerciais com outros países da
Europa e com os Estados Unidos, nestes, tiveram que conceder tarifas semelhantes às da
Inglaterra.
Posteriormente, o autor disserta sobre o aparelhamento administrativo do império recém
independente, novamente, concedendo dados sobre a política externa: "Não era possível
governar e administrar uma nação independente e soberana, prenhe de necessidades até então
inatendidas, com o rudimentar aparelhamento administrativo da colônia onde a justiça era um
mito (...) e as relações externas inexistentes. Foi preciso criar tudo isso ou desenvolver o
existente em meio de agitações internas e guerras externas"(PRADO JÚNIOR, 2006, p.100).
4º Levando em consideração a tentativa do semestre de identificar se as decisões do governo
brasileiro foram tomadas de forma autônoma ou como decorrência da influência estrangeira,
como você descreveria as decisões tratadas no texto?
De modo geral, as decisões tratadas no texto foram motivadas por influências estrangeiras,
sobretudo britânicas, já que o país concedeu proteção a Portugal em relação à Espanha,
fazendo do primeiro (e consequentemente do Brasil), tal como diz o autor, um "joguete" em
prol de seus interesses. Um exemplo disso foi a necessidade do Brasil conceder à Inglaterra, e
posteriormente a outros países, tarifas comerciais muito baixas, o que desmantelou grande
parte da pequena indústria brasileira, a qual não conseguia concorrer com os produtos
estrangeiros, e gerou grande instabilidade social.
Em suma, é possível concluir que as decisões dos governantes brasileiros durante o período
retratado por Caio Prado Júnior nunca foram totalmente tomadas de forma autônoma, o que
fez com que o Brasil, mesmo após sua independência de Portugal, não deixasse de ser um
país colonizado e dependente de outros países e isso, certamente, refletiu fortemente na
situação atual do país que, tal como argumenta o autor, ainda não concluiu seu processo de
desenvolvimento e ainda não se tornou uma nação completamente autônoma.

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