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Psico Emergência III

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Psicologia
em Situações
de Emergência
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Ksdy Maiara Moura Sousa 
Prof.ª Dr.ª Larisse Helena Gomes Macêdo Barbosa
Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Cássia Souza
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Manejo Psicológico Frente às Reações Emocionais, 
Psicológicas e Sociais Emergenciais
Manejo Psicológico Frente 
às Reações Emocionais, 
Psicológicas e Sociais Emergenciais
 
 
• Compreender e avaliar as reações emocionais das pessoas diante do momento dos desas-
tres, ou da ocorrência do evento, fazendo avaliação dos riscos, o suporte às vítimas, os auxí-
lios emergenciais;
• Compreender quem são as vítimas, diretas ou indiretas, manejo emocional dos profissionais 
e socorristas, bem como dos familiares. A saúde emocional dos psicólogos que atuam nas 
emergências e o papel das mídias e imprensa no contexto dos desastres e influência na 
saúde mental.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• Avaliação dos Riscos, Suporte 
às Vítimas, Auxílios Emergenciais;
• Manejo Emocional dos Profissionais e 
Socorristas bem como dos Familiares; 
• A Saúde Emocional dos Psicólogos 
que Atuam nas Emergências; 
• A Mídia em Situações de Emergência e 
Desastres: Influência na Saúde Mental.
UNIDADE Manejo Psicológico Frente às Reações Emocionais, 
Psicológicas e Sociais Emergenciais 
Introdução
Eventos de emergência e desastre em larga escala, resultantes de causas naturais, 
tecnológicas ou humanas, geralmente afetam comunidades inteiras. Invariavelmen-
te, produzem lesões, perdas humanas e de capital significativas, juntamente com 
perturbações sociais e de infraestrutura prolongadas. Além disso, emergências e 
desastres normalmente impõem uma carga significativa e persistente à saúde mental 
para aqueles afetados direta e indiretamente (Ver quadro de classificação das vítimas) 
(GÉNÉREUX et al., 2019). 
Figura 1 – Visão aérea de região atingida por enchente
Fonte: Getty Images
Quadro 1 – Classificação de Vítimas
Vítimas primárias as do epicentro do desastre
Vítimas secundárias família e amigos das principais vítimas
Vítimas de terceiro nível pessoal de emergência e resgate
Vítimas de quarto nível membros da comunidade que oferecem ajuda
Vítimas de quinto nível aqueles perturbados por envolvimento indireto
Vítimas do sexto nível aqueles que, por acaso, poderiam estar direta-mente envolvidos
Fonte: Adaptado de ALEXANDER, 2005
Esta unidade tem por objetivo compreender e avaliar as reações emocionais das 
pessoas diante do momento dos desastres, ou da ocorrência do evento. Compreender 
quem são as vítimas, diretas ou indiretas, o manejo emocional dos profissionais e 
socorristas, bem como dos familiares. A saúde emocional dos psicólogos que atuam 
nas emergências e o papel das mídias e imprensa no contexto dos desastres e influ-
ência na saúde mental.
Para tanto, abordaremos os seguintes tópicos: 
• Avaliação dos riscos, o suporte às vítimas, os auxílios emergenciais;
8
9
• Manejo emocional dos profissionais e socorristas bem como dos familiares;
• A saúde emocional dos psicólogos que atuam nas emergências;
• A mídia em situações de emergência e desastres: influência na saúde mental.
Avaliação dos Riscos, Suporte
às Vítimas, Auxílios Emergenciais
Conforme visto nas unidades anteriores, situações de desastres e emergências 
em geral extrapolam a capacidade da população de prever, prevenir ou controlar 
determinado evento utilizando seus próprios recursos, visto que consistem em uma 
grave interrupção do modo de funcionamento de uma sociedade (MELLER, 2015). 
Geralmente, provocam um grande número de vítimas e uma comoção popular devi-
do tanto ao seu alcance (MELO; SANTOS, 2011) como os prejuízos causados para a 
população afetada (mortes, desestruturação social, e o provável desenvolvimento de 
alterações físicas e emocionais) (FARIAS, et al., 2012; MELLER, 2015, WHO, 2007). 
Algumas reações emocionais, como medo, ansiedade, insegurança e sintomas 
como distúrbios do sono, irritabilidade, raiva dificuldades de concentração e respos-
tas exageradas a estímulos ambientais, são esperadas e consideradas compatíveis 
com o evento traumático (MELLER, 2015; SÁ et al., 2008). No entanto, a vivência 
de um desastre pode ser uma situação que caracteriza um trauma.
E, além de lidar com essas repostas psicológicas às vítimas em geral, precisam 
esforçar-se para estabelecer um equilíbrio entre o meio e ele mesmo. Isso se dá por-
que a partir do aparecimento da crise, o equilíbrio do indivíduo se desfaz, passando a 
perceber suas estratégias de enfrentamento e resolução de problemas enfraquecidas 
ou inexistentes. Como resultado desse desequilíbrio, as pessoas se veem incapazes 
de manejar os conflitos e dificuldades relacionadas ao evento de forma satisfatória 
(MELLER, 2015).
Mas, o que seria uma crise?
 [...] um estado temporal de transtorno e desorganização, caracterizado 
principalmente por uma incapacidade do indivíduo para manejar situa-
ções particulares utilizando métodos comumente conhecidos para a solu-
ção de problemas, e pelo potencial para obter um resultado radicalmente 
positivo ou negativo . (SLAIKEU, 1996, p. 16)
 O termo intervenção em crise pode ser pensado como um atendimento psicoló-
gico/comportamental imediato, projetado para primeiro estabilizar e depois reduzir 
os sintomas de angústia/ansiedade, com o objetivo de alcançar um estado de fun-
cionamento adaptativo; ou, para facilitar o acesso a cuidados continuados, quando 
9
UNIDADE Manejo Psicológico Frente às Reações Emocionais, 
Psicológicas e Sociais Emergenciais 
necessário (EVERLY; LATING, 2019). Segundo sinalizam alguns autores (ALVES; 
LACERDA; LEGAL, 2012; FRANCO, 2005; MELLER, 2015), a intervenção em 
emergências e desastres deve se basear em uma atividade focal e breve, que tem por 
objetivo fornecer os primeiros auxílios psicológicos após um desastre, levando em 
consideração as condições individuais e, principalmente, a recuperação e o aumento 
das capacidades adaptativas dos indivíduos.
Assim, o que se precisa ter em conta para realização de uma intervenção psico-
lógica em um momento de crise, é que a maioria das pessoas, quando se depara 
com situações de emergências e desastres, possuem condições para restabeleceram 
o equilíbrio e superar de forma positiva o estresse desencadeado (em torno de qua-
tro a seis semanas após o ocorrido), e que a intervenção precisar ter como pilar a 
prevenção, para que esse fluxo aconteça da melhor forma possível (PARANHOS; 
WELANG, 2015; YEAGER; ROBERTS, 2015).
Primeiros Auxílios Psicológicos 
O aspecto psicossocial em situações de emergências e desastres foi por muito 
tempo ignorado, até o final da década de 70, as atividades desenvolvidas na atuação 
nesses eventos tinham o predomínio em atividades voltadas a medicação e cuidados 
físicos com as vítimas feridas e intervenções estruturais, voltadas para a reconstrução 
das áreas danificadas (MELLER, 2015). Com o passar do tempo, a identificação de 
sintomas nas vítimas como medo, ansiedade e estresse, e o seu impacto prejudicial 
na saúde mental dos envolvidos, faz surgir o primeiro manual denominado “Primei-
ros auxílios Psicológicos em Casos de Catástrofes”, que enfoca no suporte psicológi-
co das vítimas de desastres, desenvolvido pela Associação de Psiquiatria Americana 
(BENEVIDES, 2015).
Na década de 80, foi desenvolvida a CISD (Critical Incident Stress Debriefing), 
conhecida no Brasil como debriefing psicológico. Resumidamente, trata-se de uma 
entrevista em profundidade realizada nos primeiros dias após a exposição traumáti-
ca. Tem o foco na expressão de sentimentos relacionadas à experiência traumática 
vivida, com objetivo de fazer uma reordenação cognitiva. Na sua forma original, é 
formada por sete fases: introdução, fatos, pensamentos, reações emocionais, sinto-
mas, informação e reentrada, agrupadas da seguinte forma: fase de introdução, 
tempor objetivo a apresentação do profissional e a explicação das metas e benefícios 
da intervenção, seguida da fase de narração, em que as vítimas relatam a situação 
traumática vivenciada, descrevendo os pensamentos e ideias, fase de reação, que 
promove a liberação de emoções e sentimentos associados à experiência vivida e 
fase pedagógica, em que ocorre a psicoeducação sobre as reações esperadas e 
estratégias de enfrentamento (coping) (GUIMARÃES, et al. 2007).
A técnica de debriefing psicológico em acidentes e desastres, 
disponíevel em: https://bit.ly/34gCeqD
10
11
Apesar de serem amplamente utilizadas, as intervenções baseadas em debriefing
psicológico não apresentam estudos científicos que comprovem a sua eficácia para 
a redução de sofrimento ou prevenção de reações pós-traumáticas. No entanto, as 
intervenções fundamentadas nos primeiros auxílios psicológicos (PAP) são apresen-
tadas na literatura como uma alternativa mais segura de intervenção preventiva nas 
situações de emergência e desastre. (SILVA et al., 2013)
A PAP é uma prática de suporte às vítimas de emergências e desastres recomen-
dada por importantes organismos como a Organização Mundial da Saúde – WHO, 
Inter-Agency Standing Committee (IASC) e o Sphere Project, sendo considerada 
uma alternativa ao debriefing  psicológico (JACOBS et al., 2016). Essas práticas 
são entendidas como uma resposta humana e de apoio às pessoas em situação 
de sofrimento e com necessidade de apoio. Os principais objetivos da PAP são: 
oferecer apoio não invasivo, minimizar o perigo de morte, proteger as pessoas de 
danos adicionais e auxiliar e orientar as pessoas com as fontes de ajuda disponíveis 
(PARANHOS; WELANG, 2015; SLAIKEU, 1996; WHO, 2011).
 Esses PAP se fundamentam na ideia de que os indivíduos que passaram por de-
sastres poderão desenvolver uma série de reações psicológicas, emocionais e físicas, 
sendo um dos principais objetivos da intervenção o foco na reconstrução das capa-
cidade dessas pessoas se recuperarem, amparando-as na identificação das suas 
necessidades imediatas, bem como suas próprias forças e habilidades. 
Dessa forma, a abordagem inicial às vítimas nesse tipo de situação consiste numa 
avaliação inicial das necessidades e preocupações das pessoas envolvidas, com intui-
to de propiciar um ambiente de assistência e segurança (MELLER, 2015). Segundo 
salientam Paranhos e Bertuzzi (2019), são ações centrais dos PAP, promoção de 
conforto e segurança, a observação de condutas, a escuta das preocupações e dú-
vidas, identificação das emoções consideradas atípicas em situações anormais. É 
sempre importante ficar atento às vítimas que demandam auxílio especializado para 
realizar encaminhamento. 
 Outra questão importante que é levantada é a questão cultural, é preciso estar 
atento às necessidades mais salientes do outro, tendo em conta que cada cultura tem 
suas próprias formas de comportamentos, buscando falar e porta-se de acordo com 
a cultura do indivíduo, sua idade, gênero, costume e religião. Dessa forma, em qual-
quer protocolo de atuação que se vá usar, é necessário que se faça uma adaptação 
às normas sociais e culturais para o contexto em que se está atuando (PARANHOS; 
WELANG, 2015).
 São diversos os modelos existentes de protocolos para aplicação dos primeiros 
auxílios psicológicos (ASTRALIAN RED CROSS, 2009; CARE, 2009; MARTÍN; 
MUÑOZ, 2009, SALIKEU, 1996, PARANHOS; BERTUZI, 2019) e, mesmo que 
sejam evidenciadas diferenças em relação às características (fases a serem seguidas) 
entre esses protocolos, é unânime a procura por proporcionar de forma rápida e 
competente a autonomia dos indivíduos para lidar com a situação crítica e retomar o 
controle de si (PARANHOS; WELANG, 2015). 
11
UNIDADE Manejo Psicológico Frente às Reações Emocionais, 
Psicológicas e Sociais Emergenciais 
O protocolo descrito por Meller (2015), que levou em consideração Organização 
Mundial de Saúde (OMS), Australian Red Cross, Inter-Agency Standing Committe 
(IASC) e a National Clid Traumatic Stress Network (NCTSN) estabelece diretrizes 
que compõem os primeiros auxílios psicológicos. Essas diretrizes são explicadas por 
seis intervenções: contato, segurança, estabilidade, coleta de informações, conexão 
do indivíduo com a rede social e informação.
Sendo o primeiro denominado contato, preconizando que seja desenvolvido um 
envolvimento de uma forma não abrupta com os indivíduos em crise. Tendo uma 
comunicação cuidadosa, demostrando calma e compreensão, com intuito de ajudá-
-los a se sentirem mais protegidos e calmos. A segunda intervenção é denominada 
segurança, cabendo garantir a redução de riscos e possíveis ameaças que a pessoas 
possam estar passando naquele instante. Após a estabilização dos riscos, o próximo 
passo e a estabilização dos indivíduos, buscando assegurá-los em ambiente seguro 
e verificando se os indivíduos estão satisfazendo suas necessidades fisiológicas, pro-
porcionando mais conforto. 
O foco da estabilidade é apresentar informações realistas, precisas e oportunas 
sobre o desastre. A disponibilização desses tipos de informações sobre o evento 
pode trazer consolo aos sobreviventes. Nesse momento, é importante estar aberto 
para uma escuta caso exista o desejo por parte da vítima. A coleta de informa-
ções, tem por objetivo realizar uma avaliação com as vítimas e envolvidos procu-
rando saber suas necessidades e apreensões, para a verificação da efetividade da 
assistência prestada. 
A quinta intervenção, conexão do indivíduo com a rede, destina-se a estabele-
cer uma aproximação do indivíduo com seus familiares e amigos (suporte primário). 
Por fim, cabe a intervenção de informar, que versa sobre a disponibilização de infor-
mações (verbais ou escritas) com intuito de instrumentalização das pessoas para lidar 
com a situação de crise. Fornece-se informações sobre as possibilidades de serviços 
para dar continuidade ao auxílio psicológicos, se for necessário. 
Nessa mesma direção, Salikeu (1996) propõe cinco passos: (1) realização de con-
tato e aproximação; (2) identificação de necessidades e preocupações; (3) resoluções 
de problemas; (4) oferecimento de informações estratégias positivas e (5) conexão à 
rede de apoio e manutenção da segurança.
É importante ressaltar que PAP não é considerado um procedimento exclusivo 
de profissionais de saúde mental, já que qualquer intervencionista de emergências e 
até membros da comunidade podem ser treinados para fornecer apoio psicológico 
básico às suas famílias, amigos, vizinhos e colegas de trabalho e gerenciar seu pró-
prio estresse (JACOBS, 2016). Essa capacitação pode ser oferecida por psicólogos, 
que devem se inserir nesse contexto como integrantes da equipe de coordenação e 
gestão, avaliando quando, como e que tipo de intervenção pode ser necessária em 
cada situação (PARANHOS; WELANG, 2015).
12
13
Alguns outros protocolos disponíveis são: National Child Traumatic Stress Network e National 
Center for Posttraumatic Stress Disorder (2006).
Importante!
A utilização dos protocolos deve estar em acordo com os planos de contingência que 
devem ser traçados junto à comunidade, levando em consideração suas peculiaridades, 
para que não se torne algo imposto pelos profissionais e perca o objetivo principal - ajudar 
da melhor maneira possível a quem precisa.
Para saber mais sobre o PAP, leia “Primeiros Cuidados Psicológicos: guia para trabalhadores 
de campo” disponível em: https://bit.ly/30rqFf4
Manejo Emocional dos Profissionais e 
Socorristas bem como dos Familiares 
A instabilidade psicológica ou emocional causada por situações de emergências 
e desastres, além de afetar à vítima, como foi discutido no tópico anterior, causam 
danos tanto aos familiares, como aos profissionais que realizam os primeiros 
auxílios (ALMONDES; SALES; MEIRA, 2016). Diante dessa demanda, cabe ao 
psicólogo a função de acolhimento, intermediação e integração do paciente/famí-
lia, e da própria equipe (SÁ;WERLANG; PARANHOS, 2008).
Figura 2
Fonte: Getty Images
13
UNIDADE Manejo Psicológico Frente às Reações Emocionais, 
Psicológicas e Sociais Emergenciais 
De acordo com Scremin, Ávila e Branco (2009), umas das funções importantes 
do trabalho do psicólogo deve ser a de mediador na relação entre a equipe/paciente/
família, atuando como um porta-voz das necessidades dos sujeitos, intervindo para 
diminuir os desencontros de informações que são comuns nesses contextos. 
O atendimento oferecido aos familiares é de grande relevância, visto que eles tam-
bém querem esclarecimentos das informações sobre o evento e sobre seus parentes. 
Algumas das informações mais urgentemente solicitadas pelos familiares são: se o 
familiar está consciente e orientado, qual a gravidade da situação, quais são seus com-
prometimentos físicos, quais documentos são necessários para dar entrada no hospital. 
Outra questão é que, em muitas ocasiões, os familiares desenvolvem níveis de estresse 
e ansiedade tais como a própria vítima, tamanho o envolvimento deles com o evento. 
Assim, realizar o apoio psicológico com os familiares é de suma importância, cabendo 
a utilização de técnicas de diminuição da ansiedade, ajudando a transformar os familia-
res em agentes facilitadores no auxílio ao paciente (ALMONDES et al., 2016).
O psicólogo pode realizar acolhimento dos profissionais em sofrimento através 
de algumas ações como: plantão psicológico, rodas de conversa e atendimentos 
psicoterápicos individuais. Cabendo ainda a promoção de palestras e treinamentos 
em temas diretamente relacionados a sua atuação, como saúde mental, psicopato-
logia, psicologia positiva, estratégias de enfrentamento do estresse e os maios va-
riados temas que possam surgir em um nível psicológico em situações de urgência 
(ALMONDES et al., 2016).
Outra proposta salientada por Almondes et al. (2016) foi o atendimento aos fami-
liares das vítimas nas viaturas SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), 
tendo o intuito de proporcionar o alívio do impacto direto do evento traumático. 
A proposta de intervenção do Serviço de Psicologia no SAMU visa ga-
rantir ações de cuidado aos profissionais, auxiliando-os no preparo para 
lidar com a dimensão subjetiva que toda prática de saúde supõe, fortale-
cendo o processo de humanização da atenção e do cuidado prestado ao 
paciente e ao trabalhador através da Política Nacional de Humanização 
(PNH). (ALMONDES et al., 2016, p. 453)
Relato de experiência da inserção do Serviço de Psicologia no SAMU 192 RN, que tem como 
proposta intervenções com as vítimas atendidas em resgate por condições clínicas, aciden-
tes ou violência, assim como com seus familiares, a comunidade envolvida e com os profis-
sionais de saúde do serviço. Disponível em: https://bit.ly/33l7RA1
14
15
A Saúde Emocional dos Psicólogos
que Atuam nas Emergências 
Nota-se, no decorrer do conteúdo, que as situações de desastres e catástrofes exi-
gem um trabalho físico e mental dos profissionais envolvidos em todas as etapas que 
envolvem o evento, estejam esses profissionais atuando de forma direta ou indireta 
nas ocorrências. Dessa forma, é de extrema importância o cuidado e manejo da saú-
de emocional da equipe envolvida, para que esses possam dar o suporte necessário 
à população. 
Dentro desse cenário, o cuidado com a saúde emocional do profissional de psico-
logia também se faz necessário, no entanto, pouco se sabe sobre essas experiências 
com esses profissionais nessas situações (VASCONCELOS; CURY, 2017). Nota-se, 
portanto, uma escassez de material que retrata a realidade emocional dos profissio-
nais de psicologia que atuam em situações de desastres, já que a maioria dos estudos 
realizados nessa temática traz a saúde do psicólogo nos contextos hospitalares, aten-
ção primária à saúde e instituições.
Ainda assim, segundo Cesar et al. (2015), é necessário que haja, antes de qual-
quer intervenção, um cuidado com a saúde mental dos profissionais da psicologia 
envolvidos em situações de desastres, pois segundo os autores, os psicólogos, como 
parte da comunidade e integrantes de uma sociedade, também são atingidos pelas 
tragédias ao terem que lidar com tanta dor e sofrimento. Segundo Magalhães e Melo 
(2015) apud Andery et al. (2020), “o contato com a vulnerabilidade dos pacientes 
convoca o enfrentamento com o seu próprio despreparo, o que pode ocasionar so-
frimento emocional agudo” (p. 29).
A exposição diária a eventos traumáticos e de desastres, e a rotina exaustiva das 
práticas e atividades realizadas, podem levar o profissional a um quadro de exaustão 
e estresse mental. A atuação do psicólogo, principalmente no campo das emer-
gências e desastres, apresenta uma característica pautada no investimento subjetivo 
às queixas e sofrimentos dos pacientes. Esses profissionais lidam diariamente com 
situação altamente estressantes praticamente durante todo o período em que estão 
atuando, bem como a sobrecarga de tarefas e o pluriemprego como forma de organi-
zação profissional (BIEHL, 2009). A síndrome de Burnout e outras alterações emo-
cionais como depressão e ansiedade podem ser muito comuns nesses profissionais. 
Leia mais sobre a Síndrome de Burnout, disponível em: https://bit.ly/2HKJJOZ
O desgaste físico e emocional faz com que “o indivíduo se sinta exigido e reduzido 
nos seus recursos emocionais, o que afeta as relações interpessoais profissionais e 
familiares, tornando se assim ineficaz em se doar emocionalmente para as pessoas 
ao seu redor” (ANDERY et al., 2020, p. 30). 
15
UNIDADE Manejo Psicológico Frente às Reações Emocionais, 
Psicológicas e Sociais Emergenciais 
O manejo e as medidas de prevenção da saúde mental desses profissionais, pas-
sam necessariamente pela qualificação e experiência, mas, acima de tudo, pela habi-
lidade de serem flexíveis e resilientes, levando em consideração que cada cenário irá 
exigir estratégias distintas e a consciência da necessidade de adaptações das técnicas 
de intervenção (CESAR et al., 2015).
Dentre os desafios para o psicólogo estão o elevado investimento pessoal 
para execução de suas atividades, busca frequente por aprimoramento, 
crescente número de profissionais que atuam em diferentes áreas e o 
fazer profissional dar-se por meio da promoção de saúde mental e quali-
dade de vida das pessoas, o que prevê o manejo de problemas de origem 
psicoafetiva. (BASTOS; GONDIM, 2010; RODRIGUEZ; CARLOTTO, 
2014, apud ANDERY et al., 2020, p. 28)
Pelo fato do profissional psicólogo lidar diariamente com as perdas, dores, lutos 
e sofrimento das pessoas atingidas pelos desastres, tal cuidado pode “trazer à cons-
ciência, por vezes de forma dolorosa, as próprias perdas do profissional que se vê 
impactado podendo interferir no tratamento, como também promovendo e amplian-
do a consciência da morte pelo cuidador” (WORDEN, 1998, apud ANDERY et al., 
2020, p. 29).
Dessa forma, o cuidado com a saúde emocional da equipe envolvida deve ser 
primordial, e realizada em primeira instância, para que assim os profissionais con-
sigam oferecer o cuidado integral e eficaz ao próximo e às vítimas. Vamos destacar 
alguns pontos fundamentais que auxiliam nesse suporte e que garantem mais apoio 
ao profissional de saúde mental. 
Antes de darmos seguimento reflita: quais poderiam ser as estratégias de acolhimento e 
suporte oferecidas aos profissionais psicólogos diante de situações de desastre?
Dentre essas estratégias encontram-se: 
• Fazer parte de uma organização humanitária 
Um estudo realizado por Vasconcelos e Cury (2017) investigou a experiên-
cia de 9 psicólogos que atuaram em situações extremas e de desastres. Dentro 
desse contexto, os entrevistados relataram que pertencer a uma organização 
estruturada garantiria maior suporte e auxílio frente às demandas. 
Minimiza a exigência de tomada de decisão individual por parte do psi-
cólogo e estabelece uma relação de suporte e cuidado dadireção da or-
ganização em relação à equipe. As organizações de ajuda humanitária 
exercem funções vitais na coordenação das ações, no recrutamento, trei-
namento e suporte às equipes. (VASCONCELOS; CURY, 2017, p. 482)
Franco (2005) ainda ressalta que, diante de tanta exposição às adversidades, 
as organizações tornam-se um espaço que oferece suporte e represamento ao 
16
17
risco, possibilitando ao profissional psicólogo um lugar de refúgio, amparo e 
proteção, promovendo a segurança e cuidados necessários.
Nota-se também a importância das organizações nos preparos técnicos e 
instrumentais aos psicólogos, o que possibilita uma melhor atuação e manejo 
nas situações extremas. A capacitação profissional, os treinamentos realizados 
e a prática supervisionada, podem ser fundamentais na garantia do suporte 
emocional e manejo das situações de estresse dos profissionais. Contudo, esses 
fatores não são suficientes se não há um espaço para o compartilhamento de 
experiências e o autocuidado. 
• Autocuidado, autoconhecimento e rede de apoio
Outros aspectos que se fazem fundamentais quando falamos em saúde men-
tal do profissional de psicologia são autocuidado e rede de apoio (familiar, social, 
profissional) e autoconhecimento.
O Autocuidado, ou o cuidar de si, faz parte fundamental do processo de 
promoção da saúde emocional do profissional psicólogo. No entanto, muitas 
vezes tal aspecto passa despercebido, ou acaba sendo negligenciado pelos pro-
fissionais. Segundo Foucault (1982; 2006) apud Ander y et al. (2020) “cuidar 
de si, significa antes de tudo não ser escravo dos outros, tanto daqueles que nos 
governam, quanto dos nossos próprios desejos e paixões” (p. 31).
Ainda nesse contexto “quem cuida de modo adequado de si mesmo, quem 
ocupa-se de si mesmo, encontra-se em condições de relacionar-se, de condu-
zir-se adequadamente na relação com os demais” (FOUCAULT, 1982; 2006, 
apud ANDER Y et al., 2020, p. 32). Outra definição de autocuidado foi sugerida 
pelo Departamento de Atenção Básica à Saúde (2012), “é olhar para si, em prol 
da sua saúde, adquirindo hábitos saudáveis e que condicionem um bem estar, 
físico e mental”.
No entanto, muitas vezes o profissional psicólogo não se permite esse cuidar de 
si, deixando de lado seus sentimentos e emoções, por acreditar que por estar cui-
dando do outro não pode sentir dor, raiva, cansaço, sendo essas sensações muitas 
vezes vistas como fraqueza ou incompetência profissional. Nesse caso, o exercício de 
autocompaixão é importante, pois, segundo De Melo e Raupp (2020), muitas vezes 
é difícil para esses profissionais aceitarem os próprios sentimentos e se sentirem 
compadecidos por esse sofrimento. Entende-se por autocompaixão a capacidade em 
aceitar as próprias limitações e falhas, e poder acolher a si mesmo, aceitando a todo 
e qualquer sentimento que surja no decorrer da vida, sem julgamento.
Remen (1993) apud Ander y et al. (2019, p. 32) apontam:
A repressão da emoção pode ser um dos principais provocadores do 
esgotamento psicológico. Aponta que parte da fadiga é atribuída à natu-
reza do trabalho e ao empenho em negar constantemente as emoções, 
para adquirir a objetividade imprescindível àquilo que se define ser o bom 
desempenho profissional.
17
UNIDADE Manejo Psicológico Frente às Reações Emocionais,
Psicológicas e Sociais Emergenciais 
Quando falamos em saúde mental ou promoção de saúde, o autoconhecimento 
parece ser outra condição fundamental para os psicólogos que atuam em situações 
extremas. Compreender os próprios limites, os pontos fortes e os vulneráveis, permi-
te com que o profissional tome decisões mais assertivas e coerentes com seu modo 
de encarar as situações, ou seja, tanto o autocuidado quanto ao autoconhecimento 
permite com que o profissional psicólogo desempenhe seu trabalho de forma mais 
assertiva e consciente (DE MELLO; RAUPP 2020) .
Figura 3
Fonte: Conselho Regional de Psicologia – Rio Grande do Sul
A rede de apoio ao profissional psicólogo torna-se de suma importância, pois 
consiste num espaço de acolhimento e troca de experiências com os outros profissio-
nais, bem como um lugar para aliviar as emoções e possíveis sofrimentos decorren-
tes dos atendimentos às vítimas. Worden (1998) apud Andery et al. (2020) destacam 
que o coordenador ou o chefe de uma equipe pode algumas vezes ser um facilitador 
dessa rede de apoio ao psicólogo, permitindo encontros regulares com a equipe, 
no intuito de promover as discussões sobre os desafios e problemas enfrentados, os 
sentimentos latentes que surgem no cuidado aos pacientes, visando assim a redução 
e manejo do estresse e a da expressão de sentimentos a respeito das perdas e do 
processo de luto. 
A rede de apoio também pode ser promovida pela própria equipe envolvida 
nos processos de intervenção, permitindo as trocas de experiências e supervisões 
caso necessário.
No entanto, deve-se pensar que a exposição constante ao estresse, a sobrecarga 
de trabalho, a falta de diretrizes e modelos a serem seguidos e a falta de suporte 
emocional a esses profissionais podem ser importantes fatores desencadeares de 
adoecimento mental nessa população.
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A Mídia em Situações de Emergência e
Desastres: Influência na Saúde Mental
Qual a importância da mídia em situações de desastres? E como ela pode influenciar a saúde 
mental da população?
Iniciar este tópico com uma questão de análise sobre a importância da mídia é 
fundamental, pois permite uma leitura mais crítica e uma aprendizagem mais signi-
ficativa sobre o assunto.
Diante de situações de desastres e catástrofes, a mídia apresenta uma participa-
ção importante, e, muitas vezes exaustiva, na cobertura desses eventos. A busca 
por audiências, por informações e dados fidedignos e até mesmo o sensacionalismo 
midiático fazem parte desse contexto jornalístico. 
A impressa costuma dar muita audiência e atenção a grandes desastres ou catás-
trofes coletivas, sejam elas naturais ou produzidas pelo homem, sendo tais notícias 
muitas vezes apresentadas em tons variados aos leitores e telespectadores de todo o 
 mundo (COUTINHO; FIGUEIRA 2013). 
Tal narrativa, ou o tipo de conteúdo, intensidade e a exposição recorrente dos 
eventos traumáticos apresentados pela mídia à comunidade, pode vir acompanhados 
por interpretações, experiências e vivências emocionais baseadas nos fatos apresen-
tados, podendo gerar muitas vezes percepções ameaçadoras da realidade (GIANINI 
et al., 2015). 
No entanto, não podemos negar a responsabilidade social das mídias em situa-
ções como essas, pois seu objetivo, além de informar e sanar a angústia da popu-
lação, também apresenta um papel investigativo, político e econômico importante, 
“a mídia é a mais importante ferramenta de mitigação à disposição das autoridades 
porque a sua atuação cria a percepção pública sobre os riscos do evento (MILES; 
MORSE, 2007; PÉREZ-LUGO, 2001 apud REIS et al., 2017, p. 78), Além disso, 
a mídia possibilita ao público o despertar de um pensamento crítico e reflexivo da 
população (CLIVEIRA; MONTIPÓ, 2017 apud SILVA; BARBOSA, 2019) .
As mídias são ferramentas necessárias, e possuem como uma de suas 
funções, abranger uma maior área de cobertura e, consequentemente, 
criar uma parceria com os órgãos constituídos do Estado e com a so-
ciedade como um todo. A gestão do conhecimento das catástrofes, são 
otimizadas pelas mídias, as quais, pelo seu poder natural, facilitam so-
bremaneira a disseminação das informações no tocante aos desastres 
naturais. (MARTINS, 2012, p. 43)
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UNIDADE Manejo Psicológico Frente às Reações Emocionais, 
Psicológicas e Sociais Emergenciais 
Além disso, as mídias apresentam um importante papel na redução dos riscos 
de desastres, tal prevenção e redução, segundo a Organização das Nações Unidas, 
precisa contar com a participação tanto da sociedade civil quanto dos órgãos pú-
blicos de gerenciamento de risco, e o meio jornalísticoparticipa como integrante 
e membro dessa sociedade. Segundo Dos Santos (2012, p. 2), tal participação da 
imprensa “nas políticas de redução de risco e desastre se torna então, inevitável, uma 
vez que, mesmo sem tomar consciência, a mera cobertura do desastre já contribui, 
positiva ou negativamente, para informar - ou desinformar - a população”. Por isso, 
é de fundamental importância um jornalismo ético, comprometido com a qualidade 
e fidedignidade das informações.
Figura 4 – Cenário da explosão ocorrida no porto em Beirute em Agosto de 2020
Fonte – Wikimedia Commons
A divulgação de notícias sobre a ocorrência de um desastre ou situação de emer-
gência, muitas vezes feita pelos veículos de comunicação, pode atingir de forma 
inesperada a população, incluindo aí os próprios familiares das vítimas do evento 
(veja exemplo na figura 2 acima). A necessidade por um furo de reportagem pode de 
alguma forma impedir com que tal informação seja levada ou dirigida aos familiares 
de maneira eficaz (GIANINI et al. 2015).
A mídia, como apresentado, cumpre um compromisso social importante, portan-
to, ao mesmo tempo que alivia a angústia por informações, pode vir a aumentar o 
medo, a ansiedade e uma noção distorcida dos eventos, muitas vezes pelo uso das 
notícias falsas, ou as fake news, podendo gerar efeitos desagradáveis e até mesmo 
um sofrimento social e coletivo. Nota-se uma necessidade recorrente da mídia em 
noticiar a dor e o sofrimento, mas pouco se vê sobre as conquistas e respostas de su-
peração. Assim, notícias ruins em excesso podem ser prejudiciais à saúde emocional 
da população. 
A mídia atinge uma extensão imensa de espectadores que, com a exposição di-
ária, recorrente e exaustiva de um evento por meio jornalístico, podem desenvolver 
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diversas reações emocionais na população, mesmo que esta não tenham vivenciado 
diretamente o evento (GIANINI et al. 2015).
A comunicação desse tipo de notícia, quanto mais inadequada for sua divulga-
ção, mais danos emocionais pode causar, muitas vezes, pela conotação que se dá, 
associada a imagens, sons e tonalidade da informação, pois esses são elementos que 
levam a população a reagir de diversas forma às divulgações das notícias. 
 ”Em 22 anos morando no Líbano, nunca senti medo como hoje”, diz brasileira em Beirute. 
Disponível em: https://bit.ly/3jgnAGd
Lendo a matéria anterior, o que a imagem, associada à fala da vítima, te faz pensar e sentir?
Para evitar maiores danos à população, oriundos das veiculações das notícias, a 
Organização Mundial da Saúde, criou um manual de comunicação eficaz com a 
mídia durante emergências de saúde pública.
 Nesse documento, você irá encontrar a descrição de sete passos para ajudar os 
agentes de saúde pública e outros a comunicarem-se eficazmente pela mídia durante 
emergências, permitindo que ações positivas promovam a interação com a mídia e 
propiciando uma cobertura eficaz das notícias aos eventos, ao invés de simplesmente 
responder à cobertura resultante, a fim de assegurar que as mensagens sejam preci-
samente transmitidas, altamente visíveis e claramente ouvidas. 
 Isto aumentará a probabilidade de êxito ao informar às pessoas, encora-
jando comportamentos proveitosos entre os atingidos ou ameaçados e 
reduzindo significativamente o impacto dos eventos. (OMS, 2009)
 Comunicação eficaz com a mídia durante emergências de saúde pública, disponível em: 
https://bit.ly/2SfYQSB
Importante ressaltar que todos os envolvidos em situações de desastres, seja de 
forma direta ou indireta, serão afetados pela dor e sofrimento daquela comunidade. 
Isso inclui desde as vítimas, os socorristas, técnicos e agentes de saúde, até os res-
ponsáveis pela cobertura jornalística e midiática. “A dimensão desses eventos e a 
cobertura exaustiva dos meios de comunicação, sobretudo nos momentos iniciais, 
costumam produzir uma grande comoção” (COUTINHO; FIGUEIRA, 2013, [s.p.]). 
O transtorno de estresse pós-traumático acomete principalmente às pessoas que 
vivenciaram de forma direta ou indireta um evento estressor. No entanto, mesmo que 
as pessoas não vivenciem o evento em si, o contato diário com notícias traumáticas, 
pode de alguma forma gerar certo nível de sofrimento e emoções intensas na socie-
dade como um todo.
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UNIDADE Manejo Psicológico Frente às Reações Emocionais, 
Psicológicas e Sociais Emergenciais 
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Enfrentamento de Crises em situações de Emergências e Desastres
https://bit.ly/30oYlKh
Comunicação eficaz mídia durante emergências
https://bit.ly/2SfYQSB
Síndrome de Burnout: o que é, quais as causas, sintomas e como tratar.
https://bit.ly/36njyrT
O Autocuidado da Saúde Mental de Psicólogos: uma revisão bibliográfica
DE MELO, M. R.; RAUPP, L. M. O Autocuidado da Saúde Mental de Psicólogos: 
uma revisão bibliográfica. Revista Perspectiva: Ciência e Saúde, v. 5, n. 1, 2020
https://bit.ly/3l7wR3I
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Referências
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dos desastres naturais: uma revisão. Psicologia em Estudo, v. 17, n. 2, p. 307–315, 
jun. 2012. 
ANDERY, M. C. R. et al. A vivência do luto de psicólogos dentro das instituições. Rev. 
SBPH, São Paulo, v. 23, n. 1, p. 25-34, jun.  2020. Disponível em <http://pepsic.
bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582020000100004&lng=
pt&nrm=iso>. Acesso em: 02/08/2020.
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article/csp/2013.v29n8/1488-1490/pt/>. Acesso em: 01 out. 2020.
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uma revisão bibliográfica. Revista Perspectiva: Ciência e Saúde, v. 5, n. 1, 2020.
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