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A sociologia de Max Weber

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
CURSO: Direito 
DISCIPLINA: Fundamentos Antropológicos e Sociológicos (ARA0100) 
PERÍODO: 2022.1 
PROFESSOR: Danilo Mariano Pereira 
UNIDADE I: Fundamentos Sociológicos 
AULA 6: A sociologia de Max Weber 
Temas de aprendizagem 
- A sociologia de Max Weber 
- A sociologia compreensiva: o estudo sociológico dos indivíduos (ou das ações sociais) 
- “Conceitos sociológicos fundamentais”: sentido, ação social, relação, ordem e regras sociais 
- Os tipos de ação social: racional-teleológica, racional-axiológica, tradicional e afetiva 
- “A ética protestante e o espírito do capitalismo”: a especificidade do moderno capitalismo 
Situação-problema 
Em abril de 1999, o jornal Folha de S. Paulo realizou uma enquete com dez renomados 
intelectuais brasileiros a respeito dos textos teóricos mais importantes do século XX. Escrito pelo 
sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), o livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” 
(1904-1905) conquistou a primeira colocação. Em terceiro lugar, outra obra de Weber foi premiada: 
“Economia e sociedade” (1922). A decisão dos jurados dá a medida da importância e da influência do 
complexo, erudito e abrangente legado intelectual de Max Weber. Esse legado se propagou por vários 
campos do conhecimento. Seus escritos são lidos no mundo inteiro: é difícil imaginar um pensador 
contemporâneo que não tenha sido influenciado por seus temas e suas questões. 
- Pergunta-se: Quais são os principais conceitos da obra de Max Weber? Por que são tão 
importantes para a sociologia? Como podemos usá-los para compreender a sociedade contemporânea? 
Referências 
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2004. 
WEBER, Max. Conceitos sociológicos fundamentais. Covilhã: LusoSofia Press, 2010. 
Atividade Verificadora da Aprendizagem 
Ver seção Atividade Autônoma Aura. 
 
 
A sociologia compreensiva: o estudo sociológico dos indivíduos (ou das ações sociais) 
Max Weber (1864-1920), entre os três fundadores da sociologia, é o único que se propõe a 
analisar não apenas a dimensão propriamente coletiva da sociedade (a ordem social, as regras sociais, 
o capitalismo, as classes sociais, o Estado, as relações de trabalho etc.), mas também as ações 
individuais, isto é, a atuação dos indivíduos no cotidiano da vida social. 
Por essa razão, sua obra é comumente definida, por ele próprio e por comentadores, como uma 
“sociologia da ação”, “sociologia dos agentes” ou mesmo uma “sociologia dos indivíduos”. Isso pode 
parecer contraditório, afinal, a sociologia é definida, basicamente, como o estudo da sociedade, o que 
significa estudar não os fenômenos individuais, mas sociais, isto é, coletivos. 
No entanto, como foi dito, Weber não está propondo o estudo dos indivíduos em si, mas sim 
das ações individuais. Logo, Weber não está propondo um estudo dos fenômenos estritamente 
individuais, recusados por Durkheim, isto é, os fenômenos psicológicos ou biológicos; tampouco o 
estudo das ações econômicas individuais ou naturais, recusadas por Marx. 
Weber está propondo, sim, estudar as ações individuais que ajudam a constituir a vida social. 
Conceitos sociológicos fundamentais: sentido, ação social, interação, ordem e regras sociais 
Ao propor o estudo das ações, Weber entende que é preciso entender o sentido das ações 
individuais, isto é, o significado das práticas adotadas pelos agentes, suas motivações subjetivas. É por 
isso que sua obra se define como a sociologia compreensiva, que se propõe a compreender o sentido 
que os indivíduos atribuem às suas próprias ações. 
No entanto, a sociologia de Weber não estuda todo e qualquer tipo de ação individual, mas sim 
as chamadas “ações sociais”; devemos então nos perguntar: o que Weber denomina como ação social? 
Para Weber, ação social é a ação cujo sentido (significado, motivação subjetiva) se define pela 
expectativa de reação dos outros; ou seja, é a ação do indivíduo que se dirige, direta ou indiretamente, 
a outro indivíduo (ou outros indivíduos). Em outras palavras, ação social é uma ação que estabelece 
uma relação ou uma interação entre dois ou mais agentes. 
Em uma sociedade, os indivíduos estão constantemente envolvidos em inúmeras relações 
sociais, isto é, estabelecendo diversas interações (inter-ações) com outros indivíduos, seja na família, 
na comunidade, no trabalho, na religião, na política etc. 
Por um lado, essas relações sociais podem ser modificadas a qualquer momento, caso os 
agentes passem a agir de modo diferente. Nesse sentido, Weber começa a construir uma visão muito 
mais dinâmica sobre a sociedade. Sua análise permite perceber que as mudanças e as transformações 
fazem parte do próprio cotidiano da vida social. 
Por outro lado, as relações sociais, em geral, podem ser (e quase sempre) são dotadas de certa 
estabilidade, isto é, uma repetição cotidiana, uma recorrência ao longo de um intervalo de tempo 
 
 
predeterminado ou indeterminado (relações de trabalho duram o tempo previsto em contrato, podendo 
ser interrompidas antes do prazo ou prorrogadas posteriormente; relações religiosas, matrimoniais e 
comunitárias geralmente duram décadas e podem durar uma vida inteira; relações familiares 
consanguíneas duram obrigatoriamente a vida inteira) 
A essa estabilidade ou recorrência das relações sociais, Weber dá o nome de ordem social. 
Segundo Weber, a ordem social pode ser mais rígida ou mais flexível, pois ela é mantida por 
meio de diferentes tipos de regras sociais. Estas podem ter a forma de costumes e convenções ou leis. 
• Costumes são regras sociais não sancionadas. Trata-se de padrões de comportamento que os 
indivíduos não são, de modo algum, constrangidos a adotar. Consequentemente, caso deixem de 
observar esse padrão, não sofrerão qualquer sanção por parte do Estado ou da sociedade. 
• Convenções são regras sociais sancionadas pela sociedade. Trata-se de padrões de 
comportamento que os indivíduos são constrangidos por outros indivíduos a adotar. 
Consequentemente, caso deixem de observar esse padrão, serão alvos de sanções sociais, isto é, a 
reprovação por parte de outros indivíduos, mas não do Estado. 
• Leis são regras sociais sancionadas pelo Estado. Trata-se de padrões de comportamento que 
os indivíduos são constrangidos pelo Estado a adotar. Consequentemente, caso deixem de observar 
esse padrão, sofrerão sanções jurídicas, isto é, uma punição por parte do Estado. 
Cabe ressaltar que costumes podem se transformar em convenções, que podem se transformar 
em leis, que, por sua vez, podem voltar a ser convenções ou meros costumes. 
Além disso, a diferença entre costumes e convenções depende dos sentidos que os indivíduos 
atribuem às ações que constituem essas regras sociais. Para um indivíduo, determinada ação pode ser 
uma convenção caríssima. Para outro, pode ser apenas um costume, desprovido de valor social. 
Os tipos de ação social: racional-teleológica, racional-axiológica, tradicional e afetiva 
Weber classifica as ações sociais em diversos tipos. São eles: 
• Ação racional com relação a fins. São ações que se dirigem a objetivos racionalmente 
estabelecidos (por exemplo, estudamos para nos qualificar para o mercado de trabalho e assim 
conseguir melhores empregos); 
• Ação racional com relação a valores. São ações que se dirigem ao cumprimento de um 
princípio moral ou ético-político (por exemplo, estudamos porque acreditamos na educação e que, por 
meio do conhecimento, podemos nos tornar pessoas melhores); 
• Ação afetiva. São ações motivadas por afetos (por exemplo, estudamos porque gostamos dos 
colegas e dos professores); e 
• Ação tradicional. São ações que se dirigem ao cumprimento de uma tradição (por exemplo, 
estudamos porque temos que estudar e não há outra opção na vida). 
 
 
É importante dizer que, para Weber, uma mesma ação pode ter vários sentidos para um agente. 
“A ética protestante e oespírito do capitalismo”: a especificidade do moderno capitalismo 
Assim como Durkheim e, principalmente, Marx, Max Weber também dedicou especial atenção 
em sua obra à análise do capitalismo e dos fenômenos econômicos em geral. No entanto, ao abordar 
esse tema, Weber revela suas profundas divergências com a obra de Karl Marx. 
Marx definiu o capitalismo como um conjunto de relações sociais de produção, por meio das 
quais o capitalista explora as forças produtivas, juntamente com o trabalho humano, para obter lucros. 
Nesse sentido, capitalismo consiste, basicamente, em usar dinheiro para ganhar mais dinheiro. 
Weber, por sua vez, parte da constatação de que o capitalismo, tal como definido por Marx, 
praticamente sempre existiu, podendo ser identificado em inúmeros momentos da história da 
humanidade. Segundo ele, a chamada auri sacra fames (a fome insaciável pelo ouro) é um fenômeno 
observado em diversas culturas humanas ao redor do mundo. 
Assim, Weber se pergunta: qual é a especificidade do capitalismo tal como o conhecemos 
hoje, isto é, o moderno capitalismo? 
Para responder a essa pergunta, Weber passa a investigar a origem do moderno capitalismo. 
Com isso, acaba constatando que o surgimento do moderno capitalismo se dá na mesma época em que 
surge a chamada “ética protestante”. 
Além disso, com base em análises históricas, Weber mostra que, desde o início da Reforma 
Protestante, no século XVI, os protestantes na Europa sempre formaram as classes sociais mais ricas. 
Em geral, eram grandes empresários, ocupavam os cargos mais altos nas empresas, formavam-se em 
profissões ligadas à indústria, ao grande comércio, aos negócios e tecnologias etc. 
Em síntese, os protestantes sempre demonstraram uma forte vocação para o trabalho, para o 
empreendimento, o enriquecimento, a prosperidade econômica, em suma, para a atividade capitalista. 
Assim, Weber formula a hipótese de que é a ética protestante que dá origem ao moderno capitalismo. 
Para demonstrar essa hipótese, Weber realiza um longo e profundo trabalho de pesquisa sobre 
o Protestantismo, analisando em detalhes a relação entre essa doutrina religiosa e a formação do 
capitalismo moderno. Esse trabalho de pesquisa inclui estudos sobre as obras, a história e o 
pensamento de grandes personagens da história do Protestantismo, como João Calvino, Martinho 
Lutero e Benjamin Franklin. 
Assim, Weber revela que, para as primeiras gerações de protestantes, ser cristão, isto é, viver 
de acordo com a ética e os ensinamentos do cristianismo, de modo a obter a graça divina e comungar 
com Deus, tinha um significado não apenas religioso, espiritual e moral, mas também material. Nesse 
sentido, ser cristão significava ser bem-sucedido na profissão, prosperar economicamente, enriquecer. 
 
 
Weber denomina essa conduta de ascetismo laico, pois consiste em uma ação religiosa, que 
visa a comunhão com um mundo espiritual e transcendental, mas que se dá no mundo material, em 
sentido laico, imanente, material. 
A passagem a seguir, citada por Weber, foi extraída de dois sermões de Benjamim Franklin, 
intitulados, em tradução livre, Orientações necessárias para aqueles que querem ser ricos e 
Conselhos a um jovem comerciante: 
Lembra-te que tempo é dinheiro; aquele que com seu trabalho pode ganhar dez xelins 
ao dia e vagabundeia metade do dia, ou fica deitado em seu quarto, não deve, mesmo que 
gaste apenas seis pence para se divertir, contabilizar só essa despesa; na verdade gastou, ou 
melhor, jogou fora, cinco xelins a mais. 
Lembra-te que crédito é dinheiro. Se alguém me deixa ficar com seu dinheiro depois 
da data do vencimento, está me entregando os juros ou tudo quanto nesse intervalo de tempo 
ele tiver rendido para mim. Isso atinge uma soma considerável se a pessoa tem bom crédito e 
dele faz bom uso. 
Lembra-te que o dinheiro é procriador por natureza e fértil. O dinheiro pode gerar 
dinheiro, e seus rebentos podem gerar ainda mais, e assim por diante. Cinco xelins investidos 
são seis, reinvestidos são sete xelins e três pence, e assim por diante, até se tornarem cem 
libras esterlinas. Quanto mais dinheiro houver, mais produzirá ao ser investido, de sorte que os 
lucros crescem cada vez mais rápido. Quem mata uma porca prenhe destrói sua prole até a 
milésima geração. Quem estraga uma moeda de cinco xelins, assassina (!) tudo o que com ela 
poderia ser produzido: pilhas inteiras de libras esterlinas. 
Lembra-te que – como diz o ditado – um bom pagador é senhor da bolsa alheia. 
Quem é conhecido por pagar pontualmente na data combinada pode a qualquer momento pedir 
emprestado todo o dinheiro que seus amigos não gastam. 
Isso pode ser de grande utilidade. A par de presteza e frugalidade, nada contribui 
mais para um jovem subir na vida do que pontualidade e retidão em todos os seus negócios. 
Por isso, jamais retenhas dinheiro emprestado uma hora a mais do que prometeste, para que tal 
dissabor não te feche para sempre a bolsa de teu amigo. 
As mais insignificantes ações que afetam o crédito de um homem devem ser por ele 
ponderadas. As pancadas de teu martelo que teu credor escuta às cinco da manhã ou às oito da 
noite o deixam seis meses sossegado; mas se te vê à mesa de bilhar ou escuta tua voz numa 
taberna quando devias estar a trabalhar, no dia seguinte vai reclamar-te o reembolso e exigir 
seu dinheiro antes que o tenhas à disposição, duma vez só. 
Isso mostra, além do mais, que não te esqueces das tuas dívidas, fazendo com que 
pareças um homem tão cuidadoso quanto honesto, e isso aumenta teu crédito. (...). 
Quem esbanja um groat {quatro pence} por dia esbanja seis libras por ano, que é o 
preço para o uso de cem libras. Quem perde a cada dia um bocado de seu tempo no valor de 
quatro pence (mesmo que sejam só alguns minutos) perde, dia após dia, o privilégio de utilizar 
cem libras por ano. Quem desperdiça seu tempo no valor de cinco xelins perde cinco xelins e 
bem que os poderia ter lançado ao mar. Quem perde cinco xelins não perde só essa quantia, 
mas tudo o que com ela poderia ganhar aplicando-a em negócios – o que, ao atingir o jovem 
uma certa idade, daria uma soma bem considerável. (Weber, 2004, p. 42-42). 
Ao mostrar que na ética protestante reside a origem do capitalismo, Weber não está dizendo 
simplesmente que os protestantes reproduziram a lógica da auri sacra fames, isto é, que eles eram 
capitalistas gananciosos. 
Na verdade, o que Weber mostra é que, na origem, a ação capitalista não visava apenas obter e 
aumentar lucro (usar dinheiro para ganhar mais dinheiro), mas também cumprir uma exigência ética, 
de base religiosa, de modo a obter a salvação espiritual e entrar em comunhão com Deus. 
 
 
Assim, a especificidade do capitalismo moderno está justamente no fato de que a ação 
capitalista não tem (ou pelo menos não tinha originalmente) um sentido (um significado, uma 
motivação subjetiva) apenas material e econômico, mas também ético, moral, religioso. 
Nos termos do próprio Weber, a ação capitalista na Modernidade não é (ou não era) apenas 
uma ação racional com relação a fins (que visa aumentar os lucros), mas também uma ação racional 
com relação a valores (que visa honrar um preceito religioso). 
Weber prossegue com a análise do desenvolvimento histórico do capitalismo moderno e 
mostra que, em sua época (início do século XX), esse sentido ético e religioso da ação econômica 
capitalista já não se verificava com o mesmo peso de antes. 
Com o tempo, essa ação, isto é, o ato de empreender, dedicar-se ao trabalho, prosperar, ser 
bem sucedido na vida etc., passou a ter muitos significados possíveis: desde o puro e simples 
enriquecimento, até a continuidade de tradições familiares, a realização de sonhos pessoais, além das 
mais diversas motivações éticas. 
Atividade Autônoma Aura 
Assinale a alternativa correta, de acordo com a concepção de Max Weber sobre a neutralidade 
científica na pesquisa em ciências sociais:a) É impossível a neutralidade, pois a pesquisa sempre será contaminada pelas escolhas do 
pesquisador 
b) É impossível a neutralidade, mas o pesquisador deve se isentar ao máximo na escolha das 
evidências 
c) Não é possível estabelecer critérios científicos neutros, pois a validade das evidências nunca 
é precisa 
d) A neutralidade é uma realidade nas ciências sociais, pois as evidências falam por si só

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