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UNIDADE 1 UM CONVITE À SOCIOLOGIA: CONCEITOS E APLICAÇÕES ObjETIVOS DE APrENDIzAGEM Esta unidade tem por objetivos: compreender os antecedentes históricos da Sociologia; entender as concepções sobre as finalidades da Sociologia; conhecer o pensamento clássico da Sociologia; compreender as relações entre a Sociologia clássica e a educação. TÓPICO 1 – SOCIOLOGIA: PRIMEIROS PASSOS TÓPICO 2 – KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO TÓPICO 3 – DURKHEIM, BOURDIEU E BAUMAN E A EDUCAÇÃO PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que em cada um deles você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados. SOCIOLOGIA: OS PRIMEIROS PASSOS 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 UNIDADE 1 Nas conversas do dia a dia é muito comum as pessoas opinarem sobre a sociedade, emitindo desde críticas ou até mesmo pareceres com sofisticação ou não, sobre determinados setores específicos. Podemos até dizer que algumas destas pessoas podem ter um parecer com maior consistência teórica, outras podem buscar fatos e dados estatísticos para comprovar a sua versão sobre a sociedade ou, ainda, alguns não conseguem sustentar com fundamento algum o seu parecer sobre propostas de mudanças ou anomalias no interior da sociedade. E nestas opiniões sobre a sociedade podem se fazer presentes elementos como: família, poder, política, educação, dentre outros, que retratam sobre o funcionamento, as anomalias e os possíveis impactos na sua área de atuação ou na educação. Na história da humanidade, você pode encontrar várias teorias sobre a sociedade ou até mesmo propostas para melhorar o funcionamento da mesma ou, inclusive, explicar as anomalias. Estas teorias dependem de época para época, de sociedade para sociedade e de pensador para pensador. Ou ainda, de área para área de estudo. E uma das áreas de estudo que tem se dedicado ao entendimento do funcionamento da sociedade, dentre outras finalidades, é a Sociologia. Neste tópico você estudará o contexto do surgimento da Sociologia e os antecedentes históricos, algumas concepções sobre a Sociologia e as suas finalidades e áreas de estudo. UNIDADE 1TÓPICO 14 2 SOCIOLOGIA: SUAS ORIGENS A Sociologia é uma das áreas de estudo que surgiu no início da modernidade com o propósito de compreender a sociedade de um modo geral (é claro, os primeiros sociólogos tinham cada qual o seu entendimento sobre a sociedade). A Sociologia surge no início da modernidade. Todavia, o período anterior à modernidade é conhecido como a Idade Média, historicamente está situada entre o século V ao século XV (para tal período é possível encontrar o termo pré-modernidade). A Sociologia surge no início da modernidade, ou seja, num período de profundas transformações, como: o Renascimento cultural, a Reforma Protestante, até as grandes navegações que permitiram ao homem superar os obstáculos da natureza. Ou seja, em tal período a mentalidade do homem toma outros rumos, principalmente o de colocar em suas mãos o seu próprio destino. Entretanto, o período anterior à modernidade é conhecido como a Idade Média, quando a mentalidade predominante do homem era a salvação da alma, a fé e, principalmente, o homem deveria guiar-se pela vontade de Deus. Ou seja, o homem de mentalidade medieval ocidental preocupava-se muito com a salvação da alma, no sentido de fazer parte do paraíso celeste e não habitar no inferno, e para tanto deveria preparar-se para salvar a sua alma. FIGURA 1 – PINTURA MEDIEVAL REPRESENTANDO O INFERNO FONTE: Disponível em: <http://gratefultothedead.wordpress. com/2011/08/28/getting-medieval-on-the-doctrine-of-hell/>. Acesso em: 20 de dez. de 2011. UNIDADE 1 TÓPICO 1 5 Desta forma, podemos afirmar que na Idade Média, de um modo geral, a religião teve um papel relevante na vida das pessoas. Influenciava na política, na educação, na economia, na cultura, na organização da sociedade e até mesmo no entendimento sobre a mesma. A visão de certa forma predominante na Europa era a visão teocêntrica do mundo. Ou seja, do grego (théos: Deus), e neste sentido, o teocentrismo medieval significava que Deus era o centro das atenções e/ou ainda, Deus era a medida de todas as coisas. Inclusive, em tal cenário, as igrejas medievais, de certa forma, frente à sua imponência, tornavam o homem inferior frente a Deus. FIGURA 2 – A IMPONÊNCIA DE UMA IGREJA MEDIEVAL FONTE: Disponível em: <cidademedieval.blogspot.com>. Acesso em: 20 out. 2011. No âmbito social, a sociedade medieval era composta pelo clero, a nobreza e os servos. Era assim porque era “a vontade de Deus”. Ou seja, a sociedade era desta forma porque Deus quis assim. Se a sociedade deveria ser organizada de outra maneira, Deus teria feito o mundo de outra maneira. Neste sentido, na mentalidade medieval tinha-se a percepção de que o mundo era como era porque Deus quisera assim, ou seja, era sua vontade. E se deveria ser de outra maneira o mundo, Deus o teria feito de outro modo. Pode-se dizer que a crença que se tinha no período medieval era de que a sociedade era imutável e para isso buscavam-se justificativas das mais variadas, mas tendo como o ponto de sustentação a vontade de Deus. Para efeito de entendimento da sociedade medieval, alguns homens dedicavam-se a servir a Deus, louvá-lo e pregar as palavras de Cristo no mundo (clero). Outros teriam a função de defender a cristandade com armas em mãos, bem como defender os fracos (nobreza). E, por fim, os que tinham a incumbência de trabalhar para que não faltasse pão para si e para os que defendiam (nobreza) e rezavam (clero). E neste sentido, o lugar que cada pessoa ocupava na sociedade medieval era vontade divina, por isso não deveria ser alterada a ordem social. UNIDADE 1TÓPICO 16 Como mencionado anteriormente, as justificativas para a sociedade medieval ser da maneira como era estavam em Deus. No entanto, com o início da modernidade, novas ideias começam a se fazer presentes com maior força e intensidade, e de certa forma contribuíram para outras maneiras de compreender a sociedade. E neste cenário, outras áreas de estudo, como a Sociologia, começam a dar os seus primeiros passos. Entretanto, caro(a) acadêmico(a), outras áreas do conhecimento começam também a estar em evidência e apresentar suas teorias, como a Física, a Química, entre outras. Nos séculos XV e XVI, período do surgimento conhecido como modernidade, há uma mudança significativa de mentalidade. O homem começa a valorizar com mais ênfase as suas capacidades racionais, com o propósito de desvendar com mais afinco a estrutura da natureza e o seu funcionamento. Entretanto, destaca-se que muitos homens e mulheres foram perseguidos devido à nova postura de pensar no período medieval, ou desejar pensar diferente. E a título de registro, cita-se: os aparelhos de tortura medievais, que de certa forma buscavam coibir o surgimento de novas ideias ou pessoas que tinham outra maneira de ver e pensar o mundo. FIGURA 3 – APARELHOS DE TORTURA MEDIEVAIS FONTE: Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br/portal/impressao. asp?artigo=541>. Acesso em: 20 dez. de 2011. Neste sentido, a cultura teocêntrica perde espaço para a cultura antropocêntrica (antropo: homem: medida de todas as coisas, ou homem sendo o centro das atenções). Pode-se dizer que UNIDADE 1 TÓPICO 1 7 uma nova forma de ver, agir e pensar aparece, lentamente, entre os homens daquele período e que de certa forma contribuiu para impulsionar diversas transformações que estavam se fazendo presentes naquela época e que tiveram consequências nas diversas áreas do saber. Veja, por exemplo, Leonardo da Vinci e as suas invenções, que é um retrato da nova postura do homem frente ao mundo. Ou seja, um homem que cria, inventa, transforma o mundo do qual faz parte. FIGURA 4 – UMA DAS INVENÇÕES DE LEONARDO DA VINCI – PARAFUSO VOADOR FONTE: Disponível em: <http://hypescience.com/leonardo-da-vinci-melhores- ideias/>. Aceso em: 20 out. 2011. De acordocom Andery et al. (1996, p. 175): na nova visão de mundo, que veio a substituir a medieval, o homem, no seu sentido mais genérico, era a preocupação central. As relações Deus-homem, que eram enfatizadas pelo teocentrismo medieval, foram substituídas pelas relações homem e a natureza. Isso significava, com relação ao conhecimento, a valorização da capacidade do homem conhecer e transformar a realidade. Alguns eventos que se fizerem presentes entre o final da Idade Média e início da modernidade, de certa forma, estão em consonância com a “nova” mentalidade que se faz presente (URBANESKI, 2008). De forma breve, destacaremos a seguir: Renascimento comercial: o sistema vigente na Idade Média era o feudalismo, no qual a economia era basicamente agrária e autossuficiente. Contudo, a partir da segunda metade da UNIDADE 1TÓPICO 18 Idade Média, o comércio começou a ser reativado, e dentre os fatores que contribuíram estão as cruzadas e a produção excedente. Além disso, outros fatores estiveram presentes neste período, como: ascensão do capitalismo, incremento do sistema bancário, o mercantilismo e o surgimento de uma nova classe social: a burguesia. Renascimento urbano: a vida no período medieval era predominantemente rural, viviam em torno dos castelos medievais. Contudo, com o renascimento comercial, surgem os burgos (pequenas vilas), onde as pessoas se encontravam para comercializar e trocar ideias, e lentamente começam a surgir as cidades, inicialmente chamadas de burgos. As grandes navegações: “a descoberta” da América (1494) por Cristóvão Colombo; Vasco da Gama chega às Índias (1498) e Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil (1500). Foram fatos que contribuíram para ampliar o mundo conhecido e eliminar as ideias de que o mundo era plano, ou ainda, que houvesse monstros nos mares, dentre outras ideias. E, além disso, enalteceu a noção de que o homem era capaz de atravessar os mares e conquistar outros continentes e inclusive colonizá-los: como a África e a América (Novo Mundo). Renascimento científico: o racionalismo e a preocupação com o entendimento da natureza estimularam as pesquisas científicas. Pensadores como Pietro Pomponazzi, Galileu Galilei, Copérnico e Leonardo da Vinci se fazem presentes com novas ideias, experimentos ou inventos. Por exemplo: Pomponazzi pregou a supremacia da razão, negou a Criação, a imortalidade da alma e os milagres. Eram escritos avançados para a época e que questionavam a estrutura existente e até a forma do homem compreender o mundo. Reforma religiosa ou Reforma Protestante: que foi, a grosso modo, um movimento com características religiosas, políticas e econômicas e que iniciou com Lutero na Alemanha, no século XVI (vale destacar que outros pensadores já estavam criticando a Igreja anteriormente). Esta reforma provocou a separação de uma parte da comunidade católica da Europa, dando origem ao protestantismo. Renascimento cultural: que foi um movimento intelectual, artístico e literário ocorrido na Europa, especialmente na Itália, nos séculos XV e XVI, o qual teve entre as suas características: a inspiração nas obras da antiguidade greco-romana, a exaltação da vida, o sensualismo e o gosto artístico. Este movimento foi muito importante para a construção de uma nova mentalidade humana, pois as artes deram impulsos para mudar a forma de ver o mundo. Veja as figuras a seguir, sendo que a Figura 5 representa a mentalidade medieval e a Figura 6 a mentalidade renascentista. UNIDADE 1 TÓPICO 1 9 FIGURA 5 – A MENTALIDADE MEDIEVAL FONTE: Disponível em: <http://www.snpcultura.org/tvb_giotto_e_fra_angelico_o_melhor_de_dois_ pintores.html>. Acesso em: 20 out. 2011. FIGURA 6 – MENTALIDADE RENASCENTISTA FONTE: Disponível em: <nospassosdahistoria.blogspot.com>. Acesso em: 20 out. 2011. UNIDADE 1TÓPICO 110 UNI Caro(a) acadêmico(a), você pode se perguntar: como era a educação medieval? Você deve ter em mente que os aspectos religiosos tinham muita importância neste período, ou seja, a educação era objeto de reflexão, principalmente de pensadores que, de forma direta ou indireta, pensavam de acordo com as ideias vigentes naquele contexto. Neste sentido, para efeito de registro, diz Suchodolski (1992, p. 20): “a verdadeira educação cumpre ligar ao homem a sua verdadeira pátria, a pátria celeste, e destruir ao mesmo tempo tudo o que prende o homem à sua existência terrestre”. Ou ainda, Craver e Ozmon (2004, p. 65) apontam que para Santo Agostinho, um dos pensadores medievais: “o grande objetivo da educação [...], é a perfeição do ser humano e a derradeira reunião da alma com Deus. [...] uma educação adequada direciona o aprendiz para um conhecimento que conduz ao verdadeiro ser, progredindo de uma forma inferior para uma forma mais elevada”. Ou seja, é aceitável mencionar que os propósitos educacionais deste período não destoavam com a mentalidade então vigente. Caro(a) acadêmico(a), você percebeu que no início da Idade Moderna aconteceram fatos e eventos que possibilitaram a mudança do desenho da sociedade da época e, de certa maneira, impactaram sobre a forma dos pensadores teorizarem sobre o mundo ou mentalizarem propostas de organização social que também influenciaram o campo educacional. Neste sentido, até mesmo o entendimento sobre a sociedade começa a mudar, e a Sociologia aparece como uma das áreas de investigação que tem como objeto de estudo a sociedade, principalmente para entender, a princípio, a nova ordem social, econômica e política que estava emergindo naquele período, tendo como base os postulados científicos que estavam ganhando força na época. NO TA! � As primeiras tentativas de se introduzir a Sociologia no Brasil deram- se por meio de sua inserção nos currículos secundários. Antes de 1920 já haviam sido tomadas algumas iniciativas para introdução da Sociologia, na forma de Sociologia da Educação ou da sociologia associada à moral, nos cursos secundários, com forte orientação positivista, isto é, buscando-se análise objetiva para a compreensão da realidade, tendo por padrão o pensamento durkheimiano sobre a educação. Mas foi durante os anos 20, precisamente entre 1925- 1928, que a Sociologia passou a integrar os currículos secundários (MAZZA, 2004, p. 97). UNIDADE 1 TÓPICO 1 11 Caro(a) acadêmico(a), frente ao exposto acima, você percebeu uma nova forma do homem pensar e entender o mundo no início da modernidade. Para este período, salientam Andery et al. (1996, p. 177): aliada ao rompimento do mundo medieval rompeu-se também a confiança nos velhos caminhos para a produção do conhecimento: a fé, a contemplação não eram mais consideradas vias satisfatórias para se chegar à verdade. Um novo caminho, um novo método, precisa ser encontrado, que permitisse superar as incertezas [...]. Neste sentido, o homem busca na razão e na ciência caminhos que possam assegurar mais confiança nos seus conhecimentos do que até então adotados, ou seja, abandona as explicações que tinham alicerce em Deus para buscar explicações que tenham a ciência como guia. E neste contexto, a Sociologia surge amparada nos conhecimentos científicos para as suas investigações. É importante ressaltar que, neste período, pensadores como Descartes, Galileu, Copérnico, dentre outros, debruçaram seus estudos sobre o conhecimento científico. E neste contexto, a busca do conhecimento não estava vinculada às tradições religiosas, à fé ou até mesmo à Bíblia. UNI Comte primeiramente colocou o nome desta disciplina de Física Social. Mais tarde, em 1836, alterou o nome para Sociologia, que vem do latim “socius” e do grego “logos”, significando o estudo do social. Diante do cenário exposto, a Sociologia, de um modo geral, pode-se dizer que nasceu num ambiente de profundas mudanças sociais, políticas e econômicas. E esta Nova Ciência, que tem como objeto de estudo a sociedade, foi construída paulatinamente desde o século XVI e estabelecendo relações com diversas correntesde pensamento, dentre elas o racionalismo, o iluminismo, o marxismo, dentre outras. 3 CONCEPÇÕES DE SOCIOLOGIA Você pode se perguntar: o que faz a Sociologia? Ao se debruçar sobre tal temática, diversas concepções de Sociologia e sua finalidade, você poderá encontrar: A Sociologia, de modo bem simples, é o estudo sistemático do comportamento social e dos grupos humanos. Ela focaliza as relações sociais, como essas relações influenciam o comportamento das pessoas, e como as sociedades, a soma de tais relações, se desenvolvem e mudam (SCHAEFER, 2006, p. 3). UNIDADE 1TÓPICO 112 A Sociologia é uma das formas de compreender o ser humano no aspecto social. Mas não enfoca na personalidade do indivíduo como causa do seu comportamento, mas sim, na interação social, nos padrões sociais, a exemplo: os papéis sociais, a classe social, o poder político, a cultura. A sociologia, neste sentido, tem como âncora a ideia de que o homem deve ser entendido no contexto da sua vida social e como somos influenciados pelos padrões sociais (CHARON, 1999). IMP OR TAN TE! � A sociologia não é a única ciência social envolvida com a compreensão da vida social moderna. Ao longo deste período, praticamente toda a reflexão sobre a ordem política, econômica e cultural procurou adaptar-se ao surgimento da ciência (SELL, 2006, p. 32). Na posição de Boneti (2008), a Sociologia é uma ciência que estuda a sociedade, especificamente o homem na sociedade, ou seja, o comportamento humano enquanto construção coletiva e os processos que interligam os indivíduos em ações, associações, grupos e instituições. Assim como toda ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade dos fe- nômenos que lhe cabem, embora isto não seja objetivamente possível, mas a partir de fenômenos micros busca construir generalizações teóricas,, assim como, ao contrário, a partir de enfoque teórico genérico, busca compreender os acontecimentos e fatos sociais numa dimensão micro. Assim, hoje os soci- ólogos pesquisam as estruturas referentes à organização da sociedade, como raça ou etnia, classe social ou gênero, além de instituições, como é o caso da família e da educação (BONETI, 2008, p. 1). Caro(a) acadêmico(a), além das concepções acima, você poderá encontrar outras, inclusive mencionando sobre as finalidades da sociologia e as suas áreas temáticas. Por isso, Charon (1999) menciona que os sociólogos diferem sobre as temáticas, o qual aponta, a saber: sociedade, organização social, instituições ou sistemas institucionais, interação face a face e problemas sociais. NO TA! � A explicação que o senso comum apresenta a respeito da sociedade não tem a objetividade que muitos, sem discussão, acreditam que elas possuam. Mas se é verdade que a Sociologia, como qualquer outra ciência, pode errar nas suas explicações, as teorias desta disciplina são demonstravelmente mais confiáveis do que as elaborações intelectuais espontâneas de qualquer povo sobre si mesmo, em razão dos cuidados de que o sociólogo procura se cercar para formular as suas teorias (VILA NOVA, 2000, p. 26). UNIDADE 1 TÓPICO 1 13 Enfim, como já foi mencionado, a Sociologia, como ciência, teve a sua origem na modernidade, e desde o seu início até os dias atuais, diversas foram as concepções de Sociologia e suas finalidades. Portanto, será comum você encontrar diversos autores apresentando o seu parecer sobre a Sociologia e suas finalidades, objeto de estudo e que, para isso, buscam construir teorias das mais diversas ordens. Contudo, salienta-se que mesmo com a diversidade de concepções de Sociologia e seus propósitos, também são diversos os ramos da Sociologia, e um deles é a educação, como mencionada acima por Charon (1999). 4 SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO Ao pesquisar sobre os ramos da Sociologia, você poderá encontrar os mais diversos, como: Sociologia Urbana, Sociologia da Religião, Sociologia do Conhecimento, Sociologia do Esporte, Sociologia das Organizações, Sociologia Jurídica, Sociologia da Educação, entre outros ramos. No entanto, para Boneti (2008), a Sociologia como ciência que estuda a sociedade tem como um dos seus principais objetos de estudo a educação. A educação é uma instituição porque se constitui de uma necessidade e de uma atividade humana, refletindo frente ao conjunto de normas, regras, va- lores e atitudes. Tudo isso se constituindo de elementos passíveis de serem estudados pela Sociologia. Por outro lado, a Sociologia tem a educação como campo investigativo, considerando que qualquer atividade humana constrói e é construída por processos educativos. Isto é, a educação, mesmo aquela constituída de aprendizados construídos no mundo da vida, é um campo de investigação sociológica, isto é, o que a educação representa para a Sociologia (BONETI, 2008, p. 6). De acordo com Tura (2004), a Sociologia tem uma importante contribuição a dar para o entendimento da organização da educação. O entendimento da educação, a partir dos parâmetros sociológicos, envolve questionamentos amplos a respeito da natureza humana e da sociedade e, além disso, a compreensão das formas de justificação e legitimação de ações e políticas educacionais, e também envolve nestas discussões os mecanismos de transmissão e assimilação de conhecimentos e diferentes processos de socialização. Boneti (2008) destaca que a origem da Sociologia da Educação iniciou no século XIX com o sociólogo Émile Durkheim, com seu livro “Educação e Sociologia”, o qual considerou a educação como fato social e objeto primordial de investigação da Sociologia. É claro, caro(o) acadêmico(a), que desde o surgimento da sociologia esta se especializou em ramos distintos, sendo a educação uma área de estudo da mesma. É comum na atualidade encontrarmos livros, artigos científicos e pesquisas deste campo do saber. UNIDADE 1TÓPICO 114 Você deve estar pensando: entre o século XV e o XVI, muitos fatos e eventos aconteceram. Isso deve ter contribuído para mudar a forma de pensar das pessoas. Sim, muitas pessoas começaram a pensar diferente, escrever outras ideias, buscar outras explicações para os fatos e eventos. Todavia, é salutar pensar sobre que ideias ainda fazem parte, nos dias atuais, tanto da mentalidade medieval como da mentalidade moderna, inclusive no campo educacional. Para efeitos de ilustração, lembre-se de que o conhecimento científico ganhou espaço no período moderno e, de certa forma, tem estado presente em boa parte dos conteúdos lecionados nas escolas. ATE NÇÃ O! Leia atentamente e verifique as diferenças de mentalidade (SCHIMIT, 1999): a medieval e a renascentista (esta última foi um dos suportes para a mentalidade moderna em geral). Por isso, de forma didática, a seguir você terá duas formas diferentes de pensar. LEITURA COMPLEMENTAR *A visão predominante na mentalidade medieval era o Teocentrismo: “Deus é o centro de tudo”. As obras de artes e livros mais importantes tratam de temas religiosos e o prédio de maior destaque de uma cidade era a igreja. Na mentalidade renascentista predominava o Antropocentrismo: o ser humano no centro das atenções e valoriza-se a vida terrena. * Na mentalidade medieval, o ser humano era visto com certo desprezo, pois este era um pecador. E desta forma, o homem deveria aceitar o sofrimento, pois o homem merece sofrer porque é pecador. Já na mentalidade moderna, o homem é a mais perfeita das criaturas (feito à sua imagem e semelhança), porém, capaz de fazer coisas maravilhosas: máquinas, prédios, viagens de descobertas, pinturas, estudo sobre a natureza e mudar o seu próprio destino, mudar de classe social, por exemplo, e não aceitar as coisas como vontade divina. * Na mentalidade medieval, a vida terrena, bem como os bens materiais e o corpo, tinham pouca importância. O que era precioso era a salvação da alma. Fazer parte dos eleitos que habitariam o céu (Paraíso). Já a mentalidade renascentista continua cristã, porém considera que a vida material é muito importante, e,além disso, valoriza em muito o corpo. * Na mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser explicado pela vontade de Deus (a ordem social, castigos de Deus, pestes, terremotos). E devemos conhecer o mundo para admirar a obra de Deus e louvá-lo pela sua criação. Já para a mentalidade renascentista, os fenômenos da natureza devem ser explicados pelo homem, que, com o uso UNIDADE 1 TÓPICO 1 15 da razão e da ciência, consegue conhecer a natureza. *Na mentalidade medieval, as pessoas deveriam se conformar com o mundo tal como ele é porque foi Deus que o quis assim. Se o mundo deveria ser diferente, Deus o teria feito. E a única grande mudança possível seria o apocalipse. Entretanto, na mentalidade renascentista, o homem pode e deve ser o criador, aventureiro, sonhador e dominador da natureza. * Na mentalidade medieval, a natureza é fonte de pecado. Para a mentalidade renascentista, o homem faz parte da natureza e deve conhecê-la para conhecer a si próprio. * E finalmente, se na mentalidade medieval a razão (capacidade humana de pensar) deve estar subordinada à fé, na mentalidade renascentista a fé deve prevalecer no sentido religioso, mas a razão deve ter prioridade sobre a fé quando o assunto é o estudo da natureza. FONTE: URBANESKI, Vilmar. Filosofia da Religião. Indaial: Editora Uniasselvi, 2008, p. 50-51. UNIDADE 1TÓPICO 116 RESUMO DO TÓPICO 1 Caro(a) acadêmico(a), neste tópico você viu: • O contexto do surgimento da Sociologia. • As diferenças de mentalidade medieval e moderna. • Na Idade Média, Deus era o centro das atenções e, com o Renascimento, o Homem torna- se o centro. • Na mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser explicado pela vontade de Deus. Já para a mentalidade renascentista, os fenômenos da natureza devem ser explicados pelo homem, que com o uso da razão e da ciência consegue conhecer a natureza. • A Sociologia, dentre as suas diversas áreas de atuação, tem como propósito estudar os fenômenos sociais, da ação ou influência mútua e da organização social. • A Sociologia é uma área de estudo que surgiu no início da modernidade com o intuito de compreender a sociedade de um modo geral, ou até mesmo nas suas peculiaridades. • A Sociologia, ao estudar a sociedade, tem como um dos seus objetos de estudo a educação. UNIDADE 1 TÓPICO 1 17 AUT OAT IVID ADE � 1 A partir do estudo do Tópico 1 desta unidade, conceitue Sociologia. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 2 Aponte as principais características da mentalidade medieval e da renascentista. Mentalidade medieval Mentalidade renascentista 3 Analise as sentenças a seguir e classifique V para as sentenças verdadeiras e F as falsas: ( ) A visão predominante na mentalidade medieval é o Teocentrismo (Deus é o centro de tudo). ( ) Na mentalidade medieval, o homem é a mais perfeita das criaturas (feito à sua imagem e semelhança), e ainda é capaz de fazer coisas maravilhosas: máquinas, prédios, viagens de descobertas, pinturas, estudo sobre a natureza e mudar o seu próprio destino. ( ) Na mentalidade medieval, o ser humano era visto com certo desprezo, pois este era um pecador. Desta forma, o homem deveria aceitar o sofrimento, pois merece sofrer porque é pecador. ( ) Para a mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser explicado pela vontade de Deus (a ordem social, castigos de Deus, pestes, terremotos). Já na mentalidade moderna, os fenômenos da natureza devem ser explicados pelo homem, que, com o uso da razão e da ciência, consegue conhecer. Além disso, o homem pode e deve ser criador, aventureiro, sonhador e dominador da natureza. UNIDADE 1TÓPICO 118 Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: (0,5p). a) ( ) F – F – V – V. b) ( ) V – V – F – V. c) ( ) F – F – V – F. d) ( ) F – F – F – V. e) ( ) V – F – V –V. 4 De um modo geral, pode-se dizer que Deus deixa de ser o centro do mundo medieval e, lentamente, o homem torna-se o centro, e este é valorizado como um ser individual e que busca descortinar as suas potencialidades humanas. Assim, o homem moderno deseja superar os obstáculos e desenvolver-se enquanto ser humano e também o mundo de que ele faz parte. De acordo com Andery et al. (1996, p. 175), “na nova visão de mundo, que veio a substituir a medieval, o homem, no seu sentido mais genérico, era a preocupação central”. Afirmação anterior refere-se à passagem. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Da pré-modernidade para a modernidade. b) ( ) Da modernidade para a pós-modernidade. c) ( ) Da pré-modernidade para a pós-modernidade. d) ( ) Do período medieval para a pós-modernidade. 5 Analise as sentenças a seguir e julgue: I- A Sociologia é uma ciência que surgiu no final do século XVI com o intuito de sanar os problemas de cunho social que envolviam a nobreza e o clero somente nos aspectos religiosos e econômicos. II- Estudar como as sociedades funcionavam e continuam funcionando ao longo do tempo e de como a interpretação da vida humana e dos grupos sociais é função da Sociologia. III- Uma das formas de definir a Sociologia é que esta é uma disciplina acadêmica que examina o ser humano como um ser social, resultado de interação, socialização e padrões sociais. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. b) ( ) As sentenças I e III estão corretas. c) ( ) Somente a sentença III está correta. d) ( ) As sentenças II e III estão corretas. KARL MARX E MAX WEBER: EDUCAÇÃO 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 2 UNIDADE 1 Como você estudou no tópico anterior, a Sociologia surge com o intuito de compreender a sociedade. E os pensadores desta área buscam, cada qual, apresentar o seu parecer sobre o modo de ser da sociedade. Por isso, podemos afirmar que estes pensadores, ainda na atualidade, têm-se feito presentes nas discussões, principalmente no âmbito acadêmico. Porém, no âmbito da educação, cada qual tem as suas peculiaridades. Neste tópico você estudará sobre Karl Marx e Marx Weber. Cada qual com a sua forma de entender o mundo. Por isso, estude cada qual e depois faça as suas reflexões sobre como cada um pôde contribuir para a compreensão da sociedade e da educação. DIC AS! Leia o livro de Leandro Konder, “Em torno de Marx”, 2010, que aborda os pensamentos filosóficos de Karl Marx. 2 KARL MARX: PROPOSTA PARA UMA NOVA SOCIEDADE O pensador Karl Heinrich Marx nasceu em 5 de maio de 1818, em Trier, na Renânia, região que fazia parte da antiga Prússia, atualmente Alemanha. O pai de Marx era advogado e teve sucesso profissional. Marx cresceu com os confortos de uma família da pequena burguesia da época. Faleceu em 14 de março de 1883, dois anos após a morte de sua esposa Jenny. UNIDADE 1TÓPICO 220 As suas ideias influenciaram várias áreas do conhecimento, a saber: Filosofia, Sociologia, Política, Economia, Religião, dentre outras. Foi um dos precursores intelectuais dos movimentos de cunho revolucionário no meio operário, pois entre as suas ideias estava a necessidade de acabar com a exploração sobre o trabalhador e a necessidade de uma sociedade mais justa e igualitária. Quanto às suas obras, destacam-se: “A Sagrada Família”, “O 18 Brumário”, “A Miséria da Filosofia” e “O Capital”. A principal obra de Karl Marx, “O Capital”, é publicada em 1867, mas a continuidade da obra passa por intempéries devido a problemas de saúde que o autor enfrentava. FIGURA 7 – TÚMULO DE MARX EM HIGHGATE FONTE: Disponível em: <http://www.entrelinhasweb.com.br>. Acesso em: 20 ago. 2011. 2.1 ALGUMAS IDEIAS DE MARX Caro(a) acadêmico(a):Marx, ao pensar sobre a sociedade no sentido de compreender seu funcionamento, utiliza termos como proletários, materialismo dialético, mais-valia, infraestrutura e superestrutura, alienação, dentre outros. Para muitos, Marx foi um revolucionário, ou seja, as propostas de Marx tinham como propósito compreender a sociedade. Além disso, transformar o seu modo de ser, principalmente devido às desigualdades sociais existentes na época, em virtude da exploração burguesa sobre os operários. Já para outros, Marx era um inimigo a ser combatido, devido às suas ideias. Entretanto, há de se mencionar que as suas ideias se fizeram ou fazem presentes em diversos campos do saber, desde a economia até a educação. UNIDADE 1 TÓPICO 2 21 De acordo com Sell (2006, p. 55): Karl Marx foi um sociólogo de profissão. Toda a sua obra foi construída tendo em vista oferecer à classe operária um entendimento a respeito da possi- bilidade de supressão e transcendência dos mecanismos de exploração e alienação do modo de produção capitalista. Só assim, julgava Marx, seria possível construir uma forma superior de sociedade: o comunismo. [...]. A partir de Marx desenvolveu-se na sociologia uma vertente intitulada “teoria crítica”, cujo objetivo é vincular a compreensão da realidade com as potencialidades de emancipação social. Interpretar a obra de Marx é uma tarefa difícil. O seu pensamento era dinâmico e jamais foi sistematizado pelo autor, permanecendo, inclusive, inacabado. Frente ao exposto, algumas das ideias de Marx merecem destaque. É claro, caro(a) acadêmico(a), que a obra de Marx merece maior aprofundamento, devido à sua amplitude, porém, aqui você terá algumas ideias iniciais que podem contribuir para aprofundar-se no assunto. Vejamos algumas destas ideias. Para Marx, o trabalho foi o elemento essencial da sociedade humana no decorrer da história e que manteve a estrutura e o desenvolvimento da mesma. E, na história da humanidade, podemos observar que o trabalho foi executado pelos escravos, pelos servos e, na época de Marx, pelos proletários. E eram esses (proletários) que mantinham a estrutura econômica capitalista e enriqueciam os burgueses. Para Marx, o elemento fundamental da economia é o trabalho. O ser humano precisa produzir os bens necessários à sua sobrevivência. É através do traba- lho que o homem transforma a natureza e reproduz sua existência. De acordo com o esquema dialético de Marx, através do trabalho o homem supera sua condição de ser apenas natural e cria uma nova realidade: a vida social. A sociedade é justamente a síntese do eterno processo dialético pelo qual o homem atua sobre a natureza (SELL, 2006, p. 78-79). Em termos gerais, a base para a sociedade, a sua formação, suas instituições e regras de funcionamento, suas ideias, seus valores, são derivados das condições materiais. Desta forma, a base da sociedade é o trabalho. Assim, para Marx, a base da sociedade, assim como a característica fun- damental do homem, estão no trabalho. É do trabalho que o homem se faz homem, constrói a sociedade, é pelo trabalho que o homem transforma a so- ciedade e faz a história. O trabalho torna-se categoria essencial que permite não apenas explicar o mundo e a sociedade, o passado e a constituição do homem, como lhe permite antever o futuro e propor uma prática transformadora ao homem, propor-lhe como tarefa construir uma nova sociedade (ANDERY, 2006, p. 401). Enfim, o trabalho de Marx pode ser visto como uma interpretação de como o modo capitalista de produção mercantiliza as relações, as pessoas e as coisas, como ele transforma as próprias pessoas em mercadorias. UNIDADE 1TÓPICO 222 Os modos de produção da história da humanidade estruturam-se da seguinte maneira: a) o modo de produção antigo, no qual a base estava na agricultura e na escravidão (relação: senhor/escravo); b) o modo de produção feudal, tendo como base a agricultura e a servidão (relação: senhor feudal/servo); c) e o modo de produção liberal estrutura-se em torno da indústria e do trabalho assalariado e a propriedade privada (relação: burguesia/proletariado). O modo de produção, de um modo geral, pode ser entendido como a maneira como a sociedade tem se organizado no decorrer da história em torno da sua produção de bens que são necessários à sobrevivência do ser humano. IMP OR TAN TE! � "A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas de classe" (Manifesto Comunista). Outras ideias são discutidas por Marx, como a infraestrutura e a superestrutura. Neste sentido, podemos dizer que a base da sociedade é modo de produção material, seja a economia ou a tecnologia que permitem a produção de bens (usando ferramentas, máquinas, terra, matéria- prima, dentre outros), e é entendido como infraestrutura. Já a superestrutura constitui- se das instituições jurídicas, aspectos políticos, normas, leis, que mantêm o ordenamento da sociedade, principalmente no funcionamento da infraestrutura. Quanto ao fetichismo, este representa uma contradição fundamental da produção de mercadorias: confusão de relações entre pessoas com relações entre coisas. O fetichismo é o exemplo mais simples do modo pelo qual as formas econômicas do capitalismo (valor, capital, lucro) ocultam as relações sociais subjacentes. A reificação significa a transformação dos seres humanos em seres semelhantes a coisas, que se comportam de acordo com as leis do mundo das coisas. Neste sentido, a reificação é um caso especial de alienação. Outro conceito de relevância em Marx é a mais-valia, a qual é produzida nas organizações pelo emprego da força de trabalho do proletário. No caso do capitalismo, a compra da força de trabalho do proletário é paga em troca de salário. Segundo Sell (2006, p. 98): UNIDADE 1 TÓPICO 2 23 [...] existem duas formas principais pelas quais é possível extrair o lucro: Mais-Valia Absoluta: o lucro obtido pelo aumento da jornada de trabalho, [...] Mais-Valia Relativa: o lucro é obtido pelo aumento da produtividade. Nesse processo o capitalista só precisa aumentar o tempo do trabalho. Basta fazer o trabalho do operário render mais. O lucro do burguês possibilita o seu enriquecimento, e ao proletário o empobrecimento. Esta dinâmica está assentada no capitalismo, o qual tem como propósito o lucro. Neste sentido, Sell afirma que: Podemos sintetizar a crítica de Marx ao capitalismo em duas teses principais: Tese da exploração: o capitalismo é um sistema econômico no qual a riqueza é produzida pela exploração de uma classe social sobre a outra. O conceito central que enuncia a tese da exploração é a categoria “Mais-valia”. Tese da alienação: o capitalismo é um sistema econômico no qual o conjunto dos indivíduos e da sociedade passa a ser determinado pelo poder impessoal do dinheiro (capital) e da própria esfera econômica que foge do controle social. [...] (2006, p. 89/90, grifos do autor). IMP OR TAN TE! � “Num certo estágio de sua evolução, as forças produtivas materiais da sociedade entram em choque com as relações de produção existentes. Inaugura-se, então, uma época de revolução social”. (Marx, na Crítica da Economia Política). As contribuições de Marx podem ser as mais variadas e para os diversos campos do saber, como: economia, política, filosofia, educação e sociologia. Entretanto, o historiador inglês Eric Hobsbawm, de acordo com Trevisan (1997, p. 2), analisa os benefícios e os limites da contribuição marxista: [...] o marxismo tem contribuído de algum modo para entender a História, mas, realmente, não o suficiente. Por exemplo, o marxismo vulgar diz que todas as coisas ocorrem em virtude de fatores econômicos e, obviamente, isso não é uma explicação adequada. Insisto que o importante é distinguir o marxismo vulgar de uma interpretação mais sofisticada do sentido da obra de Marx ou, em verdade, de Karl Marx por ele mesmo. Acho que o marxismo pode fazer isso. Hoje, podemos falar sobreisso, como estamos fazendo, porque hoje nós podemos distinguir aqueles trechos das análises marxistas que pareciam ser válidos, mas claramente não o são. Por exemplo, se você realmente lê o Manifesto Comunista de 1848, ficará surpreso com o fato de que o mundo, hoje, é muito mais parecido com aquele que Marx predisse em 1848. A ideia do poder capitalista dominando o mundo inteiro, como também uma sociedade burguesa, destruindo todos os velhos valores tradicionais, parece ser muito mais válida hoje do que quando Marx morreu. Por outro lado, por exemplo, a previsão de que a classe trabalhadora ficaria cada vez mais pauperizada não é verdade. Isso não quer dizer que a classe trabalhadora não tenha suficientes boas razões para protestos. Uma coisa interessante que faz a análise marxista bastante moderna é a análise das tendências de longa duração. UNIDADE 1TÓPICO 224 Caro(a) acadêmico(a), as ideias e os conceitos de Marx são os mais diversos. Mas é salutar mencionar que, para Karl Marx, o homem é parte da natureza, porém não se confunde com a mesma e, além disso, o homem é um ser social e histórico, que transforma a natureza e a si próprio neste processo. DIC AS! FILME: Edukators. Título original: (Die Fetten Jahre Sind Vorbei). Lançamento: 2004 (Alemanha). Direção: Hans Weingartner Atores: Julia Jentsch, Stipe Erceg, Burghart Klaubner, Claudio Caolo. Duração: 126 min. Gênero: drama. Sinopse Jan (Daniel Brühl) e Peter (Stipe Erceg) são dois jovens que acreditam que podem mudar o mundo. Eles se autodenominam "Os Educadores", rebeldes contemporâneos que expressam sua indignação de forma pacífica: eles invadem mansões, trocam móveis e objetos de lugar e espalham mensagens de protesto. Jule (Julia Jentsch) é a namorada de Peter, que está passando por problemas financeiros e, por causa deles, está saindo de seu apartamento alugado. Tempos atrás, Jule se envolveu em um acidente de carro, que destruiu o carro de um rico empresário. Condenada pela justiça, ela precisa pagar um novo carro no valor de 100 mil euros, o que praticamente faz com que trabalhe apenas para pagar a dívida que possui. Como Peter viaja para Barcelona, Jan vai ajudá-la na mudança. Eles se conhecem melhor e Jan termina por contar a ela a verdade sobre os Educadores. Empolgada com a notícia, Jule insiste que ela e Jan invadam a casa de Hardenberg (Burghart Klaubner), o empresário que a processou. Após uma certa resistência, Jan concorda. Na casa, eles agem como os Educadores, mudando os móveis de lugar, mas cometem um grave erro: Jule esquece no local seu celular. No dia seguinte, com Peter já tendo retornado da viagem, mas sem saber do ocorrido, Jan e Jule decidem invadir novamente a casa de Hardenberg, para recuperar o celular. No entanto, o que eles não esperavam era que o empresário os surpreendesse dentro da casa, o que os força a sequestrá-lo. FONTE: Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Os_Edukadores>. Acesso em: 15 out. 2011. UNIDADE 1 TÓPICO 2 25 Caro(a) acadêmico(a), a seguir apresentamos o texto da jornalista Sucena Shkrada Resk que retrata algumas ideias do pensamento marxista sobre a ecologia. Boa leitura! A ECOLOGIA DE MARX Antes mesmo da concepção de sustentabilidade e das preocupações ambientais modernas, Marx já escrevia sobre a necessidade de cuidados com a natureza. Para ele, o homem é parte integrante dela. Entretanto, esses conceitos dividem opiniões até hoje. Sucena Shkrada Resk Reduzir o pensamento do economista e filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) ao materialismo dialético é um equívoco, na visão de estudiosos contemporâneos. A reflexão sobre questões ecológicas não pode ser desprezada em seus escritos - ao lado de Friedrich Engels (1820-1895) -, mas não é mais difundida e discutida por causa de interpretações enviesadas de muitos de seus discípulos e críticos e pela falta de contextualização dos seus estudos. Contudo, quando o mundo ainda não tratava de sustentabilidade, Marx já falava, em outras palavras, sobre a importância do consumo consciente e de uma economia equilibrada, da justiça social e da manutenção da qualidade do meio ambiente. Os conceitos expressos pelo filósofo remetem aos temas, hoje muito discutidos, de desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e aquecimento global, que surgiram principalmente a partir dos anos 1970. O mote do modelo de desenvolvimento proposto, desde os primórdios da Revolução Industrial, no século XVIII, é considerado como um elemento importante a ser revisto no mundo contemporâneo, desde aquela época. E é em O Capital (1867) que as reflexões de Marx sobre o tema se sobressaltam, aproximando-o de questões ambientais e ecológicas, diante das quais podemos concluir que as discussões que assolam nossos dias e que abordam consumo excessivo e poluição já eram uma preocupação para o filósofo, no século XIX. O termo ecossocialismo, segundo o cientista social brasileiro Michael Löwy, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais da Universidade de Paris, tem seus fundamentos em alguns pensamentos de Marx sobre essa lógica do capital. Xangai, a maior cidade da China. Ambiente dos trabalhadores nas grandes cidades era visto por Marx como "poluição universal" LEITURA COMPLEMENTAR 1 UNIDADE 1TÓPICO 226 Para ele, é justamente em O Capital que o filósofo alemão afirmava que o sistema capitalista esgotava as forças do trabalhador e da Terra. Marx, nesta exposição, trata, de certa forma, do conceito conservacionista, que vigora nos dias de hoje, de que a natureza não é algo intocado, como por muito tempo os preservacionistas propuseram. Isso significa que o homem é parte integrante do meio ambiente e deve ter um papel de guardião. E o tema foi alvo de alguns estudos, como o do cientista político e professor de Sociologia da Universidade de Oregon, John Bellamy Foster, que escreveu o livro A Ecologia de Marx - Materialismo e Natureza. Foster analisa que Marx utilizou a ótica do ateniense Epicuro (341 a.C - 270 a.C.) para atribuir uma concepção materialista de que a natureza só é percebida através dos nossos sentidos pela cognição, em um processo ao longo de nossas vidas. Isso infere a prática da percepção unida à memória, ao raciocínio, juízo, imaginação e ao ato do pensamento e do discurso. Outra obra que aborda o assunto é História e Meio Ambiente, em que o mestre em Sociologia e doutor em História, Marcos Lobato Martins, diz que seria um equívoco colocar Marx entre os adeptos do paradigma de que os seres humanos estão imunes aos fatores ambientais, numa visão antropocêntrica. A mesma análise é também feita por Foster. Ambos ilustram o trecho escrito pelo filósofo alemão em Manuscritos econômico-filosóficos, de 1844: “O homem vive da natureza, isto é, a natureza é seu corpo, e tem que manter com ela um diálogo ininterrupto se não quiser morrer. Dizer que a vida física e mental do homem está ligada à natureza significa simplesmente que a natureza está ligada a si mesma, porque o homem é parte dela” (MARX). “O homem vive da natureza [...] e tem que manter com ela um diálogo ininterrupto se não quiser morrer” (MARX). Como base científica para explicar as relações sociais, Marx e Engels se debruçaram sobre as pesquisas do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882). Em uma de suas cartas a Engels, Marx escreve, em 1862, o seguinte, sobre a obra “Origem das Espécies”: “É notável como Darwin redescobre, no meio dos animais e plantas, a sociedade da Inglaterra com as suas divisões de trabalho, competição, abertura de novos mercados, invenções e a luta pela existência malthusiana. É a bellum omnium contra omnes de Hobbes”. Marx acreditava que o cientista oferecia uma perspectiva materialista compatível à sua, embora aplicada a outro conjunto de fenômenos, e fornecia uma base na ciência natural para a luta de classes (FOSTER, 2005, p. 274-275). FONTE: Disponível em: <portalcienciaevida.uol.com.br/ESFI/edicoes/41/artigo158665-2.asp>. Acessoem: 15 out. 2011. UNIDADE 1 TÓPICO 2 27 2.2 MARX E BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO As ideias de Marx também têm influenciado o campo educacional, de forma direta ou indireta, tanto nas teorias que norteiam a prática educativa, como nas pesquisas educacionais, a exemplo de programas de pós-graduação em Educação ou Sociologia da Educação. Podemos encontrar, no campo educacional, autores e pesquisadores que ancoram as suas ideias ou teses no pensamento de Marx. Entretanto, é necessário ressaltar que não necessariamente estas podem estar em consonância com os escritos originais de Marx. Por isso, devemos lembrar que Marx escreveu no período da Revolução Industrial e os trabalhadores viviam em condições precárias nas cidades, submetendo-se a salários irrelevantes, com jornadas de trabalho longas e sem amparo das leis trabalhistas. Neste cenário, quanto à educação, Rodrigues (2007, p. 43) diz: Marx conclui que a educação dada às crianças operárias era tão precária que só poderia servir para perpetuar as relações de opressão às quais essas crianças e seus pais estavam sujeitos. O descaso era tanto que qualquer um que tivesse uma casa e alegasse ser ali uma escola, poderia fornecer os “atestados de frequência a aulas” de que as fábricas precisavam para livrar- se da fiscalização. Marx não escreveu especificamente sobre a educação. Entretanto, algumas ideias podem ser concluídas sobre o assunto a partir do seu pensamento. A educação faz parte da superestrutura a qual era dirigida pelas classes dominantes – na época de Marx, a burguesia. Por isso, de certa forma, a educação não possibilitava à classe trabalhadora perceber os interesses de sua classe e, sim, a educação era um meio para perpetuar as condições sociais existentes. Desta forma, a educação é um dos instrumentos para a reprodução do conhecimento e da sociedade. Ou seja, a educação pode servir como meio (superestrutura) para reproduzir a sociedade tal como ela é (e no caso do sistema capitalista, reforçar a estrutura vigente). Mas, por outro lado, a educação pode ser um elemento que serve como meio para a transformação da sociedade e do mundo. Neste sentido, a educação deveria romper com os moldes propostos para a época, de uma educação que reproduzia esta divisão, incentivava o trabalho produtivo, o conformismo e uma pedagogia da obediência. No princípio do comunismo, Engels explicita de modo bastante claro o que esperava afinal da nova educação. Diz ele: a educação dará aos jovens a possibilidade de assimilar rapidamente na prática de produção e lhe permitirá passar sucessivamente de um ramo de produção a outro, segundo as necessi- dades da sociedade ou suas próprias inclinações. Por conseguinte, a educação nos libertará deste caráter unilateral que a divisão atual do trabalho impõe a cada indivíduo. Assim, a sociedade organizada sobre as bases comunistas dará a seus membros a possibilidade de empregar em todos os aspectos suas faculdades desenvolvidas universalmente (RODRIGUES, 2007, p. 48). A educação deveria ser um instrumento que deveria mobilizar a população (no caso, a UNIDADE 1TÓPICO 228 classe operária) para a transformação da sociedade e superar a exploração capitalista. E, além disso, a educação deveria ser um caminho que leve o respeito ao homem na sua totalidade, suas potencialidades, e não uma educação que tinha como propósito formar pessoas para o mercado de trabalho dos moldes capitalistas e com o fim último de exploração do trabalhador. Em termos gerais, a educação deveria ser um instrumento para aquisição de conhecimento e de transformação para a classe trabalhadora. Ou seja, a educação deveria ter um caráter revolucionário, pois a classe trabalhadora (o proletariado), por si, não consegue adquirir a consciência de classe social e consciência política. Por isso, o processo educativo poderia ser um instrumento propício para que o trabalhador tomasse consciência da sua situação e de classe social e buscasse uma sociedade alternativa. Em contrapartida, a educação era usada como um elemento essencial para a burguesia manter a hierarquia social e sua ideologia. Enfim, caro(a) acadêmico(a), a obra de Marx é vasta, e as interpretações das suas ideias são as mais diversas, tanto dos que são oponentes quanto dos que seguem as mesmas. Por isso, sugere-se, a modo de seu interesse, aprofundar as ideias que podem estar presentes na educação e fazer as suas devidas considerações, pois no âmbito educativo podemos encontrar discursos que postulam que a educação deve ser transformadora, crítica e emancipatória, que podem ter ou não fundamento em Marx. 3 MAX WEBER E ALGUMAS DAS SUAS IDEIAS Max Weber nasceu na cidade de Erfurt, na Turíngia, no dia 21 de abril de 1864. FIGURA 8 – MAX WEBER EM 1917 FONTE: Disponível em: <http://quotationsbook.com>. Acesso em: 15 out. 2011. UNIDADE 1 TÓPICO 2 29 Seu falecimento ocorre no dia 14 de junho de 1920, na cidade de Munique. FIGURA 9 – MAX WEBER, FALECIDO EM 14 DE JUNHO DE 1920 FONTE: Disponível em: <http://quotationsbook.com>. Acesso em: 20 ago. 2011. A análise sociológica deveria ser isenta de juízos de valor, ou seja, deveria ser objetiva e neutra em questões morais. De acordo com as ideias deste pensador, o objetivo da Sociologia é identificar e compreender como e por que as regras nascem na sociedade e como elas funcionam. Em termos gerais, a Sociologia deveria compreender os fenômenos “no nível do significado” dos atores; além disso, compreender como os atores veem e sentem as suas ações na sociedade. Neste sentido, análise de cunho sociológico deve ater-se a duas situações: sendo a primeira referente às experiências dos atores, e a segunda, referente aos sistemas culturais e sociais nos quais os atores estão inseridos. Ao se retratar sobre Weber, é comum a seguinte afirmação: “A sociedade e seus sistemas não pairam acima e não são superiores ao indivíduo”. Desta afirmação é correto dizer que as regras e normas sociais não são analisadas como sendo exteriores à vontade dos indivíduos. E sim, estas são resultado de um conjunto complexo de ações individuais, nas quais os indivíduos estariam escolhendo, a todo o momento, diferentes formas de conduta. Neste sentido, o Estado, o mercado, as religiões existem em virtude de que muitos indivíduos orientariam reciprocamente suas ações em determinado sentido comum. Para Durkheim (1973), a sociedade é superior ao indivíduo. Poderíamos dizer que para Weber o indivíduo é o fundamento da sociedade. Esta afirmação vai muito além do fato de que uma sociedade não existe sem indivíduos. A existência da sociedade somente se realiza pela ação e interação recíprocas entre os agentes sociais (SELL, 2007, p. 197). UNIDADE 1TÓPICO 230 Enfim, caro(a) acadêmico(a), podemos dizer que no pensamento de Weber a parte é privilegiada em relação ao todo. A ação dos indivíduos sobre a sociedade é que determina a relação indivíduo-sociedade. Outro aspecto no pensamento de Weber que deve ser mencionado são os três tipos de dominação, que são: o legal, o tradicional e o carismático. Dominação legal: obediência apoia-se na crença na legalidade da lei e dos direitos de mando das pessoas autorizadas a comandar pela lei. Dominação tradicional: sua legitimidade apoia-se na crença de que o poder de mando tem caráter sagrado, herdado dos tempos antigos. Dominação carismática: a legalidade da autoridade do líder carismático lhe é conferida pelo afeto e confiança que os indivíduos depositam nele (SELL, 2007, p. 211-212, grifos do autor). Quanto às ideias de Weber, há de se mencionar que o objeto de estudo da Sociologia é a ação social. Ação: é um comportamento [...] sempre que e na medida em que o agente ou os agentes se relacionem com sentido subjetivo. Ação social: significa uma ação que, quanto a seu sentido visado pelo agente ou pelos agen- tes, se refere ao comportamento de outros, orientando por este em curso (WEBER, 1994, p. 3 apud SELL, 2007, p. 181).Quanto a explicações das ações humanas, podemos encontrar as mais diversas, e neste sentido cabe à Sociologia explicar os motivos e a própria existência da ação social. Neste contexto, Sell (2007, p. 182) diz que “[...] a teoria sociológica de Weber é chamada de metodologia compreensiva: seu objetivo é compreender o significado da ação social”. Ao tratar sobre ação social, Weber estabeleceu quatro tipos. 1. Ação afetiva: aquela ação determinada de modo afetivo, ou seja, pelos afetos ou estados sentimentais atuais. 2. Ação tradicional: aquela ação determinada por um costume ou um hábito arraigado. 3. Ação social: é aquela referente aos valores. A ação é determinada pela crença de valor (ético, estético e religioso). 4. Ação social referente aos fins: a ação é determinada por expectativas quanto ao comportamento dos objetos do mundo exterior ou de outras pessoas (SELL, 2007). Ao contrário dos filósofos iluministas e mesmo do positivismo, que viam o progresso material e até da felicidade individual, Weber tinha uma posição crítica a respeito. O aumento do grau de racionalidade do mundo moderno não leva necessariamente a um estágio superior da vida social. Weber sabia que o processo de racionalização e desencantamento com o mundo, dos UNIDADE 1 TÓPICO 2 31 quais a organização capitalista e a organização burocrática do Estado eram as maiores expressões, tinha também o seu lado negativo. É neste sentido que ele nos apresenta o seu diagnóstico da modernidade: a perda de sentido e perda da liberdade (SELL, 2007, p. 202). Enfim, caro(a) acadêmico(a), você estudou algumas ideias de Weber, as quais podem contribuir ainda, nos dias atuais, para compreender o que está acontecendo na sociedade atual. A título de exemplo: pode contribuir para entender as forças motrizes da sociedade atual, o poder do Estado, o significado das leis nas relações sociais, o processo de urbanização de populações nas cidades e as suas consequências. Além disso, os sistemas de crenças e valores no cotidiano das pessoas. Neste sentido, pode-se dizer que: ao contrário de outras teorias, que hoje apresentam sinais de crise, o pen- samento de Max Weber tem sido relido na atualidade, proporcionando à so- ciologia novos instrumentos de compreensão de seus próprios fundamentos e para interpretação do mundo moderno. Crítico do marxismo e positivismo, Weber realizou um cuidadoso estudo das religiões mundiais, mostrando que a marca fundamental da modernidade é a emergência de uma forma especí- fica de racionalismo: o racionalismo da dominação do mundo. Para Weber, o racionalismo ocidental se encarna em instituições como a economia capitalista e a burocracia do Estado, é uma força que, por um lado, aumenta a eficiência e produtividade, mas, ao mesmo tempo, ”desencanta” o mundo, ocasionando a perda de liberdade e sentido da vida (SELL, 2006, p.167). 3.1 WEBER E A EDUCAÇÃO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS Para Vilela (2002), Weber não produziu uma teoria do âmbito da Sociologia da Educação, ou seja, não considerou a organização social da escola ou a instituição como objeto de análise. Outrossim, há estudos significativos sobre Weber a respeito da educação, onde os sistemas escolares se desenvolvem como um processo de imposição dos caracteres dos grupos sociais e do poder estabelecido. Weber, nas suas reflexões, abordou sobre a racionalização e a burocratização, e estas alteraram radicalmente os modos de educar. Educar no sentido da racionalização passou a ser fundamental para o Estado, porque ele precisa de um direito racional e de uma burocracia montada em moldes racionais. Educar no sentido da racionalização também passou a ser fundamental para a empresa capitalista, pois ela se pauta pela lógica do lucro, do cálculo de custos e benefícios, precisando de profissionais treinados para isso (SELL, 2007, p. 65-66). Neste cenário, a educação, para Weber, não é mais uma preparação para que o membro de todo orgânico aprenda sua parte no comportamento harmônico do organismo UNIDADE 1TÓPICO 232 social, mas sim, tem como propósito despertar o carisma e preparar o aluno para uma conduta de vida social. Outrora, “a educação sistemática, analisa ele, passou a ser um pacote de conteúdos e de disposições voltadas para o treinamento de indivíduos que tivessem de fato condições de operar essas novas funções, de pilotar o Estado, as empresas e a própria política, de um modo racional” (RODRIGUES, 2007, p. 64). A educação esteve sob o prisma da racionalidade, da obediência à lei e do treinamento das pessoas para executar as tarefas burocráticas do Estado. Este modelo de educação tinha dentre os seus propósitos: o treinamento dos indivíduos que tivessem de fato condições de executar tarefas e atividades no aparato estatal. Neste sentido, a educação passou a ser primordial para o Estado, pois este precisa de pessoas para atuar numa burocracia montada em moldes racionais. E quanto a esta forma de educar, também era primordial para a empresa capitalista, pois esta estava assentada sobre o lucro, o cálculo de custos e os benefícios, por isso precisava de profissionais treinados para desempenhar tais funções. […] Mais que profissionais da empresa ou da administração pública, o capi- talismo e o Estado capitalista forjaram um novo homem: um homem racional, tendencialmente livre de concepções mágicas, para o qual não existe mais lugar reservado à obediência, que não seja a obediência ao direito racional. Para este homem, o mundo perdeu o encantamento. Não é mais o mundo do sobrenatural e dos desígnios de Deus ou dos imperadores. É o mundo do império, da lei e da razão. Educar num mundo assim, certamente, não é o mesmo que educar antes dessa grande transformação, provocada pelo advento do capitalismo moderno (RODRIGUES, 2007, p. 65-66). Quanto à educação, vale destacar que os três tipos de dominação se configuram em três modelos particulares de sistemas de educação, os quais orientam para a formação de três tipos de sujeitos sociais. Uma educação carismática: orientada para despertar a capacidade consi- derada como um dom puramente pessoal. [...] o aluno tem que negar-se em seu estado atual e tratar de alcançar, ou recuperar, sua identidade. Como exemplos, a educação típica de guerreiros e dos sacerdotes [...] Uma educação formativa: orientada, sobretudo, para cultivar um determinado modo de vida, que admita atitudes e comportamentos particulares. [...]. Assume a finalidade de educar para determinadas atitudes frente à vida (pode até vir acompanhado por um carisma e por um saber ou conhecimento, mas não se exige). Esse segundo tipo de sistema educativo constitui a instância reprodutora de uma categoria estamental, isto é, de uma categoria social que define sua posição em termos de conduta de vida, o que se traduz em prestígio. Uma educação especializada: está orientada para instruir o aluno em conheci- mentos, de saberes concretos, necessários, principalmente para o exercício de papéis sociais específicos das sociedades racionalizadas, como profissionais ou políticos (VILELA, 2002, p. 92-93, grifos nossos). As ideias de Weber exerceram influência no Brasil, e uma das formas foi na produção acadêmica discente dos programas de pós-graduação nacionais. UNIDADE 1 TÓPICO 2 33 Leia, na Leitura Complementar a seguir, uma parte do trabalho apresentado na ANPED (Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Educação). LEITURA COMPLEMENTAR 2 1 A racionalidade das políticas educacionais: o projeto da universidade do Tocantins - UNITINS, de Verdana Medeiros de Barros, tese de mestrado em educação, defendida na Universidade de Brasília, em setembro de 1995; Concepções de mundo, ideologia e ensino de qualidade, de Maria Medeiros da Silva, tese de mestrado em educação, defendida na Universidade Federal de Pernambuco, em dezembro de 1995; Relações de poder na escola pública de ensino fundamental: uma radiografia à luz de Weber e Bourdieu,de Magali de Castro, tese de doutorado em Educação, defendida na Universidade de São Paulo, em 1994. MAX WEBER NOS PROGRAMAS NACIONAIS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO: UM BALANÇO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DISCENTE NOS ÚLTIMOS 20 ANOS Wânia R.C. Gonzalez Max Weber é um autor pouco citado na produção acadêmica discente dos programas de pós-graduação nacionais. Em levantamento feito em um período de 20 anos, encontrei apenas dez dissertações e uma tese que incorporaram as reflexões teóricas do autor. O presente trabalho tem por finalidade refletir sobre a apropriação da teoria sociológica weberiana nas pesquisas acadêmicas realizadas nos mestrados e doutorados em educação. As principais questões que nortearam a minha investigação foram as seguintes: Quais os temas pesquisados à luz da sociologia de Weber? Quais os aspectos da teoria sociológica weberiana que são valorizados nas dissertações e teses defendidas nos programas de pós- graduação em educação? Quais são as obras de Weber mais utilizadas? É frequente a leitura de comentadores da obra do sociólogo alemão em substituição à leitura da obra do próprio autor? Tal substituição, quando ocorre, acarreta uma compreensão equivocada da teoria sociológica de Weber? Fiz o levantamento das dissertações e teses defendidas recorrendo à consulta do CD- ROM da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), que, editado em 1997, contém um resumo da produção discente, concluída no período de 1981 a 1996, com o apoio do INEP. Complementei o levantamento mediante a consulta ao Banco de Teses e Dissertações da Coordenação e Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino de Nível Superior (CAPES), para localizar os trabalhos concluídos no período de 1997 a 2001. Os passos seguintes foram: leitura dos resumos e seleção dos trabalhos que se coadunavam com o objetivo de minha pesquisa. Posteriormente, busquei localizá-los na Biblioteca Nacional. Quando não obtive êxito, utilizei o sistema COMUT (Programa de Comutação Bibliográfica) e o contato direto com as bibliotecas das universidades às quais pertencem os programas de pós-graduação. Convém esclarecer que não foi possível obter a cópia de três trabalhos1, cujos resumos informavam a UNIDADE 1TÓPICO 234 adoção da teoria sociológica weberiana no desenvolvimento das pesquisas. Considero também oportuno mencionar a possibilidade de outros trabalhos não terem sido localizados em função de não constarem nas fontes de dados pesquisadas. Uma outra falha provável na busca dos trabalhos acadêmicos refere-se à falta de amplitude das palavras descritoras selecionadas para localizar a totalidade dos trabalhos que abordam Max Weber nos programas de pós-graduação nacionais. Ciente destas possíveis lacunas, acredito ter obtido uma boa amostra da produção acadêmica que incorpora as reflexões do sociólogo alemão nos últimos 20 anos: uma tese de doutorado e dez dissertações. Optei por apresentar os trabalhos de forma sucinta, em virtude de os resumos estarem disponíveis nos locais citados anteriormente. Também tive a preocupação de não me deter na descrição dos referidos trabalhos e, sim, buscar neles aspectos que pudessem fomentar discussões no âmbito da sociologia da educação. Informações gerais da produção discente Apesar de o CD-ROM da ANPED abranger um período de 15 anos da pós-graduação em educação, localizei apenas quatro dissertações de mestrado que citam Max Weber em seus resumos. Tais estudos provêm de cursos localizados em diferentes estados, tais como: Paraná (1), Rio Grande do Sul (1) e São Paulo (2). Na consulta ao Banco de Teses e Dissertações da Capes, encontrei seis dissertações de mestrado e uma tese dos seguintes estados: São Paulo (4); Rio de Janeiro (2), Brasília (1). Convém ressaltar que o mencionado Banco de Dados abrange um período de apenas cinco anos. Comparativamente aos resultados encontrados no CD-ROM da ANPED, verifiquei um aumento do número de trabalhos acadêmicos que incorporam algum aspecto da obra do sociólogo alemão. A busca dos referidos trabalhos teve como palavras descritoras: Max Weber, burocracia, dominação, racionalização e autoridade. No tocante à orientação, constatei a existência de apenas duas dissertações3 orientadas pelo mesmo professor, Bruno Pucci, da Universidade Metodista de Piracicaba. O mestrado em educação dessa universidade é o que possui o maior número de dissertações analisadas na pesquisa. Temas abordados nas dissertações analisadas Em onze 11 dissertações e um tese, constatei uma diversidade temática. Contudo, verifiquei que há uma concentração de quatro estudos que tratam do tema da burocracia, cujos títulos são: A burocracia no sistema escolar público do Estado de São Paulo: A direção da escola; Estruturas de burocracia e poder na educação. Análise das relações entre diretor, professor e aluno; Burocracia na administração da escola pública brasileira e Desmistificando o tempo livre como tempo para práticas educativas nas sociedades administradas. O tema UNIDADE 1 TÓPICO 2 35 “Max Weber e a educação” é abordado em dois trabalhos, com os títulos de: Modernidade e ação pedagógica em Max Weber e Educação e Desencantamento do mundo: contribuições de Max Weber para a Sociologia da Educação. Os demais temas são: educação e religião, em A educação luterana no Brasil: um estudo sobre desenvolvimento histórico, filosófico e sociológico das escolas luteranas no Paraná (1853-1992); expectativas socioeducacionais dos alunos, em Expectativas socioeducacionais de um grupo de alfabetizandos, jovens e adultos no distrito federal; autoridade dos professores, em A autoridade do professor: um estudo das representações de autoridade em professores de 1º e 2º graus; representações das crianças e dos adolescentes, em Um estudo de caso: as representações das crianças e dos adolescentes pobres de rua atendidos pela linha emergencial da associação beneficente São Martinho da rua, da família, da escola e do trabalho; e educação e modernidade, em Educação e Emancipação: Da Revolução à Resistência. [...] Limites e potencialidades dos trabalhos acadêmicos em foco Fátima (1997), Nunes (1999), Porto (1986) e Santos (1990) apresentam uma abordagem da teoria sociológica weberiana de maneira superficial, não as vinculando às discussões originadas do referencial teórico de Weber com as conclusões da dissertação. Em contrapartida, Farias (2001) retoma conceitos de Weber nas conclusões, mas não incorpora as reflexões do autor para pensar a educação. Outro exemplo de uma leitura apressada das formulações do autor foi encontrado no estudo de Farenzena (1990), quando a autora responsabiliza Weber pelo crescimento da burocracia nos sistemas educacionais. A referida autora, conforme foi ressaltado anteriormente, utilizou conceitos de Weber e Marx sem dar maiores esclarecimentos ao leitor sobre as suas escolhas teóricas tão contraditórias. Lemke (1992) faz referências à teoria weberiana utilizando-se dos comentadores de sua obra – recurso frequente nos trabalhos analisados. No entanto, observa- se um certo exagero nessa apropriação: o autor da dissertação afirma que Weber ficou sem amigos por conta da neutralidade axiológica. Afirma, ainda, que "Weber passava por ateu, mas a sociologia religiosa é fundamental para a análise da sociedade" (Lemke, 1992, p. 5). Declara, sem citar a fonte, que "Weber tinha consciência das falhas de sua teoria. Muitos o condenaram. Ele respondeu: 'enquanto não tivermos algo melhor” (Lemke, 1992, p. 5). Nunes (1999), apesar de citar dois livros do sociólogo nas referências, se ampara em comentadores da obra de Weber para as suas conclusões a respeito de interpretações controvertidas da obra do autor. As avaliações imprecisas e superficiais da obra de Weber servem para reforçar o argumento de Costa; Silva (2002) sobre a dificuldade de relacionamento entrea sociologia e a educação, em função de muitos trabalhos basearem-se em leituras rápidas e acríticas das teorias sociológicas citadas. UNIDADE 1TÓPICO 236 Acrescento a esta constatação a seguinte advertência de Alves-Mazzotti (2002, p. 33): “Em qualquer circunstância, porém, a literatura revista deve formar com os dados um todo integrado: o referencial teórico servindo à interpretação e as pesquisas anteriores orientando a construção do objeto e fornecendo parâmetros para a comparação com os resultados e conclusões do estudo em questão”. Enfim, o problema detectado não é uma particularidade dos estudos focalizados no presente trabalho e, sim, uma deficiência a ser enfrentada nos programas de pós- graduação em educação. Convém ressaltar um outro aspecto problemático na análise dos trabalhos citados anteriormente, que consiste na falta de referências entre si de trabalhos que, muitas vezes, tratam do mesmo tema. Um exemplo: Gonzalez (2000), ao abordar o tema Max Weber e a educação, não menciona a dissertação de Carvalho (1997). Este aspecto também é observado nas dissertações que tratam do tema da burocracia. Observei o resgate da teoria sociológica de Weber tanto a partir de suas formulações sobre a sociologia compreensiva como em abordagens em temas focais, como nas dissertações que tratam da burocracia. Contudo, constatei, também, que as formulações teóricas do sociólogo, nas duas perspectivas, são timidamente articuladas à compreensão dos fenômenos educacionais. Em função deste aspecto, considero valiosas as contribuições dos estudos que tratam do tema Max Weber e a educação. FONTE: Disponível em: <www.anped.org.br/reunioes/26/.../waniareginacoutinhogonzalez.rtf>. Acesso em: 2 jan. 2012. UNIDADE 1 TÓPICO 2 37 RESUMO DO TÓPICO 2 Caro (a) acadêmico(a), neste tópico você viu que: • Diferente de outros pensadores da Sociologia em épocas passadas, Karl Marx não foi apenas um pensador, mas também um revolucionário. • O fetichismo representa uma contradição fundamental da produção de mercadorias: confusão de relações entre pessoas com relações entre coisas. • O marxismo prevê que o proletariado se libertará dos vínculos com as forças opressoras e, com isso, dará origem a uma nova sociedade. • Em “O Capital”, Marx realiza uma investigação profunda sobre o modo de produção capitalista e as condições de superá-lo, rumo a uma sociedade sem classes e na qual a propriedade privada seja extinta. • Para Marx, o homem é parte da natureza. Ele afirma que Darwin redescobre, em meio a animais e plantas, o funcionamento da sociedade. • A educação, para Marx, participa do processo de transformação das condições sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo processo. • Max Weber afirmou que a Sociologia deve sempre buscar compreender os fenômenos “no nível do significado” dos atores, o que os atores veem e sentem durante suas ações na sociedade. Também é necessário examinar o contexto cultural criado quando os atores sociais interagem. • Weber considera que resta ao homem moderno enfrentar o destino com coragem frente às exigências do cotidiano e não ficar à espera de novos profetas e novos salvadores. • Weber inspira ainda uma autorreflexão contínua na academia sobre as tradições e a modernidade, não podendo de forma alguma ser desprezado por quem deseja compreender a nossa sociedade. UNIDADE 1TÓPICO 238 • Para Weber, o objetivo fundamental do educador é proporcionar aos alunos um conteúdo que incentive a reflexão própria, porém para que isso aconteça não basta somente estar atento ao conteúdo, mas também à maneira como este é transmitido. • O tema da educação ou da pedagogia em Weber fica mais claro em sua análise da política, tanto como disciplina científica quanto como ação dos indivíduos. • As ideias de Weber ainda têm reflexo, principalmente no âmbito da educação. UNIDADE 1 TÓPICO 2 39 AUT OAT IVID ADE � 1 Sintetize as principais ideias de Karl Marx no campo da Sociologia da Educação. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 2 Sintetize as principais ideias de Max Weber sobre a educação. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 3 Escreva exemplos do cotidiano, onde podemos observar as ideias de Karl Marx e Max Weber. Apresente as ideias discutidas, que você acredita serem válidas, ou não, ainda hoje. Argumente em defesa da sua posição. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 4 Weber afirmava que a análise sociológica deveria ser isenta de juízos de valor, ou objetiva e neutra em questões morais. E, além disso, aponta que... Assinale a alternativa CORRETA: UNIDADE 1TÓPICO 240 a) ( ) Que o objetivo da sociologia é criticar as desigualdades sociais. b) ( ) Que a sociologia nada pode contribuir para sanar as desigualdades sociais. c) ( ) Que o objetivo da existência da sociedade é para que alguns homens vivam para dominar os que não têm condições de guiar-se na sociedade. d) ( ) O objetivo da Sociologia é identificar e entender como e por que nascem as regras na sociedade e como elas funcionam. 5 Assinale a alternativa CORRETA: Entre as ideias de Marx estão: a) ( ) A natureza da sociedade era contraditória, por isso os proletários deveriam unir- se na construção de uma sociedade mais justa. b) ( ) Cada homem é dono de uma propriedade (o corpo) e cada um ganha conforme o valor agregado à sua propriedade. Sendo assim, nada mais justo, aos que agregam mais valor à sua propriedade, ganharem mais. c) ( ) O capitalismo é sistema justo e beneficia os que trabalham com dedicação. d) ( ) Os proletários estavam em tal situação porque não souberam aproveitar as oportunidades que o capitalismo ofereceu. FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABsAcAA/sociologia-prova- online-unidade-1-uniasselvi>. Acesso em: 23 abr. 2012. 6 Assinale a alternativa CORRETA: De acordo com Marx, o modo de produção burguês estrutura-se em torno da: a) ( ) Agricultura e da escravidão. b) ( ) Indústria e o trabalho assalariado. c) ( ) Agricultura e indústria. d) ( ) Indústria e o trabalho escravo. 7 Assinale a alternativa CORRETA: Na análise do aspecto social, o indivíduo satisfaz suas necessidades de adquirir os produtos e Marx mostra formas bastante diversas de renda, que podem ser classificadas em três grupos: a) ( ) O capital: rende a cada ano ao capitalista um lucro; a terra: rende ao proprietário rural uma renda fundiária; e a força de trabalho em condições normais e enquanto permanece útil, rende ao operário um salário. UNIDADE 1
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